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q | 4 A I Es SATE: | | Sete GG arrativa ees eererne Eocene Coen ihren fontaine Cee (eemmeerory ere iP anise eerie ened Pa ere Peeters Aner) menor PT ieee [ones eer bara’ Pe Cem otc) Cee en ce od Se ee keene ee Pee ‘Na fotografia, o propésito de usar essas técnicas narrativas, dar sentido, coeréncia e, quando apropriado, um senso eae ee ee ao) visual. Neste capitulo vamos explorar o significado da ‘técnica narrativa em imagens individuais e miltiplas. a ees © que é narrativa? NNarrativas so usadas em muitos campos do conhecimento em que oferecer ao ppdblico ura linha condutora ou um conceito a ser daminado pode ser dtlna andlise ou tuansmisso de informagdo em um contexto espeetico; por exemplo, compatnar cexperiéncias para ampliar 0 conhecimento ‘ou instigar mudancas, Em termos simples, uma narrativa geralmente consiste de inicio, meio e fim. No entanto, uma narratva fotogréfica pode nao seguir ecessariamente essa estrutura; por exemplo, pode simplesmente dar a entender o que ‘aconteceu ou sugetro que pode vira acontecer. Uma narrativa fotogrica pode ser uma interpretagao ficticia de uma determinada pessoa, lugar, evento ou momento. Como CClvis Kilip escreve no pretécio de suas fotos publicadas no livio In Flagrante (Em flagrante] (1988): “Essas folos podem dizer mais sobre mim do que sobre o que elas desctever. 0 lio 6 uma fiegdo sobre uma metafora Especialmente na comunicagao visual, uma narrativa néo precisa seguir um sentido linear Pde ser cca, ou estar contida er uma tinica Imagem, ou fazer refaréncias cruzadas que, ‘quando reunidas, substanciam 0 entendimento (U interpretacéo que o espectador faz das, Intengdes do fotégrafo. Narrativa linear A sétie de fotos Full Circle [Circulo completo}, de Susan Derges, por exemplo, mostra © que 6 narrativa? A simbiose de procassos ¢ ideias DDerges costuma usa fologramas e outos ‘métodos para praduzirimagens sem edmera, COthando para as imagens, 0 espectador pode ccomegara ler entender "do que elas so devido & continuidade visual identiicada a cor, no tamanno co tema e no Angulo de perspectiva. De modo geral, uma vez que as imagens mantém ese nivel de continuidade, 1 espectador pode alhar 0 todo e ver que hi cera progressdo de uma imagem para uta. ApSs uma inspego mals minuciosa dos detalhes, o espectador pode, entéo, identiicar “do que &* que as impresses ‘io, o modo como otema se desenvolve e attiscar uma interpetago, Falando da relagao entre ideias e processo, Derges diz “Relulo om pensar em mim como fotSgrafa porque muito de meu trabalho com a luz n aver com deserhar com luz ¢ lidar de ‘mane'ra bastante ttlcom paps e teturas e iferentes tipos de ervulsbes, Considerar-me ‘ravurista implicaria fer uma base artesanal mult forte, e no me sinta complatamonte {i vontade com isso também, Cerlamente me vejo como uma atlice e me sinto & vontade com a ideia de minha identidade vista principalmente como a de uma tiadora, uma fazedera, Meu trabalho ce minhas ideias semore vérn do ato de fazer e se desonvolver a partir desse fazer, nunca ap conti.” 100-101 Como nos capitulos anteriores, vemos mais tuma vez o attista mencionando seu método de produgdo como um ingrediente essencial para transmit sua intengo, Podemos imaginar, em relacao a Full Ccie, de Derges, a fazedora’, como ela se descreve, ‘envolvendo-se com seu tema durante © periodo de tempo em que fez as imagens, fenquanto a metamorfose ecorra, Essa metamorfose leva 0 projeto adiante, com ‘um tema em constante crescimento e evolugio,e se presta a produgdo de uma série de imagens narrativas Esse 6 apenas um exemplo de como téenicas narralivas podem ser usadas, Outros métodos de produgéo e formas de apresentagio serio ‘abordados nas préximas segées. Tilo: da série Full Cte [eeulo completo} Ful Circe especticamenta can ‘ele natin dove com 3 fog ene as ora gens €185 < ntoduao co captule | © que &narative? Siu cojuno de tos Série ou conjunto de fotos Uma série ou conjunto de fotos pode funcionar ‘como uma naratv, sendo que o método de produgao e a forma de apresentago podem sugesi a0 piblico indicios visuals sutis que Série ou conjunto de fotos ‘Annatrativa sequencial Em Trashumantes (Transumantes}, José Navarro documentou uma jornada de tés semanas realizada num més de novembro, quando um rebanno de 5 mil ovelhas alravessou cerca de 450 quilémetros de campos espanhis, guiado por pastores sseminémades, Ele viu 0 rebanho deixar 1s pastagens de verao, jd exauridas, de sua nativa Serrania de Albarracin,rumo ‘as encostas verdes, usadas no inverno, na Andaluzia, Seguindo uma tradigéo que emonta a mil anos, eles percorreram ‘ pé as antigas tlhas dos ropeitos, uma alternativa barat eficiente e ecol6gica a0 transporte rodovitio. As fotos transmitem a grandeza da jomada & ‘medida que o publica acompanna 0 rebanho 20 longo dos campos @ das cidades. Esse é ‘um exemplo de narrativa sequencial, em que ritmo fluxo natural so dtados pelo proprio ‘acontecimento, Una vez que para a maioria do plblico os detalnes e pontos altos da rota ‘eam desconhecidos, a ordem das fotos pode softer alteracdo para produzir uma sequéncia visual mais fuida. A continuidade ¢ reforgada ppelo uso do mesmo formato de camera @ ‘mesma qualidade tonal de preto e branco. Pontos a ser considerados em relagaio as técnicas narrativas: Quanto controle voc® tem sobre a ordem fem que as imagens seréo vistas? + O publico veré todas as fotos de uma vez? + O pablico seguirt uma sequéncia identiticada? + Algumas folos terdo mais destaque ‘que outras? + Voc precisa de uma imagem de abertura ‘ou que resuma sua intencao? Tilo: da sro Trashumates TTransumantee) Nava compantou os sors rorsumries (erie) fms jac azo de 450 ‘ulm rds da Eagan nso da camaradopem ve Mi ete ‘ese ester como stad fm nan soiodade een ‘rosa, mas ua alti Scenomiae ecaageamee vival Aalvad et ncocavmene za er ura modora 104-105 fotos A imagem individual Série ou conjunto de fotos Pontuagéo visual \Vimos varias técnicas narrativas especticas Por meio de um conjunto ou série de imagens. Outro ponto a considerar, que abordamos ‘em um capitulo anterior quando observamos a apresentago, 6a relevancia do tamannio edo formato das imagens. Se vocé estiver ‘produzindo um conjunto sequencial