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Topografia II - Geoprocessamento

Profa. Esp. Geisla Aparecida Maia Gomes


1ª Edição
Gestão da Educação a Distância
Cidade Universitária - Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br
0800 283 5665

Todos os direitos desta edi-


ção ficam reservados ao Unis
- MG.
É proibida a duplicação ou
reprodução deste volume (ou
parte do mesmo), sob qual-
quer meio, sem autorização
expressa da instituição.
Autoria

Profa. Esp.
Geisla Aparecida Maia Gomes

Graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS. Graduada em
Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Vale do Rio Verde - UNINCOR. Mestranda
em Estatística Aplicada pela Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL. Pós-graduada em Ma-
temática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Pós-graduada em Física pela
Universidade Federal de Lavras - UFLA. Pós-graduada em Gestão Educacional pela FACECA.
Pós-graduada em Design Instrucional pela Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI. Pós-gradu-
ada em Metodologias Ativas pelo Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS, Pós-graduanda
em Engenharia de Estruturas pelo Centro Universitário do Sul de Minas - Unis. Pós-graduanda
em Geoprocessamento e Georreferenciamento pela UCAMProminas. Atualmente atua como
professora da Escola Estadual Coração de Jesus, como Engenheira Civil na empresa G&G En-
genharia Civil e como professora na Unidade de Gestão da Educação a Distância do Unis-MG.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7396303156419720


GOMES, Geisla Aparecida Maia. Topografia II - Geoprocessamento.
Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2019.

48 p.

1. Topografia. 2. Altimetria. 3. Curva de Nível

Unis EaD
Cidade Universitária – Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
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Caríssimo(a),
Podemos entender o termo “topografia” como uma descrição minuciosa de algum lu-
gar. De fato, vem do grego, língua na qual topos significa lugar ou região e grafia significa es-
crever. Então, a topografia é a ciência geográfica que estuda os chamados acidentes do relevo,
especificando suas localizações e situações na superfície terrestre. A topografia também pode
estudar as superfícies de corpos celestes como luas, planetas e asteroides.
Dessa forma, a topografia é uma ferramenta fundamental para a ciência cartográfica,
pois analisa detalhadamente medidas de área, perímetro, altitude, variações do relevo, orien-
tação, entre outros aspectos que auxiliam na construção de cartas topográficas com maior
verossimilhança.
Antes de desenvolver qualquer projeto de construção civil, faz-se necessário realizar
um levantamento topográfico, que mede perímetros e a área total do terreno disponibilizado
para a execução da obra. Através do estudo da topografia do terreno, o engenheiro responsá-
vel pela obra consegue visualizar melhor as imperfeições e declives, identificando a necessida-
de de aterros e se o projeto é viável para a empresa, evitando desperdício de dinheiro.
Sendo assim, espero que vocês aproveitem da melhor forma a disciplina, notando a
importância do estudo Topográfico para as edificações em geral.
Ótimo curso!
Abraço,
Profª Esp. Geisla Ap. Maia Gomes
Ementa
Cálculo de áreas. Planilha de cálculo das coordenadas dos vértices de uma po-
ligonal. Coordenadas. Desenho por coordenadas. Emprego de programas apli-
cativos de topografia. Altimetria. Elevações e acidentes topográficos. Curvas de
nível. Métodos de nivelamento. NBR 13133/94 - Normas p/ topografia. Locação
de obras de engenharia. Noções de aerofotogrametria. Emprego da topografia
em projetos de uso, ocupação e parcelamento do solo.

Orientações
Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.

Palavras-chave
Topografia, Altimetria e Curva de Nível.
Unidade I - Revisão em Topografia I 12
1. Introdução 12
1.1. Levantamento Topográfico 12
1.2. Divisões da Topografia 13
Unidade II - Altimetria 16
2. Introdução 16
2.1. Conceitos 16
2.1.1. Nivelamento Topográfico 17
2.2. Termos Técnicos 18
2.2.1. Vertical Local 18
2.2.2. Plano Horizontal Local 18
2.2.3. Nível Médio dos Mares 19
2.2.4. Geoide Terrestre 20
2.2.5. Elipsoide Terrestre 20
2.2.6. Altitude Ortométrica e Cota 23
2.2.7. Ponto Cotado 23
2.2.8. Plano Cotado 24
2.2.9. Referência de Nível Local - RNL 24
2.2.10. Plano de Referência Local - PRL 25
2.2.11. Superfície de Nível Verdadeiro – PRL 25
2.2.12. Superfície de Nível Aparente - SNA 26
2.2.13. Referência de Nível Verdadeiro - RNV 26
Unidade III - Nivelamento Topográfico 28
3.1. Introdução 28
3.2. Nivelamento Topográfico 28
3.2.1. Nivelamento Estadimétrico 28
3.2.1.1. Procedimento de Campo 30
3.2.1.2. Transporte de Cota 31
3.2.1.3. Fontes de Erros no Nivelamento Estadimétrico 32
3.2.2. Nivelamento Geométrico 33
3.2.2.1. Nível Óptico 34
3.2.2.2. Nivelamento de Dois Pontos 35
3.2.2.3. Levantamento Topográfico de um Perfil 36
3.2.3. Nivelamento Trigonométrico 40
3.2. Levantamento Planialtimétrico 42
3.2.1. Cálculo das Distâncias Horizontais – DH 42
3.2.2. Cálculo das Diferenças de Nível – DN 43
3.2.3. Cálculo de Cota da Estação 43
3.2.4. Cálculo de Cota dos Demais Pontos – Cpn 43
3.2.5. Cálculo das Coordenadas Retangulares Parciais (xi; y1) 44
3.2.6. Cálculo das Coordenadas Totais 45
3.2.7. Cálculo Analítico da Área 46
3.3. Desenho da Planta 46
3.3.1. Desenho da Planta 46
3.3.2. Desenho da Planta 47
I Unidade I -
Revisão em
Topografia I

