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Imagens nos ajudam a lembrar quem somos e porque escolhemos seguir determinados
caminhos. Nos lembram de momentos felizes, de momentos tristes, de lutas e de vitórias. As
imagens nos ajudam a nos lembrar de realizações e de desafios que enfrentamos. É um
minuto congelado no tempo, gravado para as gerações futuras e para o nosso próprio eu do
futuro. Esta imagem abaixo retrata um dos momentos mais importantes de minha vida. Trata-se
de uma foto do ano de 2006, no qual eu fora contemplado com uma bolsa de intercâmbio
universitário para passar um semestre letivo estudando em uma universidade estrangeira. Nos
Estados Unidos da América. Além da experiência de ter que viver em uma outra cultura, utilizar
outra língua e ser totalmente independente de família e amigos durante o tempo em que estive
lá, a experiência representou uma oportunidade de aprendizado e de crescimento. Acrescentou
ao meu currículo o fato de possuir a tão sonhada experiência internacional e me tornou mais
apto a enfrentar o mercado de trabalho brasileiro e as dificuldades que viriam nos anos
seguintes.
2- FORUM FOTOGRAFIA: Potencialidades e fragilidades; memória e
identidade
Tenho refletido muito sobre o que significa ser, o que significa estar vivo. Um dos
resultados desta reflexão foi chegar à conclusão de que não deveríamos dizer “tenho tal
idade”, mas deveríamos dizer “estou com tal idade”, em outras palavras, somos seres
voláteis e por isso não podemos dizer que temos esta ou aquela idade, já que a idade da
qual “desfrutamos” num dado momento, logo terá passado e estaremos mais velhos. Por
isso, quando se fala de fotografia, o que mais me chama a atenção é a sua capacidade de
“congelar” um momento no tempo, como se fosse uma máquina que sugasse para
dentro de si um instante da realidade.
A fotografia tem o potencial de mostrar o mundo por uma diferente perspectiva do que
aquela a que estamos acostumados ou que esperamos enxergar. Ela pode tanto enfeitar
como “enfeiar” a realidade. No caso de Sherman, ela está escolhendo, no atual momento,
se enfeiar, mostrar outras facetas de sua realidade e imaginar, através da aparência
grotesca, formas de se discutir a realidade, realidade esta que às vezes é muito dura. O
fato de envelhecer pode ser muito duro pra alguns, uma realidade que muitos não
gostariam de encarar, mas vista através da fotografia, esta realidade pode mostrar outro
lado deste processo.
Apesar de entender a proposta da artista, penso que há também que ser mostrada a
beleza de ser velho, e não só o lado triste ou grotesco. A bíblia diz que a beleza dos
velhos são os cabelos brancos. Acredito que o que o texto sagrado quer dizer é que cada
época tem sua beleza, e basta que não desejemos ficar presos a um momento volátil, um
sopro no tempo que não dura mais que um segundo. Mas acho que devemos usar e
abusar da fotografia para registrar momentos, cenas, paisagens, a vida, as tragédias, o
presente e tudo o que puder ser retratado, colocando nestas fotografias nossa arte, nossa
personalidade, para mostrar ao mundo e às futuras gerações que nós estivemos por aqui
e que deixamos nossa marca. A fotografia também é uma forma de arte que pode
ultrapassar o simples ato de registrar momentos, tornando-se uma forma de criação e de
elaboração da realidade e de tudo aquilo que nos cerca.
Recentemente tenho visto artistas que utilizam o corpo como uma espécie de tela onde
pintam personagens famosos de filmes e até de desenhos animados. Em um destes
vídeos, a artistas filma o processo enquanto pinta o rosto e parte do torax e braços para
compor a imagem de personagens de desenhos animados como o dos Simpsons, Toy
Story, dentre outros. Em um outro vídeo, uma outra artista pinta e faz a sobreposição de
objetos sobre a pele com o objetivo de compor uma espécie de fantasia para o
Halloween.
Outra coisa que tem me chamado bastante a atenção são vídeos de maquiagens através
das quais algumas mulheres mudam completamente a sua aparência de modo a se
aproximar daqueles padrões de beleza impostos pela sociedade. Através de recursos de
maquiagem e uso de fita adesiva e cílios postiços, essas mulheres conseguem
transformar completamente a sua aparência.
