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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF. BRASÍLIA/DF.

CÓPIA RECEBIDA PELA REVISTA


SOCIEDADE MILITAR
https://sociedademilitar.com.br

GLAUBER DE MEDEIROS BRAGA, brasileiro, deputado federal pelo


PSOL/RJ, portador do CPF nº 097.407.567-19 e do RG nº 13.354.941-0,
dep.glauberbraga@camara.leg.br, com endereço no Gabinete 362 - Anexo IV - Câmara
dos Deputados, Brasília – DF – CEP 70160-900 e

MARCELO FREIXO, Deputado Federal pelo PSOL/RJ, Vice-líder da Bancada do


Partido do Partido Socialismo e Liberdade na Câmara Federal, brasileiro, casado,
deputado federal, portador da identidade no 066.274.192 IFP/RJ e CPF n° 956.227.807-
72, com endereço na Câmara dos Deputados, Gabinete 725, anexo IV, CEP 70160-900,
dep.marcelofreixo@camara.leg.br,

FERNANDA MELCHIONA E SILVA, Deputada Federal pelo PSOL/RS, Vice-


líder da Bancada do Partido do Partido Socialismo e Liberdade na Câmara Federal
brasileira, solteira, portador da CI no 6074311736 e CPF no 002.134.610-05, título de
eleitor no 0848.00660469 - Zona 002 e Seção 0064; com endereço na Câmara dos
Deputados, gabinete 621, anexo IV, CEP 70160-900,
dep.fernandamelchionna@camara.leg.br;

DAVID MICHAEL DOS SANTOS MIRANDA, brasileiro, deputado federal


pelo PSOL/RJ, título de eleitor nº 1583.9977.0337, zona 119, seção 0222, Rio de
Janeiro/RJ, CPF 123.940.737-80, dep.davidmiranda@camara.leg.br, com endereço no
Gabinete 267 - Anexo III – Câmara dos Deputados, Brasília – DF – CEP 70160-900;

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SCN, Quadra 01, Bloco F nº 79, Edifício America Office Tower, Salas 1217 a 1219 – Brasília DF - 70711-905 -
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vêm diante Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados abaixo subscritos e
firmados, devidamente constituídos, perante esse Colendo Supremo Tribunal Federal,
com fundamento nos artigos 5º, LXIX e 102, I, ‘d’, ambos da Carta Magna/88, assim
como na Lei nº 12.016, de 2009, interpor

MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de tutela de urgência em


caráter liminar

Contra ato coator praticado por

RODRIGO FELINTO IBARRA EPITÁCIO MAIA, brasileiro, Deputado


Federal, Presidente da Câmara dos Deputados, CPF nº 005.900.487-83, com endereço
em Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Câmara dos Deputados - Palácio do
Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes - Brasília - DF - Brasil - CEP 70160-900,
pelas razões de fato e direito adiante expostas.

1. - OS FATOS

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1.645, de 2019,


que “Altera a Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, que dispõe sobre o Estatuto dos
Militares; a Lei nº 3.765, de 4 de maio de 1960, que dispõe sobre as pensões militares; a
Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 - Lei do Serviço Militar; a Lei nº 5.821, de 10 de
novembro de 1972, que dispõe sobre as promoções dos oficiais da ativa das Forças
Armadas; e a Lei nº 12.705, de 8 de agosto de 2012, que dispõe sobre os requisitos para
ingresso nos cursos de formação de militares de carreira do Exército; e dá outras
providências”.

O PL foi proposto em 25 de abril de 2019 e, conforme despacho da


Presidência da Câmara, foi instituída Comissão Especial, nos moldes do inciso II do art.
34 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD) e em face de ter sido
distribuído a mais de três Comissões temáticas:

Às Comissões de Seguridade Social e Família; Trabalho, de Administração e


Serviço Público; Relações Exteriores e de Defesa Nacional; Finanças e
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Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e Constituição e Justiça e de Cidadania
(Art. 54 RICD). Em razão da distribuição a mais de três Comissões de
mérito, determino a criação de Comissão Especial para analisar a matéria,
conforme o inciso II do Art. 34 do RICD. Proposição Sujeita à Apreciação
Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II. Regime de Tramitação: Prioridade
(Art. 151, II, RICD)

Encerrada a tramitação conclusiva na Comissão Especial fora aberto o


prazo para a solicitação de apreciação pelo Plenário da Câmara dos Deputados, através
do “recurso” previsto no inciso I, do §2º do art. 58 da Constituição Federal e §3º do art.
58 e art. 132, §2º ambos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Foram apresentados três “recursos”: o primeiro rejeitado e os dois


outros julgados prejudicados pela autoridade coatora.

