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PENAL III

AULA 1
TIPO PENAL

Conceito: Tipo penal é um modelo de conduta proibida. Ex.: matar alguém.


Crime é um fato típico, ilícito e culpável.
O tipo penal é composto por uma série de elementos, que se dividem em elementos
objetivos e elementos subjetivos.

Elementos Objetivos do Tipo Penal


Bem jurídico
Bem jurídico é o valor protegido pela norma penal. Todo tipo penal, sem exceção, existe
para proteger/tutelar um bem jurídico. O que é valor? é um interesse. Ex.: No crime de
furto, o bem jurídico tutelado é o patrimônio.
O bem jurídico está no mundo dos valores. Quando o legislador foi criar o código penal,
ele não o fez em ordem alfabética, mas, ao invés disso, o organizou de acordo com o tipo
de bem que está sendo protegido.
Existem dois princípios que se relacionam com o bem jurídico.
Princípio da ofensividade: não existe crime sem ofensa a um bem jurídico. Uma conduta
para ser típica deve ofender um bem jurídico, deve provocar um dano ou o risco de dano
a um bem jurídico.
Ex.: 1: Porquê aborto de anencéfalo não é crime? Pois não ofende um bem jurídico.
Anencéfalos não possuem atividade cerebral, portanto não possuem vida, logo o aborto
de anencéfalo não ofende o bem jurídico vida.
Ex.: 2: No crime de falsificação monetária (Art. 298, CP), o bem jurídico tutelado é a fé
pública. Falsificar uma nota de 3 reais ofende a fé pública? Não, uma vez que essa é uma
falsificação grosseira, ou seja, que não possui aptidão para enganar/ofender a fé pública.
Princípio da insignificância: a ofensa ao bem jurídico deve ser relevante.
Cabe observar que, quando ambos os princípios (ofensividade e insignificância) são
aplicados, ambos excluem a tipicidade.

Verbo
Não existe tipo penal que não tenha verbo. Para a conduta ser típica, o sujeito tem de
praticar o verbo previsto no tipo penal.
Ex.: No crime de estupro (Art. 213, CP), o verbo principal é constranger. O que é
constranger? Aqui, ele não adota o significado de humilhar, mas de obrigar a algo, com
violência ou grave ameaça.

Sujeito Ativo
Quem pratica o verbo tem nome de sujeito ativo.
No que diz respeito ao sujeito ativo, ele pode ser utilizado para classificar os tipos em:

Tipos comuns e próprios


Tipos comuns: tipo que não exige nenhuma característica do sujeito ativo. Ex.: qualquer
pessoa pode matar alguém.
Tipos próprios: aqueles que exigem uma característica do sujeito ativo.
Ex.: 1: No crime de peculato (Art. 312, CP), o sujeito deve ser funcionário público.
Ex.: 2: No crime de infanticídio (Art. 123, CP), o sujeito deve ser mãe do recém-nascido
e estar em estado puerperal.

Tipos unisubjetivos e plurisubjetivos


Tipos unisubjetivos: são aqueles tipos que não exigem um número mínimo de indivíduos
para praticar o crime.
Tipos plurisubjetivos: são aqueles tipos que exigem que mais de um indivíduo pratique
o crime.
Ex.: 1: O crime de associação criminosa (Art. 288, CP), antigo crime de bando ou
quadrilha) Necessita de 3 (três) ou mais pessoas para praticá-lo.
Ex.: 2: O crime de rixa (Art. 137), uma confusão generalizada, precisa que pelo menos 3
(três) indivíduos para praticá-lo.

A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de um crime? Sim, somente em crimes
ambientais, pois a Constituição assim a autoriza, nos demais casos a pessoa jurídica não
tem qualquer responsabilidade.

Sujeito Passivo
Sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesionado.
Obs.: 1: Vilipendiar cadáver ou suas cinzas (Art. 212, CP), crime de respeito aos mortos,
o sujeito passivo não é o cadáver, mas a família dele. O morto jamais será sujeito passivo.
Obs.: 2: Não se pune a autolesão, ou seja, um sujeito não pode ser, ao mesmo tempo,
sujeito passivo e ativo.

Objeto Material
Objeto material é a pessoa ou a coisa sob a qual recai a conduta criminosa.
No Art. 211, CP, “Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele [...]”, cadáver ou
parte dele seria o objeto material.
Obs.: O que significa cadáver? Significa condenado aos vermes, ou seja, cadáver
necessita ter tecido. Cadáver é diferente de ossada. Subtrair um crâneo (osso) do
cemitério, não havendo violação de sepultura, não é crime.

Elementos Subjetivos do Tipo Penal


Uma conduta deve preencher os elementos subjetivos e objetivos para ser típica.
Os elementos subjetivos são o dolo e a culpa.
Como regra, os tipos penais são criados na sua forma dolosa. Só existe a forma culposa
se houver a expressa previsão legal.
Ex.: Só existe aborto em sua forma doloso, mas existe homicídio culposo.
PENAL III
AULA 2
HOMICÍDIO (ART. 121, CP)

Bem jurídico: o bem jurídico no homicídio é a vida, de modo que necessitamos saber o
que é vida. O conceito de vida foi muito trabalhado na discussão de feto anencéfalo. O
bem jurídico vida é a vida enquanto atividade cerebral.
Qual o limite entre aborto e homicídio? O marco inicial é o parto. Após o início do parto
não há mais de se falar em aborto, mas em homicídio. No parto normal, o início do parto
é o rompimento da bolça. Na cesariana, o início do parto é o início da cirurgia. Aqui não
se aplica o princípio da insignificância

Sujeito ativo: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.

Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser sujeito passivo.

Tipo objetivo: o homicídio possui a forma mais simples de tipo penal, que é matar e
alguém.

Tipo subjetivo: sempre que o legislador descreve uma conduta ele o faz na forma dolosa.
O tipo subjetivo aqui é o dolo, que é a vontade livre e consciente de praticar o tipo penal,
é “querer matar alguém”. Para o indivíduo querer matar alguém, devem ser preenchidos
os elementos fáticos e volitivo, ou seja, ele precisa saber que aquilo é alguém e que, por
certos meios, pode-se matar esse alguém.

Consumação: o homicídio é consumado no momento da morte.


O homicídio é o crime instantâneo de efeito permanente.
Crime instantâneo: é aquele que se consuma em um exato momento.
Crime permanente: é aquele que o estado de consumação se prolonga no tempo. No
entanto, quando se cessa a permanência, o estado anterior volta a ser o que era antes. Ex.:
sequestro e extorsão mediante sequestro.
O homicídio é um crime instantâneo de efeito permanente, pois sua consequência nunca
pode ser reparada.
O homicídio doloso é dividido em três tipos de homicídio doloso: homicídio simples,
homicídio privilegiado e homicídio qualificado.

Homicídio simples: é aquele previsto no Art. 121, caput, CP, com pena de 6 a 20 anos.
O homicídio privilegiado e qualificado agregam algumas circunstâncias características
desses crimes.
Obs.: Vale lembrar que a tentativa é a minorante mais utilizada. As minorantes podem
estar espalhadas ao longo do código penal.
Usamos a expressão “qualificadora” para se referir a uma circunstância que, ao ser
agregada, somada, ao tipo penal, vai alterar, aumentar, o mínimo e o máximo da pena.
Sempre que aumentamos o mínimo e o máximo da pena chamamos de qualificadora.
A circunstância que privilegia deve ser entendida como uma minorante prevista na parte
especial, no mesmo artigo do crime.

Homicídio privilegiado: é aquele previsto no Art. 121, §1°, com pena -1/6 a -1/2, ou
seja, a pena será reduzida de 1/6 a ½.
O homicídio será privilegiado em três situações. Todas as formas de homicídio
privilegiado estão relacionado aos motivos que levam o agente a praticar o crime.
Motivos:
1. Relevante valor social: aquele cuja toda a nação está ciente e se interessa.
2. Relevante valor moral: que diz respeito ao sujeito.
3. Dominado por motivo de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima:
casos em que a vítima, de maneira injusta, provoca o agente de tal forma que o leva a
cometer o crime, ou seja, gera forte perturbação dos sentidos. A violenta emoção deve ser
logo em seguida à injusta provocação da vítima, relação imediata.

