Olá  aluno(a)  do  Uni-ANHANGUERA!

Após a leitura, a análise e a interpretação do 
conteúdo  abaixo,  elabore  uma  dissertação 
com  no mínimo   1  página,   em  um
documento  de  texto  (WORD),  anexe  e  envie   
na  Atividade    T1 do ASE no   Portal 
Educacional.

Lembre-se: 
Sua atividade deve ter a apresentação do tem
a, depois   o  desenvolvimento crítico do tema
 apresentado e ao final a conclusão.

E bons estudos!

Atenciosamente,
Equipe do NED-ED

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA

ENGENHARIA CIVIL FORENSE:
PRINCIPAIS CAUSAS DE INCIDENTES EM
OBRAS DE ENGENHARIA CIVIL E
PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA

ENGENHARIA CIVIL FORENSE: INTRODUÇÃO
PRINCIPAIS CAUSAS DE INCIDENTES De acordo com dados do IBGE, a
EMOBRAS DE ENGENHARIA CIVIL E indústria da construção civil no Brasil
PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO
cresceu 74% nos últimos 20 anos.
Tullio Barros Silva Bomtempo Esse crescimento ocasionou,
também, o aumento do número de
Resumo sinistros em obras de engenharia civil
A engenharia forense é a aplicação por diferentes motivos, muitas vezes
dos princípios e metodologias da com vítimas fatais ou danos
engenharia pra solucionar questões patrimoniais relevantes. Além disso, a
factuais com desdobramentos construção civil é o segmento mais
jurídicos. No âmbito da engenharia letal para os trabalhadores, com 450
civil, existem diversos casos de mortes ao ano no Brasil, segundo
incidentes em obras que necessitam dados do Ministério do Trabalho e
de uma visão especializada para se Emprego (MTE).
chegar ao entendimento conclusivo Entre os motivos de incidentes em
das causas e circunstâncias do obras, podem-se destacar erros de
ocorrido. A proposta deste estudo é projeto e erros de execução, causados
trazer informações, baseadas em por imperícia, negligência ou
publicações científicas e livros imprudência de alguns profissionais
relacionados à área, que contribuam que atuam nessa área. Entretanto,
para a persecução penal e solução ocorrem também sinistros em que os
desses litígios. O trabalho traz como profissionais envolvidos na
problema central a determinação concepção da obra não tiveram
das principais causas de incidentes nenhuma responsabilidade; foram
em obras civis provocados por erro aqueles gerados por condições
humano, classificados como erros de adversas e fatores imponderáveis,
projeto ou erros de execução. Além como os ocorridos em cataclismos
disso, discutem-se técnicas e naturais (MARCELLI, 2007). Vários
procedimentos utilizados no âmbito exemplos de incidentes em obras
da engenharia civil forense na civis, por diversos fatores, podem ser
investigação dessas causas. encontrados na literatura
Descritores: Engenharia Forense, especializada: Cunha (1996), Souza
Colapso Estrutural, Perícia de (1996), Cunha (1998) e Souza (2001).
Acidentes em Obras, Sinistros na No entanto, este estudo tem uma
Construção Civil abordagem específica, voltada para
determinação das causas dos
incidentes provocados por erro
humano.

