Você está na página 1de 31

Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Introdução:

Os produtos naturais são utilizados pelo homem desde tempos antigos como
principal ferramenta na prática de terapias naturais, com o objetivo de procurar o alívio
e a cura de doenças através, por exemplo, do uso de plantas. Gradualmente, as plantas
aromáticas e os seus óleos essenciais passaram a fazer parte de técnicas de prevenção
e de tratamento de doenças, nomeadamente, em contextos em que a presença dos
médicos era quase inexistente, como no caso dos meios rurais. O recurso a plantas
medicinais para o tratamento de várias patologias, considera-se uma prática comum das
populações que recorrem com frequência às plantas espontâneas devido ao fácil acesso
local.

A Organização Mundial de Saúde constatou que “recentemente houve um


aumento repentino do uso de Plantas Aromáticas e Medicinais (PAM)”. Estas constituem
uma alternativa terapêutica de grande potencial quando comparadas a medicamentos
sintéticos.

Existem inúmeras espécies vegetais consagradas pelo uso popular, sendo que,
poucas tiveram comprovação médica ou científica. As plantas medicinais compreendem
espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, entre outras…que podem ser encontradas
crescendo espontaneamente ou cultivadas, de acordo com a região.

Diversas plantas, não só as medicinais, possuem diferentes nomes “vulgares”


que variam de região para região ou, até mesmo, podemos encontrar um mesmo nome
“vulgar” para designar diferentes espécies vegetais. Diante deste fato, é necessário um
conhecimento seguro das plantas desejadas, evitando o cultivo de espécies parecidas,
porém, indesejáveis.

Formadora: Paula Dias Página 2


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Identificação Botânica:

Cada planta apresenta uma forma diferente e características que as distinguem.


A partir destas características o homem descreveu as plantas em termos botânicos, com
o principal objetivo, de fazer com que cada planta tenha um nome e que esse nome seja
igual em todo mundo.

Quando uma planta é descrita pela primeira vez, essa descrição deve ser feita
em Latim, assim como o nome dado à nova espécie. Esse nome geralmente é composto
de duas palavras: a primeira, começando com letra maiúscula, indica género, e a
segunda, com letra minúscula, indica espécie. A letra logo após o nome da espécie indica
o nome da pessoa que descobriu a planta.

Ex.: Rosmarinus officinalis L.

O nome em Latim deve aparecer destacado do restante do texto (sublinhado, em


negrito e itálico).

A taxonomia, se ocupa em agrupar as espécies de acordo com seu grau de


parentesco.

Reino: Plantae

Filo: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Lamiales

Família: Lamiaceae

Género: Rosmarinus

Espécie: R. officinalis

Designa-se: do Romano, que em latim significa o orvalho que veio do mar.

Formadora: Paula Dias Página 3


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Além do nome científico, as plantas também têm seus nomes populares, que
variam de acordo com a região, e um mesmo nome pode indicar mais de uma espécie.

Nomes Populares:

- Alecrim-de-jardim;

- Alecrim;

- Rosmarino;

- Labinotis;

- Alecrinzeiro;

- Alecrim comum;
- Alecrim – de - cheiro;

- Alecrim - de - horta;

- Erva - coada;

- Flor- do - olimpo;

- Rosa - marinha;

- Rosmarinho.

Produção (propagação):

A propagação das plantas medicinais pode ser realizada pelo método sexuado
(por sementes) ou pelo método assexuado (vegetativo).

Propagação Sexuada: a sementeira pode ser feita em canteiros, caixas de madeira,


vasos e jardineiras, nos quais as mudas permanecem até o ponto ideal para o
transplante para o local definitivo. (sugestão: 4 a 8 folhas definitivas).

Formadora: Paula Dias Página 4


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Escolha das sementes:

As sementes são o material básico da propagação sexuada e por isso devem ser
selecionadas com critério, tendo-se em consideração: tamanho, sanidade e poder
germinativo, de acordo com a espécie a que pertencem.

As sementes maiores possuem maior quantidade de reservas e dão origem a


plantas mais vigorosas.

Com relação à sanidade, sabe-se que todas as sementes que apresentam aspeto
distinto do normal devem ser descartadas.

