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RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO
ORIENTADOR:
BANCA EXAMINADORA
Acreditar que o que importa nessa vida não é o que a gente tem, mas quem a gente tem, me faz
lembrar Manoel de Barros. Manoel foi poeta, foi criança durante toda a vida e, o mais
importante, foi o grande inspirador da desinvenção. Por esse motivo ele escreveu o poema
Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, que possui um trecho que diz: “Poderoso para mim
não é aquele que descobre ouro. Poderoso para mim é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas)”. Assim sendo, eu, Marcella, participante da comunidade geológica,
afirmo: nunca foi sobre o ouro que se descobre, mas sobre o ouro que se tem e que se leva.
À meus pais, Ana Cristina e Marcelo Henrique, por não pouparem esforços, orações e amor
para que eu pudesse finalizar mais um ciclo da minha vida. Só nós sabemos como foi difícil
para todos e, por esse motivo, esse trabalho é dedicado a vocês. Amo vocês com todo amor
que cabe em mim.
À meu irmão, Filipe, que é a pessoa que eu mais amo nesse mundo inteiro e, apesar de ser o
caçula, me ensinou muito sobre dedicação, responsabilidade e compromisso. Amo você, Lu.
Teu futuro é lindo.
À tia Dani, que me deu mais que uma casa nessa cidade do sol, me deu um lar. Um lar que
sempre havia roupas para lavar e comida para fazer devido a nossa falta de tempo e disposição,
mas que nunca faltou parceria, respeito e cumplicidade. Obrigada por abrir as portas da sua
casa, por dividir o shampoo e por me ensinar (com atos!) como cuidar da família.
Aos meus colegas da turma de 2013, especialmente Matheus Kann, Derick Guerra, Lidyane
Araújo, Matheus Medeiros, Kaio Gurgel e Mega (César Costa) por toda ajuda, por todas as
resenhas e conversas na mesa de bar. Agradeço ao destino, se é que ele existe, por ter colocado
uma irmã de alma em meu caminho, mais especificamente a 144 metros de mim, para me ajudar
a segurar as barras da vida e levar a vida com mais leveza. Obrigada, nega Juliana Thabata
Mariane Sussu (Bárbara Rapozo).
Agradeço a Gian Fonseca pelos anos compartilhados e por toda ajuda na vida. Agradeço
também a Robson Rafael pelo help no ArcGis. À Fatinha, do laboratório de Geoprocessamento,
pela paciência e disposição em me ajudar com as imagens de satélite.
Agradeço ao meu orientador, Zorano Sérgio de Souza, pela paciência e pela oportunidade.
Obrigada pela tranquilidade na hora de me ensinar, por me impulsionar a fazer sempre melhor
e por me ensinar a trabalhar da melhor forma com o que se tem.
À minhas amigas baianas Rafaella Costa, Iana Sckianta, Larissa Oliveira e Juliana Souza, que
carregam um pouco ladicasa na fala e no jeito. Saudades de vocês, saudades de casa. Mas, ó,
não esqueçam que tá “Tudo certo na Bahia, brisa boa de meu Deus.”
Obrigada!
RESUMO
Abrangendo cerca de 6.000 km2, o Maciço São José do Campestre (MSJC) corresponde a um
dos fragmentos de crosta continental mais antigos da América do Sul (3,45 Ga) e é composto
por ortognaisses com afinidade TTG (tonalito-trondjhemito-granodiorito) com diferentes graus
de migmatização, além de metassupracrustais subordinadas. A sul e oeste, os ortognaisses
paleoproterozoicos do Complexo Caicó (2,2 Ga) compõem uma faixa de rochas com variados
graus de migmatização e maciços granitoides de idade ediacarana (600-540 Ma) que ocorrem
na forma de corpos alongados na direção N-S, NE-SW ou NW-SE. O referente trabalho tem
como objetivo descrever as relações de contato entre o bloco arqueano e o bloco
paleoproterozoico a partir de feições geológicas observadas em meso e microescala. Além
disso, o mapeamento permitiu a caracterização de seis unidades geológicas e individualização
de dez tipos litológicos, englobando ortognaisses diversos, paragnaisses migmatíticos,
metaultramáficas, calciossilicáticas, carbonatitos, formações ferríferas, metacarbonatos e
mármores, os quais foram submetidos aos eventos tectono-metamórficos D1/M1, D2/M2, D3/M3
e D4. Esses eventos são responsáveis pela arquitetura interna e evolução geológica do MSJC.
Assim, a partir da integração dos dados disponíveis e da coleta de novos dados de campo e de
descrições petrográficas, foi possível produzir uma coluna litoestratigráfica e confeccionar um
mapa geológico na escala 1:75.000 a fim de melhor caracterizar essas unidades.
Covering about 6,000 km2, the São José do Campestre Massif (MSJC) corresponds to one of
the oldest continental crust fragments in South America (3,45 Ga) and is composed of
orthogneisses with TTG affinity (tonalite-trondhjemite-granodiorite) having different degrees
of migmatization, as well as subordinate metasupracrustals. Toward the south and west,
paleoproterozoic orthogneisses of the Caico Complex (2,2 Ga) comprise a range of rocks with
varying degrees of migmatization and granitoid massifs of ediacaran age occurring as N-S, NE-
SW or NW-SE elongate bodies. The main goal of this work is describing the contact
relationships between the archean and paleoproterozoic blocks based on geological features
observed in meso and microscale. Moreover, the mapping allowed the characterization of six
geological units and the individualization of ten lithologic types, including several
orthogneisses, migmatitic paragneisses, meta-ultramafics, calc-silicates, carbonatites, iron
formations, metacarbonates and marbles, which were submitted to the tectono-metamorphic
events D1/M1, D2/M2, D3/M3 and D4. These events are responsible for the internal architecture
and geological evolution of the MSJC. Thus, from integration of the available data, collecting
of new field and petrographic data, it was possible to produce a lithostratigraphic column and
constructing a 1: 75.000 scale geological map to better characterize these units.
