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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS

RECUPERAÇÃO DE LINGUAGENS VISUAIS III

ESTUDANTE: RENATO FROSSARD CARDOSO

1- FORUM IMAGEM E MEMÓRIA

Imagens nos ajudam a lembrar quem somos e porque escolhemos seguir determinados
caminhos. Nos lembram de momentos felizes, de momentos tristes, de lutas e de vitórias. As
imagens nos ajudam a nos lembrar de realizações e de desafios que enfrentamos. É um
minuto congelado no tempo, gravado para as gerações futuras e para o nosso próprio eu do
futuro. Esta imagem abaixo retrata um dos momentos mais importantes de minha vida. Trata-se
de uma foto do ano de 2006, no qual eu fora contemplado com uma bolsa de intercâmbio
universitário para passar um semestre letivo estudando em uma universidade estrangeira. Nos
Estados Unidos da América. Além da experiência de ter que viver em uma outra cultura, utilizar
outra língua e ser totalmente independente de família e amigos durante o tempo em que estive
lá, a experiência representou uma oportunidade de aprendizado e de crescimento. Acrescentou
ao meu currículo o fato de possuir a tão sonhada experiência internacional e me tornou mais
apto a enfrentar o mercado de trabalho brasileiro e as dificuldades que viriam nos anos
seguintes.
2- FORUM FOTOGRAFIA: Potencialidades e fragilidades; memória e
identidade

Potencialidades e Fragilidades da Fotografia

Renato Frossard Cardoso

Tenho refletido muito sobre o que significa ser, o que significa estar vivo. Um dos
resultados desta reflexão foi chegar à conclusão de que não deveríamos dizer “tenho tal
idade”, mas deveríamos dizer “estou com tal idade”, em outras palavras, somos seres
voláteis e por isso não podemos dizer que temos esta ou aquela idade, já que a idade da
qual “desfrutamos” num dado momento, logo terá passado e estaremos mais velhos. Por
isso, quando se fala de fotografia, o que mais me chama a atenção é a sua capacidade de
“congelar” um momento no tempo, como se fosse uma máquina que sugasse para
dentro de si um instante da realidade.

Se observarmos fotografias nossas de outros tempos, perceberemos que mudamos. Às


vezes pensamos que éramos melhores naquele momento, ou às vezes pensamos que
estamos melhores como estamos no momento presente. No caso da artista Cindy
Sherman, por exemplo, ela notou a dificuldade de se fazer passar, numa fotografia, por
uma pessoa mais jovem, pelo simples fato de que ela envelheceu. O mesmo acontece
conosco. Nós gostamos de nos retratar, de fazer imagens nossas que representam o
momento em que estamos, mas nem sempre refletimos sobre o que isto significará no
futuro.

A fotografia tem o potencial de mostrar o mundo por uma diferente perspectiva do que
aquela a que estamos acostumados ou que esperamos enxergar. Ela pode tanto enfeitar
como “enfeiar” a realidade. No caso de Sherman, ela está escolhendo, no atual momento,
se enfeiar, mostrar outras facetas de sua realidade e imaginar, através da aparência
grotesca, formas de se discutir a realidade, realidade esta que às vezes é muito dura. O
fato de envelhecer pode ser muito duro pra alguns, uma realidade que muitos não
gostariam de encarar, mas vista através da fotografia, esta realidade pode mostrar outro
lado deste processo.
Apesar de entender a proposta da artista, penso que há também que ser mostrada a
beleza de ser velho, e não só o lado triste ou grotesco. A bíblia diz que a beleza dos
velhos são os cabelos brancos. Acredito que o que o texto sagrado quer dizer é que cada
época tem sua beleza, e basta que não desejemos ficar presos a um momento volátil, um
sopro no tempo que não dura mais que um segundo. Mas acho que devemos usar e
abusar da fotografia para registrar momentos, cenas, paisagens, a vida, as tragédias, o
presente e tudo o que puder ser retratado, colocando nestas fotografias nossa arte, nossa
personalidade, para mostrar ao mundo e às futuras gerações que nós estivemos por aqui
e que deixamos nossa marca. A fotografia também é uma forma de arte que pode
ultrapassar o simples ato de registrar momentos, tornando-se uma forma de criação e de
elaboração da realidade e de tudo aquilo que nos cerca.