Na sessão plenária de 06 de novembro de 2019 a Câmara dos


Deputados, ao invés de votar o PL 1645, apreciou o “recurso” apresentado pelo
primeiro impetrante, decidindo (segundo notas taquigráficas juntadas, fl. 69):

O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia. DEM - RJ) - Está encerrada a votação.


(Pausa.) Resultado da votação:

SIM: 131;

NÃO: 307.

A MATÉRIA SEGUE A TRAMITAÇÃO INICIALMENTE PREVISTA.


(Palmas.) Ficam prejudicados os Recursos de nºs 56 e 60, de 2019.

O PL nº 1.645, desde modo, não foi enviado ao Plenário da Câmara


dos Deputados, mas à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) para a
confecção da redação final.

O presente mandamus insurge-se contra ofensa a direito líquido e certo


dos impetrantes ao devido processo legislativo, eis que, não é constitucional que no
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julgamento do recurso que restabelece a competência do Plenário do Poder Legislativo
para discutir e votar projeto de lei, previsto no inciso I, do §2º do art. 58 da Constituição
Federal, a Câmara decida se revoga ou não a delegação da competência excepcional às
comissões.

Pelo que ressai do ordenamento e da hermenêutica, havendo


requerimento de 10% dos membros da Câmara dos Deputados, um projeto de lei não
pode mais ser apreciado por comissão, devendo ser discutido e votado exclusivamente
pelo Plenário.

Assim, como se verá, o conteúdo a ser votado na sessão Plenária da


Câmara dos Deputados do dia 06 de Novembro somente poderia ser o próprio PL 1645,
nunca o provimento do recurso.

2.– DO DIREITO

2.1. – Da Legitimidade Ativa

Conforme jurisprudência sedimentada deste Supremo Tribunal


Federal, o Parlamentar no exercício do mandato possui legitimidade ativa para interpor
mandado de segurança em caso de violação do devido processo legislativo constitucional.
Na lição de Nelson Jobim, ex-Ministro do STF, assentou que os membros do Congresso
Nacional têm legitimidade ativa para impetrar tal remédio constitucional. Com esse
entendimento, o Tribunal reconheceu o direito público subjetivo de deputado federal à
correta observância das regras da Constituição . 1


1
MS 24.041-DF, rel. Min. Nelson Jobim, 29.8.2001.(MS-24041)
2
OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Devido Processo Legislativo: uma justificação democrática do
controle jurisdicional de constitucionalidade das leis e do processo legislativo. 3. ed. rev. ampl. e atual. Belo
Horizonte: Fórum, 2016, p. 131.
3
J.J. Canotilho, José Afonso da Silva, Celso Ribeiro Bastos, Ives Gandra, Henrique Savonitti, Manoel
Gonçalves Ferreira, Alexandre de Moraes, Ivo Dantas, Uadi Lammêgo, dentre outros.
4
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. Saraiva. 23ª ed., p. 363.
5
CANOTILHO, J.J. Gomes outros autores. Comentários à Constituição do Brasil. Saraiva Educação. 2018.
6 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. Saraiva, 12ª ed. 2017.
4
7 Magalhães, Roberto Barcellos. Comentários à Constituição Federal de 1988. Vol. 1. Lumen Juris. 1997.
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No mesmo sentido, a melhor doutrina pátria entende que os direitos
ao devido processo legislativo e ao devido processo constitucional devem ser garantidos
pela Jurisdição Constitucional, como garantia dos direitos fundamentais como condições
jurídicas de institucionalização da democracia . 2

Assim, por serem os impetrantes Deputados Federais em pleno


exercício de seus mandatos, comprovada está a legitimidade ativa da demanda.

2.2. – Da Tempestividade

Nos termos do art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que disciplina o


mandado de segurança individual e coletivo, o direito de requerer mandado de
segurança é extinto após decorridos cento e vinte dias a partir da ciência, pelo
interessado, do ato impugnado.

O despacho da Presidência da Câmara dos Deputados,


inconstitucionalmente negando provimento ao recurso proposto e dando
inconstitucional trâmite ao PL 1645 é de 6 de Novembro de 2019.

