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AULA 1
TIPO PENAL
Verbo
Não existe tipo penal que não tenha verbo. Para a conduta ser típica, o sujeito tem de
praticar o verbo previsto no tipo penal.
Ex.: No crime de estupro (Art. 213, CP), o verbo principal é constranger. O que é
constranger? Aqui, ele não adota o significado de humilhar, mas de obrigar a algo, com
violência ou grave ameaça.
Sujeito Ativo
Quem pratica o verbo tem nome de sujeito ativo.
No que diz respeito ao sujeito ativo, ele pode ser utilizado para classificar os tipos em:
A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de um crime? Sim, somente em crimes
ambientais, pois a Constituição assim a autoriza, nos demais casos a pessoa jurídica não
tem qualquer responsabilidade.
Sujeito Passivo
Sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesionado.
Obs.: 1: Vilipendiar cadáver ou suas cinzas (Art. 212, CP), crime de respeito aos mortos,
o sujeito passivo não é o cadáver, mas a família dele. O morto jamais será sujeito passivo.
Obs.: 2: Não se pune a autolesão, ou seja, um sujeito não pode ser, ao mesmo tempo,
sujeito passivo e ativo.
Objeto Material
Objeto material é a pessoa ou a coisa sob a qual recai a conduta criminosa.
No Art. 211, CP, “Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele [...]”, cadáver ou
parte dele seria o objeto material.
Obs.: O que significa cadáver? Significa condenado aos vermes, ou seja, cadáver
necessita ter tecido. Cadáver é diferente de ossada. Subtrair um crâneo (osso) do
cemitério, não havendo violação de sepultura, não é crime.
Bem jurídico: o bem jurídico no homicídio é a vida, de modo que necessitamos saber o
que é vida. O conceito de vida foi muito trabalhado na discussão de feto anencéfalo. O
bem jurídico vida é a vida enquanto atividade cerebral.
Qual o limite entre aborto e homicídio? O marco inicial é o parto. Após o início do parto
não há mais de se falar em aborto, mas em homicídio. No parto normal, o início do parto
é o rompimento da bolça. Na cesariana, o início do parto é o início da cirurgia. Aqui não
se aplica o princípio da insignificância
Tipo objetivo: o homicídio possui a forma mais simples de tipo penal, que é matar e
alguém.
Tipo subjetivo: sempre que o legislador descreve uma conduta ele o faz na forma dolosa.
O tipo subjetivo aqui é o dolo, que é a vontade livre e consciente de praticar o tipo penal,
é “querer matar alguém”. Para o indivíduo querer matar alguém, devem ser preenchidos
os elementos fáticos e volitivo, ou seja, ele precisa saber que aquilo é alguém e que, por
certos meios, pode-se matar esse alguém.
Homicídio simples: é aquele previsto no Art. 121, caput, CP, com pena de 6 a 20 anos.
O homicídio privilegiado e qualificado agregam algumas circunstâncias características
desses crimes.
Obs.: Vale lembrar que a tentativa é a minorante mais utilizada. As minorantes podem
estar espalhadas ao longo do código penal.
Usamos a expressão “qualificadora” para se referir a uma circunstância que, ao ser
agregada, somada, ao tipo penal, vai alterar, aumentar, o mínimo e o máximo da pena.
Sempre que aumentamos o mínimo e o máximo da pena chamamos de qualificadora.
A circunstância que privilegia deve ser entendida como uma minorante prevista na parte
especial, no mesmo artigo do crime.
Homicídio privilegiado: é aquele previsto no Art. 121, §1°, com pena -1/6 a -1/2, ou
seja, a pena será reduzida de 1/6 a ½.
O homicídio será privilegiado em três situações. Todas as formas de homicídio
privilegiado estão relacionado aos motivos que levam o agente a praticar o crime.
Motivos:
1. Relevante valor social: aquele cuja toda a nação está ciente e se interessa.
2. Relevante valor moral: que diz respeito ao sujeito.
3. Dominado por motivo de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima:
casos em que a vítima, de maneira injusta, provoca o agente de tal forma que o leva a
cometer o crime, ou seja, gera forte perturbação dos sentidos. A violenta emoção deve ser
logo em seguida à injusta provocação da vítima, relação imediata.
Homicídio qualificado: é aquele previsto no Art. 121, §2°, com pena de 12 a 30 anos. O
homicídio qualificado, a qualificadora aumenta a pena mínima e máxima do homicídio
simples. As qualificadoras estão ligadas aos meios ou motivos de se praticar o crime.
Qualificadoras:
1. Mediante paga ou promessa de recompensa: chamado de homicídio mercenário.
Pessoa paga ou que recebeu recompensa para matar alguém. Aqui há, pelo menos, três
pessoas envolvidas: vítima, mandante (quem paga ou promete a recompensa) e executor.
O executor mata a vítima devido ao recebimento do dinheiro ou da promessa de
recompensa. Ao executor não recai dúvidas sob a aplicação do Art. 121, §2°, I. O
mandante irá responder por homicídio qualificado, uma vez que os motivos não são os
mesmos do executor? A prevalência no STF é que a qualificadora vale para os dois. O
STF fundamenta-se na teoria monista, ou seja, todos aqueles que concorrem para o
mesmo crime responde por ele na medida de sua culpabilidade. A posição do STF ainda
não está pacificada.
