Você está na página 1de 6

CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5

CT 5

Artigos Técnicos poderão ser encaminhados


para análise e eventual publicação para
alvenaria@revistaprisma.com.br

PATOLOGIAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL


DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO
Roberto José Falcão Bauer* Palavras-chave:
Alvenaria estrutural,
argamassa, patologias,
Cuidados no projeto e na execução das obras evitam problemas nos edifícios construídos blocos de concreto,
fissuras, eflorescências
com alvenaria estrutural. No entanto, quando as falhas surgem, nem sempre é fácil detectar
sua origem. Neste artigo, um engenheiro especialista em qualidade analisa as anomalias
mais comuns e indica providências para corrigi-las ou evitá-las.

EXPEDIENTE
O Caderno Técnico Alvenaria Estrutural é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda.
ISSN 1809-4708
Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br
Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador) Eng. MSc. Rodrigo Piernas Andolfato (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana; Eng. MSc.;
Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian; Prof. Dr. João Bento de Hanai;
Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior;
Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro;
Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere;
Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga.
Editor: jorn. Marcos de Sousa (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633

33
CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5

PATOLOGIAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL


DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO
Este trabalho procura analisar as anomalias • Conhecimentos técnicos adquiridos com base Por exemplo, no caso de blocos vazados de con-
que podem ocorrer em alvenarias estruturais em experiência nacional, visando à adequação e creto, deve-se, com base na norma brasileira
de blocos vazados de concreto, relacionando- concepção dos projetos de fundações e estrutural; NBR 6136, especificar:
as a uma ou mais características de qualidade • Normalização técnica existente quanto à - resistência à compressão;
eventualmente não atendidas. São geralmente especificação dos materiais constituintes e - umidade;
decorrentes de deficiências de projeto, especi- procedimentos de execução; - absorção de água; e
ficação de material, execução, utilização ou da • Controle de qualidade efetivo, seja dos mate- - características dimensionais;
forma de manutenção do edifício. riais, com relação ao recebimento e estocagem, • Para argamassa de assentamento e grautes,
bem como, da execução. deve-se, com base na norma brasileira NBR
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 8798, especificar:
As facilidades construtivas proporcionadas pelo ANOMALIAS - dosagens;
emprego de um único elemento, como o bloco Com base no diagrama idealizado pelo professor - retenção de água (argamassas); e
de concreto, são diversas, podendo-se relacio- Ishikawa (diagrama de causa e efeito), podemos - resistência à compressão;
nar como principais vantagens: avaliar as eventuais anomalias que possam • Os demais materiais utilizados (aço, cimento,
• Técnicas de execução simplificadas; ocorrer, relacionando-as a uma ou mais caracte- cal hidratada, agregados, aditivos e água) de-
• Menor diversidade de materiais empregados; rísticas da qualidade não-atendidas, de forma a vem ser especificados conforme suas normas
• Redução do número de especializações da identificar os fatores que as geraram. técnicas.
mão-de-obra empregada; Se lembrarmos dos 5 M’s da qualidade, represen- • Pedido de compra: deverá conter as especi-
• Redução de interferências, entre os subsis- tados na Figura 1, veremos que há necessidade ficações técnicas previamente acordadas entre
temas, no cronograma executivo (estrutura e de estimular a economia, diminuir desperdício e as partes.
alvenaria são executadas conjuntamente). anomalias, melhorando sensivelmente a qualida- • Controle de recebimento e estocagem.
de e conseqüentemente a imagem do sistema
TÉCNICA EXECUTIVA construtivo. Com relação ao 5 M’s da qualidade, METODOLOGIA
Para atingir o desempenho técnico adequado pode-se relacionar os seguintes cuidados a • Normas: é necessário introduzir o uso de
das edificações em alvenaria estrutural armada serem adotados: normas técnicas aplicáveis na aquisição e em-
de blocos vazados de concreto deve-se adotar prego de materiais, na contratação de serviços,
cuidados especiais nas fases de concepção, MATERIAL e na construção em geral, uma vez que esta
projeto e execução. • Critérios de qualificação técnica dos fabrican- é uma exigência prevista no artigo 39, item
Durante a concepção e projeto deve-se tomar tes de blocos estruturais. VIII do Código de Defesa do Consumidor, que
os seguintes cuidados: • Qualificação técnica dos fabricantes. afirma: “é vedado ao fornecedor de produtos ou
• Conceituação dos projetos arquitetônico e • Especificação técnica, mediante normas téc- serviços colocar no mercado de consumo qual-
estrutural; nicas e cadernos de encargos (acordo prévio). quer produto ou serviço em desacordo com as
Normas da ABNT ou de qualquer outra entidade
MATERIAL MÉTODO credenciada pelo Conmetro”.

