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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

ÍNDICE
Introdução …………………………………………………...………………………...4
Justificativa …………………………………………………….……………………...4
Objetivos ………………………………………………………………………………5
PARTE I – O IMPOSTO…………………………………………………….…….....6
Capitulo I – O DIREITO FISCAL ……………………………………………...…6
1. Atividade Financeira – sua caracterização …………...………………...…6
Necessidades coletivas e meios financeiros do Estado….……………....6
2. Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal……………………...7
Âmbito do Direito Fiscal…………………………………………………...…7
3. Natureza do Direito Fiscal…………………………………………………..11
4. O Problema da Autonomia do Direito Fiscal……………………………...11
(Legislativa, didática e cientifica).………………………………………….11
5. Relações do Direito Fiscal com outros ramos do Direito………………..13

Capitulo II – O IMPOSTO………………………………………………………….15
6. Conceito de imposto…………………………………………………………15

O elemento objetivo, subjetivo e teleológico da definição ………………….15


7. Distinção entre imposto e outras categorias jurídicas…………………...17
8. Classificação dos impostos…………………………………………………21
9. Estrutura dos Impostos Portugueses……………………………………...25

Capitulo III – SOBERANIA FISCAL………………………………………………26


10. Soberania Estadual e Soberania Fiscal…………………………………...26
11. Fundamento da soberania fiscal…………………………………………...28
12. Limites da soberania fiscal………………………………………………….32
13. Expressão de Soberania Fiscal…………………………………………….36

Capitulo IV – O OBJETO…………………………………………………………....38
14. Objeto do imposto……………………………………………………………38

Pressupostos objetivos da tributação …………………………………………38


15. Objeto imediato e mediato da relação jurídica do imposto……………...41
16. A prestação – suas espécies ………………………………………………43

Capitulo V – FORMAS DE EXTINCAO DA RELAÇÃO …………………………44


17. Cumprimento…………………………………………………………………44

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18. Dação em cumprimento…………………………………………………….45


19. Prescrição ……………………………………………………………………46
20. Compensação ……………………………………………………………….47
21. Confusão …………………………………………………………………….48
22. Outras formas de extinção – sua admissibilidade……………………….48

Capitulo VI – GARANTIAS…………………………………………………………49
23. Garantia Geral……………………………………………………………….49
24. Garantias Pessoais………………………………………………………….50
25. Garantias Reais……………………………………………………………...50

PARTE II – AS RELAÇÕES TRIBUTÁRIAS FORMAIS ………………………54


Capitulo VII – O ATO TRIBUTÁRIO – SUA FORMAÇÃO…………………….54
26. O ato tributário – conceito, natureza e efeitos…………………………...54
27. A formação do ato tributário – o processo tributário gracioso ………...55
28. O ato de liquidação ou ato tributário ……………………………………..57
29. Revisão e Anulação do ato tributário …………………………………….58

Recursos graciosos e contenciosos…………………………………………..58


30. Direitos e garantias dos contribuintes…………………………………….60

Capitulo VIII – COBRANÇA DO IMPOSTO…………………………………….63


31. Processo de cobrança – suas espécies …………………………………63

A cobrança virtual e a cobrança eventual……………………………………63


32. Fases de cobrança…………………………………………………………64

PARTE III – O IMPOSTO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE:……………..………66


Capitulo XI – IMPOSTO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE………………………..66
33. Estrutura atual do Sistema Fiscal São-Tomense ………………………66
34. IRS…………………………………………………………………………...66
35. IRC…………………………………………………………………………...74
36. IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÓNIO…………………………………...75
37. IMPOSTO SOBRE CONSUMO…………………………………………..78
38. IMPOSTO DE SELO……………………………………………………….79
39. IMPOSTO SOBRE VEICULO……………………………………………..80

CAPITULO X – IMPOSTO DITETOS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE ………...83

40. IRS……………………………………………………………………………83
41. IRC…………………………………………………………………………...96

CAPITULO XI – METODOLOGIA ………………………………………………115

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42. ASPETOS METODOLÓGICOS ……………………………………….115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………...121

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 INTRODUÇÃO
O presente trabalho investigativo vem tratar sobre os impostos diretos
em São Tomé Príncipe, quais são, as normas fiscais que os regem, a forma de
aplicação e a cobrança dos mesmo sendo possível ser feita de formas
diferentes.

Este estudo também ajuda a fazer compreender como funciona o sistema


fiscal Santomense de acordo com as leis atuais.

 JUSTIFICATIVA
Este estudo foi o objeto da minha escolha em relação aos outros
propostos visto que se trata de um estudo muito importante para o
conhecimento das pessoas da nossa sociedade.

A nível pessoal trate-se de um estudo que visa melhorar as minhas


capacidades no conhecimento e entendimento do processo tributário
Santomense.

A nível social este estudo permite ajudar a conhecer sobre o processo


tributário a outras pessoas que venham a ter acesso e se permitem a lê-lo.

A nível científico este projeto mostra onde estamos no nosso sistema


tributário e onde queremos e /ou podemos melhorar.

A nível institucional permite divulgar e fazer conhecer o sistema tributário e


como o mesmo funciona à população e demais interessados.

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 OBJETIVOS

 Objetivo Geral
Com este trabalho pretende-se demonstrar como funciona a aplicação
dos impostos diretos em São Tomé e Príncipe de acordo a lei fiscal vigente no
país de forma a dotar de conhecimento que contribuam para o entendimento
dos contribuintes sobre pagamento dos impostos e o porquê dos mesmos, o
que pode contribuir para o efetivo pagamento por parte dos mesmo
contribuintes.

 Objetivos específicos
Alicerçada ao objetivo principal, surge a afirmação dos seguintes
objetivos específicos:
1. Analisar o sistema fiscal Santomense;
2. Identificar os impostos diretos usados em São Tomé e Príncipe;
3. Interpretar a forma de aplicação dos impostos diretos;
4. Apresentar e confrontar os impostos diretos com os de países
diferentes;
A concretização destes objetivos permite incrementar ao conhecimento
das pessoas novas informações relativas aos impostos diretos.

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PARTE I- O IMPOSTO

Capítulo I – O Direito Fiscal:

1. Atividade Financeira – sua caracterização:


Necessidades coletivas e meios financeiros do Estado:

Para Noemi Pereira as exigências de satisfação das necessidades


económicas de carácter público e de obtenção de meios indispensáveis à
respetiva cobertura impõem ao Estado, e às outras entidades públicas uma
atividade económica com características próprias, a atividade financeira.
As particularidades específicas desta atividade resultam
fundamentalmente da circunstância de as necessidades públicas não
implicarem uma procura prévia individual e, consequentemente, ao contrário do
que acontece com as necessidades privadas, a cobertura do seu custo não se
situar no plano das livres opções individuais
Destinada a assegurar a satisfação das necessidades públicas, a
actividade financeira abrange a aquisição de meios económicos, o emprego
desses meios e a coordenação dos meios obtidos e das utilidades a realizar.
Todas as realizações de despesas orientadas para a aquisição de bens
ou serviços destinados a satisfazer necessidades públicas se integram na
actividade financeira. E para que as entidades públicas possam realizar essas
despesas têm de obter receitas adequadas, as quais não correspondem a uma
massa homogénea. Algumas assemelham-se a receitas de particulares, como
é o caso das obtidas pela exploração do património do Estado. Muitas outras
oferecem características inseparáveis do sector público. Assim sucede com os
impostos e as receitas dos chamados “monopólios fiscais”.
Não obstante a heterogeneidade dos fenómenos que se integram na
actividade financeira, todos se situam no plano da obtenção e do emprego de
meios económicos adequados à satisfação de necessidades públicas. Todos
eles têm, pois, natureza económica. São fenómenos económicos.

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2. Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal.


Âmbito do Direito Fiscal:

Só quando assume uma posição característica, inconfundível com as


posições dos particulares, no exercício da sua actividade financeira, é que o
estado se subordina a normas jurídicas próprias, cujo complexo tem sido
designado por Direito Financeiro.
Trata-se da definição jurídica dos poderes das entidades públicas na
obtenção e no emprego dos meios económicos destinados à realização dos
seus fins.
Este conceito baseia-se numa ideia central de limitação de poderes das
entidades públicas, como tais.
Como disciplina jurídica da utilização de meios económicos pelas
entidades públicas, o Direito Financeiro abrange um amplíssimo sector de
receitas públicas (o das receitas públicas não apenas pelo destino, mas
também pela natureza, pela origem), todo o sector das despesas públicas e a
coordenação das despesas e das receitas públicas.
O Direito Financeiro compreende três ramos que, embora, cada um
deles, sem autonomia científica, são nitidamente separáveis – o direito das
receitas, o direito das despesas e o direito da administração financeira. Por sua
vez, estes ramos de Direito Financeiro admitem divisões. E entre elas ganham
particular relevo, no Direito das Receitas, o Direito dos Impostos, o Direito
Tributário ou o Direito Fiscal.
O Direito dos Impostos, Tributário ou Fiscal formou-se através de um
longo processo evolutivo, na base de convicções políticas generalizadas e
relativamente estáveis. Daí constituir, na actualidade, o ramo ou sub-ramo do
Direito Financeiro mais característico e melhor trabalhado pela legislação e,
sobretudo, pela Doutrina.
As origens do Direito Fiscal e do Direito Orçamentário (sub-ramo do
Direito da Administração Financeira) são, em larga medida, comuns. O Direito
Fiscal parece ser muito antigo; mas, desenvolveu-se em torno da ideia nuclear

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da votação do imposto pelos órgãos representativos das comunidades


políticas; e, a partir dos sécs. XVII e XVIII, passou a entender-se que a votação
do imposto não seria inteiramente consciente se aqueles órgãos não tivessem
conhecimento da situação financeira global, das necessidades públicas e dos
créditos previstos.
É este sub-ramo do Direito Financeiro, o Direito das Receitas, que
constitui o nosso Direito Fiscal.
A doutrina italiana considera que o Direito Tributário abrange mais do
que o simples Direito dos impostos, ou seja, a cobrança de taxas, impostos…
O Direito Tributário seria o género e o Direito fiscal seria a espécie.
Destas confusões terminológicas resulta que a expressão Direito
Tributário melhor corresponde à ideia de Direito dos Impostos. Mas esta
mesma ideia também se exprime correctamente entre nós, tanto na legislação
como na Doutrina, pela expressão Direito Fiscal.. E não se vê inconveniente
em que as expressões Direito Tributário, Direito Fiscal e Direito dos Impostos
sejam usadas como sinónimas, conforme é corrente na legislação e na
Doutrina portuguesas.
Portanto, em Portugal e no nosso curso podemos dizer que o Direito
Fiscal tem o mesmo âmbito que o Direito Tributário.
O Direito Fiscal é o sector da ordem jurídica que regula o nascimento, o
desenvolvimento e a extinção das relações jurídicas suscitadas pela percepção
do imposto.
As normas jurídicas do Direito Fiscal regulam aspectos diversos das
determinadas relações jurídicas, sendo elas: o direito constitucional fiscal, o
direito fiscal comunitário, o direito penal fiscal, o direito internacional fiscal,...
a) Direito Constitucional Fiscal (CRP) regula a formação da lei fiscal, o
exercício da soberania financeira (arts. 103 e 104 CRP). Esta é a
garantia primeira da legalidade dos impostos e da liberdade individual
dos contribuintes contra abusos do legislador ordinário. Na última
revisão constitucional foi consagrada expressamente a irretroactividade
da lei fiscal. Os impostos são criados por lei (da A.R.). A liquidação e
cobrança dos impostos pode ser feita por lei (da A.R. ou do Governo).

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b) Direito Internacional Fiscal corresponde ao conjunto de normas que


regulam os conflitos internacionais de tributação.
c) Direito Fiscal Comunitário é o conjunto de regras emanadas pelos
órgãos comunitários, visando a harmonização fiscal comunitária. Releva
aqui a 6ª Directiva do IVA, onde se estabelecem os princípios
reguladores do IVA (imposto indirecto). Ao nível da tributação directa
também já há algumas directivas comunitárias.
d) Núcleo central do Direito Fiscal é constituído pelas normas que
disciplinam o nascimento, desenvolvimento e extinção do vínculo jurídico
obrigacional que surge entre o Estado e os cidadãos, vínculo este que
surge quando se verificam os pressupostos integradores contidos na lei
fiscal. O sujeito activo é o Estado e o sujeito passivo os particulares, o
contribuinte.
e) As obrigações fiscais acessórias, juntamente com o conceito jurídico de
imposto, integram a relação jurídica fiscal em sentido amplo. Neste
contexto, temos as normas que impõem ao próprio contribuinte ou a
uma terceira pessoa certos deveres relativos à determinação do sujeito
passivo (devedor – p.ex., preencher declarações).
f) Direito Penal Fiscal é o conjunto de normas que prevêem as sanções
correspondentes à violação das obrigações fiscais, dos comandos
contidos em leis fiscais.
g) Processo Fiscal corresponde às normas adjectivas que prevêem a forma
pela qual os contribuintes se podem opor aos actos administrativos
definitivos e executórios da Administração Fiscal e que regulam ainda o
modo de aplicação das sanções fiscais e a cobrança coerciva das
dívidas tributárias.
Em resumo, importa precisar a posição do Direito Fiscal, tanto no plano
científico, como no plano didáctico. Seria possível defini-lo como complexo de
normas disciplinadoras das relações tributárias. Mas tal definição não viria
solucionar os problemas que cumpre sejam apreciados. Limitar-se-ia a
desconhecê-los provisoriamente, projectando-os para a análise do conceito de
relação tributária.

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Aliás, já conhecemos um conceito de relação jurídico-tributária, restrito,


para o qual esta será o vínculo obrigacional que liga o contribuinte ao Estado,
ou a outra entidade pública, e tem por objecto mediato a prestação de imposto.
Mas parece duvidoso que o Direito Fiscal deva limitar-se à disciplina dessas
relações. Entende-se geralmente que ele abrange também as normas
disciplinadoras de operações destinadas a tornar possível, ou facilitar, a
cobrança dos impostos, sem contudo, dizerem respeito à estrutura do vínculo
jurídico de imposto. E bem assim as normas que estabelecem sanções pelo
não cumprimento de deveres tributários, que fixam os meios de defesa do
contribuinte, etc.
Assim, Direito Fiscal será o sistema de normas jurídicas que disciplinam as
relações de imposto e definem os meios e processos pelos quais se realizam
os direitos emergentes daquelas relações.
Esta definição visa remover uma limitação do Direito Fiscal à disciplina da
relação tributária stricto sensu - vínculo obrigacional que liga o contribuinte a
uma entidade pública credora do imposto. É certo que essa disciplina constitui
o aspecto nuclear, central, e mais característico, do Direito Fiscal; mas não o
esgota.
Determinados autores, atendendo à natureza das normas de Direito Fiscal,
dividem-no em dois ramos, o Direito Fiscal material e o Direito Fiscal formal.
Assim, Direito Fiscal material é o conjunto de normas que regulam a
existência orgânica do imposto, bem como as obrigações que derivam da
respectiva relação jurídica de imposto, tendo em vista os seus titulares, objecto
e configuração pormenorizada (p.ex., direito constitucional fiscal, normas que
regulam o núcleo central do direito fiscal, direito penal fiscal,...).
Por sua vez, Direito Fiscal formal é o conjunto de normas instrumentais,
disciplinadoras do processo de determinação e percepção do imposto e
também as normas que regulam a tutela jurisdicional
(p.ex., normas de processo fiscal ou tributário e normas de carácter
administrativo respeitante à liquidação e cobrança de impostos.

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3. Natureza do Direito Fiscal:

Quer se adopte o critério dos interesses, quer o da situação relativa dos


sujeitos, quer o critério da qualidade dos sujeitos, os autores são unânimes em
considerar que o Direito Fiscal é um ramo de Direito
Público. O sujeito activo (o Estado) aparece na sua veste de ente público,
revestido das garantias e poderes - ius imperium – de que não beneficia o
sujeito passivo segundo Noemi Pereira.

4. O Problema da Autonomia do Direito Fiscal


(Legislativa, didáctica e científica):

Põe-se a questão de saber se o Direito Fiscal terá autonomia legislativa,


didáctica e científica. A resposta é, obviamente, sim. Desde logo, tem
autonomia didáctica, pois se não tivesse não existiria nos cursos de Direito a
cadeira denominada “Direito Fiscal”.
A resolução desta questão radica na estrutura das respectivas relações
jurídicas desta área do
Direito e assim a resposta à questão tem de ser positiva.
Para o Dr. Brás Teixeira, as relações do mundo jurídico em geral
integram-se num de três tipos: ou são obrigacionais, ou são reais (de tipo real –
direitos reais), ou ainda pessoais (de tipo pessoal). Estas relações, embora
mantenham a sua estrutura (objecto, sujeito,...), são objecto de regimes
jurídicos diversos, conforme o ramo de Direito a que pertencem.
Ao lado do Direito das Obrigações, dos Direitos das Pessoas e dos
Direitos Reais (Direito Comum Conjunto, para o autor), existem outros ramos
do Direito, como o Direito da Família, o Direito das Sucessões, o Direito
Comercial, Direito Fiscal... Aqui, as relações jurídicas têm a mesma natureza,
mas um regime jurídico que se afasta do regime do Direito Comum.
Para o Dr. Bras Texeira é ligitimo substituir as classificação dos ramos
de Direito por uma classificação genérica que separe o Direito Comum (Direito
das Obrigações, Direitos Reais e Direitos Pessoais) dos Direitos Institucionais
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(Direito da Família, Direito Fiscal,...). Em todo o caso, cada corpo de normas


ordenado para um fim comum “vive ao lado” dos direitos institucionais.
Ainda para o Dr. Brás Teixeira, o fundamento de autonomia de qualquer
ramo de Direito só se pode encontrar ao nível teleológico, ou seja, ao nível dos
fins das normas.
Correspondendo o Direito Fiscal a um conjunto de normas com um fim
comum (relações jurídicas que dão lugar à percepção dos impostos) tem
carácter institucional. E é deste carácter institucional (fim diferenciado que
unifica num corpo dinâmico essas normas) que derivam os princípios e
institutos que individualizam o Direito Fiscal dos outros ramos do Direito, isto é,
que dão autonomia ao Direito Fiscal, tornando-o um verdadeiro ramo de
Direito.
O fim específico do Direito Fiscal é regular a percepção de receitas para
o Estado. Soares Martinez fala antes na autonomia do Direito Financeiro.
Quando falamos de autonomia ela tem sempre um carácter relativo.

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5. Relações do Direito Fiscal com outros ramos do Direito:

Noemi Pereira entende que não se pode falar num sistema de normas
fechado. As várias zonas do mundo jurídico relacionam-se entre si, ou seja,
qualquer conjunto de normas está ligado ao conjunto de todas as outras
normas. Também o Direito Fiscal se relaciona com outros ramos do Direito.
a) Assim, o Direito Fiscal relaciona-se com o Direito Constitucional, na
chamada “Constituição Tributária”, que fixa limites e regula o exercício do
poder tributário, os fins a prosseguir e as garantias dos particulares, bem como
a estrutura dos impostos – arts. 13, 67, f), 103, 104, 168 e 229, i) CRP.
b) O Direito Fiscal liga-se também ao Direito Administrativo, pois apesar
de o Direito Fiscal ser independente deste, é nele que busca a forma para
regular a actividade de percepção do imposto, além dos órgãos da
Administração Fiscal estarem integrados na AP, que é disciplinada pelo Direito
Administrativo.
c)O Direito Fiscal tem também afinidades com o Direito Penal, pois a
teoria da infracção fiscal é moldada pelos princípios da teoria da infracção
penal (penas de prisão, multas, coimas).
d)O Direito Fiscal relaciona-se ainda com o Direito Processual, quer
penal, quer civil, na medida em que foi com base nestes ramos de direito que
em Direito Fiscal se procedeu à estrutura do processo tributário. Além disso, o
CPCivil é subsidiário do CPTributário (Código de Processo Tributário) (p.ex.,
processo de impugnação judicial, processo de transgressão, processo de
execução fiscal,...).
e)O Direito Fiscal tem ainda afinidades com o Direito Privado (comum),
porque o Direito Fiscal, como Direito institucional que prossegue fins
específicos, conceitos e institutos próprios, não dispensa a contribuição do
Direito Privado Comum (aceita conceitos como o de “obrigação” vindo do
Direito privado).
Por outro lado, existem outros institutos aos quais atribui um significado
diferente de acordo com os seus fins. P.ex., transmissão de um imóvel (por

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escritura pública). Se for um contrato-promessa com traditio, o CSISA (Código


da SISA) considera que a sisa deve ser paga a partir do momento em que há
traditio, pois considera que aí já há transmissão.
f)Por fim, o Direito Fiscal associado ao Direito Internacional tem como
objectivo evitar a dupla tributação dos produtos, para que haja maior e melhor
circulação das mercadorias internacionais (este é também o objectivo do
GATT).
O que se pretende é um desenvolvimento internacional harmonioso entre
os vários países e em que o comércio internacional saia beneficiado. Por
vezes, os países invocam restrições teóricas, que são egoístas, para que o
comércio sofra certos entraves (p.ex., proibir a importação de carros com faróis
redondos, só admitindo carros com faróis quadrados).
Por isso é que se celebram certos acordos internacionais, para que a
saúde de cada Estado não saia deteriorada e para que o comércio
internacional não sofra também qualquer tipo de doença; o objectivo é
precisamente o contrário, ou seja, um comércio internacional saudável.
Ex.: A OCDE pretende evitar conflitos positivos de regulamentação (dupla
tributação), pois tal constitui obstáculo ao comércio internacional, e também
evitar conflitos negativos, ou seja, um produto pode nem sequer ser tributado,
pois um país (Portugal, p.ex.) diz que a tributação do produto deve ser feita no
país de destino e outro país (o de destino) diz que o imposto deve ser pago na
sede da entidade comercial e, assim, o produto não é tributado nem no país de
origem, nem no país de destino.
Ainda no âmbito da relação do Direito fiscal com o Direito internacional
cumpre referir o Direito Comunitário. De facto, não obstante as
particularidades, as singularidades do Direito Comunitário originado no Tratado
de Roma de 1957, e cujas normas, desde 1982, são aplicáveis a Portugal, em
consequência do seu ingresso nas Comunidades Europeias, esse mesmo
direito não deixa de situar-se no plano do Direito Internacional, sem prejuízo da
hipótese de, por via de uma federalização, acabar por situar-se ao nível do
Direito Interno.