O poder germinativo das sementes e sua longevidade devem ser conhecidos para
maior garantia. Há espécies cujo poder germinativo dura somente algumas semanas e
outras, vários anos.

Sementeira:

A terra da sementeira requer um preparo cuidadoso, que consiste basicamente


na mistura de quantidades iguais de terra permeável, areia e húmus (ou esterco). As
sementes devem ser colocadas em sulcos rasos, em fileiras contínuas, ou em bandejas
com duas a três sementes por célula. Eventualmente as sementes podem ser grandes,
sendo conveniente colocá-las para enraizar diretamente em bandejas de mudas.

As sementes são plantadas “mais rasas do que profundas”, para que não haja
problemas com a emergência.

Outro fator importante para a germinação é a humidade, que deve ser mantida
constante no substrato, que deve ter boa drenagem evitando reserva de água, que
causaria perda das sementes. É importante que a rega das sementeiras seja feita com
regador de crivos finos, evitando que as gotas formem sulcos na superfície, expondo-as
ou até mesmo deslocando-as. As sementes são colocadas ao abrigo dos ventos, algumas
ao sombreamento quando necessário.

Formadora: Paula Dias Página 5


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Sementeira a Lanço ou
em Linha

Sementeira em Local
definitivo

Formadora: Paula Dias Página 6


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

As mudas feitas em sementeiras devem ser transplantadas ou repicadas, pela


manhã ou à tarde, sempre após a irrigação. As mudas de bandejas e tubetes sofrem
menos com transplante, pois saem com pequeno torrão de terra evitando exposição das
raízes.

Propagação Assexuada: este método envolve as espécies que são propagadas por meio
de estruturas vegetais (brotos, estacas, divisão de touceiras, etc…), recomenda-se a
instalação de um pequeno viveiro, onde os canteiros são formados por sacos plásticos
que contém as futuras mudas.

A propagação vegetativa tem o nó como meio de formação de novas plantas.


Este nó que também pode ser chamado de olho ou borbulha, normalmente dá origem
a ramos, folhas e flores nas plantas. Quando colocamos algum propágulo vegetativo
para formar uma nova planta, temos este nó brotando e dando início à formação do
novo indivíduo.

Nó lateral em brotação

Formadora: Paula Dias Página 7


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Métodos de propagação assexuada mais comuns, para plantas medicinais:

As bandejas, para receberem as estacas, podem ser cheias com substratos de


diversas formulações. Uma parte de terra do local de cultivo, uma parte de barro ou
terra argilosa e uma parte de esterco curtido de curral ou composto orgânico.

A maioria das espécies são propagadas por estaca, a transplantação deve ser
feita aproximadamente dois meses após a estaca, quando a estaca já apresentar um
sistema radicular bem desenvolvido e brotações novas, está apta para ser plantada no
local definitivo de cultivo.

Formadora: Paula Dias Página 8


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Formadora: Paula Dias Página 9


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Plantação ao Nível de Campo ou em Local Definitivo:

Normalmente, as plantas são cultivadas diretamente no solo (campo) ou em


recipientes, como vasos e jardineiras. A seguir detalhamos cada caso.

Plantação ao nível de Campo (covas, canteiros ou leiras):

Para plantarmos ou transplantarmos mudas ou plantas, devemos ter atenção às


condições ideais para facilitar a adaptação ao novo local, proporcionando-lhes
condições para o seu desenvolvimento normal, bem como a superação de qualquer
traumatismo decorrente do transplante.

Devemos ter atenção: à preparação das covas ou canteiros para as mudas, poda
das partes dispensáveis, colocação de apoios necessários, manutenção de regas
regulares, adubação inicial e de manutenção.

A cova que vai receber a muda deve ter todas as condições e exigências da
espécie a plantar, no que diz respeito ao solo. Para cada porte de planta, seja ele grande,
média ou pequena, adota-se o tamanho correspondente da cova:

• Árvore (grande): 60 x 60 x 60 cm;

• Arbustos e trepadeiras (média): 50 x 50 x 50 cm;

• Herbáceas (pequena): 30 x 30 x 30 cm.

