COMPORTAMENTAIS E
MODELOS COGNITIVOS
2017/2018
MODELOS COMPORTAMENTAIS
I. Condicionamento Clássico
II. Condicionamento Operante
III. Aprendizagem Social
Psicologia ainda não estava definida como o estudo dos comportamentos, era demasiado mentalista. O
comportamentalismo (estudo do comportamento humano diretamente observável) deu-se com a revolução
behavorista – Watson: possibilidade de explicar o comportamento humano através de leis do condicionamento
clássico.
▪ Insatisfação com a psicologia dos “estados e conteúdos da consciência” e com o método introspetivo
(p.ex., dificuldade em estudar sujeitos com poucas ou nenhumas capacidades verbais)
▪ Fracasso na incorporação dos princípios da psicologia experimental e académica pelas correntes que
dominavam a saúde mental
▪ Reconhecimento da prática clínica como profissão válida
As leis do comportamento são as leis da aprendizagem. O fator que unifica a terapia do comportamento é que
esta deriva dos procedimentos e princípios experimentais.
Contributos iniciais: Ivan Pavlov, John B. Watson e Rosaline Rayner, Mary Cover Jones. [os primeiros contributos
são experimentais]
Revisão das principais experiências iniciais – Pavlov (1849-1936) [Pavlov é um fisiologista russo]
Quando a campainha toca, antes de aparecer a comida, o cão começa a salivar – Condicionamento – o estímulo
campainha é inicialmente neutro e após sucessivos emparelhamentos com o EI é capaz de produzir também uma
resposta.
Estímulo Condicionado (EC ou CS = Conditioned Stimulus): Estímulo inicialmente/previamente neutro que, após
sucessivos emparelhamentos com o estímulo incondicionado (após tornar-se associado com o EI), eventualmente,
passa a provocar uma resposta semelhante à do estímulo incondicionado (desencadeia uma resposta
condicionada).
A ênfase é colocada no estímulo – os estímulos é que são responsáveis por um determinado comportamento; o
foco é no antecedente. A sequência dos acontecimentos apresentados é independente da resposta
(comportamento).
Condicionamento: processo que consiste em associar dois estímulos S1 e S2, em que o S2 provoca uma
resposta R e S1 é um estímulo neutro em relação à resposta R, de modo que S1 passe a desencadear a
resposta R.
Operações nas quais o experimentador emparelha um EC com um EI até que uma RC resulta da
apresentação isolada do EC.
Este tipo de aprendizagem é passiva: o individuo aprende a responder de certa forma a determinados estímulos
em resultado de associações S-S, em que um dos estímulos é o desencadeador incondicional da resposta. Sem o
EI (US) não é possível a aprendizagem respondente.
Revisão das principais experiências iniciais – J. Watson & R. Rayner (estudo publicado em 1920)
Utiliza o condicionamento clássico para explicar o comportamento humano. Experiência realizada com um sujeito
humano, o pequeno Alberto (9 a 11 meses de idade). Tentou condicionar uma resposta de medo (fobia) no bebé.
Watson e Rayner fizeram a 1ª experiência de condicionamento respondente com humanos e demonstraram que
os seres humanos podem aprender por condicionamento respondente – resposta emocional condicionada num
bebé de 9 meses.
Antes:
EI RI
Durante:
EN + EI RI
Após Condicionamento:
EC RC
As respostas emocionais obedecem a processos de aprendizagem equivalentes aos de qualquer outra resposta
animal e humana. Talvez fosse possível, por recurso aos métodos de aprendizagem, tratar fobias, depressões,
obsessões-compulsões e outras disfunções do comportamento humano.
Generalização do Estímulo: Estímulos com alguma semelhança com o EC passam a desencadear respostas
condicionadas/Produção de uma resposta condicionada para estímulos que apresentam algum grau de
semelhança com o estímulo condicionado. Realização da mesma resposta para diferentes estímulos, associados
semântica ou estruturalmente.
Ex. pequeno Alberto: coelhos, cães, máscara felpuda
Para que a generalização se efetue é necessário que os outros estímulos sejam similares ao EC original. Quanto
maior é o número de estímulos presentes na situação de aprendizagem maior a probabilidade de generalização,
ou quanto maior o grau de semelhança percebido entre o EC e o novo estímulo.
Ex.: para além de chorar, a pessoa tenta fugir do estímulo temido, pode sentir coração
acelerado, dores de estômago, tonturas, etc.
Discriminação (oposto da generalização): quando a RC é emitida somente perante o EC específico e não por
outro com maior ou menor grau de semelhança. Somente o EC é suscetível de desencadear a RC. A resposta é
emitida apenas e unicamente em função de um estímulo específico.
Ex 1.: cão de Pavlov salivar somente perante campainha com determinada altura tonal e não outra
Ex. 2, hipotético: caso o pequeno Alberto não demonstrasse medo perante animais diferentes.
Recuperação Espontânea: Após registar-se a extinção, pode surgir pontualmente a emissão da RC na presença
do EC (reaparecimento cada vez mais espaçado no tempo, caso o procedimento de extinção persista no tempo).
