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“Motivado por um amor óbvio pela igreja local, o pastor Thabiti leva
muito a sério a liderança bíblica. Ele a leva tão a sério que escreveu
um livro com o propósito de ser tanto bíblico quanto acessível ao
povo da igreja – explicando claramente o ensino da Bíblia sobre as
qualificações para liderança e muito mais. Depois de uma exposição
cuidadosa de cada qualificação para liderança, ele inclui uma lista de
perguntas proveitosas para os que aspiram à liderança fazerem a si
mesmos e para aqueles que entrevistarão esses aspirantes. Obrigado,
Thabiti, por ajudar-me a pensar mais profundamente em meu
chamado como presbítero e em meu esforço para formar líderes que
glorificam a Deus e amam as pessoas na igreja de Cristo para a
geração seguinte.”
Tom Seller, pastor de Desenvolvimento de Liderança,
Bethlehem Baptist Church, Minneapolis, Minnesota;
Deão, Bethlehem College and Seminary
“Como identificamos, separamos e preparamos líderes dos quais
precisamos tão urgentemente? O pastor Thabit escreveu um livro
prático e teologicamente fiel que aborda esta pergunta crucial, com
análise completa. Este é o tipo de livro que você desejará ter à sua
disposição e a ele recorrer quando estiver pensando em possíveis
diáconos e presbíteros para o ministério. O livro é atual, relevante e
provoca reflexão.”
Dave Kraft, pastor, Mars Hill Church, Orange County;
Autor, Leaders Who Last
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica
Literária
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS
EDITORES, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.
ISBN: 978-85-8132-307-7
PARTE TRÊS –
QUAL O TRABALHO FAZEM AQUELES QUE SÃO BONS
PASTORES
19 – Os presbíteros refutam o erro
20 – Os presbíteros refutam os mitos e treinam para uma vida
piedosa
21 – Os presbíteros esperam em Deus
22 – Os pastores ordenam
23 – Presbíteros não permitem que ninguém despreze a sua
mocidade
24 – Os presbíteros dão o exemplo
25 – Os presbíteros ensinam
26 – Os presbíteros se desenvolvem
27 – Os presbíteros vigiam suas próprias vidas
28 – Presbíteros vigiam sua doutrina
Palavras finais
Apêndice: Exemplos para os votos na ordenação de um pastor ou
presbítero
Notas
INTRODUÇÃO
“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso
mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros
“
(2 Timóteo 2.2)
CHEIOS DO ESPÍRITO E DE
SABEDORIA
“Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos desse serviço.”
(Atos 6.3)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O candidato a diácono tem a reputação de ser uma pessoa
cheia do Espírito e de sabedoria?
Os apóstolos recomendaram homens conhecidos por essas
características. Não recomendaram que escolhessem pessoas de
caráter não comprovado. Os diáconos necessitam ser pessoas
controladas pelo Espírito de Deus, em vez de controlados por sua
própria carne e natureza pecaminosa. Mais ainda, a posição diaconal
exige pessoas que vivam sob o temor do Senhor, que é o princípio da
sabedoria (Provérbios 1.7). Devem ser pessoas que sabem como viver
sob os preceitos de Deus e como aplicá-los às diversas situações da
vida. Esta é a essência da sabedoria. Portanto, pergunte: “O provável
diácono tem a reputação de manter-se fiel no seu caminhar com o
Espírito de Deus, e está vivendo sabiamente diante do Senhor?
3) É ele, um servo?
A despeito do que as pessoas acreditem, que o “servir mesas” é um
trabalho humilhante e de baixo nível, nós, cristãos, não devemos
ignorar o fato de que tal “rebaixamento” e boa vontade reflete a vida
e a humildade de Cristo. Ele veio para servir, não para ser servido, e
para dar sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45). Ele a si
mesmo se esvaziou, humilhou-se e assumiu a forma de servo – de
escravo. (Filipenses 2.3-8). O diácono tido em vista, pode ver que
servir, faz parte de seguir a Cristo? Se sente feliz em aceitar tarefas
simplórias e obrigações sem muito glamour? Ou busca aplausos,
reconhecimentos e atenção para o “seu” ministério?
CONCLUSÃO
Não podemos jamais subestimar a importância de termos pessoas
cheias do Espírito para servir no ofício diaconal. Se os próprios
apóstolos – homens com excepcional vocação e dons – viram a
importância crucial de se ter cristãos assim, cheios do Espírito, para
servir nesse cargo, quanto mais necessitaremos nós da companhia de
tais associados no evangelho? Aprendendo a identificar e a orar por
homens tais como esses, nossas congregações locais se fortalecerão.
3
SINCERO
“Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam
respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não
cobiçosos de sórdida ganância.”
(1 Timóteo 3.8)
OS DIÁCONOS E A SINCERIDADE
Como seria viver em uma cidade onde seu pároco fosse
merecidamente chamado de “Sr. Duas-Línguas”? Por mais
respeitável que pudesse ser entre o seu povo, com este hábito de
bajular, este senhor nunca deveria ser um candidato para o
diaconato.
E por quê?
Porque os diáconos não somente devem ser homens cheios do
Espírito Santo, mas que devem igualmente ser “respeitáveis” e de
“uma só palavra”. Portanto, exige-se que um diácono não seja um
homem dado a uma linguagem confusa, de duas caras, que entrega-
se a insinuações, dando indiretas e fazendo com que se entenda algo
sem expressar-se claramente, com intuito enganoso. Ele deve dizer o
que tenta expressar, e expressar o que realmente quer dizer. E deverá
evitar o pecado de lisonjear, ou de bajular, falando a verdade em
amor.
As pessoas podem ser dadas a um modo falso de falar, de duas
maneiras diferentes: Elas dizem uma coisa a uma pessoa, e outra
coisa a outra pessoa. Ou podem dizer uma coisa e, no entanto, fazer
outra. Em qualquer dos dois casos, pessoas com “línguas bifurcadas”
não são pessoas de confiança, e estão desqualificadas para o serviço
de diáconos.. O “sim” de um diácono deve ser sim, e o “não” deve ser
não (2 Coríntios 1.17-18).
A sinceridade reflete o caráter de Cristo. O Senhor nunca falou
com astúcia e engano. Ele não falava meias-verdades, nem tampouco
falava de forma a enganar ou provocar um entendimento falso.
Tampouco o Senhor bajulava a quem quer que fosse. Era sempre
sincero no seu lidar com todas as pessoas, revelando às pessoas suas
desesperadas condições em virtude de seus pecados, ou falando
contra a autojustificação, ou retendo as promessas da vida eterna.
Em tudo, sempre foi puro. Assim, também, seus servos devem ser
fiéis (1 Tessalonicenses 2.5) e não falarem com lábios bajuladores
(Salmo 12.2-3; Provérbios 26.28). Falsos mestres e pessoas que
gostam de causar divisões, são os que empregam bajulação
(Romanos 16.18; Judas 16) – mas não deve ser assim, com os que
servem a Cristo.
Você já teve a má experiência de conversar com alguém sobre algo
de importância, mas, depois, sentir-se inseguro e preocupado se
realmente falou com uma pessoa de boa fé – de confiança? Como
você se sentiu, depois da conversa? Talvez, um pouco desconfortável
e ansioso. Quando cremos que alguém não usou de sinceridade
conosco, sentimos que nossa confiança na pessoa se esvai.
Deus deseja que os diáconos sejam homens que resolvam
problemas, porque, algumas vezes, se envolvem em assuntos da vida
pessoal de outros. Não é, pois, nenhuma surpresa que esta virtude de
sinceridade em um diácono ajude a acalmar as aflições e a solucionar
muitos problemas. Ainda que as soluções não venham a ser
exatamente as que esperávamos, pelo menos as pessoas receberão
uma ajuda imensa, se puderem ver que foram tratadas com
sinceridade e amor. “A palavra de um diácono deverá ser uma forte
garantia em uma igreja. Pessoas, tanto dentro como fora das igrejas,
deverão encontrar, num diácono, um homem de palavra.
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O candidato ao diaconato tem a reputação de ser um homem
de palavra?
Costuma cumprir suas obrigações? O diácono deve ter um
testemunho de completar as tarefas e obrigações que lhe são dadas,
assim demonstrando ser cumpridor de sua palavra. Então, pergunte,
“esse diácono tem uma palavra confiável?”