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Nesse contexto, o perito criminal
especializado em engenharia civil,
desempenha importante papel de
investigação e garantia da
imparcialidade nos processos judiciais
desses casos. Ele poderá avaliar as
causas de um acidente, como o
desmoronamento de um edifício por
falha estrutural, patologias, anomalias
ou qualquer desempenho insatisfatório
da edificação decorrente de má
execução, erro de projeto ou problemas
com material (GEROLLA, 2011).
O presente trabalho concentra-se nas
razões científicas do problema e busca
uma visão geral da prática e desafios da
engenharia civil forense, além de trazer
referências que corroboram a Noon (2001), divide-se em duas áreas:
compreensão dos conceitos e fatores
que contribuem para ocorrência de
sinistros em obras de engenharia civil.
Desse modo, este estudo concorrerá
com uma pequena parcela na
construção do conhecimento científico
necessário para uma maior eficiência da
persecução penal nesses casos e,
portanto, na aplicação adequada do jus
puniendi do Estado.
DISCUSSÃO
A Engenharia Forense
Segundo Katz (2015), o termo ciência
forense diz respeito à aplicação do
conhecimento científico a problemas
legais. As ciências forenses abrange
difrentes campos de estudos, como por
exemplo, a química, física, medicina,
computação, materiais etc., os quais
podem estar presentes na engenharia
forense. Para o autor, enquanto métodos
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utilizados nas ciências naturais
podem ter alguma flexibilidade para
interpretações questionáveis, a
adaptação à ciência forense requer
invariabilidade em termos de
interpretação dos resultados: a
evidência não é apenas uma questão
científica, mas legal. Portanto, os
métodos utilizados na aplicação
dessa ciência exigem não apenas
padrões científicos rigorosos, mas
também elevados padrões éticos,
fornecendo interpretação dos
resultados obtidos de modo a
minimizar influências subjetivas.
De maneira específica, a engenharia
forense estrutural, como definido por
análise da falha e análise das causas.
A primeira diz respeito a determinar
como um componente específico do
objeto falhou ou rompeu; a segunda,
por outro lado, está relacionada a
identificar os fatores que levaram à
ocorrência do evento, desde a fase de
elaboração e execução do projeto.
O entendimento desses conceitos é
importante para se compreender as
causas que podem estar associadas
aos incidentes em obras. Em seguida
serão apresentados os principais
fatores que levam a ocorrência desses
sinistros, baseado em publicações
científicas relacionadas à área de
estudo.
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Principais Causas De Incidentes Em
Obras De Engenharia
Fator Humano
Para Vykopalová (2013), a maioria dos
acidentes é causada por falhas e erros
decorrentes da ação humana. Portanto,
a atenção do perito engenheiro civil
deve estar voltada, principalmente, para
os erros causados pelo homem. Como
nenhuma atividade técnica, mesmo
com auxílio de equipamentos mecânico,
pode ser realizada sem interação
humana, a eficácia dessas atividades são
influenciadas principalmente por
fatores pessoais (traços de
personalidade -física e mental) ou
fatores externos (ocasionais, ambientais,
sociais e técnicos), que interferem na
ação antrópica.
Erros de Execução
De acordo com Pereira (1985), a falha ou
descuido cometido no decorrer, ou no
desenvolvimento de uma obra, chama-
se erro de execução. Algumas falhas
podem ocasionar danos à estrutura,
levando-a ao colapso total ou parcial. O
perito, especialista em engenharia civil,
caracteriza o erro de execução como
fator determinante para o sinistro,
quando é verificada a divergência entre
o serviço executado e o que foi
projetado. A seguir são apresentados
erros frequentes que levam à ocorrência
de sinistros em obras civis, baseado em
Marcelli (2007) e Thaguna (2014).
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Compactação inadequada do solo
Em geral, o solo é base de
sustentação para as obras de
engenharia. A falta de resistência do
solo pode levar a ocorrência de
recalques diferenciais (afundamento
desigual da estrutura), que são
extremamente prejudiciais para a
integridade da edificação, devido à
adição de elevados esforços, não
previstos no dimensionamento
estrutural, após o recalque. A
compactação inadequada ou
insuficiente do solo pode levar a
perda da capacidade de suporte da
fundação, ocasionando
movimentação do solo e
consequente colapso da estrutura.
Pode-se encontrar, por exemplo, um
estudo detalhado das consequências
do recalque diferencial e um estudo
de caso sobre o assunto em
Anastasopoulos (2013).
Falhas na execução de estacas
Os problemas observados com mais
frequência na execução de fundações
com estacas, e que podem provocar
recalques ou até mesmo a ruptura do
elemento estrutural, foram descritos
por Marcelli (2007), são eles: estacas
fora da posição correta, erros de
cravação, falhas na execução da
estaca moldada no local. Estudos
sobre colapsos em edificações devido
à ruptura de estacas podem ser
encontrados em Souza (2003) e
Srivastava (2002).
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 Adensamento e cura inadequados do
concreto
O adensamento inadequado ou não
realizado deixa grandes vazios na
estrutura,denominados brocas. A Aço insuficiente na estrutura de
presença de brocas é indício de que a
estrutura é pouco resistente aos esforços
solicitantes em razão da elevada
concentração de tensões no interior do
elemento estrutural. Além disso, um
processo de cura (molhagem e entrar
endurecimento)inadequado pode levar
ocorrência de trincas e rachaduras na
estrutura. Essas situações,além de
diminuírem a área resistente da peça,
podem levar a infiltração de água nos
componentes estruturais e um dos sentidos do bloco do pilar
consequentemente corrosão da
armadura do concreto. Um exemplo de
ruptura de pilares devido à corrosão de
armadura pode ser encontrado em
Téchne (2011) e casos decorrentes de
adensamento e/ou cura inadequados do
concreto podem ser vistos em Cunha
(1998).
Traço do concreto diferente do
especificado
Traço do concreto é a mistura, realizada
de forma técnica, de componentes
como areia, cimento, água, agregados e
aditivos. A mudança de percentual de
algum componente poderá fazer com
que a estrutura não suporte os esforços
solicitantes.
Muitas vezes pode ocorrer modificação
do traço no momento da concretagem,
de forma arbitraria e sem avaliação
técnica prévia. Gonçalves (2015)
apresenta estudo sobre a composição
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do concreto armado e os problemas
decorrentes de materiais com
especificações inadequadas.
concreto
No momento da execução, a
distribuição das ferragens pode não
ficar de acordo com o projetado.
Nesses casos, a estrutura poderá
em colapso lentamente,
deformando-se de forma plástica, ou
romper subitamente. O colapso do
viaduto Batalhados Guararapes, na
cidade de Belo Horizonte, em 2014,
ocorreu pela falta de armadura em
central, faltando 90% da ferragem
para garantir a rigidez necessária
para o bloco de fundação transferir as
cargas para todas as estacas. A falta
das armaduras tornou o bloco flexível
transferindo as cargas apenas para as
duas estacas centrais da fundação, o
que levou a ruptura do bloco e
afundamento das estacas de forma
abrupta. Um estudo detalhado pode
ser encontrado em Full Estruturas
(2016).
Erros de Projeto
O erro de projeto ocorre no momento
da concepção da obra, normalmente,
é de difícil detecção, devido a grande
quantidade de cálculos,
especificações e materiais indicados
(PEREIRA, 1985). A seguir são
apresentadas as principais causas de
sinistros em obras associadas a erro
de projeto e exemplos de casos
estudados no Brasil e no mundo.
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 escoamento) levou a ocorrência do
Revisão de Projeto Negligenciada
sinistro. Devido à infiltração de água,
É comum ocorrerem mudanças de
para o interior da estrutura de
utilização e aumento de cargas em
sustentação das varandas, as
edificações, entretanto, muitas vezes
armaduras principais das vigas em
isso acontece sem uma revisão
balanço foram corroídas, o que levou
adequada do Engenharia civil forense:
ao desabamento em série das
principais projeto. No estudo de caso
varandas.
realizado por Park (2011), o fator de
maior relevância sobre o colapso do
Cálculo Estrutural Equivocado
edifícil Sampoong, em junho de 1995, na
Segundo Marcelli (2007), o erro de
cidade de Seul, foram principalmente as
cálculo acontece muitas vezes por
mudanças de projeto e de utilização do
inexperiência do engenheiro civil, os
edifício, sem estudo prévio nem
quais não tiveram tempo de adquirir
respaldo técnico de profissionais
a noção intuitiva do comportamento
qualificados. Foram adicionadas
estrutural, e lançam dados incorretos
elevadas cargas extras à edificação e
ou imprecisos nos programas de
reduzidas as seções dos pilares de
computador para realização dos
sustentação de modo arbitrário.
cálculos. Essa situação pode provocar
graves erros de dimensionamento e a
Projeto Subdimensionado
possível ruptura dos componentes
O desabamento da ciclovia Tim Maia no
estruturais. Alguns exemplos de
Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de
colapso progressivo em decorrência
2016, no qual morreram duas pessoas é
de erro de cálculo estrutural estão
exemplo de falha que ocorreu devido a
disponíveis em Laranjeiras (2011).
uma série de irregularidades, entre elas,
erro no dimensionamento do projeto.
Procedimentos De Investigação Em
Segundo informações do laudo emitido
Obras Sinistradas
pelo Instituto de Criminalística Carlos
Para se proceder à investigação em
Éboli (ICCE), o projeto estrutural foi
obras sinistradas, o perito
subdimensionado e ignorou a força do
especializado em engenharia civil
choque das ondas de baixo para cima
deve obter o máximo de informações
na plataforma da ciclovia, definindo
possíveis como plantas, layouts,
como causa principal do colapso,
croquis, planilhas, memoriais etc.
consistindo em erro de projeto. (PORTAL
Algumas vezes, devido ao alto grau
CREA-RJ, 2016) Outro caso que está bem
de complexidade do projeto ou da
documentado no trabalho de Souza
execução, a detecção da falha pode
(2009) é o colapso progressivo de 15
ficar difícil, o que reforça a
varandas de edifício, em Maringá,
necessidade de peritos que tenham
Paraná. Um projeto de sistema
formação específica na área e
hidráulico ineficiente (gasoduto ou de
treinamento especializado.

