Trovadorismo foi um movimento poético e literário iniciado no século XI, no sul da França, na região da Provença. Nessa época as
poesias (chamadas de cantigas) eram feitas para serem cantadas ao som da flauta, viola ou alaúde.
O trovador era o autor das composições. O cantor era chamado dejogral, e o menestrel era considerado superior ao jogral por ter mais
instrução e habilidades artísticas, sabia tocar e cantar.
Os trovadores provençais eram considerados os melhores da época, o estilo foi imitado em toda a parte e se espalhou pela Europa. A maior
parte dos trovadores tinha origem na nobreza.
Os textos poéticos do trovadorismo eram marcados por traços requintados da aristocracia e expressavam a veneração pela mulher. As
principais manifestações literárias do trovadorismo foram a canção, a pastourelle e a sextina.
O trovadorismo atingiu o seu apogeu por volta de 1150 a 1170, na realeza de Provença e se espalhou pelo norte da França e Itália.
Características do trovadorismo
Uma das características mais marcantes do movimento era a união que existia entre a poesia e a música. As cantigas dos trovadores eram
apresentadas e acompanhadas de instrumentos musicais.
Os sentimentos de amizade e de amor eram temas muito frequentes no trovadorismo. As cantigas que tratavam destes temas eram chamadas
decantigas de amigo e cantigas de amor.
Havia também as cantigas que faziam críticas e sátiras com o modo de vida da sociedade da época, a burguesia feudal. Estas cantigas
ficaram conhecidas como cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.
Cantigas de amor
Nas cantigas de amor o tema principal era o amor, os sentimentos românticos e a dor do amor não correspondido. O amor era descrito
como um sentimento perfeito e quase inatingível, muitas vezes idealizado.
Uma das características mais marcantes deste tipo de cantiga era a veneração do trovador pela mulher amada. Os trovadores descreviam a
mulher como um ser quase perfeito e inalcançável. Eles colocavam-se em posição de inferioridade e submissão em relação à mulher que
amavam.
Nessas cantigas o homem apaixonado prometia seu amor eterno, fidelidade e proteção da honra da mulher amada.
Conheço certo homem, ai formosa, Eu, minha senhora.
Que por vossa causa vê chegada a sua morte; Conheço certo homem, escutai isto:
Vede quem é e lembrai-vos disso; Que por vós morre e vós desejais que ele parta;
Eu, minha senhora. Vede quem é e não vos esqueçais dele;
Conheço certo homem que perto sente Eu, minha senhora.
De si a morte chegada certamente; (autor desconhecido)
Vede quem é e tende-o em mente;
Cantigas de amigo
Nas cantigas de amigo, além dos sentimentos relativos à amizade, também se falava sobre o amor. Nestas cantigas, geralmente a narradora
era uma mulher (eu lírico feminino), que descrevia e declarava seus sentimentos amorosos por um amigo ou pelo um homem amado.
Os temas da dor da separação, do sentimento de abandono e da tristeza pelo amor não correspondido eram os mais frequentes nas cantigas
de amigo.
As cantigas de amigo, embora fossem narradas como se tivessem sido escritas por uma mulher, também eram escritas pelos trovadores.
Cantigas de escárnio
O tema central das cantigas de escárnio eram as críticas sociais feitas pelos trovadores. O trovadorismo existiu no período do feudalismo
e as cantigas de escárnio criticavam o modo de vida, os costumes e os valores que eram importantes para a sociedade burguesa da época.
As críticas feitas nas cantigas de escárnio não eram muito diretas. O mais comum era que as cantigas contivessem ambiguidades e
trocadilhos que, indiretamente, faziam uma sátira da sociedade.
Ai, dona feia, foste-vos queixar e vede qual será a louvação:
que nunca vos louvo em meu cantar; dona feia, velha e maluca!
mas agora quero fazer um cantar Dona feia, eu nunca vos louvei
em que vos louvares de qualquer modo; em meu trovar, embora tenha trovado muito;
e vede como quero vos louvar mas agora já farei um bom cantar;
dona feia, velha e maluca! em que vos louvarei de qualquer modo;
Dona feia, que Deus me perdoe, e vos direi como vos louvarei:
pois tendes tão grande desejo dona feia, velha e maluca!
de que eu vos louve, por este motivo (Joan Garcia de Guilhade)
quero vos louvar já de qualquer modo;
Cantigas de maldizer
As cantigas de maldizer, assim como as cantigas de escárnio, também faziam críticas. A maior diferença entre estes dois tipos de cantigas
era a maneira como elas eram feitas, já que nas cantigas de maldizer não havia indiretas ou trocadilhos.
Nas cantigas de maldizer os trovadores eram diretos em suas críticas, era comum que citassem os nomes das pessoas satirizadas. O
palavreado usado nas cantigas também era mais direito e grosseiro e incluía, até mesmo, o uso de palavrões e palavras obscenas.
Marinha, o teu folgar boca, a tua boca, Marinha;
tenho eu por desacertado, e com este nariz meu,
e ando maravilhado tapo eu, Marinha, o teu;
de te não ver rebentar; com as mãos tapo as orelhas.
pois tapo com esta minha (Afonso Eanes de Coton)
Trovadorismo em Portugal
O trovadorismo teve em Portugal o seu centro irradiador na Península Ibérica. Os Cancioneiros são os únicos documentos que reúnem
características do trovadorismo. São coletâneas de cantigas com características variadas e escritas por diversos trovadores. São classificadas
em: Cantigas de amigo, Cantigas de amor e Cantigas de escárnio e Cantigas e maldizer.
O ano de 1198 é a data provável da primeira composição literária conhecida - a Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga de Guaravaia, escrita
pelo trovador Paio Soares de Taveirós, é assinalada como marco inicial da literatura portuguesa.