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Capítulo II – O IMPOSTO:
6. Conceito de Imposto:
O elemento objectivo, subjectivo e teleológico da definição:

Juridicamente, o imposto é uma prestação definitiva e unilateral,


estabelecida pela lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito Público para a
realização de fins públicos; prestação esta que não constitui sanção de um acto
ilícito.
O conceito de imposto tem como elementos essenciais o objectivo, o
subjectivo e o teleológico.
a) Quanto ao elemento objectivo, o imposto é uma prestação. A
relação jurídica de imposto tem um carácter obrigacional ou creditício, com
objecto de natureza patrimonial, sendo que geralmente a respectiva prestação
tem carácter pecuniário. Contudo, nem sempre o imposto tem natureza
pecuniária.
Ainda hoje existe um imposto que não tem natureza pecuniária, que é o
imposto de selo.
O imposto tem carácter definitivo, ou seja, não dá ao sujeito passivo
qualquer direito a um reembolso, retribuição ou indemnização. Todas as
importâncias que o sujeito passivo transfere para o sujeito activo não são
reembolsadas, a não ser que haja uma tributação indevida. Por isso é que o
imposto é diferente de empréstimo e de requisição administrativa, dada a sua
natureza definitiva.
A prestação do imposto é também unilateral. A esta prestação não
corresponde qualquer contraprestação por parte do credor da receita (Estado),
em termos directos. Assim se distingue o imposto do empréstimo forçado e da
taxa.
Na taxa existe a prestação de um serviço pelo Estado. O imposto é uma
prestação imposta por lei e só temos imposto quando os pressupostos que
integram a previsão legal definida se verificam na prática.
Mesmo no caso de impostos locais, a própria fonte desses impostos está
na lei, é legal (p.ex., a imposição da derrama consta da lei).
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A soberania fiscal exerce-se quando o Estado cria impostos. Quando o


Estado aparece a exigir um imposto já criado, ele aparece não como Estado
soberano, mas como entidade administrativa.
O imposto não é uma sanção de um acto ilícito, ao contrário da multa ou
da coima, apesar de estas também serem definitivas.
b) Quanto ao elemento subjectivo, o imposto é uma prestação a favor
de uma pessoa colectiva de direito público, sendo sempre desta natureza o
sujeito activo da relação de imposto.
Como entidades públicas activas da relação fiscal podemos ter o Estado
e as autarquias locais (e também as regiões autónomas, na opinião de Sá
Gomes, enquanto Soares Martinez acha que não).
Segundo o prof. M. Vasconcelos, a posição de Sá Gomes foi reforçada pela
revisão constitucional de 1997.
Sujeito passivo da relação pode ser qualquer pessoa singular ou
colectiva. Pode até ser uma pessoa colectiva pública, como o Estado. Por
vezes, o Estado paga impostos a si mesmo (p.ex., quando o Estado arrenda
um prédio como se fosse um particular).
c) Por fim, o elemento teleológico tem a ver com o fim do imposto.
Até há alguns anos atrás entendia-se que os impostos tinham como finalidade
dotar os entes públicos com meios para a realização de tarefas – tarefa
meramente fiscal. Com o alargamento da intervenção do estado – Estado de
Direito Social – o imposto aparece como mecanismo de redistribuição da
riqueza, de protecção da indústria, como elemento de intervenção nos
rendimentos gerados pela economia, etc.
O imposto tem, pois, finalidades fiscais (receitas do estado) e extra-
fiscais (intervenção na economia).

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7. Distinção entre imposto e outras categorias jurídicas:

a) O imposto e o preço:

A caracterização estabelecida permite distinguir o imposto e o preço.


O preço pode ser devido a uma entidade pública que preste utilidades no
plano do comércio jurídico-privado. Vendendo, p.ex., frutos das suas
propriedades. E, em tal caso, o preço integrar-se-á, como objecto mediato,
numa relação obrigacional que visa a realização de uma receita pública. No
entanto, essa relação obrigacional que tem por prestação um preço não será
tributária, porque determina para o sujeito activo um dever de prestar
específico. O da entrega dos bens vendidos. O preço tem origem num vínculo
de carácter sinalagmático. E isso, só por si, distingui-o nitidamente do imposto.
Mais difícil será, em muitos casos, distinguir o preço da taxa. Ainda que
se possa estabelecer um critério de separação na base dos regimes de
concorrência ou de exclusividade estabelecidas quanto à prestação de bens,
ou de serviços, por parte do estado e de outras entidades públicas.

b) O imposto e a taxa:

No imposto, desde logo, não há contraprestação; na taxa já existe essa


contraprestação, dado que a taxa visa adquirir a prestação de um serviço.
[Questão polémica aqui é a da taxa de activação estabelecida pela “Portugal
Telecom”, taxa esta que suscita a questão de saber se é ou não constitucional,
precisamente por se pôr em dúvida o carácter de contraprestação desta nova
taxa.]
As taxas são prestações estabelecidas por lei, a favor de uma pessoa
colectiva de Direito Público, como retribuição de um serviço individualmente
prestado, como retribuição pela utilização de determinados bens de domínio
público, ou ainda como remoção de determinado limite jurídico à
actividade dos particulares.

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Do ponto de vista jurídico, a distinção passa pela existência ou não de


uma contraprestação por parte do ente activo da relação, isto é, passa pelo
carácter unilateral do imposto e o carácter bilateral da taxa.
O imposto resulta de se querer tributar um facto – a capacidade tributária
– e a taxa resulta do facto de se quer compensar uma actividade
individualizada prestada por alguém (exs. de taxa são o pagamento dos
serviços de registo civil e predial).

c) O imposto e os tributos especiais:

Os tributos especiais são prestações exigidas pelo Estado em virtude de


determinada vantagem que o contribuinte vai retirar do funcionamento de um
serviço público.
P.ex., na reforma fiscal actual pretende-se lançar tributos especiais na margem
sul da Ponte Vasco da Gama, nos terrenos aí situados, pois vão ser muito
valorizados.
Soares Martinez considera que, como não há uma contraprestação
individualizada ao utente, os tributos especiais não são uma taxa, mas também
não são impostos (quando muito são equivalentes a estes). Assim, os tributos
especiais são um tertius genus.
Por seu lado, Brás Teixeira considera os tributos especiais verdadeiros
impostos, que apresentam características diferenciadoras do conceito de taxa.

d) O imposto e as contribuições para a Previdência:

Segundo Brás Teixeira, há que distinguir o desconto feito pelo


funcionário/trabalhador do desconto feito pela entidade patronal. Esta parte
paga pela entidade patronal é um verdadeiro imposto
(embora especial). A parte paga pelo trabalhador é um prémio de seguro
obrigatório de Direito Público.
Esta distinção faz-se, porque no prémio de seguro verifica-se um nexo
sinalagmático entre a quantia paga e os benefícios que daí poderão advir (quer
por doença, quer por reforma). Por parte da entidade patronal é um imposto,
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porque não há qualquer contraprestação, não há uma relação directa entre o


contribuinte e o beneficiário (não são a mesma pessoa).
Para o prof. Miguel Vasconcelos, ainda que indirectamente, também
há (sempre) benefícios para a entidade patronal (p.ex., proporciona bem-estar
social).

e) O imposto e o empréstimo público:

A figura do empréstimo público acha-se normalmente de tal modo


distanciada do imposto que poderá razoavelmente duvidar-se da necessidade
de tentar uma destrinça entre os dois conceitos. Importa ter presente, porém,
que duas figuras híbridas reúnem elementos de ambos, em termos de tornar
aconselhável a separação. Referimo-nos ao imposto reembolsável e ao
empréstimo forçado. O hibridismo de tais figuras, só por si, justificará a
destrinça, além de uma tomada de posição quanto à natureza dessas mesmas
figuras.
Os empréstimos públicos criam normalmente, para o Estado, o dever de
reembolso, de uma só vez, ou através de amortizações, e o de pagar juros. Os
mesmos deveres de prestar decorrem dos empréstimos forçados, algumas
vezes emitidos pelo Estado por não lhe parecer favorável o mercado de
capitais. Aos particulares não é reconhecida liberdade para subscrever ou não
os empréstimos forçados.
Quanto ao chamado imposto reembolsável, quando o reembolso
resultasse da própria estrutura
da relação jurídica, tratar-se-ía, apesar da designação, de um empréstimo
público forçado. Naqueles casos em que o reembolso corresponde a uma mera
faculdade do Estado, não há qualquer dever de prestar específico, e,
consequentemente, pode incluir-se a figura na noção de imposto.
A tendência é para aproximar do imposto o empréstimo forçado,
baseada num critério voluntarista, que levará a excluir do conceito de
empréstimo relações cuja origem não é voluntária, não parece justificar-se.
Pela obrigação de reembolso e de pagamento de juros, o empréstimo forçado
não cabe nos quadros do imposto. Admite-se, no entanto, que também não
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caiba no conceito de empréstimo público, devendo constituir, por isso, uma


categoria distinta também deste.

f) O imposto e a requisição administrativa:

A requisição administrativa consiste num acto pelo qual, em casos


excepcionais, um órgão da AP exige dos particulares, mediante justa
indemnização, a prestação de determinado serviço, ou a acessão de coisas
móveis, ou ainda a utilização temporária de certos bens para acorrer a
necessidades urgentes.
Assim, há um conjunto de diferenças a apontar.
O imposto é uma forma normal de obtenção de meios financeiros para
satisfazer necessidades públicas. A requisição administrativa tem carácter
excepcional.
O imposto visa conseguir meios financeiros para acorrer a necessidades
gerais. A requisição administrativa destina-se a fazer face a determinadas
necessidades concretas, de natureza urgente e individualizadas.
O imposto tem carácter de prestação unilateral e definitiva, a que não
corresponde, por isso, qualquer contraprestação individualizada, nem dá direito
a nenhuma retribuição ou indemnização. Por sua vez, a requisição tem como
elemento essencial o pagamento ao requisitado do preço dos bens ou uma
indemnização pelos danos sofridos.
A relação de imposto surge apenas quando se verificam os
pressupostos da respectiva previsão legal, não cabendo à administração fiscal
qualquer apreciação sobre a oportunidade ou o modo de cobrança. Na
requisição pressupõe-se sempre uma prévia apreciação administrativa sobre a
sua necessidade e uma escolha dos meios sobre os quais deve incidir.
Por fim, enquanto no imposto, na generalidade dos casos, temos uma
prestação pecuniária, a requisição traduz-se numa prestação de serviços, ou
na cedência de certas coisas, ou ainda na utilização temporária de
determinados bens.

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g) O imposto e a expropriação por utilidade pública:

O fim da expropriação por utilidade pública não consiste na realização


de uma receita pública. Dela emerge o dever de indemnizar os expropriados,
além do direito de reversão.

8. Classificação dos Impostos:

Conforme foi observado pertinentemente por Pugliese, as classificações


de impostos oferecem, em geral, escasso interesse jurídico. Indicaremos, no
entanto, algumas que podem reflectir-se, de certo modo, no plano da estrutura
das relações jurídico-tributárias.

a) Os impostos directos e os impostos indirectos:

Vários são os critérios distintivos que se podem adoptar para fazer a


classificação entre impostos directos e indirectos.

I – a primeira proposta de critério fez radicar a distinção no objecto do


imposto. Assim, estamos perante impostos directos se incidirem sobre uma
manifestação imediata/directa da capacidade retributiva. Estamos perante
impostos indirectos se incidem sobre uma manifestação mediata/indirecta da
capacidade retributiva. Esta 1ª proposta foi feita pela Doutrina e Jurisprudência
Italiana. Contudo, deve ser afastada, pois ela baseia-se num critério que só faz
referência ao elemento económico.

II – uma segunda proposta faz radicar a distinção na diversa natureza do


facto gerador da obrigação fiscal. Nos impostos directos verifica-se alguma
permanência no facto gerador da obrigação fiscal. Já nos impostos indirectos, o
facto gerador tem carácter transitório, temporário ou acidental, consistindo
numa atitude eventual do contribuinte. Também esta tese é de ser afastada,

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pois, tal como a doutrina anterior, também esta se baseia exclusivamente em


elementos económicos.

III – uma outra posição faz a distinção com base no modo de


determinação do sujeito passivo. Estamos perante um imposto directo se a
incidência desse imposto está prevista num rol nominativo de contribuintes. Se
não houver um rol nominativo de contribuintes, o imposto é indirecto. Mais uma
vez, esta tese é também de afastar. Isto porque esta doutrina é formulada a
partir de um critério rigorosamente jurídico, mas é excessivamente formal,
tomando como elemento determinante o que não passa de uma consequência
acidental e não um factor distintivo.
IV – uma quarta proposta diz que é impossível estabelecer a distinção
com referência a um só elemento exclusivamente. A distinção deve ser referida
a todos os elementos relevantes: o objecto, a natureza da prestação, o
processo administrativo de liquidação do imposto, o rol nominativo e a
natureza, grau e intensidade de privilégios creditórios de determinado imposto.
A crítica é que esta tese conduz a um resultado praticamente impossível, pois
não é fornecido um elemento distintivo, um critério objectivo único, mas vários
elementos de distinção (“peca” por excesso).

V – ainda outra proposta afirma que a distinção deve procurar-se no tipo


de relação jurídica que constitui a fonte da obrigação fiscal. Se se trata de uma
relação jurídica que dá lugar a uma prestação isolada, o imposto é indirecto.
Se, pelo contrário, há uma relação jurídica que dá origem a prestações
periódicas, então esse imposto deve ser considerado directo. Ainda esta tese
deve ser afastada, pois equivale à concepção que atende à natureza do facto
gerador da obrigação fiscal (nada lhe acrescentando) e ainda porque faz
coincidir esta distinção com a distinção entre impostos periódicos e impostos
de obrigação única.

VI – Por fim, a tese, pelo menos actualmente, mais correcta tem por
base os arts. 736 Codigo Civil e 254 (Constituição da Republica Portuguesa).
Da análise destes arts. concluímos que a nossa lei acolheu um critério
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económico para proceder à distinção. Assim, são impostos directos aqueles


que recaem sobre os rendimentos e o património (exs.: IRS, IRC, Contribuição
Autárquica, SISA, Imposto sobre Sucessões e Doações). São impostos
indirectos aqueles que recaem sobre o consumo e a despesa (exs.: IVA,
Imposto de Selo, Impostos especiais sobre o consumo – sobre a cerveja, sobre
automóveis, sobre o tabaco, sobre produtos petrolíferos, impostos
aduaneiros,...).

b) Os impostos pessoais e os impostos reais:

Os impostos directos distinguem – se entre impostos pessoais e


impostos, conforme incidem sobre o conjunto ou parte dos bens do
contribuinte, tendo em conta, em maior ou menor grau, a situação pessoal do
contribuinte – estamos aqui perante um imposto pessoal; ou tributam os bens
ou rendimentos objectivamente considerados – estamos então perante
impostos reais.

c) Os impostos estaduais e os impostos não estaduais:

Nem sempre o estado é o credor do imposto, o sujeito activo da relação


jurídico-tributária. Esta constitui-se, muitas vezes, em benefício de uma
autarquia local ou de um instituto público. Daí a separação dos impostos
estaduais dos não estaduais. A origem de uns e outros é legal e, portanto,
estadual, mas só em relação aos primeiros o estado se apresenta como credor.
Referem-se, frequentemente, a propósito da distinção estabelecida, os
impostos parafiscais. Contudo, as receitas parafiscais, entre as quais avultam
as contribuições para a Segurança Social e as “taxas” dos organismos de
coordenação económica, caracterizam-se por algumas especialidades quanto à
orçamentação e quanto à contabilização, que, aliás, tendem a esbater-se, sem
deixarem de oferecer aspectos comuns aos impostos.
Note-se que os impostos não estaduais são os estruturados no sentido
da sua atribuição a uma entidade diversa do Estado 8impostos regionais,
provinciais, municipais, paroquiais,...)Mas acontece frequentemente que a

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receita de um imposto estadual seja cedida pelo Estado a outra entidade


pública. Essa cedência não altera a natureza estadual do imposto. É o que
acontece com os impostos lançados e cobrados pelo Estado nas áreas das
Regiões Autónomas, de que estas podem “dispor’’, porque o Estado lhes cede
as respectivas receitas, que, por essa cedência, passam a constituir receitas
próprias das Regiões Autónomas.
De modo semelhante, O Estado cede aos Municípios, juntamente com
parte da receita de outros impostos, a totalidade da receita da contribuição
autárquica, da SISA e do imposto municipal sobre veículos. Mas isso não
parece modificar a natureza estadual destes impostos. Que o Estado ceda a
uma autarquia, ou a outra pessoa, uma parte ou a totalidade da receita de um
imposto não afecta a natureza deste.
Aliás, quando o Estado cria, lança, liquida e cobra um imposto, as
relações jurídico-tributárias respectivas estabelecem-se entre os particulares e
o Estado somente. A entrega subsequente da receita a outra entidade insere-
se numa relação jurídica que nem sequer é de natureza tributária.
De qualquer modo, a distinção é feita com base na natureza do sujeito
activo. Se temos impostos cujo sujeito activo é o Estado temos impostos
estaduais. Se, pelo contrário, o sujeito activo é outro ente público que não o
Estado, nomeadamente as autarquias locais, temos impostos não estaduais.

d) Os impostos gerais e os impostos locais:

A distinção entre impostos gerais e impostos locais tem em conta o


âmbito territorial de aplicação dos tributos. Os impostos gerais abrangem todo
o território nacional; os impostos locais destinam-se a uma determinada zona
ou autarquia.

e) Os impostos periódicos e os impostos de obrigação única:

Atende à natureza permanente ou acidental dos factos sobre os quais incidem


os impostos. Os impostos são periódicos se tributam situações ou actividades
que duram no tempo, dando origem a sucessivas obrigações tributárias. São
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impostos de obrigação única os que recaem sobre factos isolados, sem


carácter de continuidade.
Existe, como excepção à regra, um caso de um imposto de obrigação
única, mas que tem carácter periódico: é o imposto sobre sucessões e doações
por avença, previsto no art. 182 CSISA e Imposto sobre Sucessões e Doações.

f) Os impostos principais e os impostos acessórios:

A distinção reside no facto de existirem por si (impostos principais) ou de


incidirem sobre mecanismos definidos pelos impostos principais (impostos
acessórios). Os impostos acessórios consistem em adicionais que vão incidir
sobre outros impostos principais, sendo o seu montante determinado pela
aplicação de uma nova taxa sobre a colecta desses outros impostos (os
impostos principais).

9. Estrutura dos Impostos Portugueses:

A reforma de 1988 veio reduzir bastante o nº de impostos directos que


estão em vigor. Foram abolidos a contribuição industrial, a contribuição predial,
o imposto profissional, o imposto complementar, imposto sobre a indústria
agrícola, imposto sobre as mais valias,...
Por outro lado, foram introduzidos e mantidos o IRS e o IRC (em
substituição da contribuição industrial). Estes dois impostos vieram substituir e
abolir todos os impostos acima referidos. E a eles se circunscreve toda a
tributação com carácter periódico.
Actualmente, também existe a contribuição autárquica. A contribuição
autárquica (imposto sobre
o património) é cobrado periodicamente (anualmente), sendo suportado, em
regra, pelo rendimento dos prédios sobre que incide. A contribuição autárquica
destina-se ao Município.
Dos impostos de prestação única e sobre o património destacam-se o
imposto sobre sucessões e doações e o imposto nacional de SISA (DL 41969

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de 24/11/...). Estão ainda em vigor os impostos sobre a despesa e o consumo,


que são, desde logo, o IVA (DL 394-B/88) e o imposto de selo (DL 21916 de
28/11/32).
Por fim, temos os impostos especiais sobre o consumo, nomeadamente
os que incidem sobre bebidas alcoólicas, tabaco, bens petrolíferos...
Sobre a desigualdade de taxas temos muitos outros – taxa de lixo, taxa
de esgotos... – que são verdadeiros impostos ocultos.

Capítulo III – Soberania Fiscal


10. Soberania Estadual e Soberania Fiscal:
I. Soberania estadual, soberania fiscal e poder tributário:

Não é inteiramente pacífico o entendimento sobre a noção de soberania


fiscal. Integrada no conceito de soberania do Estado, como um dos aspectos
que ela reveste, a soberania fiscal deverá compreender apenas a delimitação
de esferas tributárias, frente a outras soberanias estaduais, e a definição de
regimes legais. Mas alguns autores, impressionados por todo o complexo de
poderes que o Estado exerce, não só na definição de comandos tributários
legais, mas também no uso dos direitos que estes lhe conferem, incluem na
noção de soberania fiscal, ou de poder tributário, a capacidade para a
realização de múltiplos actos, não apenas no plano legislativo, mas também no
plano executivo.
A soberania fiscal constitui um dos aspectos da soberania financeira; e
esta, por sua vez, um dos aspectos da soberania estadual. Por isso,
relativamente à soberania fiscal deparam-se-nos os mesmos complexos
problemas inseparáveis do conceito de soberania, um dos mais fugidios da
enciclopédia jurídica. Mas não temos aqui de ocupar-nos desses problemas;
apenas recordar que eles se projectam na figura da soberania fiscal.
Por soberania fiscal entende-se o poder de criar impostos, de extingui-
los, de alargar ou restringir o seu âmbito, de estabelecer proibições de natureza
fiscal. E, como aspecto da soberania estadual, a soberania fiscal apresenta as
mesmas características. Em consequência, só os Estados, quer unitários, quer

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compostos, quer membros de Estados compostos, podem exercer a soberania


fiscal.
Na actualidade, à face das ordens jurídicas vigentes, não se admite uma
soberania fiscal, ou um poder tributário, um poder de imposição, de criação de
impostos, que não caiba ao próprio Estado, embora os princípios institucionais-
corporativistas, como as reivindicações regionalistas, pudessem encaminhar no
sentido de soluções diversas, que, porém, de momento, não parece dominarem
a consciência das comunidades políticas.

II. Entidades públicas menores e soberania fiscal:

Conforme já foi referido, alguns autores têm procurado distinguir uma


soberania fiscal originária, do Estado, de uma soberania fiscal derivada,
delegada em benefício de entidades públicas menores, ou até, nalguns casos,
em benefício de entidades privadas que exerçam funções públicas.
Mas actualmente – bem ou mal, posto que uma concepção pluralista dos
poderes políticos e dos ordenamentos jurídicos poderá conduzir a solução
diversa – nenhuma entidade exerce poderes tributários que lhe não sejam
concedidos pelo Estado. À margem da autoridade deste não é concebível que
alguém exija de outrem prestações de tipo tributário.
Em suma, não há soberania fiscal delegada ou derivada. Porque as
autarquias territoriais e as outras entidades públicas não são soberanas. Nem
no plano fiscal nem noutros. Apenas beneficiam de créditos tributários
constituídos ao abrigo de normas estaduais.
Com efeito, o Estado, por motivos de descentralização de funções
públicas e para assegurar o exercício de tais funções descentralizadas, faculta
às entidades públicas menores receitas tributárias. E fá-lo por três formas
diversas.
Nuns casos, cedendo-lhes uma parte ou a totalidade da receita de um
imposto.
Noutros casos, permitindo às entidades publicas menores o lançamento
de adicionais aos impostos do Estado.
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Noutros casos ainda, autorizando o lançamento e a cobrança de


impostos autónomos, conforme estabelecia o Código Administrativo (arts. 703
e ss), quanto ao imposto de prestação de trabalho, ao imposto para o serviço
de incêndios, e outros.

Nos dois primeiros casos, pode entender-se que não chegam a


constituir-se relações entre as entidades públicas menores e os contribuintes. A
posição credora daquelas ou é meramente acessória da posição tributária do
Estado ou não chega mesmo a desenhar-se em relação aos contribuintes.
Aquelas entidades públicas menores serão credoras do Estado, que arrecadou
certas receitas fiscais a elas destinadas, e não credoras dos contribuintes. Mas
na hipótese de lançamento de impostos autónomos já as relações jurídico-
tributárias constituídas se desenvolvem entre as entidades públicas menores,
sujeitos activos dessas relações, e os contribuintes, sujeitos passivos das
mesmas.
Em qualquer dos três casos, porém, as manifestações soberanas são
sempre estaduais. As entidades públicas menores não poderão criar qualquer
imposto, sendo “nulas as deliberações de qualquer órgão das autarquias locais
que determinem o lançamento de impostos, taxas, derramas ou mais-valias
não previstos na lei” conforme Noemi Pereira.