[reaparecimento da RC depois de ter ocorrido extinção; numa sequência de procedimentos de extinção e
períodos de repouso, as recuperações espontâneas vão tendo uma magnitude progressivamente menor, assim
como a RC]. (passado algum tempo de repouso, há recuperação do reflexo condicionado porém a resposta tem
uma magnitude menor)
A experiência de Watson e Rayner mostrou que respostas emocionais de medo (fobias) podem ser aprendidas
através de condicionamento pavloviano.
Com base nesta experiencia e na de Pavlov, Watson e Rayner sugeriram estratégias (que não chegaram a
testar) para resolver os medos de A., entre as quais as seguintes (que viriam a inspirar futuros investigadores e
clínicos):
1. Confronto com o estímulo original (EC - ratinho branco) na ausência do estímulo aversivo (EI) [levaria à
extinção – a resposta condicionada que deixa de ser seguida pelo estímulo incondicionado extingue-se
gradualmente]
2. “Recondicionamento”, p.ex., através da apresentação do EC (ratinho branco) em conjunto com guloseimas
ou outros tipos de comida apreciados por A [fazer uma nova aprendizagem; EI que gerasse uma
resposta incompatível com a de medo]
Revisão das principais experiências iniciais – Mary Cover Jones (estudo publicado em 1924) [não provocou nenhuma
fobia ao Pedro]
Mary Cover Jones (1924) retoma algumas das sugestões para tratar uma
criança de 2 anos e 10 meses (Pedro). No plano de tratamento começou
por utilizar o descondicionamento em relação ao objeto fóbico (coelho);
depois utilizou o condicionamento direto, emparelhando a comida com a
presença do coelho ao longo de uma hierarquia.
Coloca em prática pela primeira vez uma intervenção baseada nas propostas de Watson e Rayner, para
resolver respostas fóbicas do Pequeno Pedro perante um coelho e ratinho brancos, generalizada a outros
estímulos como algodão ou casacos brancos de pele.
Mary Cover Jones conduziu um descondicionamento com base em 2 estratégias fundamentais, a segunda das
quais baseada no condicionamento clássico:
1) Pedro numa sala onde outras crianças brincavam com o coelho sem mostrar qualquer medo [esta
estratégia não está relacionada com o condicionamento clássico, mas sim com o modelo da
aprendizagem social]
2) “condicionamento direto” (terminologia de MCJ): emparelhamento do coelho com comida, seguindo
uma hierarquia desde ver o coelho numa gaiola a certa distância, até tocar no coelho
[contracondicionamento; 1ª aplicação do condicionamento clássico para resolver uma fobia].
Esta 2ª estratégia corresponde ao que mais tarde se virá a designar por dessensibilização sistemática.
Outros factos acerca do condicionamento clássico
a) nº de emparelhamentos dos E – quanto mais vezes for emparelhado o EC com o EI, maior a
probabilidade de ocorrer o condicionamento e mais forte este será. Quanto maior for o nº de associações
EN + EI RI, maior será a força da conexão EC-RC (mais rápido o condicionamento).
b) intensidade do EI – Quanto maior for a intensidade do EI, maior será a força da conexão EC-RC (medida
pela ocorrência de RC perante EC), e menor o número de associações necessárias. [quanto mais intenso
o EI, maior a probabilidade de ocorrer o condicionamento e mais forte este será, e menos
emparelhamentos tenho de ter. É possível ter condicionamentos com uma só apresentação do EI com o
EN]
c) intervalo de tempo entre EN/C e EI – tem de haver uma proximidade no tempo entre o EI e o EN. Quanto
menor for o intervalo de tempo que decorre entre o EN e o EI, maior será a força da conexão EC-RC.
d) ordem de apresentação dos E’s:
a. nos animais, o EN tem de ser apresentado antes do EI.
b. nos humanos, o EN pode ser apresentado a seguir ao EI, mas continua a ser mais eficaz se for
antes (condicionamento retroativo)
Pressupostos/Contributos
Os comportamentos são sobretudo aprendidos por uma corrente complexa de emparelhamentos entre EC e EI,
responsáveis por condicionamentos de 1ª ordem, base para condicionamentos de 2ª ordem, de 3ª ordem e assim
sucessivamente.
Grande parte dos comportamentos seriam então compreendidos através dos conceitos de E e R, C ou I, processos
de generalização, extinção e discriminação.
Pressuposto do Condicionamento Emocional:
Como qualquer outra resposta ou comportamento, as respostas emocionais ou psicopatológicas são aprendidas
e explicadas com base nos mesmos mecanismos, princípios ou leis.
Se as respostas psicopatológicas são aprendidas por condicionamento clássico, então poderão ser
“desaprendidas” através de mecanismos idênticos ou relacionados – contracondicionamento e extinção (definida
atrás).
Implicações Terapêuticas
O tratamento deverá visar a extinção dos comportamentos disfuncionais através da exposição do indivíduo aos
EC na ausência das condições aversivas provocadas pelo EI.