ANEXO I ................................................................................................................................................................ 79
ANEXO II ............................................................................................................................................................... 80
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3-1: Divisão das unidades mapeadas bem como suas descrições sucintas. .................. 37
Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo
Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)
1. INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
O Maciço São José do Campestre (MSJC) representa o conjunto de rochas mais antigo da
América do Sul, ocupando uma área de aproximadamente 6000 km2 e possuindo idade U-Pb
de 3,41 Ga (Dantas et al., 2004). Por conta disso, as litologias presentes nessa unidade geológica
- principalmente as rochas máficas-ultramáficas e as formações ferríferas - são susceptíveis a
possuírem teores anômalos de minerais minérios, gerando possíveis depósitos minerais que são
de interesse econômico e prospectivo. Sendo assim, o mapeamento geológico é fundamental
para o desenvolvimento de um estudo acerca da caracterização das rochas da área, bem como
suas condições litoestratigráficas e estruturais.
Alguns trabalhos desenvolvidos a fim de constituírem relatórios de graduação do curso de
Geologia da UFRN tiveram como produto principal a apresentação de um mapa geológico de
escala menor e mais detalhada que a Folha São José do Campestre, elaborada pela CPRM, para
a região do MSJC. Dessa forma, o presente relatório visa dar continuidade a trabalhos como
Viegas (2007), Pinheiro (2009) e Maia (2010) com a intensão de refinar e detalhar a informação
geológica do núcleo arqueano. Entretanto, é fundamental que haja o aprofundamento e
refinamento do estudo geológico dessa região para que características estruturais e
estratigráficas sejam melhor compreendidas para considerar um possível potencial econômico.
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Figura 1-2: Aspectos fisiográficos da área de estudo com ênfase na vegetação e relevo do terreno.
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1.5 METODOLOGIA
Para a confecção do mapa geológico e a realização deste relatório foram necessárias três
etapas principais (Figura 1.2). Estas incluem uma etapa pré-campo, campo e pós-campo, que
foram realizadas no Departamento de Geologia da UFRN e na área de estudo correspondente.
O conjunto dessas etapas resultou em um mapa geológico e um mapa de pontos na escala de
1:75.000, bem como na caracterização petrográfica das unidades geológicas e suas disposições
litoestratigráficas.
O objetivo dessa etapa foi reunir um acervo bibliográfico de modo que abrangesse aspectos
estruturais, geocronológicos, petrográficos e litoestratigráficos sobre a área de estudo. Desta
forma, utilizando os trabalhos de Viegas (2007), Maia (2010) e a folha SB.25-Y-A-I-São José
do Campestre da CPRM (2013), bem como uma composição das bandas 5, 3 e 2 do Landsat 8,
foi confeccionado um mapa geológico através do software ArcGIS 10.5, onde foi possível
delimitar e individualizar as unidades geológicas com bases nas respostas espectrais do
processamento digital e nos dados de afloramentos da região. Além desses, foram utilizadas
fotografias aéreas que contribuíram para o detalhamento dos polígonos de litologias, bem como
a demarcação dos lineamentos dúcteis e rúpteis, que foram confirmados por imagem SRTM,
uma vez que estas são utilizadas para a interpretação de feições morfo-estruturais.
Por fim, a última fase dessa etapa constituiu na confecção de um mapa de localização e vias
de acesso na escala de 1:75.000 que permitiu o deslocamento na área. Nesse mapa foram
adicionados os municípios principais, as rodovias federais, estaduais, estradas secundárias e
carroçáveis, principais rios e drenagens.
A etapa de campo foi realizada em três fases: a primeira no dia 28 de outubro de 2016, a
segunda entre os dias 31 de março a 07 de abril de 2017 e a terceira entre os dias 12 a 15 de
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outubro de 2017, onde o principal objetivo foi coletar as informações necessárias para a
realização do mapa geológico e do presente relatório, bem como atualizar e aumentar o banco
de dados de afloramentos dessa área do MSJC. Assim, essa etapa constituiu-se em:
O objetivo principal dessa etapa foi o tratamento e a interpretação dos dados coletados
no campo. Sendo assim, essa fase foi dividida em:
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2. GEOLOGIA REGIONAL
2.1 INTRODUÇÃO
Descrita primeiramente por Almeida et al. (1981), a Província Borborema (PB) localiza-
se no nordeste brasileiro e encontra-se limitada a sul pelo Cratón São Francisco (CSF), a norte
e a leste pela Margem Continental Atlântica e a oeste pelas rochas sedimentares de idade
paleozoicas da Bacia do Parnaíba (Figura 2.1). Geologicamente, a PB é definida como uma
unidade geotectônica decorrente da atuação do último evento de relativa importância no ciclo
Brasiliano/Panafricano (700 a 450 Ma), evento este que culminou em uma fixação tectônica,
seguida de uma forte atividade plutônica com granitoides associados a zonas de cisalhamento
transcorrentes (Jardim de Sá, 1994).
As zonas de cisalhamento presentes na PB são responsáveis pela subdivisão dessa
unidade em blocos (ou domínios) orogênicos, agrupados através de associações litológicas e
pela evolução tectonometamórfica. A primeira proposta para essa compartimentação foi
descrita por Brito Neves (1975), seguida de Santos e Brito Neves (1984), que englobam zonas
de rochas supracrustais, representadas pelos metassedimentos e metavulcânicas de idade
paleoproterozoica, e os maciços medianos, caracterizado pelo embasamento gnáissico-
migmatítico de idade arqueana a paleoproterozoica. Em contrapartida, Jardim de Sá (1984) e
Jardim de Sá et al. (1992) abordam a ocorrência de faixas supracrustais monocíclicas ou
policíclicas na PB, onde as monocíclicas são as faixas afetadas apenas pela orogênese
Brasiliana/Panafricana, enquanto que as faixas policíclicas foram possivelmente afetadas pelas
orogêneses pré-brasilianas.
