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Curso: Português Básico para Concursos

Teoria e Questões Comentadas


Prof. Bruno Spencer e Luiz Miranda - Aula 00

Português Básico para Concursos


Tipologia e genêros textuais,
recursos linguísticos

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1 – INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Vamos agora para a segunda metade da aula: a Interpretação Textual


Para interpretarmos corretamente um texto, precisamos identificar nele
dois pontos principais:

1 - Qual a ideia central?

2 - Qual sua intenção?

A partir da identificação desses dois elementos, fica bem mais fácil


respondermos as perguntas sobre o texto. Muitas das vezes, a afirmativa feita
pela banca entra em contradição com esses dois pontos centrais, portanto já
sabemos que se trata de uma assertiva incorreta.

Algo que devemos ter muito cuidado é para não nos empolgarmos e
EXTRAPOLAR as informações fornecidas pelo texto, pois certamente
estaremos nos deixando levar pela nossa criatividade, que nesse momento é
algo perigoso.
De forma análoga, o cuidado também é necessário para não DIMINUIR
o sentido de algo expresso no texto. Portanto, sejamos JUSTOS, nem mais e
nem menos, aqui a precisão é essencial. Para isso devemos praticar o máximo
possível, seja resolvendo questões de interpretação, seja lendo livros, revistas,
jornais ou mesmo notícias na internet.
Não esqueça de, sempre que ler um texto, procurar identificar o seu
TEMA CENTRAL e a sua INTENÇÃO.
Mais adiante nesta aula, veremos alguns conceitos importantes que muito
nos podem auxiliar nesse assunto, portanto o conselho também vale para os
assuntos que vêm a seguir.

2 – TIPOLOGIA TEXTUAL

Os tipos textuais são constituídos por diferentes características próprias


e peculiares que os diferenciam. São eles:

Narrativos

Descritivos

Instrucionais

Dissertativos

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Vamos ver as principais características de cada um deles. Certamente você já


conhece todos eles, ainda que não ligue o tipo ao nome.

Textos NARRATIVOS
São utilizados para contar ou narrar estórias ou histórias, fatos e
acontecimentos.
Têm sempre um narrador que pode ser na primeira pessoa (narrador
personagem) ou na terceira (narrador observador).
Por consequência temos sempre a presença de AÇÃO, de PESONAGENS
e por vezes de discurso direto ou indireto.
São exemplos de textos narrativos: contos, fábulas, romances, lendas,
ficções, textos jornalísticos de notícias, biografias, quadrinhos e etc.
Exemplo:
"Dizem por ai, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando
te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor,
mas isso sim é certeza."

Textos DESCRITIVOS
Servem para descrever lugares ou ambientes, pessoas, momentos,
objetos e etc.
Normalmente, são utilizados dentro de um texto narrativo e
caracterizam-se pela ampla utilização de adjetivos, comparações e recursos
linguísticos (metáforas, sinestesia e etc) para que possamos “visualizar” algo
que está sendo descrito ou até mesmo nos “transportarmos” para um
determinado lugar ou um determinado momento.
Exemplo:
“A minha alegria acordava a dele, e o céu estava tão azul, e o ar tão claro, que
a natureza parecia rir também conosco. São assim as boas horas deste mundo.”

Textos INSTRUCIONAIS
São utilizados para transmitir ORIENTAÇÕES ou INSTRUÇÕES ao
interlocutor.
É característico deste tipo o uso dos verbos no modo imperativo,
linguagem direta e objetiva, sem uso de argumentações.

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São classificados com INJUNTIVOS quando visam meramente transmitir


orientações ou instruções como em bulas de remédio, manuais de
instrução, receitas culinárias.
Quando possuem caráter COERCITIVO (de obrigar a fazer ou não-fazer),
são chamados de PRESCRITIVOS.
Exemplos de textos prescritivos são as leis, decretos e atos
normativos em geral.
Textos DISSERTATIVOS
Certamente este é o tipo mais trabalhado em provas de concursos, sejam
elas, objetivas ou subjetivas.
Estes são aqueles mesmos textos que cansávamos de escrever na época
de vestibular, que consistem em uma introdução do tema, um
desenvolvimento (exposição ou argumentação) e uma conclusão.
Os textos dissertativos devem apresentar uma linguagem impessoal
(normalmente na 3ª pessoa), objetiva e dentro do padrão culto da língua
Portuguesa.
Podemos subdividi-lo em dois subtipos:
• os textos dissertativos EXPOSITIVOS e
• os textos dissertativos ARGUMENTATIVOS.

Os textos expositivos são utilizados para exposição de um assunto sem


a preocupação de convencer o leitor de determinada opinião, portanto são
IMPARCIAIS, não cabendo impressões pessoais ou pontos de vistas do autor.
Exemplos desses textos são as aulas, seminários, matérias jornalísticas
informativas.
Já os textos argumentativos, são escritos com a intenção de levar o
leitor a concordar com o ponto de vista do autor por meio de uma
argumentação consistente por ele apresentada.
Normalmente são utilizadas comparações, estatísticas, opiniões de
autoridades no assunto, fatos e etc.

