Volta Redonda
2017
JESSICA MITIE KOTAIRA
WEVERTON COSTA DE SOUZA
Volta Redonda
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
CDD
KOTAIRA, Jessica Mitie; SOUZA, Weverton Costa. Controle interno e falhas na auditoria:
um GAP para a contabilidade criativa. 72p. TCC (Bacharel em Ciências Contábeis) –
Universidade Federal Fluminense - UFF. Volta Redonda, 2017.
RESUMO
O objetivo geral deste estudo foi avaliar a influência dos controles internos para evitar
falhas de auditoria e, por conseguinte, reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade criativa,
com ênfase para as empresas multinacionais e limitadas (Ltdas) de médio e grande porte no
Brasil de distintos setores. Esta pesquisa tem lastro na literatura especializada, não
exclusivamente, em que foram extraídos os procedimentos de controles internos. Foram
levantados mais de 100 títulos dos recortes teóricos nacionais e internacionais. Foram
levantados 84 procedimentos de controles internos. Para melhor compreensão e análises
subjacentes, esses procedimentos foram organizados em 6 (seis) grupos. Em seguida foi
elaborado um questionário do tipo escalar/matriz de julgamento, por grau de influência (1 –
menor importância; 5 – maior importância) para ser endereçada a especialistas de empresas
multinacionais e empresas Ltdas de médio e grande porte brasileiras. Os especialistas foram
selecionados por critérios técnicos e científicos, com conhecimento e experiência sobre o
objeto de investigação. Neste sentido, os perfis foram levantados de uma rede social Linkedin,
em que foram selecionados mais de 150 (cento e cinquenta) perfis. Antes da aplicação
definitiva do instrumento, foram realizados 4 (quatro) pré-testes com objetivo de verificar
qualquer inconsistência no instrumento, como por exemplo, grau de complexidade,
compreensão e tempo de resposta demandado pelos especialistas, entre outros. Após os
ajustes necessários, a matriz foi disponibilizada no GoogleForms para aplicação definitiva e
então submetida para a referida coleta dos dados. Foram encaminhados mais de 120 (cento e
vinte) questionários para os respondentes; e 13 (treze) foram retornados. De posse dos
resultados, alguns questionários foram eliminados devido a inconsistências ou viés
apresentados. Em seguida os dados foram organizados em gráficos para melhor visibilidade
das informações. Os resultados mostraram-se satisfatórios, validando os procedimentos
metodológicos apresentados. É factível e plausível afirmar que o estado da arte e o estado da
prática estão muito próximos para as empresas multinacionais. Ou seja, de uma forma geral,
todos os procedimentos de controles internos são importantes e aplicados a esta categoria de
empresa. Por outro lado, há um gap muito grande entre o estado da arte e o estado da prática
na perspectiva das empresas de médio e grande porte ltdas. Evidentemente, considerando a
experiência brasileira.
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO................................................................ 11
1.3 OBJETIVOS.................................................................................................... 12
1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................. 12
1.5 METODOLOGIA.................................................................................. 14
2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 17
3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 27
3.2 A PESQUISA.................................................................................................. 27
REFERÊNCIAS................................................................................................... 41
ANEXO................................................................................................................. 45
APÊNDICES........................................................................................................ 46
11
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
na Securities and Exchange Commission (SEC), até mesmo estrangeiras, além da elaboração
de procedimentos de auditoria e segurança confiáveis (COUTO; MARINHO 2009).
Baseado nessas considerações, esta pesquisa pretende investigar um conjunto de dados
sobre a auditoria e controles internos, que age principalmente como um instrumento para
intimidar a aplicação da denominada “Contabilidade Criativa” e proteger os direitos dos
investidores, credores, financiadores e outros credores. Neste sentido, esta pesquisa tem por
objetivo avaliar a influência dos controles internos para evitar falhas de auditoria, e por
conseguinte, reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade criativa, com ênfase para as
empresas multinacionais e Ltdas de médio e grande porte no Brasil.
1.2 Objetivos
Avaliar a influência dos controles internos para evitar falhas de auditoria, e, por
conseguinte, reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade criativa, com ênfase para as
empresas multinacionais e Ltdas de médio e grande porte de distintos setores no Brasil.
