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‘Dados internacionla de Catalogoeso na Puiiearée (CP) {amar Bresiera de Livro, SP rel), (Gn, agncs © eer / Chives Basaran; Judith Camis ovina nels Paes Dini, ognize); ho «aps ith Charbhe Hatape Sia Paulo = Cone, 206 BN eaeia0 1, Andie de wx 2 Ane do aecureo 3. Cities = esgulsa&-Coniicaio lngsies 3. Hscra & Interextoaiage 2 Lingeagen lingua Hostage Jadth Camis Dna, Angla Pale if To 398 evoae Indons para catiogo sitemstic: 1, Ane do cso: Linger 410 CHARLES BAZERMAN Sut Chambliss Hoag» Anges Fava Dionisio (Orginizadors Género, Agencia e Escrita Teng eAdapazo Sah Chambiss Homage Revit Tec ‘Ana Regia iia Angela Pata Dionisio Francis Eduardo Vea da Siva ‘Leonardo Moztzenskt ‘Normandad Siva Bese Ssies 1 AVida do Genero, a Vida na Sala de Aula’ Gineros no so apenas formas. Gingrs so formas de vida.n0- los. eset Sto foes para a ago seca. Si ambientes para a aprend- Zager. Sto os lugares onde o sentido & constr Os genes oldan os pensaments que formamos eas contunicasOes através das qua interagimos: Géneros soos lugares familiares para one nos cigs para ciaragbescomunictvasiteligiveis uns com 0 outros e si os ‘modelos qu utlizamos para explora 0 no-amiia. ‘Mas a palsager simbslica que constrains para vver€ precisa: smenteaquela que mais se gusta ans es outros com quem a compar tthamos. Mesmo quando achamos que os géneros aos uals estamos habituados esto repetos de conte, disungies ou at decepeies, € aqueremos busca alterativas, tal ners an frmam os hos cursivos¢eognitivos que eategamos conosco. uiras pessoas tm outs lugares ge constraam, acs us r- _gularmente se dirigem par inergl: Quand Vsjamos para novos do inioscomuizatives, rs eonstrutnos nasa percep sore es cont base mas formas que conhecemos. Af mesmo os nosoe propésto dso de prtipar Gaul que anova pasagen pre: Wo fee rignamcse des propia edeagos moldados em pabagensantesores) ado de Ana Reg Vi ei Hota Em nosso papel de profesores, constantemente scothemos est nihos nas paisagens discursivas que nos so cara. No entanto, os luga- ‘es queso familiares e importantes para és (profesores) podem no ‘parecer inteligivels ou hospitaleizos para os alunos os quais tentamos Inserie noe “nossos mundos". Os alunos, que trazem corsigo seus pro rics mapas de lugares ede deseos comuniatives que les so faraila- Fes, vo se beneliciar dos sinaisemitidos por aquolas pessoas familia- rizadas com 0 nove conirio académico, Entrotant, 5 modelos esto ali, somente quando nds cs construimos, 6 a0 tes se. outs souberem ‘como los, es serio usadas se apontarem para os destnos queatraem os akunos, ‘Dessa forma, nie deverfamos ser displicetes na escolha dos gine: ros escritos que os nostos alunos vo prodziz. Nem deveriamas man ter esas esolhas invisiveis aos alunos, como se toda producto escita exigisse as mesmas posiges, comprometimentos e metas; como se to- dos os textos compartilhassem das mesmas formas ecaracteristicas;como s2 todo leramento fosse igual. Nem deveriamos ignorar as percepsdes dos alunos sobre a direcso para onde esto indo e sobre seus sentimen- tos a respeita dos lagares que Ihes indica. ‘Oretzto que fiz sobre o papel do género como modelador da atvi- dade educacional baseia-se nos desenvolvimentos da lingistic, da re- ‘rica, da pricologa eda sociologia.Essas reas cle investigasio consi- deram génetoe outos conceitoscortlatos dferentemente daquelasofe- rcidas pela tradicio literdria. Essas formas alterativas diferem no apenas nas ferramentas intelectuaise investigativas mobilizadas para lidar com os géneros, mas também na diversdade de géneras conside- sados. Por quase dois séculos, éner tem sido um termo importante nas artes ena cia artstica. A palavra, num primeiro momento, fi tazida