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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA – CURSO DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO

MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA ÁREA DE TANGARÁ A SÍTIO


NOVO (RN) COM ÊNFASE NA PORÇÃO SW DO NÚCLEO
ARQUEANO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE, NE DO BRASIL

MARCELLA SAMYLA DE MIRANDA SILVA

NATAL/RN, DEZEMBRO DE 2017


MARCELLA SAMYLA DE MIRANDA SILVA

MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA ÁREA DE TANGARÁ A SÍTIO


NOVO (RN) COM ÊNFASE NA PORÇÃO SW DO NÚCLEO
ARQUEANO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE, NE DO BRASIL

Relatório de Graduação apresentado em 14 de


dezembro de 2017 como parte dos requisitos para
obtenção do grau de geóloga pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte

ORIENTADOR:

ZORANO SÉRGIO DE SOUZA (DG-CCET/UFRN)

NATAL/RN, DEZEMBRO DE 2017


MARCELLA SAMYLA DE MIRANDA SILVA

MAPEAMENTO GEOLÓGICO DA ÁREA DE TANGARÁ A SÍTIO


NOVO (RN) COM ÊNFASE NA PORÇÃO SW DO NÚCLEO
ARQUEANO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE, NE DO BRASIL

Relatório de Graduação apresentado em 14 de


dezembro de 2017 como parte dos requisitos para
obtenção do grau de geóloga pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR. ZORANO SÉRGIO DE SOUZA (DG-CCET/UFRN)


ORIENTADOR

PROF. DR. FREDERICO CASTRO JOBIM VILALVA (DG-CCET/UFRN)


CONVIDADO INTERNO

PROF. DR. JAZIEL MARTINS SÁ (DG-CCET/UFRN)


CONVIDADO INTERNO
“Até ontem
eu não era ninguém
ainda bem que continuo
sendo isso tudo. ”

Bruno Pereira @desestilo


À minha família,

Amo vocês do tamanho do universo.


AGRADECIMENTOS

Acreditar que o que importa nessa vida não é o que a gente tem, mas quem a gente tem, me faz
lembrar Manoel de Barros. Manoel foi poeta, foi criança durante toda a vida e, o mais
importante, foi o grande inspirador da desinvenção. Por esse motivo ele escreveu o poema
Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, que possui um trecho que diz: “Poderoso para mim
não é aquele que descobre ouro. Poderoso para mim é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas)”. Assim sendo, eu, Marcella, participante da comunidade geológica,
afirmo: nunca foi sobre o ouro que se descobre, mas sobre o ouro que se tem e que se leva.

À meus pais, Ana Cristina e Marcelo Henrique, por não pouparem esforços, orações e amor
para que eu pudesse finalizar mais um ciclo da minha vida. Só nós sabemos como foi difícil
para todos e, por esse motivo, esse trabalho é dedicado a vocês. Amo vocês com todo amor
que cabe em mim.

À meu irmão, Filipe, que é a pessoa que eu mais amo nesse mundo inteiro e, apesar de ser o
caçula, me ensinou muito sobre dedicação, responsabilidade e compromisso. Amo você, Lu.
Teu futuro é lindo.

À tia Dani, que me deu mais que uma casa nessa cidade do sol, me deu um lar. Um lar que
sempre havia roupas para lavar e comida para fazer devido a nossa falta de tempo e disposição,
mas que nunca faltou parceria, respeito e cumplicidade. Obrigada por abrir as portas da sua
casa, por dividir o shampoo e por me ensinar (com atos!) como cuidar da família.

Aos meus colegas da turma de 2013, especialmente Matheus Kann, Derick Guerra, Lidyane
Araújo, Matheus Medeiros, Kaio Gurgel e Mega (César Costa) por toda ajuda, por todas as
resenhas e conversas na mesa de bar. Agradeço ao destino, se é que ele existe, por ter colocado
uma irmã de alma em meu caminho, mais especificamente a 144 metros de mim, para me ajudar
a segurar as barras da vida e levar a vida com mais leveza. Obrigada, nega Juliana Thabata
Mariane Sussu (Bárbara Rapozo).

Agradeço a Gian Fonseca pelos anos compartilhados e por toda ajuda na vida. Agradeço
também a Robson Rafael pelo help no ArcGis. À Fatinha, do laboratório de Geoprocessamento,
pela paciência e disposição em me ajudar com as imagens de satélite.
Agradeço ao meu orientador, Zorano Sérgio de Souza, pela paciência e pela oportunidade.
Obrigada pela tranquilidade na hora de me ensinar, por me impulsionar a fazer sempre melhor
e por me ensinar a trabalhar da melhor forma com o que se tem.

Aos funcionários do Departamento de Geologia da UFRN, especialmente Marconi e Canindé.


Além deles, não poderia esquecer de Dona Jacinta e Mônica que nos fazem sentir em casa com
o cheirinho do feijão cozinhando ou então com Mônica cantando sertanejo às 18 horas de uma
quinta-feira à noite.

Aos professores, pelo conhecimento geológico compartilhado nesses 5 anos de curso. Em


especial ao professor Vanildo Fonseca, que sempre se mostrou acessível com os estudantes e
com a difusão das diversas vertentes na área de geociências. Agradeço também ao professor
Marcos Nascimento, que talvez nem tenha percebido, mas que me incentivou bastante ao longo
do curso.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem como ao Departamento de Geologia,


pelo apoio técnico, logístico e financeiro. Ao projeto CNPq 449616/2014-2 (Metamorfismo de
contato e geração de magmas crustais em auréolas termais neoproterozoicas e cenozoicas, NE
do Brasil).

À minhas amigas baianas Rafaella Costa, Iana Sckianta, Larissa Oliveira e Juliana Souza, que
carregam um pouco ladicasa na fala e no jeito. Saudades de vocês, saudades de casa. Mas, ó,
não esqueçam que tá “Tudo certo na Bahia, brisa boa de meu Deus.”

Obrigada!
RESUMO

Abrangendo cerca de 6.000 km2, o Maciço São José do Campestre (MSJC) corresponde a um
dos fragmentos de crosta continental mais antigos da América do Sul (3,45 Ga) e é composto
por ortognaisses com afinidade TTG (tonalito-trondjhemito-granodiorito) com diferentes graus
de migmatização, além de metassupracrustais subordinadas. A sul e oeste, os ortognaisses
paleoproterozoicos do Complexo Caicó (2,2 Ga) compõem uma faixa de rochas com variados
graus de migmatização e maciços granitoides de idade ediacarana (600-540 Ma) que ocorrem
na forma de corpos alongados na direção N-S, NE-SW ou NW-SE. O referente trabalho tem
como objetivo descrever as relações de contato entre o bloco arqueano e o bloco
paleoproterozoico a partir de feições geológicas observadas em meso e microescala. Além
disso, o mapeamento permitiu a caracterização de seis unidades geológicas e individualização
de dez tipos litológicos, englobando ortognaisses diversos, paragnaisses migmatíticos,
metaultramáficas, calciossilicáticas, carbonatitos, formações ferríferas, metacarbonatos e
mármores, os quais foram submetidos aos eventos tectono-metamórficos D1/M1, D2/M2, D3/M3
e D4. Esses eventos são responsáveis pela arquitetura interna e evolução geológica do MSJC.
Assim, a partir da integração dos dados disponíveis e da coleta de novos dados de campo e de
descrições petrográficas, foi possível produzir uma coluna litoestratigráfica e confeccionar um
mapa geológico na escala 1:75.000 a fim de melhor caracterizar essas unidades.

Palavras-chave: Maciço São José do Campestre; Arqueano; Mapeamento Geológico; NE do


Brasil.
ABSTRACT

Covering about 6,000 km2, the São José do Campestre Massif (MSJC) corresponds to one of
the oldest continental crust fragments in South America (3,45 Ga) and is composed of
orthogneisses with TTG affinity (tonalite-trondhjemite-granodiorite) having different degrees
of migmatization, as well as subordinate metasupracrustals. Toward the south and west,
paleoproterozoic orthogneisses of the Caico Complex (2,2 Ga) comprise a range of rocks with
varying degrees of migmatization and granitoid massifs of ediacaran age occurring as N-S, NE-
SW or NW-SE elongate bodies. The main goal of this work is describing the contact
relationships between the archean and paleoproterozoic blocks based on geological features
observed in meso and microscale. Moreover, the mapping allowed the characterization of six
geological units and the individualization of ten lithologic types, including several
orthogneisses, migmatitic paragneisses, meta-ultramafics, calc-silicates, carbonatites, iron
formations, metacarbonates and marbles, which were submitted to the tectono-metamorphic
events D1/M1, D2/M2, D3/M3 and D4. These events are responsible for the internal architecture
and geological evolution of the MSJC. Thus, from integration of the available data, collecting
of new field and petrographic data, it was possible to produce a lithostratigraphic column and
constructing a 1: 75.000 scale geological map to better characterize these units.

Keywords: São José do Campestre Massif; Archean; Geological Mapping; NE of Brazil.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 17

1.1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................... 17


1.2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ............................................................................................................................ 17
1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA E VIAS DE ACESSO .......................................................................................................... 18
1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS .............................................................................................................................. 20
1.5 METODOLOGIA ............................................................................................................................................ 21
1.5.1 Etapa Pré-Campo ........................................................................................................................... 21
1.5.2 Etapa de Campo............................................................................................................................. 21

2. GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................................................ 24

2.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 24


2.2 SUBPROVÍNCIA SETENTRIONAL ........................................................................................................................ 27
2.2.1 Domínio São José do Campestre .................................................................................................... 27
2.2.2 Unidades arqueanas ...................................................................................................................... 28
2.2.3 Unidades paleoproterozóicas ........................................................................................................ 28
2.2.4 Unidades neoproterozoicas ........................................................................................................... 29
2.2.4.1 Grupo Seridó ........................................................................................................................................ 29
2.2.4.2 Plutonismo brasiliano ........................................................................................................................... 31
2.2.5 Zonas de cisalhamento .................................................................................................................. 33
2.2.6 Estruturas de carácter rúptil .......................................................................................................... 34
2.3 UNIDADES FANEROZOICAS.............................................................................................................................. 34
2.3.1 Cobertura sedimentar cenozoica ................................................................................................... 34
2.3.2 Magmatismo cenozoico ................................................................................................................. 34

3. INTEGRAÇÃO GEOLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO .................................................................................... 36

3.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 36


3.2 ARCABOUÇO LITOESTRATIGRÁFICO................................................................................................................... 37
3.2.1 Unidades arqueanas ...................................................................................................................... 37

4. CARACTERIZAÇÃO TECTONO-METAMÓRFICA ........................................................................................ 60

4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 60


4.2 EVENTOS DEFORMACIONAIS ........................................................................................................................... 61
4.2.1 Evento D1/M1 ................................................................................................................................. 61
4.2.2 Evento D2/M2 ................................................................................................................................. 62
4.2.3 Evento D3/M3 ................................................................................................................................. 65
4.2.4 Evento D4 ....................................................................................................................................... 69

5. CRITÉRIOS DE SEPARAÇÃO DAS ROCHAS ARQUEANAS E PALEOPROTEROZOICAS .................................. 71


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 72

ANEXO I ................................................................................................................................................................ 79
ANEXO II ............................................................................................................................................................... 80
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1-1: Mapa de localização da área mapeada ............................................................... 19