3- FÓRUM: O Corpo Como Material Artístico

Recentemente tenho visto artistas que utilizam o corpo como uma espécie de tela onde
pintam personagens famosos de filmes e até de desenhos animados. Em um destes
vídeos, a artistas filma o processo enquanto pinta o rosto e parte do torax e braços para
compor a imagem de personagens de desenhos animados como o dos Simpsons, Toy
Story, dentre outros. Em um outro vídeo, uma outra artista pinta e faz a sobreposição de
objetos sobre a pele com o objetivo de compor uma espécie de fantasia para o
Halloween.
Outra coisa que tem me chamado bastante a atenção são vídeos de maquiagens através
das quais algumas mulheres mudam completamente a sua aparência de modo a se
aproximar daqueles padrões de beleza impostos pela sociedade. Através de recursos de
maquiagem e uso de fita adesiva e cílios postiços, essas mulheres conseguem
transformar completamente a sua aparência.
No caso da artista que usou a cirurgia plástica como forma de arte, acho que é um
processo mais invasivo e até perigoso, mas é válido enquanto crítica à eterna corrida
atrás da beleza perfeita e da juventude eterna que uma sociedade consumista e egoísta
nos impõe. Pode ser uma forma de chamar a atenção para o "direito perdido de
envelhecer". Precisamos recuperar este direito. O direito de sermos desfigurados pela
ação natural do tempo e de sermos capazes de enxergar a beleza produzida por essa
deformação. Talvez não seja uma beleza sexualmente excitante, mas é uma beleza
incrível a beleza das rugas, dos cabelos brancos e das olheiras acentuadas. Acho que
este tipo de obra, como a da artista Orlan, pode ser uma forma de chamar a atenção para
estas questões.

Links para os vídeos:


https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=OYrbj_g4RP8
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=ZUKuhJD7DPw
4- TEXTO: CORPO, TECNOLOGIAS E IDENTIDADE

SÍNTESE DOS TEXTOS AS IMAGENS EM TRÂNSITO DE ORLAN E IMAGENS


MÉDICAS ENTRE A ARTE E A CIÊNCIA DE ROSANA MONTEIRO

Renato Frossard

De acordo com Alexandre Santos a tecnologia e a arte sempre estiveram


relacionadas, sobretudo nas últimas décadas. Segundo ele, desde que a noção de
imagem se construiu no ocidente, ela esteve ligada a rituais religiosos e vinculada ao
absoluto inexplicável. Para ele, a imagem é sempre uma reconstrução do mundo,
constituindo-se como mise-em-scène que intermédia a relação do homem com seu
entorno. Ele diz ainda que esta noção tem sido reforçada ainda mais com a influência
das tecnologias na produção de imagens, o que tem ampliado e modificado as
possibilidades de reinvenções simbólicas do mundo. Estas representações têm sido
efetivadas principalmente através das tecnologias de registros de imagens como as
fotografias e os vídeos ou filmes.

O texto de Santos trata de fazer uma retrospectiva da obra de Orlan,


baseada em sua exposição Orlan: Méthodes de l’artiste, 1964-2004. Ele relata que a
linguagem e os temas escolhidos pela artista, bem como o uso da imagem advinda das
tecnologias são aspectos centrais de seu trabalho. Ela sempre usou a fotografia,
passando depois ao vídeo, e chegando às últimas propostas estéticas vinculadas à arte
digital e ao cinema. Santos narra que as estratégias de edição de imagens da artista são
altamente sofisticadas e ligadas a novidades tecnológicas. Em sua poética ela utiliza
todos os recursos disponíveis até mesmo quando questiona a presença da tecnologia em
nosso cotidiano.

Segundo Alexandre Santos, a artista Orlan inventa seu corpo através das
imagens que produz. Ela faz um relação entre a verdade e a ficção, o feminino e o
masculino, escolhas e imposições, o público e o privado, o angelical e o monstruoso, o
sagrado e o profano etc. Santos comenta que ela faz representações que são transitórias,
assim como o corpo que também é transitório. Neste sentido é que se explica o uso e
uma quase obseção pelo uso das tecnologias na produção destas representações através
de imagens. O autor conta que a artista faz a utilização de seu corpo como um
instrumento para produzir sua arte, mas não considera que ela o faz de uma forma
exibicionista ou narcisista. Ele a compara a outro artista que fez algo semelhante,
Sterlac.