CONCLUSÃO
Que vantagem terá uma igreja onde os seus servos não são capazes
de falar as coisas com verdade e cumprir as suas palavras? As igrejas
se tornam lugares perigosos, quando seus líderes falham em serem
honestos, transparentes e confiáveis. Sinceridade poderá não ser a
base final da verdade, porém, não poderá haver verdade profunda
comunicada, onde a sinceridade esteja em falta.
4
SÓBRIO E CONTENTE
“quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis de uma só
palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida
ganância.”
(1 Timóteo 3.8)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O possível diácono toma bebidas alcoólicas?
Se toma, você ou outros notaram que ele o faz observando
autocontrole, ou o faz demonstrando fraqueza e pecaminosidade?
Você precisará saber se ele é capaz de dizer “não”, quando lhe
oferecem bebidas alcoólicas. Ele usa sua liberdade cristã nessa área,
de maneira a não causar tropeços e levando em consideração a
presença de outros cristãos mais novos e mais frágeis? Você poderá
tê-lo como modelo de uma pessoa responsável na maneira como usa,
ou como se abstém do álcool?
Há enorme ganho na vida da igreja quando esta tem líderes e
mestres que podem dar o exemplo de serem pessoas livres de
qualquer vício ou compulsão.
CONCLUSÃO
Recentemente tive grande prazer em jantar num restaurante
bastante simples. A atmosfera do ambiente estava ótima. A comida
era um pouco acima da média.
O que fez do jantar uma ótima experiência foi a pessoa que nos
servia. Parecia antecipar tudo o que necessitávamos, e responder
justamente com a perfeita solução. Não tínhamos de esperar, ao
chamá-la; quase que ao mesmo tempo ela estava ali em cima da
gente. Parecia importar-se com nossa experiência e até perguntou-
nos sobre nosso bem estar. Esperava por nossas perguntas e
respondia com muita graciosidade.
Quando saímos do restaurante nos sentimos notados, bem
atendidos e estimulados. Em toda a experiência, nunca nos sentimos
como se fôssemos apenas objetos de gorjetas, ou como uma
inconveniência. Sentimo-nos servidos por uma pessoa que gostava
de servir.
Assim uma congregação deve se sentir, quando suas necessidades
são atendidas por um diácono.
5
MANTENDO A FÉ
“Conservando o mistério da fé com a consciência limpa”
(1 Timóteo 3.9)
CONHECENDO A FÉ
O que é verdade para alguém que serve mesas em restaurantes,
deverá ser igualmente verdade para aqueles que servem mesas na
igreja. Os diáconos devem conhecer seu “produto”. Nas palavras do
apóstolo Paulo, diáconos devem conservar “o mistério da fé com a
consciência limpa” (1 Timóteo 3.9).
O aspecto prático do ministério diaconal em “servir mesas”,
poderá, inadvertidamente, obscurecer a necessidade premente do
diácono ser saudável na fé. Porque os diáconos são designados a
cuidar das necessidades práticas do corpo, talvez até mesmo
assinalados para uma área específica de serviço, nós corremos o risco
de ver os diáconos como tecnocratas com capacidades especializadas,
e com pouco discernimento teológico. Vemos os diáconos como
aqueles que “fazem coisas”, mas não os vemos como pensadores.
Mas, para que se conserve “o mistério da fé com consciência
limpa”, requer-se um poderoso entendimento do Evangelho do
Senhor Jesus Cristo. Isto implica, pelo menos, em três
requerimentos.
Primeiro, há um requerimento cognitivo. Os diáconos devem
conhecer e aceitar os ensinos do Senhor, conforme registrados na
Santa Escritura, especialmente os fatos que têm a ver com sua vida,
morte e ressurreição, e as implicações teológicas que advêm desses
fatos. Precisam entender as asserções bíblicas. Devem ser capazes de
explicar, articuladamente, pontos cardeais do evangelho de Cristo.
De outra forma, como poderão ser este tipo de servos que apontam
Cristo àqueles a quem servem?
Segundo, há um requerimento experimental. O candidato ao
diaconato necessita, ele mesmo, ter abraçado a fé. Precisa ter o
testemunho de uma confiança e uma dependência pessoal
unicamente em Jesus, para sua salvação. Deve, ele mesmo,
demonstrar um arrependimento e uma fé genuínos. Um diácono não
pode ser um incrédulo, não comprovado na fé, ou incapacitado para
fazer uma profissão de fé com credibilidade e demonstrar o
conhecimento do evangelho.
Terceiro, o diácono necessita ser alguém que mantém, ou guarda,
as verdades da fé “com uma consciência limpa”. Isto é, sua vida e sua
consciência devem conformar-se com a fé que professa. Não que
meramente guarde a verdade do evangelho sem nenhuma dúvida ou
reserva mental, mas é necessário que igualmente viva uma vida que
seja digna de seu chamado cristão (Efésios 4.1).
Então, que buscamos encontrar em um servidor espiritual de
mesas? Estamos procurando alguém que conheça a Palavra de Deus
em sua própria experiência de conversão, e com a suficiente
experiência para viver e exemplificá-la para outros. As congregações
não podem negligenciar esta qualificação, visto que os diáconos,
inevitavelmente, se verão em conversas evangélicas, aplicando a
verdade da fé em suas ministrações, e na vida de outras pessoas.
Precisam ser mantenedores da fé.
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) Podemos ver, na vida do diácono em potencial, uma confiável
profissão de fé pessoal salvífica no Senhor Jesus Cristo?
Se a igreja pratica alguma forma de entrevista, como parte do
processo de aceitação em sua membresia, outros líderes
provavelmente já ouviram o testemunho de conversão de tal pessoa.
Mas, quando se entrevista uma pessoa para o ofício de diácono, é de
boa prática que se separe um tempo necessário para que os líderes e
a congregação possam, conjuntamente, ouvir e discutir o
testemunho do candidato ao diaconato. Esse tempo separado não
deverá ser usado para uma inquisição, mas para dar à congregação a
oportunidade de confirmar as evidências da graça de Deus na vida do
candidato proposto.
CONCLUSÃO
Em muitas igrejas, os diáconos servem no ministério de ensino.
Quando uma pessoa possui esse dom especial para ensinar, tal
serviço resulta em benefício. Mas, se o diácono lidera uma classe de
Escola Dominical ou não, ele continuará professando, vivendo e
exemplificando as profundas verdades da fé diante do povo de Deus.
Assim, pois, as congregações perceberão ser necessário para a glória
de Deus e para a saúde da igreja, encontrar diáconos instruídos pela
verdade da Palavra de Deus e pelo evangelho que ela revela.
6
EXPERIMENTADOS E
IRREPREENSÍVEIS
“Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem
irrepreensíveis, exerçam o diaconato”
(1 Timóteo 3.10)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O provável diácono é uma pessoa madura e um cristão em
crescimento?
O tempo não prediz, necessariamente, maturidade, mas, de uma
forma geral, pessoas recentemente convertidas ainda não foram
provadas e ainda são imaturas. Não existe um número mágico de
anos que devam passar, antes que as pessoas fiquem aptas e elegíveis
ao ofício, mas as igrejas devem examinar o indivíduo quanto à sua
preparação e capacidade, antes de fazer dele um diácono. Pode-se
perceber o fruto do Espírito em sua vida? Ele está crescendo à
medida da estatura da plenitude de Cristo, e contribuindo para que
outros cresçam com ele em Cristo (Efésios 4.11-16)?
CONCLUSÃO
O Senhor não estabeleceu o ofício de diáconos como algo extra, na
igreja local. O ofício não existe como um anexo obsoleto. Ao
contrário, os diáconos servem à mesa do Senhor com vistas a
facilitar o avanço do evangelho, a saúde do corpo local, e o regozijo
dos santos. Os diáconos são indispensáveis à igreja. Com muita
razão, Paulo conclui: “Pois os que desempenharem bem o diaconato
alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez, na
fé em Cristo Jesus” (1 Timóteo 3.13). Que nobre vocação!
