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Os direitos do homem e a condição humana

no pensamento de Hannah Arendt

Jete Jane Fiorati

A obra de Hannah Arendt se coloca


como uma das grandes contribuições ao
pensamento contemporâneo, quer pelo
apurado conhecimento da Filosofia Clássica,
quer pela originalidade da interpretação da
Filosofia Moderna aliada a um profundo
conhecimento da experiência do homem no
mundo em que este vive.
Recebendo influências de pensadores da
Escola de Weimar como Martin Heidegger e
Karl Jaspers, Hannah Arendt voltou-se para
o estudo do homem, da liberdade, da comu-
nicação, do poder e de sua organização no
mundo contemporâneo, procurando estabe-
lecer os caminhos da evolução filosófica que
nos trouxeram ao atual estágio de convi-
vência em sociedade.
Seu pensamento divide-se basicamente
em três fases: a primeira, que engloba o
estudo dos fenômenos modernos do totali-
tarismo e do imperialismo, iniciada com a
publicação de “As Origens do Totalita-
rismo”, em 1951, e completada com um
estudo intitulado “Eichmann em Jerusalém:
um Relato sobre a Banalidade do Mal”; a
segunda, que enfatiza sua reflexão sobre o
homem, da qual fazem parte “A Condição
Humana”, publicada em 1958, e “The Life
of the Mind”, publicada postumamente em
1978; e a terceira fase, que se inicia com a
publicação de “Entre o Passado e o Futuro”,
Jete Jane Fiorati é Professora Livre Docente com edição completa em 1968, perpassa pelo
de Direito Internacional da UNESP e Mestre e estudo intitulado “Da Violência” e termina
Doutora em Direito. com a publicação de “Crises da República”,
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em 1972, em que a autora faz um retrospecto diferenças e variações em seus caracteres
e uma reflexão sobre o pensamento político. individuais e para que se reflitam essas
O especial interesse para este estudo são diferenças necessitamos da constante
as obras da segunda fase de cunho eminen- presença e continuado diálogo com os
temente filosófico: “A Condição Humana” outros6.
e “The Life of the Mind”, que representam A expressão vita activa utilizada para
as duas faces do modus vivendi humano. designar “o que os homens fazem” é comum
Enquanto em “A Condição Humana” a desde a Antigüidade. Aristóteles já definia
autora ocupa-se, em suas próprias palavras, duas esferas relacionadas com as atividades
de “refletir sobre o que estamos fazendo”1, humanas: a oikia (casa), cujo centro era a
na trilogia intitulada “The Life of The vida familiar e privada com o domínio de
Mind”, Arendt privilegia o estudo da vida uma só pessoa, e a polis, que dava ao
contemplativa. indivíduo uma vida em comum e que era
Em sua reflexão sobre o que os homens governada por muitos. Na oikia, o homem
fazem, Arendt definiu três atividades realizava as atividades ligadas às necessi-
centrais que correspondem às condições dades de seu corpo para manter-se vivo e
básicas da vida humana, o labor, o trabalho nela estavam as mulheres responsáveis pela
e a ação, enquanto em seu estudo sobre a procriação e os escravos responsáveis pela
reflexão dos homens, a autora definiu a supressão das necessidades da vida.
vontade, o pensamento e o julgamento como Em contraposição, na polis, os homens
os três estados que demonstram a vida do se relacionavam com os seus iguais por meio
intelecto. de palavras e do discurso, exercitando-se
Em “A Condição Humana”, Hannah continuamente na arte do acordo e da
Arendt define o labor como atividade persuasão, e não da violência: somente por
inerente ao corpo humano no que tange à meio da constante criação de novas relações
exigência de manter-se vivo2. O labor é a os homens se autogovernam sem se domi-
condição de vida comum a homens e a narem uns aos outros ou se deixarem
animais sujeitos à necessidade de prover a dominar uns pelos outros7.
própria subsistência. Daí a denominação de Enfatiza Aristóteles que a finalidade da
animal laborans para o homem enquanto ser polis era garantir “uma boa vida aos
que labora para prover a sua própria cidadãos”, sendo inquestionável que a “boa
subsistência, comumente utilizada na vida” somente seria possível se ele vencesse
Antiguidade Clássica para nomear a cate- a necessidade, condição essencial para o
goria dos escravos3. exercício da liberdade. Como todos estão
Já o trabalho é a atividade correspon- sujeitos à necessidade, somente a violência
dente à criação de coisas artificiais, dife- consubstanciada no ato de subjugar outros
rentes do ambiente natural e que transcen- homens tornando-os escravos poderia livrar
dem às vidas individuais. Ao construtor do o homem da necessidade. Assim o Filósofo,
mundo foi dado o nome de homo faber4. em célebre panegírico, defende a escravidão
Em “A Condição Humana”, ainda, é como condição necessária à “boa vida” na
apresentada a definição de ação: “Atividade polis, pois sem recursos técnicos o homem
exercida entre homens, independentemente da Antigüidade somente estaria livre de
da produção de coisas ou da manutenção prover sua subsistência, podendo ocupar-
da vida, devido ao fato de que os homens e o se dos negócios públicos, se conseguisse
homem vivem na terra e habitam o mundo”5. subjugar escravos que com o seu labor lhe
Existente é a ação porque é a pluralidade satisfizesse essas necessidades8.
