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PLANTINGA, Alvin. Conhecimento e Crença Cristã. Brasília: Monergismo, 2016.

Em sentido filosófico, os novos ateístas são sem dúvida inferiores aos antigos ateístas
(e.g., Bertrand Russell, Charlie Dunbar Broad e John Leslie Mackie), porém eles
parecem fazer mais barulho. Alguém poderia dizer que eles têm mais estilo que
conteúdo, exceto que também não há muito estilo; suas obras parecem pender menos
para o academicismo sério que para a denúncia panfletária e raivosa. (l. 290)

Talvez a linha de pensamento mais popular seja a seguinte. Obviamente, Deus, o


Criador de tudo, todo-poderoso, onisciente e perfeitamente bom, é a figura central na
narrativa cristã. No entanto, de acordo com essa linha de pensamento, nós, seres
humanos, não podemos ter qualquer crença a respeito de Deus; Deus está além de
todos os nossos conceitos; nossa mente é muito limitada para ter qualquer apreensão
de Deus e do seu ser. (l. 408)

Se você quer ser um filósofo grande de verdade, preocupe-se em não dizer com muita
clareza o que tem em mente (talvez isso não seja o bastante, mas é um começo); se as
pessoas puderem ler e entender de pronto o que você diz, não haverá necessidade de
comentadores da sua obra, ninguém escreverá teses de doutorado sobre ela a fim de
explicar seu pensamento, e não haverá controvérsias sobre o que você quis dizer de
fato. (l. 419)

De acordo com o importante filósofo britânico John Locke (1632-1704), temos


deveres e obrigações em relação às crenças que formamos e mantemos. Ele propõe a
seguinte pergunta: Quais os meios pelos quais “a criatura racional, colocada no
estado em que o homem se encontra neste mundo, poderia e deveria governar suas
opiniões e as ações delas dependentes?”. Em um texto clássico, ele apresenta esta
resposta: a criatura racional em nossas circunstâncias deveria governar suas opiniões
pela razão. Ele diz: A fé não é mais do que um assentimento mental firme: se for
regulado, como é o nosso dever, ele não pode ser produzido por outra coisa senão
pela razão; e assim não pode se opor a ela. Quem acredita sem ter qualquer razão
para acreditar, pode estar apaixonado pelas próprias fantasias; mas não busca a
verdade como deveria e nem presta a devida obediência ao Criador, que incentiva o
uso das faculdades de discernimento que lhe concedeu, para mantê-lo afastado do
engano e do erro. (l. 618)

uma pessoa pode estar cega (como se diz) pela ambição, deixando de enxergar que
certo curso de ação é errado ou estúpido, mesmo que isso seja óbvio para todos. Aqui,
a nossa ideia é que a pessoa ambiciosa em demasia não reconhece algo que de outro
modo faria; o funcionamento normal de algum aspecto de seus poderes cognitivos é
inibido, interrompido ou impedido pela ambição excessiva. Também é possível estar
cego por conta da lealdade, continuando a acreditar na honestidade do amigo muito
depois que a consideração objetiva da evidência tenha ditado a mudança relutante de
atitude. Pode-se estar cego, além disso, por conta de ganância, amor, medo, luxúria,
ódio, orgulho, aflição, pressão social, e milhares de outros motivos. (l. 836)
a garantia é a propriedade que em um grau suficiente consiste na distinção entre o
conhecimento e a mera crença verdadeira. (l. 891)

Um exemplo: você viajou 3 mil quilômetros até North Cascades para escalar; e está
ansioso para fazê-lo. Sendo um incurável otimista, acredita que amanhã será um dia
limpo, ensolarado e quente, apesar da previsão do tempo, que anuncia ventos fortes e
uma mistura desagradável de chuva, granizo e neve. Os meteorologistas estavam
errados e o céu amanhece limpo e ensolarado: sua crença era verdadeira, mas não
consistia em conhecimento. (l. 892)

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