AVC HEMORRÁGICO
Coimbra, 2019
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X CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA
AVC HEMORRÁGICO
Coimbra, 2019
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“O sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos dia após dia.”
Robert Collier
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SIGLAS E ACRÓNIMOS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10
1–AVC HEMORRÁGICO CONCEITOS ASSOCIADOS À SITUAÇÃO CRÍTICA E
INSTABILIDADE ........................................................................................................ 12
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INTRODUÇÃO
Dada esta importância foi publicado em 2017 o “Programa Nacional para as Doenças
Cérebro-Cardiovasculares” que aponta o que se pretender atingir em 2020,
nomeadamente a redução do número de mortes antes dos 70 anos por doença do
cérebro e do coração e aumentar para 1800 o número de pessoas com AVC, que têm
acesso a tratamento específico.
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conceptualizar e tratar a abordagem do AVC hemorrágico a nível dos cuidados de
enfermagem.
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1 – AVC HEMORRÁGICO CONCEITOS ASSOCIADOS À SITUAÇÃO CRÍTICA E
INSTABILIDADE
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O AVC é sem dúvida o tipo mais frequente de DVC, síndrome neurológico de
instalação rápida, caracterizado por sintomas e sinais focais devidos a perda de
função cerebral de causa vascular, com duração superior a 24 horas” (Carvalho, 2014,
p.251). Existem dois tipos de AVC na dependência da circulação arterial: hemorrágico
e isquémico, o nosso enfoque será sobre o AVC hemorrágico.
O AVC hemorrágico é uma doença comum responsável por 10 a 20% dos acidentes
vasculares cerebrais. É mais comum nos idosos e indivíduos do género masculino. A
incidência média anual está entre 10 a 20 casos por 100 mil habitantes. A mortalidade
aos 30 dias chega aos 55%, sendo mais frequente nas primeiras 48 horas. (Figueiredo
e Welling, 2018).
“Os fatores de risco vascular cerebrais estão relacionados com doenças ou estilos de
vida cuja presença num determinado indivíduo aumenta o risco deste sofrer uma
doença vascular cerebral. Se estes fatores forem identificados precocemente, evitados
ou tratados pode ser possível atrasar ou mesmo prevenir o AVC”. (Carvalho, 2014,
p.253)
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Os fatores de risco mais frequentemente implicados no AVC hemorrágico são:
Hipertensão Arterial
Angiopatia Amilóide
Uso de anticoagulantes
Drogas
Álcool
Existe uma clara correlação entre o uso crónico de álcool e hemorragia intracraniana
devido a hipertensão, distúrbios hemostáticos, níveis reduzidos de fatores de
coagulação, fibrinólise excessiva e coagulação intravascular disseminada. No
momento de exposição ao álcool ocorre hipertensão transitória com vasoconstrição
arteriolar, levando a rotura de arteríolas cerebrais (Figueiredo e Welling, 2018).
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Tabagismo
De um modo geral, é simples reconhecer um AVC recorrendo à regra dos 5 F’s. Estes
sintomas podem surgir de forma isolada ou em combinação:
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Face: a face pode ficar com assimetria de uma forma súbita, com desvio da comissura
labial ou ptose palpebral. Estes sinais são melhor percebidos se a pessoa afetada
tentar sorrir.
Fala: a fala pode parecer estranha ou incompreensível e o discurso não fazer sentido,
desorganizado, isto é afasia em que há uma deficiência na compreensão ou
expressão de palavras ou equivalentes não-verbais de palavras.
Forte cefaleia: valorizar uma dor de cabeça súbita e muito intensa, diferente do
padrão habitual e sem causa aparente, acompanhada de náuseas, vómitos. Nos casos
em que há cefaleia (36% dos casos) é de considerar a irritação meníngea por
componente subaracnoídeo associado ou por distensão meníngea secundária a HIC.
O vómito é um sintoma que ocorre em 44% dos casos. As crises convulsivas são
raras, mas são um sinal de iminente gravidade (Figueiredo e Welling, 2018).