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 fluência e corrosão. De modo geral, a
Como descrito por Fang (2011), a
análise de integridade estrutural é
investigação começa pela inspeção in-
baseada em técnicas de mecânica da
situ da aparência externa da edificação:
fratura, portanto, é um exemplo claro
por exemplo, colunas, vigas, pisos,
de interdisciplinariedade e aplicação
paredes, cobertura.Em seguida,
das ciências de materiais e
procede-se à medição da dimensão dos
engenharia mecânica na prática da
componentes estruturais, distância
engenharia forense, levada a cabo
entre vãos, inspeção de espaçamento
por perito engenheiro civil. Além
entre barras e espessura da camada
disso, esse tipo de metodologia
externa de concreto. Após relatar todas
utiliza análises laboratoriais (para
as observações feitas em campo, devem-
caracterização de materiais), como
se realizar as análises laboratoriais:
técnicas de microscopia eletrônica, e
resistência de materiais, profundidade
ferramentas numéricas (modelação
de carbonatação no concreto, grau de
em elementos finitos), (GUTIÉRREZ-
eflorescência etc.
SOLANA, 2009).
Como exemplo, a Fig. 1 e Fig. 2 são
Análise de Integridade Estrutural
imagens obtidas por microscopia
Entre os procedimentos de investigação
eletrônica de superficies fraturadas
de falhas estruturais, pode-se destacar a
em uma análise de intergridade
“análise de integridade estrutural”, uma
estrutural, para um material frágil e
ferramenta de engenharia que permite
um dúctil, respectivamente,
analisar estruturas e componentes
apresentadas por Gutiérrez-Solana
danificados em decorrência de
(2009).
fenômenos como fratura, fadiga,