2. Motivo torpe: é o motivo asqueroso, que causa repugnância.
3. Motivo fútil: é o motivo desproporcional. Ex.: Matar alguém por causa de um celular.
O ciúme é um motivo fútil? Depende. O ciúme é um sentimento importante, mas deve-se
analisar a situação no caso concreto. A priori, não se pode falar que ele é um motivo fútil.
4. Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (qualificadoras objetivas) ou
outro meio insidioso, cruel ou que possa resultar perigo comum. O veneno é um meio
insidioso, já o fogo, explosivo e a asfixia são cruéis. Meio insidioso é aquele praticado às
escondidas, de maneira velada. Para o veneno ser uma qualificadora ele deve ser usado
de maneira insidiosa, escondida. Asfixia pode ser mecânica, como o estrangulamento, ou
química, por meio de fumaça, gás, etc. A tortura é infligir à vítima grave sofrimento físico
ou mental, moral.
5. Traição, emboscada, ou mediante dissimulação de outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa da vítima. Na traição, já existe uma relação de confiança entre
autor e vítima, uma vez que, devido a confiança, a vítima é muito menos vigilante. A
dissimulação é quando a pessoa esconde a sua real intenção. Um outro meio que dificulte
a defesa da vítima pode ser, por exemplo, o tiro nas costas. Para o Ministério Público
quase tudo que dificulta a defesa da vítima é qualificado.
6. Cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime. É matar para garantir a vantagem sob um crime, como matar um parceiro
de um crime. Matar para ocultar um crime, como matar testemunhas.
7. Feminicídio: é uma forma de homicídio qualificado. Ele será qualificado, pois o agente
matou uma melhor pela razão de sua condição de mulher, ou seja, meramente pela pessoa
ser mulher. Em termos de praticidade, não necessitava esse acréscimo no rol. O
Feminicídio sempre foi homicídio qualificado, uma vez que é torpe.
8. Agentes de segurança pública. Os artigos na qual o CP faz menção são relativos aos
agentes/membros da força de segurança pública. É matar em razão dessa condição, assim
como matar o cônjuge, companheiro, parente consanguíneo até terceiro grau. E o filho
adotivo? O legislador deixou de fora. Em respeito ao princípio da legalidade exclui-se o
filho adotivo, não podemos usar analogia, por ser in malam partem (para o mal).
Homicídio culposo: é aquele previsto no Art. 121, §3°, CP, com pena de detenção de 1
a 3 anos.
No homicídio doloso o agente quer o resultado ou aceita o risco.
No homicídio culposo ele não quer e não assume o risco.
Diferença de dolo eventual e culpa consciente: No dolo eventual ele prevê, não
consente, mas não faz nada para evitar. Na culpa consciente ele prevê, mas acha que ou
ele ou a vítima conseguem evitar o resultado.
Atenção com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB): Se o homicídio for doloso,
aplica-se o Código Penal, sempre. Se o homicídio for culposo e ocorrer na direção de
veículo automotor aplica-se o CTB.
Ex.: 1: Dois amigos estavam brincando de dar arrancadas com uma retroescavadeira. Um
dos amigos foi degolado. Obviamente, o amigo não previu o resultado, além de não querer
que o fato ocorresse. Assumir o risco é prever e não se importar, é não estar nem ai.
Ex.: 2: Anestesista que deixou paciente com anestesia geral aos cuidados de um
enfermeiro e foi embora. O anestesista faltou com o dever de cuidado e o paciente morreu.
Art. 121, §6°. Tem-se o aumento da pena em 1/3 quando o homicídio é praticado por
milícia privada, sob o pretexto de serviço de segurança ou por grupo de extermínio.
Art. 121, §7°. Causas de aumento exclusivos para o feminicídio. Aumenta-se a pena em
1/3 nos seguintes casos:
1. durante a gestação ou nos três meses após o parto;
2. contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadoras de
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou
mental;
3. na presença física ou virtual de ascendente ou descendente da vítima;
4. em descumprimento das medidas protetivas de urgência.
Encaminhamento 1:
1. É possível um homicídio ser, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado? Se não,
por quê? Se sim, por quê? Cite um exemplo.
Sim, é possível. Existem diferentes qualificadoras, aquelas que se referem ao modo ou
meio de execução, chamadas qualificadoras objetivas, e aquelas que se referem aos
motivos, chamadas de qualificadoras subjetivas. Ainda há divergências na doutrina
quanto a admissibilidade do homicídio qualificado-privilegiado. A jurisprudência dos
Tribunais Superiores, incluindo o STJ, considera a possibilidade da existência do
homicídio qualificado-privilegiado, que só ocorre nos casos em que há concomitância de
qualificadoras de natureza objetiva, com as circunstâncias privilegiadoras de natureza
subjetiva. O que não deve se aceitar é a concomitância de qualificadoras subjetivas com
as circunstâncias privilegiadoras.
Ex.: Homicídio praticado por um pai, através de emboscada, uma qualificadora de
natureza objetiva, contra estuprador de sua filha, motivo de relevante valor moral.