7
ESTIMULANDO ASPIRAÇÕES
Falando com praticidade, uma das primeiras coisas que um pastor
precisa fazer é aclarar e ensinar sobre “ambições piedosas”, que incluem
a devoção e o interesse para que outros venham a aspirar o ofício de
presbítero. Pastores fiéis deverão despertar o sentimento dos jovens
(inclusive aqueles nos seus vinte anos) para considerarem, em suas
aspirações para o futuro, o exercício do pastorado. Finalmente, cada
uma das características que Paulo lista em 1 Timóteo 3, com exceção
da capacidade para ensinar (v.2 ), deveriam ser as marcas de todo
cristão. O desafio pastoral ao desejo de ser um presbítero é uma
coisa boa e piedosa. É uma outra forma de dizer aos homens crentes:
“isto é o que maturidade à medida da ‘estatura da plenitude de
Cristo’ significa”. Tal maturidade e semelhança de Cristo é algo
desejável, que não deve ser evitada ou inferiorizada.
Você pode imaginar o que seria a exaltação do poder de Cristo, em
uma igreja repleta de homens que possuem um forte e piedoso
sentimento de desejo de conduzir, ou de guiar as ovelhas do Senhor
em suas igrejas e em seus lares? Em minha experiência pessoal, o
problema é que as igrejas falham e caem no outro extremo – a
maioria dos homens aspiram nada mais que um pouco de conforto,
anonimato, vida fácil e qualquer outra coisa, menos liderança
responsável.
Segundo, o pastor terá, também, de aclarar e ensinar o valor da
tarefa de um líder. Paulo chama de “excelente” a obra de liderar na
igreja local. E o é! Mas muitos homens parecem ter a impressão de
que liderança não é nada mais que uma carga, uma dor de cabeça, ou
simplesmente um mal necessário. Outros podem chegar a pensar
que ser um líder religioso é o mesmo que ser um fingido, um
vigarista. Por alguns anos, eu resisti à chamada interior para o
ministério porque eu não desejava ser associado com pregadores de
televisão, ou com pastores moralmente falidos e apanhados em
escândalos. E permaneci resistente até o momento em que Deus
tornou mais evidente para mim a nobreza da obra de um líder. Assim
pode ser necessário para os pastores atuais, sem pintar nenhum
quadro falso de conforto perene, desenvolver, discutir, pregar e
exemplificar em sua vida a alegria do ministério, pois, no final das
contas, o Senhor pretende que o liderar de sua igreja seja uma alegria
para aqueles que o fazem (Hebreus 13.17).
3) Por que você deseja ser um presbítero? Até que ponto você
poderia perceber a existência de alguma coisa impura (orgulho,
poder, etc.) em seus motivos?
Esta é uma pergunta óbvia para aqueles que estão considerando o
ofício de presbítero. Justamente porque não queremos impor as
mãos sobre nenhum homem de uma maneira precipitada, temos de,
praticamente, por à prova as ambições piedosas em contraste com
motivos impuros. Ninguém possui motivações que sejam perfeitas.
Todos nós lutamos contra vestígios de pecados em nossas vidas.
Mas, uma devida diligência requer que ajudemos o homem a
examinar seu próprio coração e trazer à tona aqueles sentimentos
que devem ser inspecionados. Você tem, diante de si, um homem
simples, humilde, desejando servir, ou um insubmisso, orgulhoso e
interessado no poder de controlar? Qual é a raiz de sua ânsia e desejo
– serviço ou reconhecimento? Temos de evitar a ordenação de
homens que possam desejar o bispado “por sórdida ganância” ou
para serem “dominadores daqueles que lhe foram confiados” (1
Pedro 5.2-3). As ovelhas são as que mais grandemente se beneficiam,
quando descobrimos tais atitudes num aspirante ao ministério, antes
que ele seja feito um presbítero, ao invés de descobri-las depois de
haver espancado as ovelhas. Mais ainda, muita confiança e segurança
são os benefícios do homem, quando ele serve livremente e com
bons motivos.
CONCLUSÃO
Escolher seus pastores é a mais importante decisão que uma
congregação local pode fazer, visto que são eles os que moldarão a
igreja através de seus ensinos e seu testemunho. Dada esta
influência moduladora, o Senhor nos chama a procurar homens que
pastoreiem “o rebanho de Deus” ... “espontaneamente, como Deus
quer” ... ”de boa vontade” ... ”tornando-vos modelos do rebanho” (1
Pedro 5.2-3). William Still, um fiel pastor que treinava homens para
o serviço cristão, observou: “toda a minha preocupação neste
trabalho de procurar formar pastores (e eu formei muito poucos,
apesar de terem sido muitos os homens que passaram por minhas
mãos) é de que eles se tornassem homens de Deus; então, o trabalho
pastoral cuidaria de si mesmo. O trabalho ainda tem de ser feito,
mas o homem de Deus foi feito para este propósito”. 15
Que o Senhor nos dê discernimento, paciência e clareza em nossa
observação, enquanto buscamos homens confiáveis que desejem esta
excelente obra.
9
IRREPREENSÍVEL
“se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário,
portanto, que o bispo seja irrepreensível”
(1 Timóteo 3.1, 2)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
Uma vez que os líderes ou a congregação tem um homem em mente
considerado como “irrepreensível”, poderão fazer-lhe, então,
algumas perguntas.
1) Existe alguma coisa em sua vida que você pensa desqualificá-
lo para ser um presbítero?
Ainda que esta pergunta seja muito geral em sua abrangência,
oferece, entretanto, um bom lugar para começar. Oferece a
oportunidade de ouvir o que o homem pensa de si mesmo e lhe
ajudará a aprender algo mais sobre sua integridade. Poderão existir
questões que realmente não estejam sendo mais explicitamente
consideradas, em 1 Timóteo 3, mas que o estejam atribulando e que
poderão desqualificá-lo. Esta pergunta dará ao possível presbítero a
oportunidade de levantar as questões que atribulam sua consciência.
Os líderes e a congregação, dessa forma, terão a oportunidade de
pastoreá-lo e modelar o tipo de cuidado e responsabilidade mútua
que se espera dos presbíteros.
CONCLUSÃO
A excelência da posição de um presbítero requer que esta seja
preenchida somente por homens íntegros. Nestes dias em que
muitas pessoas, inclusive cristãos, se ofendem com a ideia de terem
de julgar a outrem, a igreja ainda terá de, pacientemente, trabalhar
para verificar se o caráter de um homem é maduro e irrepreensível.
Mesmo que isto seja a coisa mais difícil nas igrejas que querem
encontrar homens responsáveis de quem possam depender. A saúde
e a pureza da noiva de Cristo o requer.
Cultivar esta classe de integridade nos líderes de uma igreja é vital
para a saúde dessa igreja.
10
“D
esejar” é a primeira coisa que Paulo menciona, em sua lista. Em
seguida, vem “irrepreensível”. E, então, o que mais é necessário ser,
àqueles que lideram a igreja? É necessário que um presbítero seja
“esposo de uma só mulher”, diz o apóstolo. Literalmente, a frase, em
seu original, se lê: “um homem de uma só mulher”. Mas existem
algumas diferenças de opiniões quanto ao significado dessa frase.
PERGUNTAS E OBSERVAÇÕES
(COM REFERÊNCIA AO HOMEM SOLTEIRO)
1) Como você caracteriza o namoro de um homem com uma
mulher?
Um homem dado a uma série de namoros poderá ser uma pessoa que
não entende, nem tampouco se importa, com o coração das irmãs. Se
ele não pode levar a sério as questões do coração e dos sentimentos,
ele, talvez, esteja demonstrando a necessidade de aprender mais
disciplina nessa área de sua vida e não poderá ser um exemplo
apropriado para o rebanho. Um presbítero trata as irmãs na fé “com
toda a pureza” (1 Timóteo 5.2)?
PERGUNTAS E OBSERVAÇÕES
(COM REFERÊNCIA AO HOMEM CASADO)
1) Este homem, candidato ao ofício de presbítero, evidencia
fidelidade à sua esposa? É fiel física e emocionalmente?
Um presbítero em potencial deveria ser perguntado diretamente se
ele, alguma vez, quebrou o seu pacto matrimonial, através de um
relacionamento adúltero. E, se não o fez em um ato físico, tornou-se
emocionalmente envolvido com outra mulher, de uma maneira que o
desqualificaria para o ofício? Seria sábio ter esta conversa com a
esposa também, visto que ela poderá trazer alguma luz sobre coisas
que ele mesmo pareça não perceber. Em geral, os líderes de uma
igreja deveriam estar seguros de que a esposa concorda e acredita
que seu marido está qualificado. Essas são questões que devem ser
apresentadas a um homem antes de fazer dele um presbítero, não
depois. A posição e o que se requer do ofício de presbítero, só
adicionará ainda mais pressão a qualquer fissura de caráter já
existente num casamento.
