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2018.1
AULA 1 – ATIVIDADE
FINANCEIRA DO ESTADO E
CONCEITOS BÁSICOS
As receitas classificadas doutrinariamente como originárias são aquelas decorrentes do patrimônio do Estado,
ou seja, aquelas no qual, por meio de um regime jurídico predominantemente de direito privado, o ente público
explora seu patrimônio para obter os recursos financeiros de que necessita. Exemplos: aluguéis e as receitas de
empresas públicas e sociedades de economia mista
Outro meio de arrecadar recursos se dá com a exploração do patrimônio do particular, em que o Estado, por
meio do regime jurídico de direito público, usa o seu JUS IMPERII e obriga o particular a contribuir com os cofres
públicos, independentemente de sua vontade, seja por meio do pagamento de tributos ou multas. Essas são tidas
por receitas derivadas
A partir do modelo de “Estado mínimo”, as receitas originárias, paulatinamente, foram perdendo importância, o
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que importou grande crescimento da arr ecadação estatal por meio precipuamente das receitas derivadas. A
excepcionalidade da exploração de atividade econômica por parte do Estado é decorrente de previsão
constitucional expressa (art. 173 da CF/88)
Logo, o tributo é a principal (e não única) fonte de arrecadação de dinheiro pelo Estado
HARRISON LEITE: “A necessidade de arrecadação maior ou menor oscila com o tamanho (número de
atribuições assumidas pelo Estado, que só poderão ser satisfeitas com a arrecadação de recursos públicos) do
Estado, a justificar maior ou menor tributação”
LEANDRO PAULSEN: “A tributação, no Estado de Direito Democrático, constitui instrumento da sociedade. É
através das receitas tributárias que são viabilizadas a manutenção da estrutura política e administrativa do Estado e
as ações de governo. Mas a tributação arbitrária ou excessiva pode, por si própria, ter efeitos perversos”
2. O DIREITO TRIBUTÁRIO
O sistema jurídico, ainda que a doutrina o divida para fins didáticos, deve ser entendido como uma unidade,
tendo em vista que as leis se acham vinculadas por critérios de hierarquia e relações de coordenação, não
existindo de forma isolada.
ALFREDO AUGUSTO BECKER: “A autonomia de qualquer ramo do direito positivo é sempre e unicamente
didática para, investigando-se os efeitos jurídicos resultantes da incidência de determinado número de regras
jurídicas, descobrir a concatenação lógica que as reúne num grupo orgânico e que une este grupo à totalidade do
sistema jurídico”
DIREITO FINANCEIRO: ramo do direito público que disciplina as finanças do Estado em sua estreita relação
com a sua atividade financeira. É, pois, o conjunto de normas (regras e princípios) que regula a atividade financeira
do Estado, compreendida esta como receita, despesa, orçamento e crédito públicos.
Na CF/88, relativamente ao direito financeiro, além de outros artigos que cuidam dos empréstimos públicos,
financiamento dos direitos fundamentais, discriminação de despesas públicas entre as diferentes esferas de
governo, princípios constitucionais, responsabilidade pelos gastos públicos, precatórios e parâmetros para a
concessão de incentivos financeiros, podemos aludir aos seguintes dispositivos: art. 24, inciso I (sistematização das
normas) e arts. 163 a 169 (alusivo às finanças públicas)
O direito financeiro mantém estreita relação com a ciência das finanças, atividade pré-normativa que alcança os
âmbitos econômico, social, político ou estatístico, servindo-lhe de norte no sentido de estabelecer as regras que
regerão a atividade financeira do Estado
O DIREITO TRIBUTÁRIO deve ser entendido como o conjunto de normas (regras e princípios) de hierarquia
variada, que, inseridas no sistema jurídico, direta ou indiretamente tratam da instituição, arrecadação e
fiscalização de tributos. Vê-se que este “ramo” do direito público (um dos titulares do direito normatizado é o
Estado + supremacia do interesse público + indisponibilidade do interesse público + suas normas são cogentes,
formando-se a relação jurídico-tributária independentemente da vontade do contribuinte) ocupa-se somente com
uma parte desta receita, qual seja, a receita tributária, a demonstrar maior amplitude do direito financeiro
MARCO AURÉLIO GRECO: “O Direito Tributário é, talvez, o único ramo do Direito com data de nascimento
definida. Embora, antes disso, existam estudos sobre tributação, especialmente no âmbito da Ciência das finanças,
pode-se dizer que foi com a edição da Lei Tributária Alemã de 1919 que o Direito Tributário começou a ganhar uma
conformação jurídica mais sistematizada. Embora o tributo, em si, seja figura conhecida pela experiência ocidental
há muitos séculos, só no século XX seu estudo ganhou uma disciplina abrangente, coordenada e com a formulação
