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Psicologias da Educação e Teorias da Aprendizagem

Autoria: Nancy Capretz Batista da Silva

Tema 01
Contribuições da Psicologia à Educação
Tema 01
Contribuições da Psicologia à Educação
Autoria: Nancy Capretz Batista da Silva
Como citar esse documento:
SILVA, Nancy Capretz Batista da. Psicologias da Educação e Teorias da Aprendizagem: Contribuições da Psicologia à Educação. Caderno de
Atividades. Anhanguera Publicações: Valinhos, 2014.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua
portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Este é um tema introdutório para que você possa ter uma ideia inicial sobre a relação que existe entre a Psicologia
e a Educação, principalmente no que se refere às contribuições desta ciência a esta importante área de estudos e
atuação. Para isso, você verá como se entende a Psicologia enquanto uma ciência, suas áreas de atuação, como está
relacionada com a Educação e de que maneira pode trazer, como já vem fazendo por décadas, colaborações para a
compreensão e a transformação da Educação. Você entrará em contato com questões sobre a instituição escolar, terá
oportunidade de conhecer um pouco sobre a Psicologia do Desenvolvimento, poderá compreender como se organizam
as diferentes teorias psicológicas e ainda finalizará seus estudos com algumas análises psicológicas das questões
educacionais, como técnicas de ensino, as fontes de conhecimento humano, o papel social da Educação, a importância
das interações sociais, entre outros.

PORDENTRODOTEMA
Contribuições da Psicologia à Educação
A Psicologia é um ramo das Ciências Humanas. Enquanto estas se ocupam do objeto humano, a Psicologia, na sua
especificidade, estuda a subjetividade, contribuindo para que se compreenda a vida humana em sua totalidade (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Esta ciência originou-se da Filosofia e mantém estreita relação com a mesma. Foi reconhecida como Ciência independente
no século XIX, na Alemanha, e no Brasil foi regulamentada em 1962, surgindo como “possibilidade de contribuição para
o projeto de modernização do país” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 109). Assim,

A elite brasileira viu na Psicologia e nos seus recursos tecnológicos de seleção e orientação profissional uma fonte
rica de possibilidades de intervenções objetivas, baseadas em conhecimentos científicos. Assim, a Psicologia
aparece como necessidade social (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 110).

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PORDENTRODOTEMA
Você já deve ter ouvido falar ou mesmo ter uma boa compreensão sobre Psicanálise, Behaviorismo, Psicologia Sócio
Histórica, entre outros termos que dizem respeito à diferentes teorias ou linhas de pensamento dentro da Psicologia.
De fato, existem diferentes escolas psicológicas e, por isso, a Psicologia pode apresentar diferentes concepções do
ser humano, devido à abordagem e entendimento diversificado sobre a subjetividade e como ela se manifesta (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

A Psicologia consolidou-se como uma ciência relevante no entendimento de questões em curso em áreas diversificadas,
como saúde, educação, organizações, etc. Desta forma, identifica-se psicólogos atuando em muitas áreas, sendo a
mais popularizada a psicoterapia. Escolas, empresas, indústrias, instituições prisionais, Varas de Família e da Infância
e Juventude, trânsito, comunidades e esportes são apenas alguns dos locais ou contextos em que psicólogos têm
atuado. Esta diversidade de possibilidades de atuação é facilmente compreensível, visto que a dimensão subjetiva está
presente em qualquer lugar. O conhecimento dos sentimentos, pensamentos, emoções, sentidos, desejos e significados
das pessoas que participam dos processos e experiências do cotidiano contribui para a efetivação dos fazeres e para a
transformação das vivências (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Ao tratar a Educação, temos como uma das principais instituições sociais, a escola. Nas escolas e instituições educacionais
em geral que mais nos interessam, o trabalho do psicólogo é direcionado para a dimensão subjetiva do processo
educacional, considerando os sujeitos envolvidos (alunos, professores, pais, funcionários, técnicos, entre outros). Neste
acompanhamento, os psicólogos podem ajudar a formular projetos educacionais produtivos, ou seja, que tenham bons
resultados, envolvendo a todos positivamente e de forma potencializadora (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