Homicídio qualificado: é aquele previsto no Art. 121, §2°, com pena de 12 a 30 anos. O
homicídio qualificado, a qualificadora aumenta a pena mínima e máxima do homicídio
simples. As qualificadoras estão ligadas aos meios ou motivos de se praticar o crime.
Qualificadoras:
1. Mediante paga ou promessa de recompensa: chamado de homicídio mercenário.
Pessoa paga ou que recebeu recompensa para matar alguém. Aqui há, pelo menos, três
pessoas envolvidas: vítima, mandante (quem paga ou promete a recompensa) e executor.
O executor mata a vítima devido ao recebimento do dinheiro ou da promessa de
recompensa. Ao executor não recai dúvidas sob a aplicação do Art. 121, §2°, I. O
mandante irá responder por homicídio qualificado, uma vez que os motivos não são os
mesmos do executor? A prevalência no STF é que a qualificadora vale para os dois. O
STF fundamenta-se na teoria monista, ou seja, todos aqueles que concorrem para o
mesmo crime responde por ele na medida de sua culpabilidade. A posição do STF ainda
não está pacificada.
2. Motivo torpe: é o motivo asqueroso, que causa repugnância.
3. Motivo fútil: é o motivo desproporcional. Ex.: Matar alguém por causa de um celular.
O ciúme é um motivo fútil? Depende. O ciúme é um sentimento importante, mas deve-se
analisar a situação no caso concreto. A priori, não se pode falar que ele é um motivo fútil.
4. Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (qualificadoras objetivas) ou
outro meio insidioso, cruel ou que possa resultar perigo comum. O veneno é um meio
insidioso, já o fogo, explosivo e a asfixia são cruéis. Meio insidioso é aquele praticado às
escondidas, de maneira velada. Para o veneno ser uma qualificadora ele deve ser usado
de maneira insidiosa, escondida. Asfixia pode ser mecânica, como o estrangulamento, ou
química, por meio de fumaça, gás, etc. A tortura é infligir à vítima grave sofrimento físico
ou mental, moral.
5. Traição, emboscada, ou mediante dissimulação de outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa da vítima. Na traição, já existe uma relação de confiança entre
autor e vítima, uma vez que, devido a confiança, a vítima é muito menos vigilante. A
dissimulação é quando a pessoa esconde a sua real intenção. Um outro meio que dificulte
a defesa da vítima pode ser, por exemplo, o tiro nas costas. Para o Ministério Público
quase tudo que dificulta a defesa da vítima é qualificado.
6. Cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime. É matar para garantir a vantagem sob um crime, como matar um parceiro
de um crime. Matar para ocultar um crime, como matar testemunhas.
7. Feminicídio: é uma forma de homicídio qualificado. Ele será qualificado, pois o agente
matou uma melhor pela razão de sua condição de mulher, ou seja, meramente pela pessoa
ser mulher. Em termos de praticidade, não necessitava esse acréscimo no rol. O
Feminicídio sempre foi homicídio qualificado, uma vez que é torpe.
8. Agentes de segurança pública. Os artigos na qual o CP faz menção são relativos aos
agentes/membros da força de segurança pública. É matar em razão dessa condição, assim
como matar o cônjuge, companheiro, parente consanguíneo até terceiro grau. E o filho
adotivo? O legislador deixou de fora. Em respeito ao princípio da legalidade exclui-se o
filho adotivo, não podemos usar analogia, por ser in malam partem (para o mal).

Homicídio culposo: é aquele previsto no Art. 121, §3°, CP, com pena de detenção de 1
a 3 anos.
No homicídio doloso o agente quer o resultado ou aceita o risco.
No homicídio culposo ele não quer e não assume o risco.
Diferença de dolo eventual e culpa consciente: No dolo eventual ele prevê, não
consente, mas não faz nada para evitar. Na culpa consciente ele prevê, mas acha que ou
ele ou a vítima conseguem evitar o resultado.
Atenção com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB): Se o homicídio for doloso,
aplica-se o Código Penal, sempre. Se o homicídio for culposo e ocorrer na direção de
veículo automotor aplica-se o CTB.
Ex.: 1: Dois amigos estavam brincando de dar arrancadas com uma retroescavadeira. Um
dos amigos foi degolado. Obviamente, o amigo não previu o resultado, além de não querer
que o fato ocorresse. Assumir o risco é prever e não se importar, é não estar nem ai.
Ex.: 2: Anestesista que deixou paciente com anestesia geral aos cuidados de um
enfermeiro e foi embora. O anestesista faltou com o dever de cuidado e o paciente morreu.

Causas de aumento da pena (Art. 121, §4°, CP)


A primeira parte trata-se de causa de aumento de pena em crimes culposos, na segunda
para os crimes dolosos.
Em crimes culposos, aumenta-se 1/3 se:
1. a falta de cuidado decorreu de não observância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício. Se a falta de cuidado se referiu a uma questão técnica têm-se o aumento da pena;
2. deixar de prestar imediato socorro à vítima ou fugir do lugar para não ser culpado.
Em crimes dolosos, aumenta-se 1/3 se:
1. a vítima for menor de 14 ou maior de 60 anos;
Obs.: O agente deve saber previamente da condição dessa condição da vítima ou correr
o risco.
No Art. 21, CP, temos o erro contra a pessoa. No erro contra pessoa, considera-se as
características da pessoa que se queria matar.
Ex.: Indivíduo vai matar a neta de 18 anos e, por erro, mata a avó de mais de 60 anos.
Aplica-se o aumento de pena? Não, pois é um caso de erro contra a pessoa, as
características que serão consideradas são as da adolescente.

Perdão judicial ou Escusa Absolutória (Art. 121, §5°, CP)


Se aplica apenas ao homicídio culposo!
No caso de homicídio culposo, a consequência do crime afeta o agente de tal forma, de
forma tão grave, que a punição penal é desnecessária.
Ex.: Caso dos amigos que brincavam com a retroescavadeira e um deles foi degolado. No
momento, o amigo que matou ficou tão afetado que sofreu um infarto.
Obs.: Nesse caso, o magistrado reconhece que o fato é típico, ilícito e culpável, mas deixa
de aplicar a pena.

Art. 121, §6°. Tem-se o aumento da pena em 1/3 quando o homicídio é praticado por
milícia privada, sob o pretexto de serviço de segurança ou por grupo de extermínio.

Art. 121, §7°. Causas de aumento exclusivos para o feminicídio. Aumenta-se a pena em
1/3 nos seguintes casos:
1. durante a gestação ou nos três meses após o parto;
2. contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadoras de
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou
mental;
3. na presença física ou virtual de ascendente ou descendente da vítima;
4. em descumprimento das medidas protetivas de urgência.

Encaminhamento 1:
1. É possível um homicídio ser, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado? Se não,
por quê? Se sim, por quê? Cite um exemplo.
Sim, é possível. Existem diferentes qualificadoras, aquelas que se referem ao modo ou
meio de execução, chamadas qualificadoras objetivas, e aquelas que se referem aos
motivos, chamadas de qualificadoras subjetivas. Ainda há divergências na doutrina
quanto a admissibilidade do homicídio qualificado-privilegiado. A jurisprudência dos
Tribunais Superiores, incluindo o STJ, considera a possibilidade da existência do
homicídio qualificado-privilegiado, que só ocorre nos casos em que há concomitância de
qualificadoras de natureza objetiva, com as circunstâncias privilegiadoras de natureza
subjetiva. O que não deve se aceitar é a concomitância de qualificadoras subjetivas com
as circunstâncias privilegiadoras.
Ex.: Homicídio praticado por um pai, através de emboscada, uma qualificadora de
natureza objetiva, contra estuprador de sua filha, motivo de relevante valor moral.

2. A Lei 8072/90, Lei dos Crimes Hediondos, traz um rol taxativo em seu Art. 1°, dos
crimes considerados hediondos. Entre os crimes hediondos está o homicídio
qualificado. Caso tenha considerado a possibilidade de um homicídio ser qualificado
e privilegiado simultaneamente, ela será considerado hediondo? Qual a
justificativa?
O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime hediondo. A doutrina
entende que, o homicídio qualificado-privilegiado não será considerado hediondo, pelo
fato do elemento subjetivo do privilégio predominar em relação a qualificadora objetiva.
Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o motivo determinante do crime tem preferência,
de forma que, para efeito de qualificação legal do crime, o reconhecimento do privilégio
descaracteriza o homicídio qualificado. A jurisprudência já decidiu muitas vezes de forma
a não reconhecer esse tipo de homicídio como crime hediondo, por falta de previsão legal,
ou seja, por não integrar o rol de crimes hediondos. Princípio da legalidade é o principal
argumento.
PENAL III
AULA 3
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (ART. 122, CPC)

Por motivos de política criminal, aquele que tentou tirar a sua própria vida, e não
conseguiu, não será punido por isso.
Nesse tipo penal, a pena é menor, pois quem tem o poder de tirar a vida é a própria vítima.
Bem jurídico: é a vida, cuja definição já foi discutida anteriormente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, não se exige característica específica para se praticar o
crime, o crime é comum, não próprio.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, no entanto, em que pese ser qualquer pessoa, é
necessário que o sujeito passivo tenha um mínimo de discernimento, discernimento de
que, se praticar certo ato, pelo qual foi instigado, induzido ou auxiliado, ele pode morrer.
Tipo objetivo: a) induzir, ou seja, dar a ideia, é “colocar no caminho”; b) instigar, reforçar
uma ideia já existente; e c) prestar auxílio (auxiliar), significa que, o indivíduo vai, de
alguma maneira, ajudar no suicídio da pessoa. Auxiliar não é entrar em ato de execução
do homicídio.
Ex.: 1: Indivíduo pede uma corda para se suicidar e o amigo empresta a corda. (Auxílio).
Ex.: 2: Indivíduo que quer se suicidar e pede amigo para puxar o gatilho da arma de fogo.
Aqui não é auxílio, é homicídio. (Ato de execução do crime).
Obs.: Nesse tipo penal, não há obrigação de evitar a ocorrência do crime, desde que o
indivíduo não induza, instigue ou auxilie.

