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Acorde: os EUA que você vê na mídia 

não existem 
Mentiras de jornal velho 

MÍDIA SEM MÁSCARA, 8 DE AGOSTO DE 2002 

Olavo de Carvalho 

Há  duas  décadas  os  brasileiros  estão  privados  de  informações  sobre  o 
debate  político  nos  EUA,  que  só  chegam  aqui  pelo  recorte  esquerdista 
calculado  para  dar  uma  idéia totalmente falseada do panorama. Por isso, a 
imagem  que  o  brasileiro  tem  do  establishment  americano  ainda  é  a  dos 
anos  50:  uma  elite  nacionalista  e  conservadora,  empenhada  no  combate 
ao  comunismo.  O  poder  avassalador  da  esquerda  norte-americana,  que 
hoje  torna  os  EUA  o  maior  centro  difusor  da revolução marxista no mundo, 
permanece  completamente  ignorado  entre  nós.  Ignorada,  também,  é  a 
guerra  interna  que,  nos  EUA,  opõe  os  representantes  da  Nova  Ordem 
Mundial  (esquerdista)  aos  conservadores  republicanos.  Assim,  tudo  o  que 
o  establishment  esquerdista faz de mau pode ser, perante a opinião pública 
brasileira,  facilmente  debitado  na  conta  de  seus  adversários.  A  imprensa 
no Brasil tornou-se um braço local do esquerdismo americano. 

A  falsa  imagem  que  se  mantém  no  ar  é  também  vantajosa  para  os 
esquerdistas  locais  porque  neutraliza,  tornando-a  inverossímil,  qualquer 
informação  sobre  a  aliança  macabra  entre  a  esquerda  mundial  e  certos 
representantes  do  capital  monopolista,  irmanados  no  empenho de destruir 
os  EUA  como  potência  e de fortalecer um poder supranacional baseado na 
ONU  e  na  CEE,  com  o  apoio  da  China,  da  Rússia  e,  evidentemente,  da 
esquerda  internacional.  Por  exemplo,  se  dizemos  que  na  África  do  Sul  os 
comunistas  foram  postos  no  poder  com  a  ajuda  dos  Rockefeller  -  uma 
coisa  que  ninguém  ignora  na  Europa  e nos EUA - logo nos vemos cercados 
de  sorrisinhos  irônicos  e  tratados  como  crianças  imaginosas.  Se 
informamos  que  as  ONGs  que  estão  ocupando  a Amazônia são européias, 
que  trabalham  para  o  outro  pólo  e  não  para  os EUA, que portanto a gritaria 
contra  o  "imperialismo  americano"  é  somente  uma  farsa  para  encobrir  o 
autêntico  imperialismo  que  nos  estrangula,  aí  só  falta  nos  vestirem  uma 
camisa  de força. Um eficiente muro de inibições foi construído em torno da 
ignorância,  para  protegê-la  de  qualquer  intromissão  do  conhecimento.  O 
pior  é  que  algumas  informações  autênticas,  reprimidas, circulam por baixo 
do  pano  numa  versão  alucinadamente  "conspiratória"  concebida  pelo  sr. 
Lyndon  LaRouche  e  seus  emissários  locais  para  favorecer  suas  próprias 
ambições  políticas  (tão  antiliberais  quanto  as  da  aliança 
esquerda-monopolistas), confundindo ainda mais a opinião pública. 

A  massa  de  informações  bloqueadas  é  tão  gigantesca,  que  é  difícil  saber 


por onde começar a recolocá-las em circulação. 

Uma  boa  maneira  de  dar  ao  leitor  uma  idéia  de  quanto  ele  está 
desinformado  é  mostrar  algo  do  que  os  americanos  já sabiam e discutiam 
sobre  o  assunto  dez  ou  doze  anos  atrás,  e  que,  para  os  brasileiros, 
continua  sendo  uma  novidade  absoluta.  O  artigo  reproduzido  a  seguir  foi 
extraído  de  The  Forerunner  ("O  Pioneiro"),  revista  da  Media  House 
International,  uma  das  primeiras  instituições  tipo  media  watch  voltadas  à 
fiscalização  e  denúncia  da  mentira  esquerdista  já  então  dominante  nos 
meios  de  comunicação  norte-americanos.  Depois  apareceram  muitas 
instituições  do  mesmo tipo, entre as quais se destaca a Media Research do 
jornalista  Brent  Bozell  e  o  Honest  Reporting,  este  último  especializado  na 
detecção  do  viés  anti-israelense,  fortíssimo  na  grande  mídia  americana 
que  -  porca  miséria!  -  ainda  tem,  no  Brasil,  a  fama  de  estar  a  serviço  dos 
judeus.  Hoje  a  desinformação  esquerdista  na  mídia  americana  já  é  objeto 
de  centenas  de  livros  e  teses  acadêmicas  -  um  material  que  também  não 
chega  ao  Brasil  -  e,  segundo  me  disse  o  próprio  Brent  Bozell  durante  o 
encontro  que  tivemos  em  junho  em  Washington  DC,  ela  está  com  os  dias 
contados.  Foram  as  denúncias  divulgadas  por  Bozell  que  desmoralizaram 
a  CNN,  fazendo  baixar  a  audiência  da  rede  para  menos  da  metade  de  sua 
concorrente  conservadora,  a  Fox.  Mas  o  material  do  Media  Research, 
injetado  na  opinião  pública  brasileira,  seria  dose  excessiva.  Os  brasileiros 
estão  tão  por  fora  do  assunto,  que  nem  compreenderiam  o  sentido  das 
notícias.  É  preciso  começar,  pois,  contando  o  que  já  deixou de chegar aqui 
mais de uma década atrás. 