Figura 1-2: Aspectos fisiográficos da área de estudo com ênfase na vegetação e relevo do
terreno. ..................................................................................................................................... 20
Figura 1-3: Fluxograma das etapas de trabalho. .................................................................... 23
Figura 2-1: Mapa geológico da Província Borborema, compilado Jardim de Sá et al. (1992) e
Jardim de Sá (1994). ................................................................................................................ 26
Figura 2-2: Modelo de deposição para as bacias do Seridó e Lavras da Mangabeira sugerindo
uma nova estruturação litoestratigráfica para o Grupo Seridó. Copilado de Hollanda et al.
(2015). ...................................................................................................................................... 31
Figura 2-3: Arcabouço geológico do Domínio Rio Grande do Norte com ênfase no magmatismo
ediacarano a cambriano (Nascimento et al., 2015). Legenda: a: Coberturas mesocenozoicas;
b: Suíte Shoshonítica; c: Suíte Cálcio-alcalina de alto K Porfirítica; d: Suíte Cálcio- g: Suíte
Alcalina Charnoquítica; h: Embasamento gnáissicomigmatítico paleoproterozoico; i: Grupo
Seridó; j: Zonas de Cisalhamento transcorrentes neoproterozoicas; k: Zonas de Cisalhamento
contracionais-transpressivas neoproterozoicas; l: Zonas de Cisalhamento extensionais
neoproterozoicas; m: cidades; o: capital do Estado. ............................................................... 33
Figura 3-1: Ortognaisse granítico a tonalíticos migmatizados em duas escalas: A)
Representação do Serrote Branco demonstrando elevações no terreno; B) Afloramento do
Serrote Branco evidenciando o truncamento da foliação principal S2 por veio de composição
tonalítica. .................................................................................................................................. 38
Figura 3-2: Ortognaisses graníticos a tonalíticos com diferentes estruturas derivadas dos
eventos deformacionais. Em A) Presença de zona de cisalhamento de cinemática dextral; B)
Migmatização nos ortognaisses e presença de uma porção pegmatítica à direita na foto; C)
Falha normal no ortognaisse granítico da serra de Serra Caiada; D) Dobramento da foliação
principal, gerando plano axial de dobras D3. ........................... Erro! Indicador não definido.
Figura 3-3: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando a
associação mineral entre hornblenda (Hbl), titanita (Tit), Alanita (Aln) e minerais opacos (op)
no hornblenda gnaisse granítico da Unidade Serra Caiada. ................................................... 41
Figura 3-4: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando o
processo de uralitização nos cristais de clinopiroxênio (Cpx), gerando cristais diminutos de
anfibólio (Anf). Apresenta ainda quartzo (Qtz) com extinção ondulante e contatos irregulares
com os minerais máficos. ......................................................................................................... 43
Figura 3-5: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a
associação mineral típica dos paragnaisses migmatizados da USC: granadas (Grt) anedrais
em contato com cristais de sillimanita (Sil) granular; biotitas (Bt) de coloração amarelo pálido
a verde acastanhado formando compondo a foliação principal dessa rocha. Quartzo (Qtz) com
extinção ondulante e contato irregular com os demais cristais dessa seção delgada. ............ 45
Figura 3-6: Imagens de satélite LandSat 8 com resolução de 30 m e composição de bandas
5,3,2, onde é possível observar a diferença de resposta espectral do Serrote Preto causada
pelos mármores alterados que compõem essa feição............................................................... 46
Figura 3-7: Em A) Metacalcário de coloração cinza e estrutura maciça; B) Mármores de
coloração esbranquiçada com pouca alteração; C) Elevação no terreno ocasionada pelos
mármores e metacalcários do Serrote Preto. ........................................................................... 47
Figura 3-8: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando contato
entre cristais de quartzo e calcita nos mármores pouco alterados do Serrote Preto. Observa-
se, ainda, leve alteração nos cristais de calcita para óxido de ferro. ...................................... 48
Figura 3-9: Feições características do conjunto de serras que compõem de rochas
calciossilicáticas. Em A e B) Porção do afloramento demonstrando a coloração rósea a
esverdeada e concentração de cristais de granada; C) Amostra de mão com bandas
representadas por clinopiroxênio e granadas. ......................................................................... 50
Figura 3-10: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a
associação mineral clinopiroxênio + granada (Grt) + escapolita (Ecp) e quartzo (Qtz). Em
lâmina, não foi possível observar alinhamento de minerais e nem estruturas típicas de rochas
ígneas. ....................................................................................................................................... 51
Figura 3-11: Em A e B) Amostras de mão representativas dos Hedenbergita gnaisses
evidenciando uma rocha de coloração esverdeada com bandamento composto por porções com
quartzo e plagioclásio e porções ricas em clinopiroxênio. Em C e D) Fotomicrografia com
nicóis paralelos e nícois cruzados com associação mineral composta por clinopiroxênio (Cpx),
quarto (Qtz), plagioclásio (Pl) e feldspato potássico (Kf). É possível observar um bandamento
metamórfico composto pelo alinhamento dos cristais de Hedenbergitas. ............................... 52
Figura 3-12: Em A e B) Blocos rolados de piroxenito com presença de veios de quartzo; Em C
e D) Amostras de campo e de mão representando as possíveis rochas carbonatíticas e
evidenciando uma textura grossa e coloração esbranquiçada. Em E) Fotomicrografia com
nicóis cruzados compilada de Negreiros et al. (2016) de seção delgada do ponto N 45 e que
demonstram a associação mineral composta por calcita+diopsídio+flogopita nas amostras
coletadas. .................................................................................................................................. 53
Figura 3-13: Ortognaisse granítico da unidade Sienogranito São José do Campestre com
lineamento expressivo determinado pelos cristais de hornblenda. Observa-se, ainda, uma
textura média a grossa e coloração cinza. ............................................................................... 54
Figura 3-14: Ortognaisse granítico com porções dioríticas e apresentando pórfiros de k-
feldspato levemente estirados. Possuem coloração cinza e textura média a grossa, além de
pouca deformação. ................................................................................................................... 55
Figura 3-15: Ortognaisse granítico com presença de zona de cisalhamento dextral no ponto
MS 18, localizado na porção NW da área mapeada. ............................................................... 55
Figura 3-16: Augen gnaisse do Complexo Santa Cruz com presença de diferentes graus de
milonitização e pórfiros de K-feldspato estirados segunda a zona de cisalhamento. .............. 56
Figura 3-17: Stocks e diques graníticos mapeados na área de estudo. Em A) Stock granítico
equigranular róseo de textura média a fina da Pedreira de Teixeira; B) Dique granítico
truncando os ortognaisses tonalíticos da USC; C) Dique pegmatítico trucando os ortognaisses
graníticos pouco deformados da USC; D) Granito róseo equigranular de textura fina a média
correspondente a Suíte Dona Inês. Essa foto corresponde a feição da maior parte dos granitos
mapeados. ................................................................................................................................. 57
Figura 3-18: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) de cristal de
biotita (Bt) com coloração acastanhada e presença de processo de muscovitização no centro
dos cristais de plagioclásio (Pl). .............................................................................................. 59
Figura 3-19: Fotomicrografia com nicóis cruzados (C) e nicóis paralelos (D). Em C) Presença
de biotitas acastanhadas que compõem menos de 5% das seções delgada; Em D) Contatos
irregulares entre os cristais de quartzo (Qtz), plagioclásio (Pl) e K-feldspato (Kf)................ 59
Figura 4-1: Ortognaisse granítico migmatizado (S 43) com paralelização entre as foliações S1
e S2 como resultado do evento deformacional D2. Em A’ observa-se a presença de dobras
intrafoliais onde o plano axial constitui o plano da foliação S2. ............................................. 61
Figura 4-2: Ortognaisse bandado com leucossoma granítico (S 50) indicando o dobramento
da foliação S1 pelo evento D2, gerando dobras apertadas paralelas a subparelelas a S1,
indicando maior proximidade com regiões de alta deformação. ............................................. 63
Figura 4-3: Ortognaisse granodiorítico com relação entre as foliações S2 e S3, evidenciados
pela superporsição coaxial D3 sobre D2. Esse afloramento (S 72) representa as feições
predominantes, que se encontram-se perpendiculares entre si como resultado do evento
deformacional D3...................................................................................................................... 63
Figura 4-4: Ortognaisse granítico (N16) apresentando a foliação S2 bem desenvolvida,
resultado do evento deformacional D2. A direção N-S do plano dessa foliação indica a
aproximação da zona de cisalhamento dextral que limita o NASJC e os ortognaisses graníticos
paleoproterozoicos. .................................................................................................................. 63
Figura 4-5: Rede estereográfica de Schmidt (hemisfério inferior) mostrando os planos das
foliações S2 e S3, bem como evidenciando o comportamento das lineações de interseção L2 e
lineação L3 para toda a área mapeada. Observa-se a variação no sentindo de caimento de L2
derivados da influência dos eventos deformacionais pós-D2. Compilado de Viegas (2007). .. 64
Figura 4-6: Fotomicrografias (nicóis paralelos e cruzados) de granada-biotita paragnaisse
(ES 40 M1) mostrando cristais de granada (Gd), sillimanita granular (Sil) e agregados de
biotitas (Bt) seguindo a foliação principal (S2). ....................................................................... 65
Figura 4-7: Fotomicrografia de sillimanita-granada-biotita paragnaisse (ES 902) a (nicóis
paralelos e cruzados) evidenciando assembleia mineralógica característica do metamorfismo
em alto grau de pelitos durante o evento deformacional D2. ................................................... 65
Figura 4-8: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (S 43) afetado pelo evento
deformacional D3, gerando dobras abertas com plano axial subvertical e com alto ângulo com
o plano da foliação S2. Observa-se, ainda, diques pegmatíticos de idade brasiliana cortando
ortogonalmente S2. ................................................................................................................... 66
Figura 4-9: Ortognaisse granítico (Afloramento C 21 - serra de Serra Caiada) com padrão de
interferência tipo bumerangue derivado da ação do evento deformacional D3. ..................... 67
Figura 4-10: Diagrama indicativo das condições de pressão e temperatura para o
metamorfismo ocorrido nos eventos deformacionais que afetam as rochas do núcleo arqueano.
Diagrama adaptado de Juliani (2002). Fácies metamórficas: Fácies metamórficos: Z: zeólita;
PP: pumpellyita - prehnita; XV: xisto - verde; A: anfibolito; G: granulito; AE: albita epídoto
hornfels; H: hornblenda hornfels; P: piroxênio hornfels; S sanidina hornfels; XA: xisto-azul;
E: eclogito ................................................................................................................................ 68
Figura 4-11: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (MS 12) com S1//S2 e
dobramento suave derivado do evento deformacional D4. Em algumas porções, é possível
observar milonitização indicada pela presença de anfibólios estirados na direção N-S. ....... 69
Figura 4-12: Ortognaisse granítico com porções granodioríticas, cortado por veio pegmatítico
de direção N-S sendo controlado pela tectônica rúptil do evento D4. (Afloramento C 21 - serra
de Serra Caiada). ..................................................................................................................... 70
Figura 4-13: Dique basáltico de direção E-W em ortognaisse granítico migmatizado (MS 15)
relativo ao Magmatismo Rio Ceará Mirim. ............................................................................. 70

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3-1: Divisão das unidades mapeadas bem como suas descrições sucintas. .................. 37
Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo
Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Esse relatório visa apresentar os aspectos estruturais e petrográficos referentes ao


mapeamento geológico na escala de 1:75.000 em uma área situada entre os municípios de Serra
Caiada, Sítio Novo e São José do Campestre, localizadas a noroeste no Maciço São José do
Campestre, Rio Grande do Norte. Além disso, faz parte dos requisitos para a obtenção do grau
de Geólogo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O trabalho contou com a participação e orientação do professor Dr. Zorano Sérgio de Souza,
bem como com o apoio financeiro e logístico do Departamento de Geologia (DGeo/UFRN) e
apoio acadêmico do Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Os dados usados nesse relatório
fazem parte de uma compilação de informações geológicas dos trabalhos de Viegas (2007),
Maia (2010), Teixeira (2012), das turmas de Geologia de Campo III (GEO-0416) e das
excursões de campo da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso (GEO-0421).

1.2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

O Maciço São José do Campestre (MSJC) representa o conjunto de rochas mais antigo da
América do Sul, ocupando uma área de aproximadamente 6000 km2 e possuindo idade U-Pb
de 3,41 Ga (Dantas et al., 2004). Por conta disso, as litologias presentes nessa unidade geológica
- principalmente as rochas máficas-ultramáficas e as formações ferríferas - são susceptíveis a
possuírem teores anômalos de minerais minérios, gerando possíveis depósitos minerais que são
de interesse econômico e prospectivo. Sendo assim, o mapeamento geológico é fundamental
para o desenvolvimento de um estudo acerca da caracterização das rochas da área, bem como
suas condições litoestratigráficas e estruturais.
Alguns trabalhos desenvolvidos a fim de constituírem relatórios de graduação do curso de
Geologia da UFRN tiveram como produto principal a apresentação de um mapa geológico de
escala menor e mais detalhada que a Folha São José do Campestre, elaborada pela CPRM, para
a região do MSJC. Dessa forma, o presente relatório visa dar continuidade a trabalhos como
Viegas (2007), Pinheiro (2009) e Maia (2010) com a intensão de refinar e detalhar a informação
geológica do núcleo arqueano. Entretanto, é fundamental que haja o aprofundamento e
refinamento do estudo geológico dessa região para que características estruturais e
estratigráficas sejam melhor compreendidas para considerar um possível potencial econômico.

17
Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo
Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA E VIAS DE ACESSO

A área de estudo localiza-se cerca de 70 km da cidade do Natal, em uma área que


compreende os municípios de Senador Elói de Souza, Serra Caiada, Sítio Novo e São José do
Campestre, no estado do RN. Posiciona-se entre os meridianos 35º55’34’’W e 35º38’15’’W e
paralelos 5º59’57’’S e 6º21’38’’Scompreendendo uma área de 1280 km2. O principal acesso se
dá pela BR-226 (Natal – Tangará) e a RN-093, que corta a área NW-SE e liga os municípios de
Lagoa dos Velhos e São José do Campestre. Além destas, rodovias estaduais e estradas
secundárias e carroçáveis que interligam as zonas rurais, vilarejos e comunidades foram
utilizadas para a realização deste mapeamento.

18
Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M
(2017)

Figura 1-1: Mapa de localização da área mapeada

19
Mapeamento Geológico Da Área De Tangará A Sítio Novo (RN) Com Ênfase Na Porção SW Do Núcleo
Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A área de estudo localiza-se na região do Agreste Potiguar, na porção leste do estado do


RN, onde o clima é classificado como árido ou semiárido rigoroso, com índices pluviométricos
em torno de 400 milímetros por ano, além de possuir temperaturas variam entre 21ºC e 32 ºC,
podendo alcançar os 35ºC em dias mais quentes.
Ecologicamente, a região está inserida no contexto de caatinga hiperxerófila, onde é
possível encontrar um estrato herbáceo e arbustos densos e desenvolvidos (Figura 1.A e D),
mas que morrem ou perdem as folhas durante os períodos de estiagem (Figura 1.C). Esse bioma
ocupa predominantemente solos rasos que cobrem rochas do embasamento cristalino, onde o
relevo é relativamente ondulado e apresentam um solo pouco desenvolvido. Assim, devido a
essa condição pedológica, a vegetação apresenta uma característica mais seca, com maior
espaçamento, com abundância de cactáceas, como xique-xique, jurema, favela e mufumbo
(Figura 1.B).

Figura 1-2: Aspectos fisiográficos da área de estudo com ênfase na vegetação e relevo do terreno.

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Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

1.5 METODOLOGIA

Para a confecção do mapa geológico e a realização deste relatório foram necessárias três
etapas principais (Figura 1.2). Estas incluem uma etapa pré-campo, campo e pós-campo, que
foram realizadas no Departamento de Geologia da UFRN e na área de estudo correspondente.
O conjunto dessas etapas resultou em um mapa geológico e um mapa de pontos na escala de
1:75.000, bem como na caracterização petrográfica das unidades geológicas e suas disposições
litoestratigráficas.

1.5.1 Etapa Pré-Campo

O objetivo dessa etapa foi reunir um acervo bibliográfico de modo que abrangesse aspectos
estruturais, geocronológicos, petrográficos e litoestratigráficos sobre a área de estudo. Desta
forma, utilizando os trabalhos de Viegas (2007), Maia (2010) e a folha SB.25-Y-A-I-São José
do Campestre da CPRM (2013), bem como uma composição das bandas 5, 3 e 2 do Landsat 8,
foi confeccionado um mapa geológico através do software ArcGIS 10.5, onde foi possível
delimitar e individualizar as unidades geológicas com bases nas respostas espectrais do
processamento digital e nos dados de afloramentos da região. Além desses, foram utilizadas
fotografias aéreas que contribuíram para o detalhamento dos polígonos de litologias, bem como
a demarcação dos lineamentos dúcteis e rúpteis, que foram confirmados por imagem SRTM,
uma vez que estas são utilizadas para a interpretação de feições morfo-estruturais.

O tratamento das imagens de satélite constituiu em: i) Geração de um arquivo multilayer a


partir da fusão da banda PAN (tons de cinza) - 15 metros de resolução espacial - com as bandas
multiespectrais (coloridas) - 30 metros de resolução espacial – com o objetivo de obter uma
cena Landsat-8 com resolução espacial de 15 metros; ii) Composição das bandas cinco, três e
dois com o intuito de distinguir as diferentes litologias no software ErMapper 7.1.