Atualmente, a integração dos dados e da bibliografia permitiram Delgado et al. (2003),
baseado em trabalhos de Jardim de Sá et al. (1992); Jardim de Sá (1994); Santos, 1995, 1996,
1999; Santos et al., 1997,1999; Santos & Medeiros (1999) compartimentar a PB em três
subprovíncias: i) Subprovíncia Setentrional: Abrange os domínios Médio Coreaú, Ceará
Central, Jaguaribeano, Rio Piranhas-Seridó e São José do Campestre; ii) Subprovíncia Central:
Engloba todo o Domínio da Zona Transversal; iii) Subprovíncia Meridional: Compõe os
domínios Pernambuco-Alagoas, Riacho do Pontal e Sergipano.
Litologicamente, a PB é composta por um embasamento gnáissico-migmatítico a
granulito de idade arqueana a paleoproterozoica que está sotoposto discordantemente sob
rochas supracrustais paleo a neoproterozoicas metamorfizadas nas fácies xisto verde a
anfibolito. Nesta sequência ocorre o magmatismo neoproterozoico que está associado a
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Figura 2-1: Mapa geológico da Província Borborema, compilado Jardim de Sá et al. (1992) e Jardim de Sá
(1994).
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O Domínio São José do Campestre (DSJC), definido primeiramente por Brito Neves
(1975, 1983), constitui uma região da Faixa Seridó que se encontra localizada a leste da zona
de cisalhamento Picuí-João Câmara. Limita-se a oeste pelo Domínio Rio Piranhas-Seridó, a sul
pelo Lineamento Patos e a leste e norte por sedimentos de idade fanerozoica. Essa unidade é
constituída por: i) unidades arqueanas representadas por ortognaisses e rochas
metasupracrustais localizados no centro do DSJC; ii) ortognaisses de idade paleoproterozoica
(2,25 a 1,9 Ga) localizados na borda do núcleo arqueano; iii) sequências de rochas
metasupracrustais de idade neoproterozoica pertencentes ao Grupo Seridó; iv) plutões
granitoides de idade brasiliana (Dantas et al., 2013).
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Segundo Souza et al. (2007), o terreno paleoproterozoico foi marcado por uma intensa
granitogênese cálcio-alcalina que corresponde a rochas metaplutônicas dioríticas a graníticas
com tendência cálcio-alcalina de alto potássio apresentando idades (Rb/Sr, U/Pb, Pb/Pb e
Sm/Nd) de 2,25 a 2.15 Ga. Além disso, observa-se feições de retrabalhamento crustal e a
geração de uma crosta juvenil, agregados ao núcleo arqueano em 2,0 Ga.
Dantas (1996) individualizou os blocos crustais em Complexo João Câmara - composto
por biotita e/ou hornblenda migmatitos bandados intercalados com biotitas ortognaisses, com
idades de 2,25 Ga (U/Pb) - terrenos Serrinha – Pedro Velho - composto por biotita-hornblenda
migmatitos com paleossoma tonalítico a granodiorítico e leocossoma granítico, datados em 2,2
Ga (U/Pb) - e Santa Cruz - rochas metaplutônicas cálcio-alcalinas como biotita-hornblenda
ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, datados em 2,23 Ga a 2,07 Ga (U/Pb) - , que são
separados a partir da distinção de eventos de orogênese acrescionária e colisional. Assim,
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Figura 2-2: Modelo de deposição para as bacias do Seridó e Lavras da Mangabeira sugerindo uma nova
estruturação litoestratigráfica para o Grupo Seridó. Copilado de Hollanda et al. (2015).
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dos granitoides presentes na Faixa Seridó, enquanto que Sial (1986) utiliza de dados
geoquímicos para a delimitação de quatro grandes grupos: cálcio-alcalino potássico, cálcio-
alcalino, trondhjmitíco e peralcalino.
A PB é marcada, segundo Jardim de Sá (1994) e Jardim de Sá et al. (1999), pelo
alojamento desses plútons granitoides em sítios extensionais e/ou transtracionais que são
favorecidos pela presença das zonas de cisalhamento dextrais e sinistrais brasilianas. Além
disso, a ocorrência desses corpos está localizada nas sequências metassedimentares, nos
gnaisses do embasamento e nas rochas metaplutônicas neoproterozoicas de modo que truncam
estruturas antigas relacionadas a episódios deformacionais anteriores.
Nascimento et al. (2008, 2015), seguindo a proposta de Nascimento et al. (2000),
copilam e integram os dados petrográficos, geoquímicos e geocronológicos de vários corpos
plutônicos dessa unidade (Figura 2.3). O resultado dessa síntese foi a individualização de seis
suítes magmáticas, sendo elas: 1) Suíte Shoshonítica; 2) Suíte Cálcio-Alcalina de alto potássio
porfirítica; 3) Suíte Cálcio-Alcalina; 4) Suíte Cálcio-Alcalina de alto potássio equigranular; 5)
Suíte Alcalina; 6) Suíte Alcalina Charnoquítica.
Regionalmente, o MSJC possui uma suíte dominante, segundo Dantas (1996),
representada pela Suíte Barcelona que consiste em biotitas granitos porfiríticos, cálcio-alcalinos
de médio a alto potássio. Esta unidade é representada pelo granito Barcelona, que ocorre
intrusivo entre o bloco arqueano e os metassedimentos do Grupo Seridó, pelo granito Monte
das Gameleiras, que ocorre intrusivo entre o bloco arqueano e as rochas do terreno de alto grau
de Pedro Velho e o granito de Serrinha, que apresenta enclaves de dioritos e possui forma
alongada na direção E-W e intrude rochas de idade paleoproterozoica.
A ocorrência de plútons menores com forma oval e alongados são observados no contato
entre o Complexo João Câmara e o núcleo arqueano e caracterizam a Suíte Natal. Esta
compreende os plútons de Natal, Taipu, Serra Pelada e Macaíba e são constituídos por
hornblenda monzogranitos equigranulares (Dantas, 1996).
