IV-9
Vem como protetor de vida! És o olho da montanha, foste concedido por todos
os deuses como escudo defensor da vida. e.s salvaguarda para os homens,
para as vacas, cavalos, corcéis.
A maldição não atinge a pessoa que faz uso de ti, ungüento, nem a magia,
nem o sofrimento, nem a doença.
Mau conselho, mau sonho, ação má, mau coração, mau olhado, protege-nos
de tudo isso, ungüento.
[(16) A frase "o ungüento nasceu na montanha das neves" significa que o
ungüento foi preparado com a maceração de uma erva oriunda das faldas da
montanha chamada Trikakud, designando o nome dos três cumes da
montanha. O rio Iamuna é um dos maiores afluentes do Ganges].
V - 21
Ao tambor
Leão que vai dominar e vencer o inimigo, brada contra eles o tambor de
guerra, feito da árvore da floresta e do couro das vacas vermelhas.
Com tua força apareces como touro no meio do rebanho. Urra aos inimigos,
vencedor na luta e possui- dor dos despojos do combate. Fere e queima o
coração dos adversários. Aterrorizados, fujam os inimigos das suas cidades.
Feito por nossas orações, ouça toda gente a tua voz. Faz que se levantem
alegres as armas dos nossos combatentes. Convoca os nossos guerreiros.
lndra é teu aliado.
V - 22
Eu expulso a febre para longe, depois das minhas homenagens. Volte para os
Mahavrissas a causa das diarréias.
Febre, vai para os Mujavats ou para mais longe ainda. Vai procurar a escrava
lúbrica. Agita-a bem. Vai para os teus pais, os Mahavrissas, os Mujavats.
Devora-os. São essas a terra que indicamos à Febre. Estas aqui não lhe
pertencem.
VI - 8/9
Deseja meu corpo, meus pés, meus olhos! Deseja minhas coxas! Teus olhos,
teus cabelos, amorosa, sofram de paixão por mim!
Vacas, mães da manteiga sagrada, cuidadosas dos vossos bezerros, fazei que
esta mulher me ame!
Como a águia ao levantar vôo toca no chão com as asas, assim eu toco em teu
coração. Sê minha amante e não te afastes de mim!
Como o sol envolve a Terra na mesma luz, assim eu envolvo o teu coração. Sê
minha amante e não te afastes de mim!
VI - 75
Ela está junto à orelha, como se fosse falar, beijando o amante querido, a
corda! Distendida no arco, vibra como se fosse uma jovem mulher, salvadora
na confusão da luta.
E as duas que a sustentam, como a mãe ao seu filho, que se aproximam dela,
como vai a amante ao encontro do amado, são as pontas do arco. Repelem os
inimigos, expulsam os adversários.
É mãe de muitas filhas e filhos, fazendo-os tinirem quando ela desce à arena,
a aljava. Amarrada às costas, logo agitada, ganha as batalhas.
A flecha tem a pena da águia, seu dente é o da fera e, presa na corda do arco,
ela voa quando se solta. Onde os soldados se juntam ou se separam, venham
as flechas socorrer-nos.
Ó flecha direita, poupa-nos! Seja de pedra o nosso corpo! Interceda por nós,
Soma. Conceda-nos um abrigo, Aditi!
A luva enrola-se no braço como se fosse uma ser- pente. Proteja o braço do
valente.
Embebida em arsênico, cabeça de antílope com boca de aço, semente de
Parjania, a Flecha! A nossa homenagem dirige-se a essa deusa.
Voa longe, Dardo afiado pela oração! Vai, penetra nas fileiras dos inimigos,
sem poupar nenhum deles!
Protejo suas partes vitais com a couraça. Digne-se Soma Rei vestir-te de
imortalidade, Varuna, abrir-te um campo livre, e os deuses saudarem sua
vitória!
VII - 55
Late ao salteador, ao ladrão, animal de guarda. Por que latires aos chantres
dos deus lndra? Por que nos nos queres mal? Dorme!
Vai atacar o javali para que ele te despedace. Por que latires aos chantres do
deus lndra? Por que nos queres mal? Dorme!
Assim como está fechada esta casa, assim nós fechamos os olhos deste
homem, sentado, em pé, andando, ou que nos vê.