Casos interessantes:
1. Caso Romeu e Julieta 1: Casal de namorados decidiram, ambos, se suicidar ingerindo
veneno. Eles colocam dois copos de venenos. Na hora do suicídio, Julieta toma o copo de
veneno e morre. No entanto, Romeu, com medo, não é capaz de tomar o veneno e desiste
de prosseguir. Análise: Antes da realização do suicídio, um estava induzindo o outro. O
que sobreviver responderá por induzimento ao suicídio.
2. Caso Romeu e Julieta 2: Casal de namorados decidiram, ambos, se suicidar por meio
de um tiro com arma de fogo. Julieta, com medo de se suicidar pede para Romeu que lhe
de o tiro. Romeu assim o faz. No entanto, na hora de lhe tirar a própria vida, Romeu fica
com medo e desiste de prosseguir. Análise: Romeu responde por homicídio, uma vez que
ele não se limitou a induzir ou instigar, mas entrou nos atos de execução do crime.
3. Caso da Roleta Russa 1: Três amigos, A, B e C, resolvem brincar de roleta russa e,
para tal, carregam um revólver com somente uma bala. O revolver vai revezando de mão
em mão, na medida em que vão sendo efetuados os disparos. Cada um atira, na sua vez,
contra si. O revolver passa pelas mãos de A e de B, que atiram, mas não morrem. No
entanto, C, ao efetuar o disparo contra si, acaba morrendo. Análise: Os dois que
sobreviveram respondem por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, uma vez que
não entraram nos atos executórios do crime.
4. Caso da Roleta Russa 2: Três amigos, A, B e C, resolvem brincar de roleta russa e,
para tal, carregam o revolver com somente uma bala. Os três pedem a um quarto, D, para
efetuar os disparados em um de cada vez. D efetua os disparos contra A e B, mas não
acerta o tiro. No entanto, ao efetuar o disparo contra C, D acaba o matando. Análise: Em
relação a C, D responderá por homicídio. Em relação a A e B ele responderá por nada,
pois era crime impossível. Se havia somente uma bala na arma, o meio escolhido para
matar os outros dois era ineficaz, portanto, crime impossível. Cabe observar que, A e B
responderão também por homicídio, pois, ao concordarem com a brincadeira, estavam
induzindo D a matar C.
5. Caso do Suicídio Coletivo: Membros de uma seita religiosa resolveram, depois de um
final de semana em oração, resolveram se suicidar. Eles foram para uma casa, fecharam
toda a casa e ligaram a torneira do botijão de gás. Todos morreram. No entanto, um dos
que estavam na casa sobrevive. Análise: O sobrevivente responde por induzimento ao
suicídio, uma vez que, cada um que concordou estava induzindo os demais. Cabe observar
que, se o sobrevivente for o que tiver ligado a torneira do botijão de gás, responde por
homicídio de todos.
6. Caso do Copo de Veneno: Uma funcionária, que não gosta do patrão, coloca veneno
em seu copo de água. O patrão percebe que há veneno em sua bebida e, mesmo assim,
resolve beber e morrer. Análise: Não há resposta correta. Pode-se considerar que a
funcionária responderá por homicídio, ou por auxílio, induzimento ou instigação ao
suicídio, ou tentativa de homicídio. Argumenta-se em desfavor do induzimento, auxílio
ou instigação ao suicídio, pois, para ocorrer esse tipo de crime, é necessário o tipo
subjetivo, que é o dolo. A funcionária não queria induzir, instigar ou auxiliar, logo ela
não tinha o dolo. Argumenta-se em favor da tentativa de homicídio, pois, no momento
em que o patrão descobriu do copo de veneno, encerrou-se o curso causal. A funcionária
queria matar o patrão, mas não conseguiu por uma circunstância alheia. Só depois o patrão
resolver usar o copo de veneno para se matar.
Encaminhamento 2:
1. Quando ocorre a consumação do crime em questão? (Art. 122, CP)
Existem três teorias para a consumação do crime em questão:
Alguns falam que se consuma com a morte e a lesão grave seria uma mera tentativa.
Alguns falam que se consuma com a morte ou com a lesão grave.
Alguns falam que se consuma com o induzimento ou instigação, sendo a morte do agente
ou a lesão grave uma mera condição de punibilidade.

Obs.: Se existe a morte a pena é de 2 a 6 anos. Se ocorre a mera lesão grave, a pena é de
1 a 3 anos. Se induzir ou instigar alguém e, esse alguém se quer tentar o suicídio, não há
pena nenhuma.

Obs.: 2: Existem vários tipos de lesão, lesão leve, lesão grave, lesão gravíssima e lesão
seguida de morte. Se o indivíduo tenta se suicidar e acaba provocando lesão gravíssima
têm-se o crime de induzimento ao suicídio. A lesão gravíssima engloba a lesão grave.

Causa de aumento de pena (Art. 122, parágrafo único)


Hipóteses em que a pena será duplicada:
I. se o crime é praticado por motivo egoístico;
II. se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Quando a vítima é menor de 18 anos ou tem a sua capacidade reduzida.
O crime de induzimento ao suicídio necessita que o sujeito compreenda a situação e a
execute. Se a pessoa tem discernimento, mas ele é reduzido, a pena será duplicada.
Ex.: pessoa que possui problemas mentais, ou que passava por algum problema mental.
PENAL III
AULA 4
INFANTICÍDIO (ART. 123, CP)

O crime de infanticídio seria a única hipótese de homicídio privilegiado. Aqui tem uma
condição específica, que é o estado puerperal (depressão pós-parto).
O infanticídio é um homicídio onde se agrega uma circunstância e, em razão da soma
dessas circunstâncias, diminuem-se as penas.

Bem jurídico: a vida.

Sujeito ativo: tipo penal próprio, que exige característica própria do sujeito. As
características que se exige do sujeito são: ser mãe e estar no estado puerperal.
Estado puerperal: é a depressão pós-parto. Um estado de forte perturbação psicológica.
Para se comprovar é necessário um laudo psicológico afirmando a alteração psicológica
logo após o parto.
Só a mãe no estado puerperal pode responder por esse crime? Não, vide Art. 30, CP.
Como exceção, a circunstância pessoal vai se comunicar, desde que seja elemento
previsto no tipo penal, ou seja, elementar do crime.
Comunicar: característica vai passar de uma pessoa para outra.
Obs.: A circunstância só se comunica de autor para partícipe, não de partícipe para autor.

Sujeito passivo: o Art. 123 é um dos poucos que, além das características do sujeito ativo,
exige característica do sujeito passivo. O sujeito passivo deve ser um recém-nascido.
E se a mãe matar o filho de outra? A mãe que mata o filho de outra, por engano e,
estando no estado puerperal, responde por infanticídio, tendo em vista o erro sobre pessoa,
ou seja, ela queria matar o seu filho e mata o filho de outra acreditando ser o seu próprio.
O fundamento é o Art. 20, §3°.
E se, na dúvida, ela mata mais de um bebê? Diante a morte de seu filho, ela responderá
por infanticídio, no entanto, responderá por homicídio pela morte dos demais.

Tipo objetivo: o verbo é matar, semelhante ao do homicídio, acrescido de uma


circunstância de tempo, exige-se que o infanticídio seja praticado durante ou logo após o
parto. Precisa-se do início do parto. O estado puerperal pode durar meses, mas, para se
ter o infanticídio, deve-se somar uma circunstância de tempo ao verbo matar, qual seja
“durante ou logo após o parto”. Se a mãe, ainda que em estado puerperal, matar o filho
10 (dez) dias após o parto, não será infanticídio, mas homicídio.
Até quando é o “logo após o parto”? Não se sabe com certeza, mas existe um parâmetro,
qual seja 24 (vinte e quatro), 48 (quarenta e oito) horas.

Tipo subjetivo: é o dolo. Dos crimes contra a vida, o único que existe na forma culposa
é o homicídio. Quando um crime é praticado em sua forma culposa, mas ele só existe em
sua forma dolosa, ele não é punido.
Ex.: Se a mãe dorme em cima do filho, tem-se o homicídio culposo.

Consumação: o crime se consuma com a morte do recém-nascido. Como crime material


que o é, admite perfeitamente a tentativa. Na tentativa, aplica-se a pena do crime
consumado, reduzida de 1/3 a 2/3.
Ex.: médico chegou na hora em que a mãe estava começando a praticar o homicídio e
conseguiu evitar a consumação.

Crimes culturalmente motivados: crimes que são praticados devido à própria cultura
os “obriga” a praticar. Em alguns casos, deve-se tratar como inexigibilidade de conduta
adversa, sendo causa de exclusão da culpabilidade.
Ex.: algumas aldeias de índio enterram os recém-nascidos que apresentem alguma
deficiência.
PENAL III
AULA 5
ABORTO (ART. 124, 125, 126, 127 E 128, CP)

Por motivos de política criminal, aquele que tentou tirar a sua própria vida, e não
conseguiu, não será punido por isso.