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 impossível o isolamento e a
Fluxograma de Investigação
preservação da cena do acidente, tal
Muitas vezes a investigação em campo,
qual ele ocorreu, para investigação
onde ocorreu o sinistro, pode ser muito
pericial criminal.
perigosa e de difícil acesso. Entretanto é
Segundo Park (2011), os
extremamente importante na medida
procedimentos devem ser realizados
em que este é o momento em que se
com agilidade eeficiência, de modo
realiza o recolhimento de provas e
que todas as informações sejam
dados para determinação da causa do
analisadas criteriosamente. Com esse
colapso, motivo pelo qual o perito
objetivo, Park elaborou um
criminal, acercando-se das medidas de
fluxograma de investigação para
segurança necessárias, deve sempre
edifícios colapsados, o qual apresenta
periciar a cena do crime.
o passo a passo que deve ser seguido
Como a tarefa mais urgente
pelo perito na investigação de obras
(usualmente levada a efeito por equipes
sinistradas. O fluxograma divide-se
do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil) é
em três blocos: check-up de dados e
sempre remover os escombros da
documentos, inspeção em campo e
edificação a fim de resgatar as pessoas
análise das informações para
que podem ter sido vitimadas, pois a
elaboração da conclusão. A Fig. 3
vida é o bem jurídico mais importante a
trazo fluxograma (adaptado) de
ser salvaguardado, é praticamente
investigação para edifícios
colapsados de forma detalhada.