11. Fundamento da soberania fiscal:


a) O fundamento da soberania fiscal no plano da análise jurídica:

Constituindo a soberania fiscal um dos aspectos da soberania do


Estado, o seu fundamento último há-de confundir-se com o fundamento
filosófico-políticos do próprio Estado, que poderá entenderse como alheio ao
plano da análise jurídica e cuja apreciação, em qualquer caso, não seria aqui
oportuna. Contudo, tem-se entendido frequentemente que, aquém desse
fundamento último, a soberania fiscal há-de encontrar uma fundamentação
próxima em princípios gerais de Direito, cuja simples aplicação justificará o
poder estadual de tributar. Algumas posições características dizem que o poder

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de tributar do Estado, independentemente do seu fundamento político, encontra


justificação em princípios jurídicos gerais.

b) O domínio eminente do príncipe:

O imposto predial romano e alguns aspectos predominantes dos


sistemas tributários medievais inspiraram uma teoria da tributação que atribui
ao imposto a natureza de um direito real, de um direito sobre coisas.
O príncipe, por direito de conquista ou de defesa da terra, seria
proprietário de todo o solo; e, quando cedia a outrem, a título perpétuo, direitos
sobre qualquer fracção territorial, exigiria ao cessionário uma prestação
periódica, também perpétua, uma espécie foro enfitêutico, o imposto. Esta
construção reflecte a teoria do domínio eminente do príncipe, com raízes bem
fundas nas instituições públicas do passado, sobretudo as de inspiração
germânica, projectada nalgumas normas do antigo Direito português e que, de
quando em vez, emerge nas instituições jurídicas da actualidade. Como, por
exemplo, quando o Estado afirma direitos sobre o subsolo de todas as fracções
prediais do território estadual.
A referida construção circunscreve-se aos impostos prediais, pois quanto
aos outros mais dificilmente seriam de invocar os direitos de conquista, ou de
defesa da terra, como base da tributação. Tanto bastaria para considerar a
teoria do domínio eminente não ajustada à fundamentação do poder de tributar
em face das modernas instituições jurídico-fiscais.

c) As concepções clássicas baseadas numa troca de utilidades:

A ideia de troca de utilidades, de “do ut des”, ou de “do ut facias”,


ocorreu facilmente ao espírito de muitos autores que procuraram um
fundamento jurídico para o poder de tributar. Esse fundamento estaria na
contrapartida representada por utilidades prestadas ou a prestar. Mas foi numa
base voluntarista que a ideia de troca de utilidades ganhou maior relevo nas
tentativas para fundamentar a soberania fiscal.

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As construções assentes na ideia de troca de utilidades apresentam o


imposto como um preço. Seria o preço da protecção estadual, para Adam
Smith.
O imposto seria, pois, a contrapartida dos serviços prestados pelo
Estado para protecção das actividades que tornam possível a obtenção e o
gozo dos rendimentos dos particulares.

d) As concepções ético-sociais:

No decurso do século XIX, passou a tentar fundamentar-se a soberania


fiscal em razões ético - sociais. O fundamento do poder de tributar residiria na
exigência social de assegurar a cobertura financeira das despesas do Estado,
na própria satisfação das necessidades públicas.
Esta ideia de satisfação das necessidades públicas, situada no plano do
fundamento do imposto, abstraiu de qualquer princípio de troca, de "do ut des",
ou de “do ut facias”.
As novas teorias, ditas ético-sociais, tentaram fixar critérios de repartição
de encargos através das ideias de capacidade contributiva, de igualdade de
sacrifícios, de utilidade marginal; mas essas ideias, menos precisas, são,
sobretudo, de base política; e torna-se muito difícil aproveitá-las no plano da
construção jurídica.

e) A negação de fundamento à soberania fiscal:

As concepções para as quais o fundamento do poder de tributar reside


na necessidade social e económica das receitas tributárias acabaram por
projectar o fundamento da soberania fiscal para o plano puramente político. Em
nível inferior ao deste não se encontraria uma justificação do imposto. Assim o
entenderam diversos autores, sobretudo alemães.
O Estado exerce os mais amplos poderes sobre os seus membros. Pode
exigir-lhes o sacrifício dos seus bens, como pode exigir-lhes o sacrifício das
suas vidas. O fundamento jurídico do imposto estaria em não se justificar em
relação a ele qualquer fundamento jurídico; pois em face de um poder
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soberano não seria conveniente suscitar problemas de fundamento, ou de


legitimidade. Quando o poder apresenta as características de soberano, ele
será, por esse mesmo facto, legítimo e fundamentado.
A tributação encontraria o seu fundamento e a sua legitimidade na
obediência do súbdito ao Estado em que se integra (Stahl, Helferich). Mas,
deste modo, os autores que defendem tal concepção não puderam explicar o
poder tributário exercido em relação aos estrangeiros.
Reconhecendo as insuficiências da teoria que nega fundamento à
soberania fiscal, alguns outros autores, também alemães, formularam a teoria
da supremacia de facto quanto ao poder de tributar.

f) As concepções modernas baseadas numa troca global:

Reconhece-se, em termos mais ou menos pacíficos, que qualquer


equivalência do débito tributário individual e das vantagens colhidas do Estado
pelo respectivo contribuinte não faz sentido. Ao menos à face dos modernos
sistemas tributários. Nem essa equivalência no plano individual interessaria
para fundamentar a soberania fiscal, que há-de situar-se num plano geral e
abstracto.
Mas a ideia de troca, de equivalência funcionaria no sentido de a
soberania fiscal se limitar pelas exigências das necessidades públicas. Seriam
essas necessidades e a insuficiência dos rendimentos do património e do
domínio para as satisfazer que fundamentariam o poder de tributar.
Uma teoria jurídica sobre o fundamento da soberania fiscal tem de
assentar na presunção de que o emprego do produto dos impostos é vantajoso
para a comunidade. Ainda que tal presunção seja ilidível, no plano da
apreciação política.
Mesmo sem tentar fazer reviver as teorias da troca, importará não
esquecer o seu mérito de fundar em termos jurídicos, numa ideia de justo
equilíbrio de interesses, o poder de tributar. Parece indispensável, em tal
matéria, o estabelecimento de uma correspondência entre sacrifícios tributários
e benefícios particulares e gerais, recebidos do Estado. Sem essa

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correspondência, a soberania fiscal, desprovida de fundamento, estaria a ser


exercida ilegitimamente segundo o manual de Direito Fiscal I de Noemi Pereira.

12. Limites da soberania fiscal:

a) Os fins do Estado:

Os poderes fiscais do Estado, mesmo os poderes soberanos, acham-se


limitados, não apenas de facto, mas também de Direito. E a primeira limitação
decorre dos próprios fins do Estado e das vantagens que advêm da sua
prossecução.
O Estado não pode criar impostos para satisfazer fins que não sejam os
seus próprios, nem para fazer face a despesas que não se traduzam em
vantagens para a respectiva comunidade. Sem dúvida que essas vantagens
têm de ser apreciadas à face de critérios políticos. Mas definidos estes, com
eles terá de conformar-se o poder estadual; e terá, consequentemente, de
admitir, à mesma luz, limitações à sua capacidade de exigir impostos.
Quando o Estado visava apenas a manutenção da paz social, e esta era
considerada em termos restritos, como acontecia no século passado, o poder
de tributar também não deveria exceder as exigências indispensáveis à
manutenção das forças armadas, dos serviços de diplomacia, das polícias e
dos órgãos jurisdicionais. Ao alargar a sua esfera de acção ao plano do
fomento económico, mesmo supletivamente, o Estado teve de alargar também
o seu poder de tributar. E, quando os Estados se propõem dirigir toda a vida
das nações e o seu desenvolvimento económico, segundo planos gerais, os
poderes financeiros orientados no sentido da disposição dos patrimónios dos
particulares, quando estes sejam ainda admitidos, têm de ser muito mais
extensos.

b) Os costumes, os tratados e as leis constitucionais:

Os limites da soberania fiscal do Estado dependem, pois, dos seus


próprios fins, e do complexo de princípios e instituições que dominem a vida do

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país considerado. Mas, além destes limites, aos quais deve atribuir-se relevo,
não apenas moral e político, mas também jurídico, os poderes tributários do
Estado acham-se normalmente confinados dentro de fronteiras legais
expressamente definidas.
A lei fundamental do Estado limita, embora transitoriamente, pelo tempo
que a própria Constituição vigorar, os poderes tributários estaduais, que
também são restringidos por costumes internacionais e por tratados, enquanto
o Estado que os celebrou, ou a eles aderiu, os não denunciar.
Também à face da Constituição de 1976, poderá entender-se que o seu
art. 13 veda ao Estado qualquer forma de tributação assente nas
discriminações sociais aí excluídas.
É de referir que quando Portugal aderiu à União Europeia criou um novo
limite à legislação tributária e à soberania do Estado.

c) A territorialidade do imposto:
No plano internacional, a soberania tributária do Estado acha-se
naturalmente limitada, pela coexistência de outras soberanias, às suas
fronteiras territoriais, só dentro delas se exercendo, em princípio, o poder de
tributar. É esse o significado da chamada territorialidade do imposto.
Só excepcionalmente as normas tributárias emanadas de uma ordem
jurídica se projectam para além dos limites territoriais a que essa ordem jurídica
corresponde. O Estado que, salvos casos excepcionais, pretendesse exercer
poderes tributários para além dos seus limites territoriais, não se sujeitaria
apenas a verificar a ineficácia dos seus comandos, por incapacidade para os
impor coercivamente; também estaria a assumir uma conduta ilícita, à face da
ordem internacional, segundo princípios e usos imemorialmente aceites.
Em obediência ao próprio fundamento da soberania fiscal, o Estado só
pode tributar aqueles que, pela posição assumida, de algum modo se
presumem interessados na prossecução dos fins do Estado e nos benefícios,
particulares ou gerais, que o mesmo Estado oferece. Para que a tributação seja
legítima torna-se necessário que quem a suporta tenha estabelecido com a
entidade impositora um vínculo político e económico que justifique o seu
interesse em relação às actividades que essa mesma entidade desenvolve. O
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referido vínculo poderá ter origem na cidadania, no domicílio, na simples


passagem pelo território, na constituição de direitos sobre bens situados no
território do Estado, ou noutras circunstâncias ainda. Mas, em qualquer dos
casos, para que a tributação seja legítima, quem a suporta deverá beneficiar,
ou presumir-se que beneficia, em grau muito variável embora, da actividade
estadual.
Deparam-se-nos algumas excepções relativamente ao princípio da
territorialidade do imposto. E tanto no sentido de um alargamento dos espaços
fiscais, como no sentido de uma restrição dos mesmos. Assim, por exemplo, os
documentos expedidos, ou passados, no estrangeiro só podem ser admitidos
em juízo, ou apresentados a qualquer autoridade portuguesa, desde que tenha
sido pago imposto do selo, nos casos em que este recai sobre documentos
passados em Portugal (vd. Regulamento do Imposto do Selo, art. 271). A
circunstância de o acto que o documento titula, embora praticado no
estrangeiro, ser invocado perante a ordem jurídica portuguesa dá lugar a
tributação.
São mais numerosas as excepções ao princípio da territorialidade do
imposto no sentido da sua restrição, as quais provêm de compromissos
assumidos pelo Estado na ordem internacional, quer pela aceitação de usos e
costumes, quer pela celebração de tratados internacionais, ou pela adesão a
estes. O respeito pelos usos impedirá o Estado de tributar as entidades às
quais o Direito Internacional reconhece personalidade, assim como os agentes
diplomáticos estrangeiros, pelas actividades exercidas nessa qualidade.
Quanto aos tratados internacionais com efeito na esfera da tributação, uns têm
por objecto a protecção de pessoas, bens e actividades, outros a solução de
conflitos suscitados no plano internacional relativamente a matérias tributárias.
Também a Convenção de Estocolmo de 1960, que instituiu a
“Associação Europeia de Comércio Livre” (E.F.T.A.) e foi assinada por
Portugal, estabeleceu para os Estados signatários e aderentes diversas
limitações no campo fiscal, quanto à redução progressiva de impostos
aduaneiros sobre a importação (art. 3º), quanto à incidência de quaisquer
impostos sobre as mercadorias importadas (art. 6º), quanto à aplicação do

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regime aduaneiro de “draubaque” (art. 7º), quanto à proibição de impostos


sobre as exportações (art. 8º).
O ingresso de Portugal na “Comunidade Económica Europeia”, ou
“Mercado Comum Europeu” – hoje, União Europeia ou Comunidade Europeia -,
determinou também outras, e mais acentuadas, limitações do poder de tributar,
em obediência ao Tratado de Roma, de 1957, que instituiu aquela
“Comunidade”, designadamente por força dos arts. 2º, 3º, 12 a 28 e 95 e
seguintes desse Tratado.

d) Os conflitos internacionais de tributação:

Nas últimas dezenas de anos foram celebradas muitas convenções


internacionais que visam os conflitos de tributação suscitados, ou que possam
suscitar-se, no plano internacional. Esses conflitos resultam da adopção pelas
várias ordens jurídicas de critérios diferentes na definição dos pressupostos
tributários. Quando uma situação se acha ligada, pela diversidade dos seus
elementos, a mais de uma ordem jurídica, essa disparidade na definição de
pressupostos tributários pode determinar ou que mais de um Estado tribute tal
situação ou que nenhum a tribute, quando, normalmente, sem essa
bilateralidade de conexões, ela seria tributada. No primeiro caso, o conflito é
positivo, dele resultando uma duplicação de impostos; no segundo caso, o
conflito é negativo, e dá lugar a uma evasão fiscal, nalguns casos provocada
por Estados que, com o fim de atraírem pessoas ou capitais aos seus
territórios, procuram, através das suas legislações, criar os designados
“paraísos fiscais”.
Mas os conflitos positivos verificam-se mais frequentemente; e oferecem
inconvenientes sérios, do ponto de vista da manutenção e do desenvolvimento
das relações económicas internacionais. Portanto, para não correrem o risco
de serem tributados por dois ou mais Estados, na base de uma mesma e só
situação, muitos contribuintes evitam estabelecer actividades conexas com
mais de uma ordem jurídica. Com efeito, é fácil avaliar quanto poderá ser
gravoso para uma sociedade comercial ser tributada pelo Estado em cujo
território tem a sua sede, por todos os rendimentos obtidos, e ser tributada, por
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esses mesmos rendimentos, nos diversos Estados onde não tenha sede, mas
exerça actividades. Ou para qualquer indivíduo que resida em país diverso
daquele onde os seus rendimentos são produzidos, ser tributado por um
Estado, em razão de aí receber os seus rendimentos, e noutro Estado, por
motivo de nele terem origem esses mesmos rendimentos.
A questão suscitou também o maior interesse à O.C.D.E., cujo “Comité”
Fiscal elaborou, em 1963, um modelo-tipo de convénios tendentes a evitar as
duplas tributações dos rendimentos e dos patrimónios, no plano internacional,
que já foi revisto em 1977. Também a Organização das Nações Unidas
cometeu o estudo destes problemas a um grupo de trabalho que, em 1974,
publicou um relatório sobre as questões de dupla tributação.

13. Expressão de Soberania Fiscal:

a) A natureza dos órgãos da soberania fiscal:

Não sendo o Estado uma pessoa física, tem de servir-se de órgãos no


exercício dos seus poderes tributários, como, aliás, de outros. Mas poderão
suscitar-se dúvidas quanto à natureza desses órgãos.
As origens das instituições fiscais e a feição própria que lhes é
característica parecem exigir que os órgãos da soberania fiscal sejam
representativos do sentido da comunidade política e ofereçam garantias de
justiça e de objectividade na definição do equilíbrio indispensável entre as
necessidades públicas e os direitos patrimoniais dos particulares. Deste
princípio se tem extraído a conclusão de que os órgãos da soberania fiscal
hão-de ser colegiais e constituídos por membros designados através de um
sufrágio directo e universal. Os órgãos da soberania fiscal hão-de ser
representativos do sentido da comunidade, nos termos em que, segundo as
ideias políticas dominantes, naturalmente reflectidas nos textos constitucionais,
esse sentido deva manifestar-se.
À face dos regimes constitucionais vigentes, tanto nos países ditos
capitalistas como nos ditos socialistas, são geralmente as assembleias políticas
representativas das comunidades que, ao menos formalmente, manifestam a

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vontade soberana do Estado em matéria tributária. Tanto pela votação dos


impostos, ou, ao menos, das normas gerais a que estes hão-de subordinar-se,
como pelas autorizações concedidas aos governos para a cobrança das
receitas fiscais.

b) Os regimes constitucionais quanto aos órgãos da soberania


fiscal:

O Estado actua através de órgãos de soberania fiscal. Estes órgãos são


colegiais e constituídos por membros eleitos por sufrágio directo e universal.
Estes órgãos devem ser independentes na apreciação dos sacrifícios
patrimoniais a exigir à nação e na própria repartição da carga tributária pelas
diferentes regiões que compõem o Estado.
Durante alguns séculos, os poderes tributários foram repartidos entre os
monarcas e as assembleias políticas. Só com a Revolução Francesa de 1789 é
que a ideia de “Parlamento” ou “Assembleia” foi instituída.
Em Portugal, foi a Constituição de 1822 que deslocou os poderes
tributários soberanos dos monarcas para as Cortes (que na altura eram
constituídas por membros eleitos pelos cidadãos). Na Constituição de 1976 há
um afrouxamento da protecção dos particulares em matéria tributária. Isto,
porque as normas tributárias da sua Constituição da Republica não se
encontram no capítulo dos direitos, liberdades e garantias, mas no capítulo da
organização política.
Quanto à questão de saber quais são, afinal de contas, os órgãos de
soberania fiscal eles são todos de onde emana a lei (art. 103 e 104 CRP), pelo
que cabe à A.R. fazer as leis sobre todas as matérias, com excepção das
atribuídas ao governo (art. 161 e 198/2 CRP). Portanto, na nossa ordem
jurídica, a AR é o órgão máximo de soberania fiscal. Cabe-lhe criar impostos e
a sua incidência, bem como assegurar as garantias (graciosas, contenciosas e
judiciais) dos contribuintes e os benefícios fiscais. O Governo pode legislar em
todas as áreas que não sejam reservadas à AR. Pode ainda legislar sobre as
matérias da competência da AR, desde que esta aprove uma lei de autorização
legislativa ao Governo (leiquadro de autorização).
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Capitulo IV- O OBJECTO

14. Objecto do imposto

Pressupostos objectivos da tributação:

a) Os pressupostos objectivos e o objecto da relação jurídica de


imposto:

Os pressupostos tributários são uns subjectivos e outros objectivos. Ou


se considerar um único pressuposto tributário (Hensel), no sentido de facto
constitutivo, facto gerador, haverá sempre nele uma zona subjectiva,
correspondente a aspectos pessoais, e uma zona objectiva, corresponde a
aspectos reais do plano de incidência fiscal segundo Noemi Pereira em Direito
Fiscal I.
Pressuposto objectivo genérico, sem a verificação do qual nenhum
vínculo jurídico – tributário se constitui, é a matéria coletável. Não havendo
riqueza, bens materiais, bens económicos, assim como uma entidade á qual se
atribua a usufruição dessa riqueza, não há também imposto. No entanto, é de
notar que essa riqueza pode ser presumida pelas leis fiscais, o que acontece
frequentemente.
A constituição do vínculo tributário nem sempre depende e uma
produção, ou de uma circulação real de riqueza; pode depender de factos que
a lei tenha definido como índices de tal produção ou dessa circulação, as quais
se presumem. E embora as ultimas normas tributárias portuguesas tenham
afirmado o princípio da tributação dos rendimentos reais, principio recebido a
nível constitucional quanto à tributação das empresas, os impostos continuam

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a incidir, em larga medida, sobre presunções, o que, por vezes, determina


injustiças menores do que tributar, como se fossem reais, rendimentos cujo
realidade não pode ser apreendida, por deficiência de contabilização e outras
razões ainda. Mas este é problema de suma importância no plano da política
financeira, que aqui não encontra o assento mais adequado.
Presumida ou real, constitui a matéria coletável, ou tributável,
pressuposto necessário de qualquer imposto. Por isso é qualificado como
genérico.
A matéria colectável, para além da característica essencial de ter
natureza económica, oferece aspectos muito diversos, de imposto para
imposto. Assim, na contribuição autárquica, é constituída pelo valor dos
prédios, estabelecido na base de avaliações matriciais. No IRS, a matéria
colectável é constituída por rendimentos globais do trabalho, do comércio, da
indústria, da agricultura, de capitais, de prédios, de pensões, do jogo, e ainda
por mais-valias, as quais, em plano diverso do fiscal, dificilmente serão
qualificáveis como rendimentos. Na SISA, à matéria colectável correspondem
bens imóveis transmitidos a título oneroso; no imposto sucessório, bens
transmitidos a título gratuito; no imposto do selo, variadíssimos actos quanto
aos quais se presume a produção de um benefício económico; nos impostos
aduaneiros, a posse de mercadorias que transpuseram, ou se pretende
transponham, uma fronteira, com as consequentes vantagens económicas
também presumidas; no IVA, as valorizações económicas sucessivas dos
bens, através dos respectivos processos de produção e de aperfeiçoamento.
Esta variedade que a matéria colectável oferece dá lugar também a
novos pressupostos tributários objectivos, mas estes específicos,
característicos de cada imposto.
A matéria colectável, através das suas várias formas, é muitas vezes
designada por objecto do imposto. E esta designação, já adoptada por
Myrbach-Rheinfeld, parece correcta. Trata-se das coisas sobre as quais o
imposto incide. Mas não deve confundir-se este objecto do imposto com o
objecto da relação jurídica de imposto. Aquele é logicamente anterior à
constituição do vínculo tributário. E mesmo que em relação a um certo imposto
não se constituísse qualquer vínculo jurídico-tributário, por não se terem
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verificado os respectivos pressupostos, o objecto do imposto manter-se-ia no


plano da previsão e da estatuição legais. Não assim com o objecto da relação
jurídica de imposto que, nela integrado como seu elemento, com ela nasce e
com ela se extingue.

b) As isenções objectivas:

A propósito do pressuposto tributário subjectivo e genérico - a


personalidade - foram referidas as isenções subjectivas, como pressuposto
negativo da tributação.
Para além dos fins de protecção de actividades, de cumprimento de
regras internacionais, de protecção de grupos sociais, fins que umas vezes são
visados através de isenções subjectivas e outras através de isenções
objectivas, o Estado soberano muitas vezes concede estas por reconhecer a
inexistência de matéria colectável, como no caso dos terrenos estéreis, ou a
sua exiguidade. Outras vezes, concede-as para incentivar actividades. É o
caso das isenções de prédios destinados a habitação, das maisvalias de
acções, dos juros de depósitos a prazo em moeda estrangeira, etc.
Acontece, por vezes, tornar-se difícil qualificar uma isenção como
subjectiva ou objectiva, quando ela é concedida a determinadas pessoas que
exploram certas actividades. O critério de destrinça deverá assentar nas razões
pelas quais a isenção foi estabelecida.
Também as isenções objectivas podem ser temporárias ou absolutas,
automáticas ou não automáticas. Será mais difícil deparar com isenções
objectivas de carácter individual; mas é possível admitir que o legislador fiscal
estabeleça isenções em relação a uma coisa certa e determinada, como, p.ex.,
um imóvel de interesse artístico, ou histórico, uma actividade produtiva, com
independência de qual seja a pessoa que o possuir, ou que a explore.
É de notar que muitas das considerações expostas quanto às isenções,
quer subjectivas quer objectivas, são aplicáveis aos chamados benefícios
fiscais que não consistam em isenções, como acontece com as reduções de

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taxas de imposto e de matéria colectável. Nos outros casos, os benefícios


fiscais têm a natureza de isenções, embora parciais ou temporárias.