Quando foi molhada pelas águas do céu aquela que estava ressequida como
tripa seca de boi, propagou-se a cantoria das rãs, como se fosse o mugido de
vacas e bezerros.
Uma está mugindo como vaca, a outra balindo como cabra, esta é mosqueada,
aquela é loura. Têm o mesmo nome, mas são diferentes na forma e modulam
a voz de diferentes maneiras.
Como se fossem homens, elas executam a divina cerimônia para o ano dividido
em doze partes. Elas respeitam as estações. Quando vem a época das chuvas,
não se aquecem os vasos do sacrifício.
Aquela que mugiu como vaca, a que baliu como cabra, a mosqueada, a loura,
trouxeram-nos donativos. Na hora de esmagarmos as raízes, dêem-nos as rãs
centenas de vacas, prolonguem a nossa vida!
VII-9
Longe dos caminhos, longe do céu, longe da terra, nasceu Puschan, Entre
essas duas abençoadas regiões, ele vai e vem, ele que sabe de tudo.
Que Puschan nos estenda a mão do lado do Oriente. Que ele nos traga aquilo
que perdemos, Possamos achar o objeto perdido, sob o seu patrocínio!
VIII-8
Quebrem-se as suas armas e que eles não possam acertar nem uma flecha.
Estejam aterrorizados, sejam feridos por nossas flechas de ponta mortífera.
O céu, a terra, o espaço, urrem juntos com as suas divindades. Que eles não
conheçam ninguém que os auxilie. Morram todos, ferindo-se uns aos outros.
X-2
Sendo um cubo de lado bem feito, o tronco erecto e flexível combina com os
joelhos. Coxas e ancas, que sujeitam a espinha dorsal, quem as fez?
Qual o deus que, enquanto estava fazendo os braços, dizia: "é para o homem
trabalhar com isto"? Qual o deus que ajustou as espáduas sobre a espinha
dorsal?
Quem nele derramou as águas, que se escoam em vários rumos e não cessam
de girar, nascidas para correrem nos rios, as águas, vivas, amarelas,
vermelhas, cobreadas, embriagantes, que estão em cima, em baixo, dentro do
homem?
Quem lhe deu forma, estatura, nome? Quem o fez andar? Quem lhe deu um
caráter distinto? Quem lhe doou a gesticulação?
Quem inspirou o dever do sacrifício? Qual o deus único? Que é o real? Que é o
irreal? De onde vem a morte, de onde vem a não-morte?
Quem o vestiu e marcou a duração da existência? Quem lhe deu vigor? Quem
o fez veloz?
Quem estendeu as águas? Quem fez o dia resplandecente, acendeu a aurora e
mostrou o crepúsculo?
Quem criou no homem o esperma e disse: "é para ele ter uma descendência?"
Quem lhe possibilitou o conhecimento? Quem lhe trouxe a música, as danças?
Por quem reverencia ele a Parjania, a Soma, àquele que vê longe? Por quem
são feitos o sacrifício e a fé? Por quem desceu até ao homem a inteligência que
nele reside? (17)
X - 34
Esposa fiel, não discutia nem se aborrecia comigo, era atenciosa para com os
meus amigos e também comigo. Eu abandonei-a pelo dado fatal.
"Se eu resolvo não jogar, meus amigos vão embora, abandonando-me. Mas
logo que os dados transmitem o seu chamado, vou ao seu encontro como se
fora um amante".
Rolam para baixo, saltam para cima. Não possuem mãos e no entanto
dominam aqueles que as têm.
Brasas divinas lançadas à mesa, por mais frios que estejam, os dados
incendeiam o teu coração.
Ao general do vosso grande exército, àquele que foi o primeiro rei do vosso
clã, eu mostro os dedos abertos, eu juro que não escondi dinheiro atrás de
mim.
Não jogues dados, cultiva o teu campo, alegra-te e aprecia o que possuis.
Trata dos teus bois, jogador, cuida da tua mulher! Assim fala o nobre Savitri.
Faz um acordo conosco, se quiseres. Tem piedade, não atires sobre nós, a tua
cruel, audaciosa imprecação! Acalme-se a tua raiva, a tua agressividade. Seja
outra a vítima dos dados negros.
[18 - Na Índia antiga. os dados eram feitos das nozes ressequidas da árvore
vibhidaka].