humana a condição de existência do homem Apesar do desprezo pela atividade do
sobre a terra: somos seres racionais igual- labor, que igualava homens e animais, os
mente humanos, mas cada qual apresenta gregos tinham dentro da esfera privada uma
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outra atividade, a qual se dedicavam prover essa acumulação, porque das três
freqüentemente os estrangeiros: eram os atividades é a única que se esgota somente
negócios privados, exercidos por aqueles com o final da vida e tem conseqüências
que estavam excluídos da esfera pública, previsíveis.Daí o surgimento da “força de
mas que também não eram escravos, e trabalho” ou “labor power”, que pode ser
dedicados à construção do mundo. Era o vendida com o objetivo de acumulação de
trabalho ou fabricação que, embora tornasse riqueza13.
ricos os que a ela se dedicavam, não lhes Por outro lado, a Era Moderna, da
dava o direito de participação política. produção em série de artefatos para uso e
Com o advento do Cristianismo, o “estar consumo e da acumulação de riqueza,
na companhia de outros”, característica da necessita de coisas que possam ser trocadas,
vida política e da ação, perdeu lugar para a uma vez que a propriedade das coisas e a
prática da fé e da bondade, que, por sua vez, possibilidade de sua transformação em
destroem a esfera pública: o discurso e a ação riqueza é um dos fundamentos do sistema
requerem testemunhas e coadjuvantes, capitalista que começou sua consolidação
enquanto a verdadeira bondade jamais pode na modernidade. Essas coisas, cujo destino
requerer testemunhas ou memória do ato. é a troca, constituem parcela do mundo
Talvez seja por esse motivo que Maquiavel, humano, que necessita de uma certa objetivi-
que, a exemplo dos gregos, utilizava-se do dade e estabilidade para perdurar. Portanto,
critério da glória para julgar a política, tenha existem duas categorias de bens produzidos
afirmado que os homens não deviam ser pelo homem: aqueles destinados ao con-
bons9. sumo imediato e aqueles que visam dar
Na civilização cristã, a vita activa cedeu durabilidade ao mundo humano, que são
lugar à contemplação, uma vez que os passíveis de infinitas trocas necessárias à
gregos, quando praticavam a arte do dis- acumulação de riqueza, uma vez que não
curso, queriam permanecer na memória de
desaparecem de imediato, como os bens
seus companheiros, queriam a imortalidade
destinados ao consumo, mas apenas se
na terra, enquanto aos cristãos somente era
desgastam com o uso.
relevante a vida eterna, extraterrena, ime-
Essas coisas produzidas pelo homem
morial e atemporal, e seu caminho era a fé, a
para a troca derivam da violência exercida
esperança e a caridade, virtudes estrita-
mente antipolíticas10. por ele contra a natureza mediante a
Se o Cristianismo trouxe a prevalência transformação desta em artifícios que depois
da contemplação sobre a vita activa, a serão trocados no mercado, visando a
Modernidade do final dos séculos XVIII e acumulação de riqueza. A esse ser que
XIX aboliu as distinções entre as atividades transforma a natureza chamamos homo faber,
da vita activa ligadas à manutenção da vida observando que esse fabricante do mundo
(labor) e da construção do mundo (trabalho). utiliza-se das categorias de meios e fins: ele
É de Locke a frase que Arendt utiliza como imagina o objeto, destrói a natureza para
mote para iniciar o estudo sobre o labor: “O construí-lo e depois o leva ao mercado para
Labor de nosso Corpo e o Trabalho de nossas trocá-lo, adquirindo riqueza que o levará a
Mãos”11. Locke, juntamente com Adam produzir novos objetos. Esse fabricante, que
Smith, na “Riqueza das Nações”, enfatiza que exerce o trabalho de construir um mundo, é
é a riqueza que implica a acumulação de um ser pragmático que instrumentaliza as
mais riqueza, e não a propriedade, a base coisas para por meio delas conseguir outras
do progresso das nações12. Como a apro- coisas, relacionando-se com seus semelhan-
priação para a acumulação depende da tes apenas no mercado de trocas, que é, para
repetição infinita de atos, é o labor, e não o ele, a única parte do mundo que tem um
trabalho, a atividade humana apta para significado.