Objetivos da Unidade
• Revisar o conteúdo estudado em Topografia I;
• Introduzir ao aluno o conhecimento teórico de levanta-
mento topográfico, suas necessidades e aplicações.
Unidade I - Revisão em Topografia I

1. Introdução

A necessidade do Homem em conhecer o meio em que vive é motivado por questões


de sobrevivência, orientação, segurança, guerras, navegação, construções, etc. Hoje em dia
existem técnicas e equipamentos de medição que facilitam a obtenção de dados para poste-
rior representação, mas não foi sempre assim. No princípio a representação do espaço basea-
va-se na observação e descrição do meio. Cabe salientar que alguns historiadores dizem que o
homem já fazia mapas antes mesmo de desenvolver a escrita.
O que é mesmo Topografia? Segundo o dicionário, é descrição ou delineação exata e
pormenorizada de um terreno, de uma região, com todos os seus acidentes geográficos; topo-
logia, configuração de uma extensão de terra com a posição de todos os seus acidentes natu-
rais ou artificiais, então, Topografia é a ciência que descreve, de maneira precisa e minuciosa, a
forma, a dimensão e a localização de um determinado lugar da superfície da Terra. Ela estuda
a representação detalhada de uma parte da superfície da Terra sem levar em consideração a
curvatura da Terra causada pela sua esfericidade.
O objetivo da Topografia é de efetuar o levantamento (medições de ângulos, distâncias
e desníveis) que permita a realizar a representação de uma porção da superfície terrestre em
uma escala adequada.
Ao longo do capítulo vamos aprender a realizar todos os processos para um levanta-
mento topográfico e como aplicá-lo em prática.

1.1. Levantamento Topográfico

De acordo com a NBR 13133 (ABNT,1991,P.3), Norma Brasileira para execução de Le-
vantamento Topográfico, ele pode ser definido como: “Processo realizado através de medições
de ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais, verticais e inclinadas e com ins-

12
trumentação adequada para implantação e materialização dos pontos de apoio no terreno,
determinando suas coordenadas geográficas. A estes pontos se relacionam os pontos de de-
talhe visando a sua exata representação planimétrica numa escala pré-determinada e à sua
representação altimétrica por um intermédio de curvas de nível, com equidistância também
pré-estabelecida e/ou pontos cotados”.
De acordo com BRINKER; WOLF (1977), o trabalho prático de Topografia pode ser dividi-
do em cinco etapas:

1. Tomada de decisão: onde se relacionam os métodos de levantamento, equipamentos,


posições ou pontos a serem levantados, etc.
2. Trabalho de campo ou aquisição dos dados: efetuam-se as medições e gravação de
dados.
3. Cálculos ou processamento: elaboram-se as medições obtidas para a determinação de
coordenadas, volumes, etc.
4. Mapeamento ou representação: produz-se o mapa ou carta a partir dos dados medi-
dos e calculados.
5. Locação.

1.2. Divisões da Topografia

Em Topografia I, foi estudado a parte da planimetria, junto com o cálculo dos Azimutes
e Coordenadas parciais e totais, em Topografia II será estudado a altimetria.
A Topografia comporta duas divisões principais, a planimetria e a altimetria (BORGES, 2013).
Na planimetria são medidas as grandezas sobre um plano horizontal. Essas grandezas
são as distâncias e os ângulos, portanto, as distâncias horizontais e os ângulos horizontais. Para
representa-las, teremos de fazê-lo por meio de uma vista de cima, e elas aparecerão projetadas
sobre um mesmo plano horizontal. Essa representação chama-se planta, portanto a planime-
tria será representada na planta (Figura 1)

13
Figura 1 - Representação dos ângulos horizontais.

Fonte: Veiga et al. (2012)

Para altimetria, fazemos as medições das distâncias e dos ângulos verticais (Figura 2)
que, na planta, não podem ser representados (exceção feita às curvas de nível, que serão vistas
mais adiante). Por esta razão, a altimetria usa como representação a vista lateral, ou perfil, ou
corte, ou elevação; os detalhes da altimetria são representados sobre um plano vertical. A úni-
ca exceção é constituída pelas curvas de nível, que, embora sendo um detalhe da altimetria,
aparecem nas plantas.

Figura 2 - Representação dos ângulos verticais.

Fonte: Veiga et al. (2012)

14
II Unidade II -
Altimetria

Objetivos da Unidade
• Adquirir conceitos básicos em altimetria;
• Tomar conhecimento sobre nivelamento topográfico;
• Obter conhecimentos em alguns termos técnicos de alti-
metria.
Unidade II - Altimetria

2. Introdução

Em Topografia I, estudamos apenas problemas relacionados à planimetria, isto é, rela-


cionados ao plano horizontal; temos sempre nos reocupado com ângulos e distâncias horizon-
tais. Somente agora iniciaremos a parte de altimetria, onde nosso objetivo é medir grandezas
verticais, distâncias e ângulos verticais.
De acordo com Barreto (2016), nas áreas que são objeto de levantamentos topográfi-
cos, de extensão relativamente pequena, podemos considerar a superfície como plana e não
esférica. Nesse caso, um plano é chamado horizontal quando é perpendicular à vertical do
lugar. O plano horizontal de referência para trabalhos de nivelamento é o do nível do mar ao
centro da terra. O nível do mar fica então sendo o plano de referência para todos os trabalhos
de altimetria, seja qual for o local da terra em que os encontramos.

2.1. Conceitos

O que é Altimetria? De acordo com Silva (2002), a Altimetria é a parte da topografia que
estudas os métodos e instrumentos empregados na determinação da variação do relevo do
terreno e de sua representação gráfica.
Estudar o relevo consiste em determinar a inclinação e a forma das vertentes e das en-
costas, determinar a altura e a forma das elevações, a profundidade das depressões, indepen-
dentes de seus tamanhos, bem como analisar as leis que regem a conformação topográfica da
crosta terrestre.
Um dos empregos do conhecimento da altimetria, é determinar as diferenças de alturas
(diferença de nível – DN ou DV) entre dois pontos do terreno, chamado de Nivelamento Topo-
gráfico (Figura 03).

