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COMO IDENTIFICAR BOAS EMPRESAS

Pagadoras de
Dividendos

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INTRODUÇÃO

Investir na Bolsa de Valores pode ser uma excelente oportunidade para as


pessoas alcançarem a tão sonhada liberdade financeira. No entanto, poucos
sabem ao certo quais são as formas de remuneração quando adquirem uma
determinada ação.

Pensando nisso, vou falar um pouco mais neste E-book sobre como avaliar o
negócio de uma empresa, não somente sob o ponto de vista financeiro e
econômico, mas também estratégico.

Desse modo, irei ensinar como avaliar um conjunto de boas práticas


empresariais que torna uma empresa capaz de gerar caixa suficiente para
manter o seu negócio competitivo, remunerando os acionistas de forma
sustentável.

COMO IDENTIFICAR BOAS EMPRESAS PAGADORAS DE DIVIDENDOS

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Entendendo um pouco mais sobre dividendos!
Muitos investidores, no
momento de comprar uma ação
não desejam obter ganho
somente com a compra e venda
das mesmas. Sendo assim, eles
procuram construir uma carteira
de investimento com o objetivo
de receber lucros e dividendos.

Contudo, para que você tenha


um entendimento consistente
sobre dividendos, primeiro é
preciso entender alguns
conhecimentos fundamentais
sobre finanças corporativas.
Existem duas formas básicas de
se ganhar dinheiro com ações, sendo elas:

Ganho de Capital - Onde você compra uma ação hoje por um determinado valor
e vende no futuro por um valor superior, obtendo um retorno financeiro sobre a
operação;

Distribuição de Lucros - Onde durante o período em que você é sócio da


empresa, recebe lucros proporcionais sobre o capital investido nela.

Todavia, quando falamos em distribuição de lucros, há duas formas da empresa remunerar


os seus acionistas. E elas são escolhidas simplesmente por uma decisão contábil, podendo
o lucro ser distribuído como forma de juros sobre o capital próprio ou dividendos.

No primeiro modo, a empresa remunera os seus acionistas como se o dinheiro aportado fosse
uma espécie empréstimo. Ou seja, sob este ponto de vista, o acionista é um credor. Sendo
assim, a empresa o remunera com o pagamento de juros sobre capital próprio.

A segunda forma, e também a mais conhecida, é a remuneração do acionista como um sócio


da empresa, remunerando ele com os lucros obtidos na operação do negócio, que são
distribuídos como dividendos. Mas afinal, qual a diferença para o investidor?

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Entendendo a diferença entre a remuneração por
juros sobre o capital próprio e dividendos!
A principal diferença entre a remuneração por juros ou dividendos, é que o investidor como
pessoa física pode pagar ou não imposto de renda sobre essa operação. E esse detalhe pode
fazer uma grande diferença na rentabilidade final do capital investido.

Quando o investidor, dessa maneira, recebe dividendos, ele está isento do pagamento de
imposto de renda sobre o lucro, pois nesse caso, a empresa já pagou esse imposto.

Já quando a remuneração ao acionista se dá através de juros sobre o capital próprio, ele


deve pagar o imposto de renda, pois a empresa não fez esse pagamento. Para entender um
pouco melhor, observe a tabela abaixo:

(+) Receita de Vendas

(-) Deduções e Impostos s/ vendas

(=) Receita Líquida

(-) Custo dos Produtos Vendidos / Custo das Mercadorias Vendidas / Custo dos Serviços Prestados

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas Operacionais

(=) Lucro Operacional

(- ) Receitas / Despesas Financeiras e Não Operacionais

(=) Lucro antes do IRPJ e CSLL

(-) IRPJ e CSLL

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(=) Lucro Líquido

Essa tabela representa uma das demonstrações financeiras de uma empresa. A


Demonstração de Resultados do Exercício, também conhecido como DRE.

Nesse demonstrativo após todos os recebimentos relativos às vendas, a empresa irá deduzir
o custo com os impostos sobre as vendas, obtendo em seguida a receita líquida.