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É com o apogeu da fabricação, nos homem no ato de conviver com seus seme-
séculos XVII-XIX, que surge o conceito de lhantes na esfera pública 17. Esses atos
valor e a idéia de relatividade. Em sua obra produzem História que depois torna imor-
“Entre o Passado e o Futuro”, Arendt esboça tais os seus autores, cabendo à polis preser-
claramente o pensamento dominante nesses var à memória posterior os atos originários
séculos: do discurso, da ação, da experiência e do
“Valores são bens sociais que não julgamento do que torna útil aos homens
têm significado autônomo, mas, como conviverem juntos18. Sendo a polis o espaço
outras mercadorias, existem somente em que os homens aparecem para revelarem
na sempre fluida relatividade das as suas potencialidades, ela configura-se no
relações sociais e do comércio. Através espaço de poder, organizado por meio do
desta relatividade, tanto as coisas que acordo com os semelhantes em torno da
o homem produz para seu uso como realização dos negócios públicos.
os padrões conforme os quais ele vive A Era Moderna substituiu a ação pela
sofrem uma mudança decisiva: tornam- fabricação, uma vez que a imprevisibilidade
se entidades de troca e o portador de dos resultados e a irreversibilidade dos
seu valor é a sociedade e não o homem feitos característicos da ação a fazem inútil
que produz, usa e julga”14. a um mundo preocupado com produtos e
O bem perde seu caráter de idéia, padrão lucros. Para o fabricante do século XIX, a
pelo qual o bem e o mal podem ser medidos função do Estado é a defesa dos que têm
e reconhecidos: torna-se um valor que pode alguma propriedade contra os que não têm
ser trocado por outros valores, tais como a nenhuma, e não a pluralidade humana19.
eficiência e o poder. O detentor de valores Mais a mais, a inversão cristã entre ação e
pode recusar-se a essa troca e tornar-se um contemplação foi útil a esses fabricantes: é
idealista que estima o valor do bem acima necessário primeiro a idéia do objeto para
do valor da eficiência, por exemplo; isso, depois se construí-lo. Por isso, a fabricação
porém, em nada torna o valor do homem prescinde da ação, mas não da contem-
menos relativo15. plação. Para que os lucros soassem, era
Os instrumentos e as coisas fabricadas necessária a estabilidade política, algo
criam para o fabricante um mundo comum frontalmente contrário à ação, que é, por sua
com os outros: os objetos de seu trabalho natureza, irreversível e instável.
são expostos no mercado de trocas e esse Desde os tempos antigos que a irreversi-
mercado reflete uma esfera pública distorcida bilidade da ação é combatida com o perdão:
pela relatividade dos valores. Já para o ser o perdão liberta o agente das conseqüências
que labora, o animal laborans, é impossível prejudiciais de seu ato que poderiam prorro-
compreender a relatividade dos valores gar indefinidamente o processo com a
porque, para ele, somente existe o absoluto reação do ofendido. Contemporâneo ao
valor da necessidade, e, como somente o perdão é a faculdade de fazer promessas
consumo é capaz de satisfazê-la, o animal para combater a imprevisibilidade: a pro-
laborans trata todas as coisas como objeto de messa cria um espaço de certeza entre os
consumo, gerando a desvalorização de homens por meio do acordo firmado com
todos os valores16. fundamento na pacta sunt servanda. Em última
A ação e o agente surgem num mundo análise, as normas representam acordos que
que já existia, mas ao qual ele, ao surgir, fundam a paz na comunidade dos agentes.
acrescenta algo com as suas palavras, feitos Apesar disso, a Era Moderna, que pri-
e potencialidades que são demonstradas a meiro transformou a ação em fabricação e
seus semelhantes. Em suma: o agente se depois aboliu a diferença entre o trabalho e
revela no ato e mostra sua dignidade de o labor-consumo, perdeu por inteiro a fé nas
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potencialidades da ação, que, por sua vez, voltaram-se à categoria da manutenção da
sempre fundou a existência da comunidade vida em abundância20. O único valor é o
política dando-lhe um significado: o estar consumo, pois somente ele pode satisfazer
com os outros. O homo faber, com sua as nossas necessidades: o que não serve
insistência na relação entre meios e fins e para consumir e ser consumido não tem
na prática de apropriação contínua de significado nem valor. Nesta sociedade de
riqueza para a acumulação dessa mesma “detentores de empregos”, a necessidade de
riqueza, deixou-se levar pelos valores consumir uniformiza a todos para depois
criados pelo mercado, passando a duvidar desvalorizá-los21.