de princípios e conceitos básicos que o separam da Ciência das finanças, do Direito Financeiro e do Administrativo”
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Vale registrar que o direito tributário mantém íntima relação com outras áreas do direito, sendo denominado
por isso de “direito de superposição”. A esse respeito, PAULO DE BARROS CARVALHO: “Tomemos o exemplo da
regra-matriz de incidência do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de competência dos Municípios. A
hipótese normativa, em palavras genéricas, é ser proprietário, ter o domínio útil ou a posse de bem imóvel, no
perímetro urbano do Município, num dia determinado do exercício. O assunto é eminentemente tributário. E o
analista inicia suas indagações com o fito de bem apreender a descrição legal. Ser proprietário é conceito
desenvolvido pelo Direito Civil. A posse também é instituto versado pelos civilistas e o mesmo se diga do domínio
útil. E bem imóvel? Igualmente, é tema de Direito Civil. Até agora, estivemos investigando matéria tributária, mas
nos deparamos apenas com instituições características do Direito Civil. Prossigamos. A lei que determina o
perímetro urbano do Município é entidade cuidada e trabalhada pelos administrativistas. Então, saímos das
províncias do Direito Civil e ingressamos no espaço do Direito Administrativo. E estamos estudando Direito
Tributário... E o Município? Que é senão pessoa política de Direito Constitucional interno? Ora, deixemos o Direito
Administrativo e penetremos nas quadras do Direito Constitucional. Mas não procuramos saber de uma realidade
jurídico-tributária? Sim. É que o direito é uno, tecido por normas que falam do comportamento social, nos mais
diferentes setores de atividade e distribuídas em vários escalões hierárquicos. Intolerável desconsiderá-lo como tal”
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Conjunto de NJ’s (regras e princípios) sobre matéria tributaria
Primórdios: EC 18/65
Classificações: a) históricos e racionais; b) rígidos e flexíveis
→ Características: minúcia / exaustividade no delineamento das competências tributárias + garantias dos
contribuintes
→ ALCIDES JORGE COSTA: “As relações que o Estado, no uso do seu poder de soberania, pode ter com
o patrimônio dos particulares, estão nitidamente delimitadas pela Constituição. Além, naturalmente, de
relações patrimoniais em que o Estado celebra contrato, em pé de igualdade, com particulares, o Poder
Público apenas pode cobrar tributos, efetuar requisições civis e militares em tempo de guerra e efetuar
desapropriações, por necessidade ou utilidade pública, por interesse social, mediante prévia e justa
indenização em dinheiro. Não é, pois, exato que, em matéria de relações patrimoniais, o Estado possa
obrigar qualquer pessoa a celebrar contratos apenas porque pode cobrar-lhe tributos. Nesse campo, o mais
e o menos estão regulados de modo que não é exato dizer que se o Estado pode o mais, também pode o
menos.”
DIOGO FERRAZ LEMOS TAVARES: “...o Sistema Constitucional Tributário do Brasil comporta normas que tanto
privilegiam os direitos dos particulares, como também preservam os interesses do Estado e da sociedade como um
todo... [...] ... na moderna fundamentação do Direito Tributário, ganham relevância os valores (justiça, segurança,
igualdade, solidariedade e liberdade), os princípios deles corolários e os direito Fundamentais, cuja interação passa
a ditar os rumos da tributação; [...] ... o interesse público no Direito Tributário não é arrecadatório, pois não se
confunde com o interesse do Estado... o interesse público no Direito Tributário, à luz da sua moderna
fundamentação e da noção que se tem do interesse maior do Direito, é o de que a tributação se dê de uma forma
que observe as normas constitucionais, respeitando-as e promovendo o seu respeito por toda a sociedade; esta
concepção deve nortear toda e qualquer aplicação que se dê ao Direito Tributário, a fim de que a tributação alcance
a sua real finalidade, que é a de contribuir à mencionada pacificação social por meio da imposição de exações que
sejam justas, respeitem os direitos individuais do contribuinte e propiciem o custeio e a manten ça das atividades
estatais necessárias ao desenvolvimento da coletividade”
ATENÇÃO: O ADCT, art. 34, § 5º, garantiu a recepção da legislação vigente por ocasião do advento da Carta de
1988 no que não fosse incompatível com o novo sistema tributário nacional e com a nova legislação
infraconstitucional, ao mesmo tempo em que o art. 25, I, do ADCT revogou, a partir de 180 dias da promulga ção da
Constituição, todos os dispositivos legais que atribuíam ou delegavam ao Executivo atuação normativa de
competência do Congresso Nacional
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Evitar “paralisia” constitucional
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