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Figura 2-3: Arcabouço geológico do Domínio Rio Grande do Norte com ênfase no magmatismo ediacarano a
cambriano (Nascimento et al., 2015). Legenda: a: Coberturas mesocenozoicas; b: Suíte Shoshonítica; c: Suíte
Cálcio-alcalina de alto K Porfirítica; d: Suíte Cálcio- g: Suíte Alcalina Charnoquítica; h: Embasamento
gnáissicomigmatítico paleoproterozoico; i: Grupo Seridó; j: Zonas de Cisalhamento transcorrentes
neoproterozoicas; k: Zonas de Cisalhamento contracionais-transpressivas neoproterozoicas; l: Zonas de
Cisalhamento extensionais neoproterozoicas; m: cidades; o: capital do Estado.
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Queimadas. Além disso, esse evento ocorre intercalado aos sedimentos da sequência regressiva
e no embasamento adjacente à bacia, com idades entre 70 Ma a 65 Ma e as rochas são
classificadas como derrames basálticos (Souza et al., 2004).
O magmatismo básico Macau ocorre mais expressivamente na porção centro-norte do
estado do RN, entretanto pode ocorrer localmente na área estudada neste relatório na forma de
diques. Essa unidade compreende rochas alcalinas tipo olivina basaltos, basanitos, nefelinitos
e ankaratritos, onde apresentam textura fina a afanítica (Angelin et al., 2006).
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3.1 INTRODUÇÃO
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Tabela 3-1: Divisão das unidades mapeadas bem como suas descrições sucintas.
Figura 3-1: Ortognaisse granítico a tonalíticos migmatizados em duas escalas: A) Representação do Serrote
Branco demonstrando elevações no terreno; B) Afloramento do Serrote Branco evidenciando o truncamento da
foliação principal S2 por veio de composição tonalítica.
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Figura 3-2: Ortognaisses graníticos a tonalíticos com diferentes estruturas derivadas dos eventos
deformacionais.Em A) Presença de zona de cisalhamento de cinemática dextral; B) Migmatização nos
ortognaisses e presença de uma porção pegmatítica à direita na foto; C) Falha normal no ortognaisse
granítico da serra de Serra Caiada; D) Dobramento da foliação principal, gerando plano axial de dobras D3.
Petrografia
Petrograficamente, essas rochas são compostas por quartzo (10- 50%), plagioclásio (10-
30%), K-feldspato (40-80%) e quantidades variadas de biotita (3-20%). Além desses, ocorrem
minerais acessórios como titanita, alanita, muscovita, epidoto e apatita (Figura 3.4). Em
algumas seções delgadas foi possível observar a presença de cristais de hornblenda
acompanhando as biotitas ou disseminados pela amostra.
O quartzo ocorre como cristais anedrais com tamanhos que variam de 0,2 mm a 2,0
mm, apresentando contato reto ou irregular com outros grãos. Além disso, podem estar
recristalizados, formando agregados de cristais com textura poligonal e de subgrão. Por vezes,
podem apresentar extinção ondulante.
O oligoclásio ocorre como cristais anedrais a sub-anedrais com tamanhos que variam
entre 0,3 mm a 2,0 mm e apresentando, muitas vezes, geminação polissintética típica desses
cristais e contatos que ora podem apresentar-se curvos, ora retos. Ainda é possível observar
processos de saussuritização gerando cristais diminutos de mica branca. Além disso, observa-
se a presença de textura mimerquita.
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Figura 3-3: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando a associação mineral entre
hornblenda (Hbl), titanita (Tit), Alanita (Aln) e minerais opacos (op) no hornblenda gnaisse granítico da Unidade
Serra Caiada.
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Petrografia
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Figura 3-4: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando o processo de
uralitização nos cristais de clinopiroxênio (Cpx), gerando cristais diminutos de anfibólio (Anf). Apresenta ainda
quartzo (Qtz) com extinção ondulante e contatos irregulares com os minerais máficos.
Ocorrendo na porção central da área mapeada na forma de expressivas lentes que são
envolvidas pelos ortognaisses da USC, os paragnaisses migmatizados compõem uma
importante litologia dessa unidade, uma vez que é restrita ao NASJC e que ainda não possui
relação de contato bem definida quando se leva em consideração as datações realizadas para
essas rochas. Desse modo, Souza et al. (2016) através de datação em zircões distinguiu dois
grupos distintos com base nas idades encontrados: i) zircões com idades entre 3,0 e 2,9 Ga; ii)
zircões com idades entre 2,0 – 1,9 mm. O segundo grupo possui baixo índice Th/U e seus
zircões são interpretados como metamórficos onde, dentre estes, seis possuem idade de 1949
Ma, podendo representar a ocorrência de um importante evento metamórfico ainda não bem
caracterizados no núcleo arqueano.
Em mesoescala, os paragnaisses apresentam diferentes graus de migmatização, com
leucossomas associados às zonas de cisalhamento dextrais e contendo pórfiros de granada que
aparecem, por vezes, estiradas no sentindo da foliação principal. Além disso, essas rochas
apresentam uma foliação penetrativa (S2) de direção preferencial NW-SE, coloração cinza claro
a escuro e leucossomas de composição granítica/trondhjemítica.
Petrografia
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indicando pela alternância entre porções quartzosas e porções com agrupamento de biotitas de
coloração marrom (Figura 3.5). Essa intercalação de minerais constitui uma foliação S2 bastante
penetrativa, onde pode ocorrer cristais de granada estirados na direção da foliação.
O quartzo apresenta-se na forma de grãos anedrais, com tamanhos com variam de 0,15 mm
a 2,5 mm. Apresentam extinção ondulante e o contato desse grão com outros minerais ocorre,
em sua maioria, de forma irregular e curva. Entretanto, pontualmente pode-se observar contatos
poligonais.