de Imagens, pode ser possivel conseguir Certo andamento usando um tamanho ‘ou um formato particular de imagem em ‘um ponto-chave da sequéncia, seja como tema recorrente ou tnico. Esse 6 0 tipo de técnica que poderia ser descito. ‘como uma forma de pontuagao visual, utra técnica é a produgo de tripticos e similares, imagens que funciona como ppequenos conjuntos dentto de um corpo ‘maior. A justapasigao de imagens diferentes também pode ajudar a apresentar um argumento ou levantar uma questao; um exemplo ébvio é a tensio entre postive e negativo; outlo, éo contraste enite exterior e interior. Tamibém vale @ pena questionar 0 olno dda cdmera em relagao & narrativa. Seria ‘a.cdmera uma quarta parade, o olho do ‘espectador, ou 0 “olho" do objeto, camo nas imagens de JUrgen Perthold fetas com ‘acimera do gato (ver pagina 85)? Voce ppode querer estender essa questo e pensar ‘em outras perspectivas que 0 olho da cémera poderia representar. Também pode seri ‘observa outras formas de comunicagdo visu e refletirem como esse uso da perspectiva aun no timo e na inerpretacdo das imagens, ‘Abordaremos a relevlnca de signos, simbolos € texto em capitulos posterices, mas vale a pena reconhecer aqui sua rlevancia na Constiuglo e elaboragao de uma narativa visual “Estou interessada no espago psicolégico entre o sono e a consciéncia, e em ‘Tad ec Coen como a mudanga que ocorre dentro ‘bite Bes, de Bub fetproduzea usando a desse espago é registrada pelos lengdis, males. de nea 20 tng dun Por meio das fotografias, capturo a tensdo— bw de qunquer cbmera que a de vulnerabllidade entre a experiéncia pacer as privada do sono e 0 espago piiblico Sir arcsec do hotel ‘Barbara Taylor, flégrataestadunizense 106-107 (que énavatva | Sére ou conjuto de fotos anemia ‘A imagem individual Tilo: Mithreacha agus Infonse tos ies] Fora: Laura Mokataa Endo, 0 que 6 exatanente a narrativa dentro de uma imagem individual e como 0 fot6grafo faz para transmitla ou ila? A narrativa pade ser tragada por todos os componentes {da imagem, pela tensio e dinémica dos ‘components @ entre os componentes. Pode 0 que a fotografia ransmita 0 tubilhdo © a confuso de um momento, oua serenidade 8 calma; Soja 0 que for que a foto transmita, ‘a natrativa ser tragada a partir de como 08 ‘componentes bésices aparecem no momento de folografar. As questées levantadas pelo modo como 08 componentes da fotografia ‘aparecem talve? fiquem no ambito de: isso 6 uma foto de qué? 0 que esté acontecendo? (Qual televdncia doespaco vazioicéu escuro! ‘cor do tapete? Pode até soar muito simples, mas decompor os varios elementos pode sjudar 0 fotdgrafo a refletr sobre o que ele esl mostrando ao paibico, como e por qué 108-109 Criando significado No capitulo 1, abordamos o trabalho teatralmente construido de Gregory Crewason (ver pagina 17). Ao constnurteralmente suas imagens, ele claramente esta refletindo sobre ‘© que mostrar ao pablico, como ele mostra € até certo ponto, por que ele 0 faz. Talvez ele também tenha tido a oportunidade de Itabalhar e tesponder ao input de suas alizes. Nesse lipo de circunstancia & possivel responder aos subsidios dos préprios temas vivos, Por exemplo,o sujeltofotografado pode lexpressar uma emogio de uma maneira ue agtegue algo inesperado, mas valioso, a imagem. © ponto em questéo é que ¢ importante estar alera e seguro da propria intengo ao realizar qualquer projto fotogratico.E fundamental estar ciente dos dispositvos narrativos © suas implicagées, mas ao mesmo tempo estar aberto a elementos inesperados que possam contibuir para a foto. Em itima andlise, o objetivo da técnica narrativa é proporcionar sentido coeso, ou ancordtos, em favor da imagem ¢ de seu pbc. Seemann Nao ha nada inerente a qualquer meio de expresséio creens stoma ino qu? garanta seu valor como arte. A relacao entre fato e simbolo, expresso e ideia, pela qual detectamos a presenga da arte em um objeto, nao é dom de algum meio em particular, mas 0 resultado de um embate do artista com o mundo real segundo certos principios. Mike Weaver, “The Plture as Photograph [A imagem come fotografi, ‘em The Ar of Photography (Aare ds fotografia) «Sie 6 count de fotos A mager Individual Esto do caso ‘A limagem individual Extraindo imagens individuals de obras ‘Algumas imagens individuais muito conhecidas foram originalmente produzidas como elemento {de um ensaio fotogrético ou como parte de uma obra maior. Henri Cartier Bresson, por ‘exemplo, & mais conhecido hoje por suas imagens individuals. No entanto, escrevendo para ojornal The Independent, em 1888, Colin Jacobson nos lembra da experiéncia de Bresson como fotojomalista: “Vinte ¢ cinco ‘anos depois que Cartier-Bresson parou de fotografar, parece haver um movimento na citca contempordnea de fotografia reivindicando sua obra fologetica para ‘o mundo da arte e negando que ele um dia tenha sido fotojomaiisa. Cartir-Bresson 6 parcialmente responsvel por isso ‘Ao extrair imagens individuals do contexto das reportagens a que pertenciam para reapresenti-ias em exposigdes e lv, fle se permit tomnar-se mais conhecido ‘como fotigrafo que produzia imagens inividuais" Jacobson descreve a cobertura que Cartier Bresson fez do funeral de Mahatma Gandhi "Ha exemplo mals clssico de fotoomalismo profissional do que a cobertura de Carter Bresson do funeral de Gandhi, na inia, fem 1948? Cartier-Bresson trabalhou em 50 eventos diferentes nos tiés das de lut, clsparando 30 rolos de flme, capturando todos os angulos possiveis: ‘arte como produto derivado do fotojornalismo © académico estadunidense Claude Cookman, da Universidade de Inciana, ‘entrevistou Carter-Bresson, em 1998, para a edigao de primavera da revista, History of Photography [Historia da fotografia] e descreveu da seguinte maneira suas fotos do funeral de Gandhi “Multas de suas fotos individuais podem {uncionar como arte, mas ele nao fotografou © funeral de Gandhi pensando em estética, Fotdgrafos de arte no se acotovelam numa ‘muitiddo de urn milhdo e meio de pessoas. les ndo exibem a frga e o vigor demonstrados or Cartior Bresson quando ele teve de disputar umm lugar na cabeceira da pir funeravia de Gandhi" Essas imagens indivduais extraidas de trabalhos malores podem muilas vezes transmit a esséncia absoluta da intengdo por rds da imagem, ao capturar os aspectos fundamentais do instante, da pessoa, do acontecimento ou daideia. A medida que um foldarafo merguiha mais fundo no processo, le passa a assimilar e a representar sua ‘experiéncia tridimensional por meio da lente dda camera, ¢ ele faz isso de uma maneira {que combina o uso da linguager visual com sua reago pessoal Aquela experiéncia © seu entenciment, Esse processo incllinteragir com o ambiente sem descuidar da propria intenco ftogratica, linguagem visual e decisdes técnicas. Como ‘Don MeCulin observa: "Mesmo em fotografia, de guerra, eu me vio de costas para fazer a leitura da exposigdo. Que sentido tera sua morte se voc tiver cometido um erro de exposigio?” 