1.4 Justificativa
“A existência da contabilidade criativa nas empresas tem exercido aflição por parte
dos especialistas da ciência contábil” (SÁ; HOOG, 2010). As demonstrações contábeis
destacadas com o uso da contabilidade criativa levam os usuários da informação contábil a
enganos de verificação sobre a real performance patrimonial da entidade. Conforme
pesquisado por (JONES, 2011), a prática da contabilidade criativa tem sido frequentemente
usada em países como Reino Unido, Espanha, Canadá, Nova Zelândia, e, sobretudo nos
Estados Unidos onde vários escândalos contábeis ocorreram nas duas últimas décadas.
13
Isto remete além dos procedimentos de controles internos, as pauta das prioridades das
empresas contar com profissionais da Área de Contabilidade ou não, capacitados e
vislumbrem qualidade em suas atividades, tendo em mente que a ética ainda deve permear
todo o aparato de qualquer profissional. Espera-se com isto, mais uma vez minimizar erros,
fraudes ou qualquer outra inconsistência, além de chamar a atenção para a necessidade de
contar com princípios éticos que são ou deveriam ser inerentes a qualquer profissional da
Área Contábil ou não.
Por fim, não pretende aqui ser uma “camisa de forças”, mas contribuir para que outras
pesquisas possam ser exploradas por caminhos mais livres. Crê-se ainda que esta pesquisa
possa apresentar implicações tanto teóricas para futuras pesquisas, bem como implicações
práticas, e que esta contribuição possa ser ainda mais um instrumento nas “mãos” dos
gestores e usuários da informação em suas tomadas de decisões.
1.5 Metodologia
Empresas de médio e grande porte – LTDA: iniciou com uma matriz de julgamento
destinado a 8 (oito) profissionais da área contábil que também deveriam expor as suas
percepções avaliando o grau de importância (grau de influência) dos controles internos para
evitar falhas de auditoria, e por conseguinte, reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade
criativa na perspectiva das empresas brasileiras. Os profissionais buscados eram os mais
experientes, os quais tinham um conhecimento limitado da área contábil e da auditoria, neste
seguimento, os valores estão entre 0 (zero) a 5 (cinco).
Apresenta-se nessa pesquisa em seu escopo, as amostras e coletas dos dados e, por
fim, os critérios de Análises dos Resultados, utilizando gráficos para o melhor entendimento.
2.1 Introdução
Schmidt e Santos (2006), controle é uma atividade que mede, avalia e indica se os
objetivos do negócio estão realmente sendo alcançados, buscando soluções, caso necessário.
Segundo Almeida (2009, p. 42), “controle interno representa em uma organização o
conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos,
produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos
negócios da empresa”. Os controles internos têm a atribuição de gerenciar as informações em
todos os setores da organização para que sejam respeitadas todas as suas políticas, atingindo a
eficiência esperada com relação à transparência nas informações fornecidas aos usuários
(PETERS, 2004).
Uma das questões mais relevantes na aplicação dos controles internos nas empresas é
o de fornecer aos acionistas satisfatórias garantias de que a conduta das atividades está
apropriadamente controlada. Segundo Attie (1992, p.200), é “impossível conceber uma
empresa que não disponha de controles que possam garantir a continuidade do fluxo de
operações e informações propostas”.
Os princípios de controle interno representam o conjunto de regras, diretrizes e
sistemas, que visam ao atendimento de objetivos específicos, que para Peter; Machado (2003,
p.25) são:
18
De acordo com Sá (2002, p.23), “[...] o termo auditoria, de origem latina (vem
de audire-ouvir), foi utilizado pelos ingleses para rotular a tecnologia contábil da revisão
(auditing – auditar, revisar), mas hoje tem sentido mais abrangente”.
Attie (2000, p.25) define que “a auditoria é uma especialização contábil voltada a
testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar
uma opinião sobre determinado dado”.
Com base em tais conceitos, pode-se concluir que a importância da auditoria está
diretamente ligada à necessidade de administradores e investidores sobre a real situação
econômica do seu empreendimento, surgindo então, a opinião de um terceiro independente,
com ausência de influencias por decisões da própria empresa.
O conceito de auditoria pode ser subdividido em dois diferentes tipos, a saber: interna
e externa vão depender do vínculo existente entre a empresa auditada e o auditor.