O plagioclásio (An20-25) apresenta textura mimerquita e geminação polissintética. Os grãos
apresentam tamanhos variados, podendo ocorrer entre 0,1 mm a 1,0 mm. Além disso, o contato
com os cristais de quartzo e microclina é irregular.
As biotitas constituem os minerais máficos predominantes nessa unidade, marcando a
presença de uma foliação bem desenvolvida, uma vez que os cristais apresentam direção
preferencial. Aparentemente ocorrem em duas gerações: i) grãos alongados em uma direção
preferencial, formando a foliação principal. Possuem pleocroismo que varia de verde oliva ou
amarelo pálido a marrom esverdeado e com cristais com tamanho médio de 1,0 mm; ii) grãos
com tamanho máximo de 0,5 mm e que ocorrem discordantes com relação a foliação principal
(S2), indicando a possível presença da formação de uma nova foliação que está associada a
outro evento deformacional sofrido por essa unidade.
As granadas ocorrem como cristais subeudrais com tamanho médio de 1,5 mm, podendo
atingir até os 3,0 mm em algumas seções delgadas. Possuem cor rosa e estão envoltas por
cristais de biotita que podem ocorrer também cortando alguns porfiroblastos. Assim, admite-se
duas possíveis gerações de granada para essa unidade: a primeira, pré-S2, indicada pelo
envolvimento dos cristais de granada pelas biotitas, enquanto que a segunda, sin-S2, é indicada
pela formação concomitante desses dois minerais.
A muscovita apresenta-se como cristais eudráis e grãos que variam de 0,8 mm a 0,1 mm.
Possuem contato com cristais de quartzo e plagioclásio, entretanto ocorrem predominantemente
em contato com a biotita de forma linear, indicando um possível processo de muscovitização.
A cordierita ocorre pontualmente na forma de cristais euedrais com tamanho aproximado
de 0,6 mm e envoltos por cristais de microclina. Possuem coloração amarelada, parâmetro
usado para distinguir de quartzo e plagioclásio, e feições de intercrescimento com silimanita
fibrosa, que ocorrem na forma de cristais alongados no centro dos grãos de cordierita.
A sillimanita ocorre na forma de grãos fibrosos em contato com cristais de cordierita,
biotita, quartzo e plagioclásio, ou não forma de cristais granulares com grãos prismáticos
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retangulares. São anedrais a euedrais, com tamanhos que variam de 0,2 mm a 0,5 mm e estão
localizadas em microbandamento com contatos preferencialmente serrilhados.
Os minerais opacos ocorrem na forma de minerais de hábito cúbico, indicando que esse
mineral seja uma possível magnetita, ou na forma de minerais anedrais associado às biotitas.
Figura 3-5: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a associação mineral
típica dos paragnaisses migmatizados da USC: granadas (Grt) anedrais em contato com cristais de sillimanita
(Sil) granular; biotitas (Bt) de coloração amarelo pálido a verde acastanhado formando compondo a foliação
principal dessa rocha. Quartzo (Qtz) com extinção ondulante e contato irregular com os demais cristais dessa
seção delgada.
Mármores e metacarbonatos
A feição geológica que melhor representa as rochas dessa unidade está localizada a norte
do município de Tangará, sendo representada pelo Serrote Preto. Este é responsável por uma
elevação significativa no terreno quando comparado às rochas circundantes, que são
representadas pelos ortognaisses graníticos da USC (Figura 3.7 C). Além da topografia, esse
corpo é facilmente reconhecido através de imagens de satélite, uma vez que promove uma
distinção considerável na cor do solo, que pode ser potencializada através da aplicação de
processamento digital de imagens, como demonstrado na figura abaixo (Figura 3.6).
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Figura 3-6: Imagens de satélite LandSat 8 com resolução de 30 m e composição de bandas 5,3,2, onde é possível
observar a diferença de resposta espectral do Serrote Preto causada pelos mármores alterados que compõem essa
feição.
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Petrografia
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microcristalinos menos alterados e associados às micas brancas; iii) veios tardios cortando as
estruturas prévias, observado também em escalda de afloramento.
Figura 3-8: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando contato entre cristais de
quartzo e calcita nos mármores pouco alterados do Serrote Preto. Observa-se, ainda, leve alteração nos cristais
de calcita para óxido de ferro.
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Figura 3-9: Feições características do conjunto de serras que compõem de rochas calciossilicáticas. Em A e B)
Porção do afloramento demonstrando a coloração rósea a esverdeada e concentração de cristais de granada; C)
Amostra de mão com bandas representadas por clinopiroxênio e granadas.
As amostras coletadas dessa litologia podem ser divididas em dois grupos: i) coletada
da base da serra, essa seção delgada não apresenta granadas e possuem menos de 10% de
clinopiroxênio. Possuem mineralogia principal definida por quartzo e plagioclásio, com
ocorrência pontual de titanita e escapolita; ii) coletadas no topo da serra, as seções delgadas são
compostas principalmente por quartzo, plagioclásio, diopsídio, escapolita e granada, podendo
ocorrer pontualmente cristais de titanita (Figura 3.10).
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Figura 3-10: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a associação mineral
clinopiroxênio + granada (Grt) + escapolita (Ecp) e quartzo (Qtz). Em lâmina, não foi possível observar
alinhamento de minerais e nem estruturas típicas de rochas ígneas.
Ortognaisses anortosíticos
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Figura 3-11: Em A e B) Amostras de mão representativas dos Hedenbergita gnaisses evidenciando uma rocha de
coloração esverdeada com bandamento composto por porções com quartzo e plagioclásio e porções ricas em
clinopiroxênio. Em C e D) Fotomicrografia com nicóis paralelos e nícois cruzados com associação mineral
composta por clinopiroxênio (Cpx), quarto (Qtz), plagioclásio (Pl) e feldspato potássico (Kf). É possível observar
um bandamento metamórfico composto pelo alinhamento dos cristais de Hedenbergitas.