Comprovada, portanto, a tempestividade da demanda.

2.3. – Da Legitimidade Passiva

Nos termos do art. 1º da já mencionada Lei nº 12.016/2009, será


concedido mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.


2
OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de. Devido Processo Legislativo: uma justificação democrática do
controle jurisdicional de constitucionalidade das leis e do processo legislativo. 3. ed. rev. ampl. e atual. Belo
Horizonte: Fórum, 2016, p. 131.
5
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Trata-se de ato complexo do Exmo. Presidente da Câmara que em
flagrante inconstitucionalidade, e agindo com abuso de direito - apesar dos apelos dos
autores -, negou provimento a recurso e deu inconstitucional trâmite na Câmara dos
Deputados ao PL 1.645, de 2019, não remetendo ao projeto para o constitucional
trâmite no foro constitucionalmente competente, o Plenário da Câmara dos Deputados.
Deste modo, cerceou o direito líquido e certo dos impetrantes de ver o projeto
apreciado, ao invés de cessar, como devia e imediatamente, o trâmite da referida
proposta de legislação perante as comissões.

Demonstrada, portando, a legitimidade passiva.

2.4. – Da Competência

Consoante art. 102, I, “d” da Constituição da República, compete ao


Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente o mandado de segurança
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.

Por conseguinte, demonstrada está a competência do foro elegido para


propositura da presente ação.

2.5. – DO MÉRITO

2.5.1. - Matéria constitucional – Controle judicial

Há “ínsita questão constitucional” (MS 22.503-3/DF, Rel. Min.


Maurício Correa), emanando a ofensa ao direito líquido e certo diretamente da ofensa
ao art. 58, §2º, inciso I da Constituição Federal.

Para a verificação de ter o despacho que rejeita o “recurso” para a


tramitação do PL nº 1.645 no Plenário da Câmara ofendido à direito líquido e certo dos

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deputados impetrantes é necessária a análise de constitucionalidade, ou da
conformidade da apreciação desse “recurso” através verificação das competências das
Casas do Congresso Nacional, especialmente em face das regras do art. 58, §2º, inc. I da
CF/88. Para a verificação da regularidade da competência conclusiva de comissão na
apreciação do PL 1645, exige-se, antes, a interpretação de regras constitucionais e não de
interpretação de normas regimentais. A ofensa direito líquido e certo é em face de
norma constitucional.

Portanto, está autorizado o controle judicial ante a “ínsita questão


constitucional” presente.

2.5.2. - A competência de Legislar – Plenário e Comissões da Câmara


dos Deputados

Democraticamente estabelecido, o exercício da função de legislar


pertence ao Plenário dos Poderes Legislativos.

A competência é do conjunto dos parlamentares e nata do Plenário. A


doutrina concorda que o Plenário das Casas legislativas é quem ostenta a competência
3

constitucional de legislar.

Contudo, na justificação de melhorar o desempenho do Parlamento, a


Constituição de 1988 abriu Seção específica no Capítulo sobre o Poder Legislativo,
prevendo o trabalho das comissões “com competências específicas para estudar
antecipadamente os projetos de lei que lhe sejam apresentados” . Houve, por assim 4

dizer, “uma divisão de trabalho para facilitar a tarefa da assembleia”. Pelo tanto
constitucionalizado as comissões legislativas brasileiras exercem excepcional poder
legiferante, conforme definido no art. 58, §2º, inciso I da Constituição Federal:

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e


temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.


3
J.J. Canotilho, José Afonso da Silva, Celso Ribeiro Bastos, Ives Gandra, Henrique Savonitti, Manoel
Gonçalves Ferreira, Alexandre de Moraes, Ivo Dantas, Uadi Lammêgo, dentre outros.
4
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. Saraiva. 23ª ed., p. 363.
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(…)
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos
membros da Casa; (destacado)

Em complemento, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados,


com regulação direta do inciso I, do §2º do art. 58 da CF, dispensa a competência do
Plenário nas seguintes hipóteses previstas no art. 24:

Art. 24. Às Comissões Permanentes, em razão da matéria de sua


competência, e às demais Comissões, no que lhes for aplicável, cabe:
I - discutir e votar as proposições sujeitas à deliberação do Plenário que lhes
forem distribuídas;
II - discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário,
salvo o disposto no § 2º do art. 132 e excetuados os projetos:
a) de lei complementar;
b) de código;
c) de iniciativa popular;
d) de Comissão;
e) relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação, consoante o § 1º
do art. 68 da Constituição Federal;
f) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados
pelo Plenário de qualquer das Casas;
g) que tenham recebido pareceres divergentes;
h) em regime de urgência; (destacamos)

Já o §2º do art. 132 do RICD regula o mal denominado “recurso”:

§ 2º Não se dispensará a competência do Plenário para discutir e votar,


globalmente ou em parte, projeto de lei apreciado conclusivamente pelas
Comissões se, no prazo de cinco sessões da publicação do respectivo anúncio
no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia, houver
recurso nesse sentido, de um décimo dos membros da Casa, apresentado em
sessão e provido por decisão do Plenário da Câmara. (destacamos)

2.5.2.1. Atuação das Comissões

J.J. Canotilho , discorrendo acerca da “delegação interna corporis” para


5

apreciar projetos pelas comissões das Casas legislativas e da competência exclusiva dos
regimentos internos para disciplinar quais matérias e atribuições ficarão ao cargo das


5
CANOTILHO, J.J. Gomes outros autores. Comentários à Constituição do Brasil. Saraiva Educação. 2018.
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comissões, conclui que a competência é do Plenário e que ela poderá ser retomada pelo
pedido do 10% dos membros, conforma consta do inciso I do §2º do art. 58.

Ensina que a “regra limitativa [do Plenário] está conforme a noção de


delegação, que não implica renúncia a uma competência, mas, transferência da norma
quando o poder delegante achar oportuno” (Comentários à Constituição do Brasil).

Delegação é a atribuição da execução de determinada atividade, no


caso a de legislar, sobre determinados assuntos pelas comissões, nada obstando que o
Plenário, que é quem detém a titularidade, retome a competência para a execução da
atividade legislativa, porque esta atribuição constitucional o Plenário jamais a renunciou
– a competência é irrenunciável.

A discussão acontece, apenas e sucintamente, sobre a natureza desta


transferência constitucional de competências do Plenário para as comissões. Para alguns
(J.J. Canotilho e Henrique Savonitti, p.ex.) é um tipo de delegação. Para outros, opera-se
uma substituição, ao invés de função delegada (José Afonso da Silva).

Para Roberto B. Magalhães e Uadi Lammêgo, o entendimento é de


crítica severa à opção constitucional da transferência de legislar conclusivamente pelas
comissões.

Para Lammêgo , o §2º, inc. I do art. 58 “confia a grupos limitados de


6

deputados a decisão sobre medidas que interessam a todos os cidadãos, subtraindo-as à


publicidade que só é possível através do plenário e à contribuição do pensamento e do
voto de todos os membros da Câmara”.

Já Magalhães afirma que a transferência é “uma forma imprópria de


7

delegação interna, uma vez que não necessita de ato concreto de delegação de poder,
promanando de norma constitucional que já tira do Plenário sua competência legislativa
ordinária, distribuindo-a às diversas comissões temáticas que o substituem em todo o
processo de elaboração legislativa”. Continua asseverando que é “exagerada a

6 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. Saraiva, 12ª ed. 2017.
7 Magalhães, Roberto Barcellos. Comentários à Constituição Federal de 1988. Vol. 1. Lumen Juris. 1997.
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prerrogativa que se concede às comissões que, por definição jurídica, existem para
instruir e opinar e não para deliberar, que é função originária do Plenário e da qual só
ele poderia abrir mão através de delegações eventuais, expressas e específicas”. Como “a
atividade das comissões é meramente técnica e instrutória, nunca final ou decisória do
processo legislativo”, se poderia, quando muito, “impor sua audiência obrigatória como
condição de validade da fase deliberativa, mas nunca permitir-lhes que se substituam na
função soberana do Plenário”. E, ao fim de suas considerações, conclui que a
transferência da competência às comissões não é democrática: é “anti-democrática a
retirada do Plenário de um direito originário para atribuir-lhe mera faculdade de agir”.

Avaliação contundente que ajuda a corroborar a excepcionalidade da


atuação das comissões, mesmo em face da autorização/previsão da Constituição Federal.
Independente da natureza da transferência autorizada pelo art. 58 da CF – se delegação,
substituição ou outro – o fato é que as capacidades legislativas da Câmara e do Senado
não são extintas ou esgotadas quando do exercício da competência conclusiva das
comissões, continuando pertencentes ao Plenário, mas de modo latente, potencial.
Como tal, pode ressurgir por deliberação de uma quantidade dos membros da Câmara
ou do Senado.

