Você está na página 1de 13

1

PSICOLOGIA
SEBENTA

MÓDULO 1
DESCOBRINDO A PSICOLOGIA

Formadora: Andreia Ferra de Sousa


Mapa Síntese do Módulo1 - "Descobrindo a Psicologia"

Competências Visadas:

• Revelar uma visão alargada da Psicologia como área científica do estudo do


comportamento Humano.

• Demonstrar compreender a importância do estudo do ser humano em toda a sua


complexidade.

• Revelar conhecimento da evolução da Psicologia como ciência.

Âmbito dos Conteúdos:

Psicologia:
• definição e objeto de estudo;
• a especificidade da Psicologia enquanto ciência: complexidade e subjetividade do estudo dos
processos mentais e do comportamento do ser humano

• Os primórdios da Psicologia – evolução como ciência:


influência da Filosofia

• psicologia experimental:
Wundt e o 1º Laboratório de Psicologia: o método introspetivo e as suas limitações

• psicologia científica:
• Pavlov – reflexo condicionado
• Watson e o behaviorismo – o método experimental e a era científica

Psicologia – áreas de especialização:

• áreas pioneiras de especialização da Psicologia (psicologia social e das organizações, educacional e


clínica)
O que é a psicologia

A psicologia é a ciência que


estuda os processos mentais
3 (sentimentos, pensamentos, razão) e o
comportamento humano. A sua origem
etimológica vem das palavras gregas:
psiquê que significa “alma” e logia que
significa “estudo de”.
O comportamento
e a experiência do homem
observado e
descrito pelos filósofos gregos eram vistos como resultado das manifestações da alma. A psicologia ganhou
espaço na ciência no final do séc. XIX.
A psicologia não é hoje apenas a ciência da alma, mas também do comportamento e da experiência,
pois corpo e mente não são separados e um exerce influência sobre o outro. Dentro da psicopatologia
existem as personalidades desviantes, com comportamentos inadaptáveis, outro objeto de estudo da
psicologia.
Considerada como áreas sociais ou humanas a psicologia é uma ciência também da área médica, e é
estudada em métodos quantitativos e qualitativos. Estuda os processos psíquicos que originam os
comportamentos.
As questões estudadas pela psicologia estão relacionadas à personalidade, aprendizagem, motivação,
memória, inteligência, funcionamento do sistema nervoso, comunicação interpessoal, desenvolvimento,
comportamento sexual, agressividade e comportamento em grupo.

Contudo, a psicologia não se limita a procurar conhecer o seu objeto de estudo: tal como as outras ciências
ela vai procurar, descrever, explicar, prever e controlar os comportamentos, os processos mentais e o mundo
relacional.
Psicologia antes e após 1879

Objetivo da psicologia

Dicotomias na explicação do comportamento humano

Dicotomias são ideias com dois polos ou posições completamente distintas, com perspetivas e
orientações extremas, divergências que nos permitem compreender o Ser Humano, o seu comportamento e 5 os seus
processos mentais.
Apesar de se tratarem de ideias fundamentalmente opostas, procura-se criar uma síntese que integre
os dois polos, até porque, não é possível estabelecer uma divisão definitiva entre as várias abordagens ao
comportamento humano e os processos mentais feitas ao longo dos tempos.
Perguntas como “O que leva os seres humanos a se comportarem de certa forma?” ou “Porque é que
somos todos diferentes?”, têm vindo a ser feitas desde os primórdios da humanidade, para lhes dar resposta
construi-se a dicotomia inato/adquirido, já que a explicação para estas perguntas divergia segundo o autor,
o polo inato defende que os comportamentos humanos advêm da hereditariedade, enquanto o polo adquirido
acredita que os comportamentos dependem da educação, ou seja do meio.
A dicotomia inato adquirido relaciona-se com a dicotomia interno externo. O polo externo remete para a
situação para o meio social, a cultura a socialização, o polo interno remete para o corpo, para o biológico,
para o psicológico, pensamentos, sentimentos, cognições.
6

A dicotomia entre continuidade e descontinuidade manifesta-se sobretudo na forma como os diferentes


autores procuram explicar as transformações que as pessoas vivem. Estas transformações podem ser
encaradas do ponto de vista da continuidade da construção da personalidade e da evolução do individuo ou
da perspetiva da descontinuidade.