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Figura 3-12: Em A e B) Blocos rolados de piroxenito com presença de veios de quartzo; Em C e D) Amostras de
campo e de mão representando as possíveis rochas carbonatíticas e evidenciando uma textura grossa e coloração
esbranquiçada. Em E) Fotomicrografia com nicóis cruzados compilada de Negreiros et al. (2016) de seção
delgada do ponto N 45 e que demonstram a associação mineral composta por calcita+diopsídio+flogopita nas
amostras coletadas.
Apesar de ter sido denominada por Bizzi et al. (2003) como Sienogranito São José do
Campestre, a unidade V, localizada a norte do município de São José do Campestre, é composta
por ortognaisses monzograníticos a sienograníticos de granulação média a grossa, coloração
cinza a avermelhada, com estruturas gnáissicas que se acentuam em direção às margens dos
corpos (Figura 3.13). Essa unidade possui caráter metaluminoso com tendência alcalina e
lineação por fluxo de magma, representado pelo alinhamento dos cristais de hornblenda. Além
disso, é possível observar diques de pegmatito de direção N-S cortando as estruturas prévias.
Dantas et al. (2004) definem idade de cristalização em torno de 2,6 Ga a partir de datação U-
Pb em zircões
Estruturalmente, essa unidade é controlada em sua porção sul por uma zona de
cisalhamento de cinemática dextral e as atitudes dos planos possuem direção preferencial NE-
SW com mergulhos moderados para NW. Em contrapartida, a medida que se distancia da zona
de cisalhamento, as rochas apresentam direção NW-SE com mergulhos leves a moderados para
SW. Assim, a disposição dessa unidade geológica em mapa configura uma estruturação
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controlada tanto por zonas de cisalhamento, como pelos eventos deformacionais que afetaram
o núcleo arqueano, uma vez que possuem antiformes inclinados com linha de charneira
mergulhando para sul.
Petrograficamente, essa unidade é composta por ortoclásio, plagioclásio, hornblenda e
hastingita como associação mineral essencial. Ademais, os minerais acessórios presentes são
biotita e alanita, podendo ocorrer raramente cristais de clinopiroxênio.
Figura 3-13: Ortognaisse granítico da unidade Sienogranito São José do Campestre com lineamento expressivo
determinado pelos cristais de hornblenda. Observa-se, ainda, uma textura média a grossa e coloração cinza.
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direção de estiramentos desses cristais e observa-se pouca deformação quando comparados com
os ortognaisses arqueanos (Figura 3.14).
Figura 3-14: Ortognaisse granítico com porções dioríticas e apresentando pórfiros de k-feldspato levemente
estirados. Possuem coloração cinza e textura média a grossa, além de pouca deformação.
Os ortognaisses mapeados na
porção NW da área, próximos à zona
de cisalhamento que limita o bloco
arqueano e o bloco paleoproterozoico
e do município de Lagoa dos Velhos,
possuem bandamento bem marcado
por biotitas representando as porções
máficas e a porção félsica sendo
composta por quartzo e K-feldspato.
Possuem composição granítica,
foliação principal S2 com mergulho
moderado para sudoeste e zona de
cisalhamento dextral (Figura 3.15).
Figura 3-15: Ortognaisse granítico com presença de zona de
Em contrapartida, próximo cisalhamento dextral no ponto MS 18, localizado na porção NW da
do município de Tangará e a leste da área mapeada.
zona de cisalhamento que delimita os blocos, foi mapeado um augen gnaisse granodiorítico a
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diorítico, com presença de gradação nos graus de milonitização, zonas de cisalhamento dextrais,
pórfiros de K-feldspato estirados, além de diques de granito que trucam toda a rocha na direção
N-S (Figura 3.16).
Figura 3-16: Augen gnaisse do Complexo Santa Cruz com presença de diferentes graus de milonitização e pórfiros
de K-feldspato estirados segunda a zona de cisalhamento.
variados tamanhos, espessuras e direções, variando desde NE-SW, N-S, a corpos sem
orientação definida, enquanto que os diques ocorrem preferencialmente na direção N-S, sem
deformação e truncando estruturas arqueanas e paleoproterozoicas (Figura 3.17).
Em campo, os stocks graníticos são identificados por serem responsáveis pela formação
de elevações no relevo e por serem rochas leucocráticas, de coloração rósea, granulação fina a
média e com variadas quantidades de hornblenda ou biotita, que podem ocorrer levemente
orientadas. Além disso, esses corpos graníticos não apresentam traços de deformação e possuem
orientação preferencial NE-SW, podendo estar associados a zonas de cisalhamento.
Figura 3-17: Stocks e diques graníticos mapeados na área de estudo. Em A) Stock granítico equigranular róseo
de textura média a fina da Pedreira de Teixeira; B) Dique granítico truncando os ortognaisses tonalíticos da
USC; C) Dique pegmatítico trucando os ortognaisses graníticos pouco deformados da USC; D) Granito róseo
equigranular de textura fina a média correspondente a Suíte Dona Inês. Essa foto corresponde a feição da maior
parte dos granitos mapeados.
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Petrografia
Petrograficamente, os stocks graníticos da área mapeada são compostos por quartzo (30-
60%), plagioclásio (10%), feldspato potássico (30-45%), possuindo como acessórios biotita
(<10%), mica branca (<1%), apatita (<1%), minerais opacos (<1%) e epidoto (<1%).
Os cristais de quartzo são anedrais e possuem tamanhos que variam de 0,5 mm a 2,5
mm. Apresentam extinção ondulante na maioria das seções delgadas, além da ocorrência de
texturas poligonais. Ademais, o contato com os cristais de plagioclásio e feldspato potássico
são preferencialmente irregulares (Figura 3.19 D).
