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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
DISCIPLINA ECONOMIA POLÍTICA II
Professor Dr. Cesar Ricardo Siqueira Bolano
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar breve resumo dos Capítulos VIII
e IX do Livro III de “O Capital” de Karl Marx, onde o autor tece relevantes contribuições a
respeito da transformação do lucro em lucro médio, da formação de uma taxa geral de lucro na
economia e da repartição uniforme da mais-valia entre as diferentes esferas produtivas.
INTRODUÇÃO
O autor apresenta a taxa de lucro como sendo a razão entre mais valor e o capital total
adiantado, isto é, capital constante somado ao capital variável:
𝑚
𝑙′ =
𝑐+𝑣
________________________
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Uma vez que a massa de mais valor produzido m é igual a taxa de mais valor m’
multiplicado pelo capital variado, a taxa de lucro pode ser escrita como função da taxa de mais
valor.
𝑣
𝑙 ′ = 𝑚′ ∙
𝑐+𝑣
Para tal discussão, o autor destaca que é necessário analisar as diferenças na composição
orgânica do capital bem como dos seus períodos de rotação.
[...] então segue disso, por si mesmo, que as taxas de lucro de diversas esferas da
produção, existentes simultaneamente uma ao lado da outra, serão diferentes se, com
as demais circunstâncias constantes, o período de rotação dos capitais empregados for
diferente ou se a relação de valor entre os componentes orgânicos desses capitais, nas
diversas esferas da produção, for diferente (MARX, 1986, p.112).
Ainda neste capítulo Marx afirma que a proporção entre o capital variado e o capital
constante empregados no sistema produtivo difere muito nas diversas esferas da produção e,
até mesmo, nos diferentes ramos da mesma indústria, embora possa ser igual em ramos
industriais muito afastados.
Ao enfatizar que a proporção do valor dividido entre capital constante e capital variável
podem divergir nos diversos ramos industriais Marx tem por objetivo elucidar que capitais em
diferentes esferas da produção, considerados percentualmente ou capitais de igual grandeza,
resultam em mais-valias diferentes e consequentemente, em lucros diferentes, uma vez que
determinada esfera produtiva pode empregar o trabalho vivo mais ou menos intensamente e por
conseguinte apropriar-se de uma quantidade maior ou menor de mais valor. Logo, a taxa de
lucro que consiste no percentual da mais-valia sobre o capital global, difere entre as esferas
produtivas.
p = k + ´ C
Para calcular o preço de produção é necessário conhecer a taxa de lucro média da
economia, sendo esta o resultado da soma das mais valias produzidas em cada ramo da
economia dividida pela soma dos capitais adiantados de todos os ramos. Usando-se a tabela
acima como exemplo temos que a soma das mais valias dos Ramos I-V é de 110 e que a soma
dos capitais adiantados para estes ramos é de 500. Logo, temos que a taxa de lucro média da
economia é de 22% e o preço de produção 122.
Entretanto, Marx destaca que para não se chegar a conclusões inteiramente falsas, é
necessário não calcular todos os preços de custo como iguais a 100, uma vez que o capital
constante possui partes fixas e circulantes e apenas parte do capital fixo é consumido durante a
produção da mercadoria. Ele introduz no exemplo dado o “c” consumido. Assim sendo, o preço
de custo passa a ser o c consumido somado ao capital variado.
É só a venda das mercadorias aos seus preços de produção que possibilita que a taxa de
lucro para I-V seja uniforme, de 22%, sem consideração pela composição orgânica diferente
dos diversos ramos industriais.
As diferentes taxas de lucro que prevalecem originalmente nas diversas esferas produtivas
são diferentes, como pode-se observar na coluna 4 da supracitada tabela. Essas taxas são
igualadas pela concorrência numa taxa geral de lucro, que é a média de todas essas diferentes
taxas de lucro. De acordo com Marx, o lucro que, em conformidade com essa taxa geral de
lucro, cabe a um capital de determinada grandeza, seja qual for a sua composição orgânica, é
chamado de lucro médio.
A concorrência em que se estabelece a taxa geral de lucro apontada por Marx é aquela
que se dá entre os capitalistas dos diversos ramos da produção em busca de uma oportunidade
mais lucrativa de aplicação do capital. Os capitalistas buscando empregarem seu capital em
ramos mais lucrativos, investem seus capitais em segmentos onde possam recolher um maior
lucro. Os segmentos produtivos que possuem uma baixa composição orgânica do capital,
produzem uma maior massa de mais valia e consequentemente um maior lucro como fica
evidenciado nas colunas 3 e 4, respectivamente, da tabela 2.
Tomando o exemplo da tabela acima haveria uma transferência dos capitais dos ramos
IV e V, que possuem uma composição orgânica mais elevada e por conseguinte uma menor
massa de mais valia, para os ramos II e III da indústria, que produzem uma massa maior de
mais valia. Em virtude disto, a quantidade de mercadorias produzidas nos ramos II e III
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aumentaria acirrando a concorrência, obrigando os capitalistas desses ramos a diminuírem seus
preços, o que implicaria diretamente em uma redução de suas taxas de lucro. Por sua vez, nos
ramos IV e V observar-se-ia uma redução na produção de mercadorias pertencentes a estes
segmentos possibilitando aos industriais elevarem os preços de suas mercadorias, uma vez
modificada as relações de demanda e oferta, resultando numa elevação da taxa de lucro.
OBJETIVO
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na busca incessante por altos lucros, processa-se uma transferência de capitais de uma
esfera da produção para outra estabelecendo-se, como resultado, uma taxa média lucro, uma
distribuição do trabalho e dos meios de produção nos diversos ramos da economia. Essa
“guerra” concorrencial entre os capitalistas dos diversos ramos da economia perdurará até que
se nivelem as proporções dos lucros em todos os ramos.
Uma parte da mais valia criada nos ramos produtivos que possuem uma baixa composição
orgânica do capital é apropriada pelos capitalistas dos ramos que apresentam uma composição
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mais elevada do capital. Logo, a formação da taxa média de lucro significa, na realidade, uma
redistribuição da mais-valia entre os capitalistas das diversas esferas produtivas.
REFERÊNCIAS
MARX, Karl. A Transformação do Lucro em Lucro Médio. In: MARX, Karl. O Capital: Crítica da
economia política. Livro III: O Processo Global da Produção Capitalista. Tradução. Regis Barbosa e
Flávio R. Kothe. São Paulo: Nova Cultural, 1986, pp. 109-133.