É importante deixar claro que a dimensão subjetiva faz parte de um conjunto de vários aspectos da realidade, fazendo
com que os psicólogos dialoguem, estudem e compreendam outras áreas do conhecimento. Em função da complexidade
da realidade, não basta conhecê-la de forma mais ampla, mas é necessário ainda que os psicólogos trabalhem de
forma multidisciplinar, com apoio de profissionais formados em outras ciências e em conjunto e parceria com aqueles
envolvidos no seu contexto de atuação (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

A escola realiza a mediação entre o indivíduo e a sociedade, transmitindo a cultura, na qual estão incorporados os
modelos sociais de comportamento e valores morais. A educação da criança significa humanizá-la, cultivá-la e socializá-
la, aumentando aos poucos sua autonomia e pertencimento ao grupo social (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

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PORDENTRODOTEMA
Mas a escola nem sempre existiu, tendo sido uma criação social do homem. De uma educação informal na vida cotidiana
do grupo social, a educação se formalizou com as primeiras escolas destinadas à transmissão do saber às elites e
depois se universalizou com a industrialização. Os espaços urbanos modificaram-se de tal forma que o trabalho passou
para a esfera pública, com regras, leis e rotinas que iam além dos conhecimentos dominados pelas famílias e que havia
se sofisticado exigindo um preparo diferenciado, obtido nas escolas. Assim, a mediação que a escola faz entre a criança
e a sociedade é técnica e social, preparando os jovens para viverem no mundo adulto (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2008; PALACIOS; COLL; MARCHESI, 1995).

A Psicologia muito tem a colaborar no entendimento e intervenção em problemas existentes na escola, que foi a principal
porta de entrada da Psicologia na Educação. Existem dois aspectos presentes nos problemas da escola, conforme cita
Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 268):

• Aspecto teórico da educação: concepções apresentadas nas teorias pedagógicas.

• Aspecto prático da educação: cotidiano da educação escolar.

As teorias pedagógicas concebem a escola como uma instituição isolada da sociedade, embora sirva para preparar
o indivíduo para viver em sociedade e contenha elementos do meio social, como os conhecimentos, as técnicas e os
desafios. O conhecimento escolar acaba se distanciando da realidade social e do cotidiano vivido por seus integrantes
e não realizando o vínculo aí existente de forma clara para os alunos, dificultando o surgimento dos questionamentos
e limitando os saberes aos que transmitem sistematicamente. O modelo de ser humano educado é, assim, “um sujeito
passivo perante o seu meio social, pois não sabe aplicar os conhecimentos aprendidos na escola para melhor entender
o seu mundo e nele atuar de forma mais eficiente” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 269).

Outro problema é que para as teorias pedagógicas, o saber ou o grau de cultura adquirido determina o lugar do indivíduo
na sociedade, ainda que seja o oposto: o lugar social ocupado por sua família define o grau de cultura que ele pode obter.
Da mesma forma, outro problema gerado pela forma como a escola lida com o saber é a questão da desvalorização
das perguntas e respostas, pois organiza-se as turmas de alunos de modo que sejam fornecidas respostas sem que os
alunos tenham questionado algo e, quando estimuladas as perguntas, não são fornecidas respostas adequadas (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

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PORDENTRODOTEMA
Assim, para preparar para a vida, como postulam as teorias pedagógicas e o cotidiano escolar, a escola deve visar
o desenvolvimento da sociedade e para isso, deve prezar pelo desenvolvimento de indivíduos que possam produzir
riquezas, criar, inventar, inovar, transformar. Portanto, deve criticamente conhecer a sociedade, seus modelos e valores,
influenciados pelo momento histórico, tempo e grupos sociais. A escola deve ser local de troca, de aprendizado da
investigação, onde respostas e perguntas são formuladas para compreendermos a vida, a sociedade, o cotidiano (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Para esta tarefa, o vínculo professor-aluno é extremamente importante, sendo base para o ensino-aprendizagem. E é
para este aspecto a Psicologia tem voltado seus estudos mais recentes (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008).

