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RESUMO
O presente trabalho visa fazer uma breve exposição acerca do ativismo judicial no
Brasil, através de uma abordagem histórica e doutrinária do tema. Considerando esse
contexto, analisa-se alguns dos possíveis limites que a doutrina aborda para que o ativismo
judicial não passe de uma criação judicial do direito para a invasão da esfera dos outros
Poderes constituídos. O Judiciário forte é essencial para a concretização da justiça na
sociedade brasileira, principalmente após a Constituição Federal de 1988, tendo em vista a
costumeira inércia dos poderes Legislativo e Executivo que compromete o bem-estar social
da população. Essa atuação do Judiciário, porém, deve observar em regra os limites
legalmente impostos, para que não se descaraterize sua função.
1 INTRODUÇÃO
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modo racional. O Poder Judiciário brasileiro vem atuando de modo importante para a
construção de uma sociedade mais igualitária, que pode ser constatado por
respostas a algumas competências que deveriam regulamentadas pelo Legislativa.
Nesse antro de desfalque do legislativo que o ativismo judicial ganha espaço por
permitir a ampliação da atuação do Poder Judiciário, ao passo que decide casos
complexos que foram abandonados por outro poder.
Outro aspecto de relevância, é o contexto em qual o ativismo está se
expandindo no cenário atual. Hodiernamente, percebe-se que o Estado atua não
somente para garantir o necessário para dignidade de seu povo, como também é um
agente auxiliador e reparador de setores econômicos defasados ou que estão em
prejuízo. Entretanto, há que se falar nos excessos de cuidados e como essa
qualidade é prejudicial, no sentido de que, devido à sobrecarga de atividades, possa
acontecer alguma violação aos direitos individuais, restando, então, a aplicação dos
controles de legalidade.
postura das demais funções estatais (legislativa e executiva), tendo o claro objetivo
de melhor garantir, a partir de decisões judiciais, que o Estado corresponda com os
valores trazidos nas normas constitucionais (em especial, as normas
principiológicas), principalmente os ligados à proteção e ao aprimoramento dos
direitos fundamentais e ao controle e/ou à racionalidade do exercício do poder
estatal. (GALVAO, p. 90)
A defesa da coerência normativa do ordenamento — não importando quais as
espécies normativas que o compõem — é uma necessidade atual, vinculada à
preservação da ideia de unidade e harmonia jurídica, principalmente em termos
constitucionais. Infelizmente, no entanto, percebe-se que há certa dificuldade na
efetivação de muitas normas constitucionais pela atuação dos poderes Legislativo e
Executivo, que tem a lei em sentido estrito ou como objetivo de sua atuação ou
como base para a sua atuação. Especificamente em relação ao Legislativo, verifica-
se a persistência de lacunas normativas provenientes da inércia regulamentadora a
partir de decisões legislativas ou de sua má elaboração (especificamente, em termos
de conteúdo), comprometendo situações sociais que se tornam conflituosas e que
acabam sendo levadas à análise do Judiciário, exigindo-lhes uma definição em
termos decisórios. Já em relação à atuação administrativa, tem-se, muitas vezes, a
inércia de atuação camuflada na noção de discricionariedade administrativa ou
mérito administrativo, refletido principalmente na adoção de políticas públicas em
diversos setores. (GALVAO, pág. 91)
Ao mesmo tempo, a exposição de razões e argumentos serve para facilitar ou
potencializar a fiscalização da decisão final (a posteriori) mas, igualmente, na
condição de dever jurídico fundamental objetivo, significa a preocupação de quem
decide em fazê-lo em conformidade com noções fundamentais do ordenamento
jurídico, garantindo-lhe pertinência, coerência e racionalidade, evitando-se as
chances das decisões serem atacadas, invalidadas ou questionadas, alcançando,
também, maior grau de legitimidade. (GALVAO, p. 92)
De qualquer modo, se o atual protagonismo do Poder Judiciário pode ser
visto positivamente, essa expansão deve ocorrer sem violar o equilíbrio do sistema
político e de maneira com as duas bases da democracia constitucional: garantir os
direitos do cidadão e assegurar a soberania popular. (CITTADINO, p. 138)
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importância da função dele, com seu poder, por meio de dispositivos constitucionais
(como o outrora descrito) que protejam as liberdades individuais.
Eventos como a proliferação de regimes totalitários surgidos no século XX,
com destaque para as duas guerras mundiais e as barbáries estalinistas, reforçam a
garantia de direitos individuais, valendo-se da proteção constitucional dos menos
favorecidos. Na Constituição de 1988 observa-se essa tendência que se comunica
com a defesa universal proposta pelos direitos humanos, somando esforços com
organismos internacionais, dentre eles Cortes Internacionais de Justiça designadas
para condenar a violação desses direitos. A exemplo disso, Constituição de 1988
impõe “a dignidade da pessoa humana” como um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil, aglutinado a ideia abordada no artigo 3º, o de construir uma
sociedade livre, justa e solidária (inciso I) e o de promover o bem de todos (inciso II).