QUALIDADE
• Projetos: projeto arquitetônico contendo
detalhes construtivos com relação a medidas
MÁQUINA MÃO-DE-OBRA MEIO AMBIENTE
específicas quanto às condições de habitabilida-
Figura 1 – Representação dos 5 M’s da qualidade de (térmica, acústica e de umidade);

34 prisma
CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5
Projeto estrutural com base em teorias atuais, tar para a preservação do meio ambiente. eventual presença de armaduras, existência de
fundamentadas em base experimental sólida. É necessário entender que o lixo das cidades paredes de contraventamento;
• Normas técnicas e cadernos de encargos, não pode ser constituído de entulho de obras. • Recalques diferenciais em fundações;
contendo inclusive procedimentos de execução. Melhor dizendo: desperdício, que cria junto • Movimentações higroscópicas e térmicas.
• Procedimentos de recebimento de materiais com o lixo domiciliar esconderijo, alimentação, As Tabelas 1, 2 e 3 apresentam um resumo das
e serviços. ambiente propício para a criação de roedores, diferentes configurações das fissuras ocorridas
• Procedimentos com relação ao recebimento insetos e de agentes transmissores de doenças em alvenaria estrutural e as prováveis causas
de outras atividades que possam intervir na infecto-contagiosas. geradoras de cada uma destas tipologias.
execução dos trabalhos e no desempenho como Os principais fatores de desperdício podem ser
um todo (interfaces: lajes, contrapiso, instala- resumidos em: • Eflorescências: a eflorescência é decorrente
ções em geral etc). • perda de material e retrabalho, por falta de de depósitos salinos, principalmente de sais de
• Manual do proprietário: deverá conter os qualidade dos materiais, falta de qualificação metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalinos-
procedimentos de uso adequado e eventuais da mão-de-obra e alta rotatividade, e falta de terrosos (cálcio e magnésio) na superfície de
restrições, cuidados na manutenção e limpeza, projeto específico; alvenarias, provenientes da migração de sais
orientações para a pintura, seja interna ou • perda de cerca de 20% de material utilizado solúveis nos materiais e componentes da
externa, periodicidade e especificações dos no nivelamento de paredes fora de prumo ou alvenaria. Elas podem alterar a aparência da
produtos recomendáveis. em revestimento de paredes que apresentam superfície sobre a qual se depositam e em
variações de espessura. determinados casos seus sais constituintes
MÁQUINAS • armazenamento inadequado de materiais no podem ser agressivos, causando desagrega-
• É indispensável colocar, imediatamente, má- canteiro de obras. ção profunda, como no caso dos compostos
quinas (ferramentas) simples à disposição dos expansivos.
operários. PRINCIPAIS ANOMALIAS Para a ocorrência da eflorescência devem existir,
• Por quanto tempo ainda nossos pedreiros • Fissuras: as fissuras ocupam o primeiro lugar concomitantemente, três condições: existência
continuarão a assentar blocos, fazendo 25 na sintomatologia em alvenarias estruturais de de teor de sais solúveis nos materiais ou com-
movimentos por peça, quando Tayler e Fayol já blocos vazados de concreto. A identificação das ponentes, presença de água e pressão hidrostá-
nos ensinaram que é possível fazê-lo com oito fissuras e de suas causas é de vital importância tica necessária para que a solução migre para a
movimentos? Será que a caixa de argamassa para a definição do tratamento adequado para a superfície. Portanto, para evitar esse fenômeno,
não pode estar à altura de 0,80 m, ergometri- recuperação da alvenaria. deve-se eliminar uma das três condições.
camente colocada, diminuindo a energia gasta A configuração da fissura, abertura, espaça- Com relação à origem dos sais, a Tabela 4 apre-
em movimentos inúteis e cansativos? mento e, se possível, a época de ocorrência senta uma relação da natureza química dos sais
• A máquina humana deve ser cada vez mais (após anos, semanas, ou mesmo algumas horas solúveis e suas prováveis fontes.
inteligentemente utilizada. da execução), podem servir como elementos Com relação à segunda condição para exis-
• O emprego de pequenas e eficientes ferramen- para diagnosticar sua origem. tência de eflorescência, nota-se que a água
tas irão melhorar a qualidade e produtividade. Considerando-se as diferentes propriedades pode ser proveniente da umidade do solo; da
• Os equipamentos utilizados nos processos mecânicas e elásticas dos constituintes da alve- água de chuva, acumulada antes da cobertura
construtivos, verificações de serviços, e en- naria, e em função das solicitações atuantes, as da obra ou infiltrada por meio das alvenarias,
saios deverão estar conforme procedimentos e fissuras poderão ocorrer nas juntas de assen- aberturas ou fissuras; de vazamentos de tubu-
devidamente calibrados. tamento (argamassa de assentamento vertical lações de água, esgoto ou águas pluviais; da
ou horizontal) ou seccionar os componentes da água utilizada na limpeza e de uso constante
MÃO-DE-OBRA alvenaria (blocos vazados de concreto). em determinados locais.
“A qualidade começa pela educação e acaba Outros fatores podem influenciar o comporta- Por fim, com relação à pressão hidrostática,
na educação. Uma empresa que progride em mento das alvenarias: verifica-se que o transporte de água por meio
qualidade é empresa que aprende, que aprende • Qualidade dos blocos: dimensões incorretas, dos materiais e a conseqüente cristalização dos
a aprender” (prof. Ishikawa). falhas na porosidade e acabamento superficial; sais solúveis na superfície ocorrem por capila-
• Argamassa de assentamento: consumo de ridade, infiltração em trincas e fissuras, perco-
MEIO AMBIENTE aglomerantes, retenção de água e retração; lação sob o efeito da gravidade, percolação sob
Nas fases de projeto e execução, deve-se aten- • Alvenarias: geometria do edifício, esbeltez, pressão por vazamentos de tubulações de água

