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Grafismo Rupestre

Pinturas de São Raimundo Nonato


Anna de Aguiar e Santos
Grafismo:
● Aparece por volta de 30.000 a.C. com o propósito de se criar imagens
místicas/sagradas.
● Traçado preparatório da escrita. Forma de desenhar a letra.
● Jeito particular de se fazer uma imagem e a dispor em um suporte.
● Transposição de uma ideia para o mundo concreto.

Ameríndios e Grafismo:
● Forte relação entre imagem e o mundo espiritual.
● Resgate e recriação de práticas ancestrais, incluindo a continuidade da
prática artística.
● Os grafismos, tanto no passado quanto no presente, aparecem nas casas,
objetos, corpos, arte rupestre, etc. São manifestações simbólicas e estéticas
que disponibillizam informação sobre as técnicas e concepções
sócio-culturais do grupo.
● Práticas variadas próprias de cada grupo.
● Grafismos rupestres evoluem e mudam com o tempo.
● O desenho pode se inserir em diferentes contextos e ritualizar situações
aparentemente casuais.
● Palavras podem ter poder de comunicação menos vigoroso do que as cores,
formas, melodias, coreografias e grafismos.
● Tradição: Classificação mais geral. Síntese dos padrões técnicos,
temáticos e estéticos. Código cultural partilhado por grupos diferentes.
● Sub-tradição: Diferentes classes dentro de uma tradição. Determinadas
por variações regionais e estéticas dos grafismos de uma tradição. Variações
de registros rupestres entre grupos étnicos diferentes que descendem de
um mesmo tronco cultural.
● Estilo: Classificação mais particular. Diferentes momentos técnicos e
gráficos dentro de uma sub-tradição. Evolução gráfica de uma etnia,
decorrente do tempo, espaço e de influências exteriores.
Tradição Nordeste
● Originária da região sudeste do Piauí, se disseminou por todo o Nordeste.
● Grupos humanos que produziam este tipo de grafismo se instalaram na
região há 12 mil anos.
● Transformações culturais ocorridas dentro da região originou grupos que
apresentam pequenas divergências na prática rupestre e na indústria lítica.
● Há 10 mil anos, ocorre um crescimento demográfico, acompanhado por um
aumento da diversidade cultural e o início da dispersão para o resto do
Nordeste.
● Grande cuidado técnico dado à qualidade das pinturas, indicando a
importância da prática e o domínio obtido sobre o preparo das tintas,
elaboradas a partir do óxido de ferro.
● Posteriormente tradição se espalha para MG, Bolívia, Peru e Colômbia.
● Últimas evidências da tradição Nordeste se encerram em 6 mil a.C.
● Mais disseminada
● Presença quantitativa similar entre representações humanas e animais
● Raras as representações de objetos e plantas
● Grafismos puros são minoritários
● Representação prolífera de ações, geralmente facilmente identificáveis
como práticas de subsistência e atividades cotidianas ou cerimoniais.
● Representações figurativas, porém não realistas.
Períodos Tradição Nordeste
● Desenhos dinâmicos, que representam posturas e gestos dos atores da ação
no ápice do movimento. Caráter individual. Temática lúdica.
Espontaneidade.
● Diversificação temática. Maior complexidade na representação de ações.
Introdução de mais atores agenciadores. Simultaneidade de ações
diferentes e relação entre elas.
● Mais diversidade temática. Geometrização das formas e maior utilização de
traçados geométricos para preenchimento das figuras.
Tradição Agreste
● Não originária de São Raimundo Nonato.
● Maior concentração no agreste de Pernambuco.
● Aparece por volta de 9 mil a.C. e se dispersa por todo o Nordeste
● Quantidade significativa de grafismos puros e grande diversidade de
formas.
● Poucas figuras animais e pouca variedade de espécies representadas.
● Representação de figuras humanas com formas simples e muito típicas.
● Figuras estáticas, raramente com representação de ações.
● Figuras isoladas ou formando conjuntos dominados por uma ou duas formas
humanas.
● Possui a característica dispersiva de se colocar como superposição ou
intrusão em painéis com dominância de outra tradição.
Duas classes Agreste
● Presente em painéis de tradição Nordeste, sem sobrepô-los. Figuras
humanas isoladas, inteiramente preenchidas e maiores e de cor vermelha
mais escura do que as da Nordeste. Junto as figuras antropomórficas
aparecem, às vezes, grafismos puros pouco diversificados. Essa classe
coincide com o fim do período inicial Nordeste e o início de sua evolução
estilística.
● Figuras de grande tamanho, intensamente preenchidas em ocre escuro, que
preterem a delineação em favor do impacto das manchas de cores. Maior
diversidade de grafismos puros. Aparece por volta de 6 mil a.C. e continua
mesmo depois do desaparecimento da tradição Nordeste.
Tradição Geométrica

● Maior parte localizada na Serra de Ibiapaba.


● Forte predominância de grafismos puros,
● Raras representação zoo e antropomórficas, com formas extremamente
geometrizadas.
● Aparece de forma predominante em apenas um sítio da região.
● Às vezes aparece como intrusão em sítios de tradição Nordeste.
● Provavelmente feita por etnia de passagem.
Bibliografia:
Brasil Rupestre: Arte Pré-Histórica Brasileira. (Marcos Jorge, André
Prous, Loredana).

A Arte dos Sonhos: Uma Iconografia Ameríndia. (Aristóteles Barcelos


Neto).

Iconografia e Grafismos Indígenas, Uma Introdução. (Lux Vidal;


Grafismo Indígena: Estudos de Antropologia Estética).

Registros Rupestres e Caracterização das Etnias Pré-Históricas


(Anne-Marie Pessi, Niéde Guidon; Grafismo Indígena: Estudos de
Antropologia Estética).

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