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Proposta de trabalho
A audiência de julgamento
I. Na qualidade de mandatário da Autora, para preparar a audiência de julgamento, agenda com
o seu cliente uma reunião, na qual este lhe entrega um balancete referente ao ano de
exercício de 2008, composto de 22 folhas, o qual verifica que é essencial para fazer prova
da factualidade por si alegada nos art. 20º a 24º da Petição Inicial e reflectida nos artigos
10º a 14º da Base Instrutória, e sobre o qual pretende inquirir o TOC, João Carlos, que
indicou como testemunha.
1. A lei processual civil permite‐lhe juntar esse documento no início da audiência de
julgamento? Se verificar que sim, elabore o requerimento.
2. Agora, na qualidade de mandatário do Réu elabore o requerimento de resposta do Réu
ao pedido de junção do documento pela Autora em audiência, tendo em conta que o
Réu precisa de alguns dias para analisar o documento com o seu cliente e
eventualmente vir a confrontar as testemunhas com o mesmo.
3. Elabore o despacho do Juiz de deferimento da pretensão do Réu.
II. Suponha que na qualidade de Mandatário do Autor, a seu cliente, no dia e hora marcada para o
julgamento, comunica‐lhe que acabou de saber, em pleno átrio do Tribunal, que uma das
testemunhas apresentadas no seu rol, partiu uma perna e está internada no HUC, por um
período que se prevê de 15 dias. Essa testemunha é imprescindível para fazer a prova dos
factos do Autor.
Elabore por escrito o requerimento que deve ditar para a acta, fundamentando‐o na lei
processual civil.
III. Na qualidade de mandatário do Réu, fica doente com uma gripe que não lhe permite sair de
casa e tem julgamento agendado para as 9 horas do dia seguinte.
Pode pedir o adiamento do julgamento. Elabore o pedido.
IV. Quid Juris, se, na qualidade de mandatário da Autora, falta à audiência de julgamento
agendada, por esta ter sido incorrectamente agendada pelo seu escritório.
V. Na qualidade de Mandatário da Autora, com base os factos provados constantes na matéria
assente e na resposta à base instrutória, cujas cópias aqui se anexam elabore as alegações
de direito nos termos do art. 657º nº 1 do CPC.
A Autora pretende obter a condenação do Réu a pagar‐lhe determinado montante, relativo
à reparação dos danos no veículo automóvel que emprestou ao Réu, nos termos da factura
que junta. Reparação que efectuou a pedido do Réu, sendo que este não procedeu ao
pagamento do seu preço. Peticiona o pagamento de juros vencidos desde a data do
vencimento da factura e vincendos até integral e efectivo pagamento.
O réu alega que não deve à Autora o valor da reparação da viatura que lhe foi emprestada
pela Autora a título de veículo de substituição, pelo tempo da sua reparação. Que não teve
responsabilidade no acidente e que nunca solicitou a reparação à Autora.
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Proposta de resolução
1. Neste início de audiência e no uso da palavra o ilustre mandatário da Autora vem
ditar para a acta o seguinte:
“ A Autora nos termos e para os efeitos do art. 523º nº 2 do CPC, vem requerer a
junção aos autos de um documento composto por vinte duas folhas, documento esse
que constitui o balancete referente ao ano do exercício de 2008, com a qual pretende
fazer prova da factualidade por si alegada nos arts. 20º a 24º da Petição inicial e
reflectida nos arts. 10º a 14º da Base Instrutória, documentos que só agora o Autor
procurou e encontrou no arquivo que fica numa garagem distante da sede da Autora.
Junta cópias e duplicados legais
Pede e espera deferimento”
2. Dada a palavra ao ilustre mandatário do Réu para se pronunciar sobre o documento
ora apresentado pela Autora, pelo mesmo foi dito:
“ O Réu nada tem a opor à junção do documento ora apresentada pela Autora.
No entanto, dada a sua extensão e complexidade, não é possível ao Réu examinar tal
documento neste acto, ainda que com suspensão dos trabalhos por algum tempo.