Por fim, a última fase dessa etapa constituiu na confecção de um mapa de localização e vias
de acesso na escala de 1:75.000 que permitiu o deslocamento na área. Nesse mapa foram
adicionados os municípios principais, as rodovias federais, estaduais, estradas secundárias e
carroçáveis, principais rios e drenagens.

1.5.2 Etapa de Campo

A etapa de campo foi realizada em três fases: a primeira no dia 28 de outubro de 2016, a
segunda entre os dias 31 de março a 07 de abril de 2017 e a terceira entre os dias 12 a 15 de

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Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

outubro de 2017, onde o principal objetivo foi coletar as informações necessárias para a
realização do mapa geológico e do presente relatório, bem como atualizar e aumentar o banco
de dados de afloramentos dessa área do MSJC. Assim, essa etapa constituiu-se em:

i) estudo de afloramentos: Descrição petrográfica e coleta de dados estruturais;


ii) coleta de amostras dos afloramentos mais representativos com o propósito de
confeccionar lâminas delgadas e, posteriormente, elaboração de fichas descritivas
destes afloramentos.

A realização do mapeamento contou com a utilização de câmera fotográfica, bússola do


tipo Bruton Convencional Pocket Transit Compass QUAD, GPS tipo Garmin E-trax H, lupa
(x10), ácido clorídrico (10%), martelo geológico tipo estwing e marreta de 8 kg.

1.5.3 Etapa Pós-Campo

O objetivo principal dessa etapa foi o tratamento e a interpretação dos dados coletados
no campo. Sendo assim, essa fase foi dividida em:

i) descrição de 112 lâminas delgadas utilizando o microscópio de luz transmitida


(OLYMPUS BX41), afim de caracterizar petrográfica e texturalmente as rochas
da área de estudo;
ii) interpretação e análise dos dados estruturais;
iii) reinterpretação das fotografias aéreas e realização de um processamento digital de
imagens do satélite RapidEye com 5 metros de resolução espacial a fim de melhor
detalhar as feições estruturais e litológicas;
iv) confecção deste relatório, bem como a realização de um mapa geológico na escala
1:75.000.

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Figura 1-3: Fluxograma das etapas de trabalho.

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2. GEOLOGIA REGIONAL

2.1 INTRODUÇÃO

Descrita primeiramente por Almeida et al. (1981), a Província Borborema (PB) localiza-
se no nordeste brasileiro e encontra-se limitada a sul pelo Cratón São Francisco (CSF), a norte
e a leste pela Margem Continental Atlântica e a oeste pelas rochas sedimentares de idade
paleozoicas da Bacia do Parnaíba (Figura 2.1). Geologicamente, a PB é definida como uma
unidade geotectônica decorrente da atuação do último evento de relativa importância no ciclo
Brasiliano/Panafricano (700 a 450 Ma), evento este que culminou em uma fixação tectônica,
seguida de uma forte atividade plutônica com granitoides associados a zonas de cisalhamento
transcorrentes (Jardim de Sá, 1994).
As zonas de cisalhamento presentes na PB são responsáveis pela subdivisão dessa
unidade em blocos (ou domínios) orogênicos, agrupados através de associações litológicas e
pela evolução tectonometamórfica. A primeira proposta para essa compartimentação foi
descrita por Brito Neves (1975), seguida de Santos e Brito Neves (1984), que englobam zonas
de rochas supracrustais, representadas pelos metassedimentos e metavulcânicas de idade
paleoproterozoica, e os maciços medianos, caracterizado pelo embasamento gnáissico-
migmatítico de idade arqueana a paleoproterozoica. Em contrapartida, Jardim de Sá (1984) e
Jardim de Sá et al. (1992) abordam a ocorrência de faixas supracrustais monocíclicas ou
policíclicas na PB, onde as monocíclicas são as faixas afetadas apenas pela orogênese
Brasiliana/Panafricana, enquanto que as faixas policíclicas foram possivelmente afetadas pelas
orogêneses pré-brasilianas.
Atualmente, a integração dos dados e da bibliografia permitiram Delgado et al. (2003),
baseado em trabalhos de Jardim de Sá et al. (1992); Jardim de Sá (1994); Santos, 1995, 1996,
1999; Santos et al., 1997,1999; Santos & Medeiros (1999) compartimentar a PB em três
subprovíncias: i) Subprovíncia Setentrional: Abrange os domínios Médio Coreaú, Ceará
Central, Jaguaribeano, Rio Piranhas-Seridó e São José do Campestre; ii) Subprovíncia Central:
Engloba todo o Domínio da Zona Transversal; iii) Subprovíncia Meridional: Compõe os
domínios Pernambuco-Alagoas, Riacho do Pontal e Sergipano.
Litologicamente, a PB é composta por um embasamento gnáissico-migmatítico a
granulito de idade arqueana a paleoproterozoica que está sotoposto discordantemente sob
rochas supracrustais paleo a neoproterozoicas metamorfizadas nas fácies xisto verde a
anfibolito. Nesta sequência ocorre o magmatismo neoproterozoico que está associado a

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extensas zonas de cisalhamento transcorrentes instaladas durante o evento Brasiliano (Jardim


de Sá, 1994). Posteriormente, observa-se uma tectônica rúptil/dúctil derivada do soerguimento
e resfriamento da crosta seguido pela deposição de sedimentos arenosos a areno-argilosos
gerando uma cobertura sedimentar cenozoica.

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Figura 2-1: Mapa geológico da Província Borborema, compilado Jardim de Sá et al. (1992) e Jardim de Sá
(1994).

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2.2 SUBPROVÍNCIA SETENTRIONAL

O Domínio Rio Grande do Norte (DRGN) localiza-se a norte do Lineamento Patos e a


leste da Zona de Cisalhamento Senador Pompeu (ZCSP), sendo caracterizado na sua porção
oriental pelo Maciço São José do Campestre (MSJC) e na porção ocidental pelo Maciço Rio
Piranhas (MRP), divididos pela Faixa Seridó. Assim, o DRGN é formado por um conjunto de
segmentos crustais justapostos durante a orogênese brasiliana que são representados por
núcleos arqueanos, blocos gnáissicos-migmatíticos de idades paleoproterozoica, sequências de
rochas supracrustais paleo a neoproterozoicas, além de plutons sin a pós-tectônicos de idade
brasiliana que estão associados a zonas de cisalhamento transcorrentes (Jardim de Sá 1994,
Brito Neves et al. 2001). Ademais, as intrusões máficas e ultramáficas nessa unidade
encontram-se restritas ao complexo Riacho da Telha e datam idades de 3,0 Ga em serpentinitos,
gabros e websterito, intrusas em para e ortognaisses do Maciço São José do Campestre (Jesus,
2011).
As zonas de cisalhamentos presentes no DRGN são interpretadas como importantes
descontinuidades físicas que dividem esse domínio em diferentes porções geológicas. Algumas
zonas de cisalhamento possuem escala intra-continental: Lineamento Patos (E-W), Zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara (NE-SW), Zona de Cisalhamento Senador Pompeu (NE-SW)
e Zona de Cisalhamento Portalegre (NE-SW), todas possuindo cinemática essencialmente
dextral (Jardim de Sá 1994, Van Schmus et al. 1995, Vauchez et al. 1995, Jardim de Sá et al.
1997).
2.2.1 Domínio São José do Campestre

O Domínio São José do Campestre (DSJC), definido primeiramente por Brito Neves
(1975, 1983), constitui uma região da Faixa Seridó que se encontra localizada a leste da zona
de cisalhamento Picuí-João Câmara. Limita-se a oeste pelo Domínio Rio Piranhas-Seridó, a sul
pelo Lineamento Patos e a leste e norte por sedimentos de idade fanerozoica. Essa unidade é
constituída por: i) unidades arqueanas representadas por ortognaisses e rochas
metasupracrustais localizados no centro do DSJC; ii) ortognaisses de idade paleoproterozoica
(2,25 a 1,9 Ga) localizados na borda do núcleo arqueano; iii) sequências de rochas
metasupracrustais de idade neoproterozoica pertencentes ao Grupo Seridó; iv) plutões
granitoides de idade brasiliana (Dantas et al., 2013).

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2.2.2 Unidades arqueanas

A região arqueana do DSJC localiza-se na porção leste do estado do RN e é composta


por ortognaisses com afinidade tonalito-trondjhemito-granodiorito (TTG) e diferentes graus de
migmatização. Esses eventos de migmatização foram datados por Dantas (1996) e Dantas et al.
(2004) e são representados por tonalitos e granodioritos com enclaves de dioritos, a exemplo
do gnaisse Bom Jesus, com idade U/Pb de 3,45 Ga, Suíte Serra Caiada com idade U/Pb de 3,25
Ga e o Complexo Brejinho com idade relativa de 3,18 Ga através do método U/Pb. Além desses,
o Complexo Senador Elói de Souza data de 3,03 Ga por U/Pb e é representado por granulitos,
metanoritos, metagabros e anfibolitos que se localizam na porção norte dessa região. Por fim,
o último evento que caracteriza esse magmatismo é representado pela unidade denominada
Sienogranito São José do Campestre, com idade de 2,69 Ga em U/Pb (Dantas et al., 2004).
O Ciclo Brasiliano (630 a 530 Ma) é o evento responsável pela consolidação do DSJC,
sendo representado por um metamorfismo regional na fácies anfibolito alto, forte
retrometamorfismo na fácies xisto verde e a geração de sistemas transcorrentes dextrais de
direção E-W a NE-SW. Esse contexto favorece a intrusão de corpos granitoides nas zonas de
cisalhamento que limitam os domínios arquenos e paleoproterozoicos (Gonçalves, 2009). O
final desse ciclo é marcado pela reativação dos sistemas transcorrentes NW-SE e foi datado em
570 Ma em monazitas de zonas de cisalhamento (Viegas, 2007).

2.2.3 Unidades paleoproterozoicas

Segundo Souza et al. (2007), o terreno paleoproterozoico foi marcado por uma intensa
granitogênese cálcio-alcalina que corresponde a rochas metaplutônicas dioríticas a graníticas
com tendência cálcio-alcalina de alto potássio apresentando idades (Rb/Sr, U/Pb, Pb/Pb e
Sm/Nd) de 2,25 a 2.15 Ga. Além disso, observa-se feições de retrabalhamento crustal e a
geração de uma crosta juvenil, agregados ao núcleo arqueano em 2,0 Ga.
Dantas (1996) individualizou os blocos crustais em Complexo João Câmara - composto
por biotita e/ou hornblenda migmatitos bandados intercalados com biotitas ortognaisses, com
idades de 2,25 Ga (U/Pb) - terrenos Serrinha – Pedro Velho - composto por biotita-hornblenda
migmatitos com paleossoma tonalítico a granodiorítico e leocossoma granítico, datados em 2,2
Ga (U/Pb) - e Santa Cruz - rochas metaplutônicas cálcio-alcalinas como biotita-hornblenda
ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, datados em 2,23 Ga a 2,07 Ga (U/Pb) - , que são
separados a partir da distinção de eventos de orogênese acrescionária e colisional. Assim,

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sugere-se que o evento de acresção em 2,25 Ga marca uma granitogênese sin-colisional


representada pelo Complexo João Câmara e pela geração de uma crosta juvenil, representada
pelo Terreno Serrinha – Pedro Velho. Por fim, esse evento é caracterizado por um magmatismo
tardio em 2,0 Ga de caráter cálcio-alcalino de alta intensidade devido ao retrabalhamento da
crosta arqueana, demonstrado pelo Terreno Santa Cruz. Ademais, os enxames de diques de
biotita anfibolitos e meta hornblenditos toleíticos caracterizam a Suíte Inharé, datada em 2,19
Ga (U/Pb).
A cratonização do cinturão paleoproterozoico ocorreu, segundo Dantas (1996), por volta
de 1,9 Ga e 2,0 Ga (datação U/Pb em titanita e leucogranitos tardios). A disposição final desse
conjunto de blocos ocorreu na Orogênese Brasiliana, sendo delimitada pelas diversas zonas de
cisalhamento e intrudida por corpos granitoides entre os limites destes blocos.

2.2.4 Unidades neoproterozoicas

2.2.4.1 Grupo Seridó

Jardim de Sá e Salim (1980) e Jardim de Sá (1984) incluem no Grupo Seridó (GS) as


rochas metassedimentares que foram agrupadas, da base para o topo, pela Formação Jucurutu,
Equador e Seridó, correspondendo a um único intervalo de sedimentação. Segundo esses
autores, pode-se definir o GS e suas respectivas formações como: i) Formação Jucurutu:
Constitui a unidade basal e é composta por biotita-epidoto paragnaisses, com intercalações de
mármores e rochas calciossilicáticas, micaxistos, formações ferríferas, metavulcânicas e
quartzitos; ii) Formação Equador: Unidade intermediária composta por quartzitos e
metaconglomerados, podendo ocorrer intercalações de micaxistos e calciossilicáticas.
Encontra-se disposta discordantemente sob a unidade basal; iii) Formação Seridó: Definida
como topo dessa unidade e constitui-se de micaxistos feldspáticos ou aluminosos, com
ocorrências de intercalações de mármores, calciossilicáticas, paragnaisses, metavulcânicas,
quartzitos e metaconglomerados.
Posteriormente, as rochas dessa unidade sofreram grandes deformações no Ciclo
Brasiliano e foram altamente afetadas por intrusões de corpos granitoides que estão alojados
próximos às zonas de cisalhamento transcorrentes N-NE (Bautista, 2012). Por conta disso, os
contatos entre as unidades do GS são caracterizados pela presença de zonas de cisalhamento
que impedem a classificação de feições originais das rochas, dificultando a determinação do
empilhamento estratigráfico dessa unidade

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Apesar do empilhamento estratigráfico de Jardim de Sá e Salim (1980), dados U/Pb em


zircões detríticos publicados por Van Schmus et al. (2003) para a Formação Jucurutu e Seridó,
indicam idades neoproterozoicas de deposição (menores que 650 Ma), tornando essas duas
unidades similares geocronologicamente. Além disso, assinaturas de Sm/Nd evidenciam
rejuvenescimento típico das idades tDM em direção ao topo da sequência, quando levado em
consideração apenas a Formação Jucurutu (Base tDM 1,6 – 1,4 Ga) e Seridó (Topo, tDM 1,3 – 1,2
Ga). Sendo assim, esses dados indicam um ciclo de deposição único, como proposto por Jardim
de Sá et al. (1984), porém com idade mais jovem.
Contrapondo a sequência estratigráfica definida por Jardim de Sá et al. (1984), Hollanda
et al. (2015), propõem, a partir de novos dados U/Pb em zircões, um novo empilhamento para
o GS, onde a base dessa unidade seria composta pela Formação Equador, seguida das
Formações Jucurutu e Seridó, respectivamente. Essa nova proposta é baseada na análise de
zircões dos paragnaisses da Formação Jucurutu que apresentam uma contribuição significativa
de zircões tonianos e criogenianos que são similares aos metapelitos do topo dessa unidade.
Assim, seria improvável que, com a disposição definida por Jardim de Sá (1984), houvesse o
fornecimento das fontes de sedimentação de áreas cratônicas ou um realojamento do
embasamento entre os sedimentos sin-orogênicos.
Assim, Hollanda et al. (2015) sugerem uma nova proposta estratigráfica para o GS, onde
as Formações Jucurutu e Seridó correspondem às sequências distal e proximal,
respectivamente, com os pelitos sobrepostos aos sedimentos da plataforma durante uma
transgressão marinha (Figura 2.2). Dessa forma, o início da inversão da bacia e sua deformação
teria empurrado as unidades inferiores e substituído os quartzitos da Formação Equador e os
metapelitos da Formação Seridó pelos paragnaisses e mármores da Formação Jucurutu.
Segundo Hollanda et al. (2015), essa hipótese é consistente com as idades obtidas dos zircões
detríticos, bem como concorda com as composições Nd.