15. Objecto imediato e mediato da relação jurídica de imposto:

Tal como na teoria geral da relação jurídica, também aqui cumprira


distinguir o objecto imediato da relação de imposto do seu objecto mediato.
Aquele constituído pelo próprio conteúdo do vínculo, pelos direitos e deveres
que nele se integram; este correspondendo à prestação.
O objecto imediato da relação de imposto, também designado por
conteúdo, é, pois, constituído pelos direitos e deveres nessa relação incluídos.
E como cada direito de um dos sujeitos encontra contrapartida num dever do
outro, bastara indicar os direitos e os deveres correspondentes ao sujeito
activo, ou ao sujeito passivo, para se fixar o conteúdo da relação de imposto.
Indicar-se-ão, assim, os deveres e os direitos do sujeito passivo, do
contribuinte.
O dever fundamental do sujeito tributário passivo é o de realizar a
prestação de imposto, que corresponde ao objecto mediato da relação. Mas,
além deste, deparamos com deveres acessórios que, quando impendem sobre
a pessoa à qual é também exigível a prestação de imposto, parece preferível
incluir na relação jurídico-tributária, à semelhança com o que acontece quanto
a outros deveres acessórios incluídos em obrigações diversas das tributárias.
Alguns desses deveres acessórios são estabelecidos a fim de permitir ou
facilitar o lançamento e a liquidação dos impostos (ex.: o dever de prestar
declarações); outros têm em vista prevenir e reprimir fraudes fiscais (ex. o
dever de suportar exames à escrita comercial e outras fiscalizações).
Quanto aos direitos do contribuinte, afirmando-se correntemente que a
relação jurídica de imposto é unilateral, respeitando essa unilateralidade para

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uns autores apenas à origem mas para outros também ao conteúdo, poderá
parecer duvidoso que naquela relação se incluam direitos do sujeito passivo.
Como exemplos desses direitos refere Tesouro a restituição de tributos
indevidos. o direito às isenções e o direito de recurso. A qualificação poderá
suscitar objecções. Se determinada pessoa tem direito a uma restituição de um
tributo indevido será porque, afinal, não era sujeito passivo da relação de
imposto em causa. Se beneficia de uma isenção é porque também não é
contribuinte.
Se recorre de qualquer acto da Administração fiscal, o direito respectivo é de
carácter geral, decorrendo do princípio comum de petição e recurso. No
entanto, se se tratar não da restituição de um tributo indevido, mas sim da
restituição de uma colecta mal lançada, ou mal liquidada, á poderá admitir-se
que seja o contribuinte, o sujeito passivo, como tal, que tem direito a essa
restituição. Também poderá entender-se que a isenção, ao menos quando
parcial, não exclui a qualidade de contribuinte de quem dela beneficia. Aliás,
aos direitos do sujeito passivo indicados por Tesoro poderá acrescentar-se o
de ser informado pela Administração fiscal sobre a sua própria situação
tributária.
Se a todo o cidadão cabe o direito de ser esclarecido pelo governo e
outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos e o de tomar
conhecimento e exigir a rectificação e a actualização dos dados que a seu
respeito constarem de registos informáticos, por maioria de razão tem de
reconhecer-se ao contribuinte o direito de ser informado sobre elementos de
que depende a defesa do seu património. Aliás, tal direito achava-se
expressamente reconhecido, desde 1963, pelos preceitos do art. 14 do Código
de Processo das Contribuições e Impostos (Portugal). E o actual CPT
enumera, como direitos dos contribuintes, os direitos à informação, à
fundamentação dos actos tributários, à notificação dos mesmos actos, os
direitos de reclamar, de impugnar, de opor, de ser ouvido, de haver juros
indemnizatórios e de lhes serem reduzidas as coimas, em certas
circunstâncias. O Estatuto dos Benefícios Fiscais refere-se ao direito a esses
benefícios. Existe um direito ao reembolso. Mas, sem que ofereça dúvidas o
interesse pragmático de tais declarações de direitos dos contribuintes,
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sobretudo nos quadros de ordenamentos jurídicos que pretendem assentar a


realização da justiça no respeito de direitos subjectivos, e com as reservas
suscitadas por todas as declarações de direitos, pôr-se-á em dúvida - isso sim -
que os referidos direitos, ou todos, ou a maioria deles, caibam na esfera do
objecto da relação de imposto.
O objecto mediato da relação de imposto é uma conduta, uma
prestação, positiva, ‘’de dare’’, "de facere", ou negativa, de ‘’non facere".
Entende a generalidade da doutrina que a prestação tributaria principal é
sempre "de dare", só se apresentando como "de facere" ou de ‘'non facere" as
prestações acessórias.
Poderia pôr-se o problema de saber se não haverá prestações tributárias
principais "de facere", dando-se como exemplo a prestação de imposto do selo,
quando consiste na inutilização de uma estampilha fiscal.
Poderá assentar-se em que as prestações tributárias principais são "de
dare".
Mas, em relação às prestações acessórias, já se admitirá, sem reservas,
que possam ser "de facere" as prestações de declarações, de apresentação de
documentos, de estabelecimento de vedações em torno de estabelecimentos
fabris, de produção de sinais, por motivo da aproximação de navios de
instalações aduaneiras, etc. São "de non facere" as prestações
correspondentes aos deveres tributários que impõem a sujeição a exames,
avaliações e fiscalizações. Nestes casos, o obrigado cumpre abstendo-se de
tentar impedir ou dificultar as respectivas operações realizadas pelo sujeito
activo através dos seus agentes.

16. A prestação – suas espécies:

A prestação tributária pode ser divisível ou não divisível, consoante o


legislador permite ou não que ela se pague por fracções, também designadas
por prestações para Noemi Pereira.
Algumas vezes a prestação tributária é fixa; e, por isso, conhecida
antecipadamente, com anterioridade a qualquer operação de lançamento.

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Os impostos portugueses, na generalidade, porém, são de prestação


variável, dependente do montante da matéria colectável e da taxa tributária que
lhes seja aplicável.
As prestações tributárias acessórias, quer "de facere" quer "de non
facere", geralmente não são fungíveis, pois pressupõem uma conduta pessoal
do contribuinte. Põe-se o problema de saber, porém, se as prestações
tributárias "de dare" serão necessariamente fungíveis. Num plano prático
poderá entender-se que sim. Mesmo que se discuta se as prestações
tributárias principais são ou não necessariamente pecuniárias, em cujo caso a
fungibilidade será indiscutível, é difícil de admitir o pagamento de impostos em
bens não fungíveis, até na hipótese de esse pagamento se fazer em géneros.
Ainda quando se admite a dação em cumprimento de bens em si mesmos não
fungíveis (obras de arte, títulos de crédito), esses bens são recebidos pelo
Fisco em razão do valor de troca que lhes é atribuído. No plano teórico, no
entanto, é admissível considerar o pagamento de impostos através da
prestação de serviços, não fungíveis; embora essa admissibilidade possa
suscitar dificuldades de ordem vária.
Distinguem-se, frequentemente, a prestação tributária principal,
resultante da aplicação da taxa básica do imposto, os adicionais e os
adicionamentos. Mas importará observar que a prestação global, resultante da
aplicação da taxa básica, dos adicionais e dos adicionamentos, é, em regra,
incindível.

Capítulo V – FORMAS DE EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURIDICA DO


IMPOSTO:

17. Cumprimento:
a) Lugar do pagamento (cumprimento):

Em regra, qualquer imposto é pago junto da Tesouraria da fazenda


Pública correspondente à Repartição de Finanças que lançou e liquidou o
imposto. Pode-se ainda pagar o imposto junto das alfândegas, ou ainda junto
dos serviços do IVA em caso de Portugal.
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Há ainda outros casos em que o lugar do pagamento do imposto é


indiferenciado, como no caso do imposto de selo, que pode ser adquirido num
quiosque que venda valores selados.

b) Prazo do pagamento:

No caso dos impostos directos, a modalidade normal designa-se


“cobrança à boca do cofre” (designação histórica). Nesta fase, o pagamento é
efectuado dentro do prazo normal (do cumprimento voluntário), sem que lhe
sejam acrescidos juros de mora ou compensatórios.
Não sendo pago dentro desse prazo normal, de cumprimento voluntário,
surge a fase da cobrança voluntária (na expressão do Dr. Soares Martinez
(2003)), ou com juros de mora. Ou seja, o pagamento já é efectuado com juros
de mora.
Por fim, vem a fase da cobrança coerciva, que é feita depois de se ter iniciado
a execução fiscal, tendo já sido extraída a certidão de dívida de imposto (ou
relaxe).
Quanto aos impostos indirectos, p.ex. o IVA, são pagos no momento
da compra do bem.

18. Dação em cumprimento:

A dação em cumprimento, dação em pagamento, ou "datio in solutum",


que, tal como o próprio cumprimento extingue imediatamente a obrigação,
distinguindo-se, assim, da "datio pro solvendo", ou "dação em função de
pagamento", é admitida, por vezes, no Direito Fiscal português.
Um dos casos acha-se contemplado no art. 129-A do CSISA e do
Imposto sobre as Sucessões e Doações. Nos termos desse artigo, pode o
Ministro das Finanças autorizar a entrega ao Estado de bens de uma herança,
pelos valores que serviram de base à liquidação do imposto sucessório, em
substituição do cumprimento da respectiva dívida.
Não deverão ser entendidas como casos de dação em cumprimento as
formas de pagamento por cheque, por vale de correio, ou por transferência de
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conta. Pela liquidez imediata que aquelas formas envolvem, elas não
correspondem à figura da dação em cumprimento, a qual, para mais, implica a
prestação ao credor de uma coisa diversa da inicialmente prevista e estipulada.
Ora, tratando-se de cumprimento por cheque, por vale de correio, ou por
transferência de conta, não há substituição de uma prestação prevista, e
estipulada, por outra, que o não estava quando a obrigação se constituiu.
Desde que a lei admitiu o cumprimento de obrigações fiscais por cheque, por
vale de correio e por transferência de conta que tais formas de cumprimento se
acham previstas e estipuladas.
Acresce que a dação em cumprimento só é admissível na base do
assentimento do credor e o Estado-credor do imposto não tem que assentir no
pagamento deste por cheque, por vale de correio ou por transferência de
conta- Direito Fiscal I, de autoria de Noemi Pereira.

19. Prescrição:

Para Noemi Pereira, como qualquer outra obrigação também a relação


jurídica de imposto se extingue quando o cumprimento respectivo não é
realizado num certo período de tempo. Importa determinar qual seja o
momento em que esse período se inicia e qual a sua duração.
No Direito Privado tem-se entendido que o instituto da prescrição
extintiva encontraria o seu fundamento na negligência, no desinteresse, do
credor, que seriam interpretados como renúncia tácita ao seu direito. E como
geralmente se afirma que os créditos tributários são irrenunciáveis, poderia
também julgar-se que as obrigações tributárias não fossem prescritíveis. Mas o
instituto da prescrição encontra também fundamento na certeza e na
estabilidade das relações sociais, que não se compadecem com a cobrança de
impostos cujos pressupostos, ou cujo vencimento, se situem em épocas muito
remotas. Assim, sempre se tem admitido a prescrição em Direito Fiscal.
A prescrição tributária interrompe-se em virtude de reclamação,
impugnação judicial, recurso ou execução fiscal. Mas a interrupção cessa "se o
processo estiver parado por facto não imputável ao contribuinte, durante mais
de um ano, somando-se, neste caso, o tempo que decorrer após este período
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com o que tiver decorrido até à data da autuação". Assim, em tal hipótese, os
factos que normalmente interrompem a prescrição limitar-se-ão a suspende-la.
Nos termos do Código de Processo Tributário, "a prescrição será
conhecida oficiosamente pelo juiz se o chefe da repartição de finanças não o
tiver feito". Quer dizer, a Administração fiscal deve conhecer, oficiosamente, da
prescrição, sem dependência de ela ser invocada pelo contribuinte, antes de
instaurar o procedimento executivo respectivo. E, não o tendo feito, dela deverá
conhecer o juiz, também "ex officio". A actual solução legal é preferível à do
Código de Processo das contribuições e Impostos, que fazia depender o
conhecimento oficioso, da parte do juiz, das circunstâncias de o executado não
ter sido citado pessoalmente e não intervir no processo.
Com a prescrição das obrigações de imposto não deverá confundir-se a
preclusão, ou caducidade, do poder de liquidar os impostos (CPT, art. 33).
Dessa preclusão, ou caducidade, se tratará adiante, a propósito do acto
tributário de liquidação.

20. Compensação:

As obrigações fiscais seguem também a forma de extinção das


obrigações civis.
No Direito Fiscal, autores como Cardoso da Costa, Brás Teixeira e
Sousa Franco defendem que há compensação e extinção da dívida fiscal
quando o sujeito passivo possui contra o Estado determinado crédito derivada
de outra dívida de imposto e com a qual pode solver total ou parcialmente a
sua dívida, p.ex., de IRS.
Estamos perante uma situação de compensação quando há anulação
total ou parcial da dívida fiscal, realizada oficiosa ou judicialmente, e quando ao
sujeito passivo é passado um título de anulação do seu crédito face ao Estado,
com o qual pode extinguir as suas dívidas face ao Estado.
Diferentemente, o Dr. Soares Martinez entende que extinguindo-se a
dívida ao Estado com a entrega do título de anulação, não pode falar-se em
compensação.

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Posteriormente a esta posição do Dr. Soares Martinez foi publicado o


DL nº 20/97, de 21/1. Este DL veio aditar ao CPT os arts. 110-A e 110-B,
artigos em que o próprio legislador vem admitir a compensação de dívidas de
imposto, quer por iniciativa do particular, quer por iniciativa da Administração
Fiscal.

21. Confusão:

Cardoso da Costa, Brás Teixeira e Sousa Franco defendem esta


forma de extinção da obrigação fiscal. O Dr. Soares Martinez não admite esta
possibilidade.
O caso mais comum de confusão poderá ser o da situação da ordem de
sucessão legítima. O Estado também pode ser herdeiro. Assim, a situação de
confusão surge quando o Estado, tendo uma dívida contra o contribuinte, se
torna único herdeiro do contribuinte, quando este falece. A dívida extingue-se,
porque, no momento em que existe a obrigação fiscal, coincide na mesma
pessoa a personalidade activa e a personalidade passiva.

22. Outras formas de extinção – sua admissibilidade:

A generalidade dos autores não admite no Direito Fiscal três formas de


extinção de obrigações admitidas no Direito Civil:

 Insolvência;
 Extinção;
 Consignação em depósito.

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Capítulo V:

23. Garantia Geral:

O cumprimento de qualquer obrigação acha-se assegurado pela


faculdade conferida ao credor de obter coercivamente do devedor a respectiva
prestação. A acção creditória sobre o património do devedor constitui, como se
sabe, a garantia comum das obrigações (arts. 601 e 817 CC). Também o
património do sujeito tributário passivo constitui a garantia geral das obrigações
fiscais. Mas estas beneficiam de um regime particularmente favorável quanto à
acção creditória sobre o património do devedor, que corresponde a execução
fiscal.
Em regra, a realização coerciva do interesse do credor é precedida de
uma acção declarativa, na qual se reconheça o crédito, embora esse
reconhecimento prévio não seja, muitas vezes, necessário, como no caso da
acção de letra, ao mesmo tempo declarativa e executiva. Mas o Estado, como,
aliás, outras entidades, beneficia de um processo executivo próprio para a
realização dos seus interesses de credor, quer se trate de créditos tributários,
quer de outra qualquer natureza (art. 233 CPT), pelo que deste processo das
execuções fiscais se não podem extrair conclusões quanto à natureza da
obrigação tributária e até quanto à natureza do Direito Fiscal. Precisamente por
se tratar de um processo comum a créditos de natureza muito diversa.

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No processo das execuções fiscais, estruturado para tornar mais rápida


e segura a cobrança coerciva dos créditos do Estado, insere-se uma acção
declarativa, posto que nele se pode ter de apreciar a existência da dívida,
através da oposição ou dos embargos (arts. 286 e 319 CPT). Mas a execução
fiscal pressupõe que, normalmente, aquela existência já foi apurada através de
um processo conducente ao acto tributário (arts. 249 e 250 CPT). E, por isso, o
processo das execuções fiscais mostra-se adequado à cobrança coerciva das
dívidas de imposto quanto às quais tal apuramento tem geralmente lugar. E
não à cobrança coerciva de outras dividas do Estado, cujo reconhecimento a
nível minimamente responsável pode não se ter verificado.

24. Garantias Pessoais:

Além da garantia geral temos também garantias especiais, que se


destinam a reforçar a 1ª. As garantias especiais podem ser de duas espécies:
pessoais ou reais. Se estamos perante a afectação de mais de um património à
dívida fiscal estamos perante garantias pessoais. Se temos a afectação de
apenas um ou determinados patrimónios estamos perante garantias reais.

Quanto às garantias pessoais temos duas: a fiança legal (ou


responsabilidade) e a fiança voluntária (ex.: art. 136 CSISA Português).
A fiança legal ou responsabilidade verifica-se sempre que as normas
fiscais determinam que certas pessoas, alheias à constituição do vínculo
jurídico, mas com especial conexão ao mesmo, podem ser chamadas à
execução fiscal (ex.: gerentes ou administradores).
Tal como no regime da solidariedade, temos que mais do que um
património vai responder pelo integral cumprimento da obrigação tributária,
mas enquanto o devedor solidário responde pela totalidade da prestação, já o
responsável só é chamado à execução depois de excutido o património do
devedor originário. Quando o responsável é chamado à execução, tem, depois,
direito de regresso contra o devedor originário.

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A natureza jurídica desta responsabilidade, segundo Brás Teixeira, é a


de fiança legal e é a situação em que alguém, por força de lei, vai garantir o
cumprimento de dívida alheia, ficando obrigado perante o credor.
Como exemplo típico de fiança voluntária temos o art. 136 CSISA e sobre
sucessões e doações.

44. Garantias Reais:

1. A nossa lei fiscal admite três espécies de garantias reais: privilégios


creditórios (art. 733 CC), hipoteca (art. 705, al. a)) e prestação de caução (arts.
255, 282 e 294 CPT). Além destes, temos também que apontar como garantias
reais os juros de mora e compensatórios.

a) Privilégios creditórios:

O privilégio creditório é a faculdade que a lei concede a certos


devedores de serem pagos preferentemente a outros, independentemente do
registo dos seus créditos.
Os privilégios creditórios podem ser mobiliários ou imobiliários, consoante
recaiam sobre bens móveis ou imóveis.
 Os privilégios creditórios mobiliários podem ser gerais (se abrangem
todos os bens móveis dopatrimónio do devedor) ou especiais (se
recaem apenas sobre certos móveis).
 Os privilégios creditórios imobiliários são sempre especiais, pelo que
incidem sempre sobredeterminado imóvel.
O regime dos privilégios foi bastante alterado pelo CC de 1966. O actual CC
seguiu de perto o Código Civil italiano de 1942 e veio simplificar o regime
jurídico dos privilégios creditórios, mas fê-lo de tal forma que estabeleceu um
regime que suscita dúvidas e dificuldades de interpretação.
A lei actual (CC) admite os seguintes privilégios creditórios:

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 Privilégio mobiliário geral a favor do Estado e autarquias locais para


garantia dos créditos decorrentes de impostos indirectos e de impostos
directos, estes desde que inscritos para cobrança no ano corrente, na
data da penhora, ou acto equivalente, e nos dois anos anteriores. Este
privilégio não compreende o imposto municipal de SISA, o imposto
sobre sucessões e doações e os impostos que gozem de privilégios
creditórios especiais
 Privilégio especial, que pode ser mobiliário ou imobiliário, consoante a
natureza dos bens transmitidos para garantia dos créditos resultantes do
imposto sobre sucessões e doações.
 Privilégio imobiliário sobre bens transmitidos para garantia de créditos
resultantes do imposto municipal de SISA, ou de bens sujeitos a
contribuição autárquica, nestes últimos só os referentes aos créditos
inscritos para cobrança no ano corrente, na data da penhora, ou acto
equivalente, e nos 2 anos anteriores.
O Código Civil de 1966 extinguiu todos os privilégios e hipotecas legais
destinados à garantia de débitos tributários conferidos por legislação especial,
ou seja, todos os privilégios creditórios e hipotecas que não sejam concedidos
pelo actual CC foram abolidos, pelo que actualmente as garantias reais
reconhecidas pela lei fiscal se limitam às acabadas de enunciar.
b) Hipoteca:

O Código Civil mantém a hipoteca legal (como garantia real), relativamente


aos créditos de contribuição autárquica.

c) Prestação de caução:

A lei fiscal admite a possibilidade do cumprimento de um imposto ser


assegurado através da prestação de caução, ou seja, por uma garantia real de
natureza voluntária.
Esta caução surge em determinadas situações. Quando o contribuinte
pretende exercer determinados direitos sem proceder ao pagamento prévio do

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imposto que em princípio seria exigível (ex.: quando o contribuinte apresenta


uma petição ou um recurso contencioso).
A prestação de caução decorre da iniciativa do contribuinte e é um meio de
garantir eficácia suspensiva ao pagamento do imposto.

d) Juros de mora e compensatórios como garantias tributárias:

Poderá discutir-se se o vencimento de juros de mora não constituirá uma


forma de garantia tributária. Tanto pelo efeito disuasor sobre o contribuinte
remisso (= pouco diligente) para que pague a prestação tributária ainda na fase
de cobrança voluntária, ou já na fase de cobrança coerciva, como, sobretudo,
pelo efeito que os juros de mora possam ter no espírito de outros contribuintes,
os quais, por receio de ficarem sujeitos ao pagamento daqueles juros, cuidarão
de cumprir pontualmente as suas obrigações tributárias. Tudo dependerá da
natureza atribuída a esses juros de mora, que já foi considerada como a de
uma "taxa compulsiva", destinada precisamente a impelir o contribuinte ao
cumprimento das suas dívidas fiscais.
É de notar, com efeito, que, quando o nível das suas taxas é muito elevado,
os juros de mora não parece terem a função compensatória dos juros no Direito
Privado, mas sim uma função compulsória, por excederem largamente os
rendimentos normais das importâncias em dívida.
Se o imposto não for pago dentro do prazo legalmente estabelecido,
começam a vencer-se juros de mora.
Os juros de mora só serão devidos quando o cumprimento não tenha sido
pontual. Mas poderá não haver mora do contribuinte e, no entanto, o
pagamento ser retardado por se ter procedido tardiamente às operações de
lançamento e liquidação. Se esse atraso não for imputável ao contribuinte, este
só terá que realizar a prestação tributária, não acrescida de quaisquer juros.
Mas se tal atraso lhe for atribuível, à prestação acrescerão juros
compensatórios, sem prejuízo das multas e outras penas porventura aplicáveis.
Também as multas fiscais e outros meios compulsórios poderão, em termos
paralelos, constituir garantias de cumprimento da obrigação tributária.

