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Nàná Buruku - A poderosa dona dos cauris

ASPECTOS PARTICULARES DE NANÃ:


Nomes: Nana Buruku; Nana Buku; Nana Burukê, Ana Buruku.
Saudação: Saluba Nana. Sálù bá Nàná Burúkú! (Nos refugiaremos com Nàná da morte
ruim).
Cores: Roxo. Salpicada de vermelho (suas roupas parecem banhadas em sangue).
Branco com traços azuis-claros ou roxos. Roxo-claro; branco listrado de azul-claro. Preto
e Roxo.
Dias da Semana: segunda-feira ou sábado ou terça-feira.
Dia da Semana Yorubá: ojo isegun (dia do vencedor).
Data: 26 de julho.
Domínios: águas calmas, profundas e paradas. Pântanos, Mangues, Lodo. Vida e morte,
saúde e maternidade. Lama. Ruínas.
Símbolos: ibiri (cajado de palha feito das nervuras da palmeira e tiras de couro,
semelhante ao xaxará com uma das pontas curvas) e os bradjás (contas feitas com
búzios, dois a dois, e cruzadas nos peitos, indicando ascendente e descendente).
Pedra: Ametista.
Metal: não usa. Apesar de alguns usarem o latão.
Folhas: mostarda, da costa, manacá, oji-oro, oxibatá, papoula roxa.
Partes do corpo: protege a barriga, o útero, a parte genital feminina, protege as
mulheres gestantes.
Odu que rege: Eji-Ologbo; Odilobã.
Comida: aberém (milho torrado e pilado do qual é feito um fubá; com açúcar ou mel);
mugunzá; mostarda e taioba. Milho Branco. Moqueca de Peixe e camarão com farinha de
milho. Feijão com coco; efó; pirão com batata roxa; jaca; sarapatel.
Bebida: vinho branco.
Animal: rã.
Arvore: Obaobá (Adansônia Digitalis L – Osse para os iorubás e para os fons é
Akpassotin).
Elemento: água parada e lama. Água e terra.
Ewó: multidões e instrumentos de metal.
Ações: Protege contra feitiços e perigos de morte.
Região da África: antigo Daomé.
Número: 13.
Sincretismo: Sant'Ana; Nossa Senhora do Carmo (católico); Ceres, Cybele, Deméter
(greco-romano).
Sephirah: Daath.

Culto a Mãe:
A religião sagrada matriarcal da Mãe Cósmica representada na esfera terrestre como
Gaia, Deméter, Arianhod, Vênus, Ártemis, Kali, Lakshmi, Kuanin, INANNA,
Lilith, Maat, Brigit, Ceridwen, Ishtar, Astarte, entre algumas das denominações
que sabemos que foram utilizadas para esta divindade, que na verdade representa a
essência divina feminina do nosso planeta e da sua consciência Cristica interna, como
parte do cosmos e da própria criação, como parte de DEUS PAI-MÃE, existente em tudo
e todas as coisas do universo, sejam estrelas, planetas do firmamento.
Portanto essa antiga religião ligada ao poder das ervas, animais, xamanismo, elementais
e a própria fertilidade da criação no processo evolutivo do universo, possui uma forte
ligação com a busca da paz interna.
Coloquei em ressalva o nome da deusa Inanna, esse nome lembra a nossa amada Orixá
NANÃ, que é a mãe de todos os orixás, a vovó sagrada, ligada à essência da Chama
Violeta, esposa ou complemento do Orixá OMULU.
Isso nos dá muito que pensar sobre a real origem dessa deusa feminina, que representa
o poder da fertilidade, sexualidade, realização da criação direta sobre todas as coisas,
pois se analisarmos com profundidade perceberemos que o próprio universo convexo é
um grande útero, portanto o espaço representa a parcela feminina de DEUS.
A parcela masculina é justamente o fecundador, que é a luz dentro de sua vasta gama do
espectro eletromagnético, que pouco conhecemos, além da luz visível pela nossa ótica
humana, que é bem limitada entre 400 NM e 750 NM.

