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Memória Imunológica e Vacinas

Dr. Fábio Marinho


Departamento de Bioquímica e Imunologia
fmarinho@c-bio.grad.ufmg.br
Cowpox vírus Smallpox vírus
varíola bovina varíola humana

http://the-medical-dictionary.com/cowpox.htm

Edward Jenner (1749-1823)


Ordenha de vacas (varíola bovina –
relativamente branda) levava à
imunidade à varíola (fatal)

Em 1796 ele demonstrou que a


inoculação de pequena quantidade
de material seco de uma pústula de
varíola bovina poderia proteger
contra a varíola humana. Deu a esse
procedimento o nome de
vacinação.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/Jenner_phipps_01.jpg
Memória Imunológica
• Resposta qualitativamente distinta da resposta efetora primária (mais
efetiva)
• O número de células de memória para um dado antígeno é altamente
regulado (equilíbrio entre proliferação e morte celular)
• Alta frequência de células específicas para o antígeno se comparada ao
observado antes da exposição primária

Níveis de células antígeno-


específicas contraem para
um nível maior que o nível
observado antes da
primeira infecção

Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.


Memória: células B
Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.

➢ Indução ocorre nos centros germinativos


➢ Marcadores: CD27 (Humanos); IgG, IgA ou IgE de superfície; maior
presença de MHC-II e B7.1; hipermutação da região variável do
anticorpo
➢ Circulam no baço, linfonodos e sangue
Memória: células B
➢ Durante a reativação as células passam
novamente pelas reações do centro germinativo
(aumento progressivo da afinidade)
➢ Plasmócitos de vida longa não são células B de
memória!

Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.

Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.


Memória: células T
➢ Podem migrar para qualquer
tecido; são menos dependentes
de coestimulação

➢ A citocina IL-7 é importante para


sua manutenção; IL-15 também
é necessário para T CD8+

➢ Expressam CD45RO

Células T de memória efetoras


- Residem em locais periféricos
- Se tornam efetoras rapidamente
- Não proliferam muito

Células T de memória central


- Residem principalmente nos
linfonodos
- Sofrem respostas proliferativas
intensas e geram muitas células
Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.
efetoras (quantidade)
Células T CD4+ auxiliam na indução e
manutenção da memória imunológica

➢ Auxiliam na programação de
células T CD8 virgens a se
tornarem células de memória
➢ Promover atividade efetora
eficiente de T CD8 de memória
➢ Mantêm o número fisiológico de
células T CD8 de memória

➢ Necessárias para as reações do


centro germinativo e,
consequentemente, formação de
células B de memória

Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.


O que é uma vacina?
Amostras enfraquecidas ou atenuadas de agentes patológicos
que são inoculadas em indivíduos sadios, a fim de obter
proteção contra doenças.

As vacinas geram
imunidade de longa
duração e protetora:
memória imune

A maioria das vacinas em


uso atualmente induzem
a imunidade humoral
Imunidade ativa versus imunidade passiva
Fonte: Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.

➢ Imunidade passiva pode ser necessária para evitar sensibilização do indivíduo


ou para tratamento rápido contra doenças potencialmente fatais
➢ Curta duração
Erradicação da varíola

Erradicação da varíola anunciada pela Ali Maow Maalin contraiu e


Organização Mundial de Saúde (OMS) em sobreviveu ao último caso de
1979 varíola na Somália em 1978
Requisitos para uma vacina
eficiente
Propriedades dos microrganismos
➢ Agente infeccioso não estabelece
latência
➢ Não possui ou apresenta pouca
variação antigênica
➢ Não interfere com a resposta imune
do hospedeiro

➢ Mais eficazes contra infecções que


não apresentam reservatório animais

Polio virus vs HIV

Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.


Programas de imunização em massa têm conduzido à proteção efetiva
contra várias doenças

❖ SSPE – Panencefalite esclerosante


subaguda - doença cerebral
consequência tardia da infecção
pelo sarampo em alguns pacientes.
SSPE desapareceu 15 a 20 anos
mais tarde.

