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ESCOLA SECUNDÁRIA C/ 3.

º CICLO DE VENDAS NOVAS

BIOLOGIA
Professora Caterina Quaresma

ALERGIAS

VENDAS NOVAS, Fevereiro 2010


Escola Secundária c/ 3.º Ciclo de Vendas Novas

1. O que são alergias?

A doença alérgica é uma doença crónica que atinge maioritariamente as crianças. Contudo, na
sociedade actual verifica-se um aumento dos infectados, devido a factores hereditários, a
factores ambientais e aos estilos de vida adoptados pela sociedade moderna.
As alergias são reacções imunitárias do organismo e surgem em indivíduos que apresentem
sensibilidade exagerada a substâncias estranhas ao organismo. As substâncias que provocam
esta reacção alérgica são designadas alergénios ou atópicos.
O sistema imunitário tem como função a defesa corporal sendo responsável pela reacção
alérgica quando as substâncias estranhas são detectadas.
As alergias em geral não têm cura, no entanto os medicamentos permitem obter o alívio rápido
dos sintomas, evitar as crises e controlar a doença deixando o indivíduo livre de queixas e
capaz de levar uma vida normal.
A pessoa alérgica:
• deve ter cuidado ao tomar remédios para outras doenças;
• deve procurar, sempre, um médico especialista;
• deve seguir um tratamento científico e não trocá-lo por conselhos de inexperientes.

Biologia – “Alergias” 2
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2. Quais os principais tipos de alergia?

• Anafilaxia - surge após o contacto com o antigénio, quando este reage com os
anticorpos. Os mediadores libertados provocam espirros, tosse e comichão.
Temos como exemplos a rinite alérgica, a asma e algumas alergias cutâneas.

• Citotoxicidade - quando o antigénio se fixa a células do organismo e esta reage


seguidamente com os anticorpos do sangue, provocando destruição das células., por
exemplo por transfusão de sangue de outro grupo ou ingestão de medicamentos.

• Imunocomplexos - quando o produto formado por antigénio e anticorpo, provoca um


conjunto de reacções no organismo que originam lesão dos vasos sanguíneos, dos
pulmões, da pele, entre outras. Geralmente, as manifestações surgem ao fim de
algumas horas (4 a 6) após o novo contacto com o antigénio.
Por exemplo as alveolites alérgicas, doença dos criadores de aves.

• Reacção retardada - surge ao fim de 1 a 3 dias após o novo contacto com o antigénio.
Provoca inflamações que podem ser irreversíveis, como por exemplo as rejeições em
transplantes.

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3. Tipo de hipersensibilidade

Nas reacções de hipersensibilidade, o sistema de defesa tem uma reacção excessiva ao


antigénio, ao ponto de esta poder ser prejudicial para o próprio organismo. Convencionalmente,
a hipersensibilidade divide-se em quatro tipos. No entanto, apenas iremos abordar a
hipersensibilidade do tipo I.
A Hipersensibilidade do tipo I, também conhecida como imediata ou anafilática, é mediada por
anticorpos e decorre poucos minutos após o contacto com o antigénio.
Os sintomas mais frequentes são a asma, o eczema atópico, a conjuntivite, a rinite e a urticária.
Os antigénios mais frequentemente implicados são os ácaros, o pólen e alguns fármacos.
A anafilaxia generalizada pode ser mortal com dificuldades respiratórias graves por edema da
glote, hipotensão, urticária, transpiração e sensação de angústia.

Biologia – “Alergias” 4
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4. Os principais alergénicos

 Ácaros domésticos: são animais minúsculos (menores de 1mm) que se podem encontrar
frequentemente em colchões, almofadas, alcatifas e tapetes. Para o seu desenvolvimento
é necessária uma temperatura óptima entre 25ºC e 30ºC, e uma humidade relativa entre
60% e 80%.

 Pólen: é o pó de algumas plantas que, ao ser transportado pelo ar, se dispersa. Na


Península Ibérica, os pólenes que mais provocam alergias são os das gramídeas, das
espécies de parietária e os da oliveira.

 Alergénios epidérmicos: a caspa de alguns animais (cães, gatos, roedores, cavalo, entre
outros) é um alergénio forte. Estes alergénios persistem no ar durante várias horas e
permanecem nos elementos do lar (móveis, paredes, roupas).

 Fungos: as esporas produzidas pelos fungos são o verdadeiro alergénio. Encontram-se


em ambientes com folhagem, húmidos e escuros (bosques, caves, cozinhas).

 Alergénios “profissionais”: algumas profissões implicam a exposição continuada a


determinados materiais que podem provocar reacções alérgicas (madeira, farinha, látex)

 Alimentos: a ingestão de determinados alimentos (leite, ovos, marisco) provoca alergias


às pessoas sensíveis a algum dos seus componentes.

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5. Qual a melhor forma de identificar a alergia?