35
CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5

Tabela 1 – Fissuras Verticais – Principais tipologias e prováveis causas ou de vapor, pela condensação de vapor de água
Resistência à tração do bloco vazado de concreto é superior à dentro das paredes, ou pelo efeito combinado
resistência à tração da argamassa.
de duas ou mais dessas causas.
A remoção das eflorescências sobre a super-
Resistência à tração do bloco vazado de concreto é igual ou fície da alvenaria só poderá ser realizada após
inferior à resistência à tração da argamassa. a eliminação da causa da infiltração de água
(umidade) e secagem do revestimento, sendo
Sob ação de cargas uniformemente distribuídas, em função então procedida escovação da superfície e,
principalmente da deformação transversal da argamassa de se necessário, reparo de eventual região com
assentamento e da eventual fissuração de blocos ou tijolos por pulverulência.
flexão local, as paredes em trechos contínuos apresentam fissu-
ras tipicamente verticais.
• Infiltrações de água
Entre as manifestações mais comuns referen-
Sendo constituídas de materiais porosos, as alvenarias terão seu tes aos problemas de umidade em edificações
comportamento influenciado pelas movimentações higroscópicas
encontram-se mancha de umidade, corrosão,
desses materiais. A expansão das alvenarias por higroscopicidade
ocorrerá com maior intensidade nas regiões da obra mais sujeitas bolor, fungos, algas, líquens, eflorescências,
à ação da umidade como, por exemplo, cantos desabrigados, descolamentos de revestimentos, friabilidade
platibandas, base das paredes etc. da argamassa por dissolução de compostos
com propriedades cimentíceas, fissuras e mu-
Tabela 2 – Fissuras Inclinadas – Principais tipologias e prováveis causas dança de coloração dos revestimentos. Há uma
Em trechos com a presença de aberturas, haverá considerável série de mecanismos que podem gerar umidade
concentração de tensões no contorno dos vãos. No caso da ine- nos materiais de construção, sendo os mais
xistência ou subdimensionamento de vergas e contravergas, as
importantes os relacionados a seguir:
fissuras se desenvolverão a partir dos vértices das aberturas.
- absorção capilar de água;
Devido a cargas verticais concentradas, sempre que não houver - absorção de água de infiltração ou de fluxo
uma correta distribuição dos esforços através de coxins ou superficial de água;
outros elementos, poderão ocorrer esmagamentos localizados
- absorção higroscópica de água;
e formação de fissuras a partir do ponto de transmissão da
carga.
- absorção de água por condensação capilar;
- absorção de água por condensação.
Nos fenômenos de absorção capilar e por infil-
tração ou fluxo superficial de água, a umidade
chega aos materiais de construção na forma
líquida; nos demais casos a umidade é absor-
vida na fase gasosa. A infiltração de água pode
Recalques diferenciados, provenientes por exemplo de falhas de
ser agravada pela ação combinada do vento
projeto, rebaixamento do lençol, falta de homogeneidade do solo
ao longo da construção, compactação diferenciada de aterros e