Se for produzida uma resposta inibidora da ansiedade (contrária a esta) na presença do(s) EC
(estímulos produtores da ansiedade), de forma a suprimi-la total ou parcialmente, então a associação entre EC
e RC diminui (a associação entre esses estímulos e a ansiedade diminui) (a resposta antagónica terá um efeito
inibidor na permanência da resposta).
A diminuição da ansiedade/medo implica uma repetida inibição recíproca do medo através da imposição de
uma resposta incompatível com o medo.
Wolpe verificou que era possível reduzir os medos induzidos por condicionamento clássico através da
reintrodução gradual e progressiva do animal assustado ao EC que originava o medo, enquanto que o animal
era alimentado a intervalos regulares para reduzir o medo.
Substituiu a Exposição Direta aos estímulos evocadores de ansiedade por Exposição em Imaginação e utilizou
o Relaxamento como forma de inibir o medo.
o relaxamento muscular passou a ser o inibidor de ansiedade mais utilizado na dessensibilização sistemática.
Começa-se com a cena menos ansiógena. Quando se verificar ansiedade nula (ex.: 3 sessões sem relato de
ansiedade), avança-se para a seguinte.
Durante o condicionamento
Antes do condicionamento
Treino de Depois do condicionamento
Relaxamento
Treino de mais
Relaxamento
Relaxamento aproximações Relaxamento Estímulo
Relaxamento
sucessivas do fóbico
estímulo
EI RI fóbico
EC RC
EI RI
Ex, Hierarquização de cenas ansiógenas (por ordem crescente) num caso de agorafobia:
Baseiam-se no princípio da extinção - consistem na exposição prolongada, repetida e direta (i.e., sem
mediatização de R antagónica/inibidora), em situação real ou imaginada, a EC temidos, mas inofensivos,
geradores das respostas emocionais mais intensas, prevenindo qualquer tipo de resposta de evitamento ou fuga.
Variantes:
▪ Imersão (flooding): usada apenas situações desencadeadoras de ansiedade relatadas pela pessoa
(usada por Marks e Rachman no Maudsley Hospital). Os doentes eram expostos a intensos estímulos
fóbicos na ausência de qualquer resposta inibidora ou antagónica. Pode ser em imaginação ou ao vivo.
▪ Implosão: pode usar medos hipotéticos que o terapeuta considere relevantes. Exposição prolongada
em imaginação às situações e comportamentos que geram ansiedade.
Enquanto que a terapia implosiva envolve frequentemente a exposição a medos hipotéticos (medos que,
embora não revelados pelo paciente, podem ser hipotetizados como relacionados com o problema), a
imersão consiste unicamente na exposição a situações que o cliente relata como desencadeadoras de
ansiedade.
▪ Em imaginação ou ao vivo
(Com prevenção de R)
Na sequência da teoria dos 2 fatores de Mowrer (1960) e dos estudos de Miller (1951).
Para explicar a persistência do medo e dos comportamentos de evitamento, Mowrer elaborou a Teoria dos 2
fatores explicativo das respostas de medo (1960) [modelo de duas fases]:
[FATOR 1]: R de medo desenvolve-se por emparelhamento entre EN e EI aversivo (O indivíduo adquire
uma resposta de medo através do emparelhamento entre um estímulo neutro e um estímulo incondicionado
aversivo) [origem da fobia; condicionamento clássico]
[FATOR 2]: a ansiedade desenvolvida (RC) passa a funcionar como motivador do comportamento e o
indivíduo passa a ser reforçado pela fuga ou evitamento do estímulo fóbico (vai-se retirar da situação causadora
de ansiedade) [manutenção da fobia; condicionamento operante]
Estudos de Miller (1951): maior eficácia da exposição quando o indivíduo enfrenta a situação aversiva original,
desencadeadora do medo mais intenso. O EI tem de ser inofensivo e a pessoa tem de estar tempo suficiente na
situação para diminuir a resposta.
As cenas são descritas de maneira a suscitar o máximo de resposta emocional. O terapeuta não tenta acalmar
a pessoa.
Condição de eficácia: exposição nunca deve ser interrompida a meio, nem enquanto a ansiedade não descer. O
ideal é que baixe até 0 mas no mínimo tem de descer.
Se o indivíduo com fobia a elevadores sair da situação enquanto a ansiedade está elevada o medo a elevadores
aumenta (RC reforça o EC). Para não haver um aumento do medo o sujeito só poderá sair do elevador quando
a RC começar a descer.
é imprescindível a chamada prevenção de resposta de fuga
Eysenck aponta três insuficiências na Teoria do Condicionamento das Neuroses, tal como tinha sido inicialmente
formulada:
(1) Exceto nas neuroses de guerra, o acontecimento habitualmente iniciador das neuroses humanas não é
necessariamente excessivamente traumático e não produz uma resposta condicionada imediata tão forte,
havendo um aumento insidioso da ansiedade produzido pelo EC. Pode levar anos ou décadas até que
uma fobia ou distúrbio de ansiedade se estabeleça [ex