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2. O Dr. Brás Teixeira apresenta uma crítica ao regime actual:

Da análise dos privilégios creditórios resulta que o nosso legislador adoptou


uma dualidade de regimes. Enquanto que os privilégios creditórios de que
gozam os impostos indirectos (SISA e imposto sobre sucessões e doações)
não têm qualquer limitação temporal. Diferentemente, os respeitantes aos
créditos por contribuição autárquica e restantes impostos directos apenas
aproveitam aos impostos inscritos para cobrança no ano da penhora ou acto
equivalente, ou nos dois anos anteriores.
O critério distintivo entre impostos directos e impostos indirectos utilizado
pelo Código Civil não coincide com o critério vigente na lei actual, parecendo
no fundo que o Código Civil faz corresponder essa distinção àquela que separa
impostos periódicos e impostos de obrigação única, considerando elemento
essencial dos primeiros aquilo que se chama inscrição para cobrança.
Parte II – As relações tributárias formais:

Capítulo VII – O ACTO TRIBUTÁRIO – SUA FROMAÇÃO:

26. O acto tributário – conceito, natureza e efeitos:

A relação jurídica de imposto a que a verificação da previsão legal dá


origem é uma relação de sujeito indeterminado e ilíquida, pelo que se impõe
uma actividade destinada a determinar em concreto quem é o sujeito passivo,
qual o valor dos bens sobre que incide o imposto, qual o montante da
prestação e qual o débito tributário para Noemi Pereira.
Esta actividade de concretização dos pressupostos do pagamento do
imposto, que normalmente é desenvolvida pela AP fiscal, por uma sequência
de formalidades, visa a aplicação a um caso concreto de uma norma tributária
e vai culminar na prática de um a.a. final, o acto tributário.
A Doutrina distingue nesta actividade processual duas operações: a de
lançamento e a de liquidação. A 1ª corresponde à determinação em concreto
do sujeito passivo da obrigação fiscal e da matéria colectável. A 2ª consiste na

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aplicação à matéria colectável, apurada no lançamento, da taxa do imposto em


causa, com vista ao apuramento final da colecta.
Estas duas operações constituem o processo tributário gracioso de
formação do acto tributário
(a.a. final que fixa o débito tributário que o contribuinte terá que pagar como
resultado da aplicação da lei fiscal).
O estudo do processo tributário gracioso corresponde à análise do
conjunto das operações realizadas pela AP fiscal para, pela aplicação da lei
fiscal ao caso concreto, determinar a dívida de imposto que certo contribuinte
tem que pagar.
Por vezes, não é o contribuinte a pagar o imposto, mas a entidade
patronal. Logo, o acto tributário é efectuado pela empresa – substituição fiscal.
Também no caso dos impostos indirectos a liquidação cabe aos
contribuintes (ex.: IVA).
À Administração fiscal cabe controlar o lançamento e a liquidação do imposto,
ou seja, exercer fiscalização obre essas operações. No âmbito do controlo da
legalidade que a AP fiscal faz após o procedimento do contribuinte vai
homologar o acto, desde que o contribuinte tenha apurado bem a colecta.
Enquanto não há homologação do acto, pelo menos tácita, a liquidação
é apenas provisória, só se tornando definitiva após a homologação. A
homologação pode surgir, pois, tacitamente. Tal sucede ao fim de 5 anos,
prazo em que caduca o direito de liquidação adicional da AP fiscal.

27. A formação do acto tributário – o processo tributário gracioso:

a) Princípios:

O processo tributário gracioso está submetida a determinados princípios.


Desde logo está submetido ao princípio da legalidade. Toda a
actividade da Administração Publica está sujeita à lei e nunca está sujeita a
qualquer critério de oportunidade, a considerações de oportunidade e
conveniência.

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Um segundo princípio é o princípio do inquisitório, que decorre


directamente do princípio da legalidade. Segundo este princípio fica excluído
da disponibilidade das partes todo o material probatório, material este que deve
ser carreado para a Administração Publica fiscal, para que esta o analise, de
modo a dar cumprimento às obrigações tributárias principais e acessórias dos
contribuintes.
Outro princípio, que também deriva do princípio da legalidade, é o
princípio da verdade material. Este princípio confere à entidade competente o
poder para apreciar livremente todo o material probatório disponível.
Está também submetido ao princípio da imparcialidade da decisão. O
Estado, ou mais propriamente a Administração Fiscal está sujeita à lei e deve
aplicá-la o mais objectiva e imparcialmente possível.
Um quinto princípio é o princípio da não preclusão, segundo o qual
desde que seja respeitado o prazo geral de caducidade, os actos tributários
podem ser praticados em que sejam sujeitos a um processo formal e rígido
(flexibilidade do acto).
Temos ainda o princípio da estabilidade da decisão. Só dentro de
certo prazo é que um determinado acto tributário pode ser administrativa ou
judicialmente impugnado, tendo por base os fundamentos previstos na lei,
sendo que estes fundamentos não são taxativos, mas antes enunciativos.
O princípio da forma escrita aplica-se também ao processo gracioso
de formação do acto. Todos os procedimentos tributários estão sujeitos à forma
escrita, mas sem sujeição a um processo rígido.
Um último princípio é o princípio da natureza gratuita do processo.

b) Fases:

Dentro do processo tributário gracioso podemos distinguir três fases: a


fase introdutória, a fase instrutória e a fase decisória.

A fase introdutória é aquela que dá origem ao processo e pode ser de


iniciativa do contribuinte (prestando declarações) ou da própria AP fiscal.

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Em regra, esta fase é de iniciativa do contribuinte, que se dirige à AP e,


através de declarações escritas, inicia o processo. As declarações são
efectuadas em impressos, em formulários, previamente aprovados pelo
Governo e produzidos pela Imprensa Nacional.
Quanto à natureza jurídica destas declarações as opiniões dividem-se.
Alguns afirmam que são actos constitutivos. A doutrina maioritária (Soares
Martinez (2003) e Brás Teixeira) considera-as uma participação de ciência,
pois o contribuinte cumpre uma prestação tributária acessória e leva à AP fiscal
todos os dados para que esta possa determinar o acto final.
A fase de instrução destina-se a comprovar os dados constantes das
declarações prestadas pelos contribuintes (preenchidas na fase anterior),
acrescentando aqueles dados que não constem da mesma declaração.
Quando os contribuintes preenchem e prestam as declarações iniciam o
processo. As declarações devem ser verdadeiras, reais e corresponder de
facto à situação verificada. Todos os elementos devem ser apresentados e
sobretudo fundamentados. Ou seja, se, p.ex., há despesas deve-se apresentar
os documentos correspondentes (exemplo típico dos recibos ou facturas). Além
da prova documental, também pode haver prova testemunhal e prova por
arbitramento, podendo esta última ser por exame (coisas móveis), vistoria
(coisas imóveis) ou avaliação (em todos os outros casos).

A fase decisória culmina o processo e consiste na realização de um


acto com características de executoriedade e definitividade, que define o
montante em dívida ao Estado e que deve ser notificado ao contribuinte para
que este proceda ao pagamento.
Nesta fase conclui-se o processo tributário através do acto final da
liquidação. Este acto tributário tem que ser executado dentro de um certo
prazo.

28. O acto de liquidação ou acto tributário:

a) Notificação no processo tributário:

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Uma questão que se suscita a propósito do prazo de caducidade é saber


se basta que a Administração fiscal inicie o processo para se começar a contar
o prazo de caducidade ou se é necessário que, apesar de iniciado e concluído
o processo, se proceda à notificação do contribuinte.
De facto, é necessária a notificação do contribuinte para se começar a
contar o prazo. Tendo em conta que o acto tributário se dirige a um sujeito,
logo, que este tem de tomar conhecimento do acto e se tivermos em conta a
segurança do Direito, temos de concluir que só com a notificação o acto
tributário se torna completo e perfeito, pois trata-se de um verdadeiro acto
receptício.

b) As autoliquidações:

Sempre existiram alguns impostos de autoliquidação. É o caso de


imposto do selo e de alguns impostos de consumo. Na actualidade, a
autoliquidação, aliás precedida de um auto-lançamento também, porque o
contribuinte só pode fixar a colecta depois de ter determinado os vários
elementos tributários, é admitida, ou até exigida, em relação a numerosos
impostos directos. Assim acontece, no Direito Fiscal português, com os
contribuintes que autoliquidam a colecta respectiva no próprio instrumento de
declaração dos elementos tributários. Nuns casos, a autoliquidação é
obrigatória, noutros facultativa.
Tem sido muito discutida a natureza desta autoliquidação, à qual vários
autores negam a natureza de acto tributário, enquanto outros pretendem que
se trata de uma liquidação realizada pelo contribuinte, no uso de uma
delegação do Fisco.

c) As liquidações provisórias, definitivas e adicionais:

A liquidação do imposto é, em regra, definitiva.


Por vezes, surgem liquidações provisórias, quando os serviços da AP
fiscal não dispõem de todos os dados necessários à correcta liquidação do
imposto, mas, ainda assim, procedem à sua liquidação.
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Um exemplo de liquidação provisória do imposto de SISA é aquele em


que o comprador faz uma avaliação patrimonial do imóvel, por este ter um valor
inferior ao que consta da liquidação.
Também podem surgir liquidações adicionais, quando os serviços da AP fiscal
procedem, após um acção de fiscalização, a uma acção de correcção dos erros
ou omissões constantes das declaraçõesefectuadas pelo contribuinte.

29.Revisão e Anulação do acto tributário


Recursos graciosos e contenciosos:

Um acto tributário, apesar de definitivo, está sujeito a revisão ou


anulação oficiosa pela Administração Fiscal, ou pode ser objecto de
reclamação por parte do contribuinte (reclamação graciosa ou judicial).
Vamos aqui analisar os mecanismos de revisão da iniciativa do
particular, que são quatro: reclamação graciosa, impugnação judicial,
reclamação para uma comissão distrital de revisão e recurso hierárquico.

a) Reclamação graciosa:

A reclamação graciosa é dirigida por requerimento ao director geral das


finanças respectivo (em princípio, do distrito).
O requerimento da pessoa singular ou colectiva, apesar de dirigida ao
director geral, tem de ser entregue na repartição de finanças da área de
residência.
O processo de reclamação graciosa é, em regra, gratuito.
A decisão de reclamação pode ser feita através de deferimento, ou de
indeferimento, ou ainda de indeferimento tácito, pode ainda recorrer ao recurso
hierárquico, que será analisado de seguida.

b) Impugnação judicial:

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É dirigida em requerimento ao Juiz do Tribunal Tributário de 1ª instância.


Neste caso, junto podem ir além dos documentos comprovativos, as
respectivas testemunhas. A petição é apresentada junto da respectiva
repartição de finanças.

c) Reclamação para uma comissão distrital de revisão:

Em resposta ao recurso feito pela AP fiscal aos métodos indiciários, que


são admitidos (art. 51 CIRC), o CPT apresenta uma nova garantia (arts. 84 e
ss), que é a reclamação para uma comissão distrital de revisão, actualmente
constituída por três entidades: o director-geral de Finanças; o vogal nomeado
pela Fazenda Pública e o vogal nomeado pelo contribuinte.
A constituição e os poderes desta comissão vão ser reforçados no
âmbito da reforma fiscal em curso.
A reclamação para esta comissão tem efeitos suspensivos (art. 90 CPT),
ao contrário das duas garantias anteriores. A lei permite a reclamação graciosa
ou a impugnação judicial da decisão desta comissão, com base no fundamento
da errónea quantificação da matéria colectável fixada pela comissão.
Só se pode reclamar ou recorrer da decisão final da comissão (reclamação
graciosa ou impugnação judicial).

d) Recurso hierárquico:

O recurso hierárquico deve ser accionado no prazo de 30 dias,


directamente para o Ministro das Finanças, sendo que dessa decisão é
possível recurso para o STA caso Português.
O fundamento deste recurso é que é a via processual correcta para que
o contribuinte conteste as alterações introduzidas pela Administração Fiscal ao
nível da qualificação e quantificação da matéria colectável.

30. Direitos e garantias dos contribuintes:

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Não é líquida a noção de garantias do contribuinte. Isto porque,


juridicamente a expressão “garantias” anda associada a um reforço de uma
posição jurídica já detida. Não será nesse sentido que a expressa releva
tributariamente, antes parecendo ser importante reconduzir tal conceito ao de
quaisquer direitos que tutelam o contribuinte, enquanto tal e face ao poder
tributário estatal. Serão como que meios de compressão da soberania fiscal
crescentemente exigidos em qualquer Estado de Direito.

Em primeiro lugar, o direito à informação, que é a expressão da


pretendida transparência nas relações fisco-contribuinte. Para além do
esclarecimento sobre a interpretação das leis tributárias, da informação sobre a
fase em que se encontram as petições ou reclamações do contribuinte, da
comunicação da existência, teor e autoria das denúncias dolosas não
confirmadas, a ele respeitantes, do acesso directo ou por via dos seus
representantes, aos respectivos processos individuais, instituiu o Código
Processo Tributario a chamada informação prévia vinculativa.
Tal informação será solicitada por escrito ao Director-Geral das
Contribuições e Impostos, com a descrição dos factos cuja qualificação
jurídico-tributária se pretenda. Os serviços da Administração Fiscal não
poderão proceder de forma diversa do teor da informação prestada, salvo em
cumprimento de decisão judicial.
Trata-se inequivocamente de uma garantia de largo alcance, cuja índole
jurídica não deixa de suscitar, face à sua amplitude, alguma perplexidade.
Outra garantia importante dos contribuintes traduz-se no direito à
fundamentação e notificação dos actos tributários. Assim, todas as decisões
em matéria tributária que afectem direitos ou interesses legalmente protegidos
conterão os respectivos fundamentos de facto e de direito, sendo tal
fundamentação notificada aos contribuintes, conjuntamente com a decisão.
Se a comunicação ou notificação não contiverem a sua fundamentação
legal, ou outros requisitos exigidos por Lei, poderá o interessado, no prazo de
30 dias ou no prazo para a reclamação, recurso ou impugnação, se inferior,
requerer a notificação ou passagem de certidão dos fundamentos que tenham

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sido omitidos. Neste caso, o prazo para reclamar ou impugnar judicialmente só


se conta a partir de tal notificação ou da entrega da certidão.
Goza ainda o contribuinte do direito a receber juros indemnizatórios,
quando, em reclamação graciosa ou processo judicial, se determinar que
houve erro imputável aos Serviços, ou quando, por motivo imputável aos
serviços, não seja cumprido o prazo legal de restituição oficiosa dos impostos
(indevidamente autoliquidados ou pagos. O direito a haver os referidos juros
indemnizatórios (igualando-se o seu montante ao dos juros compensatórios a
favor do estado), inovação recentemente introduzida, depende, entretanto, da
iniciativa do contribuinte, através de “reclamação graciosa ou processo judicial,
em que se determine a existência do erro imputável aos Serviços.
Existindo infracção fiscal, tem ainda o contribuinte direito à redução do
montante das coimas (se à infracção não couber sanção acessória), se as
pagar através de pedido apresentado antes de instaurado o processo contra-
ordenacional. Tal redução depende do carácter espontâneo ou meramente
voluntário efectuado após notificação do arguido dos factos apurados no
processo e da punição em que incorre do pagamento da coima, e no caso de
pagamento espontâneo, depende do prazo em que é efectuado.
Representa também uma garantia dos contribuintes a caducidade do
direito à liquidação de imposto e de outras prestações de natureza tributária,
quando tal direito “não for exercido ou a liquidação não for notificado ao
contribuinte no prazo de 5 anos contados, nos impostos periódicos, a partir
daquele em que se verifica o facto tributário e, nos impostos de obrigação
única, a partir da data em que o facto tributário ocorreu.
O mesmo se dirá da prescrição da obrigação tributária, no prazo de dez
anos a contar do início do ano seguinte àquele em que tiver ocorrido o facto
tributário ou da prescrição do próprio procedimento judicial contra-ordenacional
– no prazo de 5 anos a contar do momento da prática da infracção e, por fim,
da própria prescrição das coimas – no prazo de cinco anos do trânsito em
julgado da decisão condenatória.
Trata-se de situações que atendem a factores de segurança,
estabilidade e certeza da vida jurídico-fiscal, geradoras de legítimas

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expectativas do contribuinte ante a celeridade exigível no exercício da função


tributária.
A concluir, dir-se-ia apenas que releva em sede tributária, como virtual
reflexo da tutela constitucional do direito à intimidade da vida privada e da
consequente proibição de acesso a dados pessoais constantes de ficheiros e
registos informatizados, o direito à confidencialidade fiscal, o qual abrange “os
dados relativos à situação tributária dos contribuintes”.
Ainda em matéria de sigilo sublinha-se, no entanto, a relevância do sigilo
bancário face à própria Administração Fiscal.

Capítulo II – Cobrança do Imposto:

31. Processo de cobrança – suas espécies:


a cobrança virtual e a cobrança eventual:

Há que distinguir uma cobrança tributária virtual de uma cobrança


tributária eventual. Essa é a destrinça que as leis fiscais têm estabelecido
(Código de Processo das Contribuições e Impostos, embora na doutrina já se
tenha sustentado, e com alguma razão, que a cobrança virtual, como a
cobrança eventual, resultam de dois tipos diversos de liquidação, aos quais

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deveriam corresponder igualmente essas mesmas designações de virtual e


eventual. Também neste ponto são estreitas as ligações entre os processos de
cobrança e de liquidação.
A cobrança virtual é uma cobrança previsível; pelo que se torna possível
estabelecer os prazos
respectivos. Consequentemente, a cobrança normal dos impostos periódicos é
também virtual; sendo eventual apenas quando baseada em liquidações
adicionais e noutros casos que se afastam da normalidade em relação àqueles
impostos.
Os impostos periódicos são, pois, em regra, cobrados virtualmente;
embora haja excepções. Também o imposto sucessório pode ser cobrado
virtualmente, quando pago em prestações. Estabelecido tal regime de
pagamento em prestações, a respectiva cobrança passa a ser previsível e
prevista, realizando-se em prazos certos (CSISA e do imposto sobre as
Sucessões e Doações- Portugal).
São normalmente de cobrança eventual, não prevista nem previsível, os
impostos alfandegários, a sisa e o imposto do selo.
Assim, p.ex., quem quer adquirir um imóvel por compra, e já ajustou a
transacção respectiva com o actual proprietário, solicita à repartição de
finanças da aérea correspondente à situação desse imóvel que lhe seja
liquidado o imposto de sisa devido, sem a prova do pagamento do qual o
notário não lavrará a escritura de compra e venda. A transacção referida não
poderia ser razoavelmente prevista pela Administração, à qual o contribuinte
fornecerá todos os elementos indispensáveis à liquidação, que dará lugar a
uma cobrança eventual, realizada na base da guia para pagamento que a
repartição de finanças entregará ao contribuinte para o efeito de realizar a
prestação tributária junto da tesouraria da Fazenda Pública.
Na actualidade, a cobrança dos impostos, quer virtual quer eventual,
cabe, geralmente, a serviços públicos (tesourarias da Fazenda Pública e
alfândegas- Portugal) ainda segundo Noemi Pereira.

32. Fases de cobrança:

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a) A cobrança à boca do cofre:

A cobrança à boca do cofre, quer dizer, realizada no período inicial da


abertura dos cofres da Fazenda Pública para determinados efeitos, é aquela
que se opera no prazo legal e normalmente previsto para arrecadação de um
certo imposto. Esse prazo, nos impostos periódicos, é, em regra, de um mês. E
porque se trata de cobrança de impostos arrecadados no prazo normal, essa
cobrança à boca do cofre abrange apenas a prestação tributária liquidada, que
envolverá, quando for caso disso, adicionais e adicionamentos, mas não juros
de mora, inadmissíveis em tal caso, pois o contribuinte que paga à boca do
cofre cumpre pontualmente; não se encontra numa situação de "mora debitoris”
que justifique o vencimento de juros.
Esta expressão "cobrança à boca do cofre" tem, por certo, sabor
anacrónico, recordando os tempos em que o dinheiro dos impostos era
guardado em arcas, removidas para lugares mais seguros quando findava o
período normal de cobrança. Mas tal expressão enraizou-se; e talvez não
houvesse motivo para abandoná-la.

b) A cobrança com juros de mora:

Esta cobrança com juros de mora, antes designada cobrança voluntária,


por contraposição à cobrança coerciva, foi admitida nas legislações fiscais por
se julgar não justificada a remessa imediata aos tribunais, para efeitos de
execuções fiscais, dos conhecimentos de imposto, ou das notas de cobrança,
ou das respectivas certidões, que não foram pagos pontualmente, no período
de cobrança à boca do cofre. Há contribuintes que não são pontuais no
pagamento dos impostos, mas que não deixarão de pagá-los, sem
necessidade de usar medidas coercivas, se se lhes conceder uma moratória
legal, necessariamente diversa de qualquer moratória concedida pela
Administração. E assim o entenderam, geralmente, as leis fiscais, ao admitirem
a cobrança de impostos, para além dos prazos normais, durante um certo
período, que, no Direito Fiscal português, costumava ser de sessenta dias. Mas
o contribuinte que beneficia de tal moratória legal não cumpriu pontualmente;
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pelo que o pagamento da prestação devida só deverá ser admitido fazendo-se-


lhe acrescer os respectivos juros de mora. Donde a designação desta fase de
cobrança. Se à mora não correspondessem juros, compensatórios da mora,
muitos contribuintes prefeririam realizar o pagamento nessa fase subsequente.

c) A cobrança coerciva:

Decorridos os prazos de cobrança voluntária, “com juros de mora” sem


que um imposto tenha sido pago, proceder-se-á ao acto tributário designado
por relaxe. Com ele se inicia a fase de cobrança coerciva, a qual corresponde
ao processo de execução fiscal, que corre pelas repartições de finanças e
pelos tribunais tributários.
Um dos significados da expressão "relaxe” é a de "entrega”. Nesse
sentido foi já usada pelo antigo Direito português. Também no Direito Fiscal, o
relaxe põe fim ao processo administrativo de cobrança e dá início a um
processo coercivo que é da competência da ordem judicial.
Segundo o conhecimento comum, na grande maioria dos processos de
execução fiscal não são deduzidas oposições pelos executados, nem
embargos, por parte de terceiros. Ora, em tais condições, a remessa do
processo para o tribunal e a posterior devolução do mesmo à repartição de
finanças, para efeitos de penhora de bens, traduzia-se, na prática, em inútil
perda de tempo e sobrecarga de actividades. Dai que, pelo actual regime do
Código de Processo Tributário, de 1991, o processo de execução fiscal só seja
remetido ao tribunal se forem deduzidos embargos ou oposição, ou para
verificação e graduação de créditos.

PARTE II – O IMPOSTO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE:


Capitulo IX – IMPOSTOS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
33. Estatuto atual do Sistema Fiscal São- Tomense

Primeiramente temos que:

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Imposto – são prestações obrigatórias pagas pelos contribuintes de um


determinado Estado ou País quer sejam eles pessoas singulares ou coletivas.
- Dos impostos temos a classificação em Impostos diretos e Impostos indiretos.
A diferença entre os impostos diretos e indiretos e a incidência, isto é:
 Os impostos diretos incidem diretamente sobre o rendimento
obtido pelo contribuinte, sendo suportado por este de forma
definitiva, enquanto os impostos indiretos incidem sobre as
despesas de consumo de produtos e serviços efetuados pelos
agentes económicos.
Eis de forma resumida os impostos que fazem parte do sistema fiscal São –
Tomense:

34. IRS

A Lei n.º 11/ 2009, de 8 de Outubro, código do imposto sobre o


rendimento das pessoas singulares (CIRS), define a tributação d rendimentos
de pessoas singulares.

Estão sujeitos ao IRS todas as pessoas físicas residentes em territórios


São – Tomense, a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora
de São – Tomé e Príncipe. Estão também sujeitos ao IRS os não residentes,
nos rendimentos obtidos em São Tomé e Príncipe.

