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Pagadoras de
Dividendos
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INTRODUÇÃO
Pensando nisso, vou falar um pouco mais neste E-book sobre como avaliar o
negócio de uma empresa, não somente sob o ponto de vista financeiro e
econômico, mas também estratégico.
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Entendendo um pouco mais sobre dividendos!
Muitos investidores, no
momento de comprar uma ação
não desejam obter ganho
somente com a compra e venda
das mesmas. Sendo assim, eles
procuram construir uma carteira
de investimento com o objetivo
de receber lucros e dividendos.
Ganho de Capital - Onde você compra uma ação hoje por um determinado valor
e vende no futuro por um valor superior, obtendo um retorno financeiro sobre a
operação;
No primeiro modo, a empresa remunera os seus acionistas como se o dinheiro aportado fosse
uma espécie empréstimo. Ou seja, sob este ponto de vista, o acionista é um credor. Sendo
assim, a empresa o remunera com o pagamento de juros sobre capital próprio.
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Entendendo a diferença entre a remuneração por
juros sobre o capital próprio e dividendos!
A principal diferença entre a remuneração por juros ou dividendos, é que o investidor como
pessoa física pode pagar ou não imposto de renda sobre essa operação. E esse detalhe pode
fazer uma grande diferença na rentabilidade final do capital investido.
Quando o investidor, dessa maneira, recebe dividendos, ele está isento do pagamento de
imposto de renda sobre o lucro, pois nesse caso, a empresa já pagou esse imposto.
(-) Custo dos Produtos Vendidos / Custo das Mercadorias Vendidas / Custo dos Serviços Prestados
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(=) Lucro Líquido
Nesse demonstrativo após todos os recebimentos relativos às vendas, a empresa irá deduzir
o custo com os impostos sobre as vendas, obtendo em seguida a receita líquida.
Logo após, são deduzidos os custos dos produtos vendidos para as indústrias, o custo das
mercadorias vendidas para o comércio ou o custo dos serviços prestados para as empresas
prestadoras de serviços, que representam o gasto que a empresa teve com fornecedores
para compor o produto. Essa linha também é conhecida como custo da matéria prima.
Abatido esse custo, a empresa chega ao Lucro Bruto. Na sequência, ela lança as despesas
operacionais. Essas despesas correspondem a todos os gastos com vendas, administração
e gerais, também conhecidas como SG&A, sigla em inglês que aparece constantemente nos
relatórios das empresas.
Após essa dedução, chega-se ao lucro operacional, depois são deduzidas as despesas, ou
acrescidas as receitas, financeiras e não operacionais, chegando ao lucro antes do Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL).
Assim sendo, quando a empresa remunera os seus investidores como juros sobre o capital
próprio, ela lança tal remuneração como despesas financeiras. É possível notar que nesse
caso não houve o pagamento do imposto de renda pela empresa sobre essa remuneração
paga ao acionista.
Dessa maneira, a empresa ganha um certo benefício fiscal ao remunerar o acionista desta
forma. E, caberá ao acionista, o pagamento do imposto de renda sobre essa remuneração
recebida como juros sobre o capital próprio.
Já, quando a empresa distribui os recursos como dividendos, o valor sai da última linha do
DRE, o Lucro Líquido. Ou seja, nesse caso a empresa já fez o recolhimento do Imposto de
Renda, isentando assim o acionista do pagamento.
Entretanto, é importante entender que não é porque uma empresa distribui juros ao invés de
dividendos, que ela não seja uma boa empresa para se investir. E o mesmo vale para a
situação contrária. Não é porque uma empresa distribui dividendos ao invés de juros que ela
seja uma boa empresa para se investir.
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Por que algumas empresas boas não distribuem
dividendos?
Nem sempre o fato de uma empresa não distribuir dividendos faz dela uma empresa ruim.
Muito pelo contrário, isso pode ser uma estratégia de crescimento da empresa.
Essa estratégia está geralmente definida no Estatuto Social da empresa ou no acordo feito
com os acionistas.