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Figura 2-2: Modelo de deposição para as bacias do Seridó e Lavras da Mangabeira sugerindo uma nova
estruturação litoestratigráfica para o Grupo Seridó. Copilado de Hollanda et al. (2015).

2.2.4.2 Plutonismo ediacarano

A forte tectônica, a reciclagem de unidades crustais arqueanas e paleoproterozoicas,


bem como a menor influência da contribuição do magmatismo juvenil marcam a história
neoproterozoica da PB. Além disso, a configuração geodinâmica é essencialmente
intracontinental, diferentemente das unidades paleoproterozoicas e arqueanas (Souza et al.,
2016). Dessa forma, o evento magmático de idade ediacarana que ocorre no MSJC é
caracterizado por uma variedade de intrusões plutônicas que variam em composição, tamanho
e em formas geométricas. Essas características indicam que esses corpos derivam de diferentes
tipos de magmas.
A primeira tentativa de classificação para as rochas plutônicas neoproterozoicas deu-se
por Almeida et al. (1967), que relacionam as rochas de acordo com o Ciclo Brasiliano em:
granitoides sin-tectônicos, compreendendo a Suíte Itaporanga e que é caracterizada pela
presença de granitos porfiríticos, e a Suíte Conceição, composta por granodioritos e tonalitos.
Em contrapartida, os granitoides tardi-tectônicos são representados pela Suíte Catingueira,
composta por granitos peralcalinos, quartzo sienitos e sienitos, e pela Suíte Itapetim, que é
caracterizada pela presença de corpos ígneos de menor volume e diques graníticos finos.
Posteriormente, Jardim de Sá et al. (1981) utiliza de critérios estruturais para a classificação

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dos granitoides presentes na Faixa Seridó, enquanto que Sial (1986) utiliza de dados
geoquímicos para a delimitação de quatro grandes grupos: cálcio-alcalino potássico, cálcio-
alcalino, trondhjmitíco e peralcalino.
A PB é marcada, segundo Jardim de Sá (1994) e Jardim de Sá et al. (1999), pelo
alojamento desses plútons granitoides em sítios extensionais e/ou transtracionais que são
favorecidos pela presença das zonas de cisalhamento dextrais e sinistrais brasilianas. Além
disso, a ocorrência desses corpos está localizada nas sequências metassedimentares, nos
gnaisses do embasamento e nas rochas metaplutônicas neoproterozoicas de modo que truncam
estruturas antigas relacionadas a episódios deformacionais anteriores.
Nascimento et al. (2008, 2015), seguindo a proposta de Nascimento et al. (2000),
copilam e integram os dados petrográficos, geoquímicos e geocronológicos de vários corpos
plutônicos dessa unidade (Figura 2.3). O resultado dessa síntese foi a individualização de seis
suítes magmáticas, sendo elas: 1) Suíte Shoshonítica; 2) Suíte Cálcio-Alcalina de alto potássio
porfirítica; 3) Suíte Cálcio-Alcalina; 4) Suíte Cálcio-Alcalina de alto potássio equigranular; 5)
Suíte Alcalina; 6) Suíte Alcalina Charnoquítica.
Regionalmente, o MSJC possui uma suíte dominante, segundo Dantas (1996),
representada pela Suíte Barcelona que consiste em biotitas granitos porfiríticos, cálcio-alcalinos
de médio a alto potássio. Esta unidade é representada pelo granito Barcelona, que ocorre
intrusivo entre o bloco arqueano e os metassedimentos do Grupo Seridó, pelo granito Monte
das Gameleiras, que ocorre intrusivo entre o bloco arqueano e as rochas do terreno de alto grau
de Pedro Velho e o granito de Serrinha, que apresenta enclaves de dioritos e possui forma
alongada na direção E-W e intrude rochas de idade paleoproterozoica.
A ocorrência de plútons menores com forma oval e alongados são observados no contato
entre o Complexo João Câmara e o núcleo arqueano e caracterizam a Suíte Natal. Esta
compreende os plútons de Natal, Taipu, Serra Pelada e Macaíba e são constituídos por
hornblenda monzogranitos equigranulares (Dantas, 1996).

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Figura 2-3: Arcabouço geológico do Domínio Rio Grande do Norte com ênfase no magmatismo ediacarano a
cambriano (Nascimento et al., 2015). Legenda: a: Coberturas mesocenozoicas; b: Suíte Shoshonítica; c: Suíte
Cálcio-alcalina de alto K Porfirítica; d: Suíte Cálcio- g: Suíte Alcalina Charnoquítica; h: Embasamento
gnáissicomigmatítico paleoproterozoico; i: Grupo Seridó; j: Zonas de Cisalhamento transcorrentes
neoproterozoicas; k: Zonas de Cisalhamento contracionais-transpressivas neoproterozoicas; l: Zonas de
Cisalhamento extensionais neoproterozoicas; m: cidades; o: capital do Estado.

2.2.5 Zonas de cisalhamento

A formação de extensas zonas de cisalhamento transcorrentes de direção E-W e NE-SW


durante a Orogênese Brasiliana – Panafricana, bem como a formação de cinturões de
dobramento na porção central e nordeste da PB, resultaram em uma deformação que acomodou
o movimento relativo do bloco norte para a Faixa Seridó, gerando dobramentos, falhas de rejeito
direcional e feições de estiramento paralelo ao seu alongamento.
Segundo Archanjo (1993), a tectônica tangencial - com transporte tectônico para SSW
– e a tectônica transcorrente dextrogira NE são ediacaranas e foram desenvolvidas a partir de

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rampas laterais associadas a um ambiente transcorrente/transpressivo de mesma idade. Dessa


forma, Jardim de Sá (1994), afirma que a disposição dos granitos brasilianos evidencia uma
trama tangencial e um regime do tipo transtracional, uma vez que possuem forma de sheets
tabulares e tardios em relação ao evento de formação.
Uma tectônica extensional, afetando os metassedimentos da Faixa Seridó, foi
reconhecida no MSJC como representativa de sítios relacionados a uma tectônica
transpressional. Dessa forma, Nascimento (2000) e Medeiros et al. (2008), através de estudos
no Plúton Caxexa e do Batólito de Catolé do Rocha, respectivamente, atestam o caráter pós-
colisional de diques graníticos que intrudem nessas unidades. Assim, percebe-se que o
alojamento desses corpos foi controlado pela reativação e/ou criação de zonas de cisalhamento
transcorrentes tangenciais de cinemática extensional.

2.2.6 Estruturas de carácter rúptil

Os processos de deformação frágil estão relacionados ao soerguimento e resfriamento


da crosta continental ao final da Orogênese Brasiliana, gerando estruturas de baixa temperatura,
dúcteis-frágeis ou frágeis que, geralmente, retrabalham estruturas já existentes e de alta
temperatura com a mesma cinemática (Jardim de Sá et al., 1999). No MSJC, essas estruturas
ocorrem superimpostas às estruturas de caráter dúctil e são facilmente reconhecidas em diversas
unidades desse terreno.

2.3 UNIDADES FANEROZOICAS

2.3.1 Cobertura sedimentar cenozoica

Essa unidade é representada pelos depósitos colúvio-eluviais de caráter arenoso a areno-


argiloso esbranquiçado e avermelhados que, apesar de apresentarem-se de forma inconsolidada
podem, por vezes, constituir depósitos conglomeráticos com predomínio de seixos de quartzo
(Angelin et al., 2006).

2.3.2 Magmatismo cenozoico

O magmatismo básico meso-cenozóico pode ser dividido em dois eventos principais: i)


Magmatismo Juro-Cretáceo Rio Ceará Mirim, de natureza toleítica, com diques alinhados na
direção E-W, com idades que variam 143 e 113 Ma, ocorrendo na borda da bacia e que está
relacionado ao início do processo de rifteamento da bacia; ii) Vulcanismo alcalino da Formação
Macau, que possui orientação preferencial N-S, sendo representado pelo Alinhamento Macau-
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Queimadas. Além disso, esse evento ocorre intercalado aos sedimentos da sequência regressiva
e no embasamento adjacente à bacia, com idades entre 70 Ma a 65 Ma e as rochas são
classificadas como derrames basálticos (Souza et al., 2004).
O magmatismo básico Macau ocorre mais expressivamente na porção centro-norte do
estado do RN, entretanto pode ocorrer localmente na área estudada neste relatório na forma de
diques. Essa unidade compreende rochas alcalinas tipo olivina basaltos, basanitos, nefelinitos
e ankaratritos, onde apresentam textura fina a afanítica (Angelin et al., 2006).

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3. INTEGRAÇÃO GEOLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO

3.1 INTRODUÇÃO

A partir das características geológicas observadas em meso e microescala foi possível


definir e individualizar as unidades litológicas para as rochas que compõem a área mapeada.
Dessa forma, o presente capítulo propõe uma coluna litoestratigráfica com base na interpretação
de imagens áreas na escala de 1:70.000, no processamento digital de imagens de satélite
LANDSAT 8, bem como a distinção de feições geológicas em imagens ALOS, RapidEye e
SRTM. Além disso, a confecção da coluna e do mapa geológico final contaram com o
levantamento de dados de campo e na compilação e integração de dados prévios, com ênfase
nos trabalhos de mapeamento geológico nas escalas de 1:50.000 (Teixeira, 2012), 1:70.000
(Maia, 2010), 1:250.000 (Viegas, 2007) e 1:100.000 (Folha São José do Campestre, CPRM,
2013).
Os dados geológicos coletados em excursões de campo realizadas para o
desenvolvimento desse relatório, tal como as referências de Viegas (2007) e Dias (2006)
somam-se em 541 pontos de afloramento, no qual foi possível descrever litologias; contatos
geológicos, diferenciando critérios de intrusão, inclusão e coexistência; presença de feições de
deformação, como milonitização e migmatização; reconhecimento de elementos estruturais,
como dobras, falhas, lineações e foliações; critérios cinemáticos, como ocorrência de zonas de
cisalhamento e estilolitos. Ademais, dados geocronológicos e isotópicos de Souza et al. (2016)
e Dantas et al. (1996) permitiram uma melhor classificação e delimitação dessas unidades.
Por fim, as descrições de 112 seções delgadas tornaram possível a melhor caracterização
das unidades geológicas através da definição de: i) Associações minerais e aspectos texturais;
ii) Inferência de fácies metamórficas a partir de minerais índices; iii) Reações de alteração
mineral; iv) Composição da rocha através da análise modal. Desse modo, foram caracterizadas
seis unidades geológicas para a área mapeada descritas neste capítulo.
Finalmente, é importante ressaltar que o foco principal desse mapeamento são as rochas
pertencentes ao núcleo arqueano, uma vez que essa unidade ainda carece de estudos mais
detalhados no que se diz respeito às relações de contato entre as rochas dessa unidade e as
rochas do bloco paleoproterozoico. Além disso, consideram-se primordiais as feições de campo
de cada litologia, bem como os aspectos petrográficos mais relevantes para o entendimento da
separação das unidades e os padrões em fotografias áreas e imagens de satélite.

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3.2 ARCABOUÇO LITOESTRATIGRÁFICO

O mapeamento dessa área de estudo permitiu a individualização e caracterização de seis


unidades litológicas e suas respectivas sub-divisões, conforme a tabela abaixo (Tabela 3.1).

Tabela 3-1: Divisão das unidades mapeadas bem como suas descrições sucintas.

3.2.1 Unidades arqueanas

Unidade I: Unidade Serra Caiada

Ortognaisses graníticos a tonalíticos migmatizados

Correspondendo a unidade geológica mais antiga da área mapeada, as rochas da


Unidade Serra Caiada (USC) ocorrem predominantemente no NASJC e afloram,
principalmente, entre os municípios de Serra Caiada, Tangará e Sítio Novo. Este, localizado a
oeste da área de estudo, está situado próximo ao limite entre os ortognaisses arqueanos e as
rochas paleoproterozoicas que circundam esse núcleo.
Na topografia, os ortognaisses podem ocorrer como elevações no terreno na forma de
inselbergs, representado pela serra de Serra Caiada e o Serrote Branco. Estes são considerados
exposições importantes dessa unidade uma vez que apresentam feições bem preservadas como
padrões de interferência, dobramentos e truncamentos (Figura 3.1).
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Figura 3-1: Ortognaisse granítico a tonalíticos migmatizados em duas escalas: A) Representação do Serrote
Branco demonstrando elevações no terreno; B) Afloramento do Serrote Branco evidenciando o truncamento da
foliação principal S2 por veio de composição tonalítica.

Os ortognaisses que possuem predomínio de porções máficas (tonalíticas a


granodioríticas) apresentam maior grau de migmatização. Em contrapartida, os ortognaisses de
composição granítica ocorrem mais preservados e geralmente encontram-se associadas às zonas
de cisalhamento. Assim, acredita-se que estes podem ser frutos de fusão parcial dos de
composição mais máficas.
Estruturalmente, essas rochas apresentam foliação penetrativa, zonas de cisalhamento,
dobramentos representados por dobras intrafoliais, normais e abertas, além de falhas
centimétricas a métricas. Essas feições são derivas dos eventos deformacionais que ocorrem
nas rochas do núcleo arqueano e que também são responsáveis tanto pelos processos de
migmatização e pelos dobramentos, como pelos falhamentos posteriores (Figura 3.2).