0-11 ‘Cremation of Ganon the Banks ‘ofthe Summa River Ina st ‘848 A cremacto de Gandhi ‘as mergone do ro Summa Fotégafe: Hn Cartier Bresson Come no caso deta oa, etaise ‘reson usc pax toga funeral 4 Ganaha rg de uraiager Irae pode deat do estes erwowiment deo dante Sti oy conuno do fos A imagem individual Esuto de caso ‘A imagem individual Dedicacao absoluta ‘A imersdo total no processo permite que © fotégrafo estejaaltamente sintonizado ‘com 08 aspectos fundamentais da foto Em tragies de segundo, ele pode perceber ‘como a dindmica de um instante pade ser ‘condensada em uma fotografia que transmite ‘sua inteng’o em sua cabega,olho e coracdo. © fotégralo pode perceber o significado simbélico, alegérico ou metatérico ‘nos aspectos de uma cena; quando esses aspectos so enquadrados em uma tinica exposido, fita na hora certa, eles poder transmit algo que o fotdgrafo viu ou teve Intengo de mostrar, A medida que 0 fotdgrato se torna mais cexperiente nesse processo, é possivel prever: Em que grau a imagem ficaré destocada (efeito blur) usando uma velocidade de obturador baixa, + Em que Angulo e lugar no quado 0 ‘movimento ficara congelado. © que ficard nitdo (e 0 que nao ficaré) usando pouca profundidade de campo. Como e onde a luz esta incidindo. Se a exposigdo ficard melhor com muita luz ‘ou pouca luz ‘Quantos quadios serfio precisos até que um objeto em movimento fique exatamente ‘no ponto certo. + Onde se posicionar, ou como posicionar ‘camera, a fim de compor a foto como pretende, Tudo isso em fragdes de segundo, a0 ‘mesmo tempo em que interage com 0 objeto eo ambiente. Esse empenho e essa dedicagao por parte do fot6graf contiouem enormemente para a crlago de uma narrativa em uma nica imagem. € esse processo interativo em. imetsao total que “Yaz” a fotograia Como Hen Carter-Bresson expca:"Fotogalar significa reconhecer ~ simutaneamente ¢ em ume ago de segundo ~ tanto 0 fato em si quanto a organizacéo igorosa das formas visualmente perceptive que the do sentido, E colocar a cabega, oolho &o coragaona mesma ina de mia’ “ilo: da sel Dery Road [estrada Derr) Fora: Lyla OComor Dory ee um eri oe us comune de pessoas ver fa ongo do und estoaade sais ‘uibmtos que atovesa Kk, ‘tana O tena cnt ¢resigr fpauagem em ana da 9 como fsa pasagem a ols 2a magem Ira, omborapetercete sn copa mor, nsec {i pro ura voz ew ap “Tilo: The Water Koran [0 moinho equa, Kenna] da ‘ste Via Vet The De Garden) [0 Jara do dbo} Fotdgate: Eleanor Kel Fo pre anda em ouso se encanta neo da Case coda oie Karaa, que dese dos ono eaehookas de Pte. zea ern ‘egae Sade ronaccetia de anova: Estaimagem sere ade preset o com daca, ps contem incl qe remelem [serena reunstances a ei, wo4t8 Fotografia de estidio e natureza-morta Mesmo em fotografia de estilo ou natureza- morta, 0 fotdgrafo pode fcr io envovido com ‘aprépria idea e tema que 0 mais simples dos ‘objetos pode se tornar todo um universo ‘© se comunicar com ele em seu céigo de linguagem visual. Reflatir sobre a ‘composigao, ailuminagao e as relagbes fente 08 temas permitiré que o fotdgrato ‘componha sua narrativa dentro de uma {nica imagem ou entre algumas imagens, Por exernplo, em seu vio John Blakemore's Black-and:-White Photography Workshop [Oficina de fotogratia em preto e branco de John Blakemore] (2005), Blakemore retlete sobre sua viagem e o tempo gasto para fotografartulipas: "Passel muito tempo ‘apenas contemplando as floes, sem pensar na cAmera, Eu me deliciava com a presenca voluptuosa das tulipas. Esses periodos de ccontemplacio, de prazer visual, so uma parte imprescindivel de meu processo de trabalho. E um aprofundamento de minha cexperiéncia e de meu relacionamento com meu toma’, ‘Série cu conjunto de ots A imagem individual | Estudo de caso > Estudo de caso: Tema cinza médio ~ Kim Sweet Ti: da ebe Average Subict [Tema cinza méato} Fotdgrate: Kim Sweet (tl ca re Average Subject ema nage used algo a melo ‘amo ert “emaeecuro "ema ‘uo esa coniguogio ao sea ‘coos ram oargons ‘evi pessoa de cae neo ‘ezcian cena bor fume’ ‘tuo tas une perits ussocoga0 five cncetopor ws de peel ‘atéenca uso, atts sine me N 6 GAL kim Sweet se formou na Central St Martins School of At, em Londres, no fim da década de 1880, Em 2010, ela quis volta atrabalhar com fotografia como ‘meio criatvo e assim reacender sua voz visual e desenvolver suas habilidades ‘cris junto com seu modo de ver @interpretar 0 mundo a seu redor Tendo mudado de Londres para Eastbourne, uma estancla baneda famosa por sua opulaidade entre aposentados, Sweet resolveu documentar sua nova cidade como forma de conhecere explorat seu ambiente ~ em particular © espago entre sua casa e o cai, uma disléncia de aprosimademente tum uilémetro. A intencéo suibacente era entender melhor a cidade, seus ™moradores e visitantes, bem como a reputagéo de “cidade de aposentados" Alguns aspectos da cidade e da orla haviam permanecido relatvamente inallarados ao longo dos uiimos 40 anos, mas agora esto lentamente destparecendo e sendo subslitudos por uma identidade mals modema, CO atito ene o veo © o novo (ou over) constitu um desatio na determinagao do cbjeto de cada imagem e no modo como ele podetia ser documentado, Comegando com uma Olympus ON, 85 mm,e fime preto branco, Sweet Uusou cerca de dois rolos de filme a cada semana durante um periodo de dez semanas, Quando a primavera deu lugar ao vero, a qualidade da luz mudou, assim como a populagaoviitante ¢ 0 uso da ora martima, Sweel comerou fologrtando visantes, como casals, pessoas soitéias ou em grupos, culivando velhis