2. A Lei 8072/90, Lei dos Crimes Hediondos, traz um rol taxativo em seu Art. 1°, dos
crimes considerados hediondos. Entre os crimes hediondos está o homicídio
qualificado. Caso tenha considerado a possibilidade de um homicídio ser qualificado
e privilegiado simultaneamente, ela será considerado hediondo? Qual a
justificativa?
O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime hediondo. A doutrina
entende que, o homicídio qualificado-privilegiado não será considerado hediondo, pelo
fato do elemento subjetivo do privilégio predominar em relação a qualificadora objetiva.
Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o motivo determinante do crime tem preferência,
de forma que, para efeito de qualificação legal do crime, o reconhecimento do privilégio
descaracteriza o homicídio qualificado. A jurisprudência já decidiu muitas vezes de forma
a não reconhecer esse tipo de homicídio como crime hediondo, por falta de previsão legal,
ou seja, por não integrar o rol de crimes hediondos. Princípio da legalidade é o principal
argumento.
PENAL III
AULA 3
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (ART. 122, CPC)
Por motivos de política criminal, aquele que tentou tirar a sua própria vida, e não
conseguiu, não será punido por isso.
Nesse tipo penal, a pena é menor, pois quem tem o poder de tirar a vida é a própria vítima.
Bem jurídico: é a vida, cuja definição já foi discutida anteriormente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, não se exige característica específica para se praticar o
crime, o crime é comum, não próprio.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, no entanto, em que pese ser qualquer pessoa, é
necessário que o sujeito passivo tenha um mínimo de discernimento, discernimento de
que, se praticar certo ato, pelo qual foi instigado, induzido ou auxiliado, ele pode morrer.
Tipo objetivo: a) induzir, ou seja, dar a ideia, é “colocar no caminho”; b) instigar, reforçar
uma ideia já existente; e c) prestar auxílio (auxiliar), significa que, o indivíduo vai, de
alguma maneira, ajudar no suicídio da pessoa. Auxiliar não é entrar em ato de execução
do homicídio.
Ex.: 1: Indivíduo pede uma corda para se suicidar e o amigo empresta a corda. (Auxílio).
Ex.: 2: Indivíduo que quer se suicidar e pede amigo para puxar o gatilho da arma de fogo.
Aqui não é auxílio, é homicídio. (Ato de execução do crime).
Obs.: Nesse tipo penal, não há obrigação de evitar a ocorrência do crime, desde que o
indivíduo não induza, instigue ou auxilie.
Casos interessantes:
1. Caso Romeu e Julieta 1: Casal de namorados decidiram, ambos, se suicidar ingerindo
veneno. Eles colocam dois copos de venenos. Na hora do suicídio, Julieta toma o copo de
veneno e morre. No entanto, Romeu, com medo, não é capaz de tomar o veneno e desiste
de prosseguir. Análise: Antes da realização do suicídio, um estava induzindo o outro. O
que sobreviver responderá por induzimento ao suicídio.
2. Caso Romeu e Julieta 2: Casal de namorados decidiram, ambos, se suicidar por meio
de um tiro com arma de fogo. Julieta, com medo de se suicidar pede para Romeu que lhe
de o tiro. Romeu assim o faz. No entanto, na hora de lhe tirar a própria vida, Romeu fica
com medo e desiste de prosseguir. Análise: Romeu responde por homicídio, uma vez que
ele não se limitou a induzir ou instigar, mas entrou nos atos de execução do crime.
3. Caso da Roleta Russa 1: Três amigos, A, B e C, resolvem brincar de roleta russa e,
para tal, carregam um revólver com somente uma bala. O revolver vai revezando de mão
em mão, na medida em que vão sendo efetuados os disparos. Cada um atira, na sua vez,
contra si. O revolver passa pelas mãos de A e de B, que atiram, mas não morrem. No
entanto, C, ao efetuar o disparo contra si, acaba morrendo. Análise: Os dois que
sobreviveram respondem por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, uma vez que
não entraram nos atos executórios do crime.
4. Caso da Roleta Russa 2: Três amigos, A, B e C, resolvem brincar de roleta russa e,
para tal, carregam o revolver com somente uma bala. Os três pedem a um quarto, D, para
efetuar os disparados em um de cada vez. D efetua os disparos contra A e B, mas não
acerta o tiro. No entanto, ao efetuar o disparo contra C, D acaba o matando. Análise: Em
relação a C, D responderá por homicídio. Em relação a A e B ele responderá por nada,
pois era crime impossível. Se havia somente uma bala na arma, o meio escolhido para
matar os outros dois era ineficaz, portanto, crime impossível. Cabe observar que, A e B
responderão também por homicídio, pois, ao concordarem com a brincadeira, estavam
induzindo D a matar C.
5. Caso do Suicídio Coletivo: Membros de uma seita religiosa resolveram, depois de um
final de semana em oração, resolveram se suicidar. Eles foram para uma casa, fecharam
toda a casa e ligaram a torneira do botijão de gás. Todos morreram. No entanto, um dos
que estavam na casa sobrevive. Análise: O sobrevivente responde por induzimento ao
suicídio, uma vez que, cada um que concordou estava induzindo os demais. Cabe observar
que, se o sobrevivente for o que tiver ligado a torneira do botijão de gás, responde por
homicídio de todos.