Os plagioclásios do tipo oligoclásio são caracterizados por cristais com tamanho médio
de 1,2 mm e que possuem contato serrilhado com os grãos de feldspato potássico e quartzo
(principalmente). Há ocorrência de geminação polissintética e carlsbad pontuais. Esse mineral
é caracterizado pela abundância de processos de sericitação, onde há a formação de mica no
centro dos cristais, e de processos de saussuritização, onde há a formação de epidoto, uma vez
que esse mineral se cristaliza em solução sólida de Na-Ca, abrangendo diversas condições
magmáticas distintas. Dessa forma, plagioclásios ricos em cálcio e instáveis a baixas
temperaturas desestabilizam liberando Ca e Al para a formação do epidoto. Além dos processos
de alteração, os cristais de plagioclásio também apresentam mimerquita.
Os cristais de feldspato potássico são do tipo microclima, com grãos anedrais a
subanedrais e tamanho que varia de 0,5 mm a 2,0 mm. O contato com outros cristais é curvo
ou serrilhado ocorrendo, por vezes, geminação tartan pontual. Além disso, em algumas seções
delgadas foi possível identificar feições de alteração para mica branca.
O mineral máfico que ocorre nos granitos é representado pelas biotitas. Estas possuem
coloração amerelada e com pleocroismo para marrom claro e tamanho médio de 1,5 mm. Além
disso, não exibem em seção delgada nenhum tipo de alinhamento, ao contrário do que é visto
em escala de afloramento (Figura 3.18 e Figura 3.19 C).
Os minerais opacos ocorrem ora distribuídos aleatoriamente, ora associados às biotitas.
São subanedrais e possuem tamanho inferior a 0,2 mm. Em alguns cristais é possível observar
um hábito cúbico, indicando que esse mineral opaco pode ser magnetita, formada tardiamente
com relação aos outros cristais.
O epidoto ocorre no centro dos cristais de plagioclásio a partir de um processo de
saussuritização nos cristais de plagioclásio. Sendo assim, os grãos são anedrais e possuem
tamanho médio de 0,2 mm e coloração verde claro ou incolor.
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Figura 3-18: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) de cristal de biotita (Bt) com
coloração acastanhada e presença de processo de muscovitização no centro dos cristais de plagioclásio (Pl).
Figura 3-19: Fotomicrografia com nicóis cruzados (C) e nicóis paralelos (D). Em C) Presença de biotitas
acastanhadas que compõem menos de 5% das seções delgada; Em D) Contatos irregulares entre os cristais de
quartzo (Qtz), plagioclásio (Pl) e K-feldspato (Kf).
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4. CARACTERIZAÇÃO TECTONO-METAMÓRFICA
4.1 INTRODUÇÃO
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Figura 4-1: Ortognaisse granítico migmatizado (S 43) com paralelização entre as foliações S1 e S2 como resultado
do evento deformacional D2. Em A’ observa-se a presença de dobras intrafoliais onde o plano axial constitui o
plano da foliação S2.
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Figura 4-2: Ortognaisse bandado com leucossoma granítico (S 50) indicando o dobramento da foliação S1 pelo
evento D2, gerando dobras apertadas paralelas a subparelelas a S1, indicando maior proximidade com regiões
de alta deformação.
Figura 4-3: Ortognaisse granodiorítico com relação entre as foliações S2 e S3, evidenciados pela superporsição
coaxial D3 sobre D2. Esse afloramento (S 72) representa as feições predominantes, que se encontram-se
perpendiculares entre si como resultado do evento deformacional D3
Figura 4-4: Ortognaisse granítico (N16) apresentando a foliação S2 bem desenvolvida, resultado do evento
deformacional D2. A direção N-S do plano dessa foliação indica a aproximação da zona de cisalhamento dextral
que limita o NASJC e os ortognaisses graníticos paleoproterozoicos.
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As lineações desse evento (L2) ocorrem rotacionadas e com variação na atitude. Apesar
disso, possuem sempre caimento suave e sentindo predominantemente para NW (Figura 4.5).
Entretanto, em alguns afloramentos foi identificado caimento suave para SE ou SW, inferindo
um comportamento tectônico tangencial que está associado a empurrões e transporte na direção
NW-SE. Posteriormente, essas estruturas de baixo ângulo são rotacionadas pelo evento
deformacional posterior, onde há verticalização da foliação S2 e rotação das lineações L2.
Figura 4-5: Rede estereográfica de Schmidt (hemisfério inferior) mostrando os planos das foliações S2 e S3, bem
como evidenciando o comportamento das lineações de interseção L2 e lineação L3 para toda a área mapeada.
Observa-se a variação no sentindo de caimento de L2 derivados da influência dos eventos deformacionais pós-
D2. Compilado de Viegas (2007).
Figura 4-6: Fotomicrografias (nicóis paralelos e cruzados) de granada-biotita paragnaisse (ES 40 M1)
mostrando cristais de granada (Gd), sillimanita granular (Sil) e agregados de biotitas (Bt) seguindo a foliação
principal (S2).
Figura 4-7: Fotomicrografia de sillimanita-granada-biotita paragnaisse (ES 902) a (nicóis paralelos e cruzados)
evidenciando assembleia mineralógica característica do metamorfismo em alto grau de pelitos durante o evento
deformacional D2.
Nesse evento ainda pode ser inferida a correlação entre os ortognaisses graníticos a
granodioríticos com as lentes de piroxonito e anfibolito, uma vez que estas rochas apresentam-
se sempre acompanhando a foliação principal (S2).
Definido como um dos eventos mais marcantes na área estudada, o terceiro evento
deformacional (D3) é caracterizado pelo dobramento da foliação S2, gerando dobras abertas a
fechadas, normais, inversas e recumbentes, onde o plano axial S3 encontra-se em alto ângulo
com as foliações S1 e S2 (Figura 4.8). Entretanto, em alguns afloramentos, todas as tramas
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encontram-se paralelizadas (S1//S2//S3) como resultado da intensa deformação. Por sua vez, o
metamorfismo (M3) associado a esse evento varia desde a fácies xisto verde a anfibolito
superior com ocorrência de processos de migmatização associado às zonas de cisalhamento. É
neste evento, ainda, que há a geração da tectônica transcorrente/distensional que forma as zonas
de cisalhamento que definem a disposição dos plutões granitoides.