da existência de valores absolutos e univer- Comentando “A Condição Humana” e
sais ou de valia intrínseca das coisas e inspirado em “Entre o Passado e o Futuro”,
objetos. Se não há mais padrões universais, Tércio Ferraz Júnior, ao transmutar o
somente resta ao fabricante isolado de seus pensamento de Hannah Arendt para o
semelhantes voltar-se para si mesmo: é o Direito, assim descreve o homem e o Direito
fenômeno da introspecção, que vota imensa contemporâneos:
desconfiança ao mundo comum tal qual “O último estágio de uma sociedade
aparece aos nossos sentidos. Não temos de operários, que é uma sociedade de
mais a concepção de um mundo comum e detentores de empregos, requer de seus
perdemos aquela forma de vermos o mundo membros um funcionamento pura-
tão típica da Antigüidade, o senso comum, mente automático, como se a vida
próxima dos topoi gregos ou das máximas individual realmente houvesse sido
romanas. afogada no processo vital da espécie
O mundo instrumentalizado do homo e a única decisão ativa exigida do
faber, já despido de significado, perdeu lugar, indivíduo fosse, por assim dizer, se
em nossos tempos, para o mero existir, para deixar levar, abandonar a sua indivi-
a satisfação das necessidades corpóreas, dualidade, e aquiescer num tipo
que deu origem ao hedonismo universa- funcional de conduta entorpecida e
lizado em matéria política. Hodiernamente tranquilizante. Para o mundo jurídico
deve procurar-se a felicidade do maior o advento da sociedade do animal
número de pessoas em detrimento da laborans significa, assim, a contin-
conservação do mundo comum. Neste gência de todo e qualquer direito, que
século, com a perda da fé na vida eterna e não apenas é posto por decisão, mas
em si mesmo, o homem reduziu a felicidade vale em virtude de decisões, não
ao interesse único e exclusivo da manuten- importa quais, isto é, na concepção do
ção de sua vida. animal laborans, criou-se a possibili-
A esse homem que perdeu a fé, o mundo dade de manipulação das estruturas
comum, a capacidade de pensar e de agir e contraditórias, sem que a contradição
até o controle sobre os objetos que fabrica afetasse a função normativa... A
(vide a questão nuclear) somente resultou a filosofia do animal laborans deste modo
preocupação com a própria sobrevivência. assegura ao direito, enquanto objeto
Estamos na sociedade automatizada, da de consumo, uma enorme disponibi-
qual se espera dos homens um comporta- lidade de conteúdos. Tudo é possível
mento uniforme, um comportamento de de ser normado e para uma enorme
seres que laboram para a satisfação de suas disponibilidade de endereçados, pois
necessidades. A sociedade dos homens que o direito não depende mais do status,
laboram é a sociedade dos consumidores, do saber, do sentir de cada um, das
daqueles que consomem para continuarem diferenças de cada um, da personali-
laborando: todas as atividades humanas dade de cada um”.
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Continuando, Ferraz Júnior afirma: tribunais relativamente à conduta humana
“Ao mesmo tempo continua sendo num mundo em que os homens perderam o
aceito por todos e por cada um, em senso comum.
termos de uma terrível uniformidade. Segundo Arendt, o homem se revela aos
Em suma, com o advento da sociedade seus semelhantes por meio da palavra:
do animal laborans ocorre uma radical portanto, essa revelação se dá no espaço
reestruturação do Direito, pois sua público e mostra nossas diferenças em
congruência interna deixa de assentar- relação a outras pessoas. Por meio das
se sobre a natureza, sobre o costume, palavras, os homens aparecem aos outros:
sobre a razão ou a moral e passa reco- daí, para Arendt, aparência e ser se confun-
nhecidamente a basear-se na própria dem, uma vez que as coisas são na mesma
vida social, da vida social moderna, medida em que aparecem, não existindo
com sua imensa capacidade para a isoladamente, e sua realidade é percebida
indiferença. Indiferença quanto ao que num contexto em que existem outros. Isso é
valia e passa a valer, isto é, aceita-se o que chamamos de sexto sentido, que “na
tranqüilamente qualquer mudança. realidade unifica os outros sentidos, publi-
Indiferença quanto à incompatibilida- cizando-os num mundo compartilhado”24.
de de conteúdos, isto é, aceita-se A função do senso comum, portanto, é
tranqüilamente a inconsistência e integrar o indivíduo no mundo intersub-
convive-se com ela. Indiferença quanto jetivo e visível das aparências, que é o
à divergência de opiniões, isto é, mundo dado pelos cinco sentidos no qual
aceita-se uma falsa idéia de tolerância, existimos como espécies25.
como a maior de todas as virtudes. Este Comentando a atividade de pensar, Lafer
é afinal o mundo jurídico do homem afirma que “o querer e o julgar compartilham
que labora, para o qual o direito é com o pensar o processo prévio de provi-
apenas e tão-somente um bem de sório desligamento do mundo26. Ocorre que
consumo”22. o pensar não fundamenta o querer e o julgar,
Se na “Condição Humana” Arendt se próprios para a apreciação de situações
preocupa com o que é genérico e com o particulares e específicas. Destarte, tanto a
que é específico na condição humana, vontade como o juízo são autônomos ao
enfatizando que pensamento porque referem-se especifica-
“através de sua singularidade o mente a particulares. O querer visa ao futuro,
homem retém a sua individualidade porque a vontade torna-se intenção para a
e, através de sua participação no decisão do que virá a ser. Já o julgar é uma
gênero humano, ele pode comunicar atividade ligada à construção mental da
aos demais esta singularidade”23, subsunção entre um geral dado e um
em “The Life of the Mind”, a autora se dispõe particular já ocorrido, referindo-se a situa-
a analisar os processos mentais que impli- ções passadas27.
ca essa singularidade: o pensar, o querer e o Ao discutir a vontade, a autora men-
julgar. Por questões metodológicas e temáti- ciona, no segundo volume de “The Life of
cas, apenas será objeto de análise a obra de the Mind”, o posicionamento de Duns
Arendt sobre o juízo, uma vez que, ao tratar- Scotus, que foi mestre de Guilherme de
mos “do que fazem os homens”, mister a Ockan. Duns Scotus foi um dos primeiros
ênfase de “como eles julgam o que fazem”, autores a tratar da vontade como faculdade
especialmente aqueles atos que terminam que permite ao homem mostrar sua indivi-
por se dirigir contra outros homens, enquan- dualidade de ser singular, ao permitir à
to membros da espécie humana. Mais a mente ultrapassar seus próprios limites28.