Um dos testes que se realizam para identificar a substância ou substâncias que provocam
alergia consiste em aplicar na pele pequenas quantidades de possíveis alergénios. Os que
provocam algum tipo de reacção, como vermelhidão ou inchaço, são aqueles aos quais o
paciente é alérgico.
• Exame de sangue
• Exame de função respiratória
• Testes alérgicos de leitura imediata
• Testes intra-dérmicos
• Teste de provocação
• Teste de contacto (resultado em 72 horas)
• Dieta de exclusão e reintrodução de alimentos

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6. Sintomas

Os sintomas mais comuns podem ser: manchas vermelhas na pele (planas e/ou formando
pequenas babas), comichão, inchaços e/ou dores nas articulações, dificuldades respiratórias,
inchaços da língua e da garganta, diarreia, etc.

Os órgãos mais afectados e as respectivas manifestações são:


• Pele – urticária, eczema, dermatite atópica, algumas lesões de vasculite.

• Aparelho respiratório – asma extrínseca, rinossinusite, rinite alérgica, bronquite


asmática.

• Olhos - conjuntivite, eczema nas pálpebras.

• Aparelho digestivo - diarreia, edema da glote, colopatias, doença celíaca.

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6.1. Urticária

A urticária é uma doença da pele que pode ser causada


por: a ingestão de determinados alimentos (como os
morangos, mariscos e amendoins) e pelo stress, esta
doença é caracterizada por placas salientes, que se
assemelham às produzidas pela urtiga.
Cerca de 80% da população já teve ou há-de ter, ao longo
da sua vida, pelo menos, uma vez esta inflamação de
pele que se caracteriza pelo aparecimento de erupções e
de comichão.
A urticária é um processo inflamatório da zona superficial
da pele que se manifesta com o aparecimento de erupções e produz sensação de queimadura
e comichão. Pode ser local ou espalhar-se por todo o corpo.
A principal causa é a liberação da substância histamina, um alérgico de defesa do organismo.
Nas infecções virais, notoriamente nos casos de hepatite A, B e C, a sua duração é curta, em
reacções alimentares, termina com a eliminação do alérgeno pelo organismo.
Há também uma relação entre a urticária e o estímulo solar. Acredita-se que as radiações mais
energéticas estimulem a libertação de histamínicos.
Por fim, pode ser causada por remédios, pois a hipersensibilidade também desencadeia
processos no sistema imunológico

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6.2. Dermatite Atópica


Também chamada de eczema atópico é uma doença
crónica que provoca uma inflamação da pele que leva ao
aparecimento de lesões e comichão. Cerca de 30% dos
pacientes também têm problemas de asma ou rinite
alérgica.
Existem vários factores genéticos, imunológicos e não
-imunológicos que contribuem para o aparecimento desta
doença.
Estes indivíduos sentem uma intensa comichão, eritema -
vermelhidão - edema – inchaço, secreção da pele, crostas e descamação.

Os principais desecandeadores
Alimentos: Leite, ovo, soja, peixes, trigo
Infecções: Vírus e bactérias
Irritantes cutâneos: Sabão, lã, suor, solventes, detergentes
Factores ambientais: Fungos, pólenes, animais, ácaros
Factores emocionais

Como não há cura definitiva, o tratamento passa por se tentar controlar a infecção. Nisto a
hidratação cutânea é muito importante para o tratamento. Podem ser
utilizados assim, anti-inflamatório, cremes de corticosteróides, anti-
histamínicos para diminuir as erupções da pele e a comichão.

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6.3. Asma
A asma é uma doença inflamatória crónica que resulta na redução ou até mesmo obstrução no
fluxo de ar. Esta patologia está relacionada com a interacção entre factores ambientais e
factores genéticos que se manifestam como crises de falta de ar devido ao edema da mucosa
brônquica, a hiperprodução de muco nas vias aéreas e a contracção da musculatura das vias
aéreas.
As crises são caracterizadas por vários sintomas como: dispneia, tosse e sibilos,
principalmente à noite. O estreitamento das vias aéreas é geralmente reversível porém, em
pacientes com asma crónica, a inflamação pode determinar obstrução irreversível ao fluxo
aéreo.
As características patológicas incluem a presença de células inflamatórias nas vias aéreas,
exsudação de plasma, edema, hipertrofia muscular, rolhas de muco e descamação do epitélio.
O diagnóstico é principalmente clínico e o tratamento consta de medidas educativas,
medicamentos que melhorem o fluxo aéreo na crise asmática e anti inflamatórios,
principalmente a base de corticóides.