amizades ou fazendo novas, O grande ndmero de bancos & beia-mar fez da ori uma excelente locagao, uma vez que era usada tanto como espago social quanto para media, © Amager indivi | Estudo de caso | Exticos& esumo > Experimentagio (Os pequenos detalhes que haviam motivado Sweet a folografar ‘8 pessoas sentadas nos bancos, como seus tos de penteado, Cchapéu,cachacol, raupas de féias, perdiam o poder evacativo ‘em 35 mm, preto e branca; as fotos ficavam muito datadas, ‘bvias demais, Sweel entdo decid fazer experimentacoes ‘com médio formato e e&meras vintage, @ volou-se para uma antiga Kodak, comprada em um bazar de caridade focal ‘A.combinagao de distancia predeterminada do ponto de foco ‘com filme colorido @ a escolha do tema praduzitam imagens suaves, evocativas da qualidade das fotos de frias dos anos 1970 (coincidentemente, mesma énoca em que a cémera ‘comegou a ser produzida) CConforme ela mesma diz:*Level um tempo para entender ‘Que estava tentando desacelerar 0 documento, a fotografia de ut, para encontrar o que Gerry Badger descreve, em The Pleasure of Good Photographs [0 prazer das boas, {otogratias} (2010), como uma abordagem 'silenciosa ue tenta evocar - mais do que defini ~ 0 espaco e uma determinada geraco de pessoas que visitam ou habitam a cidade, Eu queria olhar para uma fase da vida pela qual todos nds inevitavelmente passaremos, mas também abordar rosso desejo de reter ou lembrar aquilo que se torna familiar para cada geracio, Embora eu tenha comecado folografando pessoas, em ilima anilse a informaco que eu queria encontrar estava no espaco piiblico @ privado de jars, casas e hotéis, muitos dos quais mantiveram uma qualidade particular. Eu queria fazer imagens que pudessem evocar ‘8s9e sentimento de idade ~ observar sem fazer julgamentos" © ponto a salientar aqui é que Sweet ndo se contentou com as imagens ébvias que fez nas primeitas sernanas do projeto. Ela voltou& locagiio escolhida e continuou a experimentar explorar suas idelas, Um dos temas centrais de Sweet era ‘observar ser fazer julgamento, ¢ isso se manifesta na técnica escolhida e em suas imagens “silenciosas’ oe ‘il: da série Average Subject [Tem cea méato) anata nas gens de Swest aad or su aoriagem ros” epainescam d um ga cdma dos anos 170 nnd combined ico ne-47 ‘Amagem indvcual | Estudo de caso | Exercise esumo > Capitulo 4: Exercicios e resumo, Exercicios: Desconstrua a narrativa Reveze-se com seus colegas para editar 0 trabalho uns dos outros. Reorganize e reagrupe um conjunto de dez a 15 cépias de cada lum, Observe como, com um arranjo diferente, as impresses podem transmitir diferentes narrative sequenciamento @ a relacées que elas estabelecem ent Escolha uma obra de qualquer fotdgrafo e, usando cerca de 1.500 ppalavras, descreva como cada imagem influencia em sua interpretacao ‘geral.Indique o contexto em que vocé vé tamanko, formato, cor e qualidade laquilo que voce vé termos daquilo que realmente esta ld, como vocé interpreta as relacdes entre as imagens, e que impacto, se houver algum, isso tem sobre sua leitur » Escolha uma foto de Tina Bamey ou Annie Lelbovitz (ver pagina 96). ‘Othe atentamente para a foto e escreva mil palavras sobre ela. Basele-se no contatido, composi¢éo, iluminacdo e dindmica interna da imagem para descrever a narrativa e sua resposta. > Tente fazer o exercicio acima com um colega, ambos escrevendo sobre ‘a mesma foto. Nao conversem sobre a imagem antes de escreverem, cada lum, 0 seu texto, Lelam o texto um do outro e, em seguida, discutam as semethancas e diferengas nas interpretacdes. Tentem desenvolver ‘a discussio explorando o raciocinio por trés das respostas. » Examine uma obra de qualquer fot6grafo. Leia uma critica ou apresentagao dessa obra depois de ter visto as imagens. Em que medida a critica e 0s textos de outros podem influenciar sua interpretacéo? Reflita e tome notas. » Assista ao filme La Jetée [0 cals] (1962), de Chris Marker (disponivel no YouTube), para se inspirar no uso de técnicas narrativas. ne-119 ‘Analisamos técricas nar de fotogratias. produgdo e técnicas nar ‘Ao vinculé-lo a apresentacdo, reconhecemos que o contexto no qual uma imagem é viste também contribui para a narrativa. ‘A participagéo ativa do fotdgrafo no processo de produgéo da imagem serd definida pelas perguntas “o qué2", "como?" e "por qué?”, que podem proporcionar coesio e ancorar o sentido. * Estudo de caso | Exreleloseresumo Signos ea] e simbolos Sverre ices y The Contumed eae > Ree eee emer Sea CE Ren Pere ee ot occ eet et nen ery Pek uo Ue eer ppouca apresentacdo, como vermelho e azul simbolizando quente e frio. Outros signos, como o cédigo Morse ou a Terence c int cee try O estudo dos signos é chamado de semistica e ¢ aplicado OE n tire ae een Ree eget eared linguagem visual de uma forma interessante, aplicavel socialmente relevante, No entanto, podem surgir CuO uo esc Pega outer ey Ce eu cee oe tee nec Peter perenne Em suma, em termos de signos e simbolos, é o contexto ee eee enon ero ett een ee ee ee eee reat ey PO ee eee cer) simbolos em seu trabalho, eee Base tedrica Embora este livo esteja direcionado a0 estudante de fotografia no processo de tiagdo de imagens e, portanto, enfatize uestbes de ordem pratica, ¢ importante estar ciente do pane de fundo teérico dos aspectos praticos, a fim de reconhecer ‘como sau trabalho se posiciona em relacdo a conceitos e discussoes ‘undamentais ‘As principals figuras a ter em conta na semictica relacionada &fotogratia sd linguista suigo Ferdinand de Saussure (1857-1913) ofilésofo estadunidense (Charles Sanders Pele (1839-1914) Reteréncias a seus modelos principals fo frequentes, especiicamente em relago a significado e significante 2 & natureza indexical da fotografia {A semiética no 6 o Unico método de decodificar, desconstui,interpretar, ler ou responder a fotogratias. Fotografias so usadas para muita finalidades em diversos contextos, cada qual com seus ptGprios referenciais, Por exemplo, uma fotografia pode também ser lida: Como um elemento de prova, Em relagdo a0 contexte intengio do fot6grato, Em referéncia a processo e técnica. ‘Como um estuda de estética e tradides na ate, + Em relacdo a etnia, classe social e género ‘Modelos semiéticos e terminologia Fordinand de Saussure