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Figura 3-2: Ortognaisses graníticos a tonalíticos com diferentes estruturas derivadas dos eventos
deformacionais.Em A) Presença de zona de cisalhamento de cinemática dextral; B) Migmatização nos
ortognaisses e presença de uma porção pegmatítica à direita na foto; C) Falha normal no ortognaisse
granítico da serra de Serra Caiada; D) Dobramento da foliação principal, gerando plano axial de dobras D3.

Petrografia
Petrograficamente, essas rochas são compostas por quartzo (10- 50%), plagioclásio (10-
30%), K-feldspato (40-80%) e quantidades variadas de biotita (3-20%). Além desses, ocorrem
minerais acessórios como titanita, alanita, muscovita, epidoto e apatita (Figura 3.4). Em
algumas seções delgadas foi possível observar a presença de cristais de hornblenda
acompanhando as biotitas ou disseminados pela amostra.
O quartzo ocorre como cristais anedrais com tamanhos que variam de 0,2 mm a 2,0
mm, apresentando contato reto ou irregular com outros grãos. Além disso, podem estar
recristalizados, formando agregados de cristais com textura poligonal e de subgrão. Por vezes,
podem apresentar extinção ondulante.
O oligoclásio ocorre como cristais anedrais a sub-anedrais com tamanhos que variam
entre 0,3 mm a 2,0 mm e apresentando, muitas vezes, geminação polissintética típica desses
cristais e contatos que ora podem apresentar-se curvos, ora retos. Ainda é possível observar
processos de saussuritização gerando cristais diminutos de mica branca. Além disso, observa-
se a presença de textura mimerquita.

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O feldspato potássico é do tipo microclina, com tamanho médio de 2,0 mm,


apresentando comumente pertitas – indicativo de condições de alta temperatura - e geminação
tartan. Os contatos com os outros cristais são predominantemente curvos e possuem inclusões
de quartzo e muscovita.
É importante ressaltar que a observação e análise de microestruturas é fundamental para
o entendimento dos processos de deformação e metamorfismo, além de ajudar na interpretação
da cinemática dos eventos deformacionais. Por exemplo, mecanismos de recristalização e
deslocamento dos grãos de quartzo e feldspato estão diretamente ligados com a variação da
temperatura e podem ser usados como indicativo para avaliar as condições metamórficas
durante o processo de deformação (Stipp et al., 2002; Passchier e Trouw, 2005). Assim, uma
vez que os eventos deformacionais que ocorreram na área mapeada são de alta temperatura, as
microestruturas que foram observadas em seções delgadas representam feições típicas de
metamorfismo de alto grau, como deslocamento intracristalino com migração de bordas de
grãos, quartzo na forma de fitas (ribbon) e agregados de cristais recristalizados.
A biotita apresenta-se como cristais euédricos com tamanho médio de 1,0 mm, cor
amarela esverdeada com pleocroismo para verde acastanhado e com os cristais orientados
seguindo uma direção preferencial. Os contatos com os outros grãos são predominantemente
retos podendo ocorrer, por vezes, bordas de reação e simplectitos com cristais de quartzo. É
possível, ainda, observar processos de retrometamorfismo evidenciados pela formação de
muscovita (processo de muscovitização) e epidoto. Além desses, ocorre processos de oxidação
que são evidenciados pela geração de cristais opacos e/ou cristais diminutos de um mineral
acastanhado de difícil identificação no centro dos cristais de biotita.
Ocorrendo em menor quantidade, são observados cristais de hornblenda pontuais que
podem estar associados às biotitas ou não, mas sempre com contatos irregulares com os grãos
vizinhos. Possuem tamanho entre 0,2 mm e 1,5 mm, com coloração verde azulado com forte
pleocroismo para verde bordô. Ocorrem orientados segundo a foliação da rocha e apresenta
inclusões de quartzo e/ou plagioclásio (Figura 3.3).
Como os cristais de muscovita ocorrem nas seções delgadas como derivados de um
possível processo de muscovitização das biotitas, os contatos com estas são sempre serrilhados
e com bordas de reação. Possuem tamanhos inferiores a 0,5 mm, com hábito ripiforme e forma
anedral a subanedral.

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Os minerais opacos aparecem predominantemente associados às biotitas, mas podem


ocorrer disseminados nas lâminas delgadas em contato com quartzo e/ou feldspato. São cristais
com tamanho médio de 0,3 mm e hábito cúbico, compreendendo possíveis magnetitas.
O epidoto ocorre como produto da alteração dos cristais de plagioclásio através de
reações de saussuritização. Ocorrem como cristais anedrais a subanedrais e com tamanhos
inferiores a 0,5 mm.
Nas seções delgadas em que aparecem, a titanita ocorre em duas formas distintas: i)
associadas às biotitas (que ocorrem com coloração castanha avermelhada, indicando alto teor
de Ti). São losangulares e apresentam tamanho médio de 0,5 mm; ii) associada à minerais
opacos em um possível processo de esfenitização.

Figura 3-3: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando a associação mineral entre
hornblenda (Hbl), titanita (Tit), Alanita (Aln) e minerais opacos (op) no hornblenda gnaisse granítico da Unidade
Serra Caiada.

Hedenbergita ortognaisse migmatizado

Diferenciando dos ortognaisses migmatizados supracitados pela presença de


clinopiroxênio e granada, os hedenbergita ortognaisses compõem uma porção da unidade
arqueana representada por rochas de textura fina a média, equigranulares, de coloração cinza
clara, além de apresentar um bandamento metamórfico observado em meso e microescala.
Como a ocorrência de biotita é rara e torna-se comum a observação de clinopiroxênios ricos em
Fe, essas rochas foram categorizadas em outro grupo nessa mesma unidade. Ademais, pode
ocorrer granadas em algumas seções delgadas de amostras coletadas na porção SW da área
mapeada, principalmente.

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Petrografia

São compostas essencialmente por K-feldspato (40-60%), quartzo (15-20%),


hedenbergita (12-30%) e riebeckita (2%). Os outros 5% representam minerais acessórios como
titanita, apatita e minerais opacos.
O feldspato potássico é do tipo microclina e apresenta dimensões entre 1,0 mm e 3,0
mm, comumente apresentando pertitas.
O quartzo possui cristais com tamanhos variando desde 0,1 mm a 2,5mm. Essa
diferença de tamanho é explicada por processos de recristalização sofridos nesse mineral.
Muitos cristais apresentam extinção ondulante, resultado de uma possível deformação mecânica
em uma fase tardia.
A hedenbergita é um clinopiroxênio de coloração verde acastanhada e com leve
pleocroismo. Possui relevo forte e positivo e ângulo 2V de aproximadamente 55º. Os cristais
possuem tamanhos que variam de 1,0 mm a 2,5 mm e é possível notar processos de uralitização
em suas bordas, bem como inclusões de minerais opacos.
O anfibólio deriva de processos de uralitização nos cristais de clinopiroxênio, uma vez
que sempre ocorrem nas bordas dos grãos, são anedrais e com dimensões menores que 0, 3 mm.
Esse mineral possui coloração verde azulada, podendo ocorrer em tons mais escuros, indicando
uma alta absorção, além de possuir birrefringência de 0.012 e sinal ótico biaxial negativo. Dessa
forma, classifica-se o anfibólio com pertencente a série riebeckita-arfvedsonita (Figura 3.4).
A titanita ocorre como cristais losangulares com tamanho médio de 0,4 mm e associada
ora a hedenbergita ora aos cristais de anfibólio. Ademais, o epidoto possui ocorrência rara nas
seções delgadas dessa unidade, aparecendo apenas na forma de grãos menores que 0,3 mm,
com coloração verde pálida e alta birrefringência. Por fim, a apatita e os minerais opacos
possuem ocorrência limitada, sendo vistos na forma de cristais disseminados e com dimensões
médias de 0,2 mm.

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Figura 3-4: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando o processo de
uralitização nos cristais de clinopiroxênio (Cpx), gerando cristais diminutos de anfibólio (Anf). Apresenta ainda
quartzo (Qtz) com extinção ondulante e contatos irregulares com os minerais máficos.

Sillimanita – cordierita – granada – biotita – paragnaisse

Ocorrendo na porção central da área mapeada na forma de expressivas lentes que são
envolvidas pelos ortognaisses da USC, os paragnaisses migmatizados compõem uma
importante litologia dessa unidade, uma vez que é restrita ao NASJC e que ainda não possui
relação de contato bem definida quando se leva em consideração as datações realizadas para
essas rochas. Desse modo, Souza et al. (2016) através de datação em zircões distinguiu dois
grupos distintos com base nas idades encontrados: i) zircões com idades entre 3,0 e 2,9 Ga; ii)
zircões com idades entre 2,0 – 1,9 mm. O segundo grupo possui baixo índice Th/U e seus
zircões são interpretados como metamórficos onde, dentre estes, seis possuem idade de 1949
Ma, podendo representar a ocorrência de um importante evento metamórfico ainda não bem
caracterizados no núcleo arqueano.
Em mesoescala, os paragnaisses apresentam diferentes graus de migmatização, com
leucossomas associados às zonas de cisalhamento dextrais e contendo pórfiros de granada que
aparecem, por vezes, estiradas no sentindo da foliação principal. Além disso, essas rochas
apresentam uma foliação penetrativa (S2) de direção preferencial NW-SE, coloração cinza claro
a escuro e leucossomas de composição granítica/trondhjemítica.

Petrografia

São compostas por preferencialmente por quartzo, plagioclásio, microclina e biotita.


Além disso, possuem como minerais acessórios granada, muscovita, clorita, silimanita,
cordierita e minerais opacos. Ademais, percebe-se a presença de um bandamento metamórfico

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indicando pela alternância entre porções quartzosas e porções com agrupamento de biotitas de
coloração marrom (Figura 3.5). Essa intercalação de minerais constitui uma foliação S2 bastante
penetrativa, onde pode ocorrer cristais de granada estirados na direção da foliação.
O quartzo apresenta-se na forma de grãos anedrais, com tamanhos com variam de 0,15 mm
a 2,5 mm. Apresentam extinção ondulante e o contato desse grão com outros minerais ocorre,
em sua maioria, de forma irregular e curva. Entretanto, pontualmente pode-se observar contatos
poligonais.
O plagioclásio (An20-25) apresenta textura mimerquita e geminação polissintética. Os grãos
apresentam tamanhos variados, podendo ocorrer entre 0,1 mm a 1,0 mm. Além disso, o contato
com os cristais de quartzo e microclina é irregular.
As biotitas constituem os minerais máficos predominantes nessa unidade, marcando a
presença de uma foliação bem desenvolvida, uma vez que os cristais apresentam direção
preferencial. Aparentemente ocorrem em duas gerações: i) grãos alongados em uma direção
preferencial, formando a foliação principal. Possuem pleocroismo que varia de verde oliva ou
amarelo pálido a marrom esverdeado e com cristais com tamanho médio de 1,0 mm; ii) grãos
com tamanho máximo de 0,5 mm e que ocorrem discordantes com relação a foliação principal
(S2), indicando a possível presença da formação de uma nova foliação que está associada a
outro evento deformacional sofrido por essa unidade.
As granadas ocorrem como cristais subeudrais com tamanho médio de 1,5 mm, podendo
atingir até os 3,0 mm em algumas seções delgadas. Possuem cor rosa e estão envoltas por
cristais de biotita que podem ocorrer também cortando alguns porfiroblastos. Assim, admite-se
duas possíveis gerações de granada para essa unidade: a primeira, pré-S2, indicada pelo
envolvimento dos cristais de granada pelas biotitas, enquanto que a segunda, sin-S2, é indicada
pela formação concomitante desses dois minerais.
A muscovita apresenta-se como cristais eudráis e grãos que variam de 0,8 mm a 0,1 mm.
Possuem contato com cristais de quartzo e plagioclásio, entretanto ocorrem predominantemente
em contato com a biotita de forma linear, indicando um possível processo de muscovitização.
A cordierita ocorre pontualmente na forma de cristais euedrais com tamanho aproximado
de 0,6 mm e envoltos por cristais de microclina. Possuem coloração amarelada, parâmetro
usado para distinguir de quartzo e plagioclásio, e feições de intercrescimento com silimanita
fibrosa, que ocorrem na forma de cristais alongados no centro dos grãos de cordierita.
A sillimanita ocorre na forma de grãos fibrosos em contato com cristais de cordierita,
biotita, quartzo e plagioclásio, ou não forma de cristais granulares com grãos prismáticos

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retangulares. São anedrais a euedrais, com tamanhos que variam de 0,2 mm a 0,5 mm e estão
localizadas em microbandamento com contatos preferencialmente serrilhados.
Os minerais opacos ocorrem na forma de minerais de hábito cúbico, indicando que esse
mineral seja uma possível magnetita, ou na forma de minerais anedrais associado às biotitas.

Figura 3-5: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a associação mineral
típica dos paragnaisses migmatizados da USC: granadas (Grt) anedrais em contato com cristais de sillimanita
(Sil) granular; biotitas (Bt) de coloração amarelo pálido a verde acastanhado formando compondo a foliação
principal dessa rocha. Quartzo (Qtz) com extinção ondulante e contato irregular com os demais cristais dessa
seção delgada.

Mármores e metacarbonatos

A feição geológica que melhor representa as rochas dessa unidade está localizada a norte
do município de Tangará, sendo representada pelo Serrote Preto. Este é responsável por uma
elevação significativa no terreno quando comparado às rochas circundantes, que são
representadas pelos ortognaisses graníticos da USC (Figura 3.7 C). Além da topografia, esse
corpo é facilmente reconhecido através de imagens de satélite, uma vez que promove uma
distinção considerável na cor do solo, que pode ser potencializada através da aplicação de
processamento digital de imagens, como demonstrado na figura abaixo (Figura 3.6).

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Figura 3-6: Imagens de satélite LandSat 8 com resolução de 30 m e composição de bandas 5,3,2, onde é possível
observar a diferença de resposta espectral do Serrote Preto causada pelos mármores alterados que compõem essa
feição.