16
Figura 3 - Esquema de diferença de nível entre dois pontos

Fonte: www2.uefs.br

2.1.1. Nivelamento Topográfico

Existem várias maneiras de se determinar a diferença de alturas entre pontos topográ-


ficos. Os principais métodos de nivelamento empregados são: Nivelamento geométrico, Nive-
lamento estadimétrico e Nivelamento Trigonométrico (SILVA, 2002)

• Nivelamento geométrico é o que permite uma maior precisão nos resultados. É reali-
zado com aparelho projetado especificamente para nivelar pontos topográficos – nível
óptico. Este método de nivelamento fundamenta-se no princípio de que a distância ente
dois planos paralelos é a mesma em qualquer posição dos planos. Neste método mede
apenas as distâncias entre as retas.
• Nivelamento estadimétrico baseia-se no princípio da estadimetria. O principal instru-
mento usado é o teodolito. É aplicado quando não se exige grande precisão no nivela-
mento e é ideal para levantamento altimétrico em áreas com relevo mais acidentado
visando obter informações aproximadas do elevo que serão usadas em planejamentos
de obras ou da exploração da área.
• Nivelamento trigonométrico baseia-se no princípio da trigonometria. É ideal para de-
terminar a altura de pontos de difícil acesso ou incessíveis, como exemplo o pico das
17
montanhas, copa de árvore etc. Para fazê-lo, usa-se a estação total.

https://www.youtube.com/watch?v=XQ2fRW7y4yM

2.2. Termos Técnicos

2.2.1. Vertical Local

Segundo Barreto (2016), é o prolongamento de uma reta que passa pelo centro da ter-
ra e pelo ponto considerado. É também conhecida como “vertical do observador” e pode ser
materializada, no campo, pela direção do fio de prumo quando o instrumento estiver correta-
mente estacionado, mostrado na Figura 04.

Figura 4 - Norte (N) indicando a vertical local dos pontos selecionados

Fonte: www.topografiageral.com

2.2.2. Plano Horizontal Local

É um plano tangente à superfície da terra no ponto considerado e perpendicular à ver-

18
tical, como especificado pela Figura 05.
Figura 5 - Esquema de um plano horizontal local.

Fonte: Veiga et al. (2012)

2.2.3. Nível Médio dos Mares

É a linha de interseção entre a superfície dos mares, quando em absoluto repouso, é a


superfície continental, Figura 06.
Figura 6 - Nível médio do mar

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2.2.4. Geoide Terrestre

Geoide terrestre é uma superfície que envolve o globo terrestre e caracteriza-se por
apresentar pontos sujeitos à mesma ação da gravidade padrão universal (9,81 m/s2). Na verda-
de, o Geoide é uma superfície ondulada; parecida com a superfície de um lago após a queda
de uma pequena pedra no seu interior, Figura 07. Praticamente se confunde com o prolonga-
mento do nível médio dos mares para o interior dos continentes. Em qualquer ponto do globo
terrestre. Em qualquer ponto do globo terrestre, o geoide será sempre perpendicular à vertical
local. A superfície definida pelo Geoide Terrestre é a superfície referência para o cálculo das
Altitudes Ortométricas dos diferentes pontos do relevo terrestre (Barreto 2016).

Figura 7 - Formato Geoide

2.2.5. Elipsoide Terrestre

Conforme sabemos, a superfície natural da terra (superfície topográfica) é um tanto


irregular, rugosa, apresentando uma sucessão de elevações e depressões.

20
A maior elevação conhecida é o pico Everest, na Cordilheira do Hi-
malaia-Ásia, com 8.838 m e a maior depressão é a Fossa Mariana com
11.022m, junto das Ilhas Marianas, costa do Chile, no Oceano Pacífi-
co. Diante de uma análise menos exigente, a maior rugosidade “r” da
crosta terrestre (r=11.022m / 6.371.239m:. R = 0,017%) pode ser considerada desprezível
diante de 6.371.239 m do raio médio terrestre.

O globo terrestre tem a forma aproximada de uma laranja,


onde o ápice da laranja coincide com os polos da terra.

A União Geofísica e Geodésica Internacional – UGGI, durante a Assembleia Geral de Ma-


drid, em 1924, resolveu adotar as dimensões terrestres determinadas em 1909, pelo astrônomo
HAYFORD, para os cálculos geodésicos, que são:

• Raio terrestre equatorial -> (a) = 6.378.388 m


• Raio terrestre polar -> (b) = 6.356.912 m
• Massa terrestre -> 5.957 x 1018 t
• Densidade média terrestre -> 5.516 t/m3
• Achatamento (e) -> e = (a2 – b2) / a = 1/297

Ainda não se conseguiu ajustar uma equação matemática que represente, com per-
feição, a superfície terrestre, até porque ela sofre alterações constantemente devido às on-
dulações geoidicas periódicas. A figura geométrica que mais se aproxima de sua forma real
desprezando sua rugosidade, é o elipsoide terrestre universal, que, por definição, representa a

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superfície de revolução gerada pela rotação completa, em torno do eixo polar, de uma elipse
construída a partir dos raios terrestres cujo eixo menor é a linha norte-sul (eixo da terra) e eixo
maior, a linha do equador. Elipsoide terrestre é a superfície de referência para o cálculo das
distâncias interplanetárias (Barreto, 2016). Por convenção internacional, o elipsoide terrestre
universal tem como características ter seu centro coincide com o centro da massa (centro da
gravidade) da terra e a coincidência do plano equatorial do elipsoide com o plano do equador
terrestre.
A compreensão do conceito de elipsoide terrestre para o estudo da altimetria passou
a ter importância fundamental após o advento das técnicas de uso de satélites artificiais para
trabalhos topográficos (planimetria e altimetria) mediante emprego de equipamentos conhe-
cidos como GPS (Global Position System), uma vez que os valores fornecidos (sem as devidas
conversões) por este sistema são referenciados ao Elipsoide Terrestre e não ao Geoide, Figura
08.