6. Caso do Copo de Veneno: Uma funcionária, que não gosta do patrão, coloca veneno
em seu copo de água. O patrão percebe que há veneno em sua bebida e, mesmo assim,
resolve beber e morrer. Análise: Não há resposta correta. Pode-se considerar que a
funcionária responderá por homicídio, ou por auxílio, induzimento ou instigação ao
suicídio, ou tentativa de homicídio. Argumenta-se em desfavor do induzimento, auxílio
ou instigação ao suicídio, pois, para ocorrer esse tipo de crime, é necessário o tipo
subjetivo, que é o dolo. A funcionária não queria induzir, instigar ou auxiliar, logo ela
não tinha o dolo. Argumenta-se em favor da tentativa de homicídio, pois, no momento
em que o patrão descobriu do copo de veneno, encerrou-se o curso causal. A funcionária
queria matar o patrão, mas não conseguiu por uma circunstância alheia. Só depois o patrão
resolver usar o copo de veneno para se matar.
Encaminhamento 2:
1. Quando ocorre a consumação do crime em questão? (Art. 122, CP)
Existem três teorias para a consumação do crime em questão:
Alguns falam que se consuma com a morte e a lesão grave seria uma mera tentativa.
Alguns falam que se consuma com a morte ou com a lesão grave.
Alguns falam que se consuma com o induzimento ou instigação, sendo a morte do agente
ou a lesão grave uma mera condição de punibilidade.
Obs.: Se existe a morte a pena é de 2 a 6 anos. Se ocorre a mera lesão grave, a pena é de
1 a 3 anos. Se induzir ou instigar alguém e, esse alguém se quer tentar o suicídio, não há
pena nenhuma.
Obs.: 2: Existem vários tipos de lesão, lesão leve, lesão grave, lesão gravíssima e lesão
seguida de morte. Se o indivíduo tenta se suicidar e acaba provocando lesão gravíssima
têm-se o crime de induzimento ao suicídio. A lesão gravíssima engloba a lesão grave.
O crime de infanticídio seria a única hipótese de homicídio privilegiado. Aqui tem uma
condição específica, que é o estado puerperal (depressão pós-parto).
O infanticídio é um homicídio onde se agrega uma circunstância e, em razão da soma
dessas circunstâncias, diminuem-se as penas.
Sujeito ativo: tipo penal próprio, que exige característica própria do sujeito. As
características que se exige do sujeito são: ser mãe e estar no estado puerperal.
Estado puerperal: é a depressão pós-parto. Um estado de forte perturbação psicológica.
Para se comprovar é necessário um laudo psicológico afirmando a alteração psicológica
logo após o parto.
Só a mãe no estado puerperal pode responder por esse crime? Não, vide Art. 30, CP.
Como exceção, a circunstância pessoal vai se comunicar, desde que seja elemento
previsto no tipo penal, ou seja, elementar do crime.
Comunicar: característica vai passar de uma pessoa para outra.
Obs.: A circunstância só se comunica de autor para partícipe, não de partícipe para autor.
Sujeito passivo: o Art. 123 é um dos poucos que, além das características do sujeito ativo,
exige característica do sujeito passivo. O sujeito passivo deve ser um recém-nascido.
E se a mãe matar o filho de outra? A mãe que mata o filho de outra, por engano e,
estando no estado puerperal, responde por infanticídio, tendo em vista o erro sobre pessoa,
ou seja, ela queria matar o seu filho e mata o filho de outra acreditando ser o seu próprio.
O fundamento é o Art. 20, §3°.
E se, na dúvida, ela mata mais de um bebê? Diante a morte de seu filho, ela responderá
por infanticídio, no entanto, responderá por homicídio pela morte dos demais.
Tipo subjetivo: é o dolo. Dos crimes contra a vida, o único que existe na forma culposa
é o homicídio. Quando um crime é praticado em sua forma culposa, mas ele só existe em
sua forma dolosa, ele não é punido.
Ex.: Se a mãe dorme em cima do filho, tem-se o homicídio culposo.
Crimes culturalmente motivados: crimes que são praticados devido à própria cultura
os “obriga” a praticar. Em alguns casos, deve-se tratar como inexigibilidade de conduta
adversa, sendo causa de exclusão da culpabilidade.
Ex.: algumas aldeias de índio enterram os recém-nascidos que apresentem alguma
deficiência.
PENAL III
AULA 5
ABORTO (ART. 124, 125, 126, 127 E 128, CP)
Por motivos de política criminal, aquele que tentou tirar a sua própria vida, e não
conseguiu, não será punido por isso.
Tudo o que fizer com o feto, antes do parto, e isso provocar sua expulsão ou morte,
configura-se crime de aborto.
Bem jurídico: a vida.
Tipos de aborto
Auto aborto (Art. 124): provocar aborto em si mesma ou permitir que outro o provoque.
Sujeito ativo: a gestante, é a única que pode praticar auto aborto.
Sujeito passivo: feto.
Aborto provocado por terceiro com (Art. 126) ou sem consentimento da gestante
(Art. 125):
Sujeito ativo: não possui sujeito ativo específico.