Origem:
Quando Orunmilà chegou aqui para frutificar a terra, ela já estava. A mais temida e
velha dos Orixás. Senhora dos pântanos, chuva e da lama, a geradora da morte.
Comanda o portal entre as dimensões. É mãe de Omulu.
Nana divindade da cultura Fanti-ashanti, adotada pela cultura yorubana.
É a mais antiga Aiyabà, originária da Costa do Ouro, atual Gana, onde possui um templo
na cidade de Late. Outros pesquisadores dizem ser de Dassa Zumê onde Pierre Verger
encontrou um Templo dedicado a ela.
A área que envolve seu culto é muito vasta estendendo-se do leste do rio Níger até a
região Tapa, a Oeste, vai a região dos guangue e a nordeste os ashanti.
Nàná Buruku, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação
do mundo, pois quando Odùduà separou a água parada que já existia, e liberou do "saco
da criação" a terra, no ponto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local
onde se encontram os maiores fundamentos de Nàná.
A avó dos Orixás, Nanã Buruku (Buru = espírito; Ikú = morte) Vodum da lama, dos
pântanos, seu símbolo, o Ibiiri (I-Biri = enrolou repentinamente ou Ibi = nascimento; Ri
= previamente), assemelha-se ao Sasará [xaxará] de Omolu, mas é voltado na ponta
superior, forrado com as cores azul e branco ou roxo, incrustado de búzios. O feixe de
nervuras de palmeira, que formam seu interior, bom como os búzios, representam seus
descendentes (filhos), pois Nanà é a grande genitora mítica.
Também chamada de Nanà Burukè, Buruku, Ananburukú. No Daomé, aparece como
a mãe Mawu (feminino) e Lisá (masculino), casal gerador da humanidade. Nos cultos
brasileiros é considerada a mãe do todos orixás, é a mais velha das águas; também orixá
da chuva e da lama, que deu origem a terra. Tem também relações com a morte.
O termo Nana significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra.

Entre os fons e mahi é considerada uma divindade hermafrodita anterior a Mawu e Lissa,
as quais teriam dado origem em associação à “Serpente do Universo”: Dan Aido Hwedo.
Para os ewe e mina, as vezes ela é vista como um vodun masculino (Nana Densu) esposo
da grande mãe das águas (Mami Wata).
No Brasil é cultuada no Candomblé Jêje como um vodum e no Candomblé Kêtu como um
Orixá das lama, águas paradas, mangue, terra molhada e considerada a mãe dos Orixás.
Em certos mitos é considerada a esposa de Oxalá, e ainda mãe de Omolu e Oxumarê,
orixás procedentes da mesma região que ela. Em outros é a mãe também do Orisà’s
Iroko e Ossaim, mas por ser a deusa mais velha da seita, é respeitada como mãe de
todos os outros Orisà’s.