O réu entende ainda que há grave inconveniente que a presente audiência prossiga
sem que profira resposta sobre o documento ora apresentado.
Na verdade, da análise superficial que se acaba de fazer a tal documento, afigura‐se
que o mesmo é susceptível de vir a assumir importante relevo para a decisão da causa,
não descurando a hipótese de vir a confrontar algumas das testemunhas arroladas
com o teor de tal documento.
Face ao exposto, requer o adiamento da presente audiência de julgamento, por um
prazo não inferior a 5 dias, período de tempo que se afigura razoável para o exame e
resposta ao documento ora apresentado pela Autora, nos termos do art. 651º nº 1 al.
b)”
3. Despacho Judicial
“Por se me afigurar relevante para a descoberta da verdade material e boa decisão da
causa, nomeadamente para a decisão da matéria de facto vertida nos arts. 10º a 14º
da base instrutória, admito a junção aos autos do documento ora apresentado,
apesar de considerar que os factos alegados para justificar a sua junção tardia não
procedem, uma vez que esse documento já existia aquando da data da propositura da
acção e da data da apresentação dos meios de prova, era só uma questão da parte ter
sido diligente e o ter procurado no arquivo até ao termo do prazo para os efeitos do
512º do CPC.
No termos do art. 523º nº 2 do CPC “se não forem apresentados com o articulado
respectivo, os documentos podem ser apresentados até ao encerramento da
audiência e discussão em 1º instância, mas a parte será condenada em multa, excepto
se provar que os não pode oferecer com articulado.”
Assim, uma vez que tal documento não foi apresentado no momento processual
próprio (com os articulados ou 512º) nem a Autora apresentou motivo justificativo
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idóneo da sua junção tardia, vai a mesma condenada no pagamento de multa no
montante de 1 UC ( 102,00 €), de acordo com o disposto no art. 523º nº 2 do CPC e art.
27º nº 1 do RCP.
Por outro lado, face à posição assumida pelo Réu no que respeita à eventualidade de
vir a confrontar testemunhas com o teor de tal documento, há grave inconveniente
em que a audiência prossiga sem que examine devidamente e profira resposta sobre o
mesmo.
Pelo exposto, nos termos do art. 651 nº 1 al. b) do CPC o Tribunal adia a presente
audiência de julgamento para daqui a 10 dias ( data da audiência) .
II. Requerimento de substituição de testemunha no início da audiência de julgamento –
ditado para a acta pelo mandatário do Autor.
“ O Autor teve conhecimento, neste momento, em pleno átrio do tribunal, da falta da
testemunha arrolada em 1ª no Rol de Testemunha.
O Autor não prescinde do depoimento desta testemunha, o qual é essencial para a prova dos
quesitos xxx e xx da Base Instrutória.
Pelo que, ao abrigo do disposto no artigo 629º nº 3 al. b) in fine do CPC, requer o adiamento
da inquirição dessa testemunha pelo prazo de 30 dias.
III. Minuta do requerimento urgente que apresenta via citius
Proc. nº 80/2011 TBCBR
3º cível
Accão sumária Exmo Senhor Dr Juiz de Direito do Tribunal de Juízos
Cíveis de Coimbra
António Matos, Mandatário do Réu, com procuração nos autos, vem ao abrigo, do
disposto no nº 5 do art. 155º do CPC, expor e requer o seguinte:
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1º
O requerente foi acometido de um estado de doença que o impede de sair de casa.
2º
Estando, por conseguinte, impedido de se deslocar ao Tribunal para a audiência de julgamento
designada para o dia de amanhã, pelas 9 horas neste Tribunal.
3º
Estado de doença imprevisível, gripe que o impede de sair, pelo prazo de três dias, exterior à
vontade do aqui Requerente.
Termos em que requer, ao abrigo dos disposto no art. 651º, nº 1 al. d) e 155 nº 5 do
CPC, a justificação da sua falta e o adiamento da audiência de julgamento designada para
amanhã pelas nove horas.
Junta: Um atestado médico.
A notificação à parte contrária prevista no art. 229‐A e 260‐A do CPC, foi efectuada por
transmissão electrónica de dados.