Sujeito passivo: Quando é sem consentimento da gestante o sujeito passivo será o feto e
a própria gestante. Quando é com consentimento da gestante é o sujeito ativo será o feto.
Relação que o Art. 126 possui com o Art. 124, segundo parte:
A gestante, quando permite que um terceiro lhe provoque aborto, estará praticando a
segunda parte do Art. 124. Já o terceiro irá responder pelo Art. 126. Isso não é uma
hipótese de concurso de pessoas, é uma exceção à teoria monista.
O concurso de pessoas possui três requisitos:
I. duas ou mais pessoas;
II. unidades de desígnios, agentes voltados ao mesmo objetivo (interromper a gestação);
III. unidade típica, todos munidos por um único desígnio devem se encaixar no mesmo
tipo penal, advindo da teoria monista.
Nesse caso, não haverá concurso de pessoas por causa da dualidade típica.
Obs.: Isso não significa que o auto aborto não permita concurso de pessoas. Permite, mas
na modalidade de partícipe.
Ex.: gestante quer abortar, confessa isso para um terceiro e o terceiro a incentiva a abortar,
ou seja, ele não pratica o aborto, não será coautor, mas, por ter incentivado, será partícipe,
responderá junto com ela, por participação no auto aborto dela. Aqui, as circunstâncias
judiciais do crime, quando elementares do crime, se comunicam, ou seja, o partícipe
responderá como se gestante fosse, autorizando a interrupção de sua gestação.
ADPF 54
O Supremo decidiu que o aborto de anencéfalo não seria aborto. O Supremo retirou da
lei de transplantes a definição de morte. Morte é o cessar da atividade encefálica, o que
permite, inclusive, os transplantes cardíacos, algo não permitido até a década de 60, pois
considerava morte como o cessar da atividade cardíaca.
Feto anencéfalo: feto sem o tronco cerebral, não tem se quer a possibilidade de ter
atividade cerebral.
Se vida é atividade ou possibilidade de atividade cerebral, o anencéfalo não possui
vida, nunca possuiu e não possuirá.
A interrupção de uma gestação com anencéfalo será crime impossível, pois não tem vida.
Logo, não poderá ser aborto. Só será típico do direito penal ação ou omissão que violar
um bem jurídico, que no aborto é a vida.
Microcefalia
É possível interromper a gestação de feto microanencéfalo? Não está autorizada pela
ADPF 54, uma vez que, a ADPF não está tratando de vida inviável ou vida “indigna”,
mas de inexistência de vida.
PENAL III
AULA 6
LESÃO CORPORAL (ART. 129, CP)
Até o aborto, acabaram-se os crimes contra a vida. Até aqui, caso o crime seja doloso
(tentado ou consumado), o crime será julgado pelo tribunal do júri.
Só existe um artigo que fala da lesão corporal.
O fato de ter-se encerrado os crimes contra a vida não significa que nos demais crimes
não haverá morte!
Bem jurídico: integridade corporal ou saúde de terceiro.
Integridade corporal: “dar uma facada, um tapa”;
Saúde de terceiro: “transmissão de doença”.
Para se punir a lesão deve-se ter uma ofensa à integridade corporal ou saúde de terceiro.
Não existe no direito brasileiro a possibilidade de punir a autolesão. Não se responde
criminalmente pela autolesão, pois o crime é uma ofensa dirigida a outrem.
Obs.: Causas que excluem a ilicitude: legítima defesa, estrito cumprimento do dever
legal, estado de necessidade, exercício regular de direito. Existe uma causa supralegal de
exclusão da ilicitude, o consentimento do ofendido.
Em alguns crimes, o consentimento do ofendido pode excluir a ilicitude. Nos crimes
contra a vida não se podia falar em consentimento do ofendido, pois se tratava de bem
indisponível, ou seja, da vida. Quando o bem jurídico é disponível, como no caso da
integridade corporal, é possível aceitar o consentimento e excluir a ilicitude.
Ex.: Indivíduo que ofendeu a integridade corporal de outrem ao realizar uma tatuagem.
Por que o tatuador não foi preso? Consentimento do ofendido. O consentimento do
indivíduo, que consentia com a tatuagem, excluiu a ilicitude.
Obs.: Os crimes que deixam vestígios, como os crimes de falsificação de moeda. Todos
os crimes que estudamos até agora são crimes que deixam vestígio. Os crimes que deixam
vestígio são chamados de delitos não transeuntes. Toda vez que um crime deixa vestígio
deve-se fazer uma perícia para saber que o crimes existiu. A perícia se chama exame de
corpo de delito. O exame corpo de delito não é aplicado, inclusive, nos crimes de
falsificação de moeda.
A lesão grave é resultado de incapacidade das atividades habituais por mais de 30 dias,
ou seja, 31 dias em diante. Nesse caso, o perito deve produzir um laudo complementar
após 30 dias, para que ela caracterize lesão corporal grave, uma vez que, no momento, o
perito não tem como saber se ele ficará impossibilitado por mais de 30 dias.
II. Perigo de vida. O perigo de vida é a probabilidade que aquela lesão possa acarretar a
morte. É a probabilidade e não a possibilidade. Por que é lesão corporal grave e não
tentativa de homicídio? A diferença é o dolo, a intensão não foi de matar.