e Charles Sanders Peirce desenvolveram seus modelos de 6poca, Saussure usou um modelo diddica, (04 dicotémico. Segundo ele, um signo 6 composto de: Significante(signifiant) ~ a forma que Oo signa assume. Signiticado (signi) ~ 0 concelto que le representa, Peirce usou um modelo tradico, ou tipart; Representamen: a forma que o signo assume (no necessariamente materia), Interpretante: ndo um intéxprete, mas o sentido ‘que se fa2 do signo, Objeto: aquilo a que o signo se retete cio itertio, flbsofo @ semislogo francés Roland Barthes (1915-1980) era sensivel As ‘nuangas sutis da linguager visual fotografia; ele reconheceu que, quando a significado pessoal & comunicada aos outros, sua logica simbdlica pode ser racionalizada. O livio ‘A cémara clara, que Barthes comegou a escrever om 1977, ano da morte de sua me, 6 uma exploragao das relagbes complexas entre subjetividade, significado ‘e meio cultural. Dais conceitos-chave que ele desenvolve nesse livro sao: +O studium: 0 entusiasmo geral ou interesse Cortés pela fotograia © punctum: aquilo que prende a atencao, que depende do individuo; aquilo que punge, que “Tete 0 apreciador 12-123 “Tilo: dn eri The Spectre ofan Impocsibe Des (0 eapecto, «dum dose impocsivel) Fotdgrat: Emma ianey ane exper o santa que mutas ves reveste 08 pequen ojo do use: "0 desgo ombiare ser lombrado. Est rte contase em Nass bjetos come esses quo stun esperar nas pessoas lemeranges returner rads ‘degen ou mamence do par Inodugio do explo | Base teres Lindo com sgnose siiolos Base tedrica ‘Simbolos ¢ icones Devemos ter em mente alguns pontos ‘essenciais na abordagem seriot ‘em especial: reconhecer ¢ entender ‘© que querem dizer significado e significant; ssabera diferenga entre um simbolo e um icone; e, talvez 0 mais importante para a teotia fotogrética, reconhecer e entender ‘a *nalureza indicia!” da fotografia Um simbolo & uma coisa que representa ‘uta coisa, No caso, o signficante no se assemelha ao significado. A relagdo deve ‘ef aprendida, como ¢ 0 caso de idiomas, ‘ndimeros, eédigo Morse, semaforos e bandetra. cones séo um pouco diferentes; nesse caso, o sigificante & percebido como uma Imitagio do signiticado ou semelhante a ele: 6 semelnante por possuir algunas de suas ualidades, como é 0 caso de um retrat, uma caricalura, uma maquete, metaforas, efeitos sonoros e gestosimitatvos. Fotografia para mim no é ver, 6 sentir. Se vocé nao consegue sentir aquilo que esta vendo, vocé nunca vai conseguir fazer que os outros sintam alguma coisa quando virem suas fotos.” ‘Don MeCultin, Stegping With Ghosts: A Lio’ Work In Photography [Dormindo com fontcras:uma ida de rabelnone fotografia) Indictalidade Um signiticante indicia est ligado de manera fisca ou causal ao signticado Essa ligagio pode ser observada ou infra, Por exemplo,signos natura incluem fumaca {indicand fogo ou cal), trovao (inaicando telémpago) e pegadas (ndicando passes) Da mesma forma, sntomasfsicos como dor, erypgo cutdnea ou pulsagéo scelerada podem ser signos, ou indicadores, de um problema mécico relacionado, Aindicialdede, como desert pelo fiésofo estadunidense Perce, &parculamente pettinente para a fotografia simplesmente porque uma foto & um “asto" eral, ou “indicio’, de seu objeto original. Essa conexto indcial ene objeto e imagem gera muitos debates e complexas andlsesciicas sobre fotogratas. O caio ters judeu-leméo Water Benjamin (1892-1940) escreveu as obvas A Short History of Photography (Uma breve histéia 4a fotografia] em 1931 e A obra de ane na era de sua reprodutibiidade técnica em 1938, as quais abordou impacto da fotogiafia sobre o trabalho de art atesanal Ee evantou dois pontos principas para discussio: a capacidade da tecnologia de ilar reproduces @ a maneia como a camera representava’o mundo. © aue importa aqui, no que tange aos lermos fundamentas @ & natureza indicia da fotograia, é uma apreciagdo por parte do piblco; ese, ao ona para uma fotografi, 0 dia envolver por nogBes de verdade e teaidade que surgem simpesment por causa do meio de expresso escohido, independentemente de sua fungdo e inten, 124-125 aa Tilo: da sése Me Spectre of {an impossible Desr [0 expect ‘So um dossjoimpostivl] Fotégrate Emma Blaney ‘sine’ 0 sored de cod tet, ‘projet de Blaney om um spo ‘ofoc0 prnepal das imagens. Inodugio do capo | Base tees Liane com sgnos @ smbolos > Lidando com signos e simbolos ‘Como um fot6grafe lida com 0 uso de signos €@ simbolas em seu trabalho? Muttos aizem {que tespondem intutivamente ao momento, situaedo ou evento, enquanto 20 mesmo tempo mantém sua intengo em mente, (Outros talvez construam uma imager, de maneira cuidadosa e conscient, antes, durante ou apés o ato de fologralar. Cuttos argumentam que nao existe “intuigao fe que, em ver disso, respondem a seus cobjetos com uma linguagem visual eficiente ce personalzada, Eles acreditam que essa linguagem visual se desenvolve a partir dda combinagao de vivenciar um ambiente usar imagens tanto como consumidor quanto como protissional (© aparecimento de um signa au simbolo ‘om uma fotografia pode ou nao ter sido predeterminado e orquestiado pelo fotdgrato Um fotégrato que trabalhe em um cenério cuidadosamente construido terd tempo para analisar¢ usar signos e simbolos. Um fotdgrafo que trabalne de forma jomalisica ‘ou em fotorreportagens talvez precise tomar ‘mais decisbes imediatas. Se ele tverclareza {de ideias quanto & ung, propésioe intenco or tras das fotogratia,lais dacisdes serdo ‘mais facets, especialmente se ele tver escolhido sua locagao e tema em fungdo dos signos e simbolos que oferecem, © fotojomalistatalvez tenha uma dnica chance de fazer uma deteiminada imagem, de mado {que a deciso quanto aos components simbélics a incluir pode ser mais crucial {do que quando ha oportunidade de fazer uma série de diferentes composigées, aparecimento dos signos € simbolos pode ser 0 resultado de uma decisfo deliberada para usé-los de um modo espectico em ‘uma imagem, série ou conjunto de imagens, ‘ou pode ser uma inclusdo mais livre, que ppeimeia toda a série de imagens, na medida que o fotdgrafo responde a cada objeto (04 locagao individual. Fotégrata: Mara Short £m 1903, meu paiast fo dagrostcado com uma rave fm dis. le ra roo a ‘otempo que passou ne hast Tonge de us