De acordo com Jund (2001, p.26), “a auditoria externa é uma das técnicas utilizadas
pela contabilidade, ou seja, aquela destinada a examinar a escrituração e demonstrações
contábeis, a fim de confirmar sua adequação”. Com as escriturações contábeis, a auditoria
externa executa suas atividades, atividade que se da basicamente por meio de conferências
para a confirmação da veracidade dos dados.
Os objetivos da auditoria externa faz dela um importante instrumento de controle, de
verificação para assegurar a fidelidade bem como as deficiências que podem existir. No
contexto da auditoria, o auditor independente mede o grau de confiança do controle interno,
informando a existência de fraude e erro quando estes afetam as demonstrações contábeis,
esse profissional não tem qualquer tipo de ligação com a empresa.
“A intervenção do auditor independente é ajustada em contrato de serviços,
destacando a importância de sua contratação por empresas terceirizadas, para que a auditoria
ocorra sem vínculos e fraudes”, Crepaldi (2000). A necessidade do auditor externo se dá pelo
fato de que sua atividade deve ser realidade sem qualquer análise pessoal, mas sob uma ótica
profissional da situação real e atual que a entidade se encontra.
A contabilidade é uma ciência social que estuda e controla o patrimônio das entidades.
Neste contexto, Franco (1997) referencia que a contabilidade é uma ciência social que estuda
os fenômenos no patrimônio das entidades, mediante registro, classificação, demonstração,
análise e interpretação dos fatos contábeis, objetivando oferecer informações e orientação
para a tomada de decisões. Compartilhando da mesma visão, Marion (2007) aborda que a
contabilidade é uma ciência social que estuda o comportamento das riquezas que se unificam
ao patrimônio das entidades, em face das ações humanas. A partir do objetivo da ciência
contábil, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) diz que:
Cordeiro (2003, p.1) afirma que “para elaboração da informação contábil, existem
normas a seguir que não podem deixar de incluir elementos de subjetividade e cuja aplicação
requer em muitos casos a realização de estimações por parte da empresa, abrindo assim a
possibilidade de uma mesma realidade ser refletida de formas diferentes”. Nesse contexto,
onde há espaço para interpretação de fatos e subjetividade surge à contabilidade criativa.
Segundo Sá; Hoog (2010, p.3), “as normas ainda não conseguiram alcançar uma forma
que possibilite a imagem fiel da riqueza patrimonial ou dos resultados e como consequência
ocorre à contabilidade criativa”. Contabilidade Criativa é uma expressão original inglesa, que
corresponde à tradução brasileira como contabilidade criativa, sendo “de origem anglo-
saxônica – tanto em sua forma prática, quanto em sua estratégia” (KRAEMER, 2004, p.2). As
extensas pesquisas acadêmicas e as controvérsias na área empresarial sobre o tema tiveram
início na década de 80 no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte)
desde então vem recebendo importância, principalmente após a década de 90, sendo tratada
como um fenômeno no Canadá, Nova Zelândia, Espanha e, principalmente, Estados Unidos
(JONES, 2011).
21
Para Shah (1998), a contabilidade criativa apesar de ser uma prática legal, causa
controvérsias, dividindo opiniões entre os profissionais e por fim, acaba desvalorizando o
prestígio da ciência contábil, ou seja, é uma influência negativa. Oliveira (2010) adota o
mesmo entendimento de Shah (1998) ao publicar que a contabilidade criativa, apesar de ter a
sua aplicação legal, é eticamente censurável. Para Niyama (2008), a contabilidade criativa é
amplamente comum nos países que utilizam como sistema vigente o regime common law. No
Brasil, que está emergindo do sistema codelaw para o common law, a prática da contabilidade
criativa, se torna mais árdua, pois o contador utiliza a contabilidade, especialmente, para
atender as demandas do fisco (MARION, 2007).
Para entender as relevantes regras legais que conduzem à prática de contabilidade
criativa, Ferreti (2003) através de um estudo, evidenciou que países que utilizam como
sistema vigente o regime codelaw, apresentam menos possibilidades ao uso da contabilidade
criativa, em contrapartida, países que adotam o regime common law (principalmente Estados
Unidos) apresentam mais possibilidades na criatividade.