O ressurgir da capacidade do Pleno está prevista, no caso específico,


nos 58, §2º e art. 132 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, através, como
visto de um “recurso” impróprio.

As comissões legislativas brasileiras, resta claro da Constituição, não


têm o poder para fazer valer suas preferências, ultrapassando o poder e competência do
Plenário.

No processo de tomada de decisão no Congresso brasileiro a


deliberação de dar às Comissões o poder conclusivo, aliás, está concentrado nas mãos
do Presidente da Mesa diretora, que é quem define os projetos que são distribuídos às
comissões que entender competentes. Tem o presidente da Mesa Diretora o direito
regimental de determinar quais comissões irão analisar e dar um parecer sobre cada
projeto específico. Esta regra ressalta que a competência deliberativa sobre projetos é do
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Plenário, uma vez que se um projeto é enviado à análise por mais de três comissões
permanentes, automaticamente uma nova comissão especial deverá ser criada para
analisá-lo e, posteriormente, o Plenário da Câmara. Este aspecto de concentração de
poder deliberativo reforça, igual aos demais pontos, o imperativo democrático da
derrogação da excepcional competência das comissões.

2.5.3. - Extrapolação do poder regulamentar pelo RICD

No ponto, ao presente mandamus interessa o quanto disposto no inciso


II do art. 24 e o cumulado disposto no §2º do art. 132: a competência das Comissões de
discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, apenas se não há
ressalva do disposto no § 2º do art. 132, o recurso ao Plenário.

Conforme se verifica da leitura comparativa dos dispositivos nos §§2º -


o do art. 58 da CF e o do art. 132 do RICD -, o regimento complementar extrapolou o
ditame constitucional ao definir que o recurso tenha que ser “provido”: provido por
decisão do Plenário da Câmara.

O RICD transformou a derrogação da delegação constitucional num


recurso de tipo híbrido, como se houvesse a exigência de um “duplo grau de jurisdição
legislativa”, quando a ressalva constitucional, ao revés do regimento, não exige
provimento do recurso, mas apenas a existência do “recurso”: “salvo se houver
recurso de um décimo dos membros da Casa”.

E veja-se que exige-se norma regimental para a dispensa da


competência do Plenário, não para o retorno. A fixação das matérias que terão a
dispensa (que pode ser temporária) do Plenário possui discricionariedade em razões de
oportunidade e conveniência do Parlamento. Já a regra de retorno da competência do
plenário não. Ela é constitucional e não regimental: havendo requerimento de 1/10 por
cento dos deputados federais, não haverá dispensa do Plenário, não podendo as
comissões discutirem e votarem projeto de lei. Da literalidade, também se verifica, não
há discricionariedade do delegado. O “recurso” impõe, de forma vinculada e inescusável,
que haja a devolução da competência, cessando a excepcionalidade.

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Segundo o dispositivo, não estará dispensada a competência do
Plenário da Câmara dos Deputados se 10% dos deputados federais solicitarem que o
Plenário aprecie o projeto. Ou, de outro modo, a competência da comissão estará
cessada se houver recurso de 10% dos membros da Câmara.

2.5.4. O recurso do art. 58 da CF/88

Do inciso I, do §2º do art. 58 da CF/88 ressai que as comissões


temáticas podem discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa.
Havendo o requerimento, a comissão não pode discutir e votar projeto de lei.

O termo “recurso”, aplicado na parte final do inciso I do art. 58 da


CF/88, não se reveste das peculiaridades processuais que caracterizam específica e
classicamente um recurso e tem a conotação de instrumento que faz terminar a
excepcionalidade do exercício da competência para legislar conclusivamente das
comissões. Não há duplo grau de jurisdição e não há decisão recorrida: a intenção é
apenas derrogar a delegação constitucional excepcional delegada à comissão.

