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Contra a máquina de mentir 

MÍDIA SEM MÁSCARA, 8 DE AGOSTO DE 2002 

Olavo de Carvalho 

Jornalismo,  no  Brasil  de  hoje,  é  prostituição.  Prostituição  da  fala  e  da 
escrita  a  serviço  da  aliança  sinistra  entre  o  oportunismo  covarde  das 
empresas  e  a  ambição  política  insana  de  propagandistas  e  militantes 
revolucionários travestidos de jornalistas. 

Aliança do esquerdismo rendoso com o esquerdismo furioso. 

Graças  a  esse  casamento  macabro,  a  quantidade  de  mentiras, omissões e 


erros  grosseiros  no  noticiário  diário,  seja  nos  jornais,  seja  na  TV, 
ultrapassou  de  há  muito  a  dose  do  que  se  poderia  atribuir  a  uma  inocente 
fragilidade humana. 

A  mídia  no  Brasil  tornou-se  uma  máquina  de mentir que só encontra termo 


de  comparação  na  imprensa  soviética,  onde  as  cabeças  dos  indesejáveis, 
nas  fotos,  eram  trocadas  pelas  de  novos  personagens  agradáveis  ao 
regime. 

A  mídia  no  Brasil  é  ideologicamente  uniforme,  uniformemente  covarde, 


covardemente mentirosa. 

MÍDIA  SEM  MÁSCARA  vai  provar,  dia  após  dia,  a  veracidade  dessas 
afirmações. 

MÍDIA  SEM  MÁSCARA  não  é  subsidiado,  apoiado  ou  ajudado  de  qualquer 
forma  que  seja  por  nenhum  órgão  público,  partido  político,  empresa, 
sindicato,  serviço  secreto,  ONG,  casa  noturna,  seita  satânica  ou 
universidade do Brasil ou do Exterior. 

Eu,  pessoalmente,  arco  com  todas  as  despesas,  sacrificando  meu  já 
apertadíssimo  orçamento  doméstico.  Faço  isso  com  a  alegria  de  estar 
servindo  a  um  país  do  qual  todos  hoje  se  servem.  Mas  faço-o,  também, 
com  a  tristeza  e  a  vergonha  de  ver  que  neste  país  os  que  têm  meios  de 
reagir  preferem  acomodar-se  oportunisticamente  à  situação,  deixando  a 
defesa da pátria a cargo de cidadãos inermes e sem recursos. 
MÍDIA  SEM  MÁSCARA  é  feito  de  graça  por um grupo de patriotas sem rabo 
preso de espécie alguma. 

Não  acredito  na  honestidade  ou  confiabilidade  de  nenhum  "observatório" 


cujos diretores não possam dizer o mesmo. E nenhum deles pode. 

Essa é a substancial diferença entre nós e eles. 

O  aspecto  mais  temível  da  situação  atual  da  mídia  brasileira  é 


precisamente  a  proliferação  de  sites  tipo  media  watch,  que,  alardeando 
independência  e  fazendo-se  de  críticos  da  "grande  mídia",  repetem  e 
reforçam  a  mentira  esquerdista  imperante.  Farsantes  que,  dominando  as 
redações,  ainda  se  permitem  choramingar  na  internet  contra  "os 
poderosos"  -  como  se  não  fossem  eles  mesmos  os  poderosos  -  usam 
desse  arremedo  de  independência  para  intimidar  e  chantagear  as 
empresas  jornalísticas  para  que  lhes  dêem  mais  poder  ainda.  E  as 
empresas,  mais  que  depressa,  fazem  as  vontadinhas  dos  meninos 
mimados. 

O  público  não  sabe,  mas  nenhuma  empresa  jornalística  brasileira tem hoje 


a  ousadia  de  interferir  nas  redações,  que  imperam  soberanamente  sobre a 
opinião  pública,  injetando  nela  os  preconceitos  da  classe  jornalística, 
maciçamente  esquerdista.  Sabendo  que  o  público  não  sabe  disso,  a 
mesma  classe  pode  fazer,  fora  do  horário  de  expediente,  o  papel da vítima 
oprimida  por  "interesses  empresariais".  Papel  que  já  foi  dela  um  dia  e  que 
por  isto  conserva  sua  antiga  verossimilhança  numa  situação  totalmente 
diversa.  Assim,  ela  pode  sempre  mentir  duas  vezes:  mentir  pela  grande 
mídia, mentir pela mídia falsamente alternativa. 

Por  isso  é  que  o  cidadão  brasileiro  pode  ver  hoje  as  grandes  redes  de  TV 
particulares  e  os  canais  estatais  fazendo  a  glorificação  um  de  Luiz  Carlos 
Prestes  ou  de  um  Guevara  e,  no  mesmo  dia,  encontrar  nas  bancas  algum 
panfleto  comunista  que  apresente  esses  dois  personagens  como heróicos 
outsiders  proibidos  de  aparecer  na  "mídia  capitalista".  A  mentira 
institucionalizada chega, aí, às raias da alucinação. 

MÍDIA  SEM  MÁSCARA  pouco  pode  fazer  contra  esse  estado  de  coisas, 
além  de  dizer  o  que  sabe.  Não  temos  ambição  política  ou  empresarial  de 
espécie  alguma,  não  temos  sequer  a  ilusão  de  poder  mudar  o  rumo  dos 
acontecimentos.  Somos,  com  orgulho,  o  que  Antonio Gramsci denominava 
"aberrações":  indivíduos  que, em vez de alugar suas consciências a alguma 
força  política,  preferem  continuar  enxergando  com  seus  próprios  olhos  e 
pensando  com  seus  próprios  cérebros.  Do  ponto  de  vista  daquele  anão 
malicioso  que  tantos  hoje  idolatram,  nada  poderia  haver  de  mais 
desprezível.  Mas  a  capacidade  de  arcar  sozinho  com  o  peso  de  verdades 
que  a  sociedade  nega  é  a  mais  significativa  diferença  entre  o  homem  e 
orangotango. 

   
 

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