Logo após, são deduzidos os custos dos produtos vendidos para as indústrias, o custo das
mercadorias vendidas para o comércio ou o custo dos serviços prestados para as empresas
prestadoras de serviços, que representam o gasto que a empresa teve com fornecedores
para compor o produto. Essa linha também é conhecida como custo da matéria prima.

Abatido esse custo, a empresa chega ao Lucro Bruto. Na sequência, ela lança as despesas
operacionais. Essas despesas correspondem a todos os gastos com vendas, administração
e gerais, também conhecidas como SG&A, sigla em inglês que aparece constantemente nos
relatórios das empresas.

Após essa dedução, chega-se ao lucro operacional, depois são deduzidas as despesas, ou
acrescidas as receitas, financeiras e não operacionais, chegando ao lucro antes do Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL).

Assim sendo, quando a empresa remunera os seus investidores como juros sobre o capital
próprio, ela lança tal remuneração como despesas financeiras. É possível notar que nesse
caso não houve o pagamento do imposto de renda pela empresa sobre essa remuneração
paga ao acionista.

Dessa maneira, a empresa ganha um certo benefício fiscal ao remunerar o acionista desta
forma. E, caberá ao acionista, o pagamento do imposto de renda sobre essa remuneração
recebida como juros sobre o capital próprio.

Já, quando a empresa distribui os recursos como dividendos, o valor sai da última linha do
DRE, o Lucro Líquido. Ou seja, nesse caso a empresa já fez o recolhimento do Imposto de
Renda, isentando assim o acionista do pagamento.

Entretanto, é importante entender que não é porque uma empresa distribui juros ao invés de
dividendos, que ela não seja uma boa empresa para se investir. E o mesmo vale para a
situação contrária. Não é porque uma empresa distribui dividendos ao invés de juros que ela
seja uma boa empresa para se investir.

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Por que algumas empresas boas não distribuem
dividendos?
Nem sempre o fato de uma empresa não distribuir dividendos faz dela uma empresa ruim.
Muito pelo contrário, isso pode ser uma estratégia de crescimento da empresa.

Essa estratégia está geralmente definida no Estatuto Social da empresa ou no acordo feito
com os acionistas.

Neste exemplo, a empresa não distribui dividendos, porque ela parte do pressuposto que o
seu negócio tem potencial de crescer numa taxa tão elevada, que para o acionista é melhor
que os lucros sejam todos reinvestidos na empresa, para aproveitar essa oportunidade.

Pois, a rentabilidade potencial desses novos projetos é superior ao custo de oportunidade no


mercado de capitais. Ou seja, dificilmente o acionista conseguirá reinvestir esse lucro à taxas
melhores.

Podemos então concluir, que diante da análise acima, uma empresa com alto potencial de
crescimento, mesmo não distribuindo dividendos, pode ser uma excelente oportunidade de
investimento.

Já, por outro lado, usando um exemplo extremo, uma empresa que distribui bons dividendos,
são aquelas que não tem necessidade do chamado capital intensivo. Ou seja, por algum
motivo elas não têm mais um alto potencial de crescimento.

Isso acontece, ou porque o setor no qual estão inseridas já atingiu a maturidade e não cresce
mais, ou por qualquer outra limitação técnica ou estratégica. Um bom exemplo disso são as
companhias do setor elétrico.

Normalmente essas empresas são limitadas pelas concessões geográficas, não tendo assim
para onde crescer. E se a infraestrutura dessa determinada empresa já estiver toda pronta,
sua necessidade de capital será apenas para a manutenção.

Logo, como ela gera um fluxo de caixa estável, e não precisa reter tanto lucro para
reinvestimentos, sobra mais dinheiro para distribuir aos seus acionistas.

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Como construir uma carteira com objetivo de
ganhar com dividendos?
Escolher uma ação com o
objetivo de ganhar com
dividendos pode não ser tão
simples como os dois exemplos
extremos que acabei de citar
neste E-book.

Afinal, pode acontecer de uma


empresa com alto potencial de
crescimento no futuro não
crescer à essa taxa imaginada.
Nesse caso, o investidor não terá o retorno esperado dos dividendos, que por regra não
existiam.