pantagdns: draie ‘pero de ie fe que grande pt sata passasse do pono. ‘letrorasee Vewsmente, eu pe ver uma rego cle ene a da ‘as curas em ariene aberto Tecrado adaplndo-s & de Significado simbélico O lira The Americens [Os estadunidenses), cde Robert Frank, é uma referencia constant ‘quando se deseja explorar 0 significado simldico em uma fotografia. Sarah Greenough, ccuradora sénior de fotografia da National Gallery of Art (Washington, D.C.) descreve The Americans: "Considerado pela maloria ‘como 0 mais importante livro de folos desde 1 Segunda Guerra Mundial Frank dvi 0 fvroem quatro segées, Cada seco abre com a foto de uma bandeira e aborda um aspect diferente da cultura festadunidense. Com intiodugéo de Jack Kerouac, The Americans 6 conhecido por ‘questionar a identidade estadounidense do pés-guerta, 126-127 A fotografia intitulada Political Rally, Chicago 1956 [Comicio, Chicago 1956) introduz ‘a quattae itima parte do lio, Greenough descreve essa imagem: "Observe como ‘tuba oculta por completo 0 rosto da pessoa que esté alrés dela, sugerindo ‘que esses simbolos da democracia estadunidense, a saber, a banda marcial ‘ea bandeira tremulando acima dela, estio “abafando a voz do cidado comum que se mantém ports deles" ‘A pati da letura de Greenough, percebemos como aspectos de uma cena podem ser enquadradas dentro de uma fotografia para transmit, intencionalmente ou néo, tum significado que val além de um mero rogisto. “Base e6ica | Lidando com signose simbolos | Enigmas o woraos > Lidando com signos e simbolos “Thule: so Gal Foran: Mave Short “A at do momento ave 0 ‘gosto asincinagdea de cade ip Giana Horse andl Man {Cavalo evant ours. ‘A motéfora visual Gall fol um piojeto aue reaizei em 1994-1995, Usando cavalo come metafora visual para cexpressar como eu me sentia diante dos desafios que jovens mulheres entrentam com felagio a seu sentimento de identidade © posigao social. Folagrafando em diversas locagdes e cenzrios ao longo de um perfodo de seis meses, desenvolvi uma linguagem visual que se adequava as minha inlengao ‘e metadologia, A abordagem aos signos @ simbolos em cada imagem consistiy fem fotografélos de al forma que. quando apresentados como uma série, eles expressaiam coletivamente meus pensamentos ao mesmo tempo er que levantariam questdes como: quando 1 protegdo se torna supresséo? quando a Iberdade se tora um cliché? Essa abordagem u estrutura“oculta" nunca pretendeu ser iditica, mas antes transmit a esséneia die minhas ideias e econhecer os dilemas em tomo da expressio e representagio, = O espectador se conecta com um lugar além do visivel. Tudo muda quando vocé se mexe € coisas diferentes entram em foco em momentos diferentes de sua vida, e vocé tenta articular isso. ‘Chua Steele Perkin, bténico, fotdgrafo da Magnam cé se 128-129 Respondendo aos signos ‘A medida que o projeto se desenvolvia, Imuitas vezes eu avistava alguma coisa ‘enquanto fotogratava na locagao e tomava rota mentalmente para procuté-la outta vez no futuro. Por exemplo, certa vez observe "marca a fio" dos nimeros de seguranga no dotso de um cavalo, mas as condiges no etam propicias para uma foto nid; endo iquei atenta,e, quando um momento mais apropriado chegou, eu estava pronta Achel esses simbolos dices de expliar, mas, ‘quando colocados juntos fotograficamente, ppareceram fazer sentido, Em outra imagem, aideia 6bvia por tras de marcar a letra "P 6 aquela de ter sido “dada’ ou “atibuida* ‘uma identidade particular, como no uso lteraio de "marca" como “estigma’. No centanto, para construr visualmente essa imagem era necessério mais do que uma simples foto da marcago: eu precisava do ambiente, da luminagdo, e precisava também que o cavalo trabalhasse de modo (que a dinémica da imagem evidenciasse o simbolo em questéo, ‘A foto da marca *P" fol feta no estabulo fem que o cavalo estava quando cheguei 8 locacdo. Pedi para fazer a foto antes de a luz mudar ou o cavalo ser levado para fora: juste o fotbmetro no ponto de luminosidade ‘maxima, deivando que o resto do cavalo ficasse em subexposicao e desaparecesse. Essa abordagem técnica criou uma imagem ue, para mim, revelava que a verdadeira identidade estava ocuta e apenas a estigmatizada estava vise. «Base tera Lidando com signos © simbolos | Eramas e verdes > Lidando com signos e simbolos Til: da sie Sakura (Cherry Bossom) [Forde cera) Fora: Rsoku Suzuki Em sou enao The Photoaanhor 235 Pena [0 ftgtato come Dino) sobre a bra de Suz Sera Hou Nm post tan raid sun xt, Fetogais, que so astos feos le cera conti a ext Seu cio ntenave Otten, fotogata = tempo, pare prepa ‘cada a provincia de Orie (NE) Agregando significado ‘Ao desenvolver seu projeto, ou resposta {um briefing, o fotégrafo pode achar que std destacando cartas aspectos de seu ‘objeto fotografando sob condligdes especticas, como um edifico & noite, uma paisagem durante uma tempestade ou um jarcim em diferentes estagdes. Especialmente se 0 fotdgrafo estiver produzindo uma série (4 conjunto de imagens, pode acontecer {que as condigSes partculares sob as quais est fotografando deem origer a signos ou simbolos ~ ov mesmo as prdprias condigdes podem se tomar simbdlicas, Por exemplo, Risaku Suzuki folografou ‘as simbdlcas flores de cerejeira durante Festival Sakura, que acontece todo ano no inicio da primavera no Jap e fonte de inspiragao para artistas desde o reinado do imperador Saga, no século Vl A floragao das vores apés 0 invezna simbolza esperanca vigor, enquanto as pétalas que caem expressam a fraglidade da beleza e da prSpria vida, 1s signos @ simbolos poser influenciar a dindmica da imagem em sie altura que © piblco faz dela; podem proporcionar uma estrutura coesa para uma obra; ¢ denotar ritmo, sequenciamento, evantar questées, incorporar um subtexto visual e, sobretudo, ‘agregar sentido ao objeto e a seu lugar na imagem. 