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1.

(ENEM – 2012) nem estes olhos tão vazios,


Ai, palavras, ai, palavras nem o lábio tão amargo.
que estranha potência a vossa! Eu não tinha estas mãos sem força,
Todo o sentido da vida tão paradas e frias e mortas,
principia a vossa porta: eu não tinha este coração
o mel do amor cristaliza que nem se mostra.
seu perfume em vossa rosa; Eu não dei por esta mudança,
sois o sonho e sois a audácia, tão simples, tão certa e fácil:
calúnia, fúria, derrota… – Em que espelho ficou perdida
A liberdade das almas, a minha face?”
ai! Com letras se elabora… (Cecília Meireles)
E dos venenos humanos Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o poema:
sois a mais fina retorta: a) A expressão “mãos sem força”, que aparece no primeiro
frágil, frágil, como o vidro verso da segunda estrofe, indica um lado fragilizado e
e mais que o aço poderosa! impotente do “eu” poético diante de sua postura existencial.
Reis, impérios, povos, tempos, b) As palavras mais sugerem do que escrevem, resultando,
pelo vosso impulso rodam… daí, a força das impressões sensoriais. Imagens visuais e
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
1985 (fragmento). c) O tema revela uma busca da percepção de si mesmo.
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Antes de um simples retrato, o que se mostra é um
Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio autorretrato, por meio do qual o “eu” poético olha-se no
histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora presente, comparando-se com aquilo que foi no passado.
uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o d) Não há no poema o registro de estados de ânimo vagos e
homem e a linguagem: quase incorpóreos, nem a noção de perda amorosa,
a) A força e a resistência humanas superam os danos abandono e solidão.
provocados pelo poder corrosivo das palavras. Cântico VI
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu Tu tens um medo de
equilíbrio vinculado ao significado das palavras. Acabar.
c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e Não vês que acabas todo o dia.
completa a grandeza da luta do homem pela vida. Que morres no amor.
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às Na tristeza.
gerações perpetuar seus valores e suas crenças. Na dúvida.
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem No desejo.
seu alcance limitado pelas intenções e gestos. Que te renovas todo dia.
2. (UFSCAR) No amor.
Reinvenção Na tristeza.
A vida só é possível Na dúvida.
reinventada. No desejo.
Anda o sol pelas campinas Que és sempre outro.
e passeia a mão dourada Que és sempre o mesmo.
pelas águas, pelas folhas … Que morrerás por idades imensas.
Ah! tudo bolhas Até não teres medo de morrer.
que vêm de fundas piscinas E então serás eterno.
de ilusionismo … – mais nada. MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record.
Mas a vida, a vida , a vida 1963 (fragmento).
a vida só é possível A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o
reinventada. […] homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico
Cecília Meireles exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília humana,
Meireles, encontramos traços de seu estilo a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
a) sempre marcado pelo momento histórico. b) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
b) ligado ao vanguardismo da geração de 22. c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes
c) inspirado em temas genuinamente brasileiros. humanas.
d) vinculado à estética simbolista. d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado
e) de caráter épico, com inspiração camoniana. adolescente.
3. (UFU) Leia o poema abaixo: e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das
Retrato coisas.
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,

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