Figura 8 - Modelo Elipsoide

https://www.youtube.com/watch?v=WxOm1NGOxkM

22
2.2.6. Altitude Ortométrica e Cota

Altitude ortométrica é a distância vertical entre o ponto considerado e o geoide terres-


tre; enquanto que Cota é a distância vertical entre o ponto e um plano horizontal de referência
(Plano de Referência Local), representado pela Figura 09.

Figura 9 - Representação de cota

Fonte: www2.uefs.br

2.2.7. Ponto Cotado

É um ponto que, em planta, traz sua cota inserida a seu lado; preferencialmente abaixo
de sua posição.

23
2.2.8. Plano Cotado

Uma planta planimétrica traz a cota dos pontos topográficos inserida sob suas respec-
tivas posições, como mostra a Figura 10.

Figura 10 - Plano cotado

Fonte: www2.uefs.br

2.2.9. Referência de Nível Local - RNL

É um ponto estável do terreno, como alicerce ou soleira de porta de prédio, afloramen-


to de rocha etc., ou mesmo um marco de concreto ou de madeira de lei cravado no chão, que
recebe uma cota “arbitrada”, ou calculada, pelo topógrafo, Figura 11. Sua principal finalidade é
servir de referência para locação altimétrica de obras. Os requisitos fundamentais para que um
ponto sirva de RNL é que sua altura não varie ao longo dos tempos, seja de fácil identificação
e fique próximo do local de implantação do projeto. Necessariamente, o ponto considerado
como RNL deve constar na planta topográfica planialtimétrica, sob plena de não ter nenhuma
utilidade prática. Barreto, 2016)

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Figura 11 - Plano de Referência

Fonte: topfumec.blogspot.com

2.2.10. Plano de Referência Local - PRL

É um plano horizontal ideal que passa a uma profundidade (cota) “arbitrada” pelo to-
pógrafo, em relação a uma RNL. Serve de origem (cota zero) para o cálculo das variações locais
do relevo do terreno. É sobre este plano que se faz a projeção ortogonal de todos os detalhes
levantados do terreno, é representado pelo RN na Figura 11.

2.2.11. Superfície de Nível Verdadeiro – PRL

É a superfície definida pelo Nível Médio dos mares ou o Geoide Terrestre, Figura 13. Fun-
ciona como “plano de referência” para as medidas das variações do relevo terrestre. O ponto de
altitude zero do Brasil fica no litoral Catarinense, na cidade de Imbituba.
Figura 12 - Nível Médio dos Mares

Fonte: Veiga et al. (2012)


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2.2.12. Superfície de Nível Aparente - SNA

É um plano que passa por um ponto considerando a superfície terrestre e serve de


referência para o cálculo das variações locais do relevo, sem levar em consideração o efeito da
esfericidade terrestre. Fica na mesma posição que o Plano de Referência Local, Figura 13.

Figura 13 - Superfície de nível aparente

Fonte: www2.uefs.br

2.2.13. Referência de Nível Verdadeiro - RNV

Segundo Barreto (2016), um ponto topográfico materializado no terreno por marcos de


concreto, madeira de lei ou blocos de pedra, e têm altitudes ortométrica conhecida. No topo
deste marco é afixada uma placa metálica com as inscrições que identificam a RNV: Número
do marco, Altitude local (apenas em marcos antigos), órgão responsável por sua implantação.
Normalmente são colocadas nas estações rodoviárias, margens DAE rodovias, aeroportos, na
frente de igrejas e de órgãos públicos. A identificação é alfanumérica, isto é, um número asso-
ciado a uma letra do alfabeto. Ex: 3045-A, 3045-N.

26
III Unidade III -
Nivelamento
Topográfico

Objetivos da Unidade
• Conhecer as técnicas de nivelamento topográfico;
• Introduzir a parte teórica de cada técnica de nivelamento
• Realizar os cálculos da caderneta de campo, juntamente
com os cálculos das distâncias horizontais, Diferença de Ní-
vel, Cotas, Coordenadas retangulares Parciais e Totais;
• Fazer o desenho da planta planialtimétrica.
Unidade III - Nivelamento Topográfico

3.1. Introdução

3.2. Nivelamento Topográfico

Os principais métodos de nivelamento empregados são: Nivelamento Estadimétrico,


Nivelamento Geométrico e Nivelamento Trigonométrico.

3.2.1. Nivelamento Estadimétrico

O nivelamento estadimétrico é o nivelamento feito com base no princípio da estadime-


tria. Utiliza-se, portanto, um teodolito e uma mira topográfica vertical para fazê-lo, Figura 14.
Figura 14 - Nivelamento estadimétrico.

Fonte: www2.uefs.br

Pela Figura 14, tem-se:

hi
- tg α = : . S = DH . tg α (eq. 1)
DH

- DN + m = S + hi : . DN = S + hi – m (eq.2)

28
Substituindo a equação 1 na equação 2, temos:

DN = DH . tgα + hi – m (eq. 3)

Onde: DN = diferença de nível entre os pontos A e B, em m;


DH = Distância Horizontal entre A e B, em m;
α = ângulo de inclinação da luneta (ângulo vertical);
hi = altura do instrumento, em m.
Fm = leitura do Fio médio.

Determinar a diferença de nível entre os pontos A e B, sendo:

• DH = 115,6 m
• ângulo vertical α = 10°30’

• Fm = 1,55 m
• hi = 1,65 m

Solução:

DN = 115,6 x tg (10°30’) + 1,65 – 1,55


DN = 21,53 m

A distância horizontal - DH - entre os pontos pode ser determinada pelo princípio de


estadimetria aplicando a relação:

DH = K . S cosα (eq.4)

29
Onde, K = coeficiente estadimétrico = 100
S = estadimetria = Fs – Fi
α = ângulo vertical

Substituindo a equação 4 na equação 3 temos:



DN = K . S . cos2α . tgα + hi – Fm (eq.5)

Como tgα = (senα)/cosα , e


Cos α . sen α = ½ sem α, temos que:

DN = 50 . S . sen (2α) – hi – Fm (eq.6)

A equação 6 deve ser usada para determinar a diferença de ní-


vel quando não se conhece a distância entre os dois pontos a nivelar.