Formadora: Paula Dias Página 10


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Ao abrir a cova, separe de um lado a terra da superfície e do outro lado a terra


além dessa profundidade, a do “subsolo”. Escarifica-se o fundo da cova para facilitar a
penetração das raízes novas. Mistura-se esterco ou composto orgânico, no solo de
superfície, repondo-o, para o fundo da cova. Com adubos orgânicos, pode-se abrir a
cova com antecedência de 5 dias da plantação para que haja absorção desse produto
pela terra.

Por ocasião da plantação as mudas devem ser retiradas das embalagens com
cuidado para não danificar as raízes ou desfazer os torrões. A exposição das raízes à luz
e ar, assim como a plantação de mudas com “raiz nua”, devem ser evitados.

Sempre que possível, opta-se pelos dias chuvosos ou nublados para a operação
de transplante e plantação; ou então o final do dia quando a incidência dos raios solares
for menor, recomenda-se podar as partes dispensáveis das folhagens que serão
transplantadas.

No caso da plantação de mudas de menor porte, como herbáceas, em canteiros,


devemos misturar bem o solo com os adubos, deixando o canteiro bem fofo.
Posteriormente distribuem-se as mudas nos seus devidos locais no canteiro, abrindo
pequenas covas proporcionais ao torrão.

Antes da instalação dos canteiros (camalhões), procede-se à limpeza da área


escolhida. Em seguida, devem-se marcar os locais onde serão trabalhados os canteiros.
Deve-se revirar o solo, para retirar as pedras, raízes, etc... e para proceder a uma boa
aeração. Os torrões devem ser desfeitos e o terreno emparelhado com o auxílio de um
ancinho.

Os canteiros devem ser previamente adubados com esterco ou outro material


orgânico, como húmus, composto, restos de cultura...

Formadora: Paula Dias Página 11


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

As leiras são preparadas como os canteiros e diferem destes por serem de menor
largura.

Formadora: Paula Dias Página 12


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Plantação em Vasos e Jardineiras:

A obtenção de vasos ou jardineiras é uma maneira viável de ter as plantas em


casa ou no escritório no seu dia-a-dia quando não se tem espaço. Para isso, deve-se ter
atenção a alguns factos, a fim de permitir e melhorar o desenvolvimento das plantas
nestes recipientes.

O recipiente deve ter tamanho proporcional ao desenvolvimento da espécie a


ser plantada ou o tamanho ideal naquela fase da vida da planta, estando-se ciente de
que haverá necessidade de uma futura troca de recipiente.

O fundo do vaso ou jardineira deve ser perfurado para permitir a drenagem do excesso
d’água. Em geral coloca-se a muda no centro do vaso, que deve ser preenchido com
substrato de qualidade.

Técnicas Culturais:

Controle de Plantas Espontâneas

Feito normalmente através de mão-de-obra, com uso de ferramentas (enxadas,


enxadões, sachos, etc...). Sempre que possível deve-se realizar uma monda seletiva,
evitando retirar plantas que não causem dano ao cultivo, e principalmente evitando
deixar áreas com solo descoberto.

Irrigação

A quantidade de água necessária para o cultivo varia entre as espécies. Como


regra geral, as plantas mais jovens recém-germinadas ou transplantadas, necessitam de
maiores cuidados e o solo deve ser mantido húmido.

As plantas de menor porte, principalmente herbáceas, devem manter o


substrato de cultivo húmido, sempre sem excessos. As arbustivas e arbóreas se mantêm

Formadora: Paula Dias Página 13


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

por longos períodos sem necessitar de irrigação e podem ser cultivadas apenas
contando com a água das chuvas.

Algumas plantas são originárias de ambiente “alagado” e são assim cultivadas


em áreas de solo constantemente encharcado, podendo aproveitar margens de lagos,
canais de drenagem, etc…

Podas

No caso de plantas anuais (completam seu ciclo com menos de um ano), a poda
corresponde à colheita.

Em plantas perenes (que duram mais de 5 anos), recomenda-se a poda de


limpeza uma vez por ano para proporcionar melhor arejamento e induzir a planta a
emitir novas brotações.

Cobertura Morta

Consiste em cobrir o solo com material vegetal, permitindo uma melhor retenção
de água, reduzindo o aparecimento de plantas estranhas ao cultivo, diminuindo a
exposição direta do solo à radiação solar (mantendo a temperatura do solo estável
favorecendo os microrganismos) e reduzindo a erosão.