Neste exemplo, a empresa não distribui dividendos, porque ela parte do pressuposto que o
seu negócio tem potencial de crescer numa taxa tão elevada, que para o acionista é melhor
que os lucros sejam todos reinvestidos na empresa, para aproveitar essa oportunidade.
Podemos então concluir, que diante da análise acima, uma empresa com alto potencial de
crescimento, mesmo não distribuindo dividendos, pode ser uma excelente oportunidade de
investimento.
Já, por outro lado, usando um exemplo extremo, uma empresa que distribui bons dividendos,
são aquelas que não tem necessidade do chamado capital intensivo. Ou seja, por algum
motivo elas não têm mais um alto potencial de crescimento.
Isso acontece, ou porque o setor no qual estão inseridas já atingiu a maturidade e não cresce
mais, ou por qualquer outra limitação técnica ou estratégica. Um bom exemplo disso são as
companhias do setor elétrico.
Normalmente essas empresas são limitadas pelas concessões geográficas, não tendo assim
para onde crescer. E se a infraestrutura dessa determinada empresa já estiver toda pronta,
sua necessidade de capital será apenas para a manutenção.
Logo, como ela gera um fluxo de caixa estável, e não precisa reter tanto lucro para
reinvestimentos, sobra mais dinheiro para distribuir aos seus acionistas.
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Como construir uma carteira com objetivo de
ganhar com dividendos?
Escolher uma ação com o
objetivo de ganhar com
dividendos pode não ser tão
simples como os dois exemplos
extremos que acabei de citar
neste E-book.
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Dessa maneira, como o crescimento real não foi o esperado, não compensou ao investidor
ter aberto mão da distribuição de lucros, deixando-os dentro da empresa para o
reinvestimento na mesma. Pois havia, nesse exemplo, melhores oportunidades no mercado.
Por outro lado também, ao escolher uma empresa que distribui bons dividendos, pode ser
que no futuro ela não dê o lucro esperado pelo investidor. E por ter aberto mão do retorno
sobre ganho de capital, ele acabará perdendo dinheiro no momento da venda da ação.
Nesse sentido, é essencial analisar os fundamentos de cada empresa com um pouco mais
de profundidade antes de começar a construir uma carteira com o objetivo de ganhar dinheiro
com a distribuição de dividendos ou com o ganho de capital.
Todavia, como a maioria dos investidores não têm tempo, nem acesso à informações
suficientes, é preciso ter pelo menos, conhecimento para analisar de forma crítica os
relatórios que já foram produzidos pelos analistas de mercado.
Em outras palavras, a companhia precisa gerar resultados financeiros que trazidos ao valor
presente, sejam superiores ao valor patrimonial da organização. Para entender um pouco
melhor essa questão, observe essa imagem abaixo:
PASSIVO
RECEITAS ATIVOS Fonte de
Recursos
Aplicação
dos PATRIMÔN
Recursos IO
DESPESAS LÍQUIDO
Essa é uma imagem do Balanço Patrimonial de uma empresa, visto sob o ponto de vista de
finanças, e não sob o ponto de vista contábil.
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O Patrimônio Líquido nesse desenho, representa o capital próprio da empresa, ou seja, o
capital dos acionistas que está investido na mesma. Já o Passivo, representa o capital de
terceiros composto por credores, fornecedores, funcionários, entre outros.
Sob o ponto de vista das finanças empresariais podemos enxergar esse lado direito do
balanço como fonte de recursos. Do lado esquerdo são os ativos da empresa. Ou seja, ela
capta os recursos tanto dos acionistas quanto de terceiros para comprar esses ativos
necessários para o funcionamento do negócio.
Nessa operação, a empresa consegue ter receitas através de vendas, que se bem
administradas, são capazes de cobrir suas despesas e gerar lucro.
Esse lucro será primeiramente usado para remunerar os credores, representados pelo capital
de terceiros no balanço. Somente após esse pagamento é que a empresa irá decidir sobre a
remuneração dos seus acionistas.