Em escala de afloramento, observa-se que há dois tipos de mármores bem definidos,


comprovados posteriormente com a descrição de seções delgadas. Essa distinção é observada
através da diferença composicional e textural, sendo primeiro estudada por Teixeira (2012),
seguida por Cunha (2015). Porém, para esse trabalho, será usado a classificação de Souza
(2017), que posteriormente obtiveram resultados mais detalhados acerca da composição das
rochas. Assim, foram definidos em: i) metacalcários: apresentam coloração que varia de
marrom a cinza, com estrutura maciça e possuindo, por vezes, ocorrência de laminação. Além
disso, essas rochas apresentam feições de oxidação e texturas sedimentares preservadas. Assim,
admite-se que essas rochas sofreram um metamorfismo de baixo grau (Figura 3.7 A); ii)
mármores: possuem coloração esbranquiçada, com textura maciça e granulação grossa.
Petrograficamente, são compostos por calcita e/ou dolomita recristalizados, sem presença de
texturas sedimentares preservadas, marcando a ocorrência de um metamorfismo de alto grau
para essas rochas (Figura 3.7 B).

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Figura 3-7: Em A) Metacalcário de coloração cinza e estrutura maciça; B) Mármores de coloração


esbranquiçada com pouca alteração; C) Elevação no terreno ocasionada pelos mármores e metacalcários do
Serrote Preto.

Petrografia

Petrograficamente, as rochas que marcam essa unidade foram agrupadas em dois


grupos: 1) mármores dolomíticos calcíticos composto por dolomita (80-90%), calcita em
cristais granulares e/ou em forma de veios criptocristalinos (5-15%), mica branca (< 1%) e
minerais opacos (< 1%); 2) mármores cálcio-dolomíticos compostos por uma matriz
carbonática alterada de coloração marrom (70-80%), calcita (5-10%), dolomita (10-20%),
forsterita (1-3%), flogopita (< 1%), quartzo (< 1%) e minerais opacos (1-5%).
O primeiro grupo é caracterizado pela presença de dolomitas que ocorrem como cristais
eudrais, com tamanho médio de 1,0 mm e contato retos ou serrilhados com outros minerais. Por
vezes, ocorrem oxidação no limite entre clivagens que aproveitam os espaços para a percolação.
As calcitas ocorrem em forma de: i) cristais sub-eudrais a eudrais com alteração para
óxido de ferro e tamanhos variando entre 0,5 a 1 mm (Figura 3.8); ii) aglomerados

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microcristalinos menos alterados e associados às micas brancas; iii) veios tardios cortando as
estruturas prévias, observado também em escalda de afloramento.

Figura 3-8: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) mostrando contato entre cristais de
quartzo e calcita nos mármores pouco alterados do Serrote Preto. Observa-se, ainda, leve alteração nos cristais
de calcita para óxido de ferro.

As micas brancas ocorrem inclusas nos cristais de dolomita ou associada a veios


calcíticos, atingindo tamanho máximo de 0,5 mm, apresentando preferencialmente formas
prismáticas e contatos curvos com os outros cristais. Por vezes, observa-se indícios de um
possível processo de cloritização, uma vez que ocorre uma sutil alteração de coloração na borda
dos grãos para tons esverdeados.
Em contrapartida, os mármores cálcio-dolomíticos possuem calcitas que ocorrem na
matriz micrítica, na forma de cristais anedrais muito alterados e com tamanho médio de 2,5 mm
e como aglomerados microcristalinos na forma de veios onde ocorre associação com micas
brancas.
As dolomitas ocorrem na forma de cristais subédricos a anédricos e com tamanho médio
de 2,0 mm. Esses grãos são englobados por uma matriz carbonática de esparito ou micríticas
crioptocristalinas e possuem contatos curvos ou retos, além de preenchimento de fraturas por
óxido de ferro.
A forsterita ocorre na forma de cristais subeudrais com tamanho médio 1,0 mm e
alteração para serpentina e talco, indicando a paragênese retramorfismo em metacarbonatos na
fácies xisto verde. A partir dessas observações, indica-se a formação da forsterita a partir da
reação:
Dolomita + SiO4  Forsterita + Calcita

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Em ambas as unidades, o quartzo ocorre na forma de cristais com tamanho variando


entre 0,2 mm e 1,0 mm, com extinção ondulante e envolto por uma matriz micrítica. Apesar de
ocorrer de forma disseminada nas seções delgadas, esse mineral apresenta-se como mineral
acessório nessa litologia.
A flogopita apresenta-se na forma de cristais subeudrais, com hábito
predominantemente ripiforme, tamanho médio de 0,5 mm e sinal ótico biaxial negativo. Por
vezes, é possível observar um leve dobramento nesses grãos, atestando a ocorrência de eventos
deformacionais nessa rocha.
Os minerais opacos são anédricos, atingindo tamanho máximo de 0,4 mm e contatos
serrilhados com cristais de calcita e dolomita, principalmente.
Assim, diante das informações supracitadas, Souza (2017) infere que o protólito da
rocha foi depositado em um contexto de planície de maré, uma vez que há peloides e oncolitos,
indicadores de ambientes de energia baixa a moderada.
Rochas calciossilicáticas

Ocorrendo como um conjunto de serras localizados na porção SW da área mapeada, as


rochas referidas nesse tópico necessitam de um estudo mais detalhado acerca de sua paragênese
mineral, bem como da identificação de aspectos estruturais e da relação de contato com os
ortognaisses graníticos da USC.
Em escala de afloramento, as rochas possuem coloração rósea/verde claro a cinza claro,
granulação fina a média, com processos de migmatização sendo representado por um neossoma
de composição granítica e com cristalização de pórfiroblastos de granada. Estas não apresentam
nenhuma direção preferencial de cristalização e ocorrem com maior abundância no topo da
serra, que possui direção NNW-SSE (Figura 3.9).

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Figura 3-9: Feições características do conjunto de serras que compõem de rochas calciossilicáticas. Em A e B)
Porção do afloramento demonstrando a coloração rósea a esverdeada e concentração de cristais de granada; C)
Amostra de mão com bandas representadas por clinopiroxênio e granadas.

As amostras coletadas dessa litologia podem ser divididas em dois grupos: i) coletada
da base da serra, essa seção delgada não apresenta granadas e possuem menos de 10% de
clinopiroxênio. Possuem mineralogia principal definida por quartzo e plagioclásio, com
ocorrência pontual de titanita e escapolita; ii) coletadas no topo da serra, as seções delgadas são
compostas principalmente por quartzo, plagioclásio, diopsídio, escapolita e granada, podendo
ocorrer pontualmente cristais de titanita (Figura 3.10).

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Arqueano São José Do Campestre, Ne Do Brasil – SILVA, M.S.M (2017)

Figura 3-10: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) evidenciando a associação mineral
clinopiroxênio + granada (Grt) + escapolita (Ecp) e quartzo (Qtz). Em lâmina, não foi possível observar
alinhamento de minerais e nem estruturas típicas de rochas ígneas.

Unidade II: Complexo Senador Elói de Souza

Ocorrendo como uma faixa estreita de direção NW-SW próximo ao município de


Senador Elói de Souza, o Complexo Senador Elói de Souza (CSES) é composto por
ortognaisses anortosíticos, metamáficas e rochas ultramáficas associadas.
Geocronologicamente, Dantas (1997) obteve idades de 3,03 em amostras de oligoclasito, sendo
interpretada como a idade de cristalização dessa unidade.

Ortognaisses anortosíticos

Possuem como característica principal a presença de clinopiroxênio e granada, além de


abundância na quantidade de plagioclásio. São rochas que em escala de campo apresentam-se
melanocráticas com coloração esverdeada e diferentes composições (Figura 3.11 A e B). Além
disso, estruturalmente essas rochas apresentam um forte bandamento metamórfico orientado na
direção NW.
Petrograficamente, essas rochas possuem como mineralogia máfica hornblenda marrom
e verde, hedenbergita e granada. Comumente, minerais acessórios como titanita, epidoto,
apatita e minerais opacos ocorrem disseminados nas seções delgadas (Figura 3.11 C e D).

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Figura 3-11: Em A e B) Amostras de mão representativas dos Hedenbergita gnaisses evidenciando uma rocha de
coloração esverdeada com bandamento composto por porções com quartzo e plagioclásio e porções ricas em
clinopiroxênio. Em C e D) Fotomicrografia com nicóis paralelos e nícois cruzados com associação mineral
composta por clinopiroxênio (Cpx), quarto (Qtz), plagioclásio (Pl) e feldspato potássico (Kf). É possível observar
um bandamento metamórfico composto pelo alinhamento dos cristais de Hedenbergitas.

Metamáficas e ultramáficas associadas

As rochas ultramáficas e metamáficas pertencentes a essa unidade ocorrem intercaladas


com os Hedenbergita ortognaisse de forma concordante com a direção da foliação principal
(S2), indicando idades correlatas de cristalização dessas rochas próximas a ocorrência do evento
deformacional D2. Muitas vezes, as relações de contato não são bem definidas, uma vez que
essas rochas se apresentam preferencialmente na forma de blocos rolados disseminados nessa
unidade. Entretanto, é possível observar nessas amostras venulações de quartzo, bem como
veios de material carbonático indicando a ocorrência da intrusão de fluidos ricos em sílica
(Figura 3.12 A). Além desses, foi encontrado no ponto N 45, próximo ao município de Senador
Elói de Souza, blocos rolados de possíveis rochas carbonáticas que, posteriormente, através da
descrição de seções delgadas, foram classificadas como carbonatitos devido a paragênese
mineral composta por calcita + flogopita + diopsídio + forsterita + serpentina. Pontualmente,
observa-se cristais de granada e tremolita (Figura 3.12 C, D e E).

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Figura 3-12: Em A e B) Blocos rolados de piroxenito com presença de veios de quartzo; Em C e D) Amostras de
campo e de mão representando as possíveis rochas carbonatíticas e evidenciando uma textura grossa e coloração
esbranquiçada. Em E) Fotomicrografia com nicóis cruzados compilada de Negreiros et al. (2016) de seção
delgada do ponto N 45 e que demonstram a associação mineral composta por calcita+diopsídio+flogopita nas
amostras coletadas.

Unidade V: Sienogranito São José do Campestre

Apesar de ter sido denominada por Bizzi et al. (2003) como Sienogranito São José do
Campestre, a unidade V, localizada a norte do município de São José do Campestre, é composta
por ortognaisses monzograníticos a sienograníticos de granulação média a grossa, coloração
cinza a avermelhada, com estruturas gnáissicas que se acentuam em direção às margens dos
corpos (Figura 3.13). Essa unidade possui caráter metaluminoso com tendência alcalina e
lineação por fluxo de magma, representado pelo alinhamento dos cristais de hornblenda. Além
disso, é possível observar diques de pegmatito de direção N-S cortando as estruturas prévias.
Dantas et al. (2004) definem idade de cristalização em torno de 2,6 Ga a partir de datação U-
Pb em zircões
Estruturalmente, essa unidade é controlada em sua porção sul por uma zona de
cisalhamento de cinemática dextral e as atitudes dos planos possuem direção preferencial NE-
SW com mergulhos moderados para NW. Em contrapartida, a medida que se distancia da zona
de cisalhamento, as rochas apresentam direção NW-SE com mergulhos leves a moderados para
SW. Assim, a disposição dessa unidade geológica em mapa configura uma estruturação

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controlada tanto por zonas de cisalhamento, como pelos eventos deformacionais que afetaram
o núcleo arqueano, uma vez que possuem antiformes inclinados com linha de charneira
mergulhando para sul.
Petrograficamente, essa unidade é composta por ortoclásio, plagioclásio, hornblenda e
hastingita como associação mineral essencial. Ademais, os minerais acessórios presentes são
biotita e alanita, podendo ocorrer raramente cristais de clinopiroxênio.

Figura 3-13: Ortognaisse granítico da unidade Sienogranito São José do Campestre com lineamento expressivo
determinado pelos cristais de hornblenda. Observa-se, ainda, uma textura média a grossa e coloração cinza.

Unidade IV: Complexo Santa Cruz

Caracterizada pelas rochas do Complexo Santa Cruz (CSC), a Unidade IV é composta


por biotita-hornblenda gnaisse granodiorítico, biotita augen gnaisse granodiorítico e biotita-
hornblenda gnaisse tonalítico que afloram no limite sul e oeste da área mapeada e que se
localizam a oeste da zona de cisalhamento que limita o bloco arqueano do bloco
paleoproterozoico. Entretanto, próximo ao município de Tangará observou-se a presença de um
corpo de augen gnaisse granodiorítico a dioritico no limite leste da mesma zona de
cisalhamento.
Em mesoescala, os gnaisses que caracterizam o CSC possuem certa distinção de um
afloramento para outro. Por exemplo, os ortognaisses dessa unidade que foram mapeados na
porção sul da área, próximo ao município de São José do Campestre, possuem composição
granítica com pórfiros de K-feldspato levemente estirados seguindo a direção da zona de
cisalhamento dextral localizada na porção SE e apresentam textura média a grossa com cristais
de biotita que contornam os pórfiros. Ocorre, ainda, níveis dioríticos concordantes com a

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direção de estiramentos desses cristais e observa-se pouca deformação quando comparados com
os ortognaisses arqueanos (Figura 3.14).

Figura 3-14: Ortognaisse granítico com porções dioríticas e apresentando pórfiros de k-feldspato levemente
estirados. Possuem coloração cinza e textura média a grossa, além de pouca deformação.

Os ortognaisses mapeados na
porção NW da área, próximos à zona
de cisalhamento que limita o bloco
arqueano e o bloco paleoproterozoico
e do município de Lagoa dos Velhos,
possuem bandamento bem marcado
por biotitas representando as porções
máficas e a porção félsica sendo
composta por quartzo e K-feldspato.
Possuem composição granítica,
foliação principal S2 com mergulho
moderado para sudoeste e zona de
cisalhamento dextral (Figura 3.15).
Figura 3-15: Ortognaisse granítico com presença de zona de
Em contrapartida, próximo cisalhamento dextral no ponto MS 18, localizado na porção NW da
do município de Tangará e a leste da área mapeada.
zona de cisalhamento que delimita os blocos, foi mapeado um augen gnaisse granodiorítico a
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diorítico, com presença de gradação nos graus de milonitização, zonas de cisalhamento dextrais,
pórfiros de K-feldspato estirados, além de diques de granito que trucam toda a rocha na direção
N-S (Figura 3.16).

Figura 3-16: Augen gnaisse do Complexo Santa Cruz com presença de diferentes graus de milonitização e pórfiros
de K-feldspato estirados segunda a zona de cisalhamento.