Tudo o que fizer com o feto, antes do parto, e isso provocar sua expulsão ou morte,
configura-se crime de aborto.
Bem jurídico: a vida.

Argumento de política criminal vs. Argumento de direito penal


A política criminal não discute o direito como ele é, mas como ele deveria ser, ou seja,
avalia o direito por meio de dados empíricos, a conveniência ou inconveniência de se
incriminar uma conduta e qual as consequências positivas e negativas dessa
criminalização.
Direito penal é o que está posto no texto da lei, se o que está posto no texto da lei viola
ou não a Constituição da República.

Tipos de aborto
Auto aborto (Art. 124): provocar aborto em si mesma ou permitir que outro o provoque.
Sujeito ativo: a gestante, é a única que pode praticar auto aborto.
Sujeito passivo: feto.

Aborto provocado por terceiro com (Art. 126) ou sem consentimento da gestante
(Art. 125):
Sujeito ativo: não possui sujeito ativo específico.
Sujeito passivo: Quando é sem consentimento da gestante o sujeito passivo será o feto e
a própria gestante. Quando é com consentimento da gestante é o sujeito ativo será o feto.

Relação que o Art. 126 possui com o Art. 124, segundo parte:
A gestante, quando permite que um terceiro lhe provoque aborto, estará praticando a
segunda parte do Art. 124. Já o terceiro irá responder pelo Art. 126. Isso não é uma
hipótese de concurso de pessoas, é uma exceção à teoria monista.
O concurso de pessoas possui três requisitos:
I. duas ou mais pessoas;
II. unidades de desígnios, agentes voltados ao mesmo objetivo (interromper a gestação);
III. unidade típica, todos munidos por um único desígnio devem se encaixar no mesmo
tipo penal, advindo da teoria monista.
Nesse caso, não haverá concurso de pessoas por causa da dualidade típica.
Obs.: Isso não significa que o auto aborto não permita concurso de pessoas. Permite, mas
na modalidade de partícipe.
Ex.: gestante quer abortar, confessa isso para um terceiro e o terceiro a incentiva a abortar,
ou seja, ele não pratica o aborto, não será coautor, mas, por ter incentivado, será partícipe,
responderá junto com ela, por participação no auto aborto dela. Aqui, as circunstâncias
judiciais do crime, quando elementares do crime, se comunicam, ou seja, o partícipe
responderá como se gestante fosse, autorizando a interrupção de sua gestação.

ADPF 54
O Supremo decidiu que o aborto de anencéfalo não seria aborto. O Supremo retirou da
lei de transplantes a definição de morte. Morte é o cessar da atividade encefálica, o que
permite, inclusive, os transplantes cardíacos, algo não permitido até a década de 60, pois
considerava morte como o cessar da atividade cardíaca.
Feto anencéfalo: feto sem o tronco cerebral, não tem se quer a possibilidade de ter
atividade cerebral.
Se vida é atividade ou possibilidade de atividade cerebral, o anencéfalo não possui
vida, nunca possuiu e não possuirá.
A interrupção de uma gestação com anencéfalo será crime impossível, pois não tem vida.
Logo, não poderá ser aborto. Só será típico do direito penal ação ou omissão que violar
um bem jurídico, que no aborto é a vida.

Habeas Corpus 124.306


O Barroso foi adiante, falou que não poderá haver auto aborto ou aborto provocado com
o consentimento da gestante se não for ultrapassada a 12ª semana de gestação. A lógica
foi a mesma, antes da 12ª semana de gestação não possui sistema nervoso. Sem sistema
nervoso não há vida, logo não seria aborto.
Só será aborto, até a 12ª semana de gestação, se a gestante não quiser, ou seja, o não
consentimento da gestante (Art. 125) resulta em crime de aborto. Ficou contraditório, uma
vez que, ou existe vida e, portanto, existe crime, ou não existe vida e, portanto, não é
possível existir crime. Mas é a regra do jogo!

A legislação admite a possibilidade de aborto em 2 (duas) hipóteses:


I. não haver a possibilidade de socorro à vida da gestante (aborto terapêutico ou aborto
necessário), aqui já se enquadraria em estado de necessidade (Art. 25), o que se está sendo
feito aqui é restringindo a tipicidade.
II. se a gravidez resultar de estupro e o aborto é precedido pelo consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal. Desconsidera-se a tipicidade do aborto,
por opção de política criminal;

Microcefalia
É possível interromper a gestação de feto microanencéfalo? Não está autorizada pela
ADPF 54, uma vez que, a ADPF não está tratando de vida inviável ou vida “indigna”,
mas de inexistência de vida.
PENAL III
AULA 6
LESÃO CORPORAL (ART. 129, CP)

Até o aborto, acabaram-se os crimes contra a vida. Até aqui, caso o crime seja doloso
(tentado ou consumado), o crime será julgado pelo tribunal do júri.
Só existe um artigo que fala da lesão corporal.
O fato de ter-se encerrado os crimes contra a vida não significa que nos demais crimes
não haverá morte!
Bem jurídico: integridade corporal ou saúde de terceiro.
Integridade corporal: “dar uma facada, um tapa”;
Saúde de terceiro: “transmissão de doença”.
Para se punir a lesão deve-se ter uma ofensa à integridade corporal ou saúde de terceiro.
Não existe no direito brasileiro a possibilidade de punir a autolesão. Não se responde
criminalmente pela autolesão, pois o crime é uma ofensa dirigida a outrem.
Obs.: Causas que excluem a ilicitude: legítima defesa, estrito cumprimento do dever
legal, estado de necessidade, exercício regular de direito. Existe uma causa supralegal de
exclusão da ilicitude, o consentimento do ofendido.
Em alguns crimes, o consentimento do ofendido pode excluir a ilicitude. Nos crimes
contra a vida não se podia falar em consentimento do ofendido, pois se tratava de bem
indisponível, ou seja, da vida. Quando o bem jurídico é disponível, como no caso da
integridade corporal, é possível aceitar o consentimento e excluir a ilicitude.
Ex.: Indivíduo que ofendeu a integridade corporal de outrem ao realizar uma tatuagem.
Por que o tatuador não foi preso? Consentimento do ofendido. O consentimento do
indivíduo, que consentia com a tatuagem, excluiu a ilicitude.

Sujeito ativo: qualquer pessoa;


Sujeito passivo: qualquer pessoa;
O tipo penal não exige nenhuma característica do sujeito ativo e nem do sujeito passivo.

A Lesão corporal pode ser leve, grave, gravíssima, seguida de morte.


Lesão corporal leve (Art. 129, caput): possui pena de detenção de, 3 meses a 1 ano.
Lesão corporal grave (Art. 129, §1°): possui pena de reclusão de, 1 a 5 anos.
Lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2°): possui pena de reclusão, de 2 a 8 anos.
Lesão corporal (Art. 129, §3°): possui pena de reclusão, de 4 a 8 anos.
A lesão leve é subsidiária, quando houver uma ofensa dolosa à integridade física ou saúde
de outrem que não se encaixa nas demais formas de lesão, temos a lesão corporal leve.

Lesão corporal grave (Art. 129, §1°, I, II, III, IV)


Hipóteses de lesão grave:
I. Incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias. Atividades habituais
são aquelas que fazem parte do dia-a-dia. Tudo o que se faz rotineiramente é uma
atividade habitual. Se ficar 31 dias incapaz, já se configura a lesão grave.

Obs.: Os crimes que deixam vestígios, como os crimes de falsificação de moeda. Todos
os crimes que estudamos até agora são crimes que deixam vestígio. Os crimes que deixam
vestígio são chamados de delitos não transeuntes. Toda vez que um crime deixa vestígio
deve-se fazer uma perícia para saber que o crimes existiu. A perícia se chama exame de
corpo de delito. O exame corpo de delito não é aplicado, inclusive, nos crimes de
falsificação de moeda.
A lesão grave é resultado de incapacidade das atividades habituais por mais de 30 dias,
ou seja, 31 dias em diante. Nesse caso, o perito deve produzir um laudo complementar
após 30 dias, para que ela caracterize lesão corporal grave, uma vez que, no momento, o
perito não tem como saber se ele ficará impossibilitado por mais de 30 dias.

II. Perigo de vida. O perigo de vida é a probabilidade que aquela lesão possa acarretar a
morte. É a probabilidade e não a possibilidade. Por que é lesão corporal grave e não
tentativa de homicídio? A diferença é o dolo, a intensão não foi de matar.

III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função. Membro são braço e perna.
Sentido são tato, olfato, visão, paladar, audição. Função pode ser respiratória,
cardiovascular, reprodutiva, entre outras, são funções que o corpo humano desempenha.
Debilidade é quando algo funciona, mas não como deveria.
Debilidade permanente: membro, sentido ou função continua existindo, mas não funciona
como deveria.
Exemplo: continua com o sentido, membro, ou função, mas o desempenho reduziu, não
desempenha o que desempenhava antes.
Permanente não é perpétuo. Perpétuo é aquilo que nunca terá retorno. Permanente é aquilo
que, naquele instante em que a sociedade se encontra, não tem solução.