mais, o pensamento da autora fornece ele- Segundo Lafer, “a quintessência do pensa-
mentos valiosos sobre o ato de julgar dos mento de Scotus é a de postular a contin-
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gência como um modo positivo do ser”29, gentes a uma realidade que se demonstra
apontando para a singularidade que não se desconectada e fragmentada.
subsume no geral como livre arbítrio ou Essas leis, acordos, costumes e convenções
liberdade na escolha de atos. Tanto Scotus expressam padrões universais vagos. Em
como Ockan privilegiaram a singularidade conseqüência, torna-se impossível o ato de
e a intersubjetividade como fatores funda- julgar, uma vez que não existe uma regra
mentais do relacionamento entre os homens. geral determinada e clara a qual se deva
E foi esse privilégio que contribuiu para o subsumir o caso. É necessário um novo juízo,
surgimento, já na Idade Moderna, da o juízo reflexivo, que permite ao julgador
categoria dos Direitos Humanos. julgar o particular sem subsumi-lo direta-
Seguindo esse caminho, Arendt elaborou mente no geral. Arendt toma emprestado a
um apêndice ao segundo volume de “The Kant a afirmação de que “o juízo reflexivo
Life of the Mind”, referindo-se à atividade se opera através de pensar no lugar do
de julgar, tomando como ponto de partida a outro”30, possibilitando o alargamento do
“Crítica ao Juízo” do filósofo alemão raciocínio ligado ao pensamento do que o
Emmanuel Kant. Para Kant, o juízo é a outro pensa. Para Arendt, o julgamento
atividade de subsumir o particular no geral: reflexivo que se preocupa com os particulares
é o que conhecemos por juízo determinante não se baseia em critérios gerais e universais,
e que hodiernamente se sujeita à Hermenêu- mas sim em opiniões. Disso resulta o fato de
tica, à idéia de razoabilidade e à Tópica. A que é o juízo reflexivo, comumente utilizado
razoabilidade implica a adequação entre os na vida política, o mais democrático: todos
fatos, as circunstâncias em que se produ- podem ter opiniões. Algo semelhante ocorre
ziram, as circunstâncias em que se encon- com a Tópica, que é um pensamento proble-
trava o agente e as normas interpretadas mático que tem como ponto de partida o caso
segundo a sua finalidade, objetivando a concreto sobre o qual se emitem opiniões.
busca do senso comum. Já a Tópica representa Se o juízo é a faculdade de pensar um
a busca do comum no Direito e na Política, particular buscando um geral que a ele
procurando encontrar os princípios que os corresponda, problemático se torna a
transcendem por intermédio da prudência. inexistência de um geral. Portanto, é neces-
A Tópica constitui-se de um juízo retórico fun- sário criar um critério que permita uma
dado na prudência e não na demonstração, comparação de particulares, que funcionaria
sofrendo influências do juízo reflexivo. como um critério geral. Esse critério termi-
Inobstante, existem situações que nem naria por conduzir a generalização dos
mesmo a razoabilidade constitui critério juízos reflexivos.
para propiciar um julgamento justo. No Analisando Kant, Arendt afirma ser o
mundo em que vivemos, o mundo do animal gosto e/ou senso estético um dos critérios
laborans, essas situações são muito comuns, para o juízo reflexivo porque emitido acerca
uma vez que se perderam o senso comum e de um mundo comum e comunicável por
o mundo comum responsável pela noção de palavras. O gosto e a opinião vindos a
razoabilidade. Apesar disso, sabemos que público pela comunicação e pela persuasão
o animal laborans precisa de regras que mostram não somente a concordância com
aparecem por intermédio de leis, costumes o próprio eu, mas principalmente uma
e convenções expressas em palavras. Como concordância potencial com os outros. Para
o consenso expresso do animal laborans diz Kant, a capacidade de julgar é a
respeito às necessidades ligadas à manu- “faculdade de ver as coisas não
tenção da vida, que não surgem num mundo apenas do próprio ponto de vista mas
construído e compartilhado pelos homens, na perspectiva de todos aqueles que
esse consenso expressa-se em termos vagos, porventura estejam presentes: o juízo
ambíguos, sobre pontos específicos tan- pode ser uma das faculdades funda-
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mentais do homem enquanto ser na razão reguladora da humanidade, ligado ao
medida em que permite a sua orienta- juízo determinante, uma vez que, para ela, a
ção no mundo comum”31. comunidade do animal laborans está perden-
Enfatiza a autora que: do o seu senso de humanidade e de valores
“A eficácia do juízo reflexivo gerais definidos. Nesse ponto, cabe uma crí-
repousa em uma concordância poten- tica ao pensamento da autora.