3.2.1.1. Procedimento de Campo

Para determinar a DN entre dois pontos, através do nivelamento estadimétrico, deve-


mos proceder da seguinte forma:

a) Estacionar o teodolito sobre um dos pontos e medir a altura do instrumento (hi). Esta al-
tura refere-se à distância entre o ponto e o eixo horizontal da luneta (eixo secundário). Deve
ser medida com um instrumento apropriado para este fim, o bastão topográfico.
b) Visar a mira colocada na vertical sobre o outro ponto, anotar a leitura do limbo vertical,
bem como dos fios estadimétricos e fio nivelador, também é necessário indicar o sentido da
graduação do limbo vertical (zenital ou nadiral).

30
Figura 15 - Exemplo de leitura em campo

Fonte: www.istock.com

3.2.1.2. Transporte de Cota

Em termos de topografia, “transportar” uma cota significa calcular a cota de um pon-


to a partir de um outro ponto de cota conhecida que, geralmente, é uma referência de Nível
Verdadeira ou uma referência de Nível Local. Para fazer este transporte, usando um teodolito,
procede da seguinte maneira:

• Escolher um local qualquer para estacionar o teodolito e cravar um piquete neste local.
Este ponto será conhecido como “estação”;
• Estacionar o teodolito sobre este piquete;
• Fazer Ré no ponto de cota conhecida e anotar as leituras da mira e do lombo vertical;
• Visar o ponto para onde se pretende transportar a cota e anotar as leituras do limbo
vertical e da mira;
• Calcular a diferença de nível entre a estação e a referência de Nível usada (DNes – rn);
• Calcular a cota da estação Ces, fazendo:

CES = CRN – DNES – RN

31
• Calcular a DN entre a estação e ponto “Pn” pretendido (DNes – rn);
• Calcular a cota do ponto pretendido (cota transportada), fazendo:

PPN = Ces - DNes – PN

3.2.1.3. Fontes de Erros no Nivelamento Estadimétrico

As fontes de erro em um nivelamento estadimétrico podem ser divididas em três gran-


des grupos: erros instrumentais, erros operacionais e erros devido à esfericidade terrestre.

a) Erros instrumentais: são os erros inerentes ao erro no instrumento empregado. Podem


ser devido a um defeito de fabricação ou adquiridos durante seu uso. Os mais comuns são:
limbo vertical e horizontal descentralizado, retículo deslocado, níveis desertificados, etc. Os
erros instrumentais são cumulativos, por isso aconselha-se “checar” o aparelho e ver se ele
está em condições de uso antes de ir ao campo.
b) Erros operacionais: São erros oriundos de falhas técnicas do operador, tais como:
• Altura do instrumento: deve ser medida com o bastão topográfico para manter a verti-
calidade a ser medida. Improvisações como trena e régua, induzem ao erro.
• Leitura dos fios estadimétricos: é a operação mais susceptível ao erro, principalmente
para os iniciantes. Para que não haja erro nas leituras, o operador deve fazê-la, anotar e
depois conferir.
• Colimação do Limbo vertical: “Colimar” o limbo vertical significa fazer seu diâmetro
vertical coincidir com a vertical do local. Alguns teodolitos fazem isso automaticamente,
mas os que não fazem, tem que aferir a colimação do limbo em cada estação.
• Mira inclinada: Uma inclinação na mira topográfica induz a um erro de leitura dos fios.
A inclinação lateral é facilmente indicada pelo operador, mas a inclinação longitudinal
é bem mais difícil. Recomenda-se acoplar a ela um nível de cantoneira para garantir a
verticalidade.

32
c) Erro devido à esfericidade terrestre: O erro cumulativo devido ao efeito da esfericidade
terrestre pode ser avaliado pela relação:

EER = 6,6 * 10-8 * DH



E a diferença de nível verdadeira por:

DNV = DH * tgα + 6,6 * 10-8 * DH

3.2.2. Nivelamento Geométrico

Este método de nivelamento recebeu esta dominação por basear-se em no princípio


básico da geometria descritiva pelo qual demonstra-se que a distância entre duas retas ou
planos paralelos (Figura 16) é constante, quaisquer que sejam os pontos considerados.

Figura 16 - Esquema de planos e retas paralelos.

Fonte: Veiga et al. (2012)

Assim, para se fazer um nivelamento geométrico não se mede ângulo vertical e sim
distâncias entre os planos paralelos. Para medir o desnível entre dois pontos quaisquer basta
medir, com uma régua graduada, a distância vertical entre os planos paralelos que contém
estes pontos. O instrumento utilizado para esse fim é o Nível Óptico (Figura 17), é também é
conhecido como nível de engenheiro ou nível de luneta.

33
Figura 17 - Nível óptico

Fonte: www.istock.com

3.2.2.1. Nível Óptico

O nível óptico, Figura 18, é um instrumento constituído basicamente por das partes:
luneta estadimétrica e a base, que prende ao tripé, Figura 18. Além dessas partes, vários limbos
ópticos possuem também um limbo horizontal, o que lhes permitem medir ângulos horizon-
tais. Todavia, nenhum nível óptico apresenta limbo vertical. Logo, é impossível medir ângulos
verticais com este aparelho. A luneta estadimétrica, quando corretamente nivelada, descreve
um plano horizontal ao girar em torno do eixo vertical do aparelho.
A luneta do nível óptico é exatamente igual a de um teodolito. Possui um retículo for-
mado por um fio nivelador, ou fio médio (Fm), um fio vertical (fio alinhador) e dois fios estadi-
métricos, o fio inferior (Fi) e o fio superior (Fs). A leitura dos fios é representada pela Figura 18.
Figura 18 - Leitura dos fios estadimétricos

Fonte: Veiga et al. (2012)