130-131 Fator Em uma viagem a Nova York, Jane Stogoles (cantora profissional efotégrata amadora) ficou paticularmente tacada e inspirada por duas cenas e decid fotografé-las porque, para ela, essas cenas condensavam aspectos do que ela havia vivenciado na temporada que passou al. Em ambas as fotos, hd simbolos indicativos de Nova York ‘@ dos Estados Unidos, mas 0 que realmente acrescenta uma atmostera evocativa as imagens nao so esses signos isoladamente, mas as condigdes meteoroldgicas © de lluminagaio. Esse ¢ um exemplo simples ‘das nuancas sutis exploradas pela semidica elinguagem visual Voltando a alguns dos pontos-chave que abordamos em capituos anteriores, no se lata apenas do que é fotografado, mas de como @ em que condigdes. Em outras palavas, para deservolveridelas acerca do senso de localzagao ou ambiente, multas, vyezes é importante levar em conta 0 que Stoggles reconheceu em um instante: ‘como a hora e as condigdes de tluminagao e localizagao podem compor a atmosfera da foto resutante ambiental Radio City [ova York, "Avera ‘eR Cry] Fora: ano Stonles ‘quale da a flo 5 onan o comin oa banca Ro Cty acroscenia wm a sunesto ‘ese ees Lidando com signose simbols | Enigmas vordades| Enigmas e verdades: Experiéneias na fratura da realidade AAlguns foldgrafos falam que, as vezes, se deparam com cenas das quais eles nao tém ‘uma compreensio real do sujelto ou evento que as desencadeou, mas eles fazem a foto ‘mesmo assim porque a presenca do sujeito pode acrescentar algo a sua intengao original ‘ou dar & foto um ar de experiéncia em primeira mao, Esse foi o caso de algumas fotos tadas pelo ‘Bang-Bang Club, um grupo de fot6grafos ‘empenhados em cobra realidad do apartheid na Altica do Sul. O nome fo arbuido a eles ‘em um artigo de revista e se referia a0 trabalho Coletivo dos fotigralos Kevin Carter, Greg Marinovich, Ken Costetbroek e Jodo Silva, Em 18 de abril de 1994, durante um tiroteio ete a Forga de Manutencio da Paz Nacional € pattidérios do Congresso Nacional Aticano, ‘10 municipio de Tokoza, Oosterbroek foi morto ‘eMtinovich ficou gravemente ferido. Em julho de 1994, Carter cometeu suicidio. Em 2000, Marinovich e Siva publicaram o lito The Bang- ‘Bang Club [O Clube do Bangue-Bangue], que documenta suas experiéncias. Em um artigo para o jomal The Guardian, em ssetembro de 2009, David Smith conta que Siva e Marinovich desconhecem a historia completa por trés de duas de suas imagens: "Siva parou diante da foto que ele havia tirado de uma mutidao espancando uma ‘mulher com pedagos de pau enquanto um lwanseunte sorria para a cémera Ele nao sabia por que eles tinnam atacado a vtima, "Essa é daquelas coisas que vacé nunca val saber responder, disse ele. Aimagem petmanece um enigma. “*Marinovich mostrou uma bela imagem em preto e branco, tiada dentro de um albergue ‘em Sowelo antes de uma batida polical, ‘em 1892. Ali ele havia se deparado com um homem zulu usanda um vestido e ‘comportando-se como mulher. Ele nunca ‘conseguiu entender por qué." Matinovich coloca esse “desconhecimento” ‘em contexto quando explica: “Escrever e pesquisar para escrever o vio nos custou muito tempo e nés realmente nos impusemos ‘odesalio de chegar is verdades, especialmente ossas verdades. & mais facil chogar as vverdades de outras pessoas, mas desenterrar aquilo que vocs tinha como sua versio da realidade, e entdo escavar mais undo ainda € questionar sua propria percepgao do que aconteceu, foi um imenso desafio" ja21a3 Roflexdes sobre a verdade Fot6grafos sfo trequentemente confrontados ‘com situagées-limite em que tém de decidir sobre a realizaedo de imagens visualmente fortes, em ambientes votes, que suscitam sé1i0s questionamertos sobre ética © inlegridade. Por isso de suma importancia, ‘como vimos ao longo deste liv, refletir sobre ‘as noges de verdace e representagao, Esses momentos com que o fotdgrafo ‘se depara, embora ndo estitamente em cconformidade com as nogées tradicionals de signos e simbotos, operam de forma ‘semelhante: so pare da linguagem visual ¢ podem, quando fotografados, ‘ tomar representatvos de uma ideia (ou transmit 0 sabor de uma idela. Esses momentos fugazes podem ‘mesmo se tomar emblemticos, ‘metaféticos ou fornezer motivos para conceitos ou movimentos ‘muilo mais ampios, “As fotos que trei espontaneamente — com uma sensagao de bem-aventuranga, como se elas ha muito habitassem meu inconsciente — por vezes se mostraram nais poderosas do que aquelas que eu tinha construido meticulosamente. Eu capturei sua magia como que por encanto.” Nerbert List lems, fotbgrao ds Magnum ‘Lidando com sgnos snbolo | Enigmas e vrdades Técnicas press > ‘Tecnlcas praticas (Outro método de introduzirsignos e simbolos ‘na fotografia 6 pelo uso de técnicas praticas, ‘como abertura @ velocidade do obturador ‘em relagdo & velocidade do filme, objeto © ‘condigSes de luminagéo. Um bom exemplo 6. sétle de fotos do funeral de Robert F. Kennedy feta por Paul Fusco. No dia 8 de junho de 1968, Paul Fusco, entio fotégrafo da revista Look, se encontrava a bordo do trem que transportava o caixdio de Robert F. Kennedy de Nova York a Washington, 0 editor no havia he dado rnenhuma recomendagéo sobre 0 que fesperava ou queta; simplesmente disse ‘vi pagar esse tem’, @ foi o que Fusco foz Em uma produgso para o The New York Times intitulada The Fallen [Os eaidos], publicada ‘em 10 de junho de 2008, Fusco conta que ‘estava mais focado no que ita acontecer no cemitéria, Mas, quando o tiem saiu de Nova York, ele ficou perplexo ao ver centenas de pessoas ao longo das platalormas. Seguindo ‘us instintos, ele se levantou, fol até a janela abriv-a para folografar o que estava vendo, que estava acontecendo, ‘Aviagem de trem durou cerca de oto horas, «cle passou o percurso todo em pé na janela fotografando as pessoas que estavam nas ‘margens dos thos, Fusco descreve aquelas ‘ito horas como “uma torrente constante «de emogao’ Ele conta que nao tinha como mudar seu fngulo de visio ou perspectiva; tinha de “capturar o que eu conseguisse, se eU conseguisse, tomara que ou tena ‘conseguid ‘Técnica como dispositivo emocional Fusco descreve uma imagem em particular: cle viu uma familia de pé ao lado dos trihos, ‘endo havia nada perto deles, nem caminhies, rem cartos, nem motos. Ele tinha uma ‘nica oportunidade para capturar a imagem, Ao ver @ foto impressa depois, ele sentiu que era; "Uma constatagao paderosa, para ‘mim, pessoalmente, de uma extraordinia declaragao de compromisso, do efeito que aquele homem exercia sobre as pessoas eda esperanca que ele hes deu" Fusco estava usando um filme de baira sensibilidade que, num ponto em movimento, registrando pessoas que se deslocam por vyezes em condigdes