III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função. Membro são braço e perna.
Sentido são tato, olfato, visão, paladar, audição. Função pode ser respiratória,
cardiovascular, reprodutiva, entre outras, são funções que o corpo humano desempenha.
Debilidade é quando algo funciona, mas não como deveria.
Debilidade permanente: membro, sentido ou função continua existindo, mas não funciona
como deveria.
Exemplo: continua com o sentido, membro, ou função, mas o desempenho reduziu, não
desempenha o que desempenhava antes.
Permanente não é perpétuo. Perpétuo é aquilo que nunca terá retorno. Permanente é aquilo
que, naquele instante em que a sociedade se encontra, não tem solução.
IV. Aceleração do parto. Aqui não há dolo em provocar o aborto, mas, por falta de
cuidado, ocorre a aceleração do parto. Têm-se o dolo na lesão, mas, por falta do devido
cuidado, ocorre a aceleração do parto.
II. Enfermidade incurável. É aquele problema que, naquele instante da sociedade, não se
tem cura.
Exemplo: indivíduo que transmitiu vírus da AIDS e tem relação sexual com suas vítimas.
A AIDS é, atualmente, uma doença incurável.
O direito penal não é um direito da vontade somente, é um direito penal da ação. Ação é
o desvaler da ação, a ação deve provocar uma perigo ou ofensa relevante ao bem jurídico.
III. Perda ou inutilidade de membro, sentido ou função. Aqui é a perda e não a mera
debilidade.
Ex.: é a perda da visão por completo (os dois olhos). A perda de somente um olho
configura mera debilidade, continua-se enxergando, mas não como deveria.
Ex.: caso Flávia Castro, que arrancou os órgãos genitais do namorado, houve a perda da
função reprodutiva.
IV. Deformidade permanente. Deformidade quer dizer um prejuízo estético. É um
prejuízo estético permanente. É causar um prejuízo estético muito grave. Deformidade é
um prejuízo estético considerável, afeta, até mesmo, o psicológico.
Ex.: menino que teve a sua testa tatuada, em virtude da prática de um roubo.
Deformidade permanente não significa que é perpétua! No exemplo da tatuagem, a
tatuagem pode ser removida, mas demora. Os meios de remoção não são naturais e pode
durar a vida toda.
Lembrar! A lesão corporal culposa não possui gradação em leve, grave e gravíssima. A
lesão corporal culposa é somente culposa.
Ação penal
No direito penal a ação penal pode ser pública ou priva. Quando é pública, o direito de
ação cabe ao Ministério Público (MP), podendo ser pública incondicionada, na qual o MP
pode iniciar o processo sem autorização da vítima, na pública condicionada à
representação ele precisa da autorização da vítima, que é a representante. Na ação privada,
o direito de ação é do ofendido.
Quando o legislador não falar nada em relação à ação penal, entra-se na regra geral, que
é a ação penal pública incondicionada.
Obs.: A lei 11.340 traz uma série de disposições que irão proteger a mulher de uma série
de crimes. Quando se aplica a lei 11.340 não se aplicará a lei 9.099, voltando para o
Código Penal.
Dica: Lesão grave, gravíssima e seguida de morte serão sempre pública incondicional. A
lesão culposa será pública condicionada à representação. A lesão leve será pública
condicionada à representação, exceto quando praticado contra mulher, nos moldes da lei
11.340 (Lei Maria da Penha), onde será pública incondicionada, conforme CP.
PENAL III
AULA 7 e 8
CRIMES DE PERIGO (ART. 130 ao 137, CP)
Encaminhamento 3:
1. O que é dano?
É a destruição ou diminuição de um bem jurídico, ainda que momentâneo.
Ex.: No sequestro ocorre uma restrição momentânea, pois o crime terá fim quando o
indivíduo for solto.
2. O que é perigo?
É a probabilidade de dano. Daquela conduta que provoca o dano advém uma
probabilidade de ocorrer o dano.
Probabilidade é diferente de possibilidade! Algo pode ser possível, mas não provável.
Sujeito ativo: não existe explicitamente uma característica do sujeito ativo, no entanto
deve ser uma pessoa que possua doença venérea.
Tipo objetivo: expor alguém a perigo; doença venérea; sabe ou deve saber.
Expor alguém a perigo: tem-se um crime de perigo concreto, ou seja, que no caso
concreto deve-se demonstrar que, com a conduta, alguém foi colocado em perigo de
doença venérea. Não obstante ter a doença venérea, deve-se demonstrar a exposição de
alguém a perigo em dado caso concreto.
Ex.: 1: Pelo fato de alguém, que detenha a doença venérea, ter usado preservativo não há
perigo de dano, pois ninguém correu o risco de contágio.
Ex.: 2: Duas pessoas com doença venérea praticam relação sexual, pelo fato de ambas
terem a doença não faz sentido afirmar que elas correram perigo.
Doença venérea: lei penal em branco, ou seja, tipo penal onde só é possível saber o seu
significado através da complementação de outra norma.
Sabe ou deve saber: Chamados de elemento do tipo objetivo, mas referem-se ao tipo
subjetivo. Esses elementos indicam o que terá no tipo subjetivo.