INCIDÊNCIA
O IRS incide obre a totalidade dos rendimentos, incluindo os obtidos fora
de São Tomé e Príncipe, subsumíveis numa das 4 categorias de rendimentos
abaixo descritos, Cat. A, B, C e .
Categoria A – Rendimentos do trabalho dependente e de pensões;
Categoria B – Rendimentos empresárias e profissionais;
Categoria C – Rendimentos de capitais;
Categoria D – Incrementos Patrimoniais.
E mesmo os provenientes de actos ilícitos conforme o artigo art. 1º, 3).
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Constituem Rendimentos da Categoria A,


1. Consideram – se rendimentos de trabalho dependentes,
compreendidos na categoria A deste imposto, todas as
remunerações ou utilidades, principais ou acessórias, pagas ou
postas á disposição do seu titular, qualquer que seja a sua
denominação ou natureza, provenientes direta ou indiretamente de :
a) Ordenados, salários, vencimentos, indemnização por despedimento,
horas extraordinárias, comissão ou bónus, gratificações, percentagens,
subsídios, participações ou prémios, senhas de presença, emolumentos
e participações em multas;
b) Honorários dos membros dos órgãos estatutários das pessoas coletivas
e entidades equiparadas e outras remunerações em virtude do exercício
dessas funções;
c) O valor de presentes oferecidos pelo empregador ao trabalhador;
d) Qualquer subsídio atribuído pelo empregador em benefício de um
trabalhador;
e) Os subsídios de viagem, e as importâncias auferidas pela utilização de
automóvel próprio ao serviço da entidade patronal, na parte em que
ambas excedam os limites legais ou ate ao limite dos quantitativos
estabelecidos para os funcionários do Estado, como remunerações fixas
equivalentes ou mais aproximadas;
f) Qualquer pagamento atribuído pelo empregador devido à perda,
quaisquer alterações ou ao termo do contrato de trabalho;
g) Quaisquer pagamentos efetuados no termo do contrato de trabalho,
relativos a montantes a que o trabalhador tem direito e ainda não pagos,
independentemente da designação dos mesmos;
h) As verbas para as despesas de representação, de que não tenham sido
prestadas contas ate ao fim do exercício;
i) O reembolso ou quitação pelo empregador de qualquer despesa do
trabalhador, incluindo despesas domésticas ou despesas de saúde;
j) O montante que um empregador tem direito e renuncia, caso o
trabalhador tenha a obrigação de lhe pagar um determinado montante;
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k) As importâncias que os empresários individuais escriturem como


remuneração do seu trabalho;
l) Os abonos para falhas devidos a quem no seu trabalho tenha de
movimentar numerário, na parte que exceda 10% da remuneração
mensal fixa;
m) Os abonos de família e respetivas prestações complementares, exceto
na parte que não exceda os limites legais estabelecidos;
n) O subsídio de refeição, na parte em que exceder um terço do salario
mínimo legalmente estabelecido;
o) Importâncias despendidas pela entidade patronal com seguros de
doença não obrigatórios e acidentes pessoais não laborais, seguros e
operações do ramo «Vida», contribuições para fundos de pensões e
para quaisquer regimes complementares de segurança social;
p) Os subsídios de residência ou equivalentes quando não sejam
prestadas contas no fim do ano fiscal de que os montantes foram
aplicados ao fim a que se destinam;
q) Os resultados da utilização pessoal pelo trabalhador ou membro de
órgão social, de viatura automóvel que gere encargos para a entidade
patronal;
r) As importâncias despendidas pela entidade patronal com viagens e
estadas, de turismo e similares, não conexas com as funções exercidas
pelo trabalhador ao serviço da mesma entidade;
s) Os impostos e outros encargos legais devidos pelo trabalhador e que a
entidade empregadora tome sobre si;
t) Quaisquer outros direitos, benefícios ou regalias não incluídos na
remuneração principal que sejam auferidos devido à prestação de
trabalho ou em conexão com esta e constituam para o respectivo
beneficiário uma vantagem económica;
u) Outras remunerações acessórias, periódicas ou não, fixas ou variáveis
de natureza contratual ou não;
2. Consideram- se remunerações acessórias todos os direitos,
benefícios ou regalias não incluídos na remuneração principal que
sejam auferidos devido à prestação de trabalho ou em conexão com
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esta e constituam para o respetivo beneficiário uma vantagem


económica;

Pensões

1.Consideram- se pensões, compreendidas na Categoria A deste imposto:


a) As prestações devidas a título de pensões de aposentação ou de
reforma, velhice, invalidez ou sobrevivência, bem como outras de
idêntica natureza;
b) As prestações a cargo de companhias de seguros, fundos de
pensões, ou quaisquer outras entidades, devidas no âmbito de
regimes complementares de segurança social em razão de
contribuições da entidade patronal;
c) As pensões e subvenções não compreendidas nas alíneas
anteriores, independentemente da pessoa que tenha originado o
direito à sua percepção,
d) As rendas temporárias ou vitalícias.

2.A remição ou qualquer outra forma de antecipação de disponibilidade dos


rendimentos previstos no número anterior não lhe modifica a natureza de
pensões.
3. Os rendimentos referidos neste artigo ficam sujeitos à tributação desde que
pagos ou colocados à disposição dos respectivos titulares.

Rendimento da Categoria B
Ficam compreendidos na Categoria B os rendimentos empresariais e
profissionais.

Conceito de rendimentos empresariais e profissionais

1.Consideram – se rendimentos empresariais e profissionais, compreendidos


na Categoria B deste imposto, todas as contraprestações ou utilidades, pagas
ou postas à disposição do seu titular, qualquer que seja a sua denominação ou
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natureza, que procedam direta ou indiretamente de actividades empresariais ou


profissionais, tais como:
a) Os decorrentes do exercício de qualquer atividade comercial, industrial,
agrícola, silvícola ou pecuária;
b) Os auferidos no exercício, por conta própria, de qualquer atividade de
prestação de serviços, incluindo as de caracter cientifico ou técnico,
conexas ou não com qualquer atividade mencionada na alínea anterior;
c) Os provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação
de informações respeitantes a uma experiencia adquirida no sector
industrial, comercial ou científico, quando auferidos pelo seu titular
originário;
d) Os decorrentes de actividades artísticas, desportivas e ou culturais.
2.Considera-se ainda rendimentos desta categoria:
a) Os rendimentos de capitais mobiliários ou imobiliários imputáveis a
atividades empresariais e profissionais;
b) As mais-valias apuradas no âmbito das atividades empresariais e
profissionais, definidas nos termos de Código do IRC, incluindo as
resultantes da transferência para o património particular dos
empresários de quaisquer bens afetos ao ativo da empresa;
c) As importâncias auferidas, a título de indemnização, conexas com
atividades exercida, nomeadamente a redição, suspensão e cessação
desta, assim como pela mudança do local do respectivo exercício;
d) As importâncias relativas à cessão temporário de exploração de
estabelecimento;
e) Os subsídios ou subvenções no âmbito do exercício de atividade
abrangida na alínea a) do nº 2;
f) Os subsídios ou subvenções no âmbito do exercício de atividade
abrangida na alínea b) do nº 2;
g) Os provenientes da prática de atos isolados referente à atividade
abrangida na alínea a) do nº 2;
h) Os provenientes da prática de atos isolados referentes à atividade
abrangida na alínea b) do nº 2.

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3. Para efeitos do disposto nas alíneas g) e h) do número anterior, consideram-


se rendimentos provenientes de atos isolados os que não resultem de uma
prática reiterada de uma atividade compreendida na Categoria B, e decorram
do exercício acidental dessa mesma atividade.
4. Para efeitos deste imposto, consideram- se como provenientes da
propriedade intelectual os direitos do autor e direitos conexos.
5. Para efeitos do disposto na alínea a) do nº. 2, entende-se que os
rendimentos de capitais imobiliários são imputáveis a atividades empresariais e
profissionais quando concorram as seguintes circunstâncias:
a) Que no desenvolvimento desta s atividades se conte, ao menos, com
um local exclusivamente destinado a levar a cabo a gestão da mesma;
b) Que para o desenvolvimento das mesmas se tenha, ao menos, uma
pessoa empregada com contrato individual de trabalho ou equivalente.

Conceito de atividades empresariais e profissionais


São atividades empresariais e profissionais as que procedendo
conjuntamente do trabalho pessoal e de capital, ou de um só destes fatores,
pressuponha, da parte do sujeito passivo, a ordenação por conta própria de
meios de produção e de recursos humanos ou de um destes, com a finalidade
de intervir na produção ou distribuição de bens ou serviços.

Isenção

Ficam isentos de IRS 50% dos rendimentos provenientes de atividade


exclusivamente agropecuária, relativamente a cada exercício, após dedução
dos eventuais prejuízos.

Atividades comerciais e industriais, agrícolas, silvícolas ou pecuárias

1.Consideram-se atividades comerciais e industriais, designadamente, as


seguintes:
a) Compra
b) Fabricação
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c) Pesca
d) Explorações mineiras e outras industrias extrativas
e) Transportes
f) Construção civil
g) Urbanísticas e exploração de loteamentos
h) Atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas, bem como
venda ou exploração do direito real de habitação periódica
i) Agências de viagens e de turismo
j) Artesanato
k) As atividades agrícolas e pecuárias não conexas com exploração da
terra ou em que esta tenha caracter manifestamente acessório
l) As atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias integradas noutras de
natureza comercial ou industrial

2.Consideram-se atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias,


designadamente, as seguintes:
a) As comerciais ou industriais, nomeadamente acessórias ou
complementares daquelas, que utilizem, de forma exclusiva, os produtos
das próprias explorações agrícolas, silvícolas ou pecuárias;
b) Caça e a exploração de pastos naturais, água e outros produtos
espontâneos, explorados diretamente ou por terceiros;
c) Explorações de marinhas e sal, algas e outras;
d) Explorações apícolas.

Rendimentos de Categoria C

Constituem Rendimentos desta categoria os provenientes dos bens


móveis, que não se encontram afetos a atividade empresarial, os provenientes
dos bens imoveis, rústicos (terrenos), urbanos (casas), que não se encontrem
afetos a atividade empresarial, dividendos, juros, artigo 16º/b);
OBS: A tributação dos rendimentos da categoria C é a taxa liberatória de 15%,
ou seja, são tributados somente através da retenção na fonte.
Rendimento da Categoria D
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Constituem rendimentos desta categoria as variações positivas no valor


do património, prémios de qualquer lotarias, rifas e apostas mútuas, totoloto,
jogos de loto e bingo, prémios em qualquer sorteios ou concursos.

Taxas
Para o IRS são aplicadas taxas progressivas que variam de 0% a 25%.

FORMAS DE PAGAMENTO DO IMPOSTO

O IRS é pago através de:


 Apresentação das declarações de rendimento;
 Retenção na fome;
 Pagamento por conta.

DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO

O imposto é apurado somando todos os rendimentos exceto os da


categoria C, deduz-se os benefícios fiscais obtendo assim a matéria coletável.
Á matéria coletável aplica-se a taxa de acordo com a tabela do artigo 66º. E a
parcela a abater e obtém- se a coleta. À coleta aplica-se as deduções
correspondentes à:
Situação pessoal e familiar, dupla tributação internacional, saúde, formação e
encargos com imoveis. Dai o apuramento do imposto a pagar.

PRAZOS DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS


Categorias A e/ou D (quando apte pelo englobamento), durante o mês de
Fevereiro;
Categoria B Grupo 2- Escrituração Simplificada, durante o mês de Fevereiro;
Categoria B Grupo 1, até 30 de Abril.

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

35. IRC
A lei nº.10/2009, código do imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas (CIRC), define a tributação de rendimentos de pessoas coletivas.
Estão sujeitas ao IRC, as sociedades comerciais ou civis sob forma
comercial, as cooperativas, empresas publicas etc. (artigo 2º IRC);
Estão também sujeitas ao IRC as entidades, com ou sem personalidade
jurídica, que não tenham sede nem direção efetiva em território nacional, cujos
rendimentos são obtidos em S. Tomé e Príncipe.

Taxa
A taxa do IRC é de 25%. Há também uma taxa especial para as
retenções na fonte de 20% para certos rendimentos (exemplo: os rendimentos
dos não residentes).
FORMAS DE PAGAMENTO DO IMPOSTO
O IRC é pago através de:
 Apresentação das declarações de rendimento;
 Retenção na fonte, taxa de 20%
 Pagamento por conta, artigo 92º. /94º

GRUPOS DE TRIBUTAÇÃO
A lei prevê dois grupos de tributação:
Grupo 1 (contabilidade organizada) constituído pelas empresas
residentes cujo volume de negócio seja igual ou superior a 500 milhões de
Dobras/ano e as empresas públicas, sociedades anonimas e comanditas por
ações.
Grupo 2
Todas aquelas que não reúnem os requisitos para integrar no grupo 1:
Existem dois regimes:
 Escrituração simplifica, artigo 55º e,
 Regime simplificado, artigo 58º.

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PRAZOS DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS

Grupo 1 – Contabilidade Organizada, até 30 de Abril.


Grupo 2 – Escrituração Simplificada, durante o mês de Fevereiro;

36. IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÓNIO


Dos impostos sobre o património destacam-se os seguintes:
1. A Contribuição Predial Urbana
2. Imposto Sobre Sucessão e Doações
3. Impostos de Sisa

1. CONTRIBUIÇÃO PREDIAL URBANA


A Contribuição Predial Urbana é um imposto regulado pela lei nº.6/2008, de
19 de Agosto de 2008.

INCIDÊNCIA
Estão sujeitos a contribuição predial urbana todos os prédios urbanos,
consideram- se como tais todos os edifícios e os terrenos destinados à
construção.
TAXA
A taxa da contribuição predial urbana é de 0,1%, a que incide sobre o valor
patrimonial constante na matriz. Acresce a esta taxa um adicional
correspondente ao selo de conhecimento de cobrança.

PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO PREDIAL URBANA


A contribuição predial é paga na tesouraria dos serviços da
Administração Fiscal, durante o mês de Janeiro de cada ano civil.

INSCRIÇÃO OU ALTERAÇÃO NA MATRIZ

A inscrição ou alteração na matriz é gratuita.


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Para efeitos de inscrição ou alteração na matriz predial, os proprietários


e usufrutuários ou os seus representantes legais são obrigados a apresentar ou
mandar entregar, sob sua responsabilidade, declaração conforme os modelos
disponíveis nos balcões de atendimento da Direção dos Impostos.

OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO PEDIAL


Todos os indivíduos que contribuem ou adquirem, por qualquer titulo, um
prédio e todos aqueles que fizerem nos seus prédios ampliações,
reconstruções ou qualquer modificação, são obrigados a apresentação da
declaração predial de inscrição ou alteração na matriz.
2. IMPOSTOS SOBRE SECESSÕES E DOAÇÕES
O imposto sobre Sucessões e doações é um imposto regulado pela lei nº
8/2007 de 25 de Maio.

INCIDÊNCIA
O imposto sobre sucessões e doações incide sobre as transmissões a
título gratuito do direito de propriedade sobre bens moveis e imoveis,
qualquer que seja a denominação ou forma do título, quando localizados em
território São-Tomense.

OBRIGAÇÃO TRIBUÁRIA
A obrigação tributária constitui-se no momento em que ocorre a
transmissão do bem:
 Nas transmissões por morte, a obrigação tributária constitui-se na
data de falecimento de transmitente ou quando tenha sido
declarada judicialmente a morte presumida do ausente;
 Nas transmissões gratuitas entre vivos, a obrigação tributária
nasce no dia em que se celebra o ato ou contrato.

TAXA

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A taxa do imposto sobre a Sucessões de Doações são as seguintes, conforme


os casos:
1) 5% sobre as transmissões gratuitas a favor de descendentes, cônjuges
e ascendentes;
2) 10% sobre as transmissões gratuitas a favor de irmãos e colaterais até
3º grau e;
3) 15% sobre as transmissões gratuitas a favor de quaisquer outras
pessoas.

3. IMPOSTO DE SISA
O imposto de Sisa é um imposto regulado pela lei 5/2007, de 11 de Maio.

INCIDÊNCIA
O imposto de Sisa incide sobre todos os atos que importa a transmissão
perpétua ou temporária de propriedade imobiliária de qualquer valor, espécie e
natureza e é devida pelas pessoas, singulares ou coletivas a quem se
transmitem os direitos sobre bens imobiliários.

OBRIGACÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação tributária constitui-se no momento em que ocorre a
transmissão do bem, sem prejuízo das aquisições de prédios para revenda por
sujeitos passivos que exercem normal e habitualmente essa atividade, em que
a obrigação tributária se constitui no momento em que se caduca a isenção.

TAXA
A taxa do imposto de SISA é de 8% sobre o valor de avaliação.

37. IMPOSTO SOBRE CONSUMO

A legislação fiscal São- Tomense consagra dois tipos de impostos sobre


o consumo:
Prestação de serviços e de Produção Local.

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

O imposto de consumo prestação de serviços é um imposto regulado


pelo Decreto- Lei nº. 24/2000, Decreto-Lei nº. 35/2000 e pelo Decreto- Lei nº.
9/2005.
INCIDÊNCIA
O imposto sobre o consumo (prestação de serviço) incide sobre o valor
de serviços prestados, a pagar pelo consumidor.

CONCEITO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Para efeitos do presente imposto considera-se prestação de serviços


todas as operações decorrentes de uma atividade económica efetuadas a título
oneroso, que não impliquem a transmissão de propriedade de bens imoveis
corpóreos e que visem, entre outros a realização dos seguintes fins:

a) Estudos;
b) Projetos;
c) Transportes;
d) Comunicações;
e) Serviços de construção;
f) Auditoria e consultoria;
g) Outros.

TAXA

A taxa do imposto sobre o consumo (prestação de serviços) é de 5%, pago


pelo consumidor do serviço.

IMPOSTO SOBRE CONSUMO (PRODUÇÃO LOCAL)


O imposto de consumo (produção local) é um imposto regulado pelo
Decreto-Lei nº. 20/76, Decreto-Lei nº. 14/93 e pelo Decreto- Lei nº. 8/2005.
INCIDÊNCIA
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O imposto sobre o consumo (produção local) incide sobre o valor das


mercadorias e produtos produzidos no território São- Tomense, conforme a
tabela anexa aos respetivos diplomas.

TAXA
A taxa do imposto sobre o consumo (produção local), varia segundo os
produtos. A título de exemplo a que incide sobre a venda de cerveja nacional é
de 25%.

38.IMPOSTO DE SELO
O imposto de selo é um imposto regulado pelo Decreto-Lei nº. 12/76,
Decreto – Lei nº. 40/88 e pelo Decreto-Lei nº. 7/2005.

INCIDÊNCIA
O imposto de selo incide sobre todos os documentos, livros papéis, atos
e produtos designados numa tabela anexa ao Regulamento.

TAXA
A taxa do imposto de selo que incide sobre os documentos é de Dbs:
500,00 (selo assistência) e Dbs: 1.500.00 (selo fiscal) e de 3% (três por mil)
sobre as faturas e recibos, nos termos do Decreto- Lei nº. 7/2005 de 1 de
Agosto.

39. IMPOSTO SOBRE VEÍCULO


O imposto sobre veículo é um imposto regulado pelo Decreto- Lei nº.
13/93, de 26 de Fevereiro.
INCIDÊNCIA
O imposto sobre Veículos incide sobre o uso e fruição de veículos
motorizados, matriculados ou registados no território nacional, ou decorridos
que sejam cento e oitenta dias contados desde a data da sua entrada neste
território.

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CRITÉRIOS DE SUJEIÇÃO
Para efeitos de incidência deste imposto consideram-se como estando
em uso os veículos que circulem pelos seus próprios meios ou estacionem nas
vias ou recintos públicos.
 Para determinação do imposto ter-se-á em conta a antiguidade do
veículo, e a sua cilindrada ou potência fiscal.
- A potência do veículo será a indicada no respetivo livrete, exceto
quando as autoridades competentes tenham fundadas suspeitas acerca da
veracidade daquele registo, caso em que deverão exigir a vistoria do
veículo, a efetuar pela Direção dos Transportes e Comunicações.
- Quando se deva proceder à referida vistoria, e se haver divergências
entre o valor da potencia indicado no livrete e o valor de potencia real, as
despesas com aquela vistoria serão suportadas pelo respetivo titular ou
detentor do veículo, independentemente das sanções que ao caso sejam
aplicáveis.
- Da vistoria se lavará auto que será apensado ao processo de
transgressão, para efeitos de cobrança das despesas bem como para a
determinação e graduação das penalidades a aplicar.
- A antiguidade do veículo será determinada por referência ao ano de
matrícula na República Democrática de São Tomé e Príncipe, incluídos
nesta contagem o ano da matrícula e o ano a que o imposto deva respeitar.

ISENCÕES PESSOAIS
Ficam isentos do imposto:
a) O Estado e qualquer dos seus Órgãos, Organismos ou Serviços, ainda
que gozando de autonomia financeira ou administrativa nomeadamente
os órgãos de Coordenação e Assistência, excluídas as empresas
estatais ou comparticipadas pelo Estado;
b) Os Estados estrangeiros quando haja reciprocidade de tratamento;
c) O pessoal das missões diplomáticas e consolares nos termos das
respetivas convenções;

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d) As organizações internacionais ou estrangeiras nos termos dos acordos


celebrados com o Estado São- Tomense.

ISENÇÕES REAIS

Ficam igualmente isentos deste imposto:


a) Os veículos com motor até 50cm3 de cilindrada;
b) Os veículos utilizados em serviços de Instrução;
c) Os veículos utilizados em serviços de aluguer, quando devidamente
registados e inscritos;
d) Os barcos utilizados no serviço de pesca artesanal, quando
devidamente registados e inscritos;
e) No ano de aquisição, os veículos novos adquiridos posteriormente a 31
de Outubro;
f) Os tratores agrícolas;
g) Os motociclos de carga.

TAXAS
Artigo 8º

TAXAS
1- As taxas de imposto sobre Veículos, expressas em dobras, são as
seguintes:

TABELA I
Veículos motorizados
POTÊNCIA (em centímetros cúbicos) ANTIGUIDADE

Até 6 anos Superior

Até 500…………………………………. 500,00 ……………………. 1 000,00


Até 1 300………………………………. 2 500,00………………….. 4 000,00
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Até 1 900………………………………. 4 000,00………………….. 6 000,00


Superior ………………………………. 6 000,00………………….10 000,00

TABELA II
Barcos de recreio

POTÊNCIA (em H.P) ANTIGUIDADE

Até 6 anos Superior

Até 25 HP………………………………. 500,00 ……………………. 1 000,00

Cada 10 HP ou fração, mais……...…. 500,00…………………….. 1 000,00

2 – As taxas previstas no número anterior serão atualizadas anualmente, por


aplicação do coeficiente de inflação determinado para o ano respetivo pela
Direção de Estatística do Ministério da Economia e Finanças e reportar a 31 de
Dezembro do ano imediatamente anterior, com arredondamento por excesso
para a centena de dobras imediatamente superior.

Capitulo X – IMPOSTOS DIRETOS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Os impostos diretos em São Tomé e Príncipe são: IRS e IRC, sendo


detalhados mais em baixo.