CONCLUSÃO
Na cultura em geral o índice de divórcios é altamente alarmante e
muitos ataques são feitos contra o casamento. Isto significa que as
igrejas que se limitam ao propósito de somente elegerem “homens de
uma só mulher”, para o ministério de presbítero, estão atendo-se a
uma postura altamente elevada, centrada no evangelho, centrada na
ordem divina, como uma alternativa para que o mundo a veja.
Enquanto o mundo mergulha de cabeça num impulso de imoralidade
sexual e uma ética de relativismo, a igreja precisa manter uma
alternativa santa, boa e beneficente para o estilo de vida íntimo
entre um homem e uma mulher. Um presbítero estará encabeçando
esta alternativa contra-cultural. Portanto, escolher um homem que
seja fiel em todas essas áreas requer paciência, oração e
discernimento para o bem de todos.
11
TEMPERANTE, SÓBRIO,
MODESTO
“É necessário, portanto, que um presbítero seja...
temperante, sóbrio, modesto”
(1 Timóteo 3.2)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O presbítero em potencial costuma ensinar outros homens a
viverem como ele vive?
Esse é o chamado essencial de um presbítero (Tito 2.2). O presbítero
deverá ser conhecido por encorajar sobriedade, autocontrole e
comportamento respeitável em outros. Outros aprendem moderação
pelo seu conselho e exemplo?
CONCLUSÃO
O ministério e a igreja estão constantemente sendo observados pelas
pessoas de dentro e de fora e os inimigos da igreja buscam,
continuamente, oportunidades para condenar e difamar. As igrejas
são grandemente estimuladas a resistir a esses ataques, quando seus
líderes são homens respeitados por sua conduta e são homens sadios
em seus juízos.
12
HOSPITALEIRO
“É necessário, portanto que o presbítero seja...hospitaleiro”
(1 Timóteo 3.2)
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) Procure notar aqueles homens que fazem, para si mesmos, um
ministério de cumprimentar todas as pessoas na igreja.
São eles como adornos de parede ou candidatos a Sr. Simpatia? Não
quero dizer que o homem deva possuir uma personalidade
exuberante, mas vale a pena notar aqueles homens que permanecem
no edifício depois de terminados os cultos, que chegam cedo, que
saúdam os visitantes e os santos igualmente. Essa atividade de
saudar e de fazer com que as pessoas se sintam bem-vindas é
essencial à hospitalidade. Note, especialmente, se algum homem está
fazendo essa obra num gesto contrário à sua tendência natural. Se
assim o é, este será um sinal de graça divina. As igrejas devem
valorizar este ato positivo de amor, que chega a resistir à inclinação
natural do indivíduo para a privacidade e o isolamento.
CONCLUSÃO
No culto em que a igreja se despediu de James, que fora transferido
para outra cidade fora de Washington, DC, o pastor pediu a todos os
que haviam sido hóspedes na casa dele para um almoço ou um jantar
que, por favor, se levantassem. Naquele culto haviam,
provavelmente, cerca de 350 a 400 pessoas. Literalmente, 90 por
cento da congregação colocou-se em pé e glorificou a Deus pela
hospitalidade que James e sua família lhes proporcionaram. Sua
casa, assim como sua vida, tornara-se uma extensão do ministério
pastoral da igreja. Juntamente com sua família deram frutos
imensuráveis por simplesmente ter pessoas unindo-se a eles para o
jantar normal dos domingos - semana após semana.
Se isso já soa como uma carga, devo também acrescentar que
James e sua esposa têm seis filhos, haviam adotado um sobrinho e
uma sobrinha e moravam a 45 minutos da igreja. Não era um
Superman, mas o modo com que ele e sua esposa exibiram esse
modelo de hospitalidade, às vezes, faz-me pensar que era. Seu
exemplo desafiou-me a esquecer o sossego e a cruzar mais fronteiras
com o amor de Cristo. Possa a tribo dos ‘James’ aumentar!
13
A NECESSIDADE DE ENSINAR
Assim, não nos surpreende quando o apóstolo Paulo inclui “apto
para ensinar” em sua lista de qualificações para a liderança da igreja.
Cada um dos atributos listados por Paulo deveria tipificar todo
homem cristão que é maduro, mas essa qualidade de “apto para
ensinar” é um dom peculiar, que se requer de homens que aspiram
ser presbíteros ou pastores. A razão é simples: ensinar é a tarefa
primária do presbítero. Outras coisas são necessárias em uma igreja,
tais como administração, cuidado mútuo e assim por diante, mas,
uma coisa que necessariamente coloca um presbítero à parte é sua
habilidade para ensinar.
João Calvino captou algo da sobriedade devida, quando
consideramos essa tarefa:
E se julgamos uma grande impiedade contaminar qualquer coisa que é dedicada a
Deus, ele certamente não poderá suportar quem com mãos impuras ou mesmo
despreparadas, manuseie aquilo que, entre todas as coisas, é a mais sagrada na terra.
É, portanto uma audácia bem perto de um sacrilégio tomar a Escritura
precipitadamente, torcendo-a a nosso bel-prazer, ao luxo de nossos caprichos; o que
já tem sido feito por muitos em tempos passados. 23
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) Os pastores devem prover meios para que homens na igreja
tenham oportunidades para ensinar, com o fim de poderem
avaliar sua habilidade.
Homens que demonstrem interesse em ensinar e que manifestem
qualidades para o ofício de presbítero, deveriam ter oportunidades
para ensinar em situações apropriadas. Algumas igrejas usam seus
cultos noturnos, aos domingos, para esse fim. Outras igrejas usam
oportunidades na Escola Dominical ou seus estudos bíblicos no meio
da semana. Ainda outras organizam oficinas para treinamento
experimental. Seja qual for a situação local, pastores e igrejas devem
criar oportunidades para observar e confirmar capacidades de ensino
nos homens da congregação.
CONCLUSÃO
Como pastores e como igreja, precisamos encontrar homens com os
quais possamos contar e confiar-lhes aquelas coisas que nós mesmos
temos aprendido de homens fiéis. A fim de que a transmissão da
verdade possa ser bem feita, os homens que indicamos para a
liderança devem ser aptos para ensinar, numa diversidade de
maneiras e de situações. Chamar para servir como presbítero um
homem que não saiba ensinar é como canalizar o leite puro da
Palavra através de canos corroídos e enferrujados. A Palavra
continua sendo leite mas, por quanto tempo? E quem vai querer
tomar leite de um cano enferrujado?
14
SÓBRIO, GENTIL,
PACIFICADOR
“...não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas”
(1 Timóteo 3.3)
AS QUALIFICAÇÕES
Os versos 2 e 3 de 1 Timóteo 3, parecem estar juntos, como uma foto
e seu negativo. No verso 2, Paulo lista qualidades positivas:
irrepreensível, temperante, sóbrio. No verso 3, ele encerra três
características negativas: não dado ao vinho (ou embriaguez),
violência e inimigo de contendas (ou, como se lê noutra tradução
briguento). As qualidades do verso 2, quando presentes, qualificam
um homem para o ofício. As características do verso 3, o
desqualificam.
Não “ser dado ao vinho”, ou, “não dado à embriaguez”, sugerem a
tendência de tomar bebidas intoxicantes em excesso, até perder a
faculdade de uma mente sóbria. É Calvino quem explica que
“embriagar-se” inclui “qualquer intemperança em uma atitude gulosa
com o vinho (ou bebida alcoólica)”.25
A violência, usualmente, segue a intoxicação. Uma disposição
briguenta e violenta não se harmoniza com um pastor. Ele não pode
ser um agressor. Em vez disso, suas maneiras são controladas pela
gentileza. Finalmente, um presbítero não pode ser um briguento.
Não deve ser argumentativo ou causar divisão. Paulo escreveu as
mesmas instruções, em sua segunda carta a Timóteo:
“E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas.
Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender; e, sim, deve ser brando
para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se
opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para
conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se
eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua
vontade” (2 Timóteo 2.23-26).
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O homem é um presbítero dado à embriaguez?
Toma bebidas alcoólicas e, se toma, o faz com a apropriada
sobriedade? Seja em sua casa ou na comunidade, algumas vezes,
toma até ao ponto de intoxicação? Está escravizado por outros tipos
de intoxicantes?