Consociações

Grandes áreas com a cultura de uma mesma espécie facilitam o surgimento e


desenvolvimento de pragas e doenças. A cultura de várias espécies numa mesma área é
benéfica, pois assim, temos um ambiente mais equilibrado. Entretanto, é necessário
fazer uma planificação para que as espécies cultivadas sejam favorecidas por este
ambiente. Devemos sempre levar em conta fatores como sombreamento, profundidade
de sistema radicular e espaço físico.

Formadora: Paula Dias Página 14


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Rotação de Culturas

Sempre após o final do ciclo de uma cultura, é benéfico cultivar uma outra
espécie nesta área, com características diferentes da cultura anterior. Muitas vezes é
adequado “descansar” certas áreas de solo que estão sendo exploradas por mais de 5
anos.

Nestes casos, é aconselhável o cultivo de espécies leguminosas nestas áreas, que


ao final do seu ciclo são incorporadas ao solo.

Controle Fitossanitário

Para combater pragas e doenças em plantas medicinais, deve-se, inicialmente,


aplicar práticas culturais que visam reduzir o ataque das mesmas, levando-se em
consideração características da planta e os tipos de problemas mais comuns da região.

A produção de plantas medicinais propõe, gerar, produtos mais saudáveis e de


melhor qualidade. Desta maneira, o controle de pragas e doenças deve ser feito através
de práticas alternativas, como a utilização de inseticidas naturais à base de plantas, calda
de esterco, plantas riscas e companheiras.

O equilíbrio natural de todo o ecossistema requer a presença de insetos,


aracnídeos, microrganismos, etc…que convivam em harmonia. A variedade na horta é
uma das bases fundamentais para o cultivo orgânico; neste caso, quando se fala em
inseticidas, refere-se às substâncias naturais ou a compostos de elementos que
produzam efeitos repelentes ou morte dos insetos. Estes produtos atuam como
perturbadores fisiológicos, mantendo as populações de pragas em níveis toleráveis.
Desta maneira se evita a diminuição brusca de um componente do sistema e o
consequente desequilíbrio ecológico.

A utilização de plantas requer uma observação cuidadosa, já que algumas


preparações são muito eficazes em determinadas condições climáticas, porém em
outras não.

Formadora: Paula Dias Página 15


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Colheita:

“A natureza é mãe e, sabendo cuidá-la, produzirá muitos frutos”.

A colheita é a retirada de partes de plantas medicinais cultivadas para fins


medicinais. Na colheita, deve-se certificar da identificação botânica correta, parte da
planta a ser utilizada, bem como época e horário mais indicado para colher a planta.

Quanto à época e horário de colheita, variam muito de autor para autor, sendo
que, como regra geral, devemos colher partes de plantas adultas, com seu pleno
desenvolvimento vegetativo, com bom aspeto fitossanitário.

A colheita deve ser sempre realizada com tempo seco, de preferência pela
manhã (após a evaporação do orvalho) ou no final da tarde, quando o dia estiver muito
quente, devido à facilidade de evaporação de algumas substâncias da planta. Não se
recomenda colheita após um período prolongado de chuvas, pois o teor de princípios
ativos pode diminuir em função do aumento do teor de humidade na planta. Esta
humidade pode também prejudicar a secagem e facilitar o aparecimento de
microrganismos (fungos e bactérias) no material.

O material colhido deve ser acomodado com cuidado em recipientes limpos,


como cestas, caixas ou sacos, para ser transportado para a secagem.

Formadora: Paula Dias Página 16


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Secagem:

Nem sempre é possível o consumo de plantas medicinais frescas, daí a


importância da secagem, um processo de conservação bastante eficaz quando bem
conduzido. A redução da humidade ou desidratação inibe a atividade enzimática,
retardando o processo de deterioração e consequentemente preservando
características como cor e aroma que indicam boa qualidade do material.

Métodos de Secagem:

A secagem de plantas medicinais pode ser conduzida por métodos naturais,


quando ocorre a nível doméstico, ou artificial, com fins de comercialização.

Secagem Natural

A secagem natural é um processo lento que deve ser conduzido à sombra em


local ventilado, protegido de poeira e do ataque de insetos e outros animais. Este
método é recomendado para regiões que tenham condições favoráveis, como baixa
humidade relativa, temperaturas altas e boa ventilação.