No caso da artista que usou a cirurgia plástica como forma de arte, acho que é um
processo mais invasivo e até perigoso, mas é válido enquanto crítica à eterna corrida
atrás da beleza perfeita e da juventude eterna que uma sociedade consumista e egoísta
nos impõe. Pode ser uma forma de chamar a atenção para o "direito perdido de
envelhecer". Precisamos recuperar este direito. O direito de sermos desfigurados pela
ação natural do tempo e de sermos capazes de enxergar a beleza produzida por essa
deformação. Talvez não seja uma beleza sexualmente excitante, mas é uma beleza
incrível a beleza das rugas, dos cabelos brancos e das olheiras acentuadas. Acho que
este tipo de obra, como a da artista Orlan, pode ser uma forma de chamar a atenção para
estas questões.
Renato Frossard
Segundo Alexandre Santos, a artista Orlan inventa seu corpo através das
imagens que produz. Ela faz um relação entre a verdade e a ficção, o feminino e o
masculino, escolhas e imposições, o público e o privado, o angelical e o monstruoso, o
sagrado e o profano etc. Santos comenta que ela faz representações que são transitórias,
assim como o corpo que também é transitório. Neste sentido é que se explica o uso e
uma quase obseção pelo uso das tecnologias na produção destas representações através
de imagens. O autor conta que a artista faz a utilização de seu corpo como um
instrumento para produzir sua arte, mas não considera que ela o faz de uma forma
exibicionista ou narcisista. Ele a compara a outro artista que fez algo semelhante,
Sterlac.
Me chama bastante atenção a figura e a arte de Frida Kahlo. De acordo com Liane
Oleques, Frida foi uma das mais importantes artistas do século XX, e também teve
importante atuação no âmbito político do México. A artista foi uma mulher batalhadora,
tanto na vida privada, na qual precisou vencer fortes traumas, quanto na vida social, na
qual precisou fazer valer os seus direitos e lutar pelo seu espaço. Esta realidade pode ser
vista através de sua obra. "Além da pintura, também deixou um diário onde registrou
suas alegrias e frustrações como seu conturbado casamento, sua saúde frágil e a
impossibilidade de gerar filhos" (Liane Oleques, Acesso em 21/02/2019).
A autora ainda relata que a vida de Frida Kahlo era cercada por acontecimentos que
tiveram repercussão em sua obra. Por exemplo, quando alguns críticos de arte sugeriram
que ela era uma pintora surrealista, ela rebateu a opinião, afirmando que nunca pintou
"sonhos", mas sim a sua própria realidade (Oleques, Acesso em 21/02/2019) .
Além de ter que superar as sequelas da poliomielite, Frida também teve que lidar com as
consequências de um grave acidente sofrido por ela, quando o veículo em que estava
chocou-se contra um trem, causando diversas lesões em seu corpo.
Oleques afirma que Frida fez sua primeira exposição individual em 1939 em Nova York,
ganhando fama internacional a partir de então. Segundo a autora, ela foi a primeira
artista mexicana a ter suas obras exposta no Museu do Louvre, em Paris. "Entre suas
obras de maior relevância estão: O ônibus; Frida Kahlo e Diego Rivera; autorretrato
com colar; as duas Fridas; autorretrato com cabelos cortados; O veado ferido; Diego em
meu pensamento; entre outros". Frida morreu em 13 de julho de 1954 em sua cama.
“Espero a partida com alegria...e espero nunca mais voltar...” foram as últimas palavras
encontradas em seu diário.
Depois do pixo, veio o grafitte. Esta forma de arte permitiu aos artistas de rua
dar mais formas aos seus sentimentos e ideias. Surgiram figuras das mais variadas
possíveis. Imagens que tratam de temas diversos como a fome, a corrupção política, a
violência, o amor, o sexo, o medo, a angústia, a loucura, enfim, todos os tipos de
assuntos que povoam a mente humana. Considero o grafitte uma arte mais nobre do que
o pixo pois ele é mais completo em termos de unidades de informação. Ele permite que
o receptor leia e interprete suas imagens. E o mais interessante é que ele é uma arte
democrática. O grafitteiro faz sua arte e a deixa lá, para quem quiser ver. E é
praticamente impossível não vê-la pois ela está sempre nos lugares que frequentamos ou
pelos quais passamos. Assim, se estivermos dentro de um ônibus coletivo ou
caminhando, é comum que nós nos deparemos com estas formas de arte estampadas em
muros, edifícios, pontes, postes ou onde quer que haja uma superfície pronta a ser
modificada através de tintas de diversas cores e desenhos, os mais diferentes possíveis.
Aliás, esta é uma outra característica do grafitte, pois eu não me lembro de jamais ter
visto um igual ao outro, ainda que todos eles sejam estranhamente semelhantes no traço,
no contorno e na forma como as imagens são exageradas em suas proporções, deixando
transparecer a ideia existente por trás deles.