cial com outrem, e o processo pensante Apesar do esgarçamento do mundo
que é ativo julgamento de algo não é, comum, é necessário que se tenha algum
como o processo de pensamento do padrão mínimo a orientar a conduta indivi-
raciocínio puro, um diálogo de mim dual, mesmo que seja na sociedade dos
para comigo, porém se acha sempre e “homens que laboram”, uma vez que, se
fundamentalmente, mesmo que eu assim não for, partiremos para o isolamento.
esteja inteiramente só ao tomar minha Modernamente com a perda desse mundo
decisão, em antecipada comunicação comum, somente as leis terminam por
com os outros com quem sei que devo descrever uma conduta mínima, conduta
afinal chegar a algum acordo. O juízo essa que muitas vezes se antepõe aos desejos
obtém sua validade específica desse mais íntimos de cada um de nós. Ocorre que,
acordo potencial. Isto por um lado como as leis não representam mais os
significa que esses juízos devem se desvalorizados valores da comunidade, mas
libertar das condições subjetivas pes- sim prescrições derivadas do poder que
soais, isto é, das idiossincrasias que podem mudar a qualquer hora, podemos
determinam naturalmente o modo de opinar sobre sua validade a qualquer
ver de cada indivíduo na intimidade momento. Portanto, ainda temos que pro-
e que são legítimas enquanto são curar algum critério para fundar as condutas
apenas opiniões mantidas particular- em sociedade para evitar que elas se
mente, mas que não são adequadas transformem em condutas próprias da vida
para ingressar em praça pública e na selva. Entre eles, critérios de respeito ao
perdem toda a validade no domínio homem, mesmo sendo ele o animal laborans
público... Como lógica para ser correta que deve ter seu direito à vida, à liberdade, à
depende da presença do eu, também saúde, ao labor do qual provê a sua subsis-
o juízo, para ser válido, depende da tência e alimento expressos em regras
presença de outros. Por isso o juízo é escritas ou costumeiras, regras essas que se
dotado de uma certa validade especí- inserem na categoria dos Direitos do Homem,
fica, mas não é nunca universalmente que podem preencher a função de definir
válido. Suas pretensões à validade uma condição humana mínima ao homem
nunca se podem estender além dos como forma de um patrimônio simbólico
outros em cujo lugar a pessoa que fundante de um mundo esgarçado.
julga colocou-se para as suas conside- No mesmo sentido, Umberto Ecco, em
rações. O juízo, diz Kant, é válido para entrevista concedida ao “Le Monde”, no ano
toda pessoa individual que julga, mas de 1994, e reproduzida pela “Folha de São
a ênfase na sentença recai sobre o que Paulo”, deixa claro que a única ética possí-
julga não sobre o outro que julga”32 . vel no mundo moderno é a ética de respeito
Outro critério seria o da validade aos corpos no que tange ao relacionamento
exemplar: estabelecer a analogia entre o entre o homem e o mundo. Ipsis Litteris:
particular e o exemplo por conta de uma “É possível constituir uma ética
regra geral: Hércules é o exemplo da força e sobre o respeito pelas atividades do
Rui Barbosa da inteligência e cultura. corpo: comer, beber, urinar, dormir,
Arendt não enfatiza a importância epistemo- fazer amor, falar, ouvir, etc. Impedir
lógica de outro critério kantiano: o apelo à alguém de se deitar à noite ou obrigá-
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lo a viver de cabeça abaixada é uma fundamentam suas ações no partido, na
forma intolerável de tortura. Impedir polícia ou no poder da mídia, considerados
outras pessoas de se movimentarem instituições acima da lei e que seguem regras
ou falarem é igualmente intolerável. próprias desconhecidas do público. Não há
O estupro é crime porque não respeita hierarquias e competências definidas para
o corpo do outro. Todas as formas de tais órgãos e instituições nos governos
racismo e exclusão constituem em totalitários, o que torna isolados e inseguros
última análise, maneiras de negar o os indivíduos. A lei máxima dos regimes
corpo do outro. Poderíamos fazer uma totalitários não é fruto da convivência
releitura, a única, de toda a história humana, mas de pretensas leis da natureza
da ética moderna sob o ângulo dos e da história para medir as ações dos
direitos dos corpos, e das relações de homens, cabendo ao líder enunciar o seu
nosso corpo com o mundo”33. conteúdo, a interpretação e a aplicação de
O jurista Celso Lafer, considerado um tais leis. Destarte, o totalitarismo é imprevi-
dos grandes estudiosos da obra de Arendt sível: não se trata de um governo despótico
entre nós, teceu importantes analogias entre que quer perpetuar-se no poder, como os
o pensamento de Arendt e o estudo do regimes autoritários latino-americanos da
Direito, especialmente no que tange aos segunda metade deste século, mas sim de um
Direitos Humanos. Em “A Reconstrução governo que despreza a si próprio e à sua
dos Direitos Humanos: um Diálogo com utilidade, mantendo uma insana burocracia
Hannah Arendt”, o autor parte do pressu- por intermédio do terror aos súditos, especial-
posto de que a preocupação fundamental de mente aqueles ligados a determinadas
todo o pensamento de Arendt é o homem, que, categorias da população, como os judeus na
na sociedade de massas, moderna e consu- Alemanha nazista, os nobres e os tártaros sob
mista, corre sério risco de perder sua condição, o governo de Stálin. A sobrevivência do
não sentindo o mundo como sua casa e es- governo e sua perpetuação no poder se dá
tando prestes a tornar-se um ser descartável34. por meio da constante subjugação dessas
Procurando traçar a origem do descon- categorias e da constante ameaça a todos os
forto e da descartabilidade do homem, Lafer, outros indivíduos de serem subjugados.