Petrograficamente, essa unidade é composta por quartzo (20-40%), apresentando


extinção ondulante e tamanho médio de 0,8 mm, o plagioclásio do tipo oligoclásio (10-40%)
apresenta geminação polissintética, podendo ser observado reações de saussuritização e
presença de mimerquitas, K-feldspato (50-65%) é do tipo microclina e chegando a possuir
cristais de 3,0 mm com geminação tartan, e biotitas compondo aproximadamente 20% das
seções delgadas descritas. Estas possuem tamanho médio de 1,0 mm e coloração esverdeada
com forte pleocroismo para tons acastanhados. Além desses, observa-se a presença de titanita
e minerais opacos associados às biotitas, podendo ocorrer cristais de alanita com contato
irregular com esses cristais. Ocasionalmente, hornblenda compõem uma pequena porcentagem
das lâminas delgadas (cerda de 5%) e aparecem associadas aos cristais de biotita.

Unidade V: Granitos róseos equigranulares

Caracterizada por rochas de composição granítica, a Unidade V está relacionada ao


evento magmático de idade brasiliana que é responsável pelo alojamento de diques e stocks de
granito róseo hololeucocrático e equigranular que ocorrem por toda a Província Borborema. Na
área mapeada, os stocks graníticos são encontrados por toda a região na forma de corpos com
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variados tamanhos, espessuras e direções, variando desde NE-SW, N-S, a corpos sem
orientação definida, enquanto que os diques ocorrem preferencialmente na direção N-S, sem
deformação e truncando estruturas arqueanas e paleoproterozoicas (Figura 3.17).
Em campo, os stocks graníticos são identificados por serem responsáveis pela formação
de elevações no relevo e por serem rochas leucocráticas, de coloração rósea, granulação fina a
média e com variadas quantidades de hornblenda ou biotita, que podem ocorrer levemente
orientadas. Além disso, esses corpos graníticos não apresentam traços de deformação e possuem
orientação preferencial NE-SW, podendo estar associados a zonas de cisalhamento.

Figura 3-17: Stocks e diques graníticos mapeados na área de estudo. Em A) Stock granítico equigranular róseo
de textura média a fina da Pedreira de Teixeira; B) Dique granítico truncando os ortognaisses tonalíticos da
USC; C) Dique pegmatítico trucando os ortognaisses graníticos pouco deformados da USC; D) Granito róseo
equigranular de textura fina a média correspondente a Suíte Dona Inês. Essa foto corresponde a feição da maior
parte dos granitos mapeados.

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Petrografia

Petrograficamente, os stocks graníticos da área mapeada são compostos por quartzo (30-
60%), plagioclásio (10%), feldspato potássico (30-45%), possuindo como acessórios biotita
(<10%), mica branca (<1%), apatita (<1%), minerais opacos (<1%) e epidoto (<1%).
Os cristais de quartzo são anedrais e possuem tamanhos que variam de 0,5 mm a 2,5
mm. Apresentam extinção ondulante na maioria das seções delgadas, além da ocorrência de
texturas poligonais. Ademais, o contato com os cristais de plagioclásio e feldspato potássico
são preferencialmente irregulares (Figura 3.19 D).
Os plagioclásios do tipo oligoclásio são caracterizados por cristais com tamanho médio
de 1,2 mm e que possuem contato serrilhado com os grãos de feldspato potássico e quartzo
(principalmente). Há ocorrência de geminação polissintética e carlsbad pontuais. Esse mineral
é caracterizado pela abundância de processos de sericitação, onde há a formação de mica no
centro dos cristais, e de processos de saussuritização, onde há a formação de epidoto, uma vez
que esse mineral se cristaliza em solução sólida de Na-Ca, abrangendo diversas condições
magmáticas distintas. Dessa forma, plagioclásios ricos em cálcio e instáveis a baixas
temperaturas desestabilizam liberando Ca e Al para a formação do epidoto. Além dos processos
de alteração, os cristais de plagioclásio também apresentam mimerquita.
Os cristais de feldspato potássico são do tipo microclima, com grãos anedrais a
subanedrais e tamanho que varia de 0,5 mm a 2,0 mm. O contato com outros cristais é curvo
ou serrilhado ocorrendo, por vezes, geminação tartan pontual. Além disso, em algumas seções
delgadas foi possível identificar feições de alteração para mica branca.
O mineral máfico que ocorre nos granitos é representado pelas biotitas. Estas possuem
coloração amerelada e com pleocroismo para marrom claro e tamanho médio de 1,5 mm. Além
disso, não exibem em seção delgada nenhum tipo de alinhamento, ao contrário do que é visto
em escala de afloramento (Figura 3.18 e Figura 3.19 C).
Os minerais opacos ocorrem ora distribuídos aleatoriamente, ora associados às biotitas.
São subanedrais e possuem tamanho inferior a 0,2 mm. Em alguns cristais é possível observar
um hábito cúbico, indicando que esse mineral opaco pode ser magnetita, formada tardiamente
com relação aos outros cristais.
O epidoto ocorre no centro dos cristais de plagioclásio a partir de um processo de
saussuritização nos cristais de plagioclásio. Sendo assim, os grãos são anedrais e possuem
tamanho médio de 0,2 mm e coloração verde claro ou incolor.

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Figura 3-18: Fotomicrografia com nicóis paralelos (A) e nicóis cruzados (B) de cristal de biotita (Bt) com
coloração acastanhada e presença de processo de muscovitização no centro dos cristais de plagioclásio (Pl).

Figura 3-19: Fotomicrografia com nicóis cruzados (C) e nicóis paralelos (D). Em C) Presença de biotitas
acastanhadas que compõem menos de 5% das seções delgada; Em D) Contatos irregulares entre os cristais de
quartzo (Qtz), plagioclásio (Pl) e K-feldspato (Kf).

Unidade VI: Cobertura Holocênica

Depósitos colúvios – eluviais

Representada por sedimentos de idade paleógena-neógena encontrados na porção


nordeste e leste da área, a unidade VI é caracterizada por sedimentos inconsolidados de natureza
areno-argilosa, arenosa e conglomerática.

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4. CARACTERIZAÇÃO TECTONO-METAMÓRFICA

4.1 INTRODUÇÃO

Diante das informações apresentadas no capítulo anterior acerca dos aspectos


litológicos e as relações de contatos entre as diferentes litologias da área mapeada, tornou-se
necessário correlacionar os dados expostos com as principais estruturas e eventos metamórficos
identificados em escala de afloramento e que, juntamente com imagens SRTM e interpretação
de fotografias áreas, permitiu a definição de lineamentos dúcteis e rúpteis, bem como a
demarcação de macroestruturas (Mapa Geológico – Anexo II). Além disso, foram também
definidos os principais eventos deformacionais e metamórficos a partir da correlação com
critérios cinemáticos e geométricos observados em macro, meso e microescala. Assim, apesar
de abordar as características tectono-metamórficas de toda a área mapeada, o presente capítulo
dará ênfase a evolução estrutural e os eventos deformacionais e metamórficos do NASJC.
O Núcleo Arqueano São José do Campestre (NASJC) corresponde a um dos mais
antigos núcleos cratônicos da Plataforma Sul-Americana (Dantas et al. 2004, 2013; Souza et
al. 2016). Dessa forma, é uma das unidades geológicas que possui maior complexidade no que
se diz respeito a sua história evolutiva e deformacional. Sua geometria e seus limites derivam
dos processos geológicos ocorridos principalmente na Orogênese Brasiliana, que foi
responsável por extensas zonas de cisalhamento transcorrentes que delimitam o núcleo
arqueano e que, possivelmente, provocou a rotação desse bloco através de um movimento
dextrógiro no limite entre os ortognaisses arqueanos e o bloco paleoproterozoico localizados na
porção oeste e sul da área mapeada.
Forma classificados quatro eventos deformacionais, denominados D1, D2, D3 e D4, com
bases nos critérios estruturais e na distinção de deformações dúcteis e rúpteis. Quanto ao
metamorfismo, foram diferenciados três eventos, aqui denominados de M1, M2 e M3, com base
nas paragêneses e associações minerais.
Os primeiros eventos deformacionais (D1 e D2) estão associados a eventos tectono-
metamórficos ocorridos no Arqueano, bem como seus respectivos metamorfismos (M1 e M2).
Em contrapartida, o evento D3/M3 e D4 possuem idades neoproterozoicas, onde D4, de nível
crustal mais raso e caráter dúctil/rúptil, apresenta dois estágios: o primeiro relacionado a uma
tectônica dúctil com a formação de dobras suaves, enquanto que o segundo está relacionado a
uma tectônica rúptil, onde há o aparecimento de fraturas e falhas por todo o NASJC.

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4.2 EVENTOS DEFORMACIONAIS

4.2.1 Evento D1/M1

Corresponde às estruturas deformacionais mais antigas da área mapeada, afetando


apenas as rochas no NASJC. Como são estruturas mais antigas e que foram afetadas pelos
eventos deformacionais subsequentes, as estruturas não se encontram preservadas. Entretanto,
observou-se no afloramento S 43, localizado a NW do município de Tangará a cerca de 2 km,
que o bandamento metamórfico S2, originado no evento deformacional D2, foi responsável pelo
dobrado de uma foliação precedente (S1), gerando dobras intrafoliais no qual o plano axial
apresenta-se paralelo a S1 (Figura 4.1). Desta forma, constatou-se que a foliação correspondente
a esse evento deformacional (S1), ocorre frequentemente paralela à foliação S2 (exceto nas
charneiras das dobras F2) e que D1 é caracterizado como a formação do bandamento
metamórfico.

Figura 4-1: Ortognaisse granítico migmatizado (S 43) com paralelização entre as foliações S1 e S2 como resultado
do evento deformacional D2. Em A’ observa-se a presença de dobras intrafoliais onde o plano axial constitui o
plano da foliação S2.

Devido ao retrabalhamento das rochas pelos eventos D2 e D3, o metamorfismo associado


ao evento D1 não pôde ser caracterizado, uma vez que há recristalização dos minerais durante
esses eventos, impossibilitando a ocorrência de assembleias mineralógicas diagnósticas do grau

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metamórfico. Porém, a ocorrência de processos de migmatização indicam condições


equivalentes as da fácies anfibolito médio a superior para esse evento.

4.2.2 Evento D2/M2

Responsável pela formação do bandamento/foliação principal no núcleo arqueano, o


evento deformacional D2 é caracterizado pela formação de uma foliação (S2) bem desenvolvida,
com alto grau metamórfico e que está relacionada a uma tectônica de baixo ângulo (Figura 4.4).
Por vezes, tanto a direção como o mergulho dos planos dessa foliação apresentam-se variados,
porém predominam na direção NW-SE e com mergulhos de baixo ângulo.
Os ortognaisses pertencentes a Unidade Serra Caiada possuem idades de 3,35 Ga (Souza
et al. 2016), enquanto que os leucossomas de composição granítica a tonalítica, derivados da
fusão parcial, apresentam idades de 3,08 Ga (Dantas, 1996). Assim, infere-se idades próximas
a 3,0 Ga para o evento D2/M2. Este é caracterizado por ser um evento deformacional de alta
temperatura, uma vez que é responsável pela geração desses migmatitos com leucossomas
graníticos a tonalíticos. É nesse evento, ainda, que as intrusões sintectônicas de condições
subsolidus passam pela primeira fase de deformação e metamorfismo. Posteriormente, Souza
et al. (2016) através de datação U/Pb em zircão, obteve idades de cristalização de 3,4 Ga e 3,05
Ga para uma fase de metamorfismo de alto grau associado às rochas ortoderivadas.
A remobilização vista nos ortognaisses expressam a desestabilização da biotita +
quartzo para a formação da microclima + granada nas porções tonalíticas. Assim, o segundo
evento metamórfico (M2) refere-se aos elementos deformacionais da tectônica tangencial, com
a foliação S2 de baixo ângulo e paralela ou subparalela ao bandamento S1 (Figura 4.2). Além
disso, essa foliação pode apresentar-se levemente ondulada devidos à deformação D4 - que
causa leves alterações na direção e sentindo de mergulho - ou pode formar padrões de
interferência tipo coaxial devido à deformação D3 (Figura 4.3).

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Figura 4-2: Ortognaisse bandado com leucossoma granítico (S 50) indicando o dobramento da foliação S1 pelo
evento D2, gerando dobras apertadas paralelas a subparelelas a S1, indicando maior proximidade com regiões
de alta deformação.

Figura 4-3: Ortognaisse granodiorítico com relação entre as foliações S2 e S3, evidenciados pela superporsição
coaxial D3 sobre D2. Esse afloramento (S 72) representa as feições predominantes, que se encontram-se
perpendiculares entre si como resultado do evento deformacional D3

Figura 4-4: Ortognaisse granítico (N16) apresentando a foliação S2 bem desenvolvida, resultado do evento
deformacional D2. A direção N-S do plano dessa foliação indica a aproximação da zona de cisalhamento dextral
que limita o NASJC e os ortognaisses graníticos paleoproterozoicos.
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As lineações desse evento (L2) ocorrem rotacionadas e com variação na atitude. Apesar
disso, possuem sempre caimento suave e sentindo predominantemente para NW (Figura 4.5).
Entretanto, em alguns afloramentos foi identificado caimento suave para SE ou SW, inferindo
um comportamento tectônico tangencial que está associado a empurrões e transporte na direção
NW-SE. Posteriormente, essas estruturas de baixo ângulo são rotacionadas pelo evento
deformacional posterior, onde há verticalização da foliação S2 e rotação das lineações L2.

Figura 4-5: Rede estereográfica de Schmidt (hemisfério inferior) mostrando os planos das foliações S2 e S3, bem
como evidenciando o comportamento das lineações de interseção L2 e lineação L3 para toda a área mapeada.
Observa-se a variação no sentindo de caimento de L2 derivados da influência dos eventos deformacionais pós-
D2. Compilado de Viegas (2007).

Quanto aos remobilizados leucocráticos presentes nesse evento, a presença de texturas


granoblásticas poligonais nos feldspatos e texturas mirmequitas na trama S2 indicam condições
na fácies anfibolito alto com anatexia. Além disso, o metamorfismo M2 gera um bandamento
S2 que é composto pela associação hornblenda + biotita + plagioclásio (An > 20), que
corresponde um indício para a determinação dessa fácies metamórfica onde as temperaturas
atingem 750ºC, correspondendo às fácies anfibolito superior ou granulito hidratado, sendo
indicado por:
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i) Associação hornblenda + biotita magnesiana + plagioclásio (An > 20);


ii) Bandamento representado por K-feldspato (mesopertítico) + sillimanita + granada
+ cordierita.

Figura 4-6: Fotomicrografias (nicóis paralelos e cruzados) de granada-biotita paragnaisse (ES 40 M1)
mostrando cristais de granada (Gd), sillimanita granular (Sil) e agregados de biotitas (Bt) seguindo a foliação
principal (S2).