IV. Aceleração do parto. Aqui não há dolo em provocar o aborto, mas, por falta de
cuidado, ocorre a aceleração do parto. Têm-se o dolo na lesão, mas, por falta do devido
cuidado, ocorre a aceleração do parto.

Lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2°, I, II, III, IV, V)


Hipóteses de lesão gravíssima:

I. Incapacidade permanente para o trabalho. É a incapacidade de exercer a profissão que


o indivíduo desempenha.
Ex.: indivíduo é professor, mas perde a possibilidade de exercer a sua profissão devido a
problemas nas cordas vocais. Pode até ser que o professor possa desempenhar outra
profissão, mas a sua ele não poderá mais.
Incapacidade permanente não significa incapacidade perpétua. Daqui alguns anos pode
surgir tecnologia nova que resolva o problema.

II. Enfermidade incurável. É aquele problema que, naquele instante da sociedade, não se
tem cura.
Exemplo: indivíduo que transmitiu vírus da AIDS e tem relação sexual com suas vítimas.
A AIDS é, atualmente, uma doença incurável.
O direito penal não é um direito da vontade somente, é um direito penal da ação. Ação é
o desvaler da ação, a ação deve provocar uma perigo ou ofensa relevante ao bem jurídico.

III. Perda ou inutilidade de membro, sentido ou função. Aqui é a perda e não a mera
debilidade.
Ex.: é a perda da visão por completo (os dois olhos). A perda de somente um olho
configura mera debilidade, continua-se enxergando, mas não como deveria.
Ex.: caso Flávia Castro, que arrancou os órgãos genitais do namorado, houve a perda da
função reprodutiva.
IV. Deformidade permanente. Deformidade quer dizer um prejuízo estético. É um
prejuízo estético permanente. É causar um prejuízo estético muito grave. Deformidade é
um prejuízo estético considerável, afeta, até mesmo, o psicológico.
Ex.: menino que teve a sua testa tatuada, em virtude da prática de um roubo.
Deformidade permanente não significa que é perpétua! No exemplo da tatuagem, a
tatuagem pode ser removida, mas demora. Os meios de remoção não são naturais e pode
durar a vida toda.

Lembrar! Crime preterdoloso: que possui dolo no antecedente e culpa no consequente.

V. Aborto. Isso é um caso de crime preterdoloso. Aqui, têm-se o dolo em relação ao à


lesão corporal, mas, devido à falta de cuidado, acaba ocorrendo o aborto. O aborto ocorre
com culpa.
Qual é a diferença do Art. 129, §2°, V e o Art. 127?
Art. 127. Aborto qualificado pela lesão grave. Têm-se o aborto, mas em razão do aborto
têm-se a lesão grave.
No Art. 127, o crime é preterdoloso, ou seja, possui dolo no antecedente e culpa no
consequente.
Obs.: não se pode querer o aborto. Se houver dolo em ambos, têm-se dois crimes
distintos. Haverá uma lesão leve e um aborto. Não poderá ser lesão gravíssima, pois ele
já será condenado pelo aborto. Faz referência à vedação ao princípio do bis in idem.

Todos os tipos de lesão corporal possuem como tipo subjetivo o dolo.

Lembrar! A lesão corporal culposa não possui gradação em leve, grave e gravíssima. A
lesão corporal culposa é somente culposa.

Lesão corporal seguida de morte (Art. 129, §3°)


A lesão corporal seguida de morte é um dos crimes mais claros de um crime preterdoloso,
pois há o dolo na lesão e, em relação à morte, têm-se a culpa.
Quer-se lesionar alguém, mas acaba matando por falta de cuidado. A morte não pode ser
dolosa, nem com dolo direto e nem com dolo eventual.
Se quer lesionar alguém, mas assume o risco de matar, é homicídio doloso.
Se quer lesionar alguém, mas não assume o risco de mata, ou seja, a culpa é consciente,
o crime é de lesão corporal seguida de morte.
O limite entre dolo eventual e culpa consciente é muito tênue.

Atenção! O Art. 129, §4° e §5° só se aplicam à lesão dolosa.

Diminuição de pena (Art. 129, §4°)


§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Semelhante ao Art. 121, §1° do homicídio, estudado anteriormente.

Substituição da pena (Art. 129, §5°)


§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa (Art. 129, §6°)


Pena: detenção, de 2 meses a 1 ano.
É a lesão devida à falta de cuidado no caso concreto.
Obs.: 1: A lesão corporal culposa não permite gradação em leve, grave, gravíssima. Se a
lesão corporal ocasionar
Obs.: 2: Se a lesão corporal for na direção de um veículo automotor, no trânsito, não se
aplica o CP e sim o CTB (Art. 303, CTB). A pena será maior, de 6 meses a 2 anos.

Aumento de pena (Art. 129, §7° e §8°)


§7° - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o
e 6o do art. 121 deste Código.
Esse parágrafo já foi explicado, só retornar ao crime de homicídio.

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.


O §5° do Art. 121 é caso de perdão judicial, quando a consequência do crime afeta de
maneira tão grave a vítima, que a lesão se torna desnecessária.
Violência Doméstica (Art. 129, §9°)
§9° Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
A pena é de 3 meses a 3 anos.
Só será aplicado às lesões leves, pois se for aplicada à lesão grave, estaríamos utilizando
uma situação mais grave para diminuir a pena, uma vez que, a pena da lesão grave é de 1
a 5 anos.
Se um pai causou lesão leve em seu descendente, aplica-se o §9°.
Se um pai causou lesão grave em seu descendente, aplica-se a pena da lesão grave.

Art. 129, §10


Se as circunstâncias forem as do §9° (descendente, etc.) e o crime foi praticado resultar
nos casos previstos no §1° ao §3°, do mesmo artigo, aumenta-se a pena em 1/3.

Art. 129, §11


Se as circunstâncias forem as do §9° e o crime for praticado contra pessoa portadora de
deficiência aumenta-se a pena em 1/3.

Art. 129, §12


É o crime ser praticado contra agente de segurança público no exercício de sua função ou
em decorrência dela, ou seja, pelo simples fato de ser agente de segurança, a pena é
aumentada de 1/3 a 2/3.
Já foi explicado melhor na parte de homicídio.

Consumação: o crime vai se consumar no momento que ocorrer a lesão.


É possível a tentativa? Só se pode ter a tentativa na lesão leve. As outras não permitem
tentativa, pois onde se admite culpa não se admite tentativa.

Crimes que não admitem a tentativa: culposos, a tentativa é absolutamente


incompatível com a culpa; crime preterdoloso; crimes unissubsistentes; crimes omissivos
próprios; crimes habituais; contravenções; e atentado.
Atenção! Todos os crimes, até agora, possuem ação penal incondicionada!

Ação penal
No direito penal a ação penal pode ser pública ou priva. Quando é pública, o direito de
ação cabe ao Ministério Público (MP), podendo ser pública incondicionada, na qual o MP
pode iniciar o processo sem autorização da vítima, na pública condicionada à
representação ele precisa da autorização da vítima, que é a representante. Na ação privada,
o direito de ação é do ofendido.
Quando o legislador não falar nada em relação à ação penal, entra-se na regra geral, que
é a ação penal pública incondicionada.

Ação penal em crimes de lesão corporal:

PI: Pública Incondicionada


PCR: Pública Condicionada à Representação
Crime Código Penal Lei 9.099 Lei 11.340
Lesão leve PI PCR PI
Lesão grave PI
Lesão gravíssima PI
Lesão seguida de PI
morte
Lesão culposa PI PCR

Obs.: A lei 11.340 traz uma série de disposições que irão proteger a mulher de uma série
de crimes. Quando se aplica a lei 11.340 não se aplicará a lei 9.099, voltando para o
Código Penal.

Dica: Lesão grave, gravíssima e seguida de morte serão sempre pública incondicional. A
lesão culposa será pública condicionada à representação. A lesão leve será pública
condicionada à representação, exceto quando praticado contra mulher, nos moldes da lei
11.340 (Lei Maria da Penha), onde será pública incondicionada, conforme CP.
PENAL III
AULA 7 e 8
CRIMES DE PERIGO (ART. 130 ao 137, CP)

Encaminhamento 3:
1. O que é dano?
É a destruição ou diminuição de um bem jurídico, ainda que momentâneo.
Ex.: No sequestro ocorre uma restrição momentânea, pois o crime terá fim quando o
indivíduo for solto.

2. O que é perigo?
É a probabilidade de dano. Daquela conduta que provoca o dano advém uma
probabilidade de ocorrer o dano.
Probabilidade é diferente de possibilidade! Algo pode ser possível, mas não provável.

3. O que é crime de perigo concreto?


No perigo concreto deve-se comprovar/demonstrar, caso a casa, que com determinada
conduta ocorreu a possibilidade de danificar um bem jurídico.
Ex.: Art. 309, CTB.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir
ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

4. O que é crime perigo abstrato?


No perigo abstrato não precisa comprovar, ocorre a presunção do perigo pela própria
realização do tipo penal.
Ex.: Art. 306, CTB. O crime de embriaguez ao volante é um crime de perigo abstrato, o
simples fato de dirigir embriagado gera a presunção do perigo, mesmo que, no caso
concreto, não se tenha colocado a vida de alguém em perigo.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Obs.: Alguns doutrinadores falam que os crimes de perigo abstrato existe uma
inconstitucionalidade, pois, no processo penal, a única presunção é a presunção da
inocência do réu. Hoje em dia, em termos de jurisprudência é aceito a ocorrência de
crimes de perigo abstrato. Ele são aceitos em decorrência da própria evolução da
sociedade, uma vez que são utilizados em casos onde não é possível demonstrar a
probabilidade de dano. São frutos de uma sociedade onde ocorrem cada vez mais riscos.