Significado:
É a ancestral feminina de todas as divindades aquáticas. É a purificadora da
atmosfera, a divindade das chuvas e seu elemento é o barro que moldou o mundo. Está
associada à água, à lama e à morte. Ela é a senhora dos pântanos, da argamassa e dos
lírios que nascem nos pântanos.
Nana conserva consigo o segredo da criação do homem e da própria essência da vida.
Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e para os povos jêje, da região do antigo
Daomé, significa mãe.
Nesta região onde se encontra a República do Benin, Nàná muitas vezes é considerada a
divindade suprema e talvez por essa razão é freqüentemente descrita como um Orisá
masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral de
nosso povo, é a Iyá Agbá (mãe antiga) por excelência.
Nana detém o poder dos Eguns, assim como Oyá. Os mortos e os ancestrais são seus
filhos e são simbolizados pela haste do Atori ou nervuras das palmeiras, dos quais é
formado o Ibiri (espécie de vassoura). Dizem que ela nasceu com o Ibiri, não lhe foi dado
por ninguém.
É filha do pássaro Atiorô da cidade de Ofé, e é a Orixá da justiça, Nàná não roda na
cabeça de homem.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano.
Porém, quando ainda na Pré-História o homem se viu diante do mistério da morte, no seu
âmago irrompeu um sentimento ambíguo, onde os mitos aliviam essa dor e a razão
aponta para aquilo que é certo em seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, neste momento Nàná
se faz compreender, pois nos primórdios da história, os mortos eram enterrados em
posição fetal, remetendo-nos a uma idéia de nascimento ou renascimento. O homem
primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de
Nàná Burúkú.
Nàná é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o
poder. Entender Nàná é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a
terra, pois Nàná é a História. Nàná é a água parada, água da vida e da morte. As águas
paradas e lamacentas dos pântanos têm uma aparência morta, à primeira vista ninguém
imagina que por trás daquelas águas possa existir vida, que sob a benção de Nàná a vida
de plantas de grande fundamento como o oxibatá e o Ojú Orò são possíveis. Estas
plantas buscam nas profundezas dos pântanos, na lama, a vida e o sustento. Nàná é a
alma da água que permite ao Ojú Orò e ao oxibatá nascer, viver e florescer.
A sua configuração de terra e lama: "A terra deve ser umedecida sempre que seca e
quente, a umidade e o frescor representam a paz e o equilíbrio. Colocar água sobre a
terra significa não só fecundá-la, mas também lhe restituir seu “sangue" branco com o
qual ela "alimenta" e propicia tudo que nasce e cresce e, em decorrência os pedidos e
rituais a serem realizados. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo".
Sua ligação com água e lama, a associam à agricultura, à fertilidade, aos grãos. Ela
recebe em seu seio os mortos que permitem o renascimento. Esse aspecto de conter e
processar coisas em seu interior, esse segredo ou mistério que se opera em seu domínio
é representado pelo azul, e sua capacidade genitora pelo branco.
Por causa de seu poder, a terra é invocada e chamada testemunhar em todos os tipos de
pactos, particularmente nas iniciações e nas guardas dos segredos. Em caso de litígio ou
traição, acredita-se que a terra fará justiça:
Ké ilè jéèri que a terra testemunhe.
Sàáláre: òrisá láàre Orixá da justiça.
Nàná pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas isto para
aqueles que encaram este final como algo negativo, como um fardo extremamente
pesado que todo ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas
que têm o coração repleto de maldade e dedicam sua vida a prejudicar o próximo
preocupam-se com isso, aqueles que praticam boas ações, vivem preocupados com o seu
próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si,
só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável
na vida de todo ser; a sua certeza é a evolução e a imortalidade de seu espírito.
Ninguém, jamais, deve jogar pragas ou desejar o mal ao próximo, pois tudo é dividido,
portanto, quem desejar e praticar o bem serão sempre felizes, afinal quem planta uma
boa semente colhe frutos sadios. Nàná está encarregada de cobrar a dívida de nossas
vidas, e ela é implacável, seus castigos são como as chuvas de verão: tardam, mas não
falham.
Todo ser humano deve saber que a ganância não leva a nada, desse mundo só se leva o
que se trouxe, a vida, que é dada e tirada por Nàná. Todos nascem predestinados a
voltar. Ao nascer a criança chora, isto é uma obrigação da vida, da dor de vir a Terra e do
peso da certeza de que veio, mas voltará. Viver-se-á com dignidade saudando e
respeitando Nàná, para que ao final Nàná receba o espírito com a consciência da
evolução para encarnações futuras.
Nàná, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso cotidiano, se você conhece a própria
vida e o próprio destino então conhece Nàná, pois os fundamentos dos Orisà’s e do
Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso Orisà.
Nàná assegura uma vida saudável e com bastante energia positiva àqueles que a
agradam. Pode ajudar na maternidade, mas sua principal função é garantir o grão e o
pão de cada dia a todos que merecem.
Nàná é a protetora das humildes lavadeiras que obtêm seu sustento às margens dos rios,
que com os pés descalços pisam a lama, a raiz do fundamento de Nàná, o segredo da
vida.
É na morte, a condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os
mistérios de Nàná. Respeitada e temida, Nàná, deusa da lama, da terra, a juíza que
castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.
Água parada que mata derrepente, ela mata uma cabra sem usar a faca. É considerada
"ORIXÁ MAIS ANTIGO DO MUNDO".