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3 - GÊNEROS TEXTUAIS
De acordo com a nossa necessidade de comunicação, a finalidade
pretendida para aquele texto nos faz escolher entre os diversos gêneros textuais
existentes. Por exemplos, se a comunicação é pessoal e direcionada a uma
determinada pessoa, podemos escrever uma carta ou um e-mail. Se queremos
contar a história da vida de uma pessoa, escrevemos uma biografia por aí vai.
Grande parte dos gêneros textuais são nossos velhos conhecidos. Desde
crianças, já escutamos contos, lendas, fábulas e à medida que vamos crescendo
passamos a ler os romances, ficções, artigos científicos, textos jornalísticos e
etc. Para entrarmos nos pormenores de cada gênero textual, teríamos que fazer
um curso de literatura, o que não é o nosso objetivo neste momento. Assim,
vamos fazer uma lista exemplificativa de alguns dos gêneros textuais
existentes.
• Romance
• Ficção
• Conto
• Lenda
• Fábula
• Poema
• Artigo de opinião
• Reportagem
• Notícia
• Crônica
• Receita culinária
• Lista de compras
• Curriculum vitae
• Telefonema
• Aula expositiva
• Debate
• Seminário
• Conferência
• E-mail
• Carta
• Diário
• Relato de viagem
• Biografia
• Piada
• Relatório
• Resumo
• Resenha
• Ofício
• Memorando
• Lei
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4 - RECURSOS LINGUÍSTICOS

PROSOPOPEIA • Quando se atribui características humanas a


OU seres inanimados.
PERSONIFICAÇÃO • Ex. As pedras vão cantar. Chora viola!

• Quando utiliza-se uma palavra no lugar de


outra de sentido próximo, relacionado.
• Ex. Ela gosta de ler Paulo Coelho. (os livros
METONÍMIA
escritos por Paulo Coelho)
• Ex. Bebeu um copo de água. (a água que estava
dentro do copo)

•É um recurso de linguagem utilizado para


suavizar ou amenizar determinadas expressões.
EUFEMISMO
• Ex. Ele faltou com a verdade. = Ele mentiu.
• Ele foi para o além. = Ele morreu.

•É um recurso utilizado com o objetivo de


expressar exagero.
HIPÉRBOLE
• Ex. Estou morrendo de fome!
• Já repeti isso mil vezes.

• É um tipo de metáfora que passou a ser utilizada


como linguagem usual.
CATACRESE
• Ex. Pé da mesa, batata da perna, maçã do rosto,
dente de alho, asa da xícara.

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• É o que conhecemos por duplo sentido.


AMBIGUIDADE
• Ex. A cachorra da sogra dele ficou doente.

OBS. A ambiguidade é um recurso muito utilizado para causar efeitos


humorísticos. Deve ser ferrenhamente evitada em textos mais formais e,
principalmente, quando tratar-se de documentos oficiais.

•É uma figura que surge do contraste de


ANTÍTESE opostos.
• Ex."Não existiria som se não houvesse o silêncio."

• Quando dizemos algo oposto ao que realmente é,


com intuito de criticar, ridicularizar ou satirizar
IRONIA algo.
• Ex. Você está cheiroso como um gambá.

• Quando substituímos um nome por uma


característica ou fato marcante a ele
PERÍFRASE relacionados.
• Ex. Fomos ao show do Rei. (= Roberto Carlos)
• Nasceu na Veneza Brasileira. (= Recife)

• Mistura de percepções sensoriais.


SINESTESIA • Ex. Seu olhar era quente como brasa. (as
percepções visual e térmica se misturam)

• Quando há duas ideias com estruturas idênticas


• Ex. Gosto de trabalhar e de estudar.
PARALELISMO
• Ex. Todos os dias, ela ensina crianças e come
muito chocolate.

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OBS. O primeiro exemplo é um caso de paralelismo SEMÂNTICO. Note que


“estudar” e “trabalhar” possuem uma ligação semântica, pois são atividade
de caráter intelectual que têm uma relação entre si.
Já o segundo exemplo apresenta um caso simplório de paralelismo
SINTÁTICO, pois ensinar crianças e comer chocolates não têm uma ligação
semântica evidente. Porém, evita-se escrever duas frases repetindo-se a
mesma estrutura: Todos os dias ela ensina crianças. Todos os dias ela come
chocolate.

• Quando um texto está inserido em


outro de maneira direta ou indireta.
INTERTEXTUALIDADE
• São exemplos de intertextualidade a
CITAÇÃO, a PARÁFRASE e a PARÓDIA.

• É quando mencionamos em nosso texto conteúdo


originário de obra de outro autor. As citações
CITAÇÃO
devem ser acompanhadas da devida referência à
obra e ao autor originais.

• É quando escreve-se um texto, tomando um outro


PARÁFRASE
como base.

• Quando escreve-se uma obra similar à original,


PARÓDIA
porém, normalmente com um sentido cômico.

• É uma dedução LÓGICA que podemos fazer com


INFERÊNCIA
segurança a partir das informações apresentadas.

OBS. Não confundir inferência com elucubração. A inferência é algo


logicamente dedutível a partir do texto e não algo acrescentado pela
criatividade do leitor.

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•É uma informação implícita no texto que


podemos inferir com segurança, pois há
PRESSUPOSTO informações suficientes para isso.
• Ex. Pedro deixou de fumar. (pressuposto: Pedro
fumava)

• Semelhante ao pressuposto, também é uma


informação implícita. Porém, há de se tomar
muito cuidado com eles, pois não há
garantias que sejam verdadeiros, são
hipóteses.
SUBENTENDIDO
• Ex. Ela disse: Aqui está muito quente!
(subentendido: ela quer que abra as janela, que
ligue um ventilador ou ar condicionado; ela
quer tomar um banho de piscina; ela quer tirar
as roupas e etc.)

OBS. Repare que o subentendido vai de encontro ao que falamos


anteriormente: CUIDADO para não EXTRAPOLAR o sentido do texto!!!

PLEONASMO
• É uma redundância, que pode ser um vício ou uma
figura de linguagem, dependendo da maneira como for
utilizado.
• Ex. Todos saíram para fora. (vício de linguagem)
Eu canto o meu canto de paz. (figura de linguagem)

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