34
3.2.2.2. Nivelamento de Dois Pontos

A Diferença de Nível (DN) entre dois pontos pode ser determinada a partir de dois pro-
cedimentos: A) Nível estacionado sobre um dos pontos; B) Nível estacionado em um lugar
qualquer.

a) Nível estacionado sobre um dos pontos:


• Estaciona-se o nível sobre um dos pontos, no caso ponto A da Figura 20, e medir a altura
do aparelho (hi);
• Visa-se a mira topográfica, colocada bem na vertical sobre o ponto B e anota-se a leitura
de projeção do Fm.
• A Diferença de Nível será obtida por: DN = hi – Fm

Figura 19 - Nível estacionado sobre um dos pontos

Fonte: estagionaobra.blogspot.com

b) Nível estacionado em um lugar qualquer:


Seja determinar a DN entre os pontos P0, P1, P2, ... , PN e suas cotas admitindo que a cota
RNL seja 10,00 m. Considere que o nível esteja estacionado em uma posição qualquer, Figu-
ra 21.
O eixo longitudinal de luneta, ao girar em torno do eixo vertical do aparelho, descreve

35
um plano horizontal, o qual chamamos de Plano da Luneta – PL, que intercepta perpendi-
cularmente a Mira Topográfica colocada sobre os pontos RNL, P0, P1, P2, ... , PN.
O ponto de partida é RN1 (RN local), por isso é considerado como Ré. As leituras de mira
em P0, P1, P2 , ... , PN são consideradas leituras de vantes V0, V1, V2, , ... , VN. Nessas condições, a
DN entre os pontos P0, P1, P2, ... , PN será dada pela diferença de leitura do Fm nestes respec-
tivos pontos, Logo, a DN entre P0 e P1 será: V0 – V1.

Figura 20 - Nível estacionado em um lugar qualquer.

Fonte: estagionaobra.blogspot.com

3.2.2.3. Levantamento Topográfico de um Perfil

O levantamento topográfico é feito em quatro operações distintas:

a) Marcação dos alinhamentos: Consiste em cravar balizas ou varas e mais ou menos 2 m


de comprimento no ponto inicial (Po) e nos pontos de mudança de direção (vértices) do
caminhamento.

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Figura 21 - M arcação do ponto inicial e dos vértices.

Fonte: Veiga et al. (2012)

b) Estaqueamento do perfil: A primeira providência a ser tomada é identificar os vértices


da poligonal que formam o caminhamento. Para tanto, finca-se uma balia nesses pontos
para que os segmentos do caminhamento fiquem definidos. Definidos os alinhamentos, o
passo seguinte é estaqueá-los. Adotando-se os seguintes critérios:
• Colocar estacas apenas nos pontos de inflexão significativa do relevo, independente da
distância entre eles.
• Colocar estacas distanciadas pré-estabelecidas, a exemplo de 10 em 10 ou de 20 em 20
metros (estacas inteiras) e estacas intermediarias às inteiras, nos pontos onde ocorrem
variações significativas do relevo, como exemplo a margem de curso d’água, fundo de
depressão.
A condição “a” é a mais simples e rápida de se fazer. Atende às exigências em projetos de
redes elétricas, conservação do solo. O nivelamento consiste em medir o ângulo de inclina-
ção da vertente com clinômetro ou teodolito e comprimento da vertente com uma trena.
A condição “b” é recomendada nos levantamentos de perfis visando projetos de redes
de adutoras de fluidos em canis ou tubulação forçada, rodovias, ferrovia e outras que re-
queiram cálculo de movimento de terra. O nivelamento deve ser realizado com nível óptico.
c) Levantamento planimétrico do estaqueamento: Este levantamento consiste em medir
o comprimento dos alinhamentos entre um vértice e outro e os ângulos de deflexão do
37
caminhamento. As deflexões são medidas com um teodolito ou estação total. Os procedi-
mentos de campo são:
• Estaciona-se o trânsito no ponto de partida (estaca Po);
• Determina-se a direção Norte Magnético ou Verdadeiro, e zera-se o limbo horizontal
nesta direção;
• Visa-se a baliza colocada na direção do 1º vértice, fixando-se a alidade do aparelho nessa
direção;
• O operador solicita a um dos auxiliares que segure a ponta da trena no centro da estação
e ao outro auxiliar que aprume a baliza do vértice seguinte, a uma distância desejada (20
m por exemplo), cravando a primeira estaca P1;
• Em seguida, o 1º auxiliar desloca-se para P1, segurando aí a ponta da trena, enquanto o
2º auxiliar procura aprumar uma baliza a uma distância desejada, obedecendo as orien-
tações do operador. No instante em que a baliza estiver com o alinhamento desejado e
a trena na horizontal, estará determinada a posição da estaca P2;
• Terminando o estaqueamento do 1º alinhamento, o operador desloca o trânsito para o
1º vértice, faz-se “Ré” na direção Po, visa-se uma baliza aprumada na direção do 2º vérti-
ce, mede-se a deflexão do 2º alinhamento e manda os auxiliares repetirem as operações
do 1º alinhamento.
d) Nivelamento do estaqueamento: para realizar o procedimento de campo é aconselhá-
vel seguir as seguintes operações:
• Escolher ou implantar um ponto eu sirva de RN local para o nivelamento;
• Estacionar o nível em uma posição qualquer fora da linha do estaqueamento. É interes-
sante que desta estação se consiga visar o maior número possível de estacas;
• Fazer Ré no RNL. O auxiliar apruma a mira neste ponto e anota a leitura do fio nivelador.
• Depois de ler a mira em Ré, mandar o auxiliar destacá-la para cada estaca seguinte e
anotar as leituras correspondentes aos valores de vante V1, V2, V3, etc.
• Terminada a última leitura possível de fazer da 1º estação, desloca-se o nível para cada
estação seguinte, faz-se Ré na última estaca lida da estação anterior, nivela-se as estacas