E ainda, para esta tarefa se realizar plenamente, devemos ter em mente a realidade das demais instituições sociais e
que estas, junto com a escola, respondem pelas transformações sociais, como a família, os meios de comunicação de
massa, o Congresso Nacional, as leis e os movimentos sociais de forma geral (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Além dos problemas da escola, a Psicologia contribui com a compreensão e ação frente aos problemas que a escola
enfrenta. Notadamente, questões como indisciplina, violência e inclusão, são rotineiramente debatidos em meios informais
e formais de comunicação (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

No caso da indisciplina, podemos entendê-la como o não cumprimento de regras impostas pela escola como necessárias
ao seu bom funcionamento. De forma breve, podemos dizer que a disciplina varia de acordo com condutas que professores
e agentes educacionais acreditam que os alunos devem ter na escola para aprenderem, o que caracteriza imposição,
falta de sentido para os alunos e desconsideração do estilo das novas gerações. Seria, então, mais adequado tratar-
se de relações parceiras, amigáveis e produtivas, que propiciem interesse entre os alunos para aprender. A motivação
almejada no ensino seria uma postura e um envolvimento com aprender e saber (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Já a violência, resulta de um esvaziamento da importância e da necessidade da escola. Em linhas gerais, não há mais
o retorno esperado da escolarização pela população carente, nem o prazer em aprender da população com maior poder
aquisitivo. E a educação inclusiva requer uma ressignificação do espaço escolar que não ocorreu ainda, no sentido de
receber todos, com suas diferenças, facilidades e dificuldades. Mantém-se a realidade tradicional de ensino, conteúdos
e materiais por meio de uma postura de aceitar o diferente em um ambiente para ditos “normais” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008). Mudanças não são fáceis, mas são necessárias.

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PORDENTRODOTEMA
Apresentadas as problemáticas escolares sobre as quais a Psicologia pode construir entendimento e ações, é importante
ressaltar que somente mais recentemente a Psicologia tem ampliado seu foco de estudo sobre as questões educacionais,
passando de um período de interesse e domínio sobre dificuldades de aprendizagem e testes psicométricos para
uma visão mais crítica sobre a realidade dos diferentes sujeitos constituintes do contexto educacional. As teorias da
aprendizagem e os enfoques psicológicos sobre desenvolvimento registram mais fortemente o enlace entre a Psicologia
e a Educação e recentemente também têm ganhado nova roupagem, principalmente diante da busca cada vez maior
pela entrada da ciência psicológica nas questões sociais e comunitárias e por uma desconstrução da sua atuação elitista
que predominou por longo período.

A Psicologia do Desenvolvimento tem papel especial na Educação porque busca justamente compreender a conduta
humana focando nos aspectos físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social. Existem várias teorias psicológicas
em desenvolvimento humano e, sem dúvidas, a mais popularizada e de importância reconhecida é a de Jean Piaget
(1896-1980), psicólogo e biólogo suíço. As implicações práticas de sua teoria, especialmente na Educação, além de sua
produção contínua de pesquisas com rigor científico na produção teórica lhe garantem destaque (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008).

Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar
diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente,
que implica uma acomodação das estruturas mentais a um novo dado do mundo exterior (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008, p. 117).

A importância do estudo do desenvolvimento humano está, então, na possibilidade de observação e interpretação


dos comportamentos, conhecidas as características comuns de uma faixa etária. Para a Educação, saber quem é o
educando é relevante para planejar o que e como ensinar (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Para melhor compreensão, os aspectos já mencionados do desenvolvimento humano, divididos meramente para estudo,
visto que o entendimento deve ser global, se referem a (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 118-119):

• Aspecto físico-motor: crescimento orgânico, maturação neurofisiológica, capacidade de manipulação de objetos


e exercício do próprio corpo.
• Aspecto intelectual: capacidade de pensamento, raciocínio.
• Aspecto afetivo-emocional: modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências; sentir.
• Aspecto social: maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.

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PORDENTRODOTEMA
Embora sejam indissociáveis, esses aspectos são diferentemente enfatizados nas diferentes teorias do desenvolvimento
humano. Por exemplo, enquanto a Psicanálise parte do aspecto afetivo-emocional, da sexualidade, Piaget enfatiza o
desenvolvimento intelectual (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Não podemos deixar de frisar que a família, enquanto primeira matriz social tem influência inicial e pode-se dizer mais
forte e constante no desenvolvimento. A interação humana permite o desenvolvimento dos afetos, da inteligência, da
linguagem, da competência social, etc. E o papel da Educação neste cenário é o de “levar a pessoa além do nível
de desenvolvimento já por ela alcançado, em determinado momento de sua história pessoal” (PALACIOS; COLL;
MARCHESI, 1995, p. 334).