Figura 4-8: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (S 43) afetado pelo evento deformacional D3,
gerando dobras abertas com plano axial subvertical e com alto ângulo com o plano da foliação S2. Observa-se,
ainda, diques pegmatíticos de idade brasiliana cortando ortogonalmente S2.
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da deformação milonítica. Nesse estágio final, ainda, observa-se a verticalização das estruturas
de D1, D2 e D3 a medida que se aproxima das zonas de deformação milonítica.
Figura 4-9: Ortognaisse granítico (Afloramento C 21 - serra de Serra Caiada) com padrão de interferência tipo
bumerangue derivado da ação do evento deformacional D3.
O metamorfismo associado a esse evento pode ser dividido em duas etapas: a primeira
(M3a) corresponde a condições de maior grau metamórfico, relacionada à fácies anfibolito
superior indicado pela fusão parcial no interior das zonas de cisalhamento extensionais
relacionadas a D3 que, também atrelado a ele, é caracterizado pela presença de diques e stocks
graníticos de direção preferencialmente N-S. Ademais, os cristais de olivina presentes nos
metacarbonatos apontam temperaturas acima de 600ºC.
Localizado a norte do município de Tangará e na forma de um conjunto de serras de
direção NNW-SSE, as rochas calciossilicáticas mapeadas nesse trabalho possuem mineralogia
determinada pela associação diopsídio + escapolita + granada (grossulária) + quartzo +
plagioclásio cálcico. Dessa forma, como não foi visualizado relações de contato entre esse
corpo e as rochas adjacentes e os eventos deformacionais visualizados em escala de afloramento
se restringirem aos processos de migmatização, definiu-se um evento metamórfico M3a para
essas rochas a partir de:
i) escapolita do tipo meionita: Definida a partir da cor de interferência, a meionita é
rica em cálcio e é um mineral indicador de alto grau metamórfico e, quando
associadas a diopsídio e plagioclásio, indicam fácies anfibolito;
ii) granada do tipo grossulária: estável em fases fluidas ricas em H2O;
iii) plagioclásio cálcico indicativo de fluidos ricos em CO2.
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Figura 4-10: Diagrama indicativo das condições de pressão e temperatura para o metamorfismo ocorrido nos
eventos deformacionais que afetam as rochas do núcleo arqueano. Diagrama adaptado de Juliani (2002). Fácies
metamórficas: Fácies metamórficos: Z: zeólita; PP: pumpellyita - prehnita; XV: xisto - verde; A: anfibolito; G:
granulito; AE: albita epídoto hornfels; H: hornblenda hornfels; P: piroxênio hornfels; S sanidina hornfels; XA:
xisto-azul; E: eclogito
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4.2.4 Evento D4
O quarto evento deformacional (D4), de idade brasiliana, foi o último evento de caráter
dúctil que ocorreu no NASJC e é responsável pelo redobramento das foliações S1//S2, gerando
dobras F4 (Figura 4.11). Por ocorrer em nível crustal mais raso, o dobramento relativo a esse
evento é caracterizado por dobras suaves e abertas, apresentando plano axial subvertical com
direção preferencial NE-SW. Além disso, foi observado que o plano axial de S4 não gera
bandamento metamórfico significativo.
O estágio tardio do evento D4 é marcado pelo intenso magmatismo plutônico na forma
de stocks e diques graníticos distribuídos em toda área, mas ocorrendo predominantemente na
porção norte e central do NASJC. Estes apresentam-se preferencialmente na direção N-S e
variam texturalmente entre diques graníticos a pegmatíticos, sempre truncando todas as
estruturas prévias.
Figura 4-11: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (MS 12) com S1//S2 e dobramento suave
derivado do evento deformacional D4. Em algumas porções, é possível observar milonitização indicada pela
presença de anfibólios estirados na direção N-S.
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Figura 4-12: Ortognaisse granítico com porções granodioríticas, cortado por veio pegmatítico de direção N-
S sendo controlado pela tectônica rúptil do evento D4. (Afloramento C 21 - serra de Serra Caiada).
Figura 4-13: Dique basáltico de direção E-W em ortognaisse granítico migmatizado (MS 15) relativo ao
Magmatismo Rio Ceará Mirim.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior parte dessas unidades geológicas foram afetadas pelos eventos deformacionais e
metamórficos que ocorreram no NASJC e que são responsáveis pela atuação configuração desse
bloco no Domínio Rio Grande do Norte. Essa evolução tectônica ocorre desde o arqueano até
o cenozoico e envolve quatro fases deformacionais, definidas como D1, D2, D3 e D4, associadas
a três eventos metamórficos, definidos como M1, M2 e M3.
De idade arqueana, o evento deformacional D1 é responsável pela geração de uma
foliação/bandamento metamórfico (S1) de baixo ângulo e, apesar de não apresentar assembleias
mineralógicas diagnósticas do grau metamórfico, os processos de migmatização atuantes nessa
fase indicam condições equivalentes a fácies anfibolito médio a superior, caracterizando o
evento metamórfico M1. Posteriormente, o evento deformacional D2 é responsável pela geração
de uma foliação bem desenvolvida, relacionada a uma tectônica de baixo ângulo e que
representa a foliação principal no NASJC. Esse evento é responsável pela formação de dobras
intrafoliais, apertadas e isoclinais, com plano axial paralelo a subparalelo a S1, além de ocorrer
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7. REFERÊNCIAS
Almeida, F.F.M.; Leonardo JR., O.H.; Valença, J., 1967. Review on granitic rocks of northeast
South America. In: Proceeding of IUGS/UNESCO Symposium, p. 41.
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Monografia de Conclusão de Curso, UFRN, Natal, 78 p. + Mapas.
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Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo
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ANEXO I
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ANEXO II
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