Perante uma suspeita de AVC é prioritário fazer chegar o doente o mais rapidamente
possível ao hospital que tenha todas as condições de diagnóstico e tratamento desta
patologia.
À chegada ao hospital, o doente deve ser triado com nível de prioridade máxima,
ativando-se a via verde AVC intra-hospitalar, promovendo assim a celeridade do
diagnóstico. A abordagem seja pré hospitalar ou na sala de emergência deve ser
direcionada para avaliação da via aérea, parâmetros respiratórios e hemodinâmicos,
temperatura e deteção de sinais neurológicos focais, avaliação da glicemia capilar e
ter em atenção possíveis sinais externos de trauma, se for o caso.
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1.4 – CRITÉRIOS DE ATUAÇÃO / FLUXOGRAMA
Assim, o caso suspeito de AVC deve ser recebido no serviço urgência hospitalar pela
equipa via verde AVC intra-hospitalar e deve realizar com carácter de urgência na sala
de emergência, atendimento imediato sem perturbação dos procedimentos
administrativos nos cuidados de saúde a prestar;
Avaliação ABCDE:
A – Via Aérea
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de entubação, deve-se evitar o aumento da PIC, diminuindo o tempo de
execução e recorrendo a anestesia se necessário (Antunes, 2009).
B – Ventilação e oxigenação
C – Circulação
D – Disfunção Neurológica
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do início, evolução dos sintomas e estado funcional prévio da pessoa (condição física
e estado mental), por oposição à idade. História médica prévia (medicação crónica
(ex.: anticoagulantes), intercorrências médicocirúrgicas recentes);
E – Exposição
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O doente deve ser exposto para se proceder a uma avaliação sistematizada,
tendo sempre em atenção o controlo da temperatura corporal. A hipotermia
provoca aumento do consumo de oxigénio, vasoconstrição periférica,
diminuição do débito cardíaco, mas a hipertermia aumenta a taxa metabólica
cerebral e a PIC, pelo que a monitorização e controlo da temperatura no
sentido de promover a normoterapia assume um papel importante;
Salvaguardar a privacidade da pessoa;
Pesquisar a existência de outras lesões e alterações.
Uma vez estável, o doente deve ser encaminhado o mais rapidamente possível com
vista à realização de meios complementares de diagnóstico, nomeadamente a TC.
Realização de eletrocardiograma sempre que não atrase o início do tratamento (grau
de recomendação I, nível de evidência B) e avaliação laboratorial (hemograma,
ionograma sérico, creatinémia, glicémia, estudo da coagulação.
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Fluxograma ou Algoritmo de tratamento/abordagem do AVC hemorrágico
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2- ACTUAÇÃO E O PAPEL DO ENFERMEIRO NO AVC HEMORRÁGICO
Todo o doente com AVC deve ser admitido numa unidade especifica - unidade de AVC
(U AVC) este é um espaço especifico individualizado, onde os doentes com DVC são
internados e tratados por uma equipa multidisciplinar, seguindo protocolos de atuação
específicos, será assim mais fácil identificar e corrigir todos os fatores agravantes de
lesão neuronal, como a hipo/hiperglicemia, a hipertermia, a hipoxemia, identificar e
tratar rapidamente complicações médicas e neurológicas, gerir processos como a
disfagia e o levante e iniciar precocemente programas de reabilitação
O enfermeiro perante uma pessoa com um quadro de AVC hemorrágico deve avaliar a
situação e condição da mesma, de forma sistematizada, identificando os sinais e
sintomas característicos desta situação crítica por vista a implementar intervenções
que permitam interromper a sua evolução para estádios mais avançados e
consequentemente, com maiores repercussões na qualidade de vida do doente,
podendo dizer-se assim que o enfermeiro tem um papel ativo e fundamental na
identificação precoce e nos cuidados a serem instituídos.