seguindo os passos de Arendt, localizou-os O terror é o fundamento da “legalidade
no totalitarismo, fenômeno exclusivo do totalitária”, pois somente ele poderá manter
nosso século XX, que retira do homem a sua segregados determinados setores da popu-
condição humana, tratando-o como um ser lação, escolhidos pelo líder como adversá-
descartável que pode ser trocado por outro, rios, independentemente de quaisquer atos
substituído ou igualado a uma coisa. que tenham praticado, porque a guerra
Partindo da situação extrema de violência incessante contra esses inimigos objetivos
constituída pelo totalitarismo, Lafer procura (expressão de Arendt) é que legitima a
elaborar uma análise da legalidade e da permanência no poder do líder totalitário.
legitimidade de um poder e de um Estado Quando se examina a descrição de Arendt
que reduzem os homens a instrumentos do totalitarismo, é possível que se pense que
geradores de novas violências contra outros nazismo, stalinismo, perseguições religiosas
homens. Representa o totalitarismo uma fazem parte do passado e que essa expe-
ruptura na evolução histórica da tradição riência esteja ausente em nossos dias. Não é
ocidental, vinculando-se ao fenômeno da verdade: Bósnia e a antiga Iugoslávia,
descontinuidade e da fragmentação do Ruanda, Zaire, Afeganistão ou Haiti nos
mundo moderno35. mostraram e mostram que as perseguições
O totalitarismo tem seu correspondente raciais e/ou políticas, com o radical isola-
jurídico no amorfismo36 e na sistemática mento de determinadas categorias da popula-
ignorância da lei pelos governantes, que ção, são possíveis e que, ainda hoje, não encon-
Brasília a. 36 n. 142 abr./jun. 1999 61
tramos soluções adequadas para garantir os dos governantes que vedam o acesso público
mínimos direitos aos habitantes da Terra. e a palavra a seus súditos.
Arendt talvez nos mostre a chave para a Por outro lado, Lafer, ao comentar
compreensão de experiências totalitárias, Arendt, enfatiza a importância ao direito de
negadoras dos mínimos direitos da popu- estar só, ao direito à intimidade, e à
lação, ao mencionar que, no início dos importância dada a seu contraponto, o
movimentos nazistas e stalinistas, existiam direito à informação. Modernamente, o
pessoas, como os desempregados, refu- direito à intimidade se liga não só à vedação
giados, apátridas, homossexuais e margi- de ingerência do poder público, como
nais; que eram percebidas pelas outras também da possibilidade de terceiros se
pessoas como seres supérfluos, seres imiscuírem, principalmente por meio de
despidos de qualquer utilidade. O totalita- recursos tecnológicos, na vida privada das
rismo nasce, então, em virtude da própria pessoas. Já o direito à informação se liga ao
condição de animal laborans do homem princípio da publicidade e da transparência
moderno: um homem que apenas sobrevive, do poder público, coibindo-se a mentira e a
cujos valores se encontram em descrédito, manipulação ideológica. Enfatiza Lafer:
que tem dificuldade para pensar e formular “A desolação derivada do totalita-
um conceito de mundo e, por isso, pode ser rismo tem como uma de suas caracte-
manipulado, não possuindo sua opinião, se rísticas não a politização da sociedade,
isolada, maior importância num mundo em mas a destruição da esfera pública e a
que ele não compartilha com os outros, onde eliminação da esfera privada”37.
ele representa o acréscimo de mais um na Essencial para a preservação da esfera
massa de outros seres igualmente anônimos. privada é o direito à intimidade. A esfera
O totalitarismo representou o ápice da privada, que se tornou pública por ser o
violação ao homem de sua condição, uma cerne do único mundo comum que todos
vez que o reduziu a uma condição de não compartilham por meio da atividade do labor,
homem, que pode ser descartada: daí o somente poderá proteger o “diálogo do ho-
surgimento do genocídio como forma mem consigo mesmo” mediante a proteção
extrema de eliminação dos seres supérfluos de seu direito de alhear-se deste mundo
ou indesejáveis. Desse fato decorreu, no que privado compartilhado pelos homens que
tange à proteção dos direitos do homem laboram por meio da proteção à intimidade.