Todas as dicotomias remetem para a dicotomia individual/social. Remeter para os aspetos individuais
aquilo que cada ser humano é seria limitar o desenvolvimento humano à logica do desenvolvimento
orgânico. O que somos deve muito à influência do social sobre nós. Por outro lado remeter o que somos para
a total influencia do social, seria esquecer que o ser humano para além do património genético único que
transporta, tem capacidade para se auto organizar.
As diferentes conceções de Ser Humano

Estruturalismo/ Associacionismo – Wilhelm Wundt ( 1832 - 1920 )

No início do desenvolvimento da psicologia como disciplina científica


distinta da filosofia, esta foi profundamente influenciada por Wilhelm Wundt
que determinou o objeto de estudo, o método de pesquisa, os tópicos a serem
estudados e os objetivos da nova ciência. Wundt formou-se em medicina e ficou
particularmente conhecido pela criação do que ficou considerado como o
Primeiro Laboratório de Psicologia Experimental, seguindo os modelos dos
laboratórios das ciências naturais. Este laboratório torna-se rapidamente num
centro de investigação, local onde ocorrem psicólogos e estudantes de todo o
mundo. Esta foi a forma mais eficaz de Wundt atingir o seu principal objetivo que era contribuir para o
processo de autonomização da psicologia relativamente à psicologia.
Wundt, influenciado pelas descobertas da química, segundo as quais todas as substâncias químicas são
compostas por átomos, Wundt foi decompor a mente nos seus elementos mais simples, que são as sensações.
Tanto para Wundt como para os seguidores do estruturalismo, as operações mentais resultam da organização
de sensações elementares que se relacionam com a estrutura do sistema nervoso.
Wundt recorre aos métodos experimentais das ciências naturais, particularmente as técnicas usadas pelos
fisiologistas, e adotou os seus métodos científicos de investigação aos objetivos da Psicologia. Desta forma, a
fisiologia e a filosofia ajudaram a moldar tanto o objeto de estudo da nova ciência como os seus métodos de
investigação.
Wundt define como objeto da psicologia o estudo da mente, da experiência consciente do Homem – a
consciência – e é no seu laboratório, em Leipzing que Wundt vai procurar conhecer os elementos
constitutivos da consciência, a forma como se relacionam e associam (conceção associacionista).
Para atingir os estes objetivos, Wundt utiliza como método de estudo a introspeção controlada, que consistia
em, no laboratório, observadores treinados descreverem as suas experiências resultantes de uma situação
experimental. Através da introspeção, os sujeitos descreviam as suas perceções resultantes de estímulos
visuais, auditivos e tácteis. Por exemplo, ouviam um som e em seguida descreviam o que sentiam e só este
método permitiria, segundo Wundt, o acesso à experiência consciente do indivíduo.
A introspeção ou perceção interior, tal como é praticada no laboratório criado por Wundt, seguia condições
experimentais restritas e obedecia a regras explicitas. Wundt raramente usava o tipo de introspeção
qualitativa em que o sujeito apenas descreve as suas experiências interiores, não sendo sujeito a qualquer
método objetivo e rigoroso, introspeção está adotada por Titchener e Kulpe (alunos de Wundt). Este tratava,
principalmente, julgamentos conscientes acerca do tamanho, intensidade e duração de vários estímulos
físicos. Só um pequeno número de estudos envolvia o relato de natureza qualitativa e subjetiva, tal como o
carácter agradável ou não de diferentes estímulos ou a qualidade de determinadas sensações. As áreas
investigadas por Wundt abrangeram os domínios da sensação, perceção, atenção, sentidos, reação e
associação. Com todas estas suas contribuições foi considerado por muitos o “Pai da psicologia
experimental”.

Behaviorismo - John Watson (1878 - 1958)

John Watson é considerado o pai da psicologia científica pois


demarcou-se de forma radical te toda a psicologia tradicional, que tinha
por objetivo o estudo da consciência e por método a introspeção. Não nega
a existência da consciência nem a possibilidade do indivíduo se auto
observar, mas considera que os estados de espírito bem como a procura
das suas causas só podem interessar ao sujeito no âmbito da sua vida
pessoal.
Watson considera que com Wundt a psicologia teve uma falsa partida
pois este não foi capaz de romper com as conceções tradicionais. Para se
constituir como ciência, a psicologia teve de cortar com todo o passado e
constituir-se como ramo objetivo e experimental da ciência. Watson pretendia para a psicologia o
mesmo estatuto da biologia. Logo para se constituir como ciência rigorosa e objetiva, o psicólogo terá de
assumir a atitude do cientista, trabalhando com dados que resultam de observações objetivas e acessíveis
a qualquer outro observador. O psicólogo terá de renunciar à introspeção e limitar-se à observação
externa, à 8 semelhança das outras ciências.
Segundo ele, só se pode estudar diretamente o comportamento observável, isto é, a resposta do indivíduo
(R) a um dado estimulo (E) do ambiente. E, tal como em qualquer outra ciência, cabe ao psicólogo decompor
o seu objeto – o comportamento – nos seus elementos e explicá-los de forma objetiva, recorrendo ao método
experimental.
É importante salientar que, para os behavioristas, estímulo é o conjunto de excitações que agem sobre o
organismo. O estímulo pode ser assim qualquer elemento ou objeto do meio ou ainda qualquer manifestação
interna do organismo (exemplo: a picada de um agulha; contrações do estômago…). Para os behavioristas, a
resposta é tudo o que o animal ou o ser humano faz (exemplo: afastar a mão, saltar, chorar…). O
comportamento é o conjunto de respostas objetivamente observáveis ativadas por um conjunto complexo de
estímulos, provenientes do meio físico ou social em que o organismo se insere.
Watson chegou mesmo a estabelecer uma fórmula que prevê o comportamento: R =f(s), isto é, a resposta
(R) depende da situação (S). O estabelecimento de leis do comportamento resulta do estudo das variações das
respostas em função da situação. O Psicólogo deverá ser capaz de, conhecendo o estímulo, prever a respostas
e, inversamente, conhecendo a resposta, deverá identificar o estímulo ou situação (conjunto de estímulos)
que provocou essa resposta.
Para Watson, nós somos o que fazemos, e o que nós fazemos é o que o meio nos faz fazer. Neste sentido,
os indivíduos não são pessoalmente responsáveis pelos seus atos, dado que são produto do meio em que
vivem.