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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Avaliar Ventilação
Executar inaloterapia
Executar inaloterapia
Incentivar repouso
Manter o repouso
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Vigiar respiração
Gerir oxigenoterapia
Aspirar secreções
Gerir a dieta
Vigiar refeição
Vigiar comportamento
Otimizar comunicação
Estimular a memória
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Hipertermia Monitorizar temperatura corporal
Gerir antipirético
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Autocuidado Beber Dependente: em Assistir no auto cuidado: beber
grau elevado
Incentivar o auto cuidado: beber
Autocuidado Beber Dependente: em
Administrar líquidos
grau moderado
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em grau reduzido Instruir o auto cuidado: vestuário com
dispositivo
Potencial para melhorar a capacidade
no uso de estratégias adaptativas
Vigiar o sono
Referir queda
Vigiar comportamento
Incentivar a posicionar-se
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Avaliar a pele
Incentivar comunicação
Otimizar comunicação
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Não adesão ao regime dietético Negociar adesão ao regime terapêutico
Otimizar o dreno
Remover dreno
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Potencial para melhorar o Ensinar o prestador de cuidados sobre
conhecimento do prestador de gestão do regime terapêutico
cuidados sobre tomar conta
Ensinar o prestador de cuidados sobre
complicações
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CONCLUSÃO
O cidadão e a sua família são nos dias de hoje o centro da prestação de cuidados de
saúde, por isso os serviços tiveram que se reorganizar tendo sido criados programas
específicos de atuação para os problemas que exigem respostas eficazes,
desmaterializando e simplificando procedimentos que promovem uma melhoria da
prática clínica e da prestação de cuidados de enfermagem que se visam fornecer com
uma qualidade acrescida.
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Com o término do presente documento acreditamos que os objetivos propostos no
início foram alcançados, quer a nível da avaliação da pessoa de forma estruturada,
integral e integradora, da priorização de intervenções e encaminhamento rápido,
diferenciação das intervenções autónomas e de cariz interdependente do enfermeiro
no cuidar da pessoa com AVC hemorrágico e na medida em que se atende à
orientação da Norma nº 015/2017 de 13/07/2017, via verde AVC que é bastante clara,
sensibilizar e divulgar o conhecimento resultante da pesquisa realizada.
A par dos aspetos realçados, sabemos hoje, que na origem da maioria das doenças
que provoca a morte ou aumento da comorbilidade com perda de qualidade de vida
estão fatores de risco passíveis de serem modificados e, consequentemente, evitados.
A aposta na promoção da saúde e na prevenção da doença é uma prioridade. Uma
população mais saudável é um fator crítico de sucesso para uma sociedade mais
produtiva, sustentável e economicamente competitiva. Os determinantes sociais e
ambientais devem estar no topo das nossas preocupações. Capacitar o cidadão,
através da cedência de informação fidedigna, com uma maior proximidade, equidade
de acesso aos cuidados e humanização são uma prioridade. Impuseram-se, assim,
novas abordagens e intervenções em saúde que visam alcançar as metas
preconizadas no Plano Nacional de Saúde para 2020, destacando-se a melhoria da
esperança de vida com saúde aos 65 anos e a redução da mortalidade prematura.
Reconhecer que “Tempo é Cérebro” é imperioso e um foco para a excelência dos
cuidados de saúde.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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aguda. Revista Portuguesa de Medicina Intensiva. Lisboa. ISSN: 0872 – 3087. Vol.
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based studies: a systematic review. Lancet Neurol, 8:355–69.
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Massada, S. R. (2002) - Avaliação e Ressuscitação do Doente com Trauma Grave.
Normas de orientação clínica e administrativa. 1ª ed. Porto: Grupo de Trauma do
Hospital de S. João.. ISBN 972-9027-98-6. p. 112
T. Steiner T. et al. (2014). European Stroke Organisation (ESO) guidelines for the
management of spontaneous intracerebral hemorrhage. World Stroke Organization.
World Federation of Neurology, Fostering quality neurology and brain health worldwide
Retrieved 18 Abril 2019 from https://www.wfneurology.org/2017-07-17-wfn-spn-wbd
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