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo antecipou épocas de crescente dificuldade no
ministério do evangelho. “Pois haverá tempo em que não suportarão
a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as
suas próprias cobiças, como sentindo coceiras nos ouvidos; e se
recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se a fábulas”. Para
tempos como esses, o apóstolo chama por pastores sóbrios, gentis, e
pacificadores. “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as
aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério” (2 Timóteo 4.5). Homens de tal calibre são bênçãos a
qualquer igreja.
15
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O candidato ao ofício de presbítero dá generosa e
sacrificialmente?
Dar é um sinal de estar libertado do amor ao dinheiro e ganhos
financeiros. Devemos entesourar para nós mesmos tesouros nos
céus, não na terra, para que sirvamos ao Senhor e não ao dinheiro
(Mateus 6.19-24). Nosso apreço a Cristo e às coisas do seu reino
resulta em doar generosamente, sacrificialmente, alegremente.
Quando estamos considerando um homem para ser presbítero,
temos de considerar se ele é generoso no seu ofertar ao trabalho da
igreja (o que bem poderá mostrar a medida do seu compromisso com
a igreja). Ele dá para atender as necessidades de outros, conforme as
oportunidades permitem, ou é um acumulador para si mesmo?
CONCLUSÃO
Por muito tempo eu resisti ao impulso do ministério do Evangelho
porque eu não queria ver-me de maneira nenhuma associado com os
vigaristas que aparecem nas televisões. Pensava: “Senhor, dá com que
eu possa ser qualquer outra coisa, menos um pregador. A maioria deles
parece estar preocupada com nada mais que dinheiro”. Bem, o Senhor
faria as coisas à sua maneira – aparentemente, também com uma
boa risada. Agora sirvo como pastor num dos setores de maior
atividade bancária do mundo, com tentações e mundanismo a todo
nosso redor! O O’Jays me faz orar como eles o fazem, em seu
estribilho:
Não deixe, não deixe, não deixe o dinheiro te governar
Pelo amor do dinheiro
Algumas vezes, o dinheiro pode as pessoas mudar
Não deixe, não deixe, não deixe o dinheiro te enganar
Algumas vezes, o dinheiro pode às pessoas enganar
Gente, não deixe o dinheiro, não deixe o dinheiro vos mudar.
LIDERANÇA E AMOR
A palavra “governar”, no verso 5, é a mesma usada para o bom
samaritano, que arriscou-se ao colocar bandagens e cuidar do
viajante ferido (Lucas 10.25-37). O homem samaritano respondeu à
necessidade do viajante, cuidando dos seus ferimentos com atenção
e carinho – precisamente como um cristão, com a perspectiva de ser
um presbítero, será chamado para atuar na igreja. Os presbíteros
supervisionam e orientam os membros da família. 28
Se um presbítero supervisiona, porém falha em prover orientação,
possivelmente será porque, ou é um tirano, ou um dono de casa
ausente. E ambas as atitudes não se prestam para um pai, nem
tampouco para um presbítero. E se ele apenas orientar, mas deixar
de supervisionar, ele não estará sendo mais do que um policial que
finge não ver a infração, ou nada mais do que um simples colega para
seus filhos – não poderá guiar apropriadamente. Ele terá de governar
a casa com gentileza e preocupar-se por cada um dos membros da
família. O apóstolo e seus companheiros contrabalancearam estes
dois aspectos em seus próprios governos sobre as igrejas. Paulo
escreveu:
“...nos tornamos carinhosos entre vós, qual ama que acaricia seus próprios filhos;
assim, querendo-vos muito, estávamos prontos para oferecer-vos não somente o
evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida; por isto que vos tornastes muito
amados de nós. E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de
vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus,
que vos chama para o seu reino e glória” (1 Tessalonicenses 2.7-8, 11-12).
Imediatamente, nos diz o apóstolo o que um bom governo implica
– “criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito” (v. 4).
O apóstolo já havia falado sobre o fato de que o presbítero em
perspectiva precisa ser marido de uma só mulher, indicando a
singularidade do coração que um presbítero casado deverá ter por
sua esposa. Aqui, porém, Paulo se preocupa com o relacionamento
que um pai deve ter com seus filhos. A palavra “respeito” poderá
aplicar-se tanto ao pai como aos filhos, em sua submissão e
obediência. E, claro, esperamos as duas coisas de um presbítero
qualificado. Um homem assim merece respeito e isto se mostra em
como seus filhos devem seguir sua liderança. Ele é uma pessoa digna
de respeito ou que denota reverência. Numa outra tradução,
leríamos: “Veja que seus filhos o obedecem com o próprio respeito”.
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
1) O candidato ao ofício de presbítero dá a devida atenção ao seu
lar?
Provê liderança? O que diz sua esposa, quanto ao envolvimento dele
no lar? O recomenda, ou trata de justificar a sua falta de
envolvimento? A supervisão de um lar poderá ser medida de diversas
maneiras: por conhecer e atender as finanças da família, pelo lidar
com as decisões concernentes à educação das crianças, pelo cuidado e
manutenção física da própria casa.
5) Tanto para homens solteiros, como para casados que não têm
filhos, é importante saber quais suas atitudes para com as
crianças e o que pensam sobre a criação de filhos.
O homem se opõe a ter filhos, ou está postergando ter filhos (se
casado) por certo período de tempo? Nesse caso, podem existir
certas tendências egoístas que governam sua vida. Para um homem
solteiro, seria bom considerar se ele já teve outras oportunidades
para pastorear crianças, que venham a servir como um exemplo
substitutivo para a questão. Ele se oferece como voluntário para
ministérios ou programas da comunidade que visam servir jovens?
Ele tem sobrinhos e sobrinhas? Demonstra voluntariedade para
cuidar das crianças de outras famílias na igreja? Se o faz, como lhe
respondem, ou reagem as crianças nesses programas e como ele se
preocupa com elas? Seus relacionamentos, em seu lugar de trabalho,
também podem fornecer respostas para o assunto em pauta.
CONCLUSÃO
O Senhor requer que as igrejas sejam governadas por homens que
saibam supervisionar e orientar seus filhos. Em grande parte, essa é
a tarefa de um ministério pastoral. Onde encontraremos esses
homens? Onde melhor que em suas casas, cuidando dos seus
assuntos? Que possa o Senhor agradar-se em levantar homens fiéis
em seus lares e capacitados para essa nobre tarefa.
17
MADURO E HUMILDE
“não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na
condenação do diabo”
(1 Timóteo 3.6)
A QUALIFICAÇÃO
Ele não pode ser um “neófito”. Não pode ser um crente novo.
Literalmente, não pode ser “recentemente plantado” na fé. Como o
tenro broto de uma planta, um novo convertido não terá a
capacidade para aguentar o contínuo, difícil e pesado caminhar do
ministério. Sua fé não pode ser nova, mas de idade, como uma árvore
de anos, que produz frutos maduros.
Os novos crentes se assemelham às crianças. Sua nova vida
encoraja e anima, mas, simultaneamente, devemos reconhecer que a
nova vida ainda é vulnerável. Os crentes novos necessitam de
instruções, de serem moldados e cuidados. E, uma vez que eles
mesmos são os que precisam de tais cuidados, lhes falta a
maturidade para que possam prover o cuidado aos outros, num nível
pastoral.
O Senhor foi muito bom em explicar isso, em sua Palavra, e a igreja
faz muito bem em ouvi-lo. A tendência em algumas igrejas –
particularmente aquelas ansiosas por ligar as pessoas a
determinados serviços – é a de apertar novos convertidos a
aceitarem aqueles cargos pelos quais o novo crente já demonstrou
algum impulso de interesse. Mas as igrejas não deveriam colocar um
homem em uma posição que está além de suas possibilidades. Outra
vez, as igrejas não devem desejar privar um homem do cuidado e da
instrução que necessita. Por exemplo, a igreja deveria estar segura
que o homem tenha facilidade nas coisas básicas da fé, antes de pedir
que ensine até mesmo às crianças.29
O potencial presbítero não deve ser um novo convertido na fé. Um
novo convertido tem, ainda, muito por aprender, aplicar, dominar
em sua própria vida (Romanos 12.1-2), antes que comece a
discipular e a pastorear outros dessa maneira. Paulo não nos dá uma
idade específica ou a extensão do tempo que possa demonstrar
maturidade. Todos conhecemos cristãos que estão na fé por décadas,
mas ainda lhes falta a maturidade espiritual que se requer para ser
um presbítero. E, inversamente, nós, provavelmente, já conhecemos
um número de pessoas que parecem já haverem nascido
espiritualmente velhas e evidenciam uma maturidade notável para
sua idade cristã. Um discernimento paciente é necessário. O que
desejamos encontrar, com o passar do tempo, é uma maturidade
consistente em vida e em pensamento.