(pressão), direção e intensidade tanto da chuva
influência de fundações vizinhas provocarão fissuras inclinadas como do vento, e as condições de exposição da
em direção ao ponto onde ocorreu o maior recalque. alvenaria. Eventuais anomalias, principalmente
fissuração da parede, irão contribuir sobrema-
neira na gravidade das manifestações patológi-
cas decorrentes.

• Infiltração pelos componentes da alvenaria


Na fase de projeto é necessário analisar os
seguintes itens, visando a minimizar os efeitos
advindos da penetração de umidade:
- orientação das fachadas em relação aos

36 prisma
CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5
ventos predominantes; Tabela 3 – Fissuras horizontais - Principais tipologias e prováveis causas
- detalhes arquitetônicos e técnicos das fa- As fissuras horizontais nas alvenarias, causadas por
sobrecargas verticais atuando axialmente no plano da
chadas e muros, tais como frisos, pingadeiras,
parede, não são freqüentes; poderão ocorrer, entre-
rufos e contra-rufos, beirais, platibandas, tipo tanto, pelo esmagamento da argamassa das juntas de
de cobertura e respectivos detalhes, juntas assentamento. Tais fissuras, contudo, não são muito
de movimentação ou de controle em paredes raras em paredes submetidas à flexocompressão.

e muros externos e respectivos materiais de


Em alvenarias pouco carregadas, a expansão dife-
selagem das mesmas; renciada entre fiadas de blocos pode provocar, por
- intensidade e duração das precipitações na exemplo, a ocorrência de fissuras horizontais na base
região da edificação; das paredes.

- conhecimento das propriedades dos mate-


riais constituintes das alvenarias, quanto à hi-
groscopicidade, porosidade e absorção d’água. Na retração por secagem de grandes lajes de concreto
armado sujeitas a forte insolação poderá ocorrer fissu-
ração, devido ao encurtamento da laje, que provocará
• Infiltração pelas juntas de assentamento
uma rotação nas fiadas de blocos próximos à laje.
A infiltração de água pelas juntas de assenta-
mento pode acontecer por falhas na argamassa
de assentamento, na interface argamassa/
bloco vazado de concreto e pela própria arga-
massa de assentamento. A tabela 5 mostra as
diversas causas geradoras. Devido a movimentações térmicas, surgirão fissuras
idênticas àquelas relatadas para a movimentação
higroscópica e retração por secagem. Estas serão
• Infiltrações relacionadas a outros fatores
mais intensas nas lajes de cobertura e poderão ser
Na fase de projeto devem ser adotados de- evitadas com um cintamento muito rígido ou sistema
terminados cuidados, de modo a minimizar as de apoio deslizante.
infiltrações de água. As chuvas, sob pressão do
vento ou não, provocam a formação de lâminas
Tabela 4 – Natureza química das eflorescências
de água que irão escorrer sobre as fachadas.
Composição Química Fonte Provável Solubilidade em Água
Portanto, para garantir a estanqueidade e mini-
mizar a deterioração do revestimento, deverão Carbonato de Cálcio Carbonatação da cal lixiviada da argamassa ou concreto Pouco solúvel