O material colhido deve ser espalhado em camadas finas que permitam a


circulação do ar entre as partes vegetais, tornando a secagem mais uniforme. Para isso
podem ser utilizadas bandejas com moldura de madeira e fundo de tela. Outra maneira

Formadora: Paula Dias Página 17


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

prática é pendurar as plantas em feixes pequenos, amarrados com fios e afastados entre
si. Este método não é adequado para plantas cujas folhas caem durante a secagem.

Secagem Artificial

A secagem artificial se baseia em dois elementos básicos: a temperatura e a


ventilação, que são fornecidos de modo a que se tenha uma temperatura em torno de
35 a 45 °C e boa ventilação no ambiente, originando um produto de melhor qualidade,
e também, por aumentar a rapidez do processo. Temperaturas superiores a 45 °C podem
danificar os tecidos vegetais, bem como seu conteúdo, pois proporcionam uma “cocção”
das plantas e não uma secagem, apesar de inativar uma quantidade maior de enzimas.

Embalagem e Armazenamento

As plantas secas devem apresentar coloração e aroma o mais próximo possível


da planta fresca e boa sanidade para o armazenamento, sabendo-se que o material
estará pronto para ser embalado e guardado quando começar a ficar levemente
quebradiço, o que indica um teor de humidade para folhas e flores em torno de 5 a 10%
e para cascas e raízes entre 12 e 20%.

O período de armazenamento deve ser o menor possível visando reduzir as


perdas de princípios ativos; preferencialmente o local deve ser escuro, arejado, seco e
limpo. Entretanto, o acondicionamento do material vai depender do volume produzido
e do tempo que se pretende armazená-lo, assim maiores quantidades permitem o uso
de vasilhas de madeira (não aromática), que conservam o produto por muito tempo;
pequenas quantidades podem ser guardadas em potes de vidro ou sacos de polietileno
ou polipropileno, que também permitem boa conservação por longos períodos.

Não se tem muita informação a respeito do período de conservação das plantas


secas, mas, de maneira geral, as folhas e flores podem ser conservadas por um período
de seis meses, enquanto raízes, cascas e sementes, por mais de um ano.

O material armazenado deve ser inspecionado com frequência e, no caso do


ataque de insetos ou fungos, recomenda-se eliminar o material.

Formadora: Paula Dias Página 18


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Formadora: Paula Dias Página 19


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Formadora: Paula Dias Página 20


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

As plantas aromáticas ou plantas-de-cheiro são plantas, geralmente de pequenas


dimensões, que apresentam diversas utilizações e propriedades. Devido à sua
composição nutricional e funções que desempenham na saúde, as plantas aromáticas
são um excelente substituto do sal, conferindo sabores, aromas e cor às refeições.

As plantas aromáticas são fornecedoras de proteínas, vitaminas (A, C e complexo


B), minerais (cálcio, fósforo, sódio, potássio e ferro), fibras, componentes voláteis (óleos
essenciais) e substâncias fitoquímicas (substâncias bioativas presentes nas plantas em
pequenas quantidades, que atuam como antioxidantes, bactericidas, antivírus e
indutores ou inibidores de enzimas).

Vários estudos indicam que as substâncias fitoquímicas parecem ser as


responsáveis pelas propriedades atribuídas às plantas aromáticas, nomeadamente:
prevenção do aparecimento de cancro, funcionamento cardiovascular, reprodutivo e
nervoso e ainda como estimulante do sistema digestivo e potenciador do sistema
imunitário.

Muitas plantas aromáticas são conhecidas como excelentes fontes de


antioxidantes naturais, podendo contribuir para a ingestão diária de antioxidantes. Os
compostos fenólicos são os antioxidantes primários presentes nas plantas aromáticas
(orégão, tomilho, manjerona, salva, manjericão, funcho, coentro).

Normalmente, na cozinha, as plantas aromáticas são utilizadas frescas, mas são


também comercializadas secas, embora percam algumas propriedades. De qualquer
modo, não devem confundir-se com as especiarias, que são em geral utilizadas secas e,
muitas vezes, reduzidas a pó.