40. IRS

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

O código do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares, cuja


aplicação se mostra nesse estudo, foi aprovado através do decreto- lei n.º
16/2008 e revoga e lei n.º 9/93 que, entre outros, estabelecia uma taxa única
de imposto sobre os salários na ordem dos 13% para qualquer tipo de
rendimento das pessoas.
O conceito mesmo deste imposto pode levar, muitas vezes, a certas
dúvidas, quanto a sua definição e especificação, devido ao facto de considerar
inúmeros aspetos ou situações em que estão inseridos os indivíduos no quadro
dos rendimentos que obtêm.
A diversidade do IRS também é objeto de discussão para os
contribuintes, pois é preciso saber determinar e distinguir cada categoria em
que está subdividido. As categorias são em função de cada fonte de
rendimentos obtidos.
Para toda a fonte o imposto tem as suas características principais que
são: anual (ano civil), pessoal (incide sobre a pessoa e não e entidade moral),
declarado (a declaração é feita pelo contribuinte ou entidade patronal), geral ou
global (incide sobre todos os rendimentos de um individuo) e, finalmente,
progressivo porque os rendimentos englobados são tributáveis na base de
escalões, e isto quer dizer que cada contribuinte paga o imposto em função da
sua condição.
Os rendimentos são obtidos no território nacional e também fora deste
pelos residentes e não residentes, cabendo ao Estado reter uma parte dos
mesmos no quadro do seu papel regulador da economia.

a) GENERALIDADES SOBRE O IRS


Este excerto aborda principalmente os elementos indispensáveis á
interpretação da lei e que se referem de forma abrangente a todas as
categorias. Assim, são tratados os conceitos de IRS, residência e rendimento
em espécie, assim como as taxas aplicadas aos rendimentos, a liquidação e o
pagamento do imposto. O código no seu todo não separa uma categoria da

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

outra, porque estes elementos são comuns e os contribuintes poderão auferir


rendimentos de uma só ou mais categorias num determinado período.

b) DEFINIÇÃO DO IRS
O imposto sobre o rendimento de pessoas singulares, o IRS, como o
próprio nome indica, é definido como sendo o imposto que recai sobre os
rendimentos pessoais do sujeito passivo. O sujeito passivo quer dizer o
individuo que aufere um rendimento que esteja dentro das especificações do
código. Neste caso ele é passível de pagar o imposto.
Os diversos rendimentos provêm de fontes diferentes que integram as
categorias seguintes, não havendo entre elas qualquer relação hierárquica.
Categoria A – Do trabalho dependente e de pensões, o contribuinte trabalha
como subordinado de outrem;
Categoria B – De atividades empresariais e profissionais, o contribuinte
trabalha por sua conta ou é independente;
Categoria C – De capitais, os capitais próprios de um individuo são
rentabilizados;
Categoria D – Do património, o património de um individuo aumenta.

c) RESIDÊNCIA
Um dos elementos a serem tomados em conta para a tributação do
rendimento do individuo é a residência. Segundo este código, nem todas as
pessoas que vivem no espaço São-Tomense são residentes.
Com efeito, no território São-Tomense existem pessoas naturais e não
naturais do país e que aqui vivem de forma permanente, e outras que somente
residem por um curto período. Por isso, o código indica que para ser residente
é preciso estar a viver no país pelo menos 180 dias ou seja 6 meses de forma
intercalada ou não.
O quadro nº 1 indica quando o imposto sobre o rendimento é devido por
um individuo, dependendo do facto de ser ou não residente.
Quadro nº1
Territorialidade Rendimento Obtido

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No território Fora do território


Residentes Devido Devido
Não Residentes Devido Não devido

O quadro indica que os não residentes, obtendo os rendimentos fora do


território São – Tomense, não devem pagar os impostos em São Tomé e
Príncipe, mas sim no seu país de residência.

d) RENDIMENTOS EM ESPÉCIE

Os diferentes rendimentos dos sujeitos fiscais não são obtidos somente sob
a forma monetária. Podem também ser valorizados em numerário ou em
espécie. Os rendimentos em espécie são aqueles cujo valor monetário não se
conhece automaticamente. Precisam ser avaliados em termos fiscais como se
segue:
Segundo o artigo 43.º.
O valor dos juros:
Rendimentos (taxa de juro do banco central – taxa reduzida ou nula) x capital
O valor de uso de bens:
Uso de veículos automóveis
Valor de uso = 0,5% x valor aduaneiro ou de aquisição x numero de meses de
utilização
Uso de habitação
Rendimento = renda suportada pela entidade patronal a favor do beneficiário
Ou
= valor da renda no mercado ou
= 1/6 da remuneração do beneficiário ou
= Valor igual ou inferior ao subsídio de residência fixado por lei.

e) AS TAXAS APLICAVEIS ÀS CATEGORIAS A, B e D

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

O IRS contempla algumas taxas que são aplicadas aos rendimentos por
escalões que vão de 10% a 25% para rendimentos coletáveis anuais de
11.700.000,00 a 240.000.000,00, apos englobamento.
A coluna 3 representa as parcelas a abater ou a deduzir, depois de
calculado o imposto bruto. É de salientar que se trata bem do rendimento
global. Com efeito, os abatimentos poderão também ser aplicados aos
rendimentos mensais por fração de 1/12.
IRS – Artigo 66.º
1 - As taxas do imposto aplicáveis às categorias A, B e D, após o
englobamento, são as constantes da tabela seguinte:

Quadro nº2
Rendimentos Coletáveis Anuais (1) Taxas (2) Parcela a abater (3)

Até Dbs. 11.700,00 0

De Dbs. 11.701,00 10% Dbs. 881.250,00


até Dbs. 50.000,00
De Dbs. 50.001,00
até Dbs. 100.000,00 13% Dbs. 1.380,00
De Dbs. 100.001,00

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

até Dbs. 150.000,00 15% Dbs. 1.875,00


De Dbs. 150.001,00
até Dbs. 240.000,00 20% Dbs. 5.625,00
Superior a Dbs. 240.000,00 25% Dbs. 9.000,00

.
2 – O rendimento coletável anual dentro de cada escalão de rendimento da
coluna 1 é multiplicado pelas percentagens indicadas na coluna 2, deduzindo –
se depois a parcela indicada na coluna 3.
Todavia, a lei prevê uma taxa liberatória de15% para os rendimentos das
categorias C e D do IRS, ou seja, rendimentos de capitais e os incrementos
patrimoniais não provenientes de atividades empresariais e profissionais, assim
como os rendimentos dos não residentes, aqueles que residem em São Tomé
e Príncipe por menos de 180 dias e que não estejam a trabalhar num
estabelecimento estável.
Assim, o imposto bruto é obtido a partir da multiplicação da soma de
todos os rendimentos tributários de um contribuinte por uma taxa específica do
escalão em que se encontra:
Rendimento coletável = somatório de Rendimentos – Dedução e benefícios
fiscais

A matéria coletável não é mais do que o valor do conjunto de


rendimentos em dinheiro ou em espécie que auferiu o contribuinte num dado
período depois de feitas as deduções especificas de cada categoria.
O imposto líquido a pagar é obtido a partir do imposto bruto do qual se subtrai
os abatimentos necessários fixados por lei, como indica a fórmula seguinte:
Coleta = Rendimento coletável x taxa – Parcela a abater
A coleta é simplesmente o valor do imposto total que foi tirado do
rendimento do sujeito, tendo em conta a parcela a abater, antes das possíveis
deduções após coleta em função da individual do contribuinte.

f) LIQUIDAÇÃO
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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

A liquidação do imposto consiste simplesmente na determinação do imposto


líquido. Mas para tal, é preciso antes disso, a determinação do rendimento
coletável. O imposto líquido é obtido da coleta a qual se aplicam as deduções
ligadas à situação familiar, às despesas com saúde, educação, formação e aos
encargos com imóveis. Trata – se, pois, de um moro cálculo matemático, mas
que exige a utilização de documentos comprovativos, tais como faturas e
outros que possam justificar tais deduções, o que não se deve confundir com o
pagamento que consiste em tornar o imposto líquido ou disponível diante da
administração fiscal.
O enquadrado n.º 1 especifica bem as condições em que essa liquidação é
feita, os acréscimos fiscais que devem ser efetuados nos cálculos, perante a
falta de pagamento, e os prazos necessários.

Enquadrado nº1 Artigo 72.º


1 – A liquidação do IRS é da competência:
a) Do Diretor dos Impostos ou outros funcionários por ele indicados;
b) Dos titulares de rendimentos da Categoria B, no caso dos sujeitos
passivos do grupo 1, sendo facultativa para os restantes, quando a
declaração anual de rendimentos seja apresentada dentro do praza
legal, e devendo, em qualquer caso, ser efetuada nas respetivas
declarações.
2 – Havendo lugar a auto – liquidação de imposto e não sendo efetuado o
pagamento deste e de juros de mora devidos até ao dia em que é ou deve ser
apresentada a declaração periódica de rendimentos, a liquidação e cobrança
do imposto serão promovidas pela Direção dos Impostos ou pelos seus
serviços, nos termos dos artigos 98.º e 99.º.

Artigo 73.º
1 – A fixação dos rendimentos tributários em IRS deve estar concluída até 31
de Agosto de cada ano.

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2 – Sempre que o número de processos justifique, pode o Diretor dos Impostos


indicar outros funcionários da sua direção ou solicitar o concurso de
funcionários afetos a outros serviços públicos, de reconhecida competência,
para procederem à fixação de rendimentos coletáveis.
Mas existe uma série de encargos sociais que a administração fiscal tem em
conta que os contribuintes devem saber permitirão a redução de imposto.

g) AS DEDUÇÕES Á COLECTA

As deduções à coleta distinguem- se das deduções à matéria coletável ou


ao rendimento bruto que são específicas a cada categoria. Trata-se, pois,
de uma dedução ao imposto já calculado ou imposto bruto. Nesse caso, a
lei tem em conta diversas situações do sujeito passivo, as despesas
efetuadas por este e outros encargos sociais. A parte do imposto a deduzir
pode ser de um montante fixo ou atribuído de forma proporcional (isto é
uma percentagem) às despesas ou a um indicador qualquer, como se
indicam:
Pode-se distinguir, assim, cinco deduções à coleta, como indica o
enquadrado n.º 2 a seguir. Estas deduções são aplicáveis ao imposto bruto
e são validas para qualquer tipo de categoria.
1 – À coleta do IRS serão efetuadas, nos termos dos artigos subsequentes,
as deduções relativas:
A. À situação pessoal e familiar dos sujeitos passivos;
B. À dupla tributação internacional;
C. As despesas com saúde;
D. As despesas de educação e de formação, e
E. Aos encargos com imoveis.

2 – Serão ainda deduzidos à coleta do IRS os pagamentos por conta do


imposto e as importâncias retidas na fonte que tenham aquela natureza,
respeitantes ao mesmo período de tributação.

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3 – As deduções referidas neste artigo serão efetuadas pela ordem nele


indicada e apenas as previstas no número anterior, quando superiores á coleta,
conferem direito ao reembolso da diferença.
4 – As deduções previstas no n.º 1 aplicam-se apenas aos sujeitos passivos
residentes em território São – Tomense.
5 – A dedução prevista na alínea e) não pode exceder a importância de Dbs.
15000.000,00.
De forma resumida pode-se encontrar as diferentes deduções como se
seguem:
Situação pessoal e familiar do sujeito
A situação familiar do sujeito passivo ao imposto tem a ver com o seu
agregado e as condições em que se encontrem. Se eventualmente um
contribuinte tem um filho de quem é o encarregado de educação e que o
mesmo não tenha problemas quaisquer, então ser-lhe-á reduzido o imposto de
15% do seu salario mínimo nacional. Mas se o dependente estiver na situação
de invalidez a 50% (comprovado pelo documento medico) ou mais, então esta
redução seria de 35%.

Quadro n.º3
Nº de filhos Situação normal Situação de invalidez
Dependentes Taxa a eduzir
0 10%
1 15% 35%
2 20% 35%
3 ou mais 25% 35%

Despesas com educação e formação


Tal como no caso anterior, sendo este relativo à educação e formação. A
lei querendo promover a educação dos seus contribuintes, estabelece certas
reduções em benefício dos que estejam a estudar. Embora limite o conjunto do
valor a um milhão de dobras, a redução do imposto é de 10% destas despesas.

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O conjunto significa que se o sujeito estiver numa formação e que o seu filho
também esteja ou o seu próximo dentro do seu agregado, então a soma total
de todas as despesas comprovadas por faturas, não poderão ultrapassar o
limite. Cabe agora ao sujeito melhor geri-las de forma a obter o melhor proveito
da dedução.

Quadro nº4
Aquisição de bens e serviços para a educação e Taxa a deduzir
formação e juros de dívidas associados

Do sujeito 10%

Do seu agregado 10%

Acumulado total 1.000,00

Despesas com a saúde


Do mesmo modo, no que concerne às despesas com a saúde do sujeito
e do seu agregado familiar, o montante despendido por todos não poderá
ultrapassar um milhão de dobras, para o contribuinte que tiver um rendimento
superior ao salario mínimo nacional, artigo 77.º.

Quadro nº5
Aquisição de bens e serviços para a Taxa a deduzir sobre Rendimentos
saúde Igual ao SMN Superior ao SMN
Do sujeito 30% 0%
Do seu agregado 30% 0%
Dos seus ascendentes até 1º grau 30% 0%
Acumulado total 1.000,00
SMN- salário mínimo nacional

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Encargos com imóveis


O sujeito passivo tem a possibilidade de deduzir 30% dos encargos com
imóveis à coleta, com o limite anual de 15.000,00 de dobras nos termos do
artigo 74.º

Quadro nº6
Despesas com: Taxa a deduzir
Manutenção e conservação 30%
Contribuição predial urbana 30%
Juros de divida com aquisição e construção de 30%
habitação própria
Acumulado total máximo 15.000,00

h) CALCULO E PAGAMENTO DO IMPOSTO


Cálculo do imposto
O imposto é calculado em três fases na de um rendimento mensal ou
anual. Para cada categoria tem-se as seguintes fórmulas:

Quadro nº7
Fases Designação
1 Obtenção do rendimento MATÉRIA COLETÁVEL-DEDUÇÕES
coletável FISCAIS ESPECÍFICAS=
RENDIMENTO COLETÁVEL
2 Obtenção da caleta RENDIMENTOCOLETÁVEL * TAXAS –
ABATIMENTOS = COLETA OU
IMPOSTO BRUTO
3 Obtenção do imposto a COLETA – DEDUÇÕES A COLETA =

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pagar IMPOSTO A PAGAR

Pagamento do imposto
Depois de aplicadas as taxas previstas na lei e feitas as deduções
necessárias, o imposto poderá ser retido na fonte e entregue pela entidade
devedora ou pelo contribuinte através de uma declaração periódica. O
pagamento consiste, pois, em pôr à disposição do tesouro público o valor em
moeda corrente, numerário, cheque visado, vale de correio ou transferência
bancaria do imposto devido nos prazos estabelecidos.
Como indica o diagrama abaixo, existem varias formas de pagamento do
imposto líquido quer seja pelo próprio contribuinte ou por um terceiro.

Esquema nº1:

Pagamento do Imposto

Pelo próprio contribuinte Por um terceiro

Pagamento Retenção na Fonte Ordenado pela administração

Espontâneo Fiscal
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- Cobrança coerciva

- Confiscação

- Outros

Pelo próprio contribuinte


O imposto deve ser pago até o dia 30 de Setembro do ano seguinte à
obtenção do rendimento tributável. Por exemplo, se o contribuinte obteve um
rendimento qualquer em 2010. Ao respeitar regularmente esta data, significa
que o sujeito está a agir de forma espontânea.

Por um terceiro
Existem regras de retenção na fonte em que as entidades devedoras
são obrigadas a colocar à disposição do tesouro público o imposto devido nos
prazos legalmente estabelecidos, consoante o domicílio fiscal do sujeito
passivo. Reter na fonte significa deduzir ou subtrair o imposto diretamente do
rendimento coletável do contribuinte, antes de lhe pagar um rendimento líquido.
As quantias retidas nos termos dos artigos 90.º a 92.º devem ser
entregues até ao dia 10 do mês seguinte àquele em que foram deduzidas.
Pagamento ordenado será quando a administração fiscal no uso do seu ius
imperium ordena o pagamento do imposto, através da cobrança coerciva,
confiscação e outros.

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41. IRC
O código de imposto sobre o rendimento de São Tomé e Príncipe,
aprovado pelas leis n.º16/2008 e 17/2008 e alterado pela lei 10/2009 visa o
rendimento de pessoas singulares e coletivas, respetivamente o IRS e IRC.
Pode-se observar aqui, um elemento de ligação entre os dois impostos
diretos que se refere aos rendimentos de atividades profissionais ou
empresariais. Estas atividades podem num e noutro ser fiscalmente tributadas,
mediante o regime simplificado de determinação do lucro tributável e o regime
de escrituração simplificada, salvo algumas restrições aplicadas ao IRC. Note-
se também que, na determinação da matéria coletável, distinguem-se dois
grupos de tributação no que se refere ao IRC, os quais são distribuídos em
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função do carater estável da atividade que desenvolvem as entidades que a


integram e de um montante limite do volume de negócio anual atingindo, mas,
sobretudo, da obrigatoriedade de ter uma contabilidade organizada ou não.

a) GENERALIDADES SOBRE O IRC

Este excerto trata dos diversos elementos necessário para uma


compreensão geral dos capítulos sequenciais, esta lei de imposto visa o
rendimento de pessoas coletivas. Assim, poder-se-á conhecer as suas
características definidas que vão desde a incidência pessoal, real, de
liquidação e os de pagamento.

b) INCIDÊNCIA PESSOAL

Poder-se-á perguntar quem são as pessoas que devem pagar o IRC. A


incidência pessoal determina ou define essas pessoas. O que se deve reter é
que não se trata de pessoas no sentido particular ou individual, mas de
entidades que exercem atividades económicas ou financeiras com o objetivo de
obter lucros. Essas entidades possuem bens e direitos que são os ativos e
obrigações para com o terceiro que são os passivos, e suportam custos
diversos, o que lhes permitem cumprir a missão de fornecimento de bens e
serviços no mercado.

Esquema n.º 1

Comerciais
As sociedades Civis

As cooperativas

Com personalidade jurídica Empresas públicas


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Outras de direito público ou


privado
Residentes Sem personalidade jurídica
Cujos rendimentos não Pessoas inválidas
Estejam sujeitos ao IRS ou Associações
IRC (sobre o titular) Sociedade Civis
Sociedades Comercias
Sociedades Civis comerciais
Eti Heranças jacentes
qu
et
as

Estabelecimento estável

Cujos os rendimentos
Não Residentes não estejam sujeitos a IRS
Sem estabelecimento estável

c) ALGUMAS DEFINIÇÕES

As sociedades comerciais são entidades que têm por objeto a prática de atos
de comércio e adotam o tipo de sociedade:
 Por quotas;
 Anónima;
 Em nome coletivo;
 Em comandita simples;

As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de capital e


composição variáveis, que visam através da cooperação e entreajuda dos

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IMPOSTO DIRETO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

seus membros e na observância dos princípios cooperativos, a satisfação,


sem fins lucrativos, das necessidades económicas, sociais ou culturais
destes, podendo ainda, na prossecução dos seus objetivos, realizar
operações com terceiros.
O Código Cooperativo prevê como ramos do sector cooperativo os
seguintes: o consumo, a comercialização, a agricultura, o crédito, a
habilitação e construção, a produção operaria, o artesanato, a pesca, a
cultura, os serviços, o ensino e a solidariedade social.
A função desempenhada pelas cooperativas assume um especial relevo
que é reforçado pela dignidade constitucional que lhe é conferida.
As sociedades civis são aquelas que não têm por objeto a prática de
atos de comércio ou de qualquer dos tipos de atividade previstos na lei.
As sociedades civis podem adotar qualquer um dos tipos societários já
referidos, previstos para as sociedades comerciais. Neste caso, designam-
se por sociedades civis sob forma comercial e estão sujeitos ao regime do
Código das Sociedades Comerciais, adquirindo, por isso, personalidade
jurídica próprio a partir do registo definitivo do contrato de sociedade.
As restantes são sociedades civis sob forma civil ou sociedades civis puras
e regular-se-ão pelas disposições do Código Civil, não sendo, em principio,
dotadas de personalidade jurídica.

d) INCIDÊNCIA REAL

Os rendimentos sujeitos ao IRC são:


Artigo 4.º
a) O lucro das pessoas e entidades referidas nas alíneas a) e b) do
n.º1 do artigo 2.º que exerçam uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola, ainda que a titulo secundário,
acidental ou temporário;
b) O lucro imputável ao estabelecimento estável situado em território
São – tomense de entidade, com ou sem personalidade jurídica,
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que não tenham sede nem direção efetiva em território São –


tomense e cujos rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos a
IRS.
c) Os rendimentos das diversas categorias consideradas para
efeitos de IRS, auferidos por entidades mencionadas na alínea
anterior, que não possuam estabelecimento estável em território
São – tomense ou que, possuindo-o, não lhe sejam imputáveis.

e) DEFINIÇÃO DE GRUPOS DE TRIBUTAÇÃO

O código do imposto sobre rendimentos de pessoas coletivas distingue,


no artigo 18.º, dois grupos de tributação para os diversos tipos de empresas
existentes no país, a saber: as empresas do grupo 1 e as do grupo 2. Esta
distinção é determinada principalmente pelo volume de negócio.

Pode-se ver no quadro a seguir as características principais dos diferentes


grupos:

Quadro n.º1
Características Grupo 1 Grupo 2

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.Volume de negócio .»500 Mil de dobras .«500 Milh de dobras

.SA, SCA, EP .Outros


. Tipo de empresas

.Estável/permanente .Ocasional/temporária
.Qualidade de atividade
e estabelecimento

.Organizada .RSDLT, RES


.Tipo de contabilidade

1SA (sociedade anonima), SCA (sociedade em comandita por ações), EP (empresas públicas)

2 RES é o regime de escrituração simplificada e o RSDLT é o regime simplificado de determinação do


lucro tributável.

O enquadramento num grupo qualquer deve ser feito logo no inicio de


atividade empresarial ou no ano a que respeita o rendimento, a partir do
cumprimento de certos requisitos como, por exemplo, o registo junto da
administração fiscal. Mais além serão detalhadas as características de cada
grupo no que concerne aos livros de registos.

f) REGIME DE ESCRITURAÇÃO SIMPLIFICADA (RES)

Segundo o IRS no seu artigo n.º55, o regime de escrituração


simplificada consiste na declaração do lucro tributável pelos sujeitos passivos
do grupo 2, calculado a partir da diferença entre os proveitos obtidos e os
custos suportados num determinado exercício.

Entretanto, para pertencer a este regime, é necessário que as entidades


sejam registadas junto à administração fiscal de acordo com livros de registos
estabelecidos pela lei.
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Esquema 2:

- de compras
-Obrigação de - de matérias primas e de concurso
Registos - das vendas e de bens e serviços
- das despesas e operações de investimento
- de existências até 31/12 de cada ano
- das despesas de reembolso efetivos em nome e
- por conta de clientes
RES
- no prazo de 60 dias
- livros apresentados antes de utilizados para serem
Assinados os termos de abertura e enceramento
-Regras de - importâncias para cobrir despesas de clientes
Lançamentos considerados como receitas no ano posterior
- suportados por documentos comprovativos
- registros de despesas podem ser feitas
globalmente se estiverem apoiadas em contas correntes
individuais de clientes descriminados e documentos Commented [js1]:

- devem ser apoiados de documentos comprovativos

-Lucros tributáveis = proveitos ou ganhos – custos ou perdas

 Por despacho do Ministro responsável pelas finanças poderão ser


estabelecidos outros registos obrigatórios destinados ao
apuramento do rendimento coletável.

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 Os livros referidos neste artigo devem ser apresentados, antes de


utilizados, com as folhas devidamente numeradas, na Direção dos
Impostos ou na Delegação do Príncipe, para que sejam assinados
os seus termos de abertura e enceramento e rubricadas as
respetivas folhas, podendo ser utilizada a chancela.

g) REGIME SIMPLIFICADO DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO


TRIBUTÁVEL
Esquema nº3:

- declaração do inico de atividade


- Condições de - não tenha optado por RES
abrangência - conforme o valor total dos proveitos
estimado já no início de atividade
- das vendas de mercadorias
- condições de registros - de produtos fabricados
- de serviços prestados
0,2 – valor de mercadorias vendidas
-coeficiente 0,2 – valor de serviços prestados
- regras de técnico 0,3 – valor dos restantes proveitos
RSDLT determinação - aplicação aos valores de base dos indicadores
do LT técnico-científicos aprovados pelo ministro das
fianças
- LT=proveitos X coeficiente técnico se não forem
determinamos os indicadores técnico-científicos
os coeficientes podem ser ajustados segundo
um regulamento por critérios técnicos
- montante mínimo dos proveitos = 18 x salário mínimo
- Lucro tributários = proveitos ou ganhos – custos ou perdas

h) OUTRAS CONDICÕES

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Os livros referidos no número anterior devem ser apresentados, antes de


utilizados, com as folhas devidamente numeradas, na Direção dos Impostos ou
na Delegação do Príncipe, para que sejam assinados os seus termos de
abertura e encerramento e rubricadas as respectivas folhas, podendo ser
utilizada a chancela.
Os valores de base necessários para o apuramento do lucro tributável são
passíveis de correção pela administração fiscal nos termos gerais previstos
neste Código. Em caso de correção aos valores de base referidos no número
anterior por recurso a métodos indiciários de acordo com o artigo 65.º, é
aplicável com as necessárias adaptações ao disposto nos artigos 66.º e 67.º.

