Você está na página 1de 12

 

Tudo começa assim... 

Certa  vez uma paciente adentrou ao consultório lentamente, passos curtos, com expressão de 
dor, cabeça levemente flexionada e utilizando um colar cervical. 
 
Olhei para ela e imediatamente pensei "Agora vou ter muito trabalho..." 
 
Afastei  a  cadeira  para que ela sentasse, seguindo o mesmo ritmo de passos e ações contadas, 
ela sentou à minha frente. 
 
Ela já foi logo dizendo:  
 
- Dr.,  eu  preciso  da  sua  ajuda...já  estou  há  15  dias  com  essas  dores  no  pescoço,  agora 
mesmo  já  sinto  um  peso  e  dificuldade  de  movimentar  o  meu  braço.  Na  semana 
passada,  fiz  algumas  consultas:  médicos  e  fisioterapeutas,  porém  nenhuma  melhora, 
aliás tive uma piora após a fisioterapia. 
 
Após  esse  breve  relato,  ou  melhor  súplica,  fiz  alguns  questionamento  para  entender  o  que 
exatamente estava acontecendo com ela.  
 
Foi  quando  ela  me  disse:  "Sempre  que  eu  tenho  crise de asma, surgem tensões musculares e 
incômodos no pescoço, mas dessa vez não sei o que aconteceu..."  
 
Pronto!  Foi  o  suficiente  para  eu  entender  toda  a  lógica,  tudo  o  que  estava acontecendo com 
ela. 
 
E você? Não? 
 
Ao  final  deste  e-book  vai  ficar  muito  claro  o  raciocínio  clínico  que  precisa  ser  utilizado  para 
solucionar casos semelhantes a esse. 
 
Sobre  essa  lógica  de  análise  e  interpretação  dos  sinais  clínicos  do  paciente  que  vamos 
conversar  um  pouco,  até  porque  o  caso  da  paciente  retrata  exatamente  os  ​3  pilares 
essenciais da avaliação da dor cervical​. 
 

 
Como eu vou lhe ajudar? 

Eu  sou  Randy  Marcos,  entusiasta  da  fisioterapia,  empreendedor  nato  e,  agora,  focado  em 
transformar  vidas  através  da  fisioterapia,  seja  a  vida  dos  meus  pacientes  ou  dos  meus 
alunos/seguidores.  
 
E, por que não, da minha família? 
 
Como fisioterapeuta a experiência está repleta com algumas atuações profissionais: 
 
- Fisioterapeuta/Classificador Funcional do Comitê Paralímpico Brasileiro/Internacional 
- Especialista em Osteopatia - COFFITO 
- Coordenador da Escola de Osteopatia de Madrid - sede Recife/PE 
- Pós-graduação em Quiropraxia Clínica e Esportiva 
- Formação Internacional no Método Busquet 
- Proprietário de 1 consultório ( Recife/PE) e uma clínica (João Pessoa/PB)  
- Professor de várias pós-graduações; 
- Fisioterapeuta FIFA-BRASIL 2014 (Copa do Mundo)  
 
 
Coloco  à  sua  disposição  os  meus  10  anos  como  fisioterapeuta  e  mais de 8000 atendimentos 
realizados para lhe passar os melhores conteúdos em prol da sua evolução profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
E essa tal dor cervical? 
 
 
A  dor  cervical é caracterizada por queixas localizadas na região composta desde a linha nucal 
superior  até  o  processo  espinhal  da  primeira  vértebra  dorsal.  Essa definição está relacionada 
com  as  novas  denominações  de  cunho  inespecífico,  conforme  os  sinais  e  sintomas 
apresentados durante a avaliação da paciente. 
 
Um  caso,  que  pode  ser  seu  a  qualquer  momento,  inicialmente  preocupante,  o  qual  gerou 
muita  insegurança  no  momento  de  definição  da  avaliação,  porém  principalmente  na 
estratégia terapêutica para aliviar o sofrimento da paciente. 
 
Você  vai  conseguir  definir  toda  a  avaliação  das  dores  cervicais,  mas  antes  preciso lhe passar 
alguns detalhes para lhe dar a base correta, a fim de que você não cometa falhas. 
 
Para  que  a  dor  cervical  seja  compreendida  em  toda  sua  complexidade  funcional  e 
biomecânica  irei  fazer  uma  breve  explanação  da  função  da  coluna  cervical  dentro  do  corpo 
humano. 