Instrumentos:
Nana desconhece o ferro por tratar-se de um Orixá da pré-história, anterior a Idade do
Ferro.
Os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os
órgãos genitais femininos, também pertencem a Nana. Senhora de muitos búzios Nana
sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. A relação de Nanà-Òkú òrun com a
fertilidade é representado pelo uso abundante de cauris (búzios). Os cauris desprovidos
dos seus moluscos constituem os símbolos por excelência dos "dobles" espirituais e dos
ancestrais. Bradjás, ou Ìbàjá, filas de cauris enfiados dois a dois em pares opostos,
cruzados em diagonais na frente e atrás, representam claramente o resultado da
interação da direita e da esquerda, do masculino e feminino, passado (poente-atrás) e
futuro (nascente-frente).
Nàná é o começo porque Nàná é o barro, e o barro é a vida. Nàná é a dona do Asé por
ser o Orisa que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos Igbá’s (que deveriam ser de
barro) aquela que permite o nascimento dos deuses (o barro dos igbá’s) e dos homens.
Entre os símbolos de Nana está o Ibiri. Que é feito com palitos de dendezeiro e nasceu
junto com ela, na sua placenta. Ele representa a multidão dos eguns, que são os seus
filhos na terra dos homens, e Nana o carrega como se ninasse uma criança. Os mortos e
os ancestrais são seus filhos simbolizados pelas hastes de Atori (uma vara simbólica) de
Odàn ou pelas nervuras das palmas de íguí-òpe.
Contudo, o símbolo que melhor sintetiza o caráter de Nana é o grão, pois ela domina
também a agricultura e todo grão tem que morrer para germinar. É a morte que gera
vida, a morte é a única certeza na vida de cada um. Nana é água parada que mata de
repente. É a terra que acalenta os mortos e os grãos, que os prepara para renascer ou
florescer.

Ritual:
Por ser uma figura ancestral, anterior inclusive à Idade dos Metais, nos sacrifícios de
animais que lhe são consagrados é terminantemente proibido o uso de facas. Inclusive os
Eleguns de Nana jamais poderão pegar em objetos de metal dentro dos rituais.
Muitos sacerdotes não raspam os filhos de Nàná devido à dificuldade e aos rituais
extremamente complexos que envolvem sua iniciação, mas também por serem
considerados seres privilegiados, que estão acima dos rituais de iniciação, pois ter Nàná
como Orisá é uma dádiva, ou ainda por medo, porque Nàná tem seus fundamentos na
nação jêje, possui um "carrego" muito pesado e não admite qualquer falha ao
cumprimento de seus preceitos.
Todos, independentes do Orisá ou do tempo de iniciação, deve curvar-se diante de Nàná,
quando o nome de Nàná for pronunciado é obrigação de qualquer fiel do Candomblé
levar sua mão a terra e cruzar o seu Ori (cabeça).
Na África, diversas são suas apresentações, nomes e indicações, variando muito de região
para região.
Na sua oferenda usa-se o obé (faca) de madeira, que é anterior ao ferro.