A tradição Common Law origina-se nas leis da Inglaterra, e tem sido transplantada
por meio de conquistas e colonização para as Colônias Inglesas, incluindo os
Estados Unidos, Austrália, Canadá e muitos países da África e Ásia. A tradição Civil
Law, que tem suas raízes no Direito Romano, foi esquecida durante a idade média,
mas redescoberta pela Igreja Católica no século onze e adotada por muitos países
continentais, incluindo a França. Napoleão exportou o código Francês para a maioria
da Europa, incluindo a Espanha por meio da conquista. O código Francês foi
posteriormente transplantado por meio de conquistas e colonizou a América latina e
parte da África e Ásia.
Ainda segundo o autor, o sistema codelaw tem sua regulamentação baseada no Direito
Romano, em que os Poderes Executivo e Legislativo são soberanos, ou seja, o Governo é
responsável por editar leis ou regulamentos das normativas contábeis. Portanto, o regime
legal codelaw vigente em países como Alemanha, França, Japão e Brasil tem que ter um alto
grau de detalhamento das regras a serem aplicadas, não concedendo maiores tolerâncias na
elaboração de demonstrações financeiras. Outro tópico importante, é que a profissão contábil
tem pouco destaque na publicação de normas contábeis. Niyama (2008), países como Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte), fazem parte do sistema legal common law, que é o direito que se
desenvolveu por meio das decisões dos tribunais e não mediante atos Legislativos ou
Executivos. No regime common law, o direito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes, portanto,
não é necessário detalhar as regras a serem aplicadas. Ainda segundo Niyama, a profissão
contábil é auto regulamentada e responsável pela edição de normas contábeis, padrões de
auditoria, critérios e procedimentos para atuação dos contadores e auditores. Assim, o
common law tem pouca influência do Governo.
Para entender os objetivos da prática (AMAT; BLAKE; GUTIÉRREZ, 2005) foram
mais adiante e evidenciaram que o uso da contabilidade criativa pretende, especialmente, o
eventual efeito sobre os julgamentos dos investidores. Isto conduz as empresas cotadas a criar
uma performance financeira e patrimonial com um melhor destaque da entidade no mercado
de ações.
Dentre várias motivações para as empresas utilizarem as práticas da contabilidade
criativa, as principais destacadas por Kraemer (2004, p.5) são:
A lei federal SOX, também conhecida como Public Company Accounting Reform And
Investor Protection Act Of 2002, popularmente chamada de Sarbox ou SOX, foi sancionada
em 30 de julho de 2002, reflete uma das principais respostas contra as manipulações nos
balanços financeiros e escândalos de fraudes contábeis descobertos em grandes corporações
norte americanas (PETERS, 2007).
A SOX estabeleceu um novo cenário de governança corporativa e dessa forma
produziu uma união de novas responsabilidades e penalidades aos administradores para evitar
práticas nocivas que representam riscos elevados às sociedades anônimas. Para Lélis; Pinheiro
(2008), a elaboração da lei surge devido aos escândalos e fraudes que apareceram no mercado
norte americano de ações, fato que obrigou todas as organizações negociadas no país a seguir
novos padrões de controles internos detalhados na lei SOX. As normas exigiram dos
principais executivos a redução de riscos ao publicar as demonstrações financeiras, reduzindo
a probabilidade de golpes milionários. Como exigência da lei, todas as empresas, até mesmo
estrangeiras, que negociam títulos registrados na Securities And Exchange Commission (SEC)
23
e títulos American Depositary Receipt (ADR) nas bolsas americanas, sejam elas do próprio
país ou de outros, estão obrigadas a se ajustar às suas imposições. Desta forma, as
organizações brasileiras com capital subsidiado por empresas estrangeiras que operam no
mercado americano estarão sujeitas às exigências da lei Sarbanes - Oxley (LIMA; MACIEL;
LIBONATI, 2008).