Novamente, pegando um exemplo extremo, vamos imaginar uma companhia que distribua
bastante dividendos, mas não está retendo recursos suficientes para se manter competitiva
no mercado que atua. Certamente, essa empresa terá problemas no futuro, e isso poderá
acarretar em uma grande desvalorização de suas ações.
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Já, por outro lado, vamos imaginar uma organização que está retendo 100% dos lucros para
reinvestir no negócio, todavia esse volume não é suficiente para sustentar o crescimento da
empresa na taxa esperada. Nesse exemplo, a empresa também acabará enfrentando
problemas futuros.
Ler o relatório das empresas que são disponibilizados pelos analistas de mercado é
imprescindível, pois todos são muito bem elaborados e fundamentados, trazendo
informações valiosas para o investidor.
Esses relatórios trazem alguns indicadores econômicos e financeiros como o EBITDA, que é
a sigla em inglês para Lucro antes dos Impostos, Juros, Depreciação e Amortização. Esse
indicador mostra a eficiência operacional, margem líquida e a geração de caixa da empresa,
podendo ele sinalizar se determinada companhia está indo bem ou não.
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No entanto, se você quer ser um investidor de sucesso deve ir mais além. Deve avaliar
também a estratégia empresarial. Para entender um pouco melhor sobre planejamento
estratégico separei abaixo uma figura que irá ajudar.
Essa figura faz parte do modelo das cinco forças criado por Michael Porter, autor dos livros:
Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva. Porter é até hoje considerado o papa da
estratégia empresarial.
O MODELO DAS 5
Ameaça de ENTRANTES
novos
C
F
O
O
Poder de M
R
Negociaçã P Poder de
o dos N Negociaçã
Fornecedo RIVALIDAD R o dos
E
E ENTRE A Comprado
C
AS D
E
EMPRESA O
D
R
O
E
PRODUTOS Ameaça de
produtos
Nessa análise, podemos dizer que qualquer empresa está exposta à essas cinco forças de
mercado.
Uma das ameaças citadas pelo autor são os entrantes potenciais no mercado. Também
podemos ver no modelo a ameaça de produtos substitutos que podem surgir a todo momento
em um determinado ramo de negócio.
E, no meio de tudo isso, está o mercado onde a empresa atua. Ou seja, onde já estão os
concorrentes estabelecidos, e o nível de competitividade das empresas que concorrem entre
si.
Assim sendo, a intensidade com que essas cinco forças agem sobre as empresas de um
setor, vai determinar a rentabilidade delas.
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Imagine um setor muito concorrido, onde essas 5 forças estão presentes em uma intensidade
muito elevada. Ou seja, tem sempre novas empresas querendo entrar e novos produtos
sendo inventados a todo momento para substituir os produtos existentes.
Nesse caso, por ser um mercado muito concorrido os fornecedores bem como os
compradores possuem um poder de negociação maior do que a empresa. Nesse cenário
apresentado, as empresas podem adotar estratégias para se tornar mais competitivas e
rentáveis, contudo isso nem sempre é fácil e possível.
Por isso, o investidor que souber avaliar essas cinco forças antes de investir, está um passo
à frente, conseguindo assim, obter bons retornos financeiros. Afinal, setores onde essas cinco
forças agem de forma menos intensa são mais vantajosos para realizar investimentos.
Esses setores se tornam um pouco mais imprevisíveis, e para conseguir avaliar mais
profundamente eles, é preciso realmente suar a camisa. E isso consiste muitas vezes em
estudar a empresa, os seus concorrentes, estar por dentro de toda inovação tecnológica,
entre outros.
Quanto mais informações forem colhidas, melhor será a análise, e a construção da carteira
de investimentos será mais precisa. Sendo assim, vimos que avaliar simplesmente uma
empresa pela distribuição de dividendos pode ser um grande equívoco.
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Entendendo esses conceitos aqui apresentados, é possível construir uma boa carteira para
se obter ganhos com crescimento e dividendos, desde que, essa carteira seja construída com
bastante prudência, análise, e sobretudo, profundidade.
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adiante e ajude outros investidores a obterem sucesso na bolsa de valores.
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