Não basta abandonar uma pessoa incapaz. Precisa-se de uma relação entre o sujeito ativo
e o sujeito passivo. Precisa-se que entre o incapaz, abandonado, e o sujeito ativo, que o
abandonou, exista uma relação. O incapaz precisa estar sob a guarda, vigilância ou
autoridade do sujeito ativo.
Ex.: Lembrar da relação de pai e filho, irmão mais velho e mais novo, etc.
Art. 133, §1°. Se do abandono resultar lesão corporal grave, a pena será de reclusão, de
1 a 5 anos, ou seja, uma pena maior.
Art. 133, §2°. Se do abandono resultar morte, aumenta-se a pena ainda mais. A pena será
de reclusão, de 4 a 12 anos.
Aqui é homicídio doloso ou abandono de incapaz? O que irá diferenciar é o dolo.
Se o agente abandonou para matar será homicídio doloso.
Se o agente abandonou para que a pessoa corresse perigo será, por questão de
especificidade, abandono de incapaz e não homicídio culposo.
Aumento de pena (Art. 133, §3°)
Aumenta-se de 1/3 se:
I. o abandono ocorre em lugar ermo, ou seja, lugar isolado, sem pessoas nas
proximidades;
II. se o agente for descendente, ascendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
III. se a vítima é maior de 60 anos, desde que, obviamente, o agente saiba disso.
Art. 134, CP
É irrelevante.
Esse crime não tem mais razão de ser, uma vez que qualquer tipo de gravidez pudesse
implicar desonra.
Ele existe pois, a mulher escondia a gravidez e quando ele nascia, ela abandonava o bebê.
Tentativa
Não existe tentativa de crime omissivo próprio, ou a pessoa se omite ou não se omite, não
existe tentar se omitir.
Aumento de pena: se deixar de prestar socorro e ocorrer lesão grave, a pena duplica, se
a pessoa morre, a pena triplica.
Art. 135-A, CP
Bem jurídico: é a vida a ou a saúde.
Verbo: exigir
O crime aqui não é de omissão.
Se o hospital exigir cheque-caução ou preenchimento de formulário, em situação de
emergência, ele está comentando crime. No instante em que a pessoa está no estado de
emergência não se pode exigir garantia ou formulário.
Após estabilizar, pode ser enviado para outro hospital e cobrado da família.
Escala de Manchester: pulseiras coloridas, critério, para indicar a gravidade do estado
para atendimento.
Esse artigo não se dirige ao médico, mas só administrador do hospital. O médico é
garante, se ele vê e não faz nada ele responde.
Sujeito ativo: o crime de rixa é o primeiro crime do CP que tem uma questão importante
sobre ele. Ele é um crime plurisubjetivo.
Crimes plurisubjetivos: tipo penal que implícita ou explicitamente exige um número
mínimo de agentes. Os crimes plurisubjetivos são chamados de crimes de concurso
necessário, pois se opõe onde concurso de pessoas é eventual.
Não se tem rixa com uma e nem com duas pessoas, uma vez que, com duas pessoas se
sabe quem são as partes. Para existir a rixa necessita um mínimo de três pessoas.
Ex.: 4 pessoas envolvidas em uma confusão generalizada. 2 tem mais de 18 anos e 2 têm
menos. A rixa, como é um crime plurissubjetivo, necessita um número mínimo de
agentes, mas pode contar com um menor de 18 anos para existir e caracterizar o crime de
rixa? A posição é que sim, mas os menos de 18 anos não responderam pela ética, mas por
crime análogo a rixa. Os demais irão resolver pela rixa.
Obs.: Como já existe um número mínimo de agentes, e o concurso é necessário, não se
aplica a regra da coautoria. Não há concurso na modalidade de coautoria, mas há no de
participação, uma pessoa pode ser partícipe na rixa.
Sujeito passivo: O crime de rixa é o único crime em que as pessoas são, ao mesmo tempo,
sujeito passivo e ativo.
Tipo objetivo: participar de rixa, qualquer pessoa que entrar na rixa responde por ela
toda, mesmo que tenha participado por um breve momento.
Hipótese em que se participa da rixa e não responder por ela: para separar os agentes.
Às vezes, para se separar a rixa, deve-se participar dela.
Ex.: Indivíduo não consegue separar a rixa sem agredir, mesmo que haja agressão, o dolo
era de separar a rixa.
A pessoa que saiu da rixa antes de ocorrer a morte ou a lesão grave responderá pela rixa
qualificada? Sim, responde por tudo o que ocorrer na rixa, não importa o tempo de
participação nela.
Obs.: 4 pessoas matando 1 não é rixa. Na rixa não é possível identificar as partes.
Ex.: Tem uma câmera filmando e consegue identificar o indivíduo que, no meio da rixa,
matou um outro indivíduo. Todos respondam pela rixa qualificada. No entanto, se é
possível identificar na rixa quem foi o autor do homicídio, além de resolver pela rixa
qualificada, resolverá também pelo crime de homicídio.
No exemplo anterior, a rixa pelo qual o autor irá responder será simples ou qualificada?
Deveria ser simples, para não violar a proibição do bis in idem. No entanto, a maioria da
doutrina diz que ele responderá pela rixa qualificada, em homenagem a teoria monista, e
pelo homicídio.