Pela sistemática e natureza jurídica da competência legislativa e da


delegação, em razão da inexistência dos elementos constitutivos dos recursos, e em face
de critérios democráticos, verifica-se que não se cuida de um recurso. Cuida-se de um
instrumento de derrogação dos poderes conclusivos de comissão feito por pelo menos
10% dos parlamentares membros da Casa legislativa. Ou seja: não é um instrumento que
vise reformar, anular ou a integrar a decisão da comissão ou das comissões acerca do
projeto, mas, por vontade expressa de um décimo por cento dos deputados federais,
cuida-se de uma ordem de retorno das competências do Plenário, competência que é
ínsita, inerente e que fora transferida para uma Comissão especial ou para às comissões
em que tramitou a proposta legislativa.

A regra do §2º do art. 58, da competência deliberativa das comissões


parlamentares, é inspirada no art. 72 da Constituição da Itália (il procedimento
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8
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Malheiros. 23ª ed.
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decentrato), tendo sido introduzida originalmente no Brasil através do §5º do art. 67 da
Constituição de 1946, incluído pela Emenda à Constituição nº 17, de 1965.

Esta Emenda foi oriunda de Grupo de Trabalho cuja relatoria coube


9

ao Senador Josaphat Marinho e originou o Projeto de Emenda à Constituição nº 7, de 4


de Novembro de 1965, Mensagem nº 20, de 1965, publicados no Diário do Congresso
Nacional de 5 de Novembro de 1965. Visava reformar o funcionamento do Congresso
Nacional.

O instituto nasce como uma delegação do Plenário às comissões (art.


67, §5º da CEUB/46):

§ 5º A Câmara dos Deputados e o Senado Federal pela Câmara poderão


delegar poderes a comissões especiais, organizadas com observância do
disposto no parágrafo único do art. 40, para discussão e votação de projetos
de lei. O texto do projeto aprovado será publicado e considerado como
adotado pela Câmara respectiva, salvo se, no prazo de 5 (cinco) dias, a
maioria dos membros da Comissão ou 1/5 (um quinto) da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal requerer a sua apreciação pelo Plenário.

Essa mudança, dentre outras, como constava da Mensagem nº 20,


objetivava “imprimir maior eficiência e objetividade à missão do Congresso Nacional”,
aperfeiçoar a técnica legislativa com medidas que prometiam “facilitar a elaboração
legislativa”. Sem retirar a competência do Plenário, permitia uma “delegação interna” a
comissões especiais e, expressamente, “se resguarda o poder do Plenário de deliberação
final sobre o projeto” . 10

Inicia-se, também, o atual sistema de emendamento de projeto perante


as comissões.


9
Teve a participação, dentre outros, de Orlando de Carvalho, Miguel Reale, Raul Machado Horta, Ernest
Griffith, Jean Lyon, Oswaldo Trigueiro e Giuseppe Bettiol.
10
“ Ainda com o intuito de facilitar a elaboração legislativa, é facultado à Câmara e ao Senado deferir a
comissões especiais o preparo e a votação de projetos definitivos de lei. Ao contrário do regime italiano
(Const. Artigo 72), sómente se admite a delegação interna a comissões especiais e, como nêle previsto, se
resguarda o poder do Plenário de deliberação final sôbre o projeto. Além disso, excluem-se da concessão
autorizada aquelas matérias que, por sua relevância e gravidade, sómente devem ser decididas pela própria
corporação legislativa”. Reforma do Congresso Nacional. Estudo e sugestões do Grupo de Trabalho
designado pelo Presidente do Congresso Nacional. Relator: senador Josaphat Marinho. Diário do Congresso
Nacional (seção II), sexta-feira 5 de Novembro de 1965.pp. 3859/3860.
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Também no instituto original italiano há a possibilidade de devolução
da delegação por um décimo dos membros da Câmara.

Verifica-se que as regras não criam um um “sub-poder legislativo”, mas


nascem da ideia de simples desconcentração, de mero descontingenciamento para a
execução de tarefas delegadas, que assim poderiam ser realizadas, em tese, mais
rapidamente. Destacou-se a Carta, então, um ente menor e diferente (as comissões),
atribuindo-lhe alguns dos poderes ou das competências do Plenário. Desde os
primórdios a figura é algo mais próxima do instituto de direito administrativo da
descentralização pela delegação.

A ideia do legislador para o trabalho da comissões, desde a introdução


no ordenamento e, depois, na Constituição de 88, foi a de que elas se transformassem
em um instrumento de apoio e especialização para o restante das Casas Legislativas, um
local de discussão e análise dos temas. Não que elas fossem substitutas definitivas (ou de
modo absoluto) ao Plenário, como atualmente têm sido utilizadas e como se observa da
decisão da Câmara ora objurgada. A finalidade das comissões era, e é, a de servir ao
conjunto dos deputados, não que os substituísse peremptoriamente. Assim é que a
rejeição de um requerimento para cessar a competência da comissão subverte o sistema
de competências.