Foco na funcionalidade corporal 


A  coluna  cervical  está  localizada  entre  2  estruturas  extremamente  importante  para  a 
vitalidade do ser humano: o crânio e o tórax. 
 
Você  já  pensou  se  essas  estruturas  estivessem  acessíveis,  ou  melhor,  não  tivessem  uma 
proteção?  
 
O que poderia ocorrer?  
 
Tanto  o  crânio  quanto  o  tórax  apresenta  muitos  dos  nossos  órgãos  e  sistemas  interligados, 
sendo assim são essenciais para nos manter vivos.  
 
O  crânio  com  a  sua calota craniana e todos os ossos da face apresenta um "escudo" mecânico 
e  térmico  fantástico  para  equilibrar  as  estruturas  cranianas  em  perfeita  função.  Entretanto, 
essa  arquitetura  é  biomecanicamente  mais  rígida,  havendo  necessidade  de  alguma estrutura 
um  pouco  mais  móvel  e  adaptável  para  promover  o  acesso  ao  meio  externo  em  sua 
plenitude. 
 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
Eis  que  temos  a  coluna  cervical,  uma  estrutura  formada  por  7  vértebras,  vários  ligamentos, 
vasos  e  nervos,  apresentando  uma  gama  de  músculos  capazes  de  se  contrair  em  harmonia 
para  movimentar  a  cabeça  por  várias  direções  possíveis.  Entretanto,  cada  engrenagem  deve 
ter  a  amplitude  e  tensão  adequada  para  conseguir  manter  uma  fisiologia  corporal  em 
equilíbrio, sem sobrecargas e lesões miotendíneas. 
 
Logo  abaixo,  você  encontra  a  caixa  torácica,  uma  verdadeira  caixa  preciosa,  com  órgãos  e 
sistemas  funcionando  mutuamente,  apresentando  desde  conexões  fisiológicas  às  mecânicas. 
É  isso  que  você  precisa  saber  para  atingir um nível de resultados terapêuticos mais rápidos e 
consistentes, porém antes de explicar tudo vamos seguir no raciocínio. 
 
O tórax é uma das estruturas mais importante do corpo humano. 
 
 
 
Na  caixa  torácica  acontecem:  funcionamento  dos  pulmões  com  suas  trocas  gasosas  ,  toda 
dinâmica  do  sistema  cardíaco  com  seu  ritmo  elétrico  e  vascular,  assim  como,  podemos 
localizar  várias  passagens  de  nervos,  vasos,  ligamentos  e  órgãos.  São  tantas  funções vitais a 
serem  viabilizadas  em  plenitude  e  protegidas  contra possíveis traumas, choques mecânicos... 
para isso existe todo arcabouço composto pelas costelas, esterno e clavícula. 
 

 
 
O  fato da coluna cervical estar entre 2 regiões do esqueleto com pouca mobilidade lhe impõe 
a  responsabilidade  de  conectar  e  equilibrar  essas  tensões  ascendentes  (provenientes  do 
tórax)  e  descendentes  (proveniente  do  crânio),  sendo  assim  sobrecargas  biomecânicas  são 
comumente encontradas e diagnosticadas como patologias degenerativas. 
 
Ao  saber  todo  esse  contexto,  o  que  precisamos  saber  para  entender  as  dores  na  coluna 
cervical? 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
Os pilares da função cervical 

Ponto 1 - A cervical por si só 


Após  todos  esses  anos  de  vida  profissional,  muitos  alunos,  vários  livros  e  artigos  científicos 
estudados,  posso  lhe  dizer  com  toda  certeza:  a estrutura da coluna cervical é extremamente 
preciosa. Porém, ela pode sofrer muito por culpa de outras regiões. 
 
Certa  vez  estava  jantando  com  uns  amigos,  quando  um  deles  falou  que  estava  com  muitas 
dores no pescoço e, simplesmente, disse: 
 
- Randy, meu pescoço tá doendo demais. O que pode ser? 
 
