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Compostagem no Jardim

Sabia que pode utilizar a parte orgânica do lixo que produz em casa para fazer
composto e usar esse material no seu quintal ou jardim, melhorando a fertilidade
do solo?
António Barreto

Vamos sugerir-lhe uma forma de aumentar a fertilidade do solo do seu jardim, resolvendo
parcialmente o problema do lixo doméstico. Comece por colocar uma pilha de composto
(inicialmente lixo) num canto menos utilizado do jardim. Escolha um local nivelado com
aproximadamente 1 metro quadrado por cada caixa que queira fazer, preferencialmente fora
do alcance da luz solar direta e com uma fonte de água próxima. Deve ainda ser um local
protegido das vistas principais, por questões estéticas, e perto de casa para que não seja
penoso utilizá-lo diariamente. Limpe o chão de folhas e de relva, pois vai aplicar a primeira
camada diretamente no chão que não pode ser impermeável (cimento, pedra, etc.).
Ao construir a "caixa" de compostagem (biodigestor), com rede galinheira ou madeira, etc.,
esteja certo que deixa bastante espaço aberto para que o ar alcance a pilha. Um lado da
"caixa" removível facilita o manuseamento da pilha com uma pá. O compostor para uma
família de três a cinco pessoas deve ter uma capacidade de cerca de um metro cúbico: duas
caixas com aquela dimensão cada, com a da figura, permitem fazer a viragem de uma para a
outra e manter o composto numa delas por uns dias enquanto se começa a encher a outra.
Todos os resíduos orgânicos, desde que não sejam tóxicos ou poluentes, podem ser
transformados em composto. Na prática, a maior parte dos resíduos orgânicos produzidos
numa cozinha e num jardim podem ser compostados, dividindo-se normalmente os materiais
em dois tipos: materiais com maior teor de azoto (materiais N) e materiais com maior teor de
carbono (materiais C).
Os materiais N, tipicamente os restos produzidos na cozinha, são, por exemplo, as cascas e
restos de batata e frutas, os legumes e hortaliça, as borras e filtros usados de café, as folhas e
sacos de chá, o pão, o arroz e a massa, a casca de ovo esmagada, os restos de comida
cozinhada (tapar com terra) e cereais. Os materiais C são, sobretudo os produzidos nas
limpezas do jardim, nomeadamente, aparas de relva e erva, folhas secas, ramos pequenos
provenientes de podas ou limpezas do jardim, cabendo também nesta classificação feno e
palha, aparas de madeira e serradura e pequenas quantidades de cinzas de madeira.
Não se deve juntar nunca ao material a compostar a carne, peixe e ossos, pois podem atrair
animais indesejáveis; os excrementos, pois podem conter microorganismos patogênicos
passíveis de sobreviver ao processo de compostagem e resíduos de jardim com pesticidas
plantas com doenças e ervas daninhas com sementes, por razões óbvias.
A pilha que vai construir deverá ter a maior diversidade possível de resíduos, numa proporção
semelhante de materiais C e materiais N. Deverão ser feitas camadas alternadas de um e de
outro tipo de material. É importante notar que além de materiais N e C, há materiais mais
grossos e mais finos, mais secos e mais úmidos, devendo todos estes componentes estar
presentes na pilha.
Comece a pilha com uma camada de ramos partidos para facilitar o arejamento. Depois faça
uma camada com 5 a 10 cm com materiais C, depois uma de igual espessura de materiais N e
assim sucessivamente. A camada do topo deverá ser de material C. Logo que os resíduos
orgânicos sejam colocados no recipiente de compostagem inicia-se o processo de
decomposição através da ação de bactérias e fungos, sem termos que fazer nada. É um
processo natural que se desenvolve por si. No entanto, para que corra bem e sem maus
cheiros, é necessário que haja oxigênio suficiente, uma certa temperatura e que a umidade
esteja dentro de certos limites.
A pilha deve ser virada de 15 em 15 dias, para que, dependendo das condições climáticas, o
composto fique pronto em 3 ou 4 meses. Se virar a pilha raramente, o composto fica pronto
num período de 6 meses a um ano.Quando se vira a pilha deve-se ter o cuidado de inverter as
camadas (a inferior passa para cima e vice-versa). A pilha não deve estar exposta a ventos
frios, demasiada chuva ou demasiado calor. O composto está pronto quando não se degrada
mais mesmo sendo revirado, tem um aspecto relativamente homogêneo e granuloso onde os
componentes originais não são reconhecíveis, tem cor escura e cheiro a terra rica em matéria
orgânica.
Há coisas que podem correr mal durante o processo de compostagem, mas que são
normalmente passíveis de correção. Quando o processo é lento, é possível que existam
demasiados materiais C, sendo necessário adicionar materiais com maior teor de azoto e
revirar a pilha.
O cheiro a podre pode ter origem em excesso de umidade (o composto não deve estar a
escorrer água nem alagado). Neste caso revire a pilha e adicione materiais secos e porosos
como folhas secas, serradura, aparas de madeira ou palha. Outra causa possível para o cheiro
a podre é o excesso de compactação; deve, neste caso, revirar a pilha ou diminuir o seu
tamanho.
O cheiro à amônia, tem normalmente origem em excesso de materiais N. Deve neste caso
adicionar materiais C.
A temperatura muito baixa: pode ter diversas causas:
- Pilha pequena demais: aumente o tamanho da pilha ou isole-a lateralmente.
- Umidade insuficiente: adicione água quando revirar ou cubra a parte superior da pilha
(o composto deve ter cerca de 50% de umidade).
- Arejamento insuficiente: revire a pilha. Certifique-se que o recipiente tem aberturas
laterais e que a primeira camada permiti a passagem de ar.
- Falta de materiais N (azoto): adicione este tipo de materiais.
- Clima frio: aumente o tamanho da pilha ou isole-a com uma matéria que deixe passar o
ar.
Quando a temperatura é muito elevada, ou a pilha é grande demais ou o arejamento é
insuficiente. Há que diminuir o tamanho da pilha e revirá-la com maior freqüência.
Por último, a presença de pragas: pode ser devida à presença de restos de carne ou de restos
de comida com gordura. Deve retirar este tipo de alimentos e cobrir a pilha com uma camada
de solo ou folhas. Pode em alternativa usar um compostor que não permita a entrada às
pragas.
Depois de pronto, o composto deve repousar entre duas a quatro semanas antes de ser
aplicado. Depois desta fase de maturação, pode ser aplicado em relvas, jardins, quintais, à
volta das árvores ou mesmo para envasar plantas (neste caso deve juntar 1/3 de composto,
1/3 de areia e 1/3 de terra).
O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na Primavera ou no Outono. Deve ser
espalhado por cima da terra ou colocado numa camada com 2 ou 3 cm, misturado com aquela,
mas nunca deve ser enterrado.

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