Santos enfatiza a invenção do corpo teatralizado na imagem como


elemento evidente desde as obras mais antigas e pouco conhecidas de Orlan. Mais uma
vez aqui ele acena para a transitoriedade deste tipo de arte no sentido de que a juventude
da artista, assim como a de todo ser humano é transitória. Ele comenta que a artista usa
brincadeiras correntes com ícones da arte. O autor também fala sobre o uso que a artista
faz de máscaras e divindades como do hinduísmo e simulações do ato sexual como
elementos que buscam a originalidade do corpo por ela. Santos chama atenção para a
presença do movimento na obra da artista, mesmo quando se trata de imagens estáticas,
no sentido de que estas mostram uma progressão, como na obra que mostra um
desnudar-se por parte da artista que culmina com o tecido deixado no chão. O autor
chama atenção para o simbolismo da própria nudez que é utilizada pela artista como
forma de expressão artística. Também são feitas menções ao ato sexual em situações até
bizarras como o bordar das manchas de esperma dos parceiros da artista.

No outro texto, Imagens Médicas Entre a Arte e a Ciência, de Rosana


Monteiro, são examinadas as relações entre a arte e a ciência a partir do estudo de
produções artísticas que se apropriam de imagens médicas. Segundo a autora, o
processo de leitura e interpretação das imagens é socialmente construído, portanto os
padrões de normalidade e anormalidade nem sempre são unânimes. Ela busca
compreender a maneira como as imagens médicas podem ser, e são, apropriadas e
modificadas para o contexto artístico, sendo desta forma ressignificadas.

A autora comenta que a popularização destas imagens médicas e seu uso


no contexto artístico tem criado uma cultura dependente das imagens e das tecnologias
que as produzem, como o raio X, por exemplo. Ela também comenta o fato de alguns
artistas buscarem representar o interior do corpo através do uso das tecnologias
médicas, como uma forma de tornar transparente, e permitir ver o interior. Monteiro
menciona vários artistas que têm utilizado estas técnicas, como a brasileira Diana
Domingues que produziu a instalação Trans-e (1995), menciona também a série
Retratos Íntimos (Fotografia transparente), de Cris Bierrenbach, e as refotografias da
carioca Monica Mansur.

Os textos nos permitem concluir que as tecnologias se relacionam com a


produção artística de imagens ou cenas fílmicas, tanto no sentido de que são elas que
permitem a produção destes elementos, como também muitas vezes as tecnologias
influenciam o resultado que irá se obter. A utilização de uma câmera polaroide, por
exemplo, irá gerar um tipo de imagem diferente do que se obtém, hoje em dia, com uma
máquina fotográfica digital, e o Raio X, gera imagens diferentes das de uma
ultrassonografia ou de uma ressonância magnética. Dependendo, portanto, da intenção
do artista que produz estas imagens, todos estes recursos podem ser explorados para
produzir diferentes resultados. Tudo isto se relaciona com a construção da identidade
pelos autores das obras, sobretudo daqueles que utilizam o próprio corpo como meio de
produzir sua arte, despindo-se para um público que nem sempre os compreende ou
travestindo-se, ou mesmo mostrando-se transparentes para os olhos que estão a lhes
observar.

5 – FÓRUM MULHERES ARTISTAS

Me chama bastante atenção a figura e a arte de Frida Kahlo. De acordo com Liane
Oleques, Frida foi uma das mais importantes artistas do século XX, e também teve
importante atuação no âmbito político do México. A artista foi uma mulher batalhadora,
tanto na vida privada, na qual precisou vencer fortes traumas, quanto na vida social, na
qual precisou fazer valer os seus direitos e lutar pelo seu espaço. Esta realidade pode ser
vista através de sua obra. "Além da pintura, também deixou um diário onde registrou
suas alegrias e frustrações como seu conturbado casamento, sua saúde frágil e a
impossibilidade de gerar filhos" (Liane Oleques, Acesso em 21/02/2019).
A autora ainda relata que a vida de Frida Kahlo era cercada por acontecimentos que
tiveram repercussão em sua obra. Por exemplo, quando alguns críticos de arte sugeriram
que ela era uma pintora surrealista, ela rebateu a opinião, afirmando que nunca pintou
"sonhos", mas sim a sua própria realidade (Oleques, Acesso em 21/02/2019) .
Além de ter que superar as sequelas da poliomielite, Frida também teve que lidar com as
consequências de um grave acidente sofrido por ela, quando o veículo em que estava
chocou-se contra um trem, causando diversas lesões em seu corpo.
Oleques afirma que Frida fez sua primeira exposição individual em 1939 em Nova York,
ganhando fama internacional a partir de então. Segundo a autora, ela foi a primeira
artista mexicana a ter suas obras exposta no Museu do Louvre, em Paris. "Entre suas
obras de maior relevância estão: O ônibus; Frida Kahlo e Diego Rivera; autorretrato
com colar; as duas Fridas; autorretrato com cabelos cortados; O veado ferido; Diego em
meu pensamento; entre outros". Frida morreu em 13 de julho de 1954 em sua cama.
“Espero a partida com alegria...e espero nunca mais voltar...” foram as últimas palavras
encontradas em seu diário.