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Dessa maneira, como o crescimento real não foi o esperado, não compensou ao investidor
ter aberto mão da distribuição de lucros, deixando-os dentro da empresa para o
reinvestimento na mesma. Pois havia, nesse exemplo, melhores oportunidades no mercado.

Por outro lado também, ao escolher uma empresa que distribui bons dividendos, pode ser
que no futuro ela não dê o lucro esperado pelo investidor. E por ter aberto mão do retorno
sobre ganho de capital, ele acabará perdendo dinheiro no momento da venda da ação.

Nesse sentido, é essencial analisar os fundamentos de cada empresa com um pouco mais
de profundidade antes de começar a construir uma carteira com o objetivo de ganhar dinheiro
com a distribuição de dividendos ou com o ganho de capital.

Todavia, como a maioria dos investidores não têm tempo, nem acesso à informações
suficientes, é preciso ter pelo menos, conhecimento para analisar de forma crítica os
relatórios que já foram produzidos pelos analistas de mercado.

Entendendo alguns conceitos de investimentos!


Um dos conceitos básicos que o investidor precisa entender, é que a empresa na qual ele
pretende investir, precisa gerar retornos futuros que ajustados pelo risco, sejam maiores que
o seu valor patrimonial.

Em outras palavras, a companhia precisa gerar resultados financeiros que trazidos ao valor
presente, sejam superiores ao valor patrimonial da organização. Para entender um pouco
melhor essa questão, observe essa imagem abaixo:

PASSIVO
RECEITAS ATIVOS Fonte de
Recursos
Aplicação
dos PATRIMÔN
Recursos IO
DESPESAS LÍQUIDO

Essa é uma imagem do Balanço Patrimonial de uma empresa, visto sob o ponto de vista de
finanças, e não sob o ponto de vista contábil.

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O Patrimônio Líquido nesse desenho, representa o capital próprio da empresa, ou seja, o
capital dos acionistas que está investido na mesma. Já o Passivo, representa o capital de
terceiros composto por credores, fornecedores, funcionários, entre outros.

Sob o ponto de vista das finanças empresariais podemos enxergar esse lado direito do
balanço como fonte de recursos. Do lado esquerdo são os ativos da empresa. Ou seja, ela
capta os recursos tanto dos acionistas quanto de terceiros para comprar esses ativos
necessários para o funcionamento do negócio.

Nessa operação, a empresa consegue ter receitas através de vendas, que se bem
administradas, são capazes de cobrir suas despesas e gerar lucro.

Esse lucro será primeiramente usado para remunerar os credores, representados pelo capital
de terceiros no balanço. Somente após esse pagamento é que a empresa irá decidir sobre a
remuneração dos seus acionistas.

Observando mais atentamente a figura, para a empresa continuar crescendo, ou no mínimo


se mantendo competitiva, ela precisará reter uma parte desse lucro para reinvestir em seus
ativos.

Sendo assim, a distribuição de dividendos dependerá do volume de recursos necessários


para atender essa estratégia da empresa. Como se pode observar, avaliar o ganho de capital
ou a distribuição de dividendos não é algo tão simples quanto parece.

Novamente, pegando um exemplo extremo, vamos imaginar uma companhia que distribua
bastante dividendos, mas não está retendo recursos suficientes para se manter competitiva
no mercado que atua. Certamente, essa empresa terá problemas no futuro, e isso poderá
acarretar em uma grande desvalorização de suas ações.

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Já, por outro lado, vamos imaginar uma organização que está retendo 100% dos lucros para
reinvestir no negócio, todavia esse volume não é suficiente para sustentar o crescimento da
empresa na taxa esperada. Nesse exemplo, a empresa também acabará enfrentando
problemas futuros.

É importante ler os relatórios de mercado!


Somente uma avaliação mais criteriosa, e com o conhecimento não só de economia e
finanças, mas também no mercado que a empresa está operando, pode fazer o investidor
minimizar os riscos do investimento. Para isso são necessários conhecimentos sobre
estratégia competitiva, planejamento estratégico, marketing e outras análises.

Ler o relatório das empresas que são disponibilizados pelos analistas de mercado é
imprescindível, pois todos são muito bem elaborados e fundamentados, trazendo
informações valiosas para o investidor.