A educação promotora de desenvolvimento considera o nível de maturidade da criança, parte de onde a criança se
encontra para levá-la um pouco mais além e caracteriza-se pela continuidade: “as influências mais persistentes e estáveis
também são, geralmente, as com maior impacto sobre o desenvolvimento” (PALACIOS; COLL; MARCHESI, 1995, p.
334). Além disso, considera a motivação, interesse e que a criança se sinta à vontade e confiante com as pessoas e
consigo mesma.

Para um melhor entendimento da diversidade de teorias e modelos teóricos existentes hoje na Psicologia, é válido
destacar que três grandes teorias ou sistemas teóricos são responsáveis pelas matrizes da Psicologia contemporânea
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008):

• Psicanálise (1900): elaborada a partir de uma experiência clínica.

• Behaviorismo (1913): de matriz investigativa, constrói sua teoria principalmente por meio da pesquisa e

• Gestalt (1910): Psicologia da forma.

Esta última tem suas origens na Fenomenologia, um ramo da Filosofia que objetivava analisar como tomamos consciência
dos fenômenos. Na Psicologia, buscavam considerar “as formas da percepção, ou seja, como as pessoas compreendem
seu entorno”, o que seria “a porta de entrada da consciência” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 89). A partir
daí elaborou-se o paradigma S-O-R (estímulo-organismo-resposta), diferente do até então considerado S-R (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

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PORDENTRODOTEMA
A Gestalt considera objetividade e subjetividade: fenômeno da percepção (observável) e avaliação do percebido pela
consciência (atribuição de sentido). Percepção, memória, solução de problema, afetividade, etc. eram vividos pelo
sujeito, segundo os gestaltistas, sob a forma de relações entre as partes. Assim, permite a unificação das ciências
físicas, biológicas e da cultura (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008; FIGUEIREDO; SANTI; 1999). É a partir desta
matriz que Piaget criou a Epistemologia Genética.

Henri Wallon (1879-1962), que voltou-se para os estudos de uma Psicologia complexa de fundamentação dialética,
considerava a Psicologia e a Pedagogia ciências complementares. Enquanto a prática educativa consistiria campo para
a pesquisa psicológica, a investigação psicológica possibilitaria uma renovação da prática educativa. Ele atribuiu grande
ênfase às emoções e tomando-se o princípio dialético de sua teoria, “quanto mais elaborada a emoção, melhor fluirá a
razão” (NASCIMENTO, 2004, p. 50). A educação se faz, segundo Wallon (ANO), pela formação da pessoa integrada à
sua inserção na coletividade (NASCIMENTO, 2004).

Entre outras contribuições das teorias psicológicas para a educação, temos a psicanálise lacaniana. Em um entendimento
lacaniano da colonização do Brasil, podemos entender que na educação reflete-se nossa herança histórico-cultural da
ocupação dos europeus em uma terra de “felicidade e gozo sem limites” (JUSTO, 2004, p. 90). Isso teria consequência
até os dias de hoje, nos quais os pais projetam sobre os filhos seus sonhos não realizados e são incapazes de impor
interdições, as quais são importantes para a constituição individual das pessoas (JUSTO, 2004).

Na educação formal também vislumbramos uma visão lacaniana: professores pensam a escola e a educação como
transformadoras, mas é preciso um olhar crítico da realidade. Além disso, há um lugar e uma função na estrutura de
todas as relações, e a relação professores-alunos não escapam a isso (JUSTO, 2004).

Vemos, então, que há muitas contribuições da Psicologia à Educação. Apenas para dar mais exemplos, temos na
Análise Experimental do Comportamento recomendações ao sistema escolar quanto à especificação de objetivos
comportamentais, tanto educacionais quanto instrucionais. Além disso, esta abordagem prevê alguns princípios para
os projetos educacionais, como uso de reforçamento para comportamentos compatíveis àquele desejado, assegurar
oportunidades de emissão de comportamentos relacionados aos objetivos, uso de situações de aprendizagem com
maior probabilidade de gerar reforçadores naturais, “progressão gradual para estabelecer repertórios complexos”
(MATOS, 1993 apud CARRARA, 2004), garantir comportamentos que são condições para a aprendizagem e evitar erros
desnecessários (CARRARA, 2004).

Diante das diversas opções teóricas disponíveis, entende-se, conforme Carrara (2004) aponta, que “o melhor projeto de
abordagem da Psicologia para a educação é...aquele que é bem-feito!” (p. 126). Assim, diante de diferentes vias para
compreendermos o ser humano, o principal a fazer é considerar a Psicologia como um todo, em seu conjunto, no que
tem a fazer em favor da construção da cidadania.