A RAZÃO
As igrejas devem buscar maturidade espiritual, por causa do
particular perigo associado com a imaturidade. Um homem imaturo
pode “suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do
diabo”. Orgulho e condenação demoníaca, dois grandes inimigos que
ameaçam o novato.
O orgulho faz com que nos vejamos mais elevados que outros. Isso
afeta a maneira como tratamos as ovelhas, tentando-nos, talvez, a
tratá-las com rispidez. E também nos faz indispostos de seguir
outros líderes.
Por último, um homem orgulhoso torna-se vulnerável a cair no
ofício, levando-o à “condenação do diabo”. A “condenação do diabo”
poderá referir-se tanto a: (a) o mesmo julgamento que o diabo
recebeu por seu orgulho, (b) a calúnia e a acusação do diabo, que se
deleita em acusar os crentes.
De uma maneira ou de outra, convidar um neófito para o ofício de
presbítero é convidá-lo para um ataque do orgulho, em seu coração, e
de julgamento, que lhe vem do lado de fora.
Calvino resume a questão muito bem: “Neófitos têm, não somente
um fervor impetuoso e uma ousadia audaciosa, mas também se
enfatuam com uma confiança tola, como se pudessem voar até às
nuvens. Consequentemente, não é sem razão que estão excluídos do
pastorado até que, no processo do tempo, seu temperamento
orgulhoso seja conquistado.”30
QUESTÕES E OBSERVAÇÕES
O orgulho veste-se com muitas máscaras. É um monstro horrível.
Assim que, para se diagnosticar o orgulho e a imaturidade, necessita-
se de muita paciência.
1) Quando este homem foi convertido? É um novo crente?
Se o homem for um novo cristão, ele não está qualificado para o
posto. Poderá ser um homem com grande zelo e com desejo de
servir, mas o melhor será discipulá-lo e treiná-lo para uma vida
piedosa. Adie considerá-lo para ser um presbítero.
CONCLUSÃO
Na procura de homens de confiança, não podemos minimizar a
importância da maturidade espiritual e da humildade. Maturidade e
humildade são de imenso valor para proteger a igreja e os presbíteros
das artimanhas e esquemas de Satanás.
18
A QUALIFICAÇÃO FINAL
O apóstolo chega à sua qualificação final para presbíteros e pastores:
“Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de
fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1 Timóteo
3.7).
Acontece que aquilo que os incrédulos pensam de nós, sim,
realmente importa. Especialmente, em se tratando de presbíteros. O
homem que almeja ser um presbítero precisa possuir uma forte
reputação entre aqueles de fora da igreja. Esses que estão do lado de
fora – pessoas que não são cristãs – poderão corroborar ou refutar o
testemunho de um potencial presbítero. Em muitas circunstâncias, a
opinião dos de fora precisa ser positiva. Talvez, possamos dizer que
as opiniões neutras não são suficientes, visto que é necessário que
“ele tenha bom testemunho dos de fora”. Se um homem é bem
considerado dentro da igreja, mas pobremente considerado pelos
não crentes, ele não se qualifica como um candidato conveniente
para o ministério cristão.
Essa qualificação tem sérias implicações espirituais. Uma
reputação pobre, fora da igreja, uma vez confirmada, poderá indicar
que o homem é propenso a cair em desgraça, ou em alguma
armadilha do inimigo. Quantos desses homens têm manchado o
testemunho da sua igreja local, de Cristo e do Evangelho? O inimigo
dos eleitos se deleita em nada mais do que ver homens caírem sobre
suas próprias espadas, por estarem vivendo com uma má e pobre
reputação.
Porém, uma boa reputação com os de fora não significa que o
potencial presbítero não levará a censura e a ignomínia de Cristo. O
mundo odiou o Senhor e o mundo odiará aqueles que O seguem
(Mateus 10.24-25). Os apóstolos vieram a ser o “lixo do mundo,
escória de todos”, em seu tempo e cultura (1 Coríntios 4.13). Assim,
também, será para todo crente fiel, em todas as épocas, a mesma
rejeição de Cristo. “Todos quantos querem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3.12). Então, a chave da
questão é: A rejeição de um presbítero em potencial vem pelos de
fora por causa de Cristo ou em razão do seu caráter piedoso e do seu
modo de viver?
Os presbíteros precisam ter testemunhos recomendáveis ao
evangelho e a tudo o que se conforma com a sã doutrina. Ainda os
seus próprios inimigos deveriam sentir-se envergonhados de seus
comentários algozes, em virtude de uma vida bem vivida para Cristo
(1 Pedro 3.16). Esta é a qualidade de homem que devemos orar a
Deus para aquele que porventura venha ocupar a posição de
presbítero.
PERGUNTAS E OBSERVAÇÕES
1) O candidato ao ofício de presbítero envolve-se com a
comunidade em geral?
Um homem que deseja o ofício de presbítero deverá ser sal da terra e
luz do mundo (Mateus 5.13-14). Isso se fará refletir, em parte, pelo
relacionamento que ele mantenha com aqueles que não são cristãos
e nas contribuições cívicas e comunitárias. O presbítero em potencial
tem um contato considerável com os que são de fora?
2) Quais são as coisas que os vizinhos e seus colegas não crentes
podem dizer sobre ele?
Como é visto pelos de fora? Testemunham em seu comportamento o
que considerariam cristão, ou, ao contrário, o que considerariam não
ser cristão? O têm em boa estima? Alguém se surpreenderia ao saber
que ele é um líder na igreja?
CONCLUSÃO
A chamada para ser um pastor é uma vocação muito alta. Não é
qualquer um que pode tomar o manto de liderança na igreja. Aqueles
que são chamados precisam ser exemplos para o rebanho em todas
as áreas da vida (1 Timóteo 4.12). Eles necessitam ser modelos de
uma fé devotada, dentro e fora da igreja, com vidas dignas de Cristo
e do evangelho, às vistas de todos. Mas, ainda, à parte de serem
capacitados para ensinar, as qualificações de 1 Timóteo 3 são
características que todos os crentes devem possuir, gradativamente
aumentando, pela graça de Deus e pela influência do seu Espírito.
Possa o Senhor agradar-se em nos conceder a bênção de homens fiéis
e de confiança para guiar nossas igrejas, e nos dê também o fruto do
Espírito.
19
OS PRESBÍTEROS REFUTAM O
ERRO
“Porque é indispensável que o presbítero seja...antes, apegado à palavra
fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para
exortar pelo reto ensino, como para convencer os que o contradizem.”
(Tito 1.9)
CONCLUSÃO
Existe o perigo de que, estando tão preocupados com o erro,
falhemos em pregar a verdade. Nossos sermões não devem tornar-se
em discursos contra o erro que apareceu mais recentemente, ou
nosso assunto teológico preferido. Mas, tampouco devemos pregar
como se o evangelho fosse a única opção teológica diante do povo.
Em vez disso, devemos fazer claras distinções, tendo em mente os
erros mais grosseiros, assim como aqueles que são mais sutis.
Precisamos apresentar o evangelho de Cristo acima e contrário às
ideias não cristãs e explicar certas nuances doutrinárias que fazem o
evangelho mais claro frente às suas imitações. Praticamente, cada
livro do Novo Testamento contém algum alerta contra doutrinas
falsas e contra os falsos mestres, fazendo bastante claro que tais
mestres e seus ensinos são partes da guerra sem tréguas entre o
povo de Deus e os seus inimigos. Um bom pastor apresentará essas
coisas diante do seu povo e lutará por sua devoção a Cristo e à
verdade, ao invés de sua dedicação a espíritos enganadores e a
ensinos de demônios.
20
OS PRESBÍTEROS REFUTAM OS
MITOS E TREINAM PARA UMA
VIDA PIEDOSA
“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas.
Exercita-te, pessoalmente, na piedade.”