Neste contexto percebe-se a enorme aflição dos Americanos com a normatização das
atividades corporativas e com transparência nas informações publicadas em relatórios
contábeis. Esta inquietude impulsionou a Lei Sarbanes - Oxley que trouxe significativas
modificações para monitorar a demanda de informações. Silva (2010) expõe que na década
de 1990, no Brasil, houve grandes perdas entre os mais variados agentes econômicos,
pequenos e grandes investidores, devido à crise das companhias de capital aberto e
instituições bancárias. Neste período houve também escândalos corporativos, confirmando a
urgência de modificar as regulamentações de monitoramento as práticas empresariais, de
elaboração, publicação e auditoria de demonstrações contábeis, para assegurar a credibilidade
nas instituições econômicas – fato ocorrido alguns anos antes do “entendimento” norte
americano.
25
No entanto Silva (2010) conclui através deste histórico a vulnerabilidade das Leis
brasileiras e americanas, apresentando uma problemática sobre a relevância do controle
interno para reduzir riscos e fraudes contábeis. Esta fragilidade, no controle e publicação de
informações fraudulentas nos países mencionados, comprova a necessidade de rigidez na
regulamentação e controles administrativos sobre os controles internos, tal como na
preparação e publicação dos relatórios financeiros.
Conforme se verifica nos exemplos acima, muitos são os caminhos para se chegar à
prática da contabilidade criativa.
Conhecida como uma das maiores e mais admiradas empresas de reputação
internacional, a Enron, líder em distribuição de energia e comunicação, foi alvo de fraudes
contábeis e fiscais. O escândalo envolvendo a Enron foi só a ponta do iceberg para os muitos
outros que viriam a seguir. A imagem de ética e moral inabalável do continente norte-
americano foi por “água abaixo”, logo se deu o escândalo em meados de 2001, em pouco
26
tempo o mercado financeiro do grande império ruiu dando lugar às desconfianças e incertezas
dos investidores.
Abaixo exemplos de empresas americanas fraudadas pelo uso da contabilidade criativa
segundo Cordeiro (2003):
Após todos esses escândalos a confiança pública foi corroída pela falta de ética dos
administradores envolvidos. A criação da SOX teve como objetivo principal o resgate da
confiança dos investidores e usuários da informação contábil, além da redução de práticas
contábeis de caráter um tanto duvidosa (contabilidade criativa), com a SOX houve um
aumento significativo da vigilância e normas de punição aos executivos financeiros. A Seção
302 da SOX exige que as demonstrações apresentem de forma justa a condição financeira da
empresa (BORGETH, 2007). Embora a Lei proponha mudanças radicais quanto à forma de
demonstrações fidedignas e transparentes das empresas, ainda faltam dados para comprovar
que a mesma tenha surtido o efeito esperado, uma vez que a lei espera que aconteça, mas não
garante.
Num momento em que tanto se fala em falta de ética, de empresas sejam públicas ou
privadas que buscam o tempo todo a prevenção e a detecção de fraudes, cada vez mais a
auditoria se faz urgente e necessária.
E, nesse contexto, a Contabilidade é uma ciência que cada vez mais se faz importante
no cenário organizacional objetivando a busca incessante por descobrir atos e fatos que
venham mostrar a existência de desonestidade.
Assim, a competitividade acirrada entre as organizações exige que os controles e
informações sejam fidedignos, pois assim, podem representar o sucesso ou o fracasso
empresarial. A expansão dos negócios fez com que as empresas tivessem maior necessidade
de uma pessoa para revisar os controles internos e os procedimentos operacionais, no auxilio
administrativo e, portanto, na execução das atividades empresariais.
27
3.1 Introdução
Seção 1: A Pesquisa
3.2 A Pesquisa
Neste sentido, esta pesquisa tem lastro na literatura especializada, não exclusivamente,
num primeiro momento, em que foram extraídos os procedimentos de controles internos à luz
das empresas multinacionais e de grande e médio porte Ltdas. Para melhor compreensão, as
variáveis de procedimentos de controles internos foram organizadas em grupos. Desta forma,
foram identificados 6 (seis) grupos de procedimentos de controles internos, são eles: Grupo 1
– Ambiente e Controle (Multinacionais e Ltdas), Grupo 2 – Avaliação e Gerenciamento de
Risco (Multinacionais e Ltdas), Grupo 3 – Sistema de Informação e Comunicação
(Multinacionais e Ltdas), Grupo 4 – Patrimoniais (Multinacionais e Ltdas), Grupo 5 –
Valuation (Multinacionais e Ltdas) e Grupo 6 – Custos (Multinacionais e Ltdas). Logo após
este procedimento, foi elaborado a matriz de julgamento a ser aplicada junto aos especialistas
com vistas a obter suas opiniões/julgamentos sobre a influência (por grau de importância) dos
procedimentos de controles internos na perspectiva de redução das falhas de auditoria e evitar
espaços para práticas de contabilidade criativa. Nesta perspectiva, num primeiro momento, a
matriz foi elaborada para aplicação nas empresas multinacionais, considerando 1-menor
importância e 5 – maior importância. Num segundo momento, a matriz foi construída para
aplicação nas empresas de médio e grande porte Ltdas. Porém, para este caso em questão, foi
considerado 0 – nulo ou sem importância; e 5 – maior importância. Esta particularidade de
não considerar a partir de 1 – menor importância, deve-se ao fato que na maior parte das
vezes as empresas limitadas não possuíram determinados procedimentos de controles
internos. Posteriormente a este procedimento, foi realizado o levantamento dos especialistas.