A pretensão da autoridade coatora cria um super parlamentar: na


função mais específica do Poder Legislativo, a de legislar, criar o direito, haveria os
“representantes dos representantes”, ou um grupo de poucos deputados federais que
iriam resolver conclusiva, definitiva e irreversivelmente o que a maioria, todos os demais,
entendem sobre os assuntos à serem legislados. A conclusividade no exercício da
competência é desejável, a irreversibilidade desse exercício é incompatível.

Neste ponto, ressalta ainda a característica de poder pertencer o


deputado, em regra, à apenas uma comissão temática (§§2º e 3º do art. 26 do RICD , 11


11
§ 2º Nenhum Deputado poderá fazer parte, como membro titular, de mais de uma Comissão
Permanente, ressalvadas as Comissões de Legislação Participativa, de Segurança Pública e Combate ao
Crime Organizado, de Cultura, de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, de Direitos Humanos e
Minorias, do Esporte, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, de Relações Exteriores e de
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pela redação Resolução 15, de 2016), o que, aliado à atual sistemática de negar a
apreciação de projetos de lei pelo conjunto da assembleia, diminui o caráter participativo
e democrático próprio dos Parlamentos. O risco é a centralização nas comissões,
exatamente o mesmo mal que procurou resolver a desconcentração para as comissões.
Necessário, pois, o equilíbrio.

A existência das comissões, em si, portanto, não seria um problema


constitucional e de déficit de democracia (apesar das opiniões doutrinárias contrárias,
que entendem que sim, que “antidemocrática”, como mencionado) se a competência
irrenunciável do Plenário, da maioria do membros, puder ser restabelecida quando
assim desejar 10% dos membros da Câmara.

É necessário restabelecer o “recurso” de um décimo por cento dos


membros como o instrumento de rompimento da outorga, o fim do desejo de delegar,
de demandar do titular do direito. Sua existência não pode sofrer a discricionariedade
do delegado e nem significar a renúncia da competência do Plenário para as comissões.

No entendimento de tratar-se de um recurso, uma indagação central é:


o quê e quanto devolve ao Plenário?

Este aspecto é central no presente mandamus.

Quando o 10% da Câmara requer que a matéria seja apreciada e votada


pelo Plenário, o que é devolvido (efeito devolutivo) é toda a matéria objeto do PL. É o
próprio projeto que é devolvido, e que deixará de ser apreciado pela Comissão e passará
a ser apreciado pelo conjunto da assembleia.

Rompe o devido processo legal a autoridade coatora quando leva a


apreciação e votação no Plenário apenas o provimento do recurso, quando, por regra
constitucional, o que deveria ser apreciado no Plenário é o próprio Projeto de Lei 1.645.


Defesa Nacional, de Turismo, de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, de Defesa
dos Direitos da Mulher e de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.
§ 3º Ao Deputado, salvo se membro da Mesa, será sempre assegurado o direito de integrar, como titular,
pelo menos uma Comissão, ainda que sem legenda partidária ou quando esta não possa concorrer às vagas
existentes pelo cálculo da proporcionalidade.
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Na sessão de 06 de novembro o que foi discutido e votado é se a delegação deveria ser
devolvida, quando a Constituição fixa que, pela vontade de 10% dos membros da
Câmara, a delegação já estaria derrogada e o único que restaria a ser apreciado é o
próprio projeto. Ou seja: mesmo já tendo sido derrogada a delegação para a comissão,
tendo sido pautado o “recurso” para ser deliberado – e não, como deveria, o projeto de
lei - o Plenário acabou abrindo mão, abdicando de sua competência.

O §2º do art. 132 do RICD é incompatível com a Constituição Federal


porque acarreta a renúncia à competência do Plenário da Câmara.

E a deliberação do Plenário, resolvendo se exerce ou não sua


competência, não é constitucional, uma vez que significa a renúncia de um poder, de
uma jurisdição que tem por natureza a irrenunciabilidade. O Plenário não poderia abrir
mão de sua competência legislativa em favor de uma comissão, porque não pode
renunciar às suas competências.

3. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, é patente a violação do direito líquido e


certo dos Autores à observância do devido processo legislativo constitucional, em razão
da inobservância de requisitos formais e sine qua nom ao trâmite do PL 1645, por ato
do Presidente da Câmara dos Deputados.

Assim, requer-se desde já seja concedida ordem para reconhecer a


inconstitucionalidade do ato impugnado – a apreciação e a permissão de trâmite não
pelo Plenário mas pelas Comissões do PL 1645, de 2019, violando as regras
constitucionais –, evitando que se concretize a iminente lesão a direito líquido e certo
dos autores ao devido processo legislativo: a votação da proposta legislativa sob a égide
da ilegalidade e abuso.

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3.1 - DA TUTELA DE URGÊNCIA EM CARÁTER LIMINAR

Presentes estão os requisitos para a concessão da medida liminar, nos termos do


art. 7º, III da Lei nº 12.016/2009, assim como do art. 300 do Código de Processo Civil.

A evidência da probabilidade do direito está suficientemente caracterizada pelos


argumentos deduzidos até aqui, especialmente a continuidade do trâmite do Projeto de
Lei e o iminente encerramento do curso da proposição perante a Câmara com a redação
final pela CCJC. A redação final foi apresentada hoje, 19 de Novembro de 2019.

O perigo de dano resta evidente do fato de que a proposição legislativa pode ter
encerrado seu trâmite a qualquer momento.

É urgente tutelar o interesse defendido.

Por tais razões, requer-se, a concessão de medida liminar, inaudita altera pars,
para que se determine ao Presidente da Câmara dos Deputados que interrompa o atual
trâmite do Projeto de Lei 1.945, de 2019, enviando a proposição legislativa para a
apreciação perante o Plenário da Câmara dos Deputados. Caso encerrado o trâmite da
proposta na Câmara dos Deputados, seja anulados os atos legislativos, quaisquer deles,
adotados posteriormente à decisão da Sessão de 06 de novembro de 2019.

3.2 - DOS PEDIDOS FINAIS

Tendo em vista os fundamentos fáticos e jurídicos expostos, requer o Autor:

a) A concessão de medida liminar, inaudita altera pars, acima disposta, para


sustar ou suspender o trâmite do Projeto de Lei nº 1.645, de 2019, em face
da inconstitucionalidade do trâmite do PL e a substanciar o direito líquido e
certo dos impetrantes do devido processo legislativo;
b) Ainda liminarmente, a anulação dos atos adotados a partir da Sessão planária
de 06 de novembro de 2019, relativamente ao trâmite perante a(s)

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comissão(ões), com a ordem de envio imediato ao Plenário da Câmara dos
Deputados do PL 1645, de 2019, para apreciação e votação;
c) No mérito, seja concedida a ordem para reconhecer a violação do direito dos
Autores ao Devido Processo Legislativo Constitucional, confirmando-se a
medida liminar;
d) Sejam anulados todos e quaisquer dos atos adotados pela Presidência da
Câmara dos Deputados, Comissões e qualquer outro órgão interno da
Câmara, tomados posteriormente à interposição do recurso/requerimento nº
55, de 2019, do art. 132, §2º do RICD, de modo que seja restabelecido o
trâmite constitucional do art. 58 da CF/88, com a apreciação do PL 1645 pelo
Plenário da Câmara dos Deputados.
e) Sejam notificadas as autoridades coatoras para prestarem informações no
prazo legal, nos termos do art. 7º, inc. I da Lei nº 12.016/2009;
f) Seja dada ciência do feito à Advocacia Geral da União, nos termos do art. 7º,
inc. II da Lei nº 12.016/2009;
g) Seja notificado o ilustre representante do Ministério Público, para, nos termos
do art. 12 da Lei nº 12.016/2009, opinar acerca da presente demanda;
h) Por fim, requer prazo para juntada das procurações de Marcelo Freixo,
Fernanda Melchiona e Silva e David Michael dos Santos Miranda.

Nos termos do art. 104 do CPC, requer-se a juntada posterior de


instrumentos de procuração dos impetrantes.

Dá a causa o valor de R$1.000,00, pelo inestimável da demanda.

Termos em que, pede deferimento

Brasília, 20 de Novembro de 2019.

ANDRÉ MAIMONI
OAB/DF 29.498

ALBERTO MAIMONI
OAB/DF 21.144
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