❖ Essas doenças não foram


erradicadas mundialmente.
Ainda há muitas doenças para as quais não há vacinas efetivas

❖ As vacinas de sarampo
atuais são eficientes
mas termolábeis, o que
dificulta seu uso em
países tropicais.
Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.
Abordagens de vacinas
❖Vacinas bacterianas e virais atenuadas e
inativadas;
❖Vacinas de antígeno purificado (subunidades);
❖Vacinas de antígenos sintéticos;
❖Vacinas de vírus vivos envolvendo vírus
recombinantes;
❖Vacinas de DNA
Abordagens de vacinas
❖Vacinas bacterianas e virais atenuadas e inativadas
➢ Provocam toda a resposta imunológica que o patógeno
desenvolveria
➢ Preocupação: segurança

➢ Atenuadas: Cólera (Vibrio cholerae), Bacilo de Calmette-Guerín


(Mycobacterium bovis); pólio, sarampo, febre amarela
➢ Inativada: Influenza

Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.


Vírus são tradicionalmente atenuados pelo crescimento seletivo em células não humanas
Abordagens de vacinas
❖Vacinas de antígeno purificado (subunidades)
➢ Geralmente administradas com adjuvantes
➢ Não geram CTLs potentes

➢ Toxoides: tetânico e diftérico


➢ Vacinas conjugadas (polissacarídeos acoplados a
proteínas): pneumococos, meningococos e
Haemophilus influenzae.

Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.


Abordagens de vacinas
❖Vacinas de antígenos sintéticos (proteicos)
➢ Geralmente administradas com
adjuvantes
➢ Utilizam bactérias, leveduras ou células
isoladas para produzir o antígeno
➢ Tecnologia do DNA recombinante

❖Exemplos: Vírus da Hepatite; Vírus da herpes


simples; Vírus da febre aftosa; Papiloma-virus
(HPV); Rotavírus
Abordagens de vacinas
❖Vacinas utilizando vírus recombinante
➢ Genes microbianos são introduzidos em
vírus não citopático
➢ Induzem todas as respostas, incluindo
CTLs
➢ Preocupação: segurança (induzir CTLs que
matam células hospedeiras)
Ex: ensaios clínicos com antígenos de HIV em
vetor canarypox

Imunobiologia de Janeway, 8ª ed.


Abordagens de vacinas
❖Vacinas de DNA
➢ Inoculação de plasmídeo codificante de
antígeno proteico
➢ Induzem todas as respostas, incluindo CTLs
➢ Seguras, baixo custo de produção e
manutenção (sem refrigeração),
adaptáveis, não necessitam de adjuvantes
➢ Baixa eficácia até então...

Ex: Malária, Hepatite,


câncer; Influenza, HIV
Administração
pele/muscular
(injeção ou
biobalística)
Plotkin & Plotkin (Nature), 2011
Outros fatores determinantes para vacinação

➢ Uso da vacinação como terapia (sobrepor doenças crônicas ou que evadem do


sistema imune)

➢ Adjuvantes provocam respostas imunes inatas


➢ Gel de hidróxido de alumínio (Alum)
➢ Esqualeno (emulsão óleo-água)
➢ Bactérias mortas pelo calor (apenas condições experimentais)

Adjuvante
Alum Esqualeno
de Freund
Outros fatores determinantes para vacinação

➢ Via de administração
➢ Garantir apresentação efetiva via APCs
➢ Imunidade de mucosa: desejável, mas ainda uma barreira na vacinação
(tolerância, degradação...)
➢ Apresentação mais eficiente ocorre com antígeno preservado (injeção)

Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.


Outros fatores determinantes para vacinação

➢ Percepção pública
➢ Vacinas devem ser seguras e
livres de efeitos colaterais
➢ O público e os profissionais da
saúde devem percebê-la como
segura
➢ O estudo deve continuar visando
vacinas acelulares e tão efetivas
quanto as vacinas de célula total

❖ Imunidade de grupo exige níveis altos de


vacinação de população (cerca de 80%)

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