Ou seja, do perfil apropriado dos especialistas para responder a matriz de julgamento. Desta
forma, foram levantados 150 especialistas num primeiro momento. Em seguida foram
aplicados filtros para limpeza, eliminando as inconsistências, como por exemplo,
conhecimento e experiência de fato do especialista requeridas para responder o instrumento.
Após eliminar as inconsistências, foram identificados/alcançados 13 perfis de especialistas à
luz das empresas multinacionais. Para as limitadas, foram endereçados 70 questionários e
retornados 12 questionários. Ressalta-se que para o caso das empresas Ltdas, os questionários
foram aplicados pessoalmente nas referidas empresas. Logo após este a aplicação dos filtros e
refinamentos, foram eliminados 4 (quatro) matrizes, restando então, 8 que serviram de base
para a análise e conclusões sobre os resultados alcançados da referida pesquisa. Em seguida,
os dados foram apresentados em gráficos para melhor organização e visibilidade.
Reunindo os resultados apresentados na Figura 3.1, é possível afirmar com certeza que
no grupo ambiente e controle, os procedimentos P10, P11 e P13 são os mais relevantes (4 e 5)
na opinião dos especialistas à luz das empresas multinacionais. De fato, esses procedimentos
são fundamentais para garantir a credibilidade, confiabilidade e consistência dos controles
internos, uma vez considerando de forma eficiente e eficaz as funções de execução
operacional, custódia dos ativos, o rodízio de funcionários e cronogramas bem definidos de
responsabilidades, espera-se com isto minimizar as falhas de auditoria/riscos de auditoria e
também evitar os espaços para práticas inconsistentes denominadas práticas de contabilidade
criativa. Nesta perspectiva, é plausível e factível referenciar também que o estado da arte e o
estado da prática é muito próximo para o grupo em questão. De fato, as empresas
multinacionais têm maior preocupação com os seus controles internos com vistas a apresentar
informações com qualidade, evitando muitas vezes o viés da assimetria da informação, e
viabilizando com isto, a tomada de decisão tanto do lado dos gestores como do lado do
usuário da informação (o investidor).
30
As figuras 3.5 e 3.6 dizem respeito aos resultados alcançados nas multinacionais e
limitadas referentes ao Grupo 3: Sistema de Informação e Comunicação.
As figuras 3.7 e 3.8 dizem respeito aos resultados alcançados nas multinacionais e
limitadas referentes ao Grupo 4: Patrimoniais.
34
As figuras 3.9 e 3.10 dizem respeito aos resultados alcançados nas multinacionais e
Ltdas referentes ao Grupo 5: Valuation.
As figuras 3.11 e 3.12 dizem respeito aos resultados alcançados nas multinacionais e
limitadas referentes ao Grupo 6: Custos.
P77: Usa algum método de custeio aplicado na empresa (absorção, direto ou variável,
ABC)?
P83: O método utilizado de custeio atende o objetivo esperado?
38
Custos, assim como ambiente são extremamente essenciais para qualquer tipo de
empresa, não somente por aplicar métodos de controle e de gerenciamento, mas também por
ser uma estratégia, avaliando seus gastos, custos fixos e variáveis e registros contábeis. Como
toda empresa que preza pela transparência e eficiência, os resultados deste grupo em relação
às multinacionais foram de grau 4 e 5, ou seja, de grande importância para as empresas S.A;
as limitadas surpreenderam quando alguns dos respondentes avaliaram este grupo como 0
grau de nenhuma importância, abrindo espaço para mais uma grande falha em suas empresas
de médio e grande porte.