para a lingua inglesa como referencia a um tipo de pintura de cenas ‘istics, favorecdas pela academia francesa, para depois langar-se no -Ambito da literatura ede outas artes. Apest deo termo geo se, hoe, ‘amplamente ulizado para identifica as especifcdades de virios tipes de cringe nas mais diversas esferascratvas, contin caregando con- ‘igo o stigma ce uma superfcialidade formulaica e de um limitado repertrio de expresses esiiticas eorganizacionas, As produdes ar- tisticas consideradas prinelpalmente como pertencentes & um género ‘so, freqientemente, contrastadas com trabalhos artistes mals cos © Cratvos, que tziam tranacendido as limitages do género. [Nos ests itersros, a visto modems de gnerosevoca uma tradi= io antiga de avaliar os tabathos de acordo com as suas especie, tadi- ‘lo que remonta a Aristételes, mas que nos séculos XVI eXVIILsetomou moribunda dentro de uma veesto normativa de desoro artista. A rej ‘ho romantica dessa tradi, em nome de wma expresso individual, da ‘riginsldade eda unidade orga, bem como oca08a dentro intalado aumentaram 0 estigma dessestrabathos denominados genéricos, Mesmo entre os crticos literérios que superaram tas estigmas, os estudoslite- "itios continuam se preocupando, conforme a tadigi, com ma riime- 1 limitado de géneroslteririos que ji eatio encaixados dentro das pré- ticas eos pressupostos do sistema itrio de sorte queo pensar sabre ‘énero é mais adaptado para o poems lio do que para as histrias em {quadrintos; mais para essas tltimas do que para um relatrio sobre Impacto ambiental. Além disso, dado quea teratura¢freqientemente cscitae ida em momentos de contemplago, aparentemente (a8 nko dle forma categérca) destacada das circunstanclas mals imediatas david, ‘© carter social do género tornarse menes visivel Também, na medida fem que os textos litrios promovem configuagées socaisreconhees- vis, fazendo-nos reconar ou despertar para sex posicionamento so cial, slo considerados tipicamente propagandisticos © coetitves,e, por conseguinte, de menor valor liter. Assim. o género, nos estos ite- "ios, est mais relacionadas questdes de forma textual ou dos efeitos sobre um leitor ideal do que sobre as relaghes socais (ver, por exer, Dubrow 1982; Fowler, 1982; Hemadi, 1972; Ste, 1978) E ciroso que, fem raz de a educasio, também aparentemente, mas longe de ser de forma definitiva, posui elementos que a eximem das exgincias mais mediatas da vida e dos modelos expicitos — outres elementos além do desenvolvimento do pensamento eda reflexdo — a aparente descantex- tuaizagio do que é literario pode traduaiefacimente a aparente des- contextualizaglo da linguagem de sala de aula, Em conseqléncia, os _ginero iterrios podem facimente dar a impressao de serem modelos dle ners da eserta escolar, ambos podem aparentar ser formas uni versais de conhecimento © pensamento, © letramento literéio, nesta perspectiva, parece equivalent a todos 0s letamentos. ‘A teoria teria recente, percebendo a indeterminagio das formas Iitertias,o nove nos textos individuals ea idiossincrasia da resposta do leltor, questona as definigées formais ou textuais de género (Dered, 1960; Foucault, 1972; Hemadi, 1972) considera fantasiosa a identifica- <0 de qualquer texto como essencialmente pertencents a um oX outro nero. As eleituras (ou reabilitages) de género, tanto de Bakhtin (1986) ‘como de Cohen (1886), s30 dependentes de um posicionamento dos t- ‘os simblicos numa histriapsicossoial. Bakhtin, considerando enur- iados como comunicativos, v8 nos géneros discursivos uma estabiliea- io situacional que influencia areferenciacio, a expressividade eo dire- cionamento;8 configuracio genérca da agSo.comunicativa,desse modo, _egularza nosso objetos de diseurso, nossa postura emacional