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A aparição era de uma donzela formosíssima, que parecia ter dezoito anos de idade, e
vinha rodeada de claridade fulgurante, tanto que as crianças na primeira vez se assustaram
e pensaram em fugir. A aparição, porém, de voz dulcíssima, as tranquilizou, e assim
ficaram. O folheto publicado pelo Visconde de Montelo sobre as aparições diz o seguinte:
“O vestido da Senhora era de uma alvura puríssima de neve, assim como o manto, orlado
de ouro que lhe cobria a cabeça e a maior parte do corpo. O rosto, de uma riqueza de
linhas irrepreensíveis e que tinha um não sei que de sobrenatural e divino, apresentava-se
sereno e grave e como que toldado de uma leve sombra de tristeza. Das mãos, juntas à
altura do peito, pendia-lhe rematado por uma cruz de ouro, um lindo rosário, cujas contas
brancas brancas de arminho, pareciam pérolas. De todo o seu vulto, circundado de um
esplendor mais brilhante que o sol, irradiavam feixes de luz, especialmente do rosto, de
uma formosura impossível de descrever, incomparavelmente superior a qualquer beleza
humana.
As crianças, surpreendidas, pararam bem perto da Senhora, dentro da luz que a envolvia.
Nossa Senhora então deu início a seguinte conversação com Lúcia:
- Sou do Céu.
- E que é que Vossemecê quer?
- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma
hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima
vez.
- E eu vou para o Céu?
- Sim, vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também; mas tem que rezar muitos Terços. Lucia lembrou-se então de perguntar por
duas jovens suas amigas que haviam falecido pouco tempo antes:
- A Maria das Neves já está no Céu?
- Sim, está.
- E a Amélia?
- Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-
vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela
conversão dos pecadores?
- Sim, queremos.
- Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Nossa Senhora ainda acrescentou: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz
para o mundo e o fim da guerra”. Depois, começou a Se elevar majestosamente pelos
ares na direção do nascente, até que desapareceu.
A aparição convidou as criaturas a voltarem todos os meses no dia treze, durante seis
meses no dia treze, durante seis meses consecutivos àquele local, popularmente
conhecido pelo nome de Cova da Iria, situado a pouco mais de dois quilômetros da igreja
paroquial de Fátima.
A princípio ninguém prestava crédito às afirmações das crianças, que eram apodadas de
mentirosas por toda a gente, mesmo pelas pessoas de suas famílias. A 13 de junho (dia da
2ª aparição) umas 50 pessoas acompanharam os videntes, na esperança de presenciarem
o que quer que fosse de extraordinário. Nos meses seguintes o concurso de curiosos e
devotos aumentou consideravelmente, reunindo-se talvez 5.000 pessoas em julho, 18.000
em agosto e 30.000 em setembro, junto a azinheira sagrada.
SEGUNDA APARIÇÃO
A 13 de junho, os videntes não estavam sós, mais 50 pessoas haviam comparecido ao
local.
A pequena Jacinta não conseguira guardar o segredo que os três haviam combinado, e se
espalhara a notícia da aparição.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias, e
que aprendais a ler. Depois direi o que quero.
Lúcia pediu a Nossa Senhora a cura de um doente.
- Sim, a Jacinta e o Francisco, levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo.
Jesus quer Servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no
mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação;
e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu
trono.
- Fico cá sozinha?
TERCEIRA APARIÇÃO
A 13 de julho, mais de 2 mil pessoas haviam comparecido à Cova da Iria.
As pessoas presentes notaram uma nuvenzinha de cor acinzentada pairando sobre a
azinheira; notaram também que o sol se ofuscou e um vento fresco soprou, aliviando o
calor daquele auge de verão.
- Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o Terço
todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o
fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
- Queria pedir-lhe para nos dizer Quem é; para fazer um milagre com que todos acreditem
que Vossemecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui, todos os meses. Em outubro direi Quem sou, o que quero, e
farei um milagre que todos hão de ver para acreditar.
Lucia fez então alguns pedidos de graças e curas. Nossa Senhora respondeu que deviam
rezar o Terço para alcançarem as graças durante o ano. Depois, prosseguiu:
- Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes
algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em
reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Deu-se então a visão do Inferno, descrita, anos depois, pela Irmã Lúcia. Esta visão
constitui a primeira parte do Segredo de Fátima, revelada apenas em 1941, assim como a
segunda parte a seguir:
Após a terrível visão do inferno, os três pastorinhos levantaram os olhos para Nossa
Senhora, como que para pedir socorro, e Ela, com bondade e tristeza, prosseguiu:
- Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus
quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que
Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas se não
deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.
Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande
sinal de Deus vos dá, de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da
fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir
consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos
primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz;
se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.
Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão
aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-
Me-á, a Rússia se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em
Portugal, se conservará sempre o Dogma de Fé; etc…
(Aqui se insere a terceira parte do Segredo de Fátima, revelada pelo Papa em 13 de maio
de 2000.)
QUARTA APARIÇÃO
Os três pastorinhos foram sequestrados, na manhã do dia 13 de agosto, pelo administrador
de Ourém, a cuja jurisdição pertencia Fátima. Ele achava que os segredos de Nossa
Senhora se referiam a um acontecimento político que abaria com a República, recém
instalada em Portugal.
Como eles nada revelaram do segredo-mesmo tendo sido deixados sem comida, presos
juntamente com criminosos comuns e sofrido forte pressão – o truculento administrador
acabou por desistir do intento e devolveu os videntes a suas famílias. Mas com isso, eles
tinham perdido a visita da Bela Senhora, que descera à cova de Iria, mas não os
encontrara.