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ACOMPANHENAWEB
A relação teoria e prática na psicologia da educação: implicações na for-
mação do educador.

• Este artigo discute a relação teoria e prática no campo da Psicologia da Educação e suas
implicações para a formação do educador, a partir da análise dos trabalhos apresentados
nas reuniões anuais da ANPEd, no período compreendido entre os anos de 1998 e 2009. Os
estudos apresentados são indicativos de que temos uma aplicação da psicologia na escola, que
basicamente é alimentada pela Psicologia da Aprendizagem. Considera-se que é preciso pensar
a psicologia para além do território de autores ou de áreas (como a psicologia da aprendizagem,
do desenvolvimento) e ter-se uma visão mais ampla, que permita compreender a escola e seus
atores em todas as suas complexas dimensões.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v14n2/a16v14n2.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2014.

CRP06 - História e memória da Psicologia em SP - A psicologia educacional.

• Este vídeo, do Conselho Federal de Psicologia, apresenta a história da consolidação


da Psicologia enquanto ciência e da sua relação com a Educação, além do papel que vem
desempenhando nesta área. Vários estudiosos da temática falam sobre este percurso, elucidando
questões educacionais e a presença da Psicologia até os dias mais atuais na resolução de
políticas públicas voltadas para a Educação e na elaboração de melhores práticas de ensino na
sua atuação com outros profissionais.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HlqL6hr9OXE>. Acesso em: 10 abr. 2014.

Tempo: 46:01.

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Licenciatura em Ciências, Psicologia e Educação, Palestra de Bernard Charlot.

• Neste vídeo, Bernard Charlot, professor da área da sociologia da educação, parisiense e


trabalhando da Universidade Federal de Sergipe, fala sobre alguns paradoxos e desafios do
professor na contemporaneidade. Ele trata de muitos aspectos envolvidos na prática docente,
como do domínio pedagógico frente às exigências para o professor, e também trata a questão
do saber e da informação dentro da escola. Sua visão é a de um professor que não deve ser um
super-herói, mas um profissional e essa visão é condizente com aquela que a Psicologia tem e
com a qual tem procurado contribuir.
Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=20142> . Acesso em: 10 abr. 2014.

Tempo: 80:24. Trecho sugerido: 31:45-66:34.

Psicologia escolar: cenários atuais.

• Este artigo trata das relações entre a Psicologia e a Educação, referindo-se ao trabalho do
psicólogo escolar, ocasionado pela afinidade entre as áreas e interdependência de conhecimentos.
A Psicologia colabora com a Educação na sua visão cada vez mais ampla sobre as relações
estabelecidas e o contexto histórico no qual as dificuldades surgem, buscando uma atuação
preventiva e valorizando a participação do professor. O psicólogo também pode contribuir
esclarecendo concepções deterministas sobre desenvolvimento e aprendizagem. Ao final do
artigo, trata-se da saúde do professor como foco de atenção psicológica.
Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v9n3/artigos/pdf/v9n3a07.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2014.

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AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1

A Educação tem estreita relação com a Psicologia, sendo objeto de estudo da Psicologia, trazendo conhecimentos para a mesma
e buscando nesta ciência compreensão de fenômenos que acontecem em contextos educacionais. Aponte cinco questões edu-
cacionais que você acredita que a Psicologia tenha como foco de estudo.

Questão 2

Relacione os diferentes aspectos envolvidos no desenvolvimento humano da primeira coluna com sua explicação na segunda
coluna e marque a alternativa correta.

A. Crescimento orgânico, maturação neurofisiológica, capacidade de


1. Intelectual
manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo.
2. Afetivo-emocional B. Capacidade de pensamento, raciocínio.
3. Físico-motor C. Reação diante de outras pessoas.
4. Social D. Modo de integrar experiências; sentir.

a) 1 A, 2 B, 3 C, 4 D.
b) 1 A, 2 C, 3 B, 4 D.
c) 1 B, 2 C, 3 D, 4 A.
d) 1 B, 2 D, 3 A, 4 C.
e) 1 C, 2 D, 3 A, 4 B.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 3
No que diz respeito às diferentes teorias ou linhas de pensamento dentro da Psicologia, pode-se dizer:

a) Proporcionam recursos tecnológicos de seleção e orientação profissional que são uma fonte rica de possibilidades de
intervenções objetivas.
b) Proporcionam abordagem e entendimento diversificado sobre a subjetividade e como ela se manifesta.
c) Proporcionam entendimento de questões em curso em áreas diversificadas, como saúde, educação, organizações, etc.
d) Proporcionam projetos educacionais produtivos, envolvendo a todos positivamente e de forma potencializadora.
e) Proporcionam regras, leis e rotinas que vão além dos conhecimentos dominados pelas famílias.