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6.4. Rinite Alérgica

A rinite alérgica é a forma mais comum de rinite e afecta cerca de 20% da população.
Esta provoca irritação e inflamação crónica ou aguda da mucosa nasal, visto que ocorre uma
resistência nas vias aéreas, uma grande percentagem dos doentes ressona, dorme mal e
também pode aparecer nos indivíduos cefaleias, fortes dores de cabeça e enxaquecas.
A rinite alérgica tem como sintomas a rinorreia (corrimento de mucosidades do nariz), espirros,
comichão, congestão e obstrução das vias nasais, eritema conjuntial, lacrimejo, e prurido do
palato mole, ocular e dos ouvidos. Nas crianças, ocorre limpeza frequente da garganta. Os
sintomas variam durante as várias épocas do ano devido à exposição a alergénios exteriores
da ambrósia, ervas daninhas, relva, pólenes, bolores e árvores. Os sintomas agravam quando
estamos em presença de dias secos, ventosos e quentes devido ao aumento da exposição ao
pólen.
A rinite alérgica perenial (RAP) é causada pela inalação de alergénios do pó da casa, por
ácaros, bolores, descamação de alguns animais, penas e baratas. Neste caso de rinite, existe
melhora do sujeito quando este sai de casa.
Existem 4 testes de rastreio: a IgE sérica, a citologia nasal, e eosinofilia sérica e os testes
multialergénicos in vitro. No entanto, estes testes não identificam os alergénios específicos que
causam a doença.
Para se precaver o ser humano não deve de permanecer longos períodos de tempo em locais
pouco ventilados, não deve fumar, ficar longe do mofo e de ambientes com cheiros fortes.
O tratamento desta doença consiste em controlar as alergias de modo a que o doente possa
levar uma vida normal que passar por evitar os alergénios, controlar o ambiente que o rodeia,
tomar certos medicamentos e realizar imunoterapia. Para isto deve ser reduzida a exposição ao
ar condicionado. Os individuos devem de sair de casa entre as 5 e as 10 horas da manhã,
utilizar mascaras quando cortam a relva. Deve, se possível, utilizar um filtro HEPA (high-
efficiency particulate air) em casa. No caso dos alergénios domésticos deve-se revestir as
almofadas, colchões e sofás com impermeáveis e a roupa da cama deve ser lavada a uma
temperatura de 55ºC pelo menos semanalmente. O chão deverá não conter tapetes, a
humidade dos quartos não deve passar os 50% e os livros e móveis almofadados devem ser
removidos devido a ser uns bons coleccionadores de pó. Para se evitar a exposição a bolores,
os doentes devem de se afastar de caves, sótãos, espaços baixos e divisões de madeira
devido a serem áreas húmidas.
O tratamento médico passa por diversas opções desde os corticosteróides, o cromoglicato de
sódio, o bromento de ipratrópio e os descongestionantes intra-nasais, os anti-histamínicos e os
descongestionantes orais e as combinações de ambos, os corticosteróides sistémicos e a
imunoterapia.

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6.5. Conjuntivite
A conjuntivite alérgica é a forma mais comum de alergia ocular que ocorre nos olhos e pode
ocorrer isoladamente ou acompanhando a renite alérgica. Esta alergia ocorre porque existe um
contacto dos alergéneos (pólen, ácaros, etc.) com os olhos e assim ocorre uma reacção
alérgica em que, os olhos libertaram histamina e esta vai causar os sintomas da conjuntivite
alérgica. Os sintomas são prurido, lacrimejamento e vermelhidão. Os testes cutâneos com
antígenos inalantes feitos no braço do paciente são úteis para confirmar a alergia. O tratamento
passa por estar longe de tudo o que possa causar a alergia, toma de medicamentos como os
anti-histamínico, o colírio, mas sempre acompanhado por um médico. A conjuntivite alérgica
pode aparecer em qualquer etapa da vida podendo minimizar os sintomas evitando a
exposição aos alergéneos como os ácaros da poeira e os animais domésticos.

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6.6. Diarreia
As principais características da diarreia são o aumento do número de evacuações e a perda
de consistência das fezes, que se tornam aguadas.
Uma das piores complicações da diarreia é a desidratação. Adultos são mais resistentes, mas
bebes, crianças e idosos desidratam-se com facilidade. Boca seca, lábios rachados, letargia,
confusão mental e diminuição da urina são sintomas de desidratação que, além de diminuir
as reservas de água do corpo humano constituído por cerca de 75% de água, reduzem os
níveis de dois importantes minerais: sódio e potássio.
A diarreia crónica ocorre quando a diarreia se alarga por um período de três a quatro
semanas. Um dos casos mais graves de diarreia crónica é o de alergia ao glúten.

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6.7. Edema da glote

O edema de glote é uma das reacções graves da alergia. Pode até levar à morte se não houver
intervenção precoce e eficiente. Felizmente, na grande maioria dos casos, o quadro reverte
com os primeiros cuidados no hospital, onde é aplicada a injecção de adrenalina, uma droga
que promove a contracção dos vasos e, por isso, diminuição do inchaço (ou edema) em várias
regiões mas, principalmente, na área da glote (entrada do pulmão).
Esta doença tem como sintomas a ocorrência de inchaço súbito da glote, formando obstrução
local, com quadro agudo e grave de insuficiência respiratória.

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