em rel ‘ho a esses objetos e nossesreagGes com nossos interdocutores. Cohen argumenta que os géneros sio hstoricamente construidos e esto em _evolugo, como parte das expectativassocais em processo de mudanea, a forma como percebidas por cada individuo, Assim, no $608 ge ros mudam, mas aquilo que & considerado como um exemplo de um ‘nero € historcamente determinado; muda também a forma como 05 Ieitores apicam suas expectatvas de géneto; cada testo transforma a paisagem das expectaivas genércas, seas mais reoantes guinadas na compreensio teria de géneros sto compativeis com trabalhos em curso na lingistica e na teria, Alem disso, uma vez que muito do trabalho em lingistic aplicada ema retGrica foi feito exatamente para tomar visives as paricularidades das, préticas comunicativas académicas e pedagégicas, as implicagbes para ‘ ensino da escrita jf sto reveladas de tal modo que o leramento 0 Iiterrio no se confundem — muito emibora se recorhega que literio cengloba multas formas, case variadas, de letramento. (Otrabatho da lingiistica pode ser visto como algo que emergiu de preocupagbes com a questéo do registro: as variedades de Linguagem tums » ublizadas em dlierentes circunstincias, consistindo de caractersticas| Linghisticas que co-variam (Biber, 1988; Devt, 1985, 1988). Alem disso, alguns tipos de andlselingistica atrearam tas caracteristien s elagoes Intlectuaisesocaiscriada através do uso de diversos elementos Halliday, 1989; Hasan, 1985; Halliday & Martin, 1993; Kress, 1987; Kress & ‘Threadgod, 1988; Martin, 1992; Cpe & Kalantzs, 198). Outros wsaram _gtncros para compreender a orgaizagio textual em termos de movimen- tos pices para a construgto de sentido, movimentos que o ecritr consi dea apropriados para regulavizar cantextos diseutsivos, como acontece” ‘na andlise de Swales acerca de introdugdes de artigos clentificas e nas andlises de Dudley-Evans (1986) sobre dscertagbes (ver também Bhatia, 1994). O trabalho da lingisticacognitiva com prottipes, embora mio ‘sea ainda estendido a unidades discursivas maiores, também fornece ‘um recurso potencal para se estudar ginero (Rosch, 1978; Taylor, 1985) ‘A retéica, desde a sua fundagio hi 2500 anos, sempre teve ite ress em gineros ou tipes de enunciados, ji que a péticaretsrica se preocupa exatamente em determinar entinciadoefica,apropriado para ‘qualquer circunstincia partcular.O conocito retirico de ginero associa, esa tradicbo clissca, a forma eo estilo do enuneiado com a ocasif ‘ot situagio ea ago soialrealizada no enunciado, Carolyn Miler, a0, rever a discussio retérica sobre gneroe asocié-la aos conceltos Soci oghcos de pica, define géneras como “ages retrias tfcadas ba sens em situates recorents” (1984: 159) Isto & os falantes porcebern que um tipo particular de enunciada se mostra efcaz em cetascrcuns- tncas, de sorte que, em cicunstincias similares, hi uma tendéncia para ‘0 uso de um tipo similar de erunciao. Como passar do tempo e com as. ropetigbes, os padrées e as expectativas socialmente compartilhados ‘emergem para guiar todos na interpretaco de ctcunstincias eenuinci- os, Para Miller, a percepeio é a chave pare o reconhecimento de cir- cunstinciasrecorentese dle aes tipifiadas, de tal medo que a emer- sencia de generos reconhectveis aumenta 0 reconhecimento de stsi- (6es como similares ou recarrentes. Por exemplo, uma vez gue alguésn se familiariza com eartas comerciais de reclamagto como um tipo de resposta a citcunstincis particulates, pode comegar a identifica uma “determinada situagio como uma ccasiio que exge uma carta de rela- _magio.Além disso, oreconhecimento do género tipfica as possiveis ages ce intengBes socials, uma vez que se percebe que uma carta de reclame ‘Ho € uma respesta possvel a alguma