precérias de luz, Poderia ser um problema. Isso se traduziu ‘em movimento capturado com obturador em bixa velocidade. Falando sobre isso, ele diz "O movimento que aparece em inimeras fotos enfatizou, para mim, a fragmentagdo de um ‘mundo, a tragmentagao emocional de uma sociedade. Todo mundo estava la, 0 pais inteiro saiu para chorar, para se lamentar, para mostrar seu respeito e amor por um lider, por alguém em quem eles acreditavam, alguém que tinha thes prometido um futuro ‘melhor; ¢ assistam & esperanca passar ao largo, dentro de um rem’. Tul: Robert Kennedy unort ‘ral 1968 [Funeral de Robert Kennedy wom, 1068) Protos see eins agro ‘ocr era socedee 134-135 Enis a vrcaces Tenleas prions |Esuto de caso Estudo de caso: Les Moguichets ~ Betsie Genou rice 146-137 Estudo de caso © tabalho de Batsie Genau destaca como, mesma nos ambientes mais simples, Lm lotégrafo pade recorrer a uma fica simbologia,fazendo uso da luz e da ssensbildade para com o tema, para raduir suas ideas em imagens pungentes Les Moguichets 6 um ensaio sobre uma casa de familia em deterioragao na Franga. Quando crianga, Genou passou muitas féias com a avé em sua casa fem Les Moguichets. A tradugo aproximada é "lugar decadente” ou “deserto” {As casas da av6 e do tio-avd de Genou flcavam no mesmo terreno, Durante as frias com a av, Genou ia biincar no jardim entre as duas casas, Quando 1 av6faleceu, 0 lio-av6 alravessou o jardim e mudou-se para a casa da av, dleixando sua prépria casa ser lontamente retomada pela natureza, Quendo estava prestes a terminar a graduagao em Folografia, Genou recebeu ‘@ natcia da morte iminente do tio-av6 e voltou a Les Moguichets para passar lum tempo com a fama, El ficou visualmente fascinada pela casa que tinha sidc deixada em abandono. ‘A opcdo por uma cémera de grande formato com exposigGes longas, que ppodam variar de alguns minuilos a mais de uma hora, cotta Genou tempo para conterplar 0 passado; ndo s6 seu passado, mas 0 passado de sua familia fede seus ancestrais ~ algo com que muitos de nés podemos nos identiicar, 86 Auiserras, Ela pracurava um denominador comum universal, algo que tomasse sseuprojeto, composto de suas proprias experiéncias pessoas, &o projelasse ‘um amplo universo de entendimento mituo, compartihado, Ti: dase Los Mogulchets Fotdrae:BetsieGonou ‘abrdapem sense de Ganeu fare obrenndr ae sia sido ar nas agers No geal ‘ui ua snooseconcsa o agua 8 pon ea cas, 20 ‘corte deg &cotemarto ‘seman 9 cuado coma Itz ecom a conpasigo, ensao = fe Gano @ une jac evocava ‘avis de um espaga reo om ‘Sgiode apes dh ecco © Tderieas pins |Etudo de eo | Exrccoserosumo > Uma histéria pessoal 'Nas palavras de Genou: “A casa se deteriorava lentamente havia anos e estava trincada em inumeros lugares; parecia (ue podia desabar a qualquer momento. Como o uitimo ‘cupante estava morrendo, percebi que minha familia ia se desfazer da propriedade e das lemibrancas que ela nos parma vsitar, Comecei a lamentar a perda de uma parte fundamental de minha historia, que era também a historia de minha familia, “Adela para esse projeto veio naturalmente, e as imagens foram produzidas muita instintvamente, O clima sombrio das fotografias veio da imitada luz natural que se infitrava peas brechas. Desocupada e intocada durante sels anos, a casa parecia ter gentimente preservado 0s vestigios de seus ocupantes mortos, que aquela luz singular me permitia rev 10 também esconder em alguns dasvaos, Em relago ao conceito,o tema me permitiu comegar a explorar Um aspecto diferente co que teria sido um la cxiando imagens ‘ue reletiam o passar do tempo e conceitos nalurais como vida e morte, A deterioragio do lugar ecoava o esmac cde minhas longinquas lembrancas, de um tempo que er nosso, mas que foge lentamente e desaparece, ecoando a fiaglidade da vida, Explorar e fotogratar es: Use grande fornato para dar qualidede aos detalnes, e durante as longas exposigdes consegu refit sobre o espago © ‘sua mamésia ¢ aceltar aquele adeus iminente, Essa rellexa foi uma parte intinseca do projeto; meu proprio afeto pel histéria do local tau a abordagem e o tempo adequado: Posteriormente, oato de fotografar foi um processo lento delicado” lento, aa Tio: da sre Lee Moguchets Cepoqumos deahoe deus 138-130 Capitulo 5: Exercicios e resumo Exercicios: variacoes sobre um tem » Faca uma caminhada em torno de sua casa observando quantos, tipos diferentes de signos e simbolos vocé encontra. Reserve 20 minutos para descrevé-1os e classificé-los em categorias, conforme detalhado nna secdo que trata de “simbolo, icone, indicialidade” (ver pagina 124), Faga o exercicio descrito acima em uma rota familiar, talvez durante 1a caminhada para o trabalho, a faculdade ou a casa de um amigo. » Observe o trabalho de um fotégrafo de sua escolha e escreva sobre uma série ou conjunto de imagens que ele desenvolveu com o uso de signos e simbolos. » Assista ao filme Vanilla Sky (2001), de Cameron Crowe. Observe como a imagens so usadas para construlr a meméria @ transmitie nogdes de felicidade, ~ Realize um projeto curto usando uma metafora visual p ‘uma idela simples, como desenvolvimento ou decadénci ‘temas basicos, como interior e exterior, quente e frio. sgem do tempo. » Explore as condigées atmosféricas. Incorpore um elemento “tixo” ‘na imagem para dar as condigdes atmosféricas algo para repercutir ‘u iluminar, por exemplo: “o coreto ou um cantinho da praga” ou “pela Janela do trem’ transmit 140-141 Resumo > uso de signos e simbolos pode ser construido e predeterminado ou incorporado secundo a resposta do fotégrafo ao ambiente. O ritmo ¢ o fluxe da narrativa podem ser orquestrados por signos « simbolos; estes podem ser significativos dentro de uma imagem individual ou proporcionar uma conexdo mais “solta” em termos de uma linguagem visual abrangente que dé coesdo entre as imagens de uma série. » Signos e simbolos podem ser componentes da estrutura e da linguagem das imagens e podem fornecer um subtexto sulil entre elas. ‘A fungao e finalidade das imagens, a abordagem e também a experiéncia fisica do processo fotogrifico, tanto no nivel conceitual quanto no pratico, sodem jogar luz sobre signos e simbolos. ‘Es de cos0| Exereeios e resume

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