Formadora: Paula Dias Página 21


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Aipo
O aipo cresce até uma altura de 40 cm, é composto por caules de folhas, dispostos numa forma
cónica sob uma base comum, com um sabor ligeiramente salgado. Um único caule é o suficiente
para condimentar os alimentos, porque o seu óleo possui um aroma muito forte, que se mistura
aos alimentos durante a confeção. Em termos nutricionais é uma excelente fonte de vitaminas
(A, B1, B2, B5, C, E), magnésio, potássio e ferro.

Propriedades Terapêuticas Auxilia na digestão, indicado para situações de


flatulência (gases), artrites, hipertensão arterial,
colesterol, diabetes, funciona como diurético e
possui propriedades anti-inflamatórias.
Usos Culinários Sopas, saladas, carne (estufada, guisada ou
cozida).

Alecrim

O alecrim apresenta um sabor doce e fresco.

Propriedades Terapêuticas Estimula o funcionamento do fígado, facilita a


digestão, indicado para combater o cansaço físico
e mental e a depressão. Apresenta propriedades,
antioxidantes e ajuda na circulação sanguínea.
Não deve ser utilizado em situações de diarreia.
Em grandes concentrações, pode provocar
irritações gastrointestinais e nefrite.
Usos Culinários Apreciado na preparação de marinadas de carne
(carne de porco e borrego), aromatizar a água da
cozedura de massas, batatas, arroz, molhos de
tomate, saladas, manteigas aromatizadas.

Formadora: Paula Dias Página 22


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Alho
O alho devido ao facto de conter essências aromáticas é muito utilizado na cozinha, tornando
as refeições com um sabor muito acentuado. O dente de alho pode ser utilizado esmagado,
picado, fatiado. Em termos nutricionais, fornece vitaminas (B1, B2, C, provitamina A e E) e
minerais (selénio, cálcio, iodo, sódio e ferro).

Propriedades Terapêuticas Prevenção de doenças cardiovasculares: redução


das concentrações séricas de LDL, triglicerídeos,
redução da pressão arterial, inibição da agregação
plaquetária. Deve ser evitado nos casos de úlcera
gástrica, dispepsia, cistite, problemas de visão e
epiderme (erupções cutâneas, eczema).

Usos Culinários Temperar refogados no geral, utilizado no


tempero de carne, peixe, hortícolas cozidos e na
preparação de arroz, feijão, pizas e sopas.

Cebola

A cebola pode ser utilizada de várias formas, como o único ingrediente ou como tempero,
podendo ser ingerida crua, em saladas, frita ou assada.

Propriedades Terapêuticas Ajuda na eliminação do colesterol LDL, é eficaz nas


situações de asma, diabetes, osteoporose,
hipertensão arterial e arritmias cardíacas. Evita a
formação e ajuda a dissolver coágulos sanguíneos,
dissolve cálculos renais. Quando consumida crua
é eficaz nas situações de tosse, bronquite, catarro,
dor de garganta, melhora a voz, combate a
rouquidão e ajuda em situações de obstipação.

Formadora: Paula Dias Página 23


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Não deve ser consumida por indivíduos que


tenham acidez estomacal ou gases.

Usos Culinários Utilizada em variadíssimos pratos, sendo um


excelente substituto do sal.

Cebolinho

O cebolinho é uma planta bolbosa cujas folhas verdes têm um sabor picante e devem ser
adicionadas aos pratos no momento de servir, sem serem previamente cozinhadas, uma vez que
o seu aroma perde-se rapidamente. É rico em vitaminas A e C.

Propriedades Terapêuticas Propriedades, antioxidantes, ajuda na digestão e


melhora a circulação sanguínea.

Usos Culinários Aromatizar omeletes, pratos de queijo, sopas,


vinagretes, molhos de iogurte e alguns pratos de
carne e peixe.

Coentros

O coentro tem um aroma especial e um sabor marcante que combina muito bem com pescado.
Podem ser utilizadas as suas sementes, folhas, caules e até a sua própria raiz (cozida como se
fosse um legume). As folhas frescas são ricas em ferro e vitamina C. Possui quatro vezes mais
caroteno do que a salsa e três vezes mais cálcio do que esta.

Propriedades Terapêuticas Melhora a motilidade e as secreções gástricas,


propriedades anti-inflamatórias e
antibacterianas. A tisana das folhas combate
ainda a fadiga e alguns tipos de enxaquecas.