Eu respirei fundo, olhei para minha esposa discretamente, e disse: 
 
- Cara,  pode  ser  muitas  coisas…  deixa  lhe  dar  um  exemplo.  Esse  jantar  poderia  ter 
chegado com um sabor estranho, né isso? Nós iríamos dizer que podia ser tempero, 
falta de sal, pouco ou muito tempo de cozimento… A mesma coisa é o corpo, o fato de 
sua  cervical  está  doendo  não  diz  que  nada  sobre  o  local,  apenas informa que há algo 
errado. Para poder lhe ajudar, preciso realmente fazer uma consulta. Entende? 
 
Elegantemente,  consegui  contornar  e  mudar  o  rumo  da  prosa.  Assim  você  deve  raciocinar 
quando  estiver  frente  a  frente,  mas  agora,  para  resolver  o  caso  do  paciente.  Sabendo  disso, 
vai ser mais fácil de entender toda sequência até o final desse e-book. 
 
Estar  entre  estruturas  com  pouca  mobilidade  provoca  um  sofrimento de ligamentos, discos e 
vértebras  constante,  isso  é  capaz  de  gerar  patologias  degenerativas,  como  artrose,  artrites, 
formações  de  osteófitos,  retrações  miofasciais,  ruptura  dos  anéis  fibrosos  dos  discos 
intervertebrais e compressões de raízes nervosas.  
 
Os  níveis  cervicais  das vértebras C4, C5 e C6 geralmente são as mais sobrecarregadas, devido 
às  suas  localizações  intermediárias  (entre  crânio  e  tórax).  O  uso  excessivo  para  direcionar  a 
cabeça  e,  sobremaneira,  os  olhos  para  as  atividades  de  vida diária compõe um dos principais 
motivos de consultas clínicas por conta de sintomas dolorosos por parte dos pacientes.  
 
Anatomicamente,  essa região da coluna se conecta com um dos músculos mais importante do 
corpo,  o  ​diafragma  -​   através  das  raízes  de  C3,  C4  e  C5.  Essa  estrutura  pode  estar  em 
sofrimento  por  influências  neurofisiológicas  de  patologias  respiratórias  ou  qualquer  outra 
disfunção capaz de interferir direta/indiretamente nesse músculo. 
 
O  conceito  neurofisiológico  do  Dr.  Irvin  Korr,  demonstra  que  de  acordo  com  as  ligações 
metaméricas,  ou  seja,  origem  embrionária,  os  tecidos  inervados  por  um  determinado  nível 
medular  interfere  diretamente  em  seus respectivos tecidos do nível em sobrecarga funcional, 
mesmo  que  tenham  funções  totalmente  distintas,  como  por  exemplo,  um  músculo  e  um 
órgão ou vaso sanguíneo ou, até mesmo, a pele. 
 

 
 
 
Portanto,  entender  as  relações  anatômicas,  fisiológicas  e  neurais  nos  dá  a  capacidade  de 
conectar  as  dores  cervicais  com  patologias/disfunções  à  distância,  como  problemas 
respiratórios, gastrointestinais, como também tensões mecânicas do tórax. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ponto 2 - A fonte de tudo 
É  de  dentro  do  crânio  que  emergem  tudo  aquilo  capaz  de  fazer  o  ser  humano  funcionar 
perfeitamente,  sendo  assim  deve  estar  muito  bem  protegido.  As  estruturas vitais passam por 
forames  e  orifícios  minúsculos  para  adentrar  nas  cavidades  corporais  após  entrar  pelas 
estruturas do pescoço.  
 
Músculos,  como  os  suboccipitais,  conectam  mecanicamente  o  crânio  com  a  cervical,  mas 
fisiologicamente  os  olhos  e  com  a  coluna  cervical  da  mesma  forma.  Por  isso,  queixas  nucais 
são  tão  comuns  em  pessoas  com  problemas  visuais,  podendo  interferir  na  vascularização 
intracraniana devido a interferência na base de crânio na inervação dos vasos.  
 
Da  região  de  base  de  crânio,  algumas  estruturas  determinantes  para  a  fisiologia  corporal 
seguem  para  os seus órgãos-alvos, a principal deles é o X par de nervo craniano (nervo vago), 
um  nervo  complexo,  capaz  de  inervar  a  maioria  das  nossas  vísceras  e  reger  a  harmonia  do 
sistema digestivo, respiratório, circulatório, entre outros.  
 