injustiga nas rlagbes comers, ‘As implicagbes dessa abordagem socal de género vém sendo ex- ploradas 2 stuar o género dentro de teorns socioestrututalse sc coligcs,cbservando 0 seu surgimento quanto ds rlagies socials regu larizadas As intituigbes comanicativas eas pitas psicolbgcas social- ‘mente definidas (Bazerman, 1983). Isto 6, os géneros, da forma como io percebidose usados pelos individues, tornam-se porte de suas rela ‘es sociis padronizadas, de sua paisagem comunicaiva e de sua orga- izacio cognitive [As implicagdessocinise psicoldgicas de género também tem sido «laboradas em relacio teora dos atos de alae 2s consideragSesestr- turacionistas de Bourdieu (1991), Giddens (1984) ¢ Luhaann (1589) AS teoriasestrufuracionistas mostram como padres mais amplos de regula ridades socials si criados e mantides através dos muitos atosindivi- duais que estabelecem, reafirmatm e modificam padabes ¢ expectativas, ses pales ofeecem espacnssocais para os atos de fala assim como dfinem as exigéncias para 0 sucesso de uma acko (Betkenkotter & Huckin, 1994; Yates & Orlikowski, 1992) As explicacbes estruturscio- nists de género, portant, nos oferecem os meios para a anise das condiges socials e nsituionais dos ats de fala propostas por Austin, evitando-se as tendncias absteaconistas e descontextuaizadas da and- lise de Searle, Além disso, a0 dispor espagosdefinidos sScio-istorion- ‘mente, nos quais devemos falar de modo reconhectvel e apropriado, os _géneros apresentam amblentes ou habitats que nés percebemos e nos {unis agimos (Bazeeman, 1994a e 1994). Osestudos histrics eetnogricas em diversas dominios tem pro- ‘curado utilizar esas abordagens ingistics, retdricae sociopsicologica dle género, inclind, por exemplo,estudos da comunicagio clenfica & ‘nica, dos registros e diagnésticos na medicina e na veterndvia, da comuniagSo administatva e patitca,e da educasio am diferentes ni vei. (Ver D. Atkinson, 1993, 199; Bazerman & Paradis, 1994; Blakeslee, comic » 1992; Campbell & Jamieson, 1990; Casanave, 1995; Connor, 1994; Fahnesteck, 1993; Freedman & Medway, 1994b; Freedman, 1993; HLunston, 1988; Myer, 199; Prior, 1991; Scryer, 199; Smart, 1983; ates, 1989; Yates de Orlikowski, 1992) Eases etudos examinam como os vi ios ligares de trabalho e de interagio socal sio organizados em toro ‘de conjuntosestruturados de gies, como a produgio desses géneros 6 parte essencal do trabalho e da interacio nesses espasos, e como 0 ppensamento eo sentido s4o estruturades nas tates realizadas pelos eneros, ses estulos aproximam os trabalhos em retérica, comunict- ‘30 © lingistica dos trabalhos em psicologia (ver Vygostky, 1986), 0- Clologla (ver Luckmana, 1992; Luhmann, 1989) e antropologia (ver Bauman, 1986; Gumperz, 1992; W, Hanks, 1987, 1990, 1996), buscando ‘08 mecanismos que estruturam a5 nossa vidas, interior e exterior, nos mecaismos com os qusisorganizamos a nossa comunicasio. Esse ta batho ¢ promissor porque aproxima as compreensSes das eiéncas hi ‘manas sobre o trabalho lingistico das compreensbes das léncias socials sobre o compostamento, a percepgio eas relagGes humanas. Constrin- 4 lasor mais ints com os trabalhoe da andlie conversacional, da ‘tnometodologia e de outras formas da andlise do discrso, a andise los géneros pode assumir um papel muito importante na tual investi- acto sobre as hases comunicativas da ondem social (ver, por exempo, Boden & Zimmerman, 1991; Ochs, 1958) (0 que emerge dos vérios estudos,revelado por essas investiga- 62s, € que os géneros constituem um recurto rico € multidimensional ue nos ajuda a localiza nossa aco discursiva em relago a situagGes allamenteestruturadss. O género € apenas a realizacio visivel de um

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