Crimes de periclitação da vida ou da saúde de outrem


São condutas que, alguém praticando essa conduta, colocam em risco a vida ou a saúde
de outrem.

Perigo de contágio venéreo (Art. 130, CP)


Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.

Bem jurídico: perigo, vida ou saúde de outrem.

Sujeito ativo: não existe explicitamente uma característica do sujeito ativo, no entanto
deve ser uma pessoa que possua doença venérea.

Sujeito passivo: qualquer pessoa.

Tipo objetivo: expor alguém a perigo; doença venérea; sabe ou deve saber.
Expor alguém a perigo: tem-se um crime de perigo concreto, ou seja, que no caso
concreto deve-se demonstrar que, com a conduta, alguém foi colocado em perigo de
doença venérea. Não obstante ter a doença venérea, deve-se demonstrar a exposição de
alguém a perigo em dado caso concreto.
Ex.: 1: Pelo fato de alguém, que detenha a doença venérea, ter usado preservativo não há
perigo de dano, pois ninguém correu o risco de contágio.
Ex.: 2: Duas pessoas com doença venérea praticam relação sexual, pelo fato de ambas
terem a doença não faz sentido afirmar que elas correram perigo.

Doença venérea: lei penal em branco, ou seja, tipo penal onde só é possível saber o seu
significado através da complementação de outra norma.
Sabe ou deve saber: Chamados de elemento do tipo objetivo, mas referem-se ao tipo
subjetivo. Esses elementos indicam o que terá no tipo subjetivo.

Sabe: está se referindo ao dolo direto;


Aqui, deve-se ter a certeza, a ciência que é portador de uma doença venérea.
Deve saber: está se referindo ao dolo eventual.
Aqui, deve-se ter motivos para desconfiar que tem a doença, como por meio de sintomas.

Tipo subjetivo: O Art. 130 só existe na forma dolosa.

Obs.: Aqui pode-se ter o consentimento do ofendido.


Ex.: Moça que concordou em ter relação sexual com terceiro que possui doença venérea.
O consentimento do ofendido exclui a ilicitude.

Consumação: a consumação ocorre quando efetivamente se expõe a risco aquela pessoa,


ou seja, no exato momento que ocorreu a possibilidade do contagio da doença. Não é
preciso que a doença tenha sido transmitida.
Obs.: Ter a doença e querer expor a pessoa a risco é diferente de ter a doença e querer
transmiti-la. No segundo caso, uma vez transmitida a doença, o crime é de lesão corporal.

Art. 130, §1°


Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Trata-se de uma forma qualificada do crime.
Para se caracterizar o crime do caput, Art. 130, o agente tem uma doença e pratica
conjunção carnal com uma pessoa, com dolo, querendo expo a pessoa a perigo.
No entanto, se ele tem a intenção de transmitir a doença, é uma forma qualificada. Mas e
se ele quer transmitir e transmite a doença? É lesão corporal!
Esse parágrafo pune, de maneira autônoma, uma tentativa de lesão corporal.

Art. 130, §2°


Somente se procede esse crime por representação, ou seja, a ação deve ser pública por
representação.
Perigo de contágio de moléstia grave (Art. 131, CP)
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Art. 131 é o Art. 130, mas com uma especificação. O que diferencia o 131 do 130 é o tipo
da moléstia. No 130 o caso é de doença venérea, no 131 o caso é de uma doença é grave.
A estrutura é a mesma, o crime é de perigo, no entanto, no Art. 131 se pratica uma doença
grave. Doença grave é um elemento valorativo, deve-se valorar.

E se a doença venérea for grave? Há um consenso aparente de normas, situações onde


se pode aplicar uma ou outra norma, a do Art. 130 ou do Art. 131.
Têm-se, no entanto, dois critérios principais para se escolher qual aplicar:
1. Critério da consunção: o crime fim sempre absorve o crime meio.
Ex.: invasão de domicílio (crime meio) para furtar (crime fim), responde por furto.
2. Critério da especificidade: norma mais geral e norma mais específica, restrita.
Quando houver norma específica, usa-se ela.

Atenção! Se a doença for grave e venérea usa-se o Art. 130.

Perigo para a vida ou saúde de outrem (Art. 132, CP)


É qualquer forma de exposição a perigo.
Consumação: Aqui é um crime de perigo concreto, sempre que se expõe a vida ou a
saúde de alguém a um risco direto e iminente. Aqui não é um perigo específico, a forma
não é específica.
Obs.: Para caracterizar o crime, a pessoa será exposta a perigo através de uma situação
não permitida, ou seja, é expor alguém a um risco que não é permitido. Quando o risco é
permitido, não há de se criminalizar, pois a vida implica em riscos.
Ex.: Indivíduo dá um tiro no amigo, que crime é esse?
Se queria matar e errou o crime é de tentativa de homicídio.
Se queria machucar e errou, o crime e de tentativa de lesão corporal.
Se queria expor a vida a perigo, o crime é o Art. 132.
O dolo é que vai dizer.
Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, se fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. É muito comum em zona rural haver transporte de trabalhadores sem
segurança alguma. Em razão disso, criaram esse aumento de pena. O transporte de
trabalhadores sem observar as normas legais resulta em aumento de pena de 1/6 a 1/3.
Abandono de Incapaz (Art. 133, CP)
Bem jurídico: vida ou saúde de outrem.

Há um problema com sujeito ativo e com o sujeito passivo.


Incapacidade, aqui, não diz respeito à incapacidade civil. É a capacidade ou incapacidade
de defender-se de situações de perigos, de riscos, decorrentes do abandono.
Ex.: Deixar a avó, idosa, para traz em uma cachoeira. A avó é capaz, civilmente, mas não
tem condições de se defender da condição de abandono que foi deixada pela neta. Naquele
momento, a neta estava na posição de vigilante.

Não basta abandonar uma pessoa incapaz. Precisa-se de uma relação entre o sujeito ativo
e o sujeito passivo. Precisa-se que entre o incapaz, abandonado, e o sujeito ativo, que o
abandonou, exista uma relação. O incapaz precisa estar sob a guarda, vigilância ou
autoridade do sujeito ativo.
Ex.: Lembrar da relação de pai e filho, irmão mais velho e mais novo, etc.

Tipo objetivo: abandonar;


Abandonar: é uma omissão. É um crime omissivo próprio, o primeiro crime estudado
até agora que é omissivo próprio, pois o próprio tipo penal descreve uma omissão.
Obs.: Alguém que passa por uma cachoeira, vê uma idosa em situação na qual foi deixada
sem condições de se defender e não presta socorro, responde por omissão de socorro se,
entre a idosa e o indivíduo, não houver qualquer vínculo.

Pena: detenção, de 6 meses a 3 ano.

Art. 133, §1°. Se do abandono resultar lesão corporal grave, a pena será de reclusão, de
1 a 5 anos, ou seja, uma pena maior.

Art. 133, §2°. Se do abandono resultar morte, aumenta-se a pena ainda mais. A pena será
de reclusão, de 4 a 12 anos.
Aqui é homicídio doloso ou abandono de incapaz? O que irá diferenciar é o dolo.
Se o agente abandonou para matar será homicídio doloso.
Se o agente abandonou para que a pessoa corresse perigo será, por questão de
especificidade, abandono de incapaz e não homicídio culposo.
Aumento de pena (Art. 133, §3°)
Aumenta-se de 1/3 se:
I. o abandono ocorre em lugar ermo, ou seja, lugar isolado, sem pessoas nas
proximidades;
II. se o agente for descendente, ascendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
III. se a vítima é maior de 60 anos, desde que, obviamente, o agente saiba disso.

Art. 134, CP
É irrelevante.
Esse crime não tem mais razão de ser, uma vez que qualquer tipo de gravidez pudesse
implicar desonra.
Ele existe pois, a mulher escondia a gravidez e quando ele nascia, ela abandonava o bebê.

Omissão de socorro (Art. 135, CP)


O bem jurídico aqui é a vida ou a saúde. Quando alguém deixa de prestar socorro a alguém
que já está correndo risco, ocorre a potencialização do risco.

Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.


A omissão de socorro se refere a um dever genérico que as pessoas possuem de prestar
socorro.
Se o dever de prestar socorro for específico, não terá mais a figura da omissão de socorro,
mas a figura do garantidor. Se o garantidor não prestar socorro pode ser outro crime de
ação qualquer.
Ex.: Salva vidas que vê um indivíduo se afogando e nega auxílio. O banhista também vê
e deixa de prestar socorro. O salva vidas responde por homicídio, crime comissivo, e o
banhista por crime omissivo.
A mãe que permite que a filha ou filho tenha relações sexuais com menos de 14 anos
responde por ser garantidora.