Ivan Petrovich Pavlov – Reflexo Condicionado

Nasceu a 26 de Setembro de 1849 em Ryazan, Rússia e era o mais


velho de onze filhos. O seu pai, Peter Dmitrievich Pavlov, era padre na
aldeia onde viviam e a sua mãe, Varvara Ivanovna Uspenskaya, era dona de
casa. Em criança, Pavlov costumava ajudar a mãe nas tarefas de casa e cuidar
dos seus seis irmãos, demonstrando um elevado desenvolvimento intelectual
e uma energia imensa, a qual designava por “instinto para a investigação”.

Aos 7 anos de idade sofreu um acidente grave ao cair de um muro alto,


retomando a escolaridade apenas aos
11 anos. Posteriormente ingressou no seminário, desistindo em 1870 para estudar física e matemática, na
Universidade de Saint Petersburg, e frequentar o curso de ciências naturais. Em 1879 formou-se na Academia
Militar de Medicina e recebeu uma medalha de ouro pelo seu trabalho de investigação.
Posteriormente, ganhou uma bolsa de estudo na Academia para realizar o seu trabalho de pós-graduação. Em
1883 apresentou a sua tese de doutoramento sobre os nervos do coração e princípios básicos da função
9
trófica do sistema nervoso. Terminado o doutoramento, Pavlov viajou para a Alemanha, onde estudou em
Leipzig, com Carl Ludwig, de 1884 a 1886. Quatro anos depois, em 1890, tornou-se professor de
Farmacologia na Academia Médica Milita, onde permaneceu durante cinco anos. Em 1891 foi convidado
para organizar o departamento de fisiologia do Instituto de Medicina Experimental, onde foi indicado quatro
anos sucessivos para o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina, não obtendo sucesso. Acabou por, em 1904,
receber o insistido Prémio, em reconhecimento pelo seu trabalho relativo à fisiologia da digestão.

Pavlov, no decorrer das suas investigações, começou por analisar a função gástrica dos cães através da
externalização da glândula salivar para que pudesse recolher e analisar a saliva dos animais e qual a resposta
dos mesmos a alimentos em condições diferentes, concluindo que os cães tendem a salivar antes da comida
lhes ser entregue.
Com os seus conhecimentos a expandirem-se para o Ocidente, sobretudo através da escrita de John B.
Watson, o condicionamento clássico representou uma enorme influência aos seres humanos para se
compreenderem a si próprios e aos seus processos de aprendizagem.

O condicionamento clássico é um processo de alteração do comportamento no qual uma resposta inata a um


estímulo biológico expressa-se em resposta a um estímulo neutro previamente apresentado. Este processo é
conseguido através da repetição do emparelhamento entre os estímulos neutro e biológico, provocando a
resposta desejada.

Pavlov utilizou o processo de salivação dos cães para


explicar como os reflexos condicionados são adquiridos e
não inatos, enfatizando a existência do condicionamento
clássico. Começou por se interessar pelo surgimento de
salivação nos cães sem a presença da comida, quando este
chegava ao laboratório. Como tal, iniciou uma série de
experiências, verificando que algumas respostas
comportamentais dos animais são reflexos
incondicionados – reações naturais/não aprendidas – enquanto outros são reflexos condicionados, aprendidos
através do emparelhamento entre situações.
Os cães salivam naturalmente por comida e, posto isto, Pavlov atribuiu à correlação entre o estímulo
incondicionado, ou seja, a comida, e a resposta incondicionada – a salivação – a designação reflexo
incondicionado. Por outro lado, quando um estímulo não provoca qualquer tipo de resposta, denomina-se
estímulo neutro, como é o caso do som da campainha quando não é seguido por nenhum tipo de recompensa.
10
Quando o estímulo incondicionado, a comida, era associada à apresentação do estímulo neutro, o som da
campainha, o cão, após repetições sucessivas da experiência, aprendeu a salivar perante este estímulo que
anteriormente não provocada nenhuma resposta, sendo este comportamento designado por resposta
condicionada, ou aprendida.