38
de vante e assim sucessivamente até terminar todo o estaqueamento.
e) Cálculo da caderneta de campo:
Para seu cálculo, é aconselhável adotar uma sequência:
a) Caso o ponto de partida (Ré) não seja um ponto de cota conhecida (RN local), adotar
uma cota qualquer para este ponto, 10,00 m, por exemplo;
b) Calcular a cota do plano da luneta da 1º estação – PL1, fazendo:
PL1 = Cré – Fm

c) Calcular as cotas das estacas visadas da 1º estação, fazendo:


Cn = Pl – Fm

d) Calcular a cota do plano da luneta da 2º estação – PL2 fazendo:


PL2 = Cré + Ré

e) Verificar se o cálculo da caderneta está correto. Se não houver erro de cotas no cálculo
da caderneta, a condição seguinte deve ser:

Cf – Ci = ∑Ré - ∑Vn

Em que: cf – cota da última estaca visada


Ci – Cota do ponto de partida
∑Ré – Somatório de Fm das estacas consideradas como Ré.
∑Vn – Somatório de Fm da última estaca visada de cada estação.

A Tabela 1 mostra a caderneta de para um nivelamento geométrico.

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Tabela 1 - Caderneta de campo do nivelamento. Os dados em vermelho, são os calculados, e os de preto, os
adquiridos em campo.

PV MIRA PL COTAS OBS E CROQUI


Po 0,200 ---- 10,200 10,000 Cota de Po = 10,00 m
P1 0,450 9,750
P2 1,900 8,300 Margem direita do rio
P3 2,530 ---- 10,830 8,300
P4 3,300 7,530
P5 2,660 ---- 10,190 7,530
P6 2,190 8,000
Fonte: Arquivo da autora

Conferindo as contas da caderneta (letra” e”), temos:

Cf – Ci = ∑Ré - ∑Vn
8,000 – 10,000 = (0,200+2,530+2,660) – (1,900+3,300+2,190)
-2 = -2 (OK!)

https://www.youtube.com/watch?v=Ioox99cH6qA

3.2.3. Nivelamento Trigonométrico

Este método de nivelamento recebeu esta designação porque baseia-se na resolução


de triângulos por princípios da trigonometria.
Seu emprego, na área de engenharia de construção, se restringe à determinação da
altura de pontos inacessíveis, como torre de igreja, pico de uma montanha, altura de uma cha-
miné, altura de árvores, etc., e ao nivelamento expedido de perfis longitudinais.
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Segundo Comastri (2005), O nivelamento trigonométrico é aquele que a diferença de
nível entre dois pontos ou mais pontos topográficos é determinada por meio de resoluções de
triângulos situados em planos verticais, que passam pelos pontos cuja diferença de nível se
deseja. Baseia-se no valor da tangente do ângulo de inclinação do terreno, pois o valor dessa
função trigonométrica representa sempre a diferença de nível por metro e distância horizontal
medida no terreno, entre os pontos considerados.
Assim, determinada a distância horizontal medida no terreno entre eles, a diferença de
nível é calculada aplicando-se a seguinte fórmula:

DN = DH * tgα,

Deduzida a seguir, conforme dados obtidos na Figura 23.

Figura 22 - Marcação do ponto inicial e dos vértices

Fonte: Veiga et al. (2012)


𝐵𝐵𝐵𝐵 𝐷𝐷𝐷𝐷
Tg α = : . Tg α = :. DN = DH * tg α
𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐷𝐷𝐷𝐷

Usa-se, geralmente, no nivelamento trigonométrico o valor da tangente e não do seno,


porque, em Topografia trabalha-se sempre com a distância horizontal e não com a distância
inclinada.
Para obter a distância horizontal do alinhamento em estudo, recomenda-se fazer a me-
dição o mais horizontal possível, com o uso do diastímetro. Em determinados trabalhos, quan-
41
do não se exige muita precisão, considera-se a medição de arrasto no terreno como distância
horizontal ou aplica-se a fórmula:

DN = DI * cos α

Os ângulos de inclinação do terreno são medidos com emprego de instrumentos de-


nominados clinômetros ou com o uso de estação total. Os dados obtidos em nivelamento com
clinômetro ou outro instrumento da mesma categoria são anotados em forma de fração or-
dinária, pretendida do sinal (+) ou (-), conforme o ponto de visada estiver acima ou abaixo
daquele em que se encontra estacionado o aparelho.

3.2. Levantamento Planialtimétrico

Neste capítulo vamos colocar em prática os cálculos do levantamento planialtimétrico,


levando em consideração os dados obtidos no campo.
O levantamento planialtimétrico é o conjunto de operações necessárias para a deter-
minação de pontos e feições do terreno que serão projetados sobre um plano horizontal e por
uma cota ou altitude, através das coordenadas X, Y e Z.
A sequência de cálculos será a seguinte: Distância horizontal, Diferença de Nível, Cota
da estação, Cota dos demais pontos, Coordenadas retangulares Parciais, Coordenadas Totais,
Área.
Posteriormente faremos o desenho da planta planialtimétrica.
Então vamos dar início aos trabalhos.

3.2.1. Cálculo das Distâncias Horizontais – DH

A Distância Horizontal – DH – entre a estação e cada ponto visado pode ser obtido apli-
cando-se a fórmula:

42
DH = 100 * S * cos α

Onde: α = 90º - z (zenital)


α = N - 90º (nadiral)
S = Fs – Fi (Estádia)

3.2.2. Cálculo das Diferenças de Nível – DN

Conforme vimos no Capítulo 3, Equação 6,

DN = 50 * S * sen (2α) – hi – Fm,


ou
DN = tg α + hi – Fm

3.2.3. Cálculo de Cota da Estação

Adotada uma cota para o RNL (no caso 10,00) e calculada a DN entre a Estação e o RNL,
a cota da estação pode ser obtida pela relação:

CES = CRNL – DNES-RN

Logo: Ces = 10,00 - (-2,40) : . EES = 12,40 m

3.2.4. Cálculo de Cota dos Demais Pontos – Cpn

Aplicando-se a fórmula:

CPN = CES + DNES – PN

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A Tabela 2, mostra exemplo de caderneta de campo para o cálculo das cotas.