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 qualquer etapa do projeto, como:
Após a realização de todos os
concepção, design, cálculos,
procedimentos, os peritos
fundação, estrutura e utilização.
especializados podem expressar as
Apesar de existirem diversas variáveis
seguintes conclusões possíveis:
que podem contribuir para a
identificação de uma única
ocorrência de uma falha estrutural ou
causa,identificação de múltiplas causas,
para o colapso de uma edificação, a
eliminação de uma causa ou de um
grade parte das causas desses
conjunto delas ou conclusão pela
incidentes esta relacionada a erros de
insuficiência de vestígios que
projeto e/ou execução da obra, como
corroborassem a identificação de uma
exemplificado nas referências.Além
causa.(BROSZ, 2012).
disso, discutiram-se técnicas de
análise de falhas e procedimentos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
sequenciais, os quais podem ser
O presente trabalho apresentou
aplicados pelo perito engenheiro
diferentes fatores associados à
civil, e apresentou-se sugestão de
imperícia, negligência ou imprudência
fluxograma de procedimentos na
de profissionais da construção civil que
tarefa de reconstrução da dinâmica
podem contribuir, ou são
do incidente, buscando mais
determinantes, para a ocorrência de
eficiência e eficácia da investigação
sinistros em obras de engenharia civil. A
pericial criminal.
causa do ocorrido pode se iniciar em