Dois dias depois, entretanto, a Virgem novamente lhes apareceu,em um local chamado
Valinhos.
- Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13; que continueis a rezar o Terço
todos os dias.
No último mês, farei o milagre para que todos acreditem.
- Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
- Façam dois andores. Um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de
branco; o outro, que leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores
é para a festa de Nossa Senhora do Rosário; e o que sobrar é para a ajuda de uma
capela, que hão de mandar fazer.
- Queria pedir-Lhe a cura de alguns doentes.
- Sim, alguns curarei durante o ano. Rezai, rezai muito; e o que fazei sacrifícios pelos
pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e
peça por elas.
Em seguida, como de costume, começou a se elevar e desapareceu na direção do nascente.
Pediu que naquele local se erigisse uma capela em sua honra e declarou que no dia 13 de
outubro havia de fazer um milagre para que todo o povo acreditasse que Ela realmente
tinha ali aparecido. Em 13 de agosto, momentos antes da hora da aparição, as crianças
foram ardilosamente raptadas pelo administrador do Conselho, que as reteve em sua casa
durante dois dias, ameaçando-as de morte se não se desdissessem ou pelo menos não
revelassem o segredo que a aparição lhes tinha confiado.
QUINTA APARIÇÃO
A 13 de setembro, já eram 15 ou 20 mil as pessoas presentes no local das aparições. A
Virgem assim falou:
- Continuem a rezar o Terço, para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá
também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino
Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas
não quer que durmais com a corda. (que usavam cingida aos rins)
Trazei-a só durante o dia.
- Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, de um surdo-
mudo.
- Sim, alguns curarei. Outros, não, Em outubro farei o milagre para que todos
acreditem.
Em seguida, começou a se elevar e desapareceu no firmamento.
A multidão rezava o terço quando, à hora habitual, Nossa Senhora apareceu sobre a
azinheira:
- Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra; que sou a Senhora do
Rosário; que continuem sempre a sempre rezar o Terço todos os dias. A guerra vai
acabar, e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores,
etc. …
- Uns sim, outros não. É preciso que se emendem; que peçam perdão dos seus pecados.
Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.
Nesse momento, abriu as mãos e fez com que elas se refletissem no Sol, e começou a Se
elevar, desaparecendo no firmamento. Enquanto Se elevava, o reflexo de sua própria luz
se projetava no Sol. Os pastorinhos então viram, ao lado do Sol, o Menino Jesus com São
José e Nossa Senhora. São José e o Menino traçavam com a mão gestos em forma de
cruz, parecendo abençoar o mundo.
Desaparecida esta visão, Lúcia viu Nosso Senhor a caminho do Calvário e Nossa Senhora
das Dores. Ainda uma vez Nosso Senhor traçou com a mão um sinal da Cruz, abençoando
a multidão.
Por fim aos olhos de Lúcia apareceu Nossa Senhora do Carmo com o Menino Jesus ao
colo, com aspecto soberano e glorioso.
No momento em que Ela se elevava da azinheira e rumava para o nascente, o Sol apareceu
por entre as nuvens, como um grande disco prateado, brilhando com fulgor fora do
comum, mas sem cegar a vista. E logo começou a girar rapidamente, de modo vertiginoso.
Depois parou algum tempo e recomeçou a girar velozmente sobre si mesmo, à maneira
de uma imensa bola de fogo. Seus bordos tornaram-se, a certa altura, avermelhados e o
Astro-Rei espalhou pelo céu chamas de fogo num redemoinho espantoso. A luz dessas
chamas se refletia nos rostos dos assistentes, nas árvores, nos objetos todos, os quais
tomavam cores e tons muito diversos, esverdeados, azulados avermelhados, alaranjados
etc.
Três vezes o Sol, girando loucamente diante dos olhos de todos, se precipitou em zigue-
zague sobre a terra, para pavor da multidão que, aterrorizada, pedia a Deus perdão por
seus pecados e misericórdia.
O fenômeno durou cerca de 10 minutos . Todos o viram, ninguém ousou pô-lo em duvida,
nem mesmo livre-pensadores e agnósticos que ali haviam acorrido por curiosidade ou
para zombar da credulidade popular.
Não se tratou, como mais tarde imaginaram pessoas sem fé, de um fenômeno de sugestão
ou excitação coletiva, porque foi visto a até 40 km de distância, por muitas pessoas que
estavam fora do local da aparições e portanto fora da área de influência de uma pretensa
sugestão ou excitação.
Diante dos acontecimentos de Fátima, a Igreja deixou-se ficar na maior reserva e teve
muita cautela, investigando e analisando o fatos por não curto espaço de tempo. O
Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Antônio Mendes Belo (falecido em 04 de agosto de 1929,
na idade de 87 anos), só em 26 de junho de 1927, isto é, 10 anos depois das aparições, foi
a Fátima, onde benzeu a via sacra colocada junto a estrada de Leiria a Fátima, muito
depois de outros bispos e prelados terem visitado Fátima, por exemplo, o Arcebispo de
Évora, o Primaz D. Manoel Vieira de Maos, o Núncio Apostólico de Lisboa e o Bispo de
Funchal. Em 1931 o Episcopado Português fez a solene consagração do país a Nossa
Senhora do Rosário de Fátima.
Lúcia, viveu até os 97 anos de idade, e morreu santamente no dia 13/02/2005 no mosteiro
Carmelita de Coimbra, onde estava reclusa desde 1948.