Em minha cidade há grafittes por toda a parte, e é uma arte do anonimato, pois
você quase nunca sabem quem os criou. Há até mesmo festivais que unem artistas do
grafitte para que eles modifiquem prédios específicos da cidade, mudando a aparência
escura e sombria da cidade em algo colorido e atraente. Acredito que a arte feita por
estes sujeitos é uma espécie de grito de alerta para a existência de si próprios. Quando a
pessoa deixa sua marca na cidade ela está afirmando: “hey, estou aqui, sou uma pessoa
e importo.” O grafitte é uma forma de as pessoas demarcarem seu território dentro da
cidade onde vivem.
7 – MODA E ARTE
Em minha opinião a moda e a arte sempre se relacionaram entre si, em maior ou menor
grau. Nos modelos de antigamente em que o luxo e o requinte faziam parte do apelo
visual e do glamour que se pretendia imprimir aos vestidos femininos, principalmente,
podemos perceber uma influência artística mais presente e marcante.
Com a evolução da moda, acredito que foi surgindo uma certa separação entre a moda
para uso convencional e aquela para fins mais extravagantes, às quais poderíamos,
talvez, atribuir maior valor artístico do que àquelas roupas mais simples, feitas para o
dia-dia. Mas até mesmo nas vestimentas triviais podemos notar um certo traça artístico
no sentido de que estas também exigem conhecimento e perícia de quem as faz, exigem
habilidade manual e um certo tino para o artesanal. Muitas roupas podem ser
consideradas belas em sua simplicidade e trazer estampas que se aproximam de
verdadeiras pinturas artísticas ou uma simples frase que explore o visual.
Em algumas situações, pessoas utilizam a moda para produzir críticas aos excessos da
sociedade. Como os vestidos feitos de carne, por exemplo, podem ser um grito contra a
crueldade contra os animais ou contra as guerras e carnificinas mundo afora. Outras
roupas feitas dos mais diversos materiais pendem para o extravagante e o chamativo e
podem ser muito mais consideradas itens artísticos do que peças de roupa propriamente
ditas.
A Arte e a moda se relacionam constantemente, e cabe a cada um saber observar o seu
valor artístico desta.
8 – ARTE E MODA – RELAÇÕES E QUESTÕES
De uma certa maneira, pode-se dizer que a arte e a moda sempre estiveram
relacionadas. De fato, a confecção de roupas para o uso conforme tendências daquilo
que se chama moda, ou seja, aquilo que é atraente aos olhos, elegante, belo, fino, ou que
assim é considerado, sempre exigiu dos artesãos que as concebem um certo domínio do
traço, do desenho, da harmonização de medidas, do conhecimento do corpo humano
(manequim), de estilo, de design, dentre outros aspectos que podem muito bem estar
relacionados à arte propriamente dita.
No meu ponto de vista, talvez o que dificulte que a moda assuma de vez o status
de arte é o fato de muitas destas peças não alcançarem o grau de exposição e divulgação
que outras formas de arte alcançam. Em outras palavras, muitas roupas são feitas e
exibidas uma única vez em um desfile e depois tomam rumo muitas vezes incerto.
Quando são arrematadas em algum leilão, não são muito comumente exibidas aos olhos
do público. Aquelas que são criadas para serem efetivamente vestidas, são muitas vezes
utilizadas uma única vez e depois acabam em algum guarda roupa de alguma
celebridade, não sendo mais vistas pelo público.
De qualquer forma, acredito que o status de arte que pode ser atribuído à moda
não depende completamente de que estas roupas sejam usadas ou que sejam exibidas. O
próprio fato de seu processo de criação exigir um trabalho criativo, artístico e elaborado,
eleva estas peças ao status de arte, a meu ver. Além do mais, quase toda peça de roupa
parte de um desenho ou de um modelo e exige que seus criadores sejam cada vez mais
ousados e vanguardistas.
Penso que a moda pode e deve ser feita de maneira artística, mas penso que ela
precisa conciliar tudo isto com seu aspecto utilitário que é o de vestir as pessoas. Não
penso que seja necessário que haja uma moda para as passarelas e outra para o dia-dia,
mas que a moda pode ser artística e, ao mesmo tempo, servir ao consumo. Não penso
que o fato de arte possuir um valor comercial a desmerece diante de outras
manifestações artística. A arte é rica e permite a presença de todas as manifestações
artísticas e culturais, inclusive da moda.