IV. Na situação de falta do mandatário à audiência, por agendamento incorrecto da hora e
data daquela, não há justo impedimento para adiar a audiência, nos termos do art. 155º nº 5,
devendo a audiência ser realizada com a registo da prova, de acordo com o artigo 651º nº 5
do CPC, podendo o Advogado faltoso requerer, após audição do respectivo registo, a
renovação de alguma das provas produzidas, se alegar e provar que não compareceu por
motivo justificado que o impediu de dar cumprimento ao disposto no art. 5º do art. 155º (
neste sentido Ac. TRP 21.01.2002, proc. 0151737, www.dgsi.pt.)
V. Alegações de direito
Proc. nº Exmo Sr. Dr. Juiz do Tribunal de
Ac. sumária
º juízo cível
Vem a Autora apresentar as suas alegações de direito nos termos do artigo 657º
do CPC, nos seguintes termos e com os seguintes fundamentos:
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Apurada que se encontra a factualidade provada, há que fazer a sua qualificação e integração
jurídicas, de molde a obter resposta para as seguintes questões relevantes para a decisão da
presente acção, a saber:
1º No exercício da sua actividade comercial a Autora prestou serviços ao Réu, a solicitação
deste, nos termos e pelo preço constantes da factura junta aos autos?
2º Está, o Réu obrigado a proceder ao pagamento do preço da factura e juros?
Pretensão da Autora: No caso dos autos, pretende a Autora obter a condenação do réu a
pagar‐lhe determinado montante, relativo à reparação de um veículo automóvel, nos termos
da factura que junta, que, segundo alega, lhe efectuou, sendo que o réu não procedeu ao
pagamento do seu preço.
Atenta aos factos provados em 2º a 4º da BI, constata‐se que a autora celebrou um contrato,
por virtude do qual se vinculava a determinada prestação (reparação do veículo automóvel),
mediante o pagamento, pelo outro contraente (o réu), de determinado preço.
O pedido da autora funda‐se no âmbito da responsabilidade contratual, já que está em causa
a celebração de um contrato com o réu.
O conceito de contrato, no nosso direito civil, coincide com o de negócio jurídico bilateral,
sendo que este ocorre quando existe uma manifestação de duas ou mais vontades, com
conteúdos diversos, prosseguindo distintos interesses e fins (até opostos) mas que se ajustam
reciprocamente para a produção de um resultado unitário. A uma proposta ou oferta
corresponde uma aceitação. Está‐se diante de declarações de vontade convergentes (em
regra, essas várias manifestações de vontade reduzem‐se a dois lados ou partes, pelo que se
alude comummente a contratos ou negócios jurídicos bilaterais) – Ac.TRE 18/01/1996, in CJ,
XXI, Tomo I, p.269.
Ao abrigo do disposto no artigo 405º, n.º 1 CC, que consigna o princípio da liberdade
contratual, dentro dos limites da lei, têm as partes a faculdade de fixar livremente o conteúdo
dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos no Código Civil ou incluir nestes as
cláusulas que lhes aprouver.
Dispõe o artigo 1207º do Código Civil que “Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes
se obriga em relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço.”
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Da definição dada pelo normativo legal acima citado resulta, assim, que o contrato de
empreitada é um contrato oneroso, bilateral ou sinalagmático e consensual,
Face à prova produzida em 2º a 4º da BI, provou‐se que a autora e réu celebraram um
contrato de empreitada, oneroso, em que a primeira a solicitação do segundo, se
comprometeu a efectuar a reparação de determinado veículo automóvel, mediante o
pagamento de um preço.
Em termos de ónus da prova, preceitua o art.º 342º do Código Civil no seu n.º 1, que “àquele
que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado”.
Competindo a prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado
àquele contra quem a invocação é feita – n.º 2 do citado artigo.
No âmbito da responsabilidade contratual incumbe ao devedor provar que a falta de
cumprimento ou o cumprimento defeituoso da obrigação não procede de culpa sua – cfr.
art.º 799º, n.º 1 do CC.