Este fenómeno, designado por Pavlov como Condicionamento Clássico, tornou-se a base para a teoria de
como se dá o processo de aprendizagem, desenvolvido por vários autores, entre eles John B. Watson e
Burrhus Frederic Skinner, dando origem ao behaviorismo.

Psicologia Aplicada
Não é possível pensar a psicologia sema sua componente aplicada, isto é sem intervenção: a
psicologia tem uma dimensão prática que se integra em vários contextos e instituições sociais. Hoje podemos
dizer que não há área da de atividade onde a psicologia não esteja presente, escolas, empresas, hospitais,
fábricas….
Psicologia Clínica

A psicologia clínica é uma área da psicologia aplicada que tem


11 como finalidade a prevenção, diagnóstico e tratamento de
pessoas, grupos ou comunidades que apresentam problemas de
caráter psicológico. O método utilizado pela psicologia clínica
é, fundamentalmente, a entrevista clínica, e se necessário,
recorre a testes. É no contexto da entrevista clínica que o
psicólogo analisa, não só o que a pessoa conta mas a forma
como fala, como se comporta, como relata as suas experiências, procurado o seu significado e o seu sentido.

Psicologia do Trabalho

Na sociedade moderna, um conjunto cada vez maior de


atividades é assumido por organizações.
Algumas funções tradicionalmente assumidas pela família,
como tratar das crianças, dos idosos e dos doentes, foram transferidas
para organizações especializadas: infantários, lares, hospitais.
Domínios de reflexão em que a psicologia do trabalho e das
organizações se divide:
Psicologia do pessoal: aborda questões relacionadas com a seleção de
pessoal, a orientação e o desenvolvimento de carreiras, a avaliação do
desempenho, etc.
Psicologia do trabalho: aborda questões como a intervenção homem/máquina, a organização do trabalho, a
saúde e a segurança. As novas tecnologias ganham particular relevância, dado o seu papel na sociedade atual.
Psicologia Criminal

Psicologia criminal ou forense: dedica-se principalmente ao estudo do


crime e de todos os protagonistas que estão relacionados com o desvio e a
transgressão. Procura identificar as causas que levam aos comportamentos
desviantes e transgressões, os mecanismos que os desencadeiam e os
efeitos sociais associados a esses comportamentos. A presença do
psicólogo criminal junto das instituições que exercem a justiça tem como
objetivo modificar as interpretações mais esquemáticas e redutoras dos
comportamentos designados por comportamentos criminosos.
A psicologia forense ou criminal é uma área que se relaciona com o sistema de justiça e faz a junção entre
direito e psicologia.
12 Em específico, a psicologia criminal tem procurado compreender as relações complexas entre os
comportamentos transgressores, os seus contextos, as suas causas, assim como os efeitos que provocam na
sociedade.

Psicologia do Desporto

A Psicologia do Desporto é uma disciplina científica que se


dirige para a aplicação de técnicas e princípios psicológicos no sentido
da promoção e otimização do rendimento e do bem-estar em contexto
desportivo de atletas e demais agentes desportivos.
Podem identificar-se dois objetivos primordiais: (a)
compreender como os fatores psicológicos afetam o rendimento físico
dos indivíduos; e (b) compreender como o exercício e a participação
desportiva afetam o desenvolvimento, a saúde e o bem-estar psicológico
dos indivíduos.

Psicologia Educacional

Psicologia educacional é a área da psicologia que aborda todas as problemáticas referentes à


educação e aos processos de ensino e aprendizagem nas crianças e adultos (portanto está relacionada com a
psicologia do desenvolvimento).
Cabe ao psicólogo educacional analisar a eficácia das estratégias educacionais, desenvolver projetos
educativos, bem como desenvolver as capacidades das crianças com dificuldades de aprendizagem, em
instituições educativas (escolas, creches, jardins de infância, internatos, instituições de reeducação, atividades
de tempos livres, etc.). Estuda também o funcionamento da própria instituição enquanto organização
(portanto está relacionada com a psicologia social e das organizações).
O psicólogo da educação pode intervir, tal como o psicólogo clínico, em dificuldades de natureza
mental e emocional. Desde as perturbações de sono e alimentares até maus-tratos e abusos sexuais, numa
perspetiva educacional.

13

Você também pode gostar