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Caso prático nº 4

Neste caso prático, estamos perante as diversas fases de conclusão internacional de tratados,
nomeadamente quanto a um tratado entre Marrocos e Itália, ou seja, estamos diante de um
tratado bilateral.

Devemos, então, averiguar as diferentes fases pela seguinte ordem:

(i) Negociação
(ii) Adoção
(iii) Autenticação
(iv) Vinculação
(v) Eficácia

Ora, no que diz respeito à negociação esta deve ser conduzida pelos plenipotenciários, ou seja,
aqueles que têm plenos poderes para representar o Estado externamente. Neste caso, temos
que esta foi levada a cabo pelo Diretor-Geral das Pescas italiano e pelo Ministro da Agricultura
marroquino, ou seja, como nenhum deste dois se enquadra no nº do art.º 7º (regra especial),
deviam comprovar que estavam, de facto, dotados de plenos poderes, de acordo com o
preceituado no art.º 7º/1, al. a) CVDT. Não temos informação suficiente no caso prático, no
entanto, podemos referir que, nos termos do art.º 8º, caso estes representantes não fossem,
efetivamente, dotados de plenos poderes, deveria haver confirmação posterior dos Estados.

Em seguida, temos referência à adoção deste tratado, que implica a fixação do texto do mesmo
(art.º 24º/4), sendo que a regra é de que, nos termos do art.º 9º/1, deve ser adotado por
unanimidade, não obstante o facto de o nº 2 estabelecer a regra de 2/3 (esta é a regra que é
adotada, de acordo com o DIP costumeiro, enquanto regra geral, isto é, por norma, os Estados
não aplicam o 9º/1, mas o 9º/2 – DIP costumeiro a revogar a norma de DIP convencional do 9º/1
CVDT).

Quanto à autenticação, esta estabelece o texto vinculativo e final, isto é, a partir desta fase, o
texto do tratado é tido como formalmente reconhecido e tido por definitivo (art.º 10º). Esta
autenticação pode ser feita de três formas:

a. Rubrica: só autentica o texto, não mostra o consentimento em ficar vinculado


b. Assinatura ad referendum: art.º 10º/b)
c. Assinatura formal: cria o dever de o Estado, nos termos do art.º 18º e do princípio da
boa-fé, não poder praticar atos que defraudem o objeto e fim do tratado em questão,
até demonstrar se se vincula ou não ao mesmo

Ora, temos menção à rubrica que foi feita pelo PR italiano, autenticando o texto e não
mostrando a vinculação deste Estado ao presente tratado. Temos ainda referência à assinatura
do Rei de Marrocos (dotado de plenos poderes, sem necessidade de comprovativo- art.º 7º/2,
al. a), pois trata-se de um Chefe de Estado, tal como o PR italiano), desencadeando-se o dever
de não defraudar o objeto e fim do tratado (18º CVDT).

Passando então à análise da fase seguinte, a vinculação, que pode ser feita de diferentes formas:

a. Consentimento oral e tácito (tratados orais): desencadeiam a autenticação e a


vinculação, simultaneamente
b. Assinatura (tratado informal/ sob forma simplificada)
c. Troca de instrumentos constitutivos: assinatura + troca
d. Aceitação e aprovação
e. Ratificação e confirmação formal (tratados solenes, apenas!)
f. Adesão (tratados abertos ou semi-abertos)

Neste caso, houve a troca de instrumentos de ratificação, vinculando os Estados a partir de


então, pois estamos diante de um tratado bilateral, ou seja, com carácter receptício (art.º 13º).

Por fim, quanto à eficácia deste tratado, por ser bilateral, ele entra em vigor logo que as duas
partes se vinculem, tendo ainda de, nos termos do art.º 80º/1 CVDT, ser transmitido ao
Secretariado Geral da ONU, para que seja então registado e publicado, o que, no caso em
apreço, ainda não tinha acontecido.

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