Questão 4

Como a Psicologia colabora, em termos gerais, com o entendimento e a intervenção nos processos educacionais?

Questão 5

Qual seria o papel da Educação frente ao processo de desenvolvimento humano?

FINALIZANDO
A Psicologia consolidou-se enquanto ciência, a partir da Filosofia, e apresenta entre as suas principais áreas de
atuação a área educacional, estabelecendo uma estreita relação com a mesma, sendo que podemos considerá-las
indissociáveis. O foco da Psicologia é na dimensão subjetiva do ser humano, contudo, as outras dimensões também são
importantes e fazem com que o psicólogo estude outras áreas e atue de forma multidisciplinar.

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FINALIZANDO
A Psicologia do Desenvolvimento é uma relevante vertente por permitir que entendamos as condutas humanas, facilitando
o trabalho em diferentes contextos. Embora para estudo o desenvolvimento seja dividido entre os aspectos físico-motor,
intelectual, afetivo-emocional e social, o sujeito é visto como global. É interessante conhecer as características comuns
das faixas etárias e isso é de grande auxílio no planejamento do ensino.

Assim, a educação deve ser sempre abordada como um campo de atuação multidisciplinar, sendo a prática educativa
campo de pesquisa psicológica, a qual pode trazer possíveis renovações desta prática, em prol do alcance dos objetivos
educacionais. O que deve estar em pauta na visão psicológica da educação é uma busca da educação emancipadora
e progressista.

REFERÊNCIAS
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de
psicologia. 14ª. edição. São Paulo: Saraiva, 2008.

CARRARA, Kester. Behaviorismo, análise do comportamento e educação. In: CARRARA, Kester (Org.) Introdução à psicologia
da educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 109-133.

CARRARA, Kester. Contribuições da Psicologia à Educação. In: Adrian Oscar Dongo Montoya. (Org.). Contribuições da Psicologia
para a Educação. 1ed. Campinas: Editora Mercado de Letras, 2007, v. 1, p. 11-24.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA. CRP06 - História e memória da Psicologia em SP - A psicologia educacional. 2011.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HlqL6hr9OXE>. Acesso em: 10 abr. 2014.

FIGUEIREDO, Luís Claudio Mendonça; SANTI, Pedro Luiz Ribeiro de. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica da
psicologia como ciência. 2. Ed. São Paulo: EDUC, 1999.

JUSTO, José Sterza. A Psicanálise Lacaniana e a Educação. In: CARRARA, Kester (Org.) Introdução à psicologia da educação:
seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 71-107.

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REFERÊNCIAS
MARCHESI, Álvaro (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Trad. Francisco Franke Settineri e
Marcos A. G. Domingues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, p. 325-339.

NASCIMENTO, Maria Letícia B. P. A criança concreta, completa e contextualizada: a Psicologia de Henri Wallon. In: CARRARA,
Kester (Org.) Introdução à psicologia da educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 47-69.

OLIVEIRA, Cynthia Bisinoto Evangelista de; MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria. Psicologia escolar: cenários atuais. Estudos e
pesquisas em psicologia, ano 9, n. 3, p. 648-663, 2009. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v9n3/artigos/pdf/v9n3a07.
pdf>. Acesso em: 05 abr. 2014.

PALACIOS, Jesús; COLL, César; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e processos educacionais. In: COLL, César;
PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995. P. 325-339.

SCHLINDWEIN, Luciane Maria. A relação teoria e prática na psicologia da educação: implicações na formação do educador.
Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, vol.14, n.2, p. 341-347, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pee/v14n2/a16v14n2.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2014.

SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. Tradução da 8a. edição norte-americana. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
SOCIEDADE, In: Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 2014.
Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sociedade>
Acesso em: 13 maio. 2014.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Licenciatura em Ciências, Psicologia e Educação, Palestra de Bernard Charlot. 2013. Disponível
em: <http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=20142>. Acesso em: 10 abr. 2014.