Ao  ler  a  matéria,  por  favor  não  esqueça  que  é  de  1991.  Isso  lhe  dará  a 
medida  de  quanto  tem  sido  sonegado  a  você  pelos  jornalistas  brasileiros. 
Este país está hoje mais isolado do mundo do que no tempo da Colônia. 
*** 

Contando as coisas como não são 

Loren Mitchell 

The Forerunner, março de 1991 

As  estatísticas  abaixo  foram  compiladas  pelo  uso  de  vários  métodos, 
incluindo  levantamentos,  estudos,  amostragem  aleatória  e  um  programa 
de computador chamado "Nexus", que pode examinar milhares de matérias 
jornalisticas  e  descobrir  coisas  tais  como  quantas  vezes  os  republicanos 
são  rotulados  de  "direitistas"  ou  "de  direita"  e  os  democratas  de 
"esquerdistas" ou "de esquerda". 

As  doações  de  oraganizações  jornalísticas  para  grupos  políticos  são 


maciçamente  dirigidas  às  causas  esquerdistas. Os grupos beneficiários de 
tais  fundos  também  recebem  uma  excessiva  cobertura  jornalística  das 
mesmas oraganizações doadoras. 
Em  650  artigos  publicados  em  TIME, Newsweek, The New York Times e no 
Washington  Post,  o  senador  republicano  pela  Carolina  do  Norte,  Jesse 
Helms,  foi  rotulado  pejorativamente  com  uma  freqüência  dez  (10)  vezes 
maior  que  o  senador  democrata  por  Massachusetts,  Edward  (Ted) 
Kennedy. 
Um  estudo  similar  constatou  que  o  grupo  cristão  conservador, 
CWA-Concerned  Women  for  America  (Mulheres  Preocupadas 
-Interessadas-  pela  América),  foi  rotulado  pejorativamente  com  uma 
freqüência  vinte  e  quatro  (24)  vezes  maior  que  a  NOW  -  National 
Organization  for  Women  (Organização Nacional pelas Mulheres), um grupo 
pró-aborto.  (A  NOW  proclama  ter  160.000  membros,  comparados  aos 
600.000 membros do CWA.) 
Pesquisadores  constataram  que  repórteres  usaram  o  termo  "pró-escolha" 
[em  vez  de  "pró-aborto"]  em  97%  das  ocasiões,  mas  raramente  disseram 
"pró-vida", preferindo "anti-aborto". 
90%  de  todas  as  matérias  da  AP  -  Associated  Press  -  vindas  de  Moscou 
foram  reescritas  das  matérias  da  agência  TASS  ou  de  outras  agências 
oficiais da União Soviética. 
Dos  duzentos  (200)  minutos  de  cobertura  televisiva  em  rede  acerca  de 
direitos  humanos,  cento  e  oitenta  e  oito  (188)  minutos  foram  dedicados  a 
abusos  cometidos  por  aliados  dos  EUA.  Atrocidades  perpetradas  por 
comunistas receberam menos de dez (10) minutos de cobertura. 
Entre  setembro  de 1988 e maio de 1989, enquanto o Congresso Americano 
debatia  a  ajuda aos "Contras", os boletins noticiososo eram flagrantemente 
pró-Sandinistas. 
O  Ministro  da  Justiça  americano,  o  republicano  Ed  Meese,  e  o  Presidente 
da  Câmara dos Deputados dos EUA, o democrata Jim Wright, foram ambos 
acusados  de  violações  éticas,  em  1988-89.  Meese,  que  mais  tarde  foi 
inocentado,  recebeu  17  vezes  mais  cobertura  jornalística  impressa  do  que 
Wright.  Este  por  sua  vez  renunciou  em  meio  à  vergonha  pública.  A 
imprensa  comumente  referia-se  ao  fator  "sleeze",  um  trocadilho  malicioso 
[N.  da  R. brasileira: e intraduzível] com o nome Meese, quando reportava as 
investigações  sobre  este  último.  Wright  era  descrito  como  "vítima"  de uma 
"atmosfera parcial ou facciosa" e uma vítima na "guerra da ética". 

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