Sujeito passivo: pessoa em grave ou iminente perigo.


Ex.: Crianças que se perdeu dos pais, ou idosas abandonados, perdidos. Nesses casos, a
lei já presume o perigo.
Tipo objetivo: omissivo próprio; sem risco pessoal
Deixar de prestar socorro ou deixa de chamar as autoridades, é um crime omissivo
próprio. A questão aqui é o que deixou de fazer.
No caso concreto, pode escolher entre prestar socorro ou chamar o socorro? Não! É
obrigatório prestar socorro. Só se tem a opção de chamar socorro, quando não puder
prestar socorro.
O direito penal não exige que ao prestar o socorro a pessoa se coloque em risco pessoal.
O direito penal não exige nenhuma atitude de herói.
Ex.: Atropelou velhinha de patinete com os parentes do lado. Não há necessidade de
prestar socorro, pois os parentes podem agredir.

Tipo subjetivo: dolo.


Ex.: Criança estava se afogando e homem não prestou socorro por não saber nadar.
Quando os bombeiros chegaram viram que
A piscina dava pé para o homem.
Ele não resolverá pelo crime, pois não teve dolo.

Consumação: o crime de consome no momento em que deveria ser prestado socorro e a


pessoa não prestou.

Tentativa
Não existe tentativa de crime omissivo próprio, ou a pessoa se omite ou não se omite, não
existe tentar se omitir.

Pena: detenção de 1 a 3 meses, ou multa.

Aumento de pena: se deixar de prestar socorro e ocorrer lesão grave, a pena duplica, se
a pessoa morre, a pena triplica.

Art. 135-A, CP
Bem jurídico: é a vida a ou a saúde.
Verbo: exigir
O crime aqui não é de omissão.
Se o hospital exigir cheque-caução ou preenchimento de formulário, em situação de
emergência, ele está comentando crime. No instante em que a pessoa está no estado de
emergência não se pode exigir garantia ou formulário.
Após estabilizar, pode ser enviado para outro hospital e cobrado da família.
Escala de Manchester: pulseiras coloridas, critério, para indicar a gravidade do estado
para atendimento.
Esse artigo não se dirige ao médico, mas só administrador do hospital. O médico é
garante, se ele vê e não faz nada ele responde.

Crime de maus tratos (Art. 136, CP)


Bem jurídico: é a vida ou a saúde.
Em que pese não se exigir características do sujeito ativo ou passivo, necessita uma
relação entre sujeito ativo e passivo. O sujeito passivo deve estar sob a autoridade, guarda
ou vigilância do sujeito ativo para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia.
Ex.: Parentes que submetem a trabalhos excessivos, perigosos, sem alimentação.

Rixa (Art. 137, CP)


Rixa é uma confusão generalizada em que não se sabe quem são as partes, em que não
conseguia distinguir quem são as partes envolvidas.

Bem jurídico: vida ou saúde.

Sujeito ativo: o crime de rixa é o primeiro crime do CP que tem uma questão importante
sobre ele. Ele é um crime plurisubjetivo.
Crimes plurisubjetivos: tipo penal que implícita ou explicitamente exige um número
mínimo de agentes. Os crimes plurisubjetivos são chamados de crimes de concurso
necessário, pois se opõe onde concurso de pessoas é eventual.
Não se tem rixa com uma e nem com duas pessoas, uma vez que, com duas pessoas se
sabe quem são as partes. Para existir a rixa necessita um mínimo de três pessoas.
Ex.: 4 pessoas envolvidas em uma confusão generalizada. 2 tem mais de 18 anos e 2 têm
menos. A rixa, como é um crime plurissubjetivo, necessita um número mínimo de
agentes, mas pode contar com um menor de 18 anos para existir e caracterizar o crime de
rixa? A posição é que sim, mas os menos de 18 anos não responderam pela ética, mas por
crime análogo a rixa. Os demais irão resolver pela rixa.
Obs.: Como já existe um número mínimo de agentes, e o concurso é necessário, não se
aplica a regra da coautoria. Não há concurso na modalidade de coautoria, mas há no de
participação, uma pessoa pode ser partícipe na rixa.

Sujeito passivo: O crime de rixa é o único crime em que as pessoas são, ao mesmo tempo,
sujeito passivo e ativo.

Tipo objetivo: participar de rixa, qualquer pessoa que entrar na rixa responde por ela
toda, mesmo que tenha participado por um breve momento.
Hipótese em que se participa da rixa e não responder por ela: para separar os agentes.
Às vezes, para se separar a rixa, deve-se participar dela.
Ex.: Indivíduo não consegue separar a rixa sem agredir, mesmo que haja agressão, o dolo
era de separar a rixa.

Tipo subjetivo: dolo.

Pena: detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.


A rixa simples a pena é baixíssima.

Rixa qualificada (Art. 137, parágrafo único)


Se há uma rixa e nela ocorre uma lesão corporal grave ou a morte de alguém, todos os
participantes responderão pela rixa qualificada.
Pena: 6 meses a 2 anos.

A pessoa que saiu da rixa antes de ocorrer a morte ou a lesão grave responderá pela rixa
qualificada? Sim, responde por tudo o que ocorrer na rixa, não importa o tempo de
participação nela.
Obs.: 4 pessoas matando 1 não é rixa. Na rixa não é possível identificar as partes.
Ex.: Tem uma câmera filmando e consegue identificar o indivíduo que, no meio da rixa,
matou um outro indivíduo. Todos respondam pela rixa qualificada. No entanto, se é
possível identificar na rixa quem foi o autor do homicídio, além de resolver pela rixa
qualificada, resolverá também pelo crime de homicídio.
No exemplo anterior, a rixa pelo qual o autor irá responder será simples ou qualificada?
Deveria ser simples, para não violar a proibição do bis in idem. No entanto, a maioria da
doutrina diz que ele responderá pela rixa qualificada, em homenagem a teoria monista, e
pelo homicídio.

Atenção! Todos os crimes que estudamos são crimes de perigo concreto, pois eles exigem
a comprovação do perigo.
PENAL III
AULA 9 e 10
CRIMES CONTRA A HONRA (ART. 138 AO 145, CP)

O que é honra?
A honra será dúvida em duas situações: honra objetiva e honra subjetiva.
Honra objetiva: é a reputação que a pessoa tem. É aquilo que terceiros pensam dela.
Honra subjetiva: é algo interno, pessoal, é o sentimento de auto estima que a pessoa tem,
o que ela pensa dela mesma.

Calúnia (Art. 138, CP)


Pena: 6 meses a 2 anos, e multa.
Bem jurídico: honra no seu aspecto objetivo.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
A calúnia ataca o que as pessoas pensam do ofendido.
É um crime comum, não é próprio.

Sujeito passivo: qualquer pessoa.


Uma pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de calúnia? Em tese, só há calúnia contra
pessoa jurídica, desde que se trate de crime ambiental. No entanto, a posição que
prevalece é que não se pode ter calúnia conta pessoa jurídica, visto que "alguém" deve ter
o mesmo significado que no homicídio, pessoa física.

Tipo objetivo: imputar: atribuir a uma pessoa determinada;


O que se está atribuindo a alguém? A prática de um fato definido como crimes.
Fato: narrar algo que a pessoa fez.
Obs.: A expressão “abre o olho, fulano é ladrão" não é calúnia, pois não narrou um fato.
Na calúnia deve-se narrar o fato que a pessoa praticou.
Para existir calúnia basta qualquer fato? Não, deve ser um crime.
Existe duas categorias de infrações penais, crimes e contravenções.
Contravenção não é crime, imputar contravenções não é imputar crime.
Ex.: Jogo do bicho, vadiagem.
O fato que se está imputando a alguém deve ser um fato falso, ou porque o fato não existiu
ou porque não foi aquela pessoa a autora do fato.

Tipo subjetivo: é o dolo. É o querer imputar a alguém um fato falso definido como crime.
Dolo é o reflexo do tipo penal. Na frente deve se colocar o querer. O conteúdo do dolo é
delimitado pelo tipo penal.
Você só quer aquilo que você conhece.
Se a pessoa acreditar sinceramente que alguém praticou fato falso definido como crime,
não é crime, pois a pessoa agiu sem dolo. Ela não sabia que o que se estava imputando é
falso. Ela tinha, no caso concreto, elementos suficientes para acreditar que o fato era
verdadeiro, sendo, erro de tipo.
Ex.: Erro de tipo: menino, maior de idade, que encontrou menina na balada e a levou
para um motel, pois achou que ela era maior de idade.
Alguns tipos legais, para completar o tipo subjetivo e, logo, o próprio tipo penal, é
necessário as intenções transcendental, é a intenção que vai além do dolo. É o animus de
ofender a honra. Não basta imputar a alguém fato falso definido como crime. É necessário
a vontade de ofender a honra de outrem.
Ex.: Imputar fato falso definido como crime para dar um exemplo.
O dolo é reflexo do tipo, para estar no dolo, deve estar antes no tipo penal.
O elemento subjetivo especial é o animus caluniandi. É a vontade de ofender a honra.