Os Eleguns de Nàná dançam com a dignidade que convém a uma senhora idosa e
respeitável. Seus movimentos lembram um andar lento e penoso, apoiado num bastão
imaginário que os Eleguns, curvados para frente, parecem puxar para si. Em certos
momentos, viram para o centro da roda e colocam seus punhos fechados, um sobre o
outro, parecendo segurar um bastão, num gesto semelhante aos praticados na África.
Sua saudação é Saluba.
Prefere ao setô (um ritmo de dança) entre todas as outras quando dança. Todas as
Eleguns de Nàná trazem na mão um cajado, no alto do qual está um pedaço de galho.
Parecem rememorar a peregrinação por ela realizada no passado. Vão-se apoiadas em
seus bastões, andando um pouco de lado com passos lentos. Os pés tocam o chão com
certa precaução, suas atitudes imitam a fadiga de uma longa viagem. De vez em quando
param, inclinando-se para frente para saudar, e depois arqueiam o corpo para trás. Nesse
momento os que as assistem devem sustentá-las para evitar que caiam.

O seu fundamento encontra-se nas águas paradas dos lagos e nas águas lamacentas dos
pântanos. Estas lembram as águas primordiais que Odùdùwa (segundo a tradição do
Ifé) ou Oranyan (segundo a tradição de Oyó) encontraram no mundo quando vieram à
terra.
Nàná também é conhecida por Iniê e parece desempenhar um papel de Deus Supremo
nos seus orikis (rezas).
Em todos os templos há um assentamento sagrado, salpicado de vermelho, reservado a
ela, no qual só ela pode tocar.
Sua roupa também é salpicada de vermelho e parece coberta de sangue. É a Orixá que
obriga os fons (tribos) a falar nagô (iorubá) e a que mata uma cabra sem utilizar a faca.

Nànà não roda na cabeça de homem, aliás, Nànà abomina a figura masculina, pois o
homem, através do esperma, líquido que é símbolo de Oxalá, semeia o óvulo e gera uma
nova vida. Nànà é a morte que reside no âmago da vida, que possibilita o renascimento.
A vida e tudo que a representa - o esperma (homem) e o sangue - são considerados
tabus para Nànà.

Nunca devemos evocá-la sem um motivo muito forte. Mesmo seus próprios filhos. É um
orixá muito poderoso e de tendência devastadora, quando provocado. Seus preceitos são
extremamente complexos e ricos em detalhes. Se o babalorixá não tiver perícia e
conhecimento, poderá cometer erros que serão fatais, tanto para ele como para o
iniciado.

Raramente um filho de Nana é incorporado por sua energia, sendo que suas aparições
nos terreiros têm um intervalo mínimo de três anos. Quando alguém a incorpora, deve-se
interromper o xirê para saudá-la em especial. Coloca-se, em suas mãos, um cajado de
ponta curva, recoberto de búzios, e uma base de palha desfiada, com o qual ela insinua
uma varredura do ambiente, limpando-o de todas as más influências. Se a noviça não
estiver paramentada com as roupas rituais, amarra-se um torço na cabeça, juntamente
com algumas folhas especiais de Nana (mamona, flor da noite, etc.), recobrindo os
olhos. Os voduns jêjes não costumam revelar seu rosto.

Por ser uma figura ancestral, anterior inclusive à Idade dos Metais, nos sacrifícios de
animais que lhe são consagrados é terminantemente proibido o uso de faca (em alguns
casos é utilizado obé de madeira), pois a própria Nàná mata uma cabra sem utilizar a
faca.
Nos sacrifícios as partes dos animais que são oferecidos aos Orisà’s chamam-se Asé,
depois de permanecerem algum tempo diante do Orisà são levantados e despachados
geralmente nas águas. Este procedimento tornou-se comum nos Candomblés de São
Paulo devido à falta de espaço, os asés deveriam ser enterrados no próprio templo para
renovar as forças da casa e fertilizar o solo, afinal a água não precisa ser fertilizada
porque ela é a própria vida.

A dança dos pratos, que é uma festa especialmente preparada para Nàná, é feita no
Brasil somente pelo GANTOIS, na Bahia, pois no meio da cerimônia Nàná aconchegou-se
e disse a hora e o dia em que ia morrer.
Assim foram os segredos, encantos e mistérios de Nàná, assim foram os feitos e efeitos
de suas magias...

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