Tabela 2 - Caderneta de campo para cálculo de cotas

PV DH DN COTA
Po ---- ---- 12,40
P1 80,0 -2,40 10,00
P2 86,0 -4,80 7,60
P3 105,2 +0,40 12,80
Fonte: Arquivo da autora

CP1 = 12,40 + (-2,40) = 10,00


CP2 = 12,40 + (-4,80) = 7,60
CP3 = 12,40 + (+0,40) = 12,80

3.2.5. Cálculo das Coordenadas Retangulares Parciais (xi; y1)

Imagine um par de eixos cartesianos passando pela estação, onde o eixo das Abcissas
coincida com a direção Leste-Oeste e o eixo das Ordenadas com a direção Norte-Sul. Com isso,
o par ordenado (x1; y1) de cada ponto visado pode ser obtido, respectivamente, pelas relações:

x = DH * sen (Azm) y = DH * cos (Azm)

Onde: DH: Distância da estação ao ponto visado.


Azm: Azimute de direção.

44
Azm = 105º30’
DH: 86,0 m
x= 86,0 * sem(105º30’) = 82,87
y= 86,0 * cos(105º30’) = -22,98

3.2.6. Cálculo das Coordenadas Totais

Visando eliminar valores negativos encontrados para as coordenadas parciais (x1; y1),
recomenda-se calcular as coordenadas totais (X1; Y1) dos pontos. Para isto, adota-se um par
ordenado (X0; Y0)) para a estação, de tal forma de que todos os X e Y fiquem positivos. O par
ordenado de cada ponto será:

X = X0 + x1 Y = Y0 + y1

Vamos fazer um exemplo com os dados do exemplo anterior e considerando X0 = 150,00


e Y0 = 100,00, temos:

• X = 150,00 + 82,87 = 232,87


• Y = 100,00 – 22,98 = 77,02

Seguindo este roteiro foram calculados os pares ordenados X1; Y1 dos pontos temos:

PV DH AZM x1 y1 X1 Y1
Po ---- ---- 150,00 100,00
P1 80,0 15º30’ 21,38 20,60 171,38 120,60
P2 86,0 105º30’ 82,87 - 21,80 232,87 28,20
P3 105,2 160°00’ 35,98 - 98,86 185,98 1,14

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3.2.7. Cálculo Analítico da Área

Após o cálculo das Coordenadas Totais dos pontos, pode-se facilmente chegar à área
do terreno, fazendo:

2S = ∑XNYN-1 + ∑XNYN=1

Calcular a área das Coordenadas Totais anterior:

2S = (X1 * Y3 + X2 * Y1 + X3 + Y2) – (X1 * Y2 + X2 * Y3 + X3 * Y1)


2S = (171,38*1,14 + 232,87*120,60 + 185,98*28,20) – (171,38*28,30 +

232,87*1,14 + 185,98*120,60)
2S = (195,37 + 28.084,12 + 5.244,64) – (4.850,05 + 265,47 + 22.429,19)
2S = 33.524,13 – 27.544,71
2S = 5.979,42
S = 5.979,42 / 2 S = 2.989,71 m2 S = 0,2 ha

3.3. Desenho da Planta

Via de regra que o centro de irradiação e os pontos limites são plotados através de suas
coordenadas retangulares totais enquanto que os pontos de detalhes internos são plotados
por meio de suas coordenadas polares (a transferidor) ou pelas Coordenadas parciais.

3.3.1. Desenho da Planta

O tamanho mínimo do papel pode ser obtido fazendo:

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100∗(𝑋𝑋máx −Xmin ) 100∗(𝑌𝑌máx −Ymin )
lx = +5 ly = +5
𝐸𝐸 𝐸𝐸

Onde: lx – comprimento do papel na direção x


ly - comprimento do papel na direção y
Xmax – maior valor de x
Xmin – menor valor de x
Ymax – maior valor de y
Y min – menor valor de y
E – denominador da escala.

Calcular as dimensões mínimas do papel para desenhar a plan-


ta do terreno, do exercício em questão na escala de 1:1000 (Usando os
dados do exemplo anterior):

100∗(232,87−185,98)
lx = + 5 = 10
1000

100∗(120,60−1,14)
ly = + 5 = 17
1000

3.3.2. Desenho da Planta

Os pontos limites devem ser plotados através de suas Coordenadas retangulares Abso-
lutas (X1; Y1) e os pontos de detalhes podem ser plotados através de suas Coordenadas Polares
(DH; AZM) usando um transferidor e escalímetro. Desenhada a planta planimétrica, escrevem-
-se as cotas de cada ponto abaixo de suas respectivas posições, formando-se assim o plano
cotado da área, conforme ilustra a Figura 23.

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Figura 23 - Pontos cotados no terreno

Fonte: www.ebah.com.br

• O nivelamento estadimétrico baseia-se no princípio da estadi-


metria. O principal instrumento usado é o teodolito. É aplica-
do quando não se exige grande precisão no nivelamento e é
ideal para levantamento altimétrico de áreas com relevo mais
acidentado visando obter informações aproximadas do relevo que serão usadas
em planejamento de obras ou da exploração da área.
• O nivelamento geométrico é o que permite uma maior precisão nos resultados.
É feito com aparelho projetado especificamente para nivelar pontos topográfi-
cos – o nível óptico – que também é conhecido como nível de luneta ou nível de
engenheiro. Este método de nivelamento fundamenta-se no princípio de que a
distância entre dois planos paralelos é a mesma em qualquer posição dos planos.
Não se mede ângulos nesse método de nivelamento, mede-se apenas a distância
entre retas ou planos paralelos entre si.
• O nivelamento trigonométrico baseia-se no princípio da trigonometria. É ideal
para determinar a altura dos pontos de difícil acesso oi inacessíveis, a exemplo de
pico de montanhas, topo de torre de igrejas, copa das árvores. Para fazê-lo, usa-se
a estação total.
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