http://www2.ls.edu.br/actacs/index.php/ACTA/article/viewFile/137/127

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BRASIL, PAÍS DO IMPROVISO E DA
IMPREVIDÊNCIA
Senadores buscam medidas para evitar desastres previsíveis, como os recentes
rompimentos de barragens e incêndios em boate, museu e centro de treinamento
de futebol.
Reportagem: Dante Accioly
Edição: Juliana Steck
Abril 2019
O soldador Erídio Dias costumava
dizer que foi salvo pela sorte. Em
novembro de 2015, a barragem onde
ele trabalhava se rompeu, despejou
62 milhões de metros cúbicos de
rejeitos sobre a Bacia do Rio Doce e
matou 19 pessoas em Mariana (MG).
Funcionário terceirizado
mineradora Vale S.A., Erídio contava
que só escapou da tragédia porque,
minutos antes, saiu para almoçar em
um local afastado.
Há três meses, o colapso de outra
barragem da Vale voltou a devastar o
interior de Minas Gerais. Uma onda de
destruição e morte dizimou mais de
300 pessoas em Brumadinho.Erídio
estava entre elas.
Se a sorte protegeu o soldador em
2015, não foi o azar que o matou em
2019. As tragédias de Mariana e
Brumadinho, assim como uma série
de outras catástrofes brasileiras, se
explicam por uma combinação
temerária de descuido na operação,
falha na fiscalização e demora na
condenação dos culpados.
Pesquisador e doutor
gerenciamento de riscos e segurança
pelo Departamento de Engenharia
Naval da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), Gerardo Portela
afirma que a improvisação é um traço
cultural dos gestores no Brasil,
mesmo diante de situações de
ameaça iminente.— A prioridade não
é enfrentar o problema e solucioná-
lo.Na nossa cultura, falar do risco
atrai o acidente ou é um ato que
demonstra fraqueza. Na realidade
deveria ser o contrário: fraqueza é
não enfrentar o risco e não mitigá-lo
— diz.Desastres recentes o corridos no
Brasil confirmam o diagnóstico do
pesquisador. Em Mariana, a Polícia
Federal e o Ministério Público
concluíram que a empresa Samarco e
da as controladoras Vale e BHP Billiton
sabiam do risco de rompimento, mas
não agiram.Em Brumadinho, a Polícia
Civil descobriu que gerentes da
mineradora foram alertados, mas
também se omitiram. A
imprevidência é recorrente. Em
setembro de 2018, um incêndio
destruiu o Museu Nacional do Rio de
Janeiro. A Polícia Federal concluiu
que a causa do desastre foi um curto-
circuito por superaquecimento em
um aparelho de ar-condicionado,
provavelmente sem manutenção. Em
janeiro de 2013, outro incêndio
ocorrera na boate Kiss,em Santa
Maria (RS) e deixou 242 mortos. O
fogo começou depois que o vocalista
de uma banda acendeu um
sinalizador pirotécnico no palco. Mas
em a Polícia Civil concluiu que a superlo-
tação, a falta de saídas de
emergência e a falha em extintores
contribuíram para o grande número
de vítimas.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA
O soldador Erídio Dias costumava
dizer que foi salvo pela sorte. Em
novembro de 2015, a barragem onde
ele trabalhava se rompeu, despejou
62 milhões de metros cúbicos de
rejeitos sobre a Bacia do Rio Doce e
matou 19 pessoas em Mariana (MG).
Funcionário terceirizado da
mineradora Vale S.A., Erídio contava
que só escapou da tragédia porque,
minutos antes, saiu para almoçar em
um local afastado.
Há três meses, o colapso de outra
barragem da Vale voltou a devastar o
interior de Minas Gerais. Uma onda de
destruição e morte dizimou mais de
300 pessoas em Brumadinho.Erídio
estava entre elas.
Se a sorte protegeu o soldador em
2015, não foi o azar que o matou em
2019. As tragédias de Mariana e
Brumadinho, assim como uma série
de outras catástrofes brasileiras, se
explicam por uma combinação
temerária de descuido na operação,
falha na fiscalização e demora na
condenação dos culpados.
Pesquisador e doutor em
gerenciamento de riscos e segurança
pelo Departamento de Engenharia
Naval da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), Gerardo Portela
afirma que a improvisação é um traço
cultural dos gestores no Brasil, mesmo
diante de situações de ameaça
iminente.— A prioridade não é
enfrentar o problema e solucioná-lo.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA
Na nossa cultura, falar do risco atrai o
acidente ou é um ato que demonstra
fraqueza. Na realidade deveria ser o
contrário: fraqueza é não enfrentar o
risco e não mitigá-lo — diz.Desastres
recentes o corridos no Brasil
confirmam o diagnóstico do
pesquisador. Em Mariana, a Polícia
Federal e o Ministério Público
concluíram que a empresa Samarco e
as controladoras Vale e BHP Billiton
sabiam do risco de rompimento, mas
não agiram.Em Brumadinho, a Polícia
Civil descobriu que gerentes da
mineradora foram alertados, mas
também se omitiram. A
imprevidência é recorrente. Em
setembro de 2018, um incêndio
destruiu o Museu Nacional do Rio de
Janeiro. A Polícia Federal concluiu
que a causa do desastre foi um curto-
circuito por superaquecimento em
um aparelho de ar-condicionado,
provavelmente sem manutenção. Em
janeiro de 2013, outro incêndio
ocorrera na boate Kiss,em Santa
Maria (RS) e deixou 242 mortos. O
fogo começou depois que o vocalista
de uma banda acendeu um
sinalizador pirotécnico no palco. Mas
a Polícia Civil concluiu que a superlo-
tação, a falta de saídas de
emergência e a falha em extintores
contribuíram para o grande número
de vítimas.
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Desastres interditou o Centro de Treinamento
Rompimentos de barragens, incêndios, (CT) do Flamengo depois que o clube
desabamentos de prédios, foi multado 31 vezes por falta de
deslizamentos de encostas, enchentes, alvará. Apesar da proibição,o
naufrágios de embarcações Flamengo reabriu o CT Ninho do
superlotadas. A lista de tragédias no Urubu e instalou contêineres para
Brasil impressiona não apenas porque alojar os atletas em uma área com
são corriqueiras, mas principalmente permissão para servir de
porque há um arcabouço legal para estacionamento. Em janeiro, um
evitá-las. curto-circuito no ar-condicionado
O então Ministério da Integração matou dez jovens entre 14 e 16
Nacional, hoje Ministério do anos.Para Portela, tais atitudes
Desenvolvimento Regional, publicou expõem um vício do gerenciamento
em 2017 as Noções Básicas em de riscos no Brasil:a ausência de
Proteção e Defesa Civil e em Gestão de valores éticos.— A tecnologia deve ser
Riscos, um compêndio que define que usada para salvaguardar a
nas áreas de risco, por exemplo, cabe à vida,depois o patrimônio. Quando
União apoiar o mapeamento das uma sociedade tem valores bem
regiões vulneráveis, enquanto os firmados, há uma cultura de
estados identificam os locais perigosos segurança forte. No Brasil,nós não
e os municípios promovem a temos. Muitos gestores priorizam
fiscalização. Mas por que isso não prazos, metas, interesses políticos e
acontece com a frequência e a financeiros.
eficiência necessárias? Para o professor
da Universidade de Brasília (UnB) Providências
Frederico Flósculo o problema não está O Senado analisa pelo menos dez
na legislação, que ele classifica como projetos de lei que pretendem evitar
“mais que suficiente”. ou atenuar a ocorrência de novas
— A política deformou o serviço de tragédias. O PL 635/2019, do senador
fiscalização, deixando-o quase Lasier Martins (Pode-RS), proíbe a
totalmente sob o controle de interesses instalação de barragens de
menores. alteamento a montante — como as de
Mais legislação fará pouca ou nenhuma Mariana e Brumadinho.
diferença. Temos que ter para a Defesa O texto também impede a ocupação
Civil o mesmo status dado ao humana perto de represas. Já o PL
Ministério Público: de independência e 926/2019, de Eliziane Gama
defesa do interesse público — diz. (CidadaniaMA), obriga as
As calamidades acontecem mesmo mineradoras a apresentarem plano
quando a fiscalização funciona. Em de emergência, independentemente
outubro de 2017, a prefeitura do Rio do grau de risco da barragem.