Figura 4-7: Fotomicrografia de sillimanita-granada-biotita paragnaisse (ES 902) a (nicóis paralelos e cruzados)
evidenciando assembleia mineralógica característica do metamorfismo em alto grau de pelitos durante o evento
deformacional D2.

Nesse evento ainda pode ser inferida a correlação entre os ortognaisses graníticos a
granodioríticos com as lentes de piroxonito e anfibolito, uma vez que estas rochas apresentam-
se sempre acompanhando a foliação principal (S2).

4.2.3 Evento D3/M3

Definido como um dos eventos mais marcantes na área estudada, o terceiro evento
deformacional (D3) é caracterizado pelo dobramento da foliação S2, gerando dobras abertas a
fechadas, normais, inversas e recumbentes, onde o plano axial S3 encontra-se em alto ângulo
com as foliações S1 e S2 (Figura 4.8). Entretanto, em alguns afloramentos, todas as tramas

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encontram-se paralelizadas (S1//S2//S3) como resultado da intensa deformação. Por sua vez, o
metamorfismo (M3) associado a esse evento varia desde a fácies xisto verde a anfibolito
superior com ocorrência de processos de migmatização associado às zonas de cisalhamento. É
neste evento, ainda, que há a geração da tectônica transcorrente/distensional que forma as zonas
de cisalhamento que definem a disposição dos plutões granitoides.

Figura 4-8: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (S 43) afetado pelo evento deformacional D3,
gerando dobras abertas com plano axial subvertical e com alto ângulo com o plano da foliação S2. Observa-se,
ainda, diques pegmatíticos de idade brasiliana cortando ortogonalmente S2.

O evento D3 é responsável não só pela verticalização de S2 ou pela formação de dobras


abertas e fechadas, mas também pela geração de diversos padrões de redobramento, tipo laço e
bumerangue (Figura 4.9). Estes são observados nas regiões de maior strain da deformação D3,
como na serra de Serra Caiada. Quando observado em macroescala, este evento é responsável
pelo controle estrutural de boa parte do núcleo arqueano, com a formação de macro dobras que
afetam as unidades geológicas do NASJC e geram antiformes e sinformes de direção NW-SE,
com caimento da linha de charneira para NW. Sendo assim, observa-se um esforço tectônico
de direção preferencial NE-SW, que também é responsável pela geração de zonas de
cisalhamento transcorrentes que são preenchidas por leucossoma granítico nos estádios finais

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da deformação milonítica. Nesse estágio final, ainda, observa-se a verticalização das estruturas
de D1, D2 e D3 a medida que se aproxima das zonas de deformação milonítica.

Figura 4-9: Ortognaisse granítico (Afloramento C 21 - serra de Serra Caiada) com padrão de interferência tipo
bumerangue derivado da ação do evento deformacional D3.

O metamorfismo associado a esse evento pode ser dividido em duas etapas: a primeira
(M3a) corresponde a condições de maior grau metamórfico, relacionada à fácies anfibolito
superior indicado pela fusão parcial no interior das zonas de cisalhamento extensionais
relacionadas a D3 que, também atrelado a ele, é caracterizado pela presença de diques e stocks
graníticos de direção preferencialmente N-S. Ademais, os cristais de olivina presentes nos
metacarbonatos apontam temperaturas acima de 600ºC.
Localizado a norte do município de Tangará e na forma de um conjunto de serras de
direção NNW-SSE, as rochas calciossilicáticas mapeadas nesse trabalho possuem mineralogia
determinada pela associação diopsídio + escapolita + granada (grossulária) + quartzo +
plagioclásio cálcico. Dessa forma, como não foi visualizado relações de contato entre esse
corpo e as rochas adjacentes e os eventos deformacionais visualizados em escala de afloramento
se restringirem aos processos de migmatização, definiu-se um evento metamórfico M3a para
essas rochas a partir de:
i) escapolita do tipo meionita: Definida a partir da cor de interferência, a meionita é
rica em cálcio e é um mineral indicador de alto grau metamórfico e, quando
associadas a diopsídio e plagioclásio, indicam fácies anfibolito;
ii) granada do tipo grossulária: estável em fases fluidas ricas em H2O;
iii) plagioclásio cálcico indicativo de fluidos ricos em CO2.

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Dessa forma, admite-se um evento metassomático associados às rochas gnáissicas,


gerando escapolita e granadas devido a percolação de fluidos em condições de alta temperatura
e baixa fO2.
A segunda fase (M3b) é marcada por retrometamorfismo para a fácies xisto verde
caracterizado pela associação mineral epidoto + calcita em anfibolitos e reações de
serpentinização em olivinas nos metacarbonatos.
Os eventos deformacionais que ocorrem no núcleo arqueano que possuem associações
metamórficas são representados no diagrama de pressão x temperatura abaixo, onde estão
atrelados às suas respectivas fácies metamórficas.

Figura 4-10: Diagrama indicativo das condições de pressão e temperatura para o metamorfismo ocorrido nos
eventos deformacionais que afetam as rochas do núcleo arqueano. Diagrama adaptado de Juliani (2002). Fácies
metamórficas: Fácies metamórficos: Z: zeólita; PP: pumpellyita - prehnita; XV: xisto - verde; A: anfibolito; G:
granulito; AE: albita epídoto hornfels; H: hornblenda hornfels; P: piroxênio hornfels; S sanidina hornfels; XA:
xisto-azul; E: eclogito

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4.2.4 Evento D4

O quarto evento deformacional (D4), de idade brasiliana, foi o último evento de caráter
dúctil que ocorreu no NASJC e é responsável pelo redobramento das foliações S1//S2, gerando
dobras F4 (Figura 4.11). Por ocorrer em nível crustal mais raso, o dobramento relativo a esse
evento é caracterizado por dobras suaves e abertas, apresentando plano axial subvertical com
direção preferencial NE-SW. Além disso, foi observado que o plano axial de S4 não gera
bandamento metamórfico significativo.
O estágio tardio do evento D4 é marcado pelo intenso magmatismo plutônico na forma
de stocks e diques graníticos distribuídos em toda área, mas ocorrendo predominantemente na
porção norte e central do NASJC. Estes apresentam-se preferencialmente na direção N-S e
variam texturalmente entre diques graníticos a pegmatíticos, sempre truncando todas as
estruturas prévias.

Figura 4-11: Ortognaisse granítico a granodiorítico migmatizado (MS 12) com S1//S2 e dobramento suave
derivado do evento deformacional D4. Em algumas porções, é possível observar milonitização indicada pela
presença de anfibólios estirados na direção N-S.

A tectônica rúptil associada a esse evento é reconhecida através de falhas transcorrentes,


normais ou inversas, que possuem direções e rejeitos variados. Geralmente, os sistemas de
falhas apresentam tamanho centimétrico a métrico com direções preferenciais N-S (Figura
4.12). Além disso, associado ao Magmatismo Juro-Cretáceo Rio Ceará Mirim, há a ocorrência
de diques basálticos de direção E-W (MS 15) (Figura 4.13).

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Figura 4-12: Ortognaisse granítico com porções granodioríticas, cortado por veio pegmatítico de direção N-
S sendo controlado pela tectônica rúptil do evento D4. (Afloramento C 21 - serra de Serra Caiada).

Figura 4-13: Dique basáltico de direção E-W em ortognaisse granítico migmatizado (MS 15) relativo ao
Magmatismo Rio Ceará Mirim.

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5. CRITÉRIOS DE SEPARAÇÃO DAS ROCHAS ARQUEANAS E


PALEOPROTEROZOICAS
A composição mineralógica, as características estruturais relacionadas aos eventos
deformacionais, bem como a disposição das rochas em campo dificultam a diferenciação dos
ortognaisses arqueanos e paleoproterozoicos, uma vez que essas rochas se assemelham em
todos esses componentes. Dessa forma, a delimitação do limite entre os blocos teve como
parâmetro principal a utilização de critérios estruturais relacionados ao evento deformacional
D4, onde ocorre a geração de extensas zonas de cisalhamento transcorrentes que são
responsáveis pela diferença de geometria de estruturas D4 e que afetam diretamente as estruturas
pretéritas.
No núcleo arqueano, o evento deformacional D4 é responsável pela geração de dobras
abertas com plano axial subvertical com direção preferencial NE-SW. Dessa forma, a
componente de maior esforço, de direção NE-SW, redobra as foliações S1//S2 gerando dobras
suaves com plano axial subvertical, que são responsáveis por uma leve variação nos planos de
foliação. Em contrapartida, os ortognaisses paleoproterozoicos são afetados com maior
intensidade por esse evento, uma vez que a atuação desse campo de tensões gera uma foliação
com trend também NE-SW, com mergulho moderado a forte e presença de pórfiros de K-
feldspato nos augen gnaisses indicando cinemática dextral, além de zonas miloníticas a
ultramiloníticas localizadas em corpos no limite entre os dois blocos.
Processos de milonitização gradacional são observados em maior proporção nos
ortognaisses paleoproterozoicos, uma vez que estão localizados próximos a zonas de
cisalhamento onde há um aumento de temperatura associado a um componente de estiramento.
Dessa forma, como as zonas de cisalhamento que estão localizadas no centro do núcleo
arqueano são de menor expressividade, não são capazes de gerar rochas milonítica e
ultramiloníticas.
O contato entre os blocos arqueano e paleoproterozoico pode ser melhor caracterizado
através da utilização de dados geofísicos - como ferramenta de apoio para a individualização
dos blocos crustais, uma vez que possuem assinaturas geofísicas particulares – e dados de
datação U/Pb em zircão. Assim, essas informações associadas a dados de campo são capazes
de promover um modelo ideal de configuração para o contato entre essas duas unidades.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A individualização das unidades geológicas presentes no NASJC que foram


caracterizadas nesse trabalho a partir da análise petrográfica e de feições de campo, bem como
das relações de contato entre os diferentes tipos litológicos possuem contribuição para o
entendimento da arquitetura interna, da evolução geológica e estruturação do arcabouço
tectono-estratigráfico no núcleo arqueano, além da relação de contato entre os ortognaisses
migmatíticos arqueanos e as rochas do Complexo Caicó.
Foram definidas dez litotipos distintos agrupados em seis unidades de mapeamento
representadas da base para o topo por:
1) ortognaisses graníticos a tonalíticos migmatizados, silimanita-cordierita-granada-biotita
paragnaisse migmatito, mármores e metacarbonatos e ultramáficas da Unidade Serra
Caiada;
2) ortognaisses anortosíticos, metamáficas e ultramáficas do Complexo Senador Elói de
Souza;
3) ortognaisses graníticos a granodioríticos do Sienogranito São José do Campestre;
4) ortognaisses granodioríticos a tonalíticos e augen gnaisses paleoproterozoicos;
5) diques e stocks graníticos de idade ediacarana e diques basálticos do Magmatismo Rio
Ceará-Mirim;
6) cobertura holocênica.

A maior parte dessas unidades geológicas foram afetadas pelos eventos deformacionais e
metamórficos que ocorreram no NASJC e que são responsáveis pela atuação configuração desse
bloco no Domínio Rio Grande do Norte. Essa evolução tectônica ocorre desde o arqueano até
o cenozoico e envolve quatro fases deformacionais, definidas como D1, D2, D3 e D4, associadas
a três eventos metamórficos, definidos como M1, M2 e M3.
De idade arqueana, o evento deformacional D1 é responsável pela geração de uma
foliação/bandamento metamórfico (S1) de baixo ângulo e, apesar de não apresentar assembleias
mineralógicas diagnósticas do grau metamórfico, os processos de migmatização atuantes nessa
fase indicam condições equivalentes a fácies anfibolito médio a superior, caracterizando o
evento metamórfico M1. Posteriormente, o evento deformacional D2 é responsável pela geração
de uma foliação bem desenvolvida, relacionada a uma tectônica de baixo ângulo e que
representa a foliação principal no NASJC. Esse evento é responsável pela formação de dobras
intrafoliais, apertadas e isoclinais, com plano axial paralelo a subparalelo a S1, além de ocorrer

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processos de migmatização formando leucossomas graníticos a tonalíticos. O evento


metamórfico associado ocorre na fácies anfibolito superior a granulito hidratado representado
pela associação hornblenda + biotita magnesiana + plagioclásio.
No paleoproterozoico, o evento deformacional D3 é caracterizado pelo redobramento da
foliação S2 gerando dobras abertas a fechadas com plano axial subvertical. Por vezes, as tramas
de S1, S2 e S3 podem ocorrer paralelizadas devido a intensa deformação ou formar padrões de
interferência tipo laço e bumerangue em regiões de maior strain. O metamorfismo associado a
esse evento é representado por: i) M3a correspondendo a fácies anfibolito superior e evidenciado
pela fusão parcial no interior de zonas de cisalhamento extensionais e pela associação diopsídio
+ escapolita + granada + quartzo + plagioclásio nas rochas calciossilicáticas localizadas a NW
de Tangará; ii) M3b marcado pelo retrometamorfismo para a fácies xisto verde caracterizado
pela associação epidoto + calcita e reações de sepentinização em olivinas nos metacarbonatos.
Por fim, o último evento deformacional (D4) pode ser subdivido em duas fases: a primeira
(D4a) é responsável pelo redobramento das foliações anteriores formando dobras abertas e
suaves com plano axial subvertical, além da ocorrência de um intenso magmatismo plutônico
representado por diques e stocks graníticos; a segunda fase (D4b), de nível crustal mais raso, é
caracterizada por falhas transcorrentes, normais ou inversas e presença de diques basálticos de
direção E-W do Magmatismo Rio Ceará-Mirim.
Tendo em vista os dados supracitados e as informações contidas nesse relatório, constata-
se que o terreno mapeado é constituído por rochas altamente deformadas e que formam um
conjunto de unidades altamente diversificado litologicamente. Além disso, a presença de
possíveis corpos carbonatíticos, metamáficas e ultramáficas, rochas calciossilicáticas e
formações ferríferas denotam um ambiente geológico favorável para mineralizações, sendo
necessário um estudo detalhado dessas unidades.
Apesar da caracterização das feições que distinguem os ortognaisses arqueanos dos
ortognaisses paleoproterozoicos, somente a aplicação de técnicas de descrição petrográfica e
mapeamento de campo são insuficientes para a delimitação dos limites entre os blocos, tornando
necessário a utilização de geofísica e métodos de datação associados a trabalhos de mapeamento
de detalhe onde a área compreenda a fronteira entre esses dois terrenos.

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ANEXO I

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ANEXO II

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