Consumação: quando terceiros tomam conhecimento da imputação.


Existe tentativa de calúnia?
Calúnia na forma verbal é um crime unissubsistente, ou seja, que vai é possível fracionar
a execução. O primeiro ato da execução já é própria execução.
§1. Incorre em crime de calúnia quem passa uma calúnia a diante. Ex.: Fofoca que se
sabe ser mentira.
§2. Imputar calúnia a alguém que estava vivo, alegando que antes da morte havia
praticado crime.
§3. Só o caput:
Exceção da verdade: é a forma que o réu, no processo, tem de se defender. Para se
defender o réu pode provar que o fato é verdadeiro.
O juiz para o processo, instaura um novo processo e observam se o que foi falado é falso
ou verdadeiro. Instrui exceção.
É a forma que o réu tem de se defender da c calúnia, provando que o que ele falou é
verdade.

Art. 339, CP
Esse artigo é a denunciação caluniosa. Aqui está se imputando a alguém fato falso
definido como crime.
Qual a diferença da calúnia para a denunciação caluniosa? Na denunciação caluniosa
leva-se o fato ao conhecimento do Estado e o Estado passa a investigar aquela pessoa.

Difamação (Art. 139, CP)


Pena: 3 meses a 1 ano, e multa.
Bem jurídico: honra objetiva.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa

Tipo objetivo: imputar; fato ofensivo à reputação;


É divulgar um fato ofensivo à reputação.
O fato não interessa, de era falso ou verdadeiro, o que interessa é que ele é ofensivo à
reputação.

Tipo subjetivo: dolo, mas necessita da vontade, do animus, de ofender animus difamandi.

Consumação: como é um crime contra a honra objetiva, é necessário que outros tomem
conhecimento.
Tentativa: a tentativa é permitida na forma escrita, se for verbal não há tentativa.

Art. 339, parágrafo único


Exceção da verdade: regra geral é que, tem a exceção da verdade, só na calúnia, pois na
calúnia o fato deve ser falso. Na difamação, como não há exigência do fato ser falso, não
tem exceção da verdade, mas há uma exceção.
Quando a difamação for praticado contra funcionário público no exercício da função, pois
aqui é uma proteção ao órgão público.
Uma vez provado que o fato é verdadeiro, nesse caso, não há difamação.
Encaminhamento 5
1. Qual a diferença da injúria para os crimes de racismo?

2. Na frase “Os judeus são todos avarentos, fiquem longe dessas pessoas", é injúria
ou é racismo? Consultar Lei 7.716.

Injúria (Art. 140, CP)


Bem jurídico: é a honra, em que o bem jurídico não é a honra objetiva, mas a honra
subjetiva, o sentimento de auto estima do ofendido.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Qualquer pessoa pode praticar injúria.
Sujeito passivo: também pode ser qualquer pessoa. No entanto, o sujeito passivo precisa
ser uma pessoa determinada ou um grupo de pessoas determinável.

Obs.: Na injúria não cabe exceção da verdade.


Não há fato! Se na calúnia e difamação há a atribuição a alguém de um fato, na injúria
não há mais o fato.

Tipo objetivo: a injúria está relacionado, na maioria das vezes, a atribuir a alguém um
predicado ofensivo, mas não sempre, um tapa, por exemplo, pode pensar a honra.

Tipo subjetivo: como todo crime contra a honra, do existe na forma dolosa, a vontade
livre e consciente de praticar o crime.
É necessário, por exemplo, atribuir à pessoa o privativo ofensivo com a vontade de
ofender, ou seja, com animus injuriandi.

Consumação: na calúnia e na difamação, crimes que ofendem a honra objetiva, se


costuma na hora que outros tomam ciência da ofensa, já na injúria, um crime que ofende
a honra subjetiva, se consuma quando a própria pessoa tomar ciência da ofensa.

A tentativa tem o mesmo problema das tentativas em crimes de difamação e calúnia.


Se a injúria é verbal, é um crime unissubsistente e não permite a tentativa.
Na forma não verbal é possível ter a tentativa.
Ex.: Bilhete dirigido ao indivíduo, mas que não chega no início, pois outro indivíduo,
intermediário, intercepta a carta. No entanto, não há como fazer a queixa.
Na injúria, assim como na calúnia e na difamação, a ação é uma ação privada. No entanto,
diferente da calúnia e da difamação, na injúria a pessoa precisa prestar a queixa, mas para
prestar queixa ela deve ter ciência da injúria, uma vez que ela tomar ciência a injúria terá
se consumado.

Hipóteses de perdão judicial


O juiz pode aplicar o perdão judicial e deixar de aplicar a pena:
I. quando de forma reprovável, o ofendido provocar o outro. (Art. 140, §1, I).
II. no caso de injúrias recíprocas. (Art. 140, §1°, II).

Art. 140, §2°


Injúria real: tem uma violência ou uma via de fato (mero tapa).
Violência: lesão leve, grave ou gravíssima.
Se há uma injúria real, o meio que se praticou a injúria foi uma violência ou vias de fato
(violência mais leve). Nesses casos, o cidadão terá a pena da injúria real mais a pena da
violência, que pode ser lesão corporal leve, etc.

Art. 140, §3°


Injúria preconceituosa: quando a ofensa se refere à raça, cor, etnia, religião, origem ou
condução de pessoa idosa ou portadores de deficiência, podendo ser física ou mental.

Crime de racismo e injúria


Nos crimes de racismo existem atos de segregação. Nessa questão, não há nada diferente.
O problema é o Art. 20 da Lei de Racismo.
Na injúria racial se ofende uma pessoa específica ou grupo determinável. No racismo se
ofende grupo indeterminado, incitando a discriminação contra aquelas pessoas.
O STF admite a orientação sexual como racismo, não é sabido se será acrescido ao
parágrafo terceiro do Art. 140, a questões de orientação sexual.

Disposições comuns
Aumenta-se as penas, em 1/3, caso os crimes contra a honra sejam praticados contra:
I. Presidente da república;
II. Funcionário público em razão de suas funções;
III. Na presença de várias pessoas;
IV. Por meio que desculpe a divulgação, podendo ocorrer pela imprensa, pelas mídias
sociais, etc.
Crime cibernético: a internet é um meio, através desse meio pode-se praticar vários
crimes.
V. Contra pessoa maior de 60 anos ou portadores de deficiência, exceto no caso de injúria,
pois o parágrafo terceiro do Art. 140, já o faz, com pena maior ainda, proibição do bis in
idem.

Art. 141, parágrafo único


A pena praticada com paga ou promessa de recomenda dobra a pena.

Art. 142, CP
Só pode ser aplicado a difamação e a injúria!
Não se pune a injúria ou difamação em caso de:
I. ofensas entres as partes, que possuem relação com a causa, entre as partes.
II. críticos de cinema, críticos de música, fazer críticas, em várias ocasiões, vão gerar
opiniões desfavoráveis.
III. opinião de funcionário público, quando em função. Vários funcionários públicos
possuem como funções emitir algumas opiniões.
Ex.: fiscal que vai fazer a classificação do espetáculo teatral e diz que era obsceno.
Parágrafo único. O que fofocar o ocorrido responder pela injúria.

Retratação (Art. 143 e 143, parágrafo único)


Art. 143, CP
Só vale para a difamação e pela calúnia, extingue-se a punibilidade quando o querelado
volta atrás no que disse.
Art. 143, parágrafo único.
Em algumas situações pode se exigir que a retratação ocorra pelos mesmos meios que se
praticou a ofensa.

Interpelação (Art. 144, CP)


Calunia, injúria e difamação são, em regra, de ação privada. Ao invés de fazer uma queixa
crime por crime contra a honra, pode-se fazer uma interpelação.
Interpelar é pedir esclarecimentos, explicação, em juízo.
Os crimes contra a honra terão, basicamente, todo tipo de ação penal.
A ação penal pode ser privada ou pública, condicionada à representação e pública
condicionada à requisição do ministro da justiça.

Art. 145, CP
Ação penal em crimes contra honra

Regra: ação penal privada;


O indivíduo contrata advogado e este ajuíza a ação.

Injúria real:
Se por vias de fato, lesão leve: ação penal pública condicionada a representação.
Se por violência, lesão grave ou gravíssima: ação penal pública incondicionada.

Ação pública condicionada a requisição do Ministério da Justiça:


Se ofende a honra do presidente.

Ação penal pública condicionada a representação:


Art. 140, §3°: injúria preconceituosa;
Art. 141, II: contra funcionário público.

Encaminhamento 6:
1. Débora foi vítima de um crime contra a honra praticado em razão do seu cargo.
Débora procurou um advogado que ajuizou queixa crime. O advogado agiu
corretamente? Sim, não e porquê?
Existe a súmula 714 do STF que estabelece que, quando houver um crime contra a honra
de funcionário público no exercício de sua função, a ação pode ser privada. O advogado
agiu corretamente. O funcionário público poderá escolher se ajuíza uma queixa crime ou
se faz uma representação. (Art. 145, parágrafo único, CP).
A ação pode ser tanto privada, quando pública com representação.

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