Formadora: Paula Dias Página 24


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Usos Culinários Saladas, caldos de peixe, frutos do mar, sopas,


arroz, molhos, massas, ervilhas e favas.

Endro

Podem ser usadas as suas folhas frescas ou as suas sementes que conferem um sabor forte,
picante e apetitoso aos alimentos. Apresenta quantidades de ácidos gordos importantes para o
bom funcionamento das funções cognitivas e cardíacas e compostos fenólicos.

Propriedades Terapêuticas Facilita a digestão, indicado para situações de


insónia, soluços, diarreia, distúrbios menstruais,
distúrbios respiratórios, cancro e também para
um bom estado de saúde oral.

Usos Culinários Usado na preparação de arroz, sopas, saladas,


peixes

Cidreira

A erva-cidreira consiste num arbusto com folhas esverdeadas que emana um aroma a limão.
Possui propriedades antissépticas e é mais saborosa quando colhida fresca do que quando
utilizada seca.

Propriedades Terapêuticas Atua como calmante, indicada para problemas


gástricos, dor de cabeça e depressão.

Usos Culinários Infusão, refrescos, sobremesas.

Formadora: Paula Dias Página 25


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Estragão

O estragão apresenta um sabor acentuado.

Propriedades Terapêuticas Auxilia no bom funcionamento do aparelho


digestivo, ajuda a prevenir o aparecimento de
doenças do coração, ação diurética.

Usos Culinários Preparação de vinagretes, saladas, peixes,


omeletes, molhos.

O funcho pode atingir dois metros de altura, possui uma raiz carnuda grossa e ligeiramente
canelada e produz flores de cor amarelo-vivo.

Propriedades Terapêuticas Atua no aparelho digestivo, aumenta o


peristaltismo e reduz a produção de gases.
Favorece a secreção brônquica removendo o
excesso de muco do aparelho respiratório. Os
seus teores em sais de potássio conferem-lhe
propriedades diuréticas.

Usos Culinários Tempero de saladas, preparação de pratos doces,


gratinados ou refogados, saladas, molhos, chá.

Formadora: Paula Dias Página 26


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Gengibre

O gengibre é um rizoma que apresenta um sabor picante, podendo ser usado em pratos salgados
como em pratos doces e em diversas formas (fresco, seco, em pó, em picles, cristalizado, calda
e ainda em pasta congelada). Possui uma ação bactericida.

Propriedades Terapêuticas Tratamento de gripe, tosse, alívio dos sintomas de


gota, artrite, dores de cabeça, diminui a congestão
nasal, cólicas menstruais, prevenção do cancro do
intestino e do ovário.

Usos Culinários Preparação de carnes e peixes, bebidas, sopas,


frutos do mar, saladas, manteiga aromatizada,
aromatizar sumos naturais.

Hortelã

Planta herbácea de 25 cm a 100 cm de altura, vivaz e rústica. Essa espécie é reconhecida pelas
cores verde-escuras das folhas e avermelhadas das flores, caules e pecíolos, e ainda pela sua
maior robustez e riqueza em óleo essencial. A hortelã também é conhecida como menta, é uma
planta aromática de cheiro puro, refrescante e de sabor intenso. As suas folhas fornecem
vitaminas A, B, C e minerais (cálcio, fósforo, ferro e potássio).

Propriedades Terapêuticas Planta descongestionante, a sua infusão é


indicada no tratamento de gripe. Evita situações
de azia e má digestão. Auxilia no alívio de dores
abdominais e dores musculares.

Usos Culinários Tempero de pratos salgados, aromatizar bebidas


(infusão, sumos), usada no fabrico de rebuçados,
temperar carnes (especialmente carneiro), sopas,
saladas e ervilhas

Formadora: Paula Dias Página 27


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Louro

O loureiro é uma árvore de tronco liso, que pode chegar até aos 10 metros de altura. Possui
folhas aromáticas, verde-escuras, com a página inferior verde-azeitona e sabor amargo. A sua
ação é mais eficaz quando as folhas estão secas do que frescas.

Propriedades Terapêuticas É diurético, digestivo e evita a formação de gazes.