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GLOSSÁRIO
Subjetividade: síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e
vivenciando as experiências da vida social e cultural. De um lado nos identifica, por ser única; de outro lado nos iguala,
na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. É o
mundo das ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de
suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 22-23).

Escolas psicológicas: refere-se a um grupo de psicólogos que se associam ideológica e, às vezes, geograficamente
ao líder de um movimento. Em geral, os membros de uma escola trabalham em problemas comuns e compartilham uma
orientação teórica ou sistemática. O surgimento de escolas de pensamentos diferentes, e por vezes simultâneas, e o
seu subsequente declínio e substituição por outras são uma das características mais marcantes da história da psicologia
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2005).

Gozo: termo muito usado na terminologia lacaniana situa-se no campo da relação do sujeito com a palavra e desenrola-
se no plano simbólico. É a satisfação obtida no manejo da linguagem, na obtenção dos sentidos das buscas do sujeito
e não na posse propriamente dita dos objetos. O protótipo do gozo é aquele que acompanha as visadas do desejo do
“outro”. O que desejamos na relação com o “outro” não é ele em si, mas seu desejo, suas intenções em relação a nós,
ou seja, visamos a significantes e nos realizamos com o encontro simbólico do “outro” (JUSTO, 2004).

Sociedade: 1. Conjunto relativamente complexo de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades, permanentemente
associados e equipados de padrões culturais comuns, próprios para garantir a continuidade do todo e a realização de seus
ideais. Nesse sentido, o mais geral, a sociedade abrange os diferentes grupos parciais (família, sindicato, igreja ,etc.) que
dentro dela se formam.
SOCIEDADE, In: Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 2014.
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=socie-
dade
Acesso em: 13 maio. 2014.
Neurofisiológica: diz respeito à neurofisiologia, que seria a fisiologia do sistema nervoso.

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GABARITO
Questão 1

Resposta: São muitas as contribuições da Psicologia às questões educacionais. A Psicologia teve forte reconhecimento
na área educacional, na identificação e tratamento de alunos com dificuldades de aprendizagem. Hoje, busca-se uma
visão mais global das interações estabelecidas nos contextos educacionais identificando-se como elas podem ser mais
saudáveis e, desta forma, contribuir para uma melhor relação ensino-aprendizagem. A Psicologia do Desenvolvimento
é uma das áreas com grande participação na formação do educador, o qual deve conhecer os educandos em seus
processos de desenvolvimento e quanto aos fatores que contribuem ou prejudicam os mesmos. Além dos problemas da
escola, a Psicologia contribui também com a compreensão e ação frente aos problemas que a escola enfrenta. Entre
os problemas da escola podemos elencar sua relação com a sociedade e com o saber. Entre os problemas na escola,
temos a indisciplina, a violência e a prática da inclusão.

Questão 2

Resposta: Alterntativa D.

O aspecto físico-motor refere-se ao crescimento orgânico, maturação neurofisiológica, capacidade de manipulação


de objetos e exercício do próprio corpo. O aspecto intelectual diz respeito à capacidade de pensamento, raciocínio. O
aspecto afetivo-emocional é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências; sentir. Já o aspecto social
indica a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.

Questão 3

Resposta: Alternativa B.

Podemos dizer que diferentes teorias ou linhas de pensamento dentro da Psicologia proporcionam abordagem e
entendimento diversificado sobre a subjetividade e como ela se manifesta.

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Questão 4

Resposta: Em termos gerais, a Psicologia colabora com o entendimento e a intervenção nos processos educacionais
compreendendo a dimensão subjetiva dos sujeitos envolvidos no processo educacional e formulando projetos educacionais
produtivos.

Questão 5

Resposta: O papel da Educação no processo de desenvolvimento humano é o de “levar a pessoa além do nível
de desenvolvimento já por ela alcançado, em determinado momento de sua história pessoal” (PALACIOS; COLL;
MARCHESI, 1995, p. 334). Desta forma, a educação promotora de desenvolvimento considera o nível de maturidade
da criança, parte de onde a criança se encontra para levá-la um pouco mais além e caracteriza-se pela continuidade:
“as influências mais persistentes e estáveis também são, geralmente, as com maior impacto sobre o desenvolvimento”
(PALACIOS; COLL; MARCHESI, 1995, p. 334).

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