ser adotados alguns detalhes construtivos, Carbonato de Magnésio Carbonatação da cal lixiviada de argamassa de cal Pouco solúvel
como pingadeiras, molduras, cimalhas, peitoris não carbonatada

e frisos, visando a dissipar concentrações de Carbonato de Potássio Carbonatação dos hidróxidos alcalinos de cimentos Muito solúvel
água. A geometria das fachadas deverá ser com elevado teor de álcalis

estudada de modo a evitar que o fluxo de água Carbonato de Sódio Carbonatação dos hidróxidos alcalinos de cimentos Muito solúvel
se dirija para pontos vulneráveis, como juntas e com elevado teor de álcalis

caixilhos, permitindo que o próprio fluxo de água Hidróxido de Cálcio Cal liberada na hidratação do cimento Solúvel
faça a limpeza do paramento. Assim, evita-se a Sulfato de Magnésio Água de amassamento Solúvel
deposição de fuligem e empoçamento de água.
Sulfato de Cálcio Água de amassamento Parcialmente solúvel
As prumadas externas de águas pluviais, em
Sulfato de Potássio Agregados, água de amassamento Muito solúvel
tubo de PVC, galvanizado ou zinco, em geral
Sulfato de Sódio Agregados, água de amassamento Muito solúvel
são fixadas da alvenaria. Caso a superfície
da parede apresente irregularidades, o que é Cloreto de Cálcio Água de amassamento, limpeza com ácido muriático Muito solúvel

normal, a prumada e a alvenaria se tocarão em Cloreto de Magnésio Água de amassamento Muito solúvel
certos locais e a sujeira, como pó e folhas, se Cloreto de Alumínio Limpeza com ácido muriático Solúvel
acumularão formando deposições que reterão
Cloreto de Ferro Limpeza com ácido muriático Solúvel
umidade proveniente de água de chuva. Se a

37
CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL - CT5

Principais causas das infiltrações em alvenaria CONSIDERAÇÕES FINAIS


Anomalias Causas geradoras A normalização exerce papel preponderante no
Fissuras verticais contínuas na argamassa As principais causas geradoras foram analisadas no desempenho em países altamente industrializa-
de assentamento item Fissuras dos, como Alemanha e Japão. Essas nações,
Fissuras horizontais e verticais (tipo escada) que após a II Guerra Mundial construíram,
Fissuras horizontais
partindo do nada, todo seu parque industrial,
Fissuras na própria argamassa de assen- Retração hidráulica da argamassa: argamassa excessi-
e ingressaram na época atual como grandes
tamento vamente rígida - baixa retenção de água da argamassa
potencias industriais, utilizaram a tecnologia
Fissuras na interface argamassa de assen- Deficiência de execução (espessura elevada da argamas-
tamento e bloco vazado de concreto sa > 1,0 cm - blocos excessivamente secos ou com con- como força motriz e as normas técnicas como
taminação - argamassa com baixa retenção de água). lastro. Portanto, deve-se incentivar o processo
Infiltração pela argamassa Argamassa preparada com excesso de água de amassa- de normalização do setor, visando a fornecer
mento (elevada porosidade e permeabilidade à água).
subsídios técnicos aos projetistas, engenheiros,
arquitetos, construtores e usuários, de modo a
alvenaria estiver em uma fachada ensolarada de modo que a água verta para o exterior da obter melhorias de qualidade e a conseqüente
pode ser que não ocorram infiltrações. Porém, obra. Além disso, deverão ser tomados cuida- redução de anomalias.
não é possível descobrir a tempo as infiltrações dos especiais de manutenção, a fim de que os
e poderão ocorrer problemas sérios antes que pontos de drenagem não fiquem obstruídos,
se perceba a causa. A utilização de espaçado- de modo a garantir que a água de telhados e
res entre o parafuso de fixação e a prumada balcões verta distante da obra.
evitará possíveis pontos de contato e, portanto, Os ralos e respectivos condutos de captação de
o acúmulo de sujeira e umidade. Deve-se evitar água devem ser dimensionados corretamente,
que os parafusos de fixação sejam introduzidos evitando vazamentos e encharcamentos de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
diretamente nas argamassas de assentamento platibanda. Os caixilhos podem constituir um Associação Brasileira da Construção
Industrializada, Manual Técnico da Alvenaria,
dos blocos, a fim de impedir que ocorram pon- ponto vulnerável às infiltrações de água na Projeto Editores Associados, 1990, Patologias
tos preferenciais de penetração de umidade. medida em que possam apresentar problemas - ps. 97, 117, Ércio Thomaz.