Diz a douta doutrina do Professor Alberto dos Reis (in Código de Processo Civil Anotado, vol
III, p. 291): “se a acção tem por fim exigir responsabilidade civil emergente de falta de
cumprimento de contrato (responsabilidade contratual), ao autor só incumbe provar o
nascimento da obrigação; é ao réu, se quer libertar‐se de responsabilidade, que cumpre
provar a falta de culpa, isto é, que o não cumprimento da obrigação foi consequência de caso
fortuito, de força maior ou de facto alheio”.
E ainda a doutrina de Pires de Lima e Antunes Varela – op. Cit, vol I, p. 306 – “ O artigo 342º
do Código Civil impõe que aquele que invoca determinado direito tem de provar os factos
que normalmente o integram; a parte contrária terá de provar, os factos anormais que
excluem ou impedem a eficácia dos elementos constitutivos”.
No caso dos autos, e atendendo ao modo como foi delineada a relação jurídica havida entre a
autora e o réu, é à Autora que cabe fazer a prova da relação contratual que invoca, bem
como dos seus elementos constitutivos (partes contraentes, objecto e respectivo preço), o
que fez.
No que se refere ao réu, competia‐lhe fazer a prova de quaisquer factos impeditivos,
modificativos ou extintivos que impedissem a eficácia de tais elementos constitutivos (neste
tocante, acaba por ser irrelevante a atribuição da responsabilidade do acidente em causa, como aliás foi expendido aquando do
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indeferimento do incidente de intervenção principal provada, porquanto não está em causa, em face da configuração da relação
material controvertida, a definição do âmbito da responsabilidade extracontratual; irrelevante se torna, de igual modo o facto
de saber se o réu terá dito que iria transferir temporariamente o seguro contra todos os riscos da sua viatura, porquanto tal
declaração se revela inócua, não tendo sequer alegado que o fez, ou que era à Companhia de Seguros que incumbia proceder ao
pagamento da reparação por via do contrato de seguro firmado).
Ora, estipula o art. 406, nº 1, do Código civil, que o contrato deve ser pontualmente
cumprindo, só podendo modificar‐se ou extingir‐se por mútuo consentimento dos
contratentes ou nos casos admitidos por lei.
Estabelece o art. 762º do CC o princípio geral em matéria de cumprimento das obrigações: “
o devedor cumpre a obrigação a que está obrigado quando realiza a prestação que está
vinculado”
Incumpriu o réu a sua contraprestação no contrato de empreitada que firmou com a autora,
não pagando o preço da reparação efectuada.
O efeito fundamental do não cumprimento imputável ao devedor consiste na obrigação de
indemnizar os prejuízos causados ao credor, de acordo com o preceituado no art. 798º CC.
O que implica, por parte de réu, o pagamento do preço constante da factura que a autora
juntou aos autos, emitida na sequência dos serviços prestados.
*
Vem ainda a autora peticionar o pagamento de juros vencidos desde a data do vencimento da
factura, em 14.11.2003, e vincendos até integral pagamento.
E tem direito a eles, em face da factualidade provada (em 2º e 3º da BI) de acordo com o
disposto no art. 805º do CC.
Como estamos perante obrigações de que é titular uma sociedade comercial, são devidos juros
às taxas legais aplicáveis às obrigações comerciais (vide Portarias nº 1167/95, de 23/09; nº 262/99, de 12/04 e
Aviso DGT 10097/04, DR II de 30/10/04; Portaria nº 1105/2004, DR II de 16/10/2004; Portaria nº 597/05, de 19/07 e Aviso DGT
310/2005 DR II de 14/01/2005; Aviso DGT 6923/05, DR II de 25/07/2005; Aviso DGT 240/2006, DR II de 11/01/2006; Aviso DGT
7706/2006, DR II de 10/07/2006).
Nesta conformidade, e em consequência, há‐de proceder a presente acção, quer no que se
reporta ao pagamento do preço, quer quanto aos juros de mora, vencidos e vincendos, no
montante peticionado.
Só assim se fará justiça.
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