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Para combate a incêndios,o senador
Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB)
apresentou o PL1.152/2019. O texto
exige que prédios acima de 30 metros
de altura mantenham helipontos nas
coberturas, para facilitar o resgate, por
helicópteros, de pessoas isoladas pelo
fogo. O senador lembra o caso de dois
edifícios de São Paulo destruídos por
chamas na década de 1970, Andraus e
Joelma. O primeiro tinha um heliponto
mas o segundo era coberto por telhado
e não por laje, o que inviabilizou o
resgate.
— No Andraus pereceram 16 pessoas,
enquanto no Joelma foram registradas
187 mortes.
As tragédias costumam endurecer a
legislação. Após o incêndio na Boate
Kiss, o Congresso aprovou a Lei 13.425,
de 2017. O texto criou novas exigências
para o licenciamento de edificações,
como o uso de materiais não
inflamáveis na construção e a
utilização de sistemas de aspersão
automática para o combate ao fogo.
Devido à tragédia em Mariana, a
Comissão de Desenvolvimento
Regional (CDR) aprovou em 2018 um
relatório sobre a Política Nacional de
Segurança de Barragens. O autor do
documento, Elmano Férrer (Pode-PI),
denunciou a falta de recursos para
manutenção e fiscalização dos
equipamentos.Das 24 mil barragens do
Brasil,723 apresentam alto risco de
acidentes e apenas 3% delas foram
vistoriadas em 2017.
Depois de Brumadinho, o Senado
instalou uma comissão para investigar
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o desastre. Diante da urgência do
assunto,o relator da CPI, Carlos
Viana(PSD-MG), apresentou um
projeto (PL 1.396/2019) que obriga o
responsável por crime ambiental a
ressarcir o poder público pelas
despesas com socorro, resgate,
assistência e mitigação de danos.— O
desastre de Brumadinho gerou a
necessidade de um a enorme
mobilização de serviços públicos.
Minas Gerais gastou R$ 1 milhão por
dia com as operações de resgate de
vítimas, localização de corpo de
assistência à população. A reparação
deve ser completa,incluídos os gastos
para assistência às vítimas e para
conter os efeitos do dano sobre
comunidades atingidas — diz Viana.
Erídio, o soldador soterrado por
dejetos em Brumadinho,digitou em
suas redes sociais sem junho de 2015
frases que deveriam servir de mantra
para quem tem a missão de evitar
tragédias: “A excelência não é um
acidente. Ela é, acima de tudo, um
hábito”,
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 Assista os vídeos

O que se sabe sobre o desabamento do prédio em Fortaleza

https://www.youtube.com/watch?v=a8toSwl5awU

Famílias cobram prejuízos com queda Palace II há 20 anos

https://www.youtube.com/watch?v=v3prf9u5Uq8

Bom trabalho!
Equipe do NED PAGE 14