É fundamental prever verificações periódicas de estanqueidade. Cincotto, Maria Alba, Patologias das argamassas
de revestimento: análise e recomendações, São
do estado da tubulação, quanto a eventuais As janelas devem ser submetidas a ensaio, Paulo, IPT, 1983 (série Monográfica 8).
entupimentos, perfurações, corrosão e estado para detecção de eventuais pontos suscetí- Falcão Bauer, Luiz Alfredo, Controle total da
da pintura, se for o caso. veis a infiltrações de água e para que sejam qualidade ou falência da indústria da construção
civil, São Paulo, 1990.
A elaboração de projeto de isolação térmica e procedidas as devidas correções no projeto
Falcão Bauer Luiz Alfredo, Materiais de
impermeabilização das lajes é essencial para que garantam perfeita vedação, evitando-se, construção, Rio de janeiro, LTC Editora, 1994
- 53 edição V.2 - capítulo 30 p. 929.
que se obtenha desempenho satisfatório das dessa forma, a penetração de água, que pos-
alvenarias, evitando desta maneira a ocorrência sa gerar quadros patológicos. Os ensaios de Hirschfeld, Henrique, A construção civil e a
qualidade, Editora Atlas, 1996.
de trincas em alvenarias e de infiltrações de desempenho quanto a estanqueidade ao ar e
Heveg, Klaus, Engenharia e poder nacional - In:
água pelas fissuras do revestimento, ou por à água e quanto à resistência à carga de ven- 383 Reunião do Ibracon, Ribeirão Preto, 1996.
deficiência da impermeabilização. to realizados conforme metodologias especí- L. A. Falcão Bauer, Relatórios técnicos sobre
anomalias em alvenaria armada.
É conveniente que sejam evitados detalhes que ficas, descritas nas normas NBR 6485, NBR
favoreçam o acúmulo de água. Assim, não de- 6486 e NBR 6487. O ensaio visa a simular Sabbatini, Femando Henrique, O processo
construtivo de edifícios de alvenaria estrutural
vem ser utilizadas seções em “U” desprovidas condições de exposição a chuvas com vento, sílico-calcária, USP, 1984.
de pontos de drenagem em sistemas de capta- e ao vento simplesmente, com a aplicação Souza, Roberto de, Sistema de gestão da
qualidade para empresas construtoras, Sebrae/
ção de água pluvial de coberturas. de pressões equivalentes a velocidades de Sinduscon-SP, 1994.
As superfícies horizontais devem ter inclinação vento determinadas seguindo as isopletas de
Thomaz, Ércio, Trincas em Edifícios - Causas,
de pelo menos 1%. Este caimento será previsto vento, específicas para cada região. prevenção e recuperação, IPT - Epusp - Pini, 13ª
edição, 1990.

AUTOR
Roberto José Falcão Bauer
Engenheiro civil, diretor da L.A. Falcão Bauer
rbauer@falcaobauer.com.br

38 prisma

Você também pode gostar