Por ter uma característica de fácil lesividade, há de se ter uma observância
maior quanto ao exercício de atividades normativas que complementem a legislação
e que sejam atribuídas a agências da Administração Pública. Devido a vasta difusão,
cabe que sua verificação de legalidade seja eficiente, pois atingem amplamente a
população em seus mais variados setores, dando pouca relevância aos direitos de
muitas pessoas. Como demonstração da competência normativa, a Resolução nº
1.338 do Banco Central do Brasil, de 15 de junho de 1987, modifica o sistema de
cálculo nos depósitos bancários de cadernetas de poupança por uma nova fórmula
que reduz os ganhos de clientes que poupam e precisam recorrer à Justiça para que
seus direitos sejam exercidos “a ter creditados os valores relativos ao IPC, para
corrigir os saldos em contas com datas do mês de junho, por mais
elevados”(Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº 19.580-0RS, 3ª Turma,
Relator Ministro Dias Trindade, Diário da Justiça da União, seção I, 01.06.92, p.
8.046).
Outrossim, é relevante se falar na proteção dos interesses coletivos e difusos.
Uma característica comum aos fenômenos atuais é que eles contam com a
expressividade do número de pessoas (os fenômenos de massa), haja vista que
uma pessoa por si é incapaz de expressão dentro do atual contexto, fazendo-se
necessário a construção de um arcabouço para a atuação plural. Dessa
necessidade, surge a formação, dentro da sociedade, de grupos organizados. Os
interesses são confrontados por outros grupos organizados, a disputa deixa de ser
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local e passa a ter abrangência por classes que se identificam; são de uma
identidade coletiva, logo, como aduz Ada Pelegrini Grinover, “(...) a doutrina designa
como coletivos aqueles interesses comuns a uma coletividade de pessoas e a elas
somente, quando existe um vínculo jurídico entre os componentes do grupo: a
sociedade mercantil, o condomínio, a família, os entes profissionais, o próprio
sindicato, dão margem a que surjam interesses comuns, nascidos de uma relação-
base que une os membros das respectivas comunidades e que, não se confundindo
com os interesses estritamente individuais de cada sujeito, permite sua identificação”
(GRINOVER, 1990). Ainda, para melhor entendimento do conceito, Rodolfo De
Camargo Mancuso alude que “o interesse interliga uma pessoa a um bem de vida,
em vista de um determinado valor que esse bem possa representar para aquela
pessoa” (MANCUSO, 1988).
Vale tecer também acerca dos interesses difusos (ou meta-individuais). O que
deixa evidente a sua manifestação na sociedade é a grandeza e expansão em
ramos, como na economia, em que a atividade é aquela que produz mais em menor
quantidade. As tecnologias de ponta são voltadas para atenderem as mais íntimas
necessidades humanas e que acabam esbarrando em questões importantes (como
as ambientais) que são ignoradas em prol da preocupação de atender a grande
demanda dos centros urbanos desenvolvidos ao redor do globo. Como reflete ADA
PELLEGRINI GRINOVER ““Por interesses propriamente difusos entendem-se
aqueles que, não se fundando em vínculo jurídico, baseiam-se sobre dados de fato,
genéricos e contingentes, acidentais e mutáveis: como habitar na mesma região,
consumir iguais produtos, viver em determinadas circunstâncias socioeconômicas,
submeter-se a particulares empreendimentos.” (GRINOVER, 1990)
5 CONCLUSÃO
JUDICIAL ACTIVISM IN BRAZIL - HOW DOES IT WORK AND WHAT ARE THE
LIMITS?
ABSTRACT
The present work aims to give a brief exposition about judicial activism in Brazil,
through a historical and doctrinal approach to the theme. Considering this context, it
analyzes some of the possible limits that the doctrine approaches so that the judicial activism
goes from a judicial creation of the right for the invasion of the sphere of the other Powers
constituted. The strong Judiciary is essential for the realization of justice in Brazilian society,
especially after the Federal Constitution of 1988, in view of the customary inertia of the
Legislative and Executive powers that compromises the social well-being of the population.
This action of the Judiciary, however, must observe as a rule the limits legally imposed, so
that its function can not be discharged.
REFERÊNCIAS
LENZA, Pedro. Curso de Direito Constitucional Esquematizado. 10. ed. São Paulo:
Editora Método, 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 14. ed. São Paulo:
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NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã: uma relação difícil. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9ª ed. São Paulo:
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