Indicadores de atividade inferiores aos normais


1. Aplica-se também o regime simplificado de determinação do lucro
tributável aos seguintes casos:
a) Quando a matéria tributável do sujeito passivo se afastar, sem razão
justificada, mais de 30% para menos ou, durante três anos seguidos,
mais de 15% para menos, da que resultaria da aplicação do regime
simplificado de determinação do lucro tributável;

b) Quando os sujeitos passivos apresentarem, sem razão justificada,


resultados tributáveis nulos ou prejuízos fiscais durante os três últimos
exercícios consecutivos, salvos nos casos de início de atividade, em que
a contagem deste prazo se faz no termo do terceiro ano, ou em três
anos durante um período de cinco;

c) Quando os sujeitos passivos do grupo 2 forem aplicados durante dois


anos consecutivos os métodos indiciários por violação dos seus deveres
de registo, aplica-se o regime simplificado de determinação do lucro
tributável a partir do terceiro ano, por 3 anos, a não ser que o regime de
escrituração simplificada conduza a uma tributação superior.

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2. O regime simplificado de determinação do lucro tributável só pode


aplicar aos casos do número anterior, se a declaração em que a
liquidação se baseia, apesar de estar completa e corretamente
preenchida, não apresentar razões justificativas desse afastamento, e
depois de notificado o sujeito passivo para exercer o direito de audição.

Período mínimo de permanência


1. O período mínimo de permanência no regime de tributação simplificada
é de três anos, prorrogável automaticamente por iguais períodos, exceto
se o sujeito comunicar, ao fim de um período de três anos, a opção pelo
aplicação do regime de escrituração simplificada, ou se o sujeito passivo
passar a integrar o grupo 1.

2. O disposto no número um é também aplicável aos casos previstos no


artigo 59.º.

i) TAXAS, LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO

I. Taxas

No seu artigo 81.º, o IRC prevê uma taxa geral de 25% que será aplicado ao
lucro tributável das empresas, em caso de declaração periódica apresentada
dentro do prazo legal.
Por outro lado, em caso de retenção na fonte de rendimentos, a taxa a aplicar é
de 20%.
II. Liquidação

A liquidação é uma das fases do pagamento do imposto. Dentro do prazo


legal, normalmente os contribuintes podem efetuar as suas declarações,
mas a Direção dos Impostos pode notificar o contribuinte, no sentido de as
fazer se este não tiver respeitado o referido prazo. O esquema a seguir

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indica as duas possibilidades apresentadas no código IRC no seu artigo


82.º.
Esquema 4:

Liquidação
do imposto

Pelo próprio Por um Terceiro


Contribuinte

Pela direção Retenção na fonte


dos impostos

Dentro do prazo Fora do prazo


legal Legal

Pagamento por Pagamento Anual


conta
Até 31 de
Agosto do
ano seguinte
-Junho Até 30 de Abril do ano Fevereiro do ano seguinte a que
-Setembro seguinte aquele a que aquele a que respeitam os respeitar o
-Dezembro respeitam os rendimentos rendimentos rendimento

Sujeitos do Sujeitos do Sujeitos do


GI e G2 Grupo 1 Grupo 2

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Quadro nº 2
Prazo legal Data do prazo Matéria coletável de base
Pelo próprio Dentro do prazo Até o fim de A matéria coletável constante
Contribuinte Abril da declaração

Pela Direção dos Fora do prazo ou Até 31 de A totalidade da matéria


impostos falta de Agosto do ano coletável do exercício mais
declaração corrente próximo e de outros
elementos julgados
necessários

A determinação do imposto a pagar terá em conta algumas deduções à


coleta previstas no código do IRC, como é descrita no seu artigo 83.º, como se
segue no esquema:

Esquema nº5:
Deduções a coleta

Não dá lugar ao reembolso Dá lugar ao reembolso


É feita até a concorrência Se os montantes retidos forem
da coleta do IRC
superiores ao imposto devido
Dupla tributação em cada exercício
económica. a)

Retenções na fonte
Benéficos
ficais. b)

Pagamento por Deduções aplicativas a É imputada aos


conta. c) entidades sob o regime de sócios ou membros
transparência fiscal

É feita sobre o Se a dedução não for suficiente é feita


montante do até os 3 exercícios fiscais seguintes 1
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imposto apurado na depois de feitas as deduções das a) e
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declaração b)
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Enquadrado 1-Artigo 83.º

1. Ao montante apurado nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo anterior,


serão efetuadas as seguintes deduções, pela ordem por que vão
indicadas.
a) A correspondente à dupla tributação internacional;
b) A relativa a benefícios fiscais:
c) A relativa ao pagamento especial por conta;
d) A relativa às retenções na fonte quando estas tenham a natureza de
imposto por conta de IRC.
2. As deduções referidas no n.º1, respeitantes a entidades a que seja
aplicável o regime de transparência fiscal estabelecido no artigo 12.º,
serão imputados aos respetivos sócios ou membros nos termos
estabelecidos no n.º 3 desse artigo e deduzidas ao montante apurado
com base na matéria coletável que tenha tido em consideração a
imputação prevista no mesmo artigo.

3. As deduções efetuadas nos termos das alíneas a) a c) do n.º1, deverão


ser efetuadas até a concorrência da coleta do IRC, não havendo lugar a
qualquer reembolso.
4. As deduções efetuadas nos termos da alínea d) do n.º1 dão lugar a
reembolso quando os montantes deduzidos sejam superiores à
obrigação de imposto apurada no final de cada exercício.
5. Ao montante apurado pelo Diretor dos Impostos ou outros funcionários
por ele indicados, nos termos de alínea a) do n.º1 do artigo anterior,
apenas serão efetuadas as deduções de que a Direção dos impostos

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tenha conhecimento e que possam ser efetuadas nos termos do artigo


n.º1 deste artigo.
6. A dedução a que se refere a alínea c) do n.º1 é efetuada ao montante
apurado na declaração periódica de rendimentos, prevista no artigo
107.º, do próprio exercício a que respeita ou, se insuficiente, nos
exercícios seguintes até ao máximo de 3 exercícios fiscais, depois de
efetuadas as deduções referidas nas alíneas a) e b) do n.º1 e com
observância do número anterior.
7. Nos casos em que seja aplicável o disposto na alínea b) do artigon.º2 do
artigo 76.º, serão efetuadas anualmente liquidações com base na
matéria coletável determinada com caracter provisório, devendo, face à
liquidação correspondente à matéria coletável respeitante a todo o
período de liquidação, cobrar-se ou anular-se a diferença apurada.
8. A liquidação prevista no n.º1 poderá ser corrigida, se for caso disso,
dentro do prazo de caducidade, cobrando-se ou anulando-se então as
diferenças apuradas.

a) A dupla tributação internacional

Artigo 83.º

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Esquema n.º6
Dupla tributação
económica

Dedução é aplicável

Sim Não
Quando na matéria coletável inclui Quando na matéria coletável não inclui
rendimentos obtidos no estrageiro rendimentos obtidos no estrangeiros

Dedução corresponde a:

I- Imposto sobre o 2-Fração do IRC relativa aos


rendimento pago no rendimentos tributados no país
estrangeiro em causa

Depende da apresentação no prazo


legal na direção dos impostos de uma
declaração contendo:

Identificação do sujeito passivo

Montante total do rendimento


auferido e do imposto pago 1
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Data de pagamento do imposto

b) Retenção na fonte

Só há lugar à retenção na fonte do Imposto sobre o rendimento de pessoas


coletivas nos termos do artigo 86.º a seguir:
1. O IRC é objeto de retenção na fonte relativamente aos seguintes
rendimentos obtidos em território São-tomense, quando o seu
devedor seja sujeito passivo de IRC com obrigação de ter
contabilidade organizada ou escrituração simplificada, ou quando os
mesmos constituam encargo relativo à atividade comercial, industrial
ou agrícola de sujeitos passivos de IRS com idênticas obrigações:
A) Rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial e bem
assim da prestação de informações respeitantes a uma experiência
adquirida no sector industrial, comercial ou científico;
B) Rendimentos derivados do uso ou da concessão do uso de
equipamento agrícola, industrial, comercial ou científico:
C) Rendimentos de aplicação de capitais tal como são definidos para
efeitos de IRS;
D) Remunerações auferidas na qualidade de membro de órgãos estatuários
de pessoas coletivas e outras entidades;
E) Prémios de jogo, nomeadamente, lotarias, rifas e apostas mútuas, bem
como importâncias ou prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou
concursos e outros jogos regulamentados;
F) Rendimentos derivados do exercício em território São- tomense da
atividade de profissionais de espetáculos ou desportistas, quando o

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devedor dos mesmos seja sujeito passivo do IRC ou quando os mesmos


constituam encargo relativo à atividade comercial, industrial ou agrícola
de sujeitos passivos de IRS que devam possuir contabilidade organizada
ou escrituração simplificada;
G) Rendimentos provenientes da realização de trabalhos ou serviços para
um cliente no território São-tomense, de natureza igual ou semelhante
àqueles realizados através de estabelecimento estável.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se obtidos


em território São-tomense os rendimentos mencionados no artigo 9.º.
3. As retenções na fonte têm a natureza de imposto por conta, exceto
quando o titular dos rendimentos seja entidade não residente que
não tenha estabelecimento estável em território São-tomense ou que,
tendo-o, esses rendimentos não lhe sejam imputáveis, caso em que
a retenção na fonte tem carácter definitivo.
4. As retenções na fonte dos rendimentos referidos no presente artigo
sujeitos ao IRC são efetuadas á taxa prevista no n.º 2 do artigo 81.º
apresentado acima.
5. A obrigação de efetuar a retenção na fonte de IRC ocorre na data
que estiver estabelecida para obrigação idêntica no Código do IRS
ou na sua falta, na data da colocação à disposição dos rendimentos,
devendo as importâncias retidas serem entregues ao Estado nos
termos e prazos estabelecidos no Código do IRS ou em legislação
complementar.

III. Pagamento do imposto

Pode-se distinguir dois casos principais no que concerne ao pagamento do


imposto:
1º- No caso de contabilidade organizado e/ou escrituração simplificada,
segundo o artigo 92.º

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O IRC devido pelos sujeitos passivos do grupo 1 e pelos do grupo 2


(com regime de escrituração simplificada) será pago em três prestações por
conta com vencimento nos meses de Julho, Setembro e Dezembro do próprio
ano a que respeita o lucro tributável, podendo também ser efetuado o
pagamento da diferença entre o valor do imposto apurado para o exercício
económico e o montante entregue, sendo assim até 30 de Abril do ano
seguinte, como indica o esquema a seguir:

Esquema nº7:

Pagamento do
Imposto

3 Pagamento por conta Pagamento da diferença entre


 Em junho o imposto devido e a soma já
entregue
 Em setembro
 Em dezembro

Diferença <0 Diferença > 0


Efetuados Não Efetuados

Reembolso ao
contribuinte Até o último dia do
prazo legal de
Calculados com base Juros de mora desde o declaração anual
no imposto liquidado término do prazo até a
e igual a 25% do data de pagamento Até o término do
mesmo ano económico em
que a liquidação
teve lugar

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2º - No caso de regime simplificado, artigo 94.º

Neste caso, o pagamento por conta é efetuado nos prazos legais e até o
ultimo dia dos meses que para o caso anterior, mas o prazo de declaração
anual é fevereiro do ano seguinte ao dos pagamentos trimestrais.
Entretanto, os sujeitos passivos no regime simplificado de determinação
do lucro tributável, serão notificados dos prazos de pagamento do imposto
previstos, através dos meios de comunicação social, e os montantes devidos
ser-lhe-ão comunicados nos locais definidos pela Direção dos Impostos,
esquema nº6 a seguir resume o caso:

Esquema:8

Pagamento do
imposto

Pagamento por Pagamento da diferença


conta Calculados pela DI entre o imposto devido
e a soma já entregue

Prazos Até fevereiro do


Montantes
ano seguinte a
que respeita o
3 obrigatórios até Lucro Tributável
Fim junho = 75% do imposto
Fim setembro liquidado
Fim dezembro

11 opcional
mensal:
autorizado pela
DI

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Efetuados Não Efetuado

Calculados com base Juros de mora desde o termino


no imposto do prazo até a data de
liquidado do ano pagamento
precedente

j) CÁLCULO DO IMPOSTO
Para a determinação do lucro tributável, em geral, segue-se a metodologia
seguinte de passagem do resultado simplesmente contabilístico ao resultado
fiscal que é a base do cálculo do imposto.

Ao resultado contabilístico, adicionam-se os encargos não aceites


fiscalmente e subtraem-se os proveitos não tributáveis, para se obter o
resultado fiscal.

Principio de passagem do resultado do exercício ao lucro tributável

Quadro nº3

Custos ou perdas Proveitos ou ganhos Análise fiscal dos Análise fiscal


registadas registados encargos dos proveitos
contabilisticamente contabilisticamente

Resultado do Custos dedutíveis Proveitos


Exercício tributáveis
Custos não Proveitos não
dedutíveis dedutíveis
Determinação do resultado fiscal:
Resultado do exercício + Reintegrações (custos não dedutíveis ou cuja dedução é

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limitada fiscalmente) – Deduções (proveitos não dedutíveis) = Resultado fiscal

Consequência:
O resultado fiscal ou lucro tributável ou lucro tributável é a base de
cálculo do imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas.

Capitulo XV- METOLOGIA


42.ASPETOS METODOLOGICOS

“Patton (cit in Santos, 1996) afirma que uma das características de um


bom trabalho é uma descrição detalhada e bem feita, tanto da metodologia,
como das partes essenciais da pesquisa em si. Esta inter-relação entre as
partes contribuirá significativamente para a consecução de um estudo fiável e
preciso” (Ferreira, 2000). Sendo assim, o objetivo deste capítulo será a
apresentação dos elementos metodológicos que servirão de orientação ao
nosso estudo.

a) Método e técnica usados

O método usado na pesquisa é a pesquisa através de fontes de dados e a


técnica é a análise documental.

b) Contextualização

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A importância de Análise Documental consolida-se cada vez mais perante a


atual sociedade da informação. As tecnologias da informação e comunicação
(TIC) têm impulsionado a divulgação e o intercâmbio de informação através do
estabelecimento de redes e, de certa forma, influenciado as possibilidades de
processamento das informações, por exemplo, ao facilitarem o manuseamento
de grandes volumes de documentos (Peña Vera & Morillo, 2007).

c) O que é Análise Documental

A definição de Analise Documental tem sido exposta por diferentes


investigadores e estudiosos do tema. Contudo, diferentes matrizes e aspectos
centrais tem prevalecido ao longo de algumas décadas. Vickery (1970) refere
que está técnica responde a três necessidades informativas dos utilizadores,
sendo estas (i) conhecer o que os outros investigadores têm feito sobre uma
determinada área/assunto; (ii) conhecer segmentos específicos de informação
de algum documento em particular; e (iii) conhecer a totalidade de informação
relevante que exista sobre um tema específico.

Para Carmo & Ferreira (1998) a Analise Documental é um processo que


envolve seleção, tratamento e interpretação da informação existente em
documentos (escrito, áudio ou vídeo) com o objetivo de retirar algum sentido.
No processo de investigação é necessário que o investigador recolha
informação de trabalhos anteriores, acrescente algum valor e transmita à
comunidade científica para que outros possam fazer o mesmo no futuro. Trata-
se, portanto, de estudar o que se tem produzido sobre uma determinada área
para poder “introduzir algum valor acrescido à produção científica sem correr o
risco de estudar o que já está estudado tomando como original o que já outros
descobriram”. (Carmo & Ferreira, 1998:59).

Assim, a técnica da Análise Documental caracteriza-se por ser um processo


dinâmico ao permitir representar o conteúdo de um documento de uma forma

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distinta do original, gerando assim um novo documento (Peña Vera & Morillo,
2007).

Para Sanchez Díaz & Veja Valdés (2003) a Análise Documental encarrega-
se da análise sobre o conteúdo do documento, orientando-se basicamente na
representação, organização e localização das informações. Esta técnica
permite criar uma informação nova (secundária) fundamentada no estudo das
fontes de informação primária. Assim, a informação secundária cria-se com a
influência direta da primária, num processo que relaciona a descrição
bibliográfica, a classificação, a elaboração de anotações e de resumos, e a
transcrição técnico-científica. Neste contexto, os autores afirmam que a Analise
Documental procura dar ordem ao caos e solucionar problemas.

Por outro lado, Coutinho et al. (2009) refere como dado primários àqueles
que a própria investigação produz, por exemplo, os recolhidos através da
aplicação de uma entrevista ou questionário. Os dados secundários são
definidos como as informações já produzidas que o investigador recolhe, ou
seja, não há a influência do investigador sobre a fonte de informação. Assim,
os autores enfatizam que todo o ato de investigação é necessário pensar sobre
as formas de recolher as informações que a própria investigação vai
proporcionando ou d recolher informação já produzida.

Quivy & Compenhoudt (1992: 201) utilizam o termo “recolha de dados


preexistentes”, onde se pode enquadrar a Análise Documental. Os autores
indicam que o investigador pode recolher dados para estuda-lo por si próprios
ou para encontrar informações uteis para estudar outros objetos. Estes
documentos podem ser manuscritos, impressos ou audiovisuais, oficias ou
públicos, privados ou de algum organismo, contendo texto ou números.

Para além dos documentos escritos, esta técnica é também aplicada sobre
imagens (fotografias, pinturas, mapas, artefactos), sobre áudio (músicas) e
sobre documentos audiovisuais (vídeos). Com as tecnologias da informação e

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comunicação cada vez mais difundida na sociedade atual, os conteúdos


digitais também são documentos utilizados pelos investigadores. Informações
contidas em web sites, blogs, wikis, comunidades online, entre outras, estão a
ser fonte de recolha de dados para a investigação (Gray, 2004; Denscombe,
1998).

O processo de validação dos dados provenientes desta variada fonte


documental engloba, sobretudo, o controle da credibilidade dos documentos e
das informações que eles contêm. Denscombe (1998) chama a atenção
especialmente para as informações contidas na Internet, onde a questão da
autoria, credibilidade e autenticidade é por muitas vezes difícil de ser
estabelecida. Também é considerado no processo de validação dos dados a
sua adequação aos objetivos e às exigências do trabalho de investigação
(Denscombe, 1998; Quivy & Compenhoudt, 1992).

d) Quando utilizar esta técnica


Como é possível visualizar no esquema da página inicial, a técnica da
Analise Documental enquadra-se nos diversos paradigmas de investigação –
qualitativo, quantitativo e misto. Segundo Quivy & Compenhoudt (1992) a
análise de documentos é especialmente importante na análise de (i)
fenómenos macrossociais, demográficos e socioeconómicos; (ii) mudanças
sociais e do desenvolvimento histórico; (iii) mudanças a nível organizacional; e
(iv) ideologias, sistemas de valores e da cultura.

Conforme Denscomde (1998), a revisão de literatura enquadra-se na


Analise Documental, devendo esta ser uma etapa que todo o investigador deve
envolver na sua investigação. A revisão de literatura apresenta as seguintes
funções para investigação: (i) ter conhecimento sobre os trabalhos existentes e
disponíveis na sua área; (ii) conhecer os conteúdos, as questões cruciais, e as
lacunas existentes no atual estado do conhecimento na área; e (iii) promover
uma visão sobre as bases e os rumos das investigações.

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e) Principais vantagens

- Economia de tempo e de dinheiro;


- Evita o recurso abusivo das sondagens e questionários;
- Aproveita a riqueza do material documental disponível;
- Estabilidade das informações por serem “ fontes fixas” de dados;
- É uma técnica que não altera o ambiente ou os sujeitos.

f) Limites e problemas

- O investigador pode ver-se impedido de divulgar informações ou pode


verificar que os dados são inadequados ou manipulados;
- Falta da vivência do fenômeno para melhor representá-lo;
- A falta de objetividade;
- Validade questionável;

g) Instrumentos relacionados

A técnica da Análise Documental recorre mais frequentemente à utilização dos


seguintes instrumentos de recolha de dados:
 Ficha de Leitura
 Análise de Conteúdo
 Análise Estatística

1. Descrição do estudo

O estudo é constituído por seis (6) partes que incluem:


1.1. Introdução, onde se define o assunto, o tema e delimita-se o tema;
1.2. A justificativa, onde se identifica as razões pela escolha do tema;
1.3. Os objetivos do projeto, sendo eles geral e específicos;

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1.4. A fundamentação teórica ou revisão da literatura, onde se faz toda a


fundamentação do trabalho;
1.5. Os aspetos metodológicos relativas ao trabalho;
1.6. A bibliografia referente ao trabalho.

2. Objetivo do estudo

O objetivo do estudo é mostrar como estão estruturados os impostos diretos


em São Tomé e Príncipe.

3. Delimitação do estudo

Este estudo está delimitado sobre os impostos diretos em território nacional.

4. População e amostra

A amostra são os sujeitos passivos, sujeitos aos impostos diretos


relativamente as leis São- Tomenses.

5. Métodos e técnicas de investigação

O método usado é a analise de dados pois apreendeu-se os documentos


como base para o desenvolvimento do estudo e também pode ser percebida
como uma investigação relacionada à pesquisa histórica, uma vez que busca a
reconstrução critica dos dados passados.

A técnica usada foi a pesquisa documental, envolvendo um processo de


intervenção sobre o material documental com o objetivo de facilitar a
compreensão e uso de tais informações.

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Como procedimento na recolha de dados, foram feitas pesquisas através de


dados documentais visto que, o trabalho se tratamento de impostos diretos
seria melhor ter dados já registrados de forma a garantir a veracidade dos
mesmos e também dado que a obtenção dos dados seria muito fácil dessa
forma do que de qualquer outra.

6. Tratamento de dados

O tratamento dos dados recolhidos para análise documental foi efetuado


através da descrição e representação dos conteúdos dos diversos documentos
de forma unificada e sistemática num computador pessoal com a ajuda do
orientador do trabalho.

Artigos usados
IRS
Artigo 1º, Artigo 16º, Artigo 43º, Artigo 66º, Artigo 72º, Artigo 73º, Artigo 74º,
Artigo 77º, Artigo 90º, Artigo 91º, Artigo 92º, Artigo 98º, Artigo 99º.

IRC
Artigo 2º, Artigo 4º, Artigo 12º, Artigo 12º, Artigo 18º, Artigo 55º, Artigo 58º,
Artigo 59º, Artigo 65º, Artigo 66º, Artigo 67º, Artigo 76º, Artigo 81º, Artigo 82º,
Artigo 83º, Artigo 86º, Artigo 92º, Artigo 93º, Artigo 94º.

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Referências bibliográficas
Pereira, Noemi. Direito Fiscal I, 85p.
Ticiana, analise documental. Disponível em:
<http:wiki.uasapo.pt/wiki/Na%C3%A1lise_Documental> Acesso em: 17 de
Outubro de 2018
Diário da Republica, Lei nº 16/2008 “Código do Imposto sobre o Rendimento de
pessoas singulares”, 47 p.
Diário da Republicam Lei nº17/2008 “Código do Imposto sobre o Rendimento e
pessoas coletivas” 57 p.
Afonso, Valdemiro da gama. Manual de aplicação IRS 1 ed. São Tomé e
Príncipe, 2011, 76 p.
Afonso, Valdemiro da gama. Manual de aplicação IRC 1 ed. São Tomé e
Príncipe, 2011, 96 p.
Campenhoudt, luc van; quivy, Raymond. Manual de investigação em Ciências
Socias, 1998, 284 p.

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