6 – Pensando Sobre Grafite, Pixo e Pichações

FICÇÕES URBANAS: sobre grafites e pixos


Renato Frossard

Antigamente, talvez por ignorância, eu sempre associava as pichações de rua a


uma espécie de contravenção, algo que pessoas que não tinham escrúpulos ou cuidado
pelo patrimônio público praticavam como forma de rebelião. Com a maturidade, porém,
veio a compreensão de que, muitas vezes, a própria contravenção pode ser uma forma
de arte. Quando digo “contravenção”, estou me referindo a ir contra uma ordem vigente
de coisas que já parecem prontas e acabadas, que têm seu lugar fixo na sociedade e das
quais parece ser proibido discordar. Então percebi que o pixo pode ser uma forma de as
pessoas falarem daquilo que lhes é importante e que, geralmente, lhes falta voz ou
opoturnidade para externalizar. Assim, não sei se é possível dizer que o pixo seja uma
forma de arte, mas é certamente uma forma de expressão.

Depois do pixo, veio o grafitte. Esta forma de arte permitiu aos artistas de rua
dar mais formas aos seus sentimentos e ideias. Surgiram figuras das mais variadas
possíveis. Imagens que tratam de temas diversos como a fome, a corrupção política, a
violência, o amor, o sexo, o medo, a angústia, a loucura, enfim, todos os tipos de
assuntos que povoam a mente humana. Considero o grafitte uma arte mais nobre do que
o pixo pois ele é mais completo em termos de unidades de informação. Ele permite que
o receptor leia e interprete suas imagens. E o mais interessante é que ele é uma arte
democrática. O grafitteiro faz sua arte e a deixa lá, para quem quiser ver. E é
praticamente impossível não vê-la pois ela está sempre nos lugares que frequentamos ou
pelos quais passamos. Assim, se estivermos dentro de um ônibus coletivo ou
caminhando, é comum que nós nos deparemos com estas formas de arte estampadas em
muros, edifícios, pontes, postes ou onde quer que haja uma superfície pronta a ser
modificada através de tintas de diversas cores e desenhos, os mais diferentes possíveis.
Aliás, esta é uma outra característica do grafitte, pois eu não me lembro de jamais ter
visto um igual ao outro, ainda que todos eles sejam estranhamente semelhantes no traço,
no contorno e na forma como as imagens são exageradas em suas proporções, deixando
transparecer a ideia existente por trás deles.

Em minha cidade há grafittes por toda a parte, e é uma arte do anonimato, pois
você quase nunca sabem quem os criou. Há até mesmo festivais que unem artistas do
grafitte para que eles modifiquem prédios específicos da cidade, mudando a aparência
escura e sombria da cidade em algo colorido e atraente. Acredito que a arte feita por
estes sujeitos é uma espécie de grito de alerta para a existência de si próprios. Quando a
pessoa deixa sua marca na cidade ela está afirmando: “hey, estou aqui, sou uma pessoa
e importo.” O grafitte é uma forma de as pessoas demarcarem seu território dentro da
cidade onde vivem.
7 – MODA E ARTE

Em minha opinião a moda e a arte sempre se relacionaram entre si, em maior ou menor
grau. Nos modelos de antigamente em que o luxo e o requinte faziam parte do apelo
visual e do glamour que se pretendia imprimir aos vestidos femininos, principalmente,
podemos perceber uma influência artística mais presente e marcante.
Com a evolução da moda, acredito que foi surgindo uma certa separação entre a moda
para uso convencional e aquela para fins mais extravagantes, às quais poderíamos,
talvez, atribuir maior valor artístico do que àquelas roupas mais simples, feitas para o
dia-dia. Mas até mesmo nas vestimentas triviais podemos notar um certo traça artístico
no sentido de que estas também exigem conhecimento e perícia de quem as faz, exigem
habilidade manual e um certo tino para o artesanal. Muitas roupas podem ser
consideradas belas em sua simplicidade e trazer estampas que se aproximam de
verdadeiras pinturas artísticas ou uma simples frase que explore o visual.
Em algumas situações, pessoas utilizam a moda para produzir críticas aos excessos da
sociedade. Como os vestidos feitos de carne, por exemplo, podem ser um grito contra a
crueldade contra os animais ou contra as guerras e carnificinas mundo afora. Outras
roupas feitas dos mais diversos materiais pendem para o extravagante e o chamativo e
podem ser muito mais consideradas itens artísticos do que peças de roupa propriamente
ditas.
A Arte e a moda se relacionam constantemente, e cabe a cada um saber observar o seu
valor artístico desta.
8 – ARTE E MODA – RELAÇÕES E QUESTÕES