Numa análise geral as respostas dos especialistas nas multinacionais foram dadas entre
4 e 5, mostrando que as empresas multinacionais de capital aberto tem maior preparo e são
mais eficientes em todos os grupos analisados, já as empresas de médio e grande porte
limitadas não possuem a mesma eficiência que as multinacionais deixando a desejar em
aspectos como a falta de método de custeio, falta de projeção das demonstrações contábeis e
falta de projeção financeira, não possuem setor de patrimônio e quase não é realizado a
conciliação entre o controle patrimonial e contábil e falta de controle interno de um modo em
geral, já que não atribuíram grau significante aos grupos e, por isso, abrem um grande espaço
para a contabilidade criativa.
Esses resultados já eram esperados em relação às multinacionais, dado que elas têm
maior zelo, uma vez que seus resultados foram analisados não somente pela sua auditoria
interna, mas, também pelo controle interno e auditoria externa. As empresas de médio e
grande porte limitadas apresentaram resultados surpreendentes, pois não era esperado a
grande lacuna aberta por eles nesses aspectos essenciais de toda empresa que preza a
transparência e eficácia.
39
Esta pesquisa teve por objetivo avaliar a influência dos controles internos para evitar
falhas de auditoria, e, por conseguinte reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade criativa,
com ênfase para as empresas multinacionais e Ltdas de médio e grande porte no Brasil.
Desta forma, o objetivo foi alcançado e o problema de pesquisa foi resolvido. É
factível e plausível afirmar que todos os procedimentos de controles internos são relevantes
ou de extrema relevância para as empresas multinacionais. Por outro lado, há uma
contraposição para as empresas limitadas, uma vez que algumas muitas vezes não têm seque
controles internos, ou quando é possível verificar algum tipo de controle interno, são
precários e carregados de inconsistências, verificando assim gaps de fragilidades na maior
parte dos procedimentos de controles internos nas empresas de médio e grande porte
limitadas. Ressalta-se no entanto, esses resultados devem ser vistos na perspectiva dos
especialistas das empresas investigadas. Ou seja, não é uma conclusão para todas as empresas
de natureza limitadas. Resumindo é possível concluir a partir dos resultados desta pesquisa
que:
As empresas multinacionais:
Para o futuro, sugere-se que a análise seja feita com uma amostra maior e que sejam
realizadas mais entrevistas presencialmente com maior número de especialistas para ter real
entendimento do potencial das empresas analisadas.
41
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SÁ, A. L.; HOOG, W.A.Z.; Corrupção, fraude e contabilidade. Curitiba: Juruá, 2010.
SILVA, Valter Da. Um Estudo sobre a Percepção dos profissionais das áreas de
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SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. Fundamentos da controladoria. São Paulo:
Atlas, 2006.
ANEXO
CARTA CONVITE
O meu nome é Jéssica Mitie Kotaira, sou aluna do Curso de Ciências Contábeis da
Universidade Federal Fluminense/Volta Redonda, 8º período, venho por meio deste, convidá-
lo para colaborar em minha pesquisa/Trabalho de Conclusão de Curso, sob a orientação da
Professora Drª Selma Regina Martins Oliveira, respondendo a matriz de julgamento em
anexo. O objetivo da pesquisa é:
“Avaliar o grau de influência (importância) dos controles internos para evitar falhas de
auditoria, e por conseguinte, reduzir os espaços (gaps) para a contabilidade criativa na
perspectiva das empresas multinacionais brasileiras”. Favor considerar a sua experiência atual
ou a experiência anterior com empresas multinacionais de capital aberto - S.As.
Agradeço seu tempo para concluir este questionário. Se você tiver alguma dúvida sobre a
pesquisa, entre em contato no endereço
eletrônico jessicakotaira@id.uff.br / wevertonvr@id.uff.br
https://docs.google.com/forms/d/1a_b08Mx8Qmiqk_yqXQFjJkqjZB_2A25Qn3RwPGmfln8/
prefill
Atenciosamente,
APÊNDICE A
APÊNDICE