enquanto homem, a qualificação técnico- Conclui Lafer que, a partir da obra de
jurídica de genocídio como crime contra a Arendt, é possível inferir que a reconstrução
humanidade, conforme se deflui do art. 2º dos Direitos Humanos no mundo do animal
da Convenção para a Prevenção e Repressão laborans, passível de ser dominado a qualquer
ao Crime de Genocídio. tempo pelas várias espécies de totalitarismo,
Modernamente, grande importância perpassa pelas seguintes proposições:
assume o direito ao governo justo, o que tem “ I) ver na cidadania o direito a ter
inspirado aos filósofos modernos o estudo direitos, uma vez que a igualdade não
da desobediência civil. De Thoreau, o é um dado mas uma consciência
individualista que se recusa a violar a sua coletiva construída que requer por isso
ética para dar cumprimento a uma lei espaço público; II) qualificar o geno-
injusta, a Ghandi, que busca a convergência cídio como crime contra a humani-
de pessoas para sustentar a verdade frente dade, a ser punido por recusar a
à injustiça, a desobediência civil tem pluralidade e a diversidade; III) subli-
caracterizado-se como forma de contestação nhar a importância do direito de
da legitimidade fundamentada na estrita associação na geração do poder,
legalidade, uma forma de resistir à opressão inclusive como resistência à opressão,
62 Revista de Informação Legislativa
que – na situação limite da desobe- 13
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
diência civil enquanto agir conjunto 116-117. Nota 1.
14
ARENDT, Hannah – Entre o Passado e o Futuro.
voltado para a preservação do inte- São Paulo. Perspectiva Universitária. 1972. Pág. 87.
resse público – pode resgatar a obri- 15
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
gação político-jurídica de destrutivi- 60 . Nota 1.
dade da violência, seja ela exercida ex 16
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
parte principis, ou ex parte populi; IV) 62. Nota 1.
17
ARENDT, Hannah - A Condição Humana. Pág.
insistir na clássica importância da
193. Nota 1.
distinção entre público e privado 18
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
para tutelar o direito à intimidade, 197 e 209. Nota 1.
evitando a desolação, e de realçar a 19
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
relevância da coincidência do pú- 232. Nota 1.
20
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
blico com o comum e o visível, para
139. Nota 1.
limitar o efeito da mentira através 21
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág.
do direito à informação”38. 337. Nota 1.
Destarte, podemos concluir que somente 22
FERRAZ JR., Tércio – Introdução ao Estudo do
com a valorização do homem enquanto ser Direito. São Paulo. Atlas. 1987. pág. 30-31.
que sobrevive, trabalha, cria um espaço
23
LAFER, Celso – Hannah Arendt, Pensamento,
Persuasão e Poder. São Paulo. Paz e Terra. 1979.
comum no qual interage com outros, e a Pág. 28.
compreensão em sua totalidade desse ser 24
ARENDT, Hannah – The Life of the Mind. vol.
pelo direito é que conseguiremos construir 1 New York. Brace Jovanovich Ed. 1978. Pág. 19.
um mundo onde todos os homens se sintam Tradução da Autora.
à vontade.
25
LAFER, Celso – Hannah Arendt. Pensamento.
Persuasão e Poder. Pág. 85. Nota 23.
26
LAFER, Celso - Hannah Arendt. Pensamento.
Persuasão e Poder. Pág. 101. Nota 23.
Notas
27
ARENDT, Hannah – The Life of the Mind. Pág.
76-77. Nota 24.
1
ARENDT, Hannah – A Condição Humana . São 28
ARENDT, Hannah – The Life of the Mind. Pág.
Paulo. Universitária. 1987. Pág. 14. 121 e 126. Nota 24.
2
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 29
LAFER, Celso – Hannah Arendt. Pensamento.
15. Nota 1. Persuasão e Poder. Pág. 113. Nota 23.
3
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 30
ARENDT, Hannah- The Life of The Mind. Pág.
31. Nota 1. 257. Nota 24.
4
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 31
ARENDT, Hannah – The Life of the Mind. Pág.
15. Nota 1. 275. Nota 24.
5
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 32
ARENDT, Hannah – The Life of the Mind. Pág.
31. Nota 1. 274-275. Nota 24.
6
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 33
ECCO, Umberto – Entrevista publicada na
31. Nota 1. Folha de São Paulo em 3 de abril de 1994. Edição
7
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. de Domingo. Caderno 6, pág. 7.
41. Nota 1. 34
LAFER, Celso – A Reconstrução dos Direitos
8
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. Humanos: um Diálogo com H. Arendt. São Paulo.
94. Nota 1. Cia. Das Letras. 1991. Pág. 8.
9
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 35
LAFER, Celso – A Reconstrução dos Direitos
182. Nota 1. Humanos. Pág. 81. Nota 34.
10
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 36
LAFER, Celso – Hannah Arendt. Pensamento.
83. Nota 1. Persuasão e Poder. Pág. 95. Nota 23.
11
ARENDT, Hannah – A Condição Humana. Pág. 37
LAFER, Celso – A Reconstrução dos Direitos
90. Nota 1. Humanos. Pág. 302. Nota 34.
12
LOCKE, John – Second Treatise of Civil 38
LAFER, Celso – A Reconstrução dos Direitos
Government. Seção 26. Humanos. Pág. 308. Nota 34.

Referências bibliográficas conforme original.


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