A RELAÇÃO ENTRE ARTE E MODA

Renato Frossard Cardoso

De uma certa maneira, pode-se dizer que a arte e a moda sempre estiveram
relacionadas. De fato, a confecção de roupas para o uso conforme tendências daquilo
que se chama moda, ou seja, aquilo que é atraente aos olhos, elegante, belo, fino, ou que
assim é considerado, sempre exigiu dos artesãos que as concebem um certo domínio do
traço, do desenho, da harmonização de medidas, do conhecimento do corpo humano
(manequim), de estilo, de design, dentre outros aspectos que podem muito bem estar
relacionados à arte propriamente dita.

As obras primas da alta costura, que alcançaram grande popularidade em alguns


períodos da história chamam atenção pela beleza, pelos detalhes, pelo valor dos
materiais com que eram confeccionadas, pelos moldes e muitas vezes pelo luxo. Tais
obras eram consideradas, no seu tempo, verdadeiras obras de arte, muito embora
possuíssem um aspecto utilitário que é o do uso da vestimenta. Com o passar do tempo,
porém, este estilo de confecção entrou em decadência, dando lugar a outro tipo de moda
mais moderna e por muitas vezes mais leve do que as antigas peças da alta costura.
Nos dias de hoje, os estilistas da moda veem explorando cada vez mais ideias
novas e inusitadas que fogem do padrão a que a maioria das pessoas estão acostumadas.
A utilização de materiais incomuns como o metal e até mesmo de alimentos,
aproximam cada vez mais estas peças das obras de arte que não têm, em princípio, o
objetivo de servirem a um propósito específico. Um exemplo disto é o de Lady Gaga,
que se apresentou em um certo evento trajando um vestido confeccionado de carne. A
artista argumentou que pretendia protestar contra a matança de animais.

Embora os textos argumentem que alguns estilistas não buscam para si a


qualificação de artistas, acredito que estes podem sim receber esta denominação, já que
lidam com aspectos da criação, da imaginação e da criação do belo e do inusitado.
Muitas das roupas produzidas pela alta costura, na atualidade, fogem do padrão daquilo
que se usa realmente, ficando legadas à função artística somente. Como os textos lidos
relatam, estas roupas servem mais como uma forma de divulgar uma marca ou um
conceito do que como vestimentas próprias para o uso no dia dia.

No meu ponto de vista, talvez o que dificulte que a moda assuma de vez o status
de arte é o fato de muitas destas peças não alcançarem o grau de exposição e divulgação
que outras formas de arte alcançam. Em outras palavras, muitas roupas são feitas e
exibidas uma única vez em um desfile e depois tomam rumo muitas vezes incerto.
Quando são arrematadas em algum leilão, não são muito comumente exibidas aos olhos
do público. Aquelas que são criadas para serem efetivamente vestidas, são muitas vezes
utilizadas uma única vez e depois acabam em algum guarda roupa de alguma
celebridade, não sendo mais vistas pelo público.

De qualquer forma, acredito que o status de arte que pode ser atribuído à moda
não depende completamente de que estas roupas sejam usadas ou que sejam exibidas. O
próprio fato de seu processo de criação exigir um trabalho criativo, artístico e elaborado,
eleva estas peças ao status de arte, a meu ver. Além do mais, quase toda peça de roupa
parte de um desenho ou de um modelo e exige que seus criadores sejam cada vez mais
ousados e vanguardistas.

Penso que a moda pode e deve ser feita de maneira artística, mas penso que ela
precisa conciliar tudo isto com seu aspecto utilitário que é o de vestir as pessoas. Não
penso que seja necessário que haja uma moda para as passarelas e outra para o dia-dia,
mas que a moda pode ser artística e, ao mesmo tempo, servir ao consumo. Não penso
que o fato de arte possuir um valor comercial a desmerece diante de outras
manifestações artística. A arte é rica e permite a presença de todas as manifestações
artísticas e culturais, inclusive da moda.

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