Auxilia no tratamento de hemorroidas e
reumatismo.

Usos Culinários Peixe, carne (porco), feijão, sopas, ovos e batatas


cozidas.

Manjericão
O manjericão é uma planta anual de aproximadamente 45 cm de altura, possui um caule
finamente estriado, quadrado, ramoso, verde-claro a avermelhado na base. Quanto mais jovens
forem os rebentos, mais condimentadas são as suas folhas que possuem óleos essenciais,
vitaminas C e A. As suas folhas são grandes, ovadas e verdes claras, com cheiro fresco, forte e
ardente. Deve ser adicionado aos pratos já previamente preparados.

Propriedades Terapêuticas Combate vômitos, cólicas intestinais e diarreias.


Atua sobre o aparelho urinário, ativando os rins e
aliviando o ardor à micção. Alivia situações de
tosse, bronquite, rouquidão, dores de garganta,
ajuda a cicatrizar aftas.
Usos Culinários Carnes, peixes, sopas, massas, cozinhados com
tomate, vinagre aromatizado.

Formadora: Paula Dias Página 28


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

A altura do orégão pode variar de 25 a 40 cm. A planta é herbácea, com caules subterrâneos
(rizomas), muito ramificada, produz folhas pequenas, ovais e pecioladas, medindo de 1 a 5 cm.
As flores são pequenas, tendo cores como a púrpura, rosa, branco ou uma mistura delas,
surgindo do início do verão até meados do outono. Os orégãos apresentam um sabor forte e
aromático e fornecem óleos essenciais e vitamina C.

Propriedades Terapêuticas Estimula as funções gástricas e biliares. Auxilia no


tratamento de dispepsia, arrotos, enjoos,
flatulências e estomatites. É diurético,
expetorante e ameniza dores menstruais.

Usos Culinários Saladas de tomate fresco, molhos à base de


tomate, pratos com queijo, carnes, peixe, massas,
guisados/estufados.

Poejo

Propriedades Terapêuticas Tratamento de gripe, tosse, insónias, dores


reumáticas, calmante, bronquite, asma.

Usos Culinários Carne, peixe, sopas.

Formadora: Paula Dias Página 29


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Salsa

Existem muitas variedades de salsa, com altura de 50 a 80 cm. Tem folhas tipicamente divididas
e aromáticas. Contém vitaminas (A, e C), minerais (cálcio, ferro, magnésio, enxofre e potássio) e
bioflavonoides. Deve ser consumida crua.

Propriedades Terapêuticas É diurética, combate a formação de gases, alivia


os sintomas de bronquite, asma, cólicas
menstruais, auxilia no tratamento de cálculos
renais.

Usos Culinários Sopas, saladas, peixe, carnes.

Salva

A salva apresenta as folhas aveludadas e um aroma de cânfora.

Propriedades Terapêuticas Reduz flatulência, anti-inflamatória e anti


carcinogénica (demonstram que estes alimentos
protegem-nos de tumores).

Usos Culinários Recheio e preparação de carnes, marinadas,


sopas, feijão, molhos de tomate, queijos, batatas
e biscoitos.

Formadora: Paula Dias Página 30


Manual de Cultivo de Plantas Aromáticas e Medicinais

Segurelha

Propriedades Terapêuticas Propriedades antissépticas, fungicidas,


antidiarreicas e antivirais. É muito utilizada para
combater inflamações das vias respiratórias,
gases e cólicas, inflamações cutâneas (otites,
estomatites, vaginites, queimaduras).
Usos Culinários Temperar saladas, carnes, sopas, leguminosas,
batata e cenoura.

O tomilho é um pequeno arbusto (altura de 20 a 30 cm), com poucos ramos, cujas folhas são
inteiras, pequenas, de forma oval, tendo juntamente com os caules, odor parecido ao da hortelã.
Da sua composição nutricional destacam-se as vitaminas do complexo B, vitamina C e o
magnésio.

Propriedades Terapêuticas Digestivo, anti-inflamatório, expetorante (ajuda a


limpar as vias respiratórias).

Usos Culinários Receitas de aves e caça, preparação de molhos,


sopas, saladas, guisados/estufados, pratos com
tomate e queijo. Bom substituto do sal.

Formadora: Paula Dias Página 31

Você também pode gostar