Atenção! Todos os crimes que estudamos são crimes de perigo concreto, pois eles exigem
a comprovação do perigo.
PENAL III
AULA 9 e 10
CRIMES CONTRA A HONRA (ART. 138 AO 145, CP)
O que é honra?
A honra será dúvida em duas situações: honra objetiva e honra subjetiva.
Honra objetiva: é a reputação que a pessoa tem. É aquilo que terceiros pensam dela.
Honra subjetiva: é algo interno, pessoal, é o sentimento de auto estima que a pessoa tem,
o que ela pensa dela mesma.
Tipo subjetivo: é o dolo. É o querer imputar a alguém um fato falso definido como crime.
Dolo é o reflexo do tipo penal. Na frente deve se colocar o querer. O conteúdo do dolo é
delimitado pelo tipo penal.
Você só quer aquilo que você conhece.
Se a pessoa acreditar sinceramente que alguém praticou fato falso definido como crime,
não é crime, pois a pessoa agiu sem dolo. Ela não sabia que o que se estava imputando é
falso. Ela tinha, no caso concreto, elementos suficientes para acreditar que o fato era
verdadeiro, sendo, erro de tipo.
Ex.: Erro de tipo: menino, maior de idade, que encontrou menina na balada e a levou
para um motel, pois achou que ela era maior de idade.
Alguns tipos legais, para completar o tipo subjetivo e, logo, o próprio tipo penal, é
necessário as intenções transcendental, é a intenção que vai além do dolo. É o animus de
ofender a honra. Não basta imputar a alguém fato falso definido como crime. É necessário
a vontade de ofender a honra de outrem.
Ex.: Imputar fato falso definido como crime para dar um exemplo.
O dolo é reflexo do tipo, para estar no dolo, deve estar antes no tipo penal.
O elemento subjetivo especial é o animus caluniandi. É a vontade de ofender a honra.
Art. 339, CP
Esse artigo é a denunciação caluniosa. Aqui está se imputando a alguém fato falso
definido como crime.
Qual a diferença da calúnia para a denunciação caluniosa? Na denunciação caluniosa
leva-se o fato ao conhecimento do Estado e o Estado passa a investigar aquela pessoa.
Tipo subjetivo: dolo, mas necessita da vontade, do animus, de ofender animus difamandi.
Consumação: como é um crime contra a honra objetiva, é necessário que outros tomem
conhecimento.
Tentativa: a tentativa é permitida na forma escrita, se for verbal não há tentativa.
2. Na frase “Os judeus são todos avarentos, fiquem longe dessas pessoas", é injúria
ou é racismo? Consultar Lei 7.716.
Tipo objetivo: a injúria está relacionado, na maioria das vezes, a atribuir a alguém um
predicado ofensivo, mas não sempre, um tapa, por exemplo, pode pensar a honra.
Tipo subjetivo: como todo crime contra a honra, do existe na forma dolosa, a vontade
livre e consciente de praticar o crime.
É necessário, por exemplo, atribuir à pessoa o privativo ofensivo com a vontade de
ofender, ou seja, com animus injuriandi.
Disposições comuns
Aumenta-se as penas, em 1/3, caso os crimes contra a honra sejam praticados contra:
I. Presidente da república;
II. Funcionário público em razão de suas funções;
III. Na presença de várias pessoas;
IV. Por meio que desculpe a divulgação, podendo ocorrer pela imprensa, pelas mídias
sociais, etc.
Crime cibernético: a internet é um meio, através desse meio pode-se praticar vários
crimes.
V. Contra pessoa maior de 60 anos ou portadores de deficiência, exceto no caso de injúria,
pois o parágrafo terceiro do Art. 140, já o faz, com pena maior ainda, proibição do bis in
idem.
Art. 142, CP
Só pode ser aplicado a difamação e a injúria!
Não se pune a injúria ou difamação em caso de:
I. ofensas entres as partes, que possuem relação com a causa, entre as partes.
II. críticos de cinema, críticos de música, fazer críticas, em várias ocasiões, vão gerar
opiniões desfavoráveis.
III. opinião de funcionário público, quando em função. Vários funcionários públicos
possuem como funções emitir algumas opiniões.
Ex.: fiscal que vai fazer a classificação do espetáculo teatral e diz que era obsceno.
Parágrafo único. O que fofocar o ocorrido responder pela injúria.
Art. 145, CP
Ação penal em crimes contra honra
Injúria real:
Se por vias de fato, lesão leve: ação penal pública condicionada a representação.
Se por violência, lesão grave ou gravíssima: ação penal pública incondicionada.
Encaminhamento 6:
1. Débora foi vítima de um crime contra a honra praticado em razão do seu cargo.
Débora procurou um advogado que ajuizou queixa crime. O advogado agiu
corretamente? Sim, não e porquê?
Existe a súmula 714 do STF que estabelece que, quando houver um crime contra a honra
de funcionário público no exercício de sua função, a ação pode ser privada. O advogado
agiu corretamente. O funcionário público poderá escolher se ajuíza uma queixa crime ou
se faz uma representação. (Art. 145, parágrafo único, CP).
A ação pode ser tanto privada, quando pública com representação.