(1 Timóteo 4.7)
CONCLUSÃO
Mitos tolos e fábulas de velhas nos levam a focar a mente, não
apenas nas coisas desta vida, mas também em seus aspectos mais
triviais. Nos fazem tão propensos às coisas terreais, que nos
tornamos sem utilidade para as coisas celestiais. Melhores
pensamentos se requerem dos pastores chamados pelo supremo
Pastor. Equipemos nossas mentes com materiais apropriados para a
vida celestial.
21
OS PRESBÍTEROS ESPERAM
EM DEUS
“Porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo”
(1 Timóteo 4.10)
OS PASTORES ORDENAM
“Ordena e ensina estas coisas”
(1 Timóteo 4.11)
CONCLUSÃO
Não deveria ser algo penoso para um pastor repetir e reensinar
(Filipenses 3.1). E os pastores não deveriam recuar, frente aos rostos
de homens que demonstram, com fisionomias cerradas ou com
palavras, as suas reprovações. Nós, pastores, ordenamos estas coisas
porque os mandamentos do Senhor não são penosos (1 João 5.3)
para a saúde daqueles sob nosso cuidado e a fim de dispensar
fielmente nossas obrigações como bons servos de Cristo.
23
CONCLUSÃO
Quanto mais jovem o homem, mais se sentirá hesitante para liderar
com uma autoridade proporcional à autoridade da Palavra de Deus e
com o ofício presbiteral. A instrução convoca Timóteo a fazer-se
varonil, a crescer, a liderar de tal maneira que sua idade não é o que
indica sua habilidade, sua confiança cristã e sua confiabilidade como
um pastor. É isto o que um jovem pastor deve fazer.
24
OS PRESBÍTEROS DÃO O
EXEMPLO
“...torna-te o padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na
fé, na pureza”
(1 Timóteo 4.12)
CONCLUSÃO
Pastores e presbíteros se tornam o “padrão dos fiéis na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza”, pela graça de Deus e por
sua ajuda onipotente. As igrejas devotam reverência pelo Senhor e
pelo pastorado quando os pastores vivem vidas dignas de serem
imitadas. Em sua bondade, Deus promete grande galardão àqueles
homens que se entregam a essa nobre tarefa (1 Pedro 5.1-4).
Charles Barckley disse bem: os atletas não são a classe de pessoas
indicadas para estabelecer um modelo. Só os servos de Cristo, cheios
do Espírito e poder, o são.
* Nota do tradutor: Uma instituição memorial que notabiliza os grandes atletas do basquete
Norte Americano
25
OS PRESBÍTEROS ENSINAM
“...torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé,
na pureza.”
(1 Timóteo 4.12)
DEVOÇÃO PASTORAL
Então, o que um bom pastor deve fazer? Deve devotar-se a estas três
atividades: leitura pública da Escritura, exortação e ensino. A palavra
traduzida por “aplica-te” em si mesma denota uma preparação
prévia. A vela que queima no gabinete do pastor abastece, como um
combustível, o seu ministério. Mas é necessário que seu estudo seja
igualmente santificado. Charles Bridges escreveu:
A árvore do conhecimento poderá prosperar, enquanto a árvore da vida se definha.
Cada aumento do conhecimento intelectual tem a tendência à exaltação pessoal. O
hábito de estudos tem que ser resguardado, para que não venha a tornar-se um
indulgir pecaminoso; desejando satisfazer seu próprio ego, ao custo da boa
consciência ou da retidão; empregando-se a indagações especulativas, ao invés do
conhecimento santo e prático; ocupando o tempo que deveria ser usado em
obrigações imediatas; ou deixando interferir em outras obrigações de igual ou maior
necessidade. Um juízo sadio e uma mente espiritual devem ser exercitados, dirigindo
os estudos para o fim principal do ministério. Não permitamos que nada daquelas
coisas acima venha a interferir nas horas que devem ser devotadas ao estudo da
Bíblia ou nossa preparação para o púlpito. 36
COLOCANDO EM PRÁTICA
Dos sábios conselhos de Bridges, podemos notar diversas aplicações
para o presbítero fiel:
CONCLUSÃO
Qual a tarefa de um pastor? Em uma palavra: ensino. Por suas
palavras e por suas ações, ele ensina as ovelhas. Santifiquemos, pois,
nosso estudo e a preparação em nosso gabinete, para que possamos,
completa e habilidosamente, alimentar as ovelhas de Deus com o
maná de sua Palavra. É a Palavra de Deus que dá vida. Um bom
pastor crê e confia nisto e centraliza seu ministério neste mesmo
fato.
26
OS PRESBÍTEROS SE
DESENVOLVEM
“Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos
seja manifesto”
(1 Timóteo 4.15)
A DISCIPLINA DO TREINAMENTO
Algumas disciplinas poderão servir-nos em nosso contínuo empenho
para sermos bons pastores.
1. Aborde o estudo como se fora o próprio jogo. O estudo não é
opcional. Nós pastoreamos da mesma forma com que treinamos. Em
nosso estudo, passamos pelas mesmas rotinas dos jogos, que fazem
com que nossa performance no tempo do jogo atual seja tranquila,
eficiente, eficaz. Quando meu estudo caminha errado, assim também
termina o resto do jogo. Meu aconselhamento não chega a ser tão
claro como deveria ser. Me vejo perdido, sem saber responder a
coisas que eu deveria conhecer. Quando meus estudos seguem mal,
meu discipulado com outros homens tem a tendência de ser sem
profundidade, minha pregação, mais dependente de mim mesmo e
com as emoções indevidas. Posso pregar com algum efeito,
compartilhar conselhos mais-ou-menos sábios e ajudar ao lado de
outros homens. Mas a minha falta de preparo eventualmente se fará
aparente durante o “jogo” da vida real. Poderei ser eloquente, mas
não serei de muita utilidade. Um bom presbítero tem de realizar seu
tempo de estudo como se já estivesse jogando “pra valer”, porque a
velocidade no jogo de ministrar requer atenção, preparação e
“jogadores” com bom treinamento.
2. Encontre um bom treinador para si mesmo. Não existe ilha tão
deserta como a ilha do ministério pastoral. Muitos pastores
experimentam solidão em seu ministério pastoral; há outros que se
sentem bem confortáveis com sua própria companhia. Mas para
todos nós, a ilha deserta provoca uma condição trágica: pouco ou
nenhuma avaliação do nosso trabalho. Somos deixados às muletas
cruéis da nossa própria avaliação. Poucos são, entre nós, os que
podem oferecer uma boa opinião de si mesmos. Somos propensos a
cair de um lado, ou do outro – ou tudo está muito bem e todo o
mundo tem que concordar conosco, ou tudo está terrivelmente mal e
os céus estão desmoronando. Em ambos os casos, nada é sentido ou
visto corretamente.
Um bom treinador poderá trazer-nos uma correção sem rodeios,
com toda franqueza, em nossa maneira de pensar, nossa pregação,
nosso aconselhamento e nossa vida. A fim de sermos zelosos,
diligentes, como Paulo nos diz no verso 15, temos de “assistir aos
filmes do nosso treino” com alguém que conheça bem o jogo e que
tenha a capacidade para apontar os erros e as fraquezas. Um pastor
humilde busca este tipo de auxílio.
3. Cultive a humildade. Cultivar a humildade é algo mais difícil do
que parece. Como notamos anteriormente, o orgulho é um monstro
marinho que se levanta das mais diferentes formas e nos tempos
mais inoportunos. Combater o orgulho se assemelha mais ou menos
a pregar geleia na parede. Para ser ajudado neste assunto, leia o livro
de C. J. Mahaney: Humildade – Verdadeira Grandeza*. Estude-o.
Procure também encontrar e observar homens que são considerados
genuinamente humildes. Estes provavelmente não serão
encontrados entre aqueles que estão liderando as mais modernas e
prósperas igrejas em sua área. Provavelmente estarão labutando em
silêncio, no anonimato, o que bem pode ser a causa de poderem
exibir tal humildade de coração. Cultive a humildade por observar
esses homens, seguindo-os, assim como eles seguem a Cristo, e
confessando seu próprio orgulho. Nem treino, nem um bom
treinador poderão ajudar-nos, se não formos humildes, solícitos para
aprender e capazes de receber e usar as correções piedosas, francas e
sem rodeios dos nossos treinadores.
CONCLUSÃO
Muitos crentes se sentem intimidados por seus pastores,
principalmente porque estes se apresentam como super-homens,
sem necessidade de treinamento ou de crescimento. Uma intimidade
entre o pastor e seu povo requer transparência e uma obra da graça
de Deus em suas vidas. Isso pode ser visto como algo arriscado, se
ambos, pastor e seu povo, forem pessoas orgulhosas. Mas o
esplêndido benefício é que o pastor e seu povo começam a tratar-se
graciosamente e terão a oportunidade de ver a realidade do que deve
ser um crescimento produzido por Deus.
OS PRESBÍTEROS VIGIAM
SUAS PRÓPRIAS VIDAS
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus
ouvintes.”
(1 Timóteo 4.16)
CONCLUSÃO
Vigiar nossas vidas e nossa doutrina não é algo que acontece
naturalmente. Por isso mesmo é que o pastor fiel precisa exercitar
disciplina pessoal. Tem de se tornar um estudioso do seu coração e
de sua mente. E deve estimular outros a inspecionarem os cantinhos
que ele não pode enxergar.
28
Ler obras que foram provadas ajuda o pastor a vigiar sua doutrina.
3) De vez em quando, leia livros ruins.
Não com regularidade nem exclusivamente, mas ocasionalmente
um bom pastor deverá ler um livro ruim. Poderá fazer isto porque
muitas pessoas entre o seu povo parecem demonstrar interesse em
determinado livro ou porque certo livro está criando um movimento
na igreja em todas as partes. Ele poderá ler tal livro para conhecer
quais são as questões que aborda e o que está em jogo e para melhor
pastorear o seu povo, ou, ao menos, para afiar seu ministério
apologético. De qualquer forma, depois de uma boa dieta de Bíblia e
de clássicos, um pastor fiel vigia sua própria doutrina por
familiarizar-se com erros relevantes.
4) Leia a história da igreja e teologia histórica.
A maioria dos erros que hoje vemos já foram cometidos por outro
alguém antes de nós. Não há nada de novo embaixo do sol –
inclusive má teologia. Um bom pastor aprende a inocular-se desses
erros por ler teologia histórica e história da igreja, quando erros
doutrinários já tenham sido registrados, debatidos e resolvidos por
homens piedosos de gerações passadas. Há uma verdade no antigo
clichê: “Aqueles que não conhecem história estão condenados a
repeti-la”.
5) Evite as originalidades e os caprichos passageiros da época.
Muitos erros começam com uma originalidade qualquer. Com o
desejo de dizer alguma coisa nova ou fazer alguma inovação. Mas são
poucos aqueles fiéis instrutores que desejam ser doutrinariamente
inovadores. Sempre que um bom pastor se depara com alguma coisa
totalmente nova em seus estudos e leituras, ele faz, pelo menos,
estas quatro perguntas: (1) Como, de uma maneira específica, este
ensino se distancia das verdades aceitas e estabelecidas pela fé uma
vez entregue aos santos?, (2) Que impacto esta ideia ou doutrina
tem sobre outras importantes questões doutrinárias?, (3) Como isto
impacta a vida das pessoas? e (4) Este impacto será realmente digno
de se considerar em vista dos perigos, ou dos problemas associados
com a originalidade da interpretação?
No verso 7, Paulo avisa a Timóteo que evite “fábulas profanas” – os
mitos irreverentes e ridículos. Um bom pastor, seguirá o conselho de
Paulo. O mundo está constantemente clamando por coisas novas.
Deseja engenhosidade e novos descobrimentos. Há algo com o
coração humano que anseia por ser original, peculiar. Mas grandes
explosões de erro acontecem quando o combustível de um pastor é o
desejo por habilidade e originalidade e se mistura com o estímulo
dos desejos mundanos por novidades.
6) Continue aprendendo de bons mestres.
Qual o pastor pode parar de aprender? Ou quem pode dominar
tudo o que há para se aprender dos séculos de pastores eruditos,
teólogos e pensadores? Um bom pastor compromete-se a fortalecer
seu conhecimento do Salvador e da fé, e se planeja especificamente
para este fim. Pode fazer um curso do seminário (no campus ou via
internet), ouvir por rádio ou pela internet, frequentar boas
conferências, ou juntar-se a um grupo de estudos. Mas, de uma
maneira ou de outra, ele continuará sempre aprendendo.
7) Comprometa-se com a confissão de fé de sua igreja.
Os pastores devem estar comprometidos em obedecer e defender a
declaração de fé como um resumo exato dos ensinos da Bíblia. No
momento em que um pastor renuncia seu comprometimento com
um artigo da declaração, ele deverá confessá-lo a seus colegas do
presbitério e aos líderes, para responsabilidade recíproca, correção e
disciplina. Em nossa igreja, os presbíteros prometem que, “se em
algum tempo eu me encontro em desacordo com as confissões de
nossa Declaração de Fé e Aliança, eu, de minha própria iniciativa o
farei conhecer ao pastor e aos demais presbíteros a mudança que fiz
em meu entender, desde que assumi estes votos”. Este penhor
fortalece nossa vigília doutrinária. (Veja o apêndice para exemplos
dos votos de um presbítero em sua ordenação).
8) Desenvolva um instinto para detectar afrouxamentos e
afastamentos doutrinários.
Na maioria dos casos, um pastor serve como o principal oficial
teológico na igreja. Consequentemente, ele terá de ser
suficientemente astuto para monitorar seus próprios pensamentos e
ser intelectualmente honesto para consigo mesmo. Necessita ter um
nariz capaz de sentir o cheiro da preguiça teológica, do desleixo ou da
indiferença. Terá de lutar contra qualquer tendência que o leve a
fazer concessões doutrinárias.
O presbítero não poderá servir bem a seu povo quando,
constantemente, está cedendo pequenos pontos no terreno
teológico, sempre que se veja amedrontado pelos semblantes dos
homens que o desaprovam. Terá de ser capaz para discernir se
agradar as pessoas é uma tendência dos hábitos do seu coração e até
onde isto enfraquece sua posição doutrinária. Terá de reconhecer se
tem a tendência de evitar conflitos ou se este hábito corrói sua
fidelidade à verdade. Precisa saber quando o pragmatismo assume o
controle dos seus pensamentos, de tal modo que o tente a abandonar
a sã doutrina e escolher aquelas coisas que “funcionam melhor”.
Necessita de um instinto afiado para poder apontar desvios e
afrouxamentos em si mesmo, e ter um plano específico para vencer
suas tendências.
CONCLUSÃO
Na história da igreja, toda heresia e disseminação geral de uma
corrupção doutrinária na igreja se levantou quando seu pastor estava
em seu posto de trabalho. Ele mesmo a introduziu, ou permitiu que
entrasse no corpo da igreja. Um número significante desses erros
foram desenvolvidos por homens que buscaram aquilo que parecia
direito aos seus próprios olhos e desprezaram as grandes verdades
da Escritura e a sabedoria piedosa daqueles que foram antes deles.
A exortação de Paulo é profundamente prática e criticamente
importante. A vigilância atenta do pastor afeta o bem estar do seu
povo. Ao vigiar, ele salvará a si mesmo e aos seus ouvintes. Possa o
Senhor dar-nos graça para sermos bons e fiéis ministros para nosso
povo.
À CONGREGAÇÃO
12. Os irmãos, membros da Igreja (...), reconhecem e publicamente
recebem _________ e ________ como presbíteros e como dádivas de
Deus à sua igreja para liderar-nos nos caminhos de Jesus Cristo?
Sim, reconhecemos e recebemos.
10. Visto que a Bíblia usa estes três termos como sinônimos,
também nós os usamos nas seções que se seguem.
22. Ibid. 99
23. João Calvino, “Romanos” (São José dos Campos, SP: Editora Fiel,
2013)
27. Charles Edward White “Four Lessons on Money from One of the
World’s Richest Preachers,” Christian History 19 (Summer 1988):
24; citada em Randy Alcorn, “Money, Possessions and Eternity”
(Sisters, OR, Multnomah, ed. rev. 2003), 298-99.
31. Charles Haddon Spurgeon, “Lições aos meus alunos” (São Paulo,
SP: Editora PES).
41. C. S. Lewis, “On the Reading of Old Books”, in “God in the Dock:
Essays on Theology and Ethics”, (Grand Rapids, MI: 1970), 200.
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