 
 
Da  mesma  região,  forame  jugular  -  entre  o osso occipital e temporal, desce o XI par craniano 
(nervo  acessório),  o  qual  controla  os  músculos  trapézio  e  esternocleidooccipitomastoideo 
(ECOM) tão vitimados nas patologias da coluna cervicais, dentre elas o famoso "torcicolo".  
 
De  posse  dessas  informações,  a  asma,  patologia  da  paciente  do  início  do  nosso  e-book,  já  é 
capaz  de  alterar  o  sistema  respiratório  e  interferir  no  diafragma,  isso  já  nos  leva  a  entender 
as conexões com o travamento na coluna cervical e seus sintomas associados.  
 
Entretanto,  tem  mais  um  ponto a ser analisado, você agora precisa fechar o raciocínio clínico. 
Antes,  compreenda  o  nosso  último  ponto  para  poder  conseguir  integrar  as  possíveis  causas 
com as dores. 
Ponto 3 - "A caixa preta" 
A  composição  de  muitos  órgãos  vitais,  ossos,  fáscias  e  ligamentos  provoca  uma  tendência 
acomodativa enorme se o corpo receber qualquer agressão à fisiologia corporal.  
 
O  comprometimento  da  caixa  torácica  pode  ser  clinicamente  ativo  como  asma,  pneumonia, 
esofagites,  mas também podem ser estruturais como cicatrizes cirúrgicas. Esses são exemplos 
de  tensões  a serem analisadas no paciente, pois serão mecanicamente absorvidas pelo corpo, 
além das suas possíveis interferências por facilitação neurofisiológica aos níveis medulares. 
 
Aprofundando  ainda  mais,  sabe-se  que  as  pressões  positivas  intracavitárias  são  capazes  de 
manter  a  postura  corporal  dentro  de  uma  perspectiva  ortostática  equilibrada,  a  presença  de 
tensões  negativas  (retrações  teciduais/tensões)  altera  o  centro  de  gravidade  aumentando  o 
vetor  flexor  de  força  do  tronco  para  acomodar  as  tensões  locais  na  tentativa  de  diminuir  o 
sofrimento  local,  cronicamente,  essas  sobrecargas  podem  provocar  alterações 
musculoesqueléticas e dores à distância.  
 

 
 
Portanto,  esse  jogo  de  forças interfere no centro de gravidade e o equilíbrio corporal provoca 
uma  briga  dos  vetores  de  força  da  biomecânica.  As  influências  neurofisiológicas  tornam-se 
negativas  para  o  corpo,  sendo  imprescindível  a análise minuciosa das disfunções torácica em 
pacientes com dores cervical. 
Colhendo os resultados 

Como fica a paciente? 


 
Após  você  viajar  na  anatomia  e  fisiologia  corporal,  agora  sendo  capaz  de  entender  os  3 
pontos  essenciais  a  serem  avaliados  em  pacientes  com  dores  cervicais,  você  vai  "matar  a 
charada rapidinho do seu paciente"  
 
Sintomas  dolorosos,  travamentos  e  tensões  cervicais associadas com disfunções respiratórias 
são  capazes  de  alterar  esses  3  principais  pontos  estratégicos  (crânio,  estrutura  cervical  e 
caixa  torácica) para a harmonia da coluna cervical, por isso o comprometimento se tornou tão 
intenso  e  piora  quando  tenta  corrigir  localmente,  uma  vez  que  pode  intensificar  a 
instabilidade  e  necessitar  de  uma  contratura  ainda  mais  forte  para  conter  a  a  tentativa  de 
correção apenas na função musculoesquelética. 
 
A  partir  de  hoje,  você  não  pode  deixar  de  analisar  o  seu  paciente  sob  o  ponto  de  vista  mais 
globalizado,  é  essencial  para  encontrar  as  conexões  clínicas  e,  consequentemente,  tratar  a 
causa verdadeira das dores do paciente.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fique por dentro das aulas e vídeos do Dr. Randy Marcos  
 
 
Instagram - ​@dr.randymarcos 
Facebook - ​Dr. Randy Marcos 
YouTube - ​Dr. Randy Marcos 
Podcast: Avalia Que Trata / Randy Marcos * 
*disponível  em  todas  as  plataformas  de  música:  Spotify,  Deezer,  SoundCloud  e  Podcast 
(dispositivos Apple) 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
#avaliaquetrata 

Você também pode gostar