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Versos 3 e 4 O poeta sente-se descontente por não ser mais do que é, deseja regressar ao
tempo onde foi feliz e voltar a ser criança que não pensa, só sente.
Versos 5 – 8 Mesmo assim, há quem erre ao tentar regressar ao passado e não consiga
inclusive alcançar um pouco da criança que há em si, acabando na ignorância, sem saber
de onde veio, nem onde está. Representa a estagnação e a ausência de felicidade, já que
só existe a dúvida e não pode sentir nem progredir.
Versos 9 – 14 Caso seja possível relembrar aquilo que se esqueceu observando o passado,
sem sair do presente, poderá, pelo menos, perceber quem é agora, visto que não é aquilo
que foi (já não é a tal criança). Assim, verá ao longe (na memória e nas recordações) quem
foi, podendo encontrar na sua imagem presente a influência (ou até mesmo parte) da
imagem do passado.
GRAMÁTICA
RECURSOS ESTILÍSTICOS
Pleonasmo “erra a vinda = regressão errada” (vv. 5/6) – Reforça a ideia frustrada
de voltar à infância perdida através da repetição do mesmo significado com diferentes
significantes.
“alma parada” (vv.8) – É o próprio sujeito poético que parou, mas atribui tal facto
à alma/coração, ao inconsciente, pois é aquilo que sente e cria as emoções do sujeito.
Como em muitos poemas ortónimos de Pessoa, a temática dança à volta da infância perdida
e cristalizada na memória do poeta enquanto período de ouro da sua vida, em relação ao
qual há sempre o desejo velado de regresso impossível.
No entanto - e isto é algo que caracteriza a escrita ortónima - não há grande grau de
emoção na voz poética utilizada. É como se um grande desencanto permeasse toda a
escrita de Pessoa em seu próprio nome, um desencanto que parece mesmo aproximar-se
de um completo e total esvaziamento de tudo, incluindo as emoções. Pessoa é quase
sempre racional, mas a sua escrita ortónima tende a tornar o racional assustadoramente
vazio, plenamente vazio, o que não acontece na escrita dos seus heterónimos, que é
sempre polvilhada por vislumbres de uma qualquer intenção, por muito artificial.
Análise
Mas mesmo nessa impossibilidade, o poeta pode sonhar. Mesmo sabendo que não pode
regressar. Por um lado está perdido na sua vida adulta, no outro recorda a sua infância
dolorosa, que embora feliz o colocou de certo modo na situação actual. Não há escolha
possível, e este impasse leva à sua "alma (...) parada".
VV. 3 e 4 O poeta sente-se descontente por não ser mais do que é, deseja regressar ao
tempo onde foi feliz e voltar a ser criança que não pensa, só sente.
VV. 5 – 8 Mesmo assim, há quem erre ao tentar regressar ao passado e não consiga
inclusivé alcançar um pouco da criança que há em si, acabando na ignorância, sem
saber de onde veio, nem onde está. Representa a estagnação e a ausência de felicidade,
já que só existe a dúvida e não pode sentir nem progredir.
VV. 9 – 14 Caso seja possível relembrar aquilo que se esqueceu observando o passado,
sem sair do presente, poderá, pelo menos, perceber quem é agora, visto que não é
aquilo que foi (já não é a tal criança). Assim, verá ao longe (na memória e nas
recordações) quem foi, podendo encontrar na sua imagem presente a influência (ou até
mesmo parte) da imagem do passado.
GRAMÁTICA:
Frases negativas e declarativas com vocabulário simples. Uso dos verbos copulativos
(ser, estar, ficar, ir) – demonstram a dúvida do sujeito poético ao longo do poema, já
que colocam em evidência a oposição temporal.
Oposição temporal: Neste poema, a grande especificidade da gramática observa-se na
frequente utilização do pretérito perfeito, do presente e do futuro, que criam uma
ligação e dificuldade em criar um distanciamento psicológico e divisão total desses
momentos (ou seja, estão interligados), sugerindo a indecisão do sujeito poético quanto
ao seu percurso temporal.
RECURSOS ESTILÍSTICOS:
Pleonasmo “erra a vinda = regressão errada” (vv. 5/6) – Reforça a ideia frustrada de
voltar à infância perdida através da repetição do mesmo significado com diferentes
significantes.
“alma parada” (vv.8) – É o próprio sujeito poético que parou, mas atribui tal facto à
alma/coração, ao inconsciente, pois é aquilo que sente e cria as emoções do sujeito.