Esses relatórios trazem alguns indicadores econômicos e financeiros como o EBITDA, que é
a sigla em inglês para Lucro antes dos Impostos, Juros, Depreciação e Amortização. Esse
indicador mostra a eficiência operacional, margem líquida e a geração de caixa da empresa,
podendo ele sinalizar se determinada companhia está indo bem ou não.

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No entanto, se você quer ser um investidor de sucesso deve ir mais além. Deve avaliar
também a estratégia empresarial. Para entender um pouco melhor sobre planejamento
estratégico separei abaixo uma figura que irá ajudar.

Essa figura faz parte do modelo das cinco forças criado por Michael Porter, autor dos livros:
Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva. Porter é até hoje considerado o papa da
estratégia empresarial.

O MODELO DAS 5

Ameaça de ENTRANTES
novos

C
F
O
O
Poder de M
R
Negociaçã P Poder de
o dos N Negociaçã
Fornecedo RIVALIDAD R o dos
E
E ENTRE A Comprado
C
AS D
E
EMPRESA O
D
R
O
E

PRODUTOS Ameaça de
produtos

Nessa análise, podemos dizer que qualquer empresa está exposta à essas cinco forças de
mercado.

Uma das ameaças citadas pelo autor são os entrantes potenciais no mercado. Também
podemos ver no modelo a ameaça de produtos substitutos que podem surgir a todo momento
em um determinado ramo de negócio.

Nas laterais observamos o poder de negociação da empresa junto aos compradores e


fornecedores. Isso é um fator determinante em relação à margem da empresa. Pois, quanto
maior for o poder de negociação de compradores e fornecedores, mais dificuldade a empresa
terá em aumentar a sua margem de lucro.

E, no meio de tudo isso, está o mercado onde a empresa atua. Ou seja, onde já estão os
concorrentes estabelecidos, e o nível de competitividade das empresas que concorrem entre
si.

Assim sendo, a intensidade com que essas cinco forças agem sobre as empresas de um
setor, vai determinar a rentabilidade delas.

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Imagine um setor muito concorrido, onde essas 5 forças estão presentes em uma intensidade
muito elevada. Ou seja, tem sempre novas empresas querendo entrar e novos produtos
sendo inventados a todo momento para substituir os produtos existentes.

Nesse caso, por ser um mercado muito concorrido os fornecedores bem como os
compradores possuem um poder de negociação maior do que a empresa. Nesse cenário
apresentado, as empresas podem adotar estratégias para se tornar mais competitivas e
rentáveis, contudo isso nem sempre é fácil e possível.

Por isso, o investidor que souber avaliar essas cinco forças antes de investir, está um passo
à frente, conseguindo assim, obter bons retornos financeiros. Afinal, setores onde essas cinco
forças agem de forma menos intensa são mais vantajosos para realizar investimentos.

Construindo enfim, uma boa carteira de


investimentos!
Como pudemos observar ao
longo deste E-book, para se
tornar um investidor de sucesso,
e obter os melhores resultados
com dividendos é preciso
bastante empenho e dedicação.

Para isso, é importante procurar


cada vez mais melhorar a leitura
de relatórios, e ampliar a
pesquisa setorial, bem como a
profundidade das suas análises.
Existem, no entanto, setores que
mudam a todo momento,
principalmente no ramo da
tecnologia.

Esses setores se tornam um pouco mais imprevisíveis, e para conseguir avaliar mais
profundamente eles, é preciso realmente suar a camisa. E isso consiste muitas vezes em
estudar a empresa, os seus concorrentes, estar por dentro de toda inovação tecnológica,
entre outros.

Quanto mais informações forem colhidas, melhor será a análise, e a construção da carteira
de investimentos será mais precisa. Sendo assim, vimos que avaliar simplesmente uma
empresa pela distribuição de dividendos pode ser um grande equívoco.

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Entendendo esses conceitos aqui apresentados, é possível construir uma boa carteira para
se obter ganhos com crescimento e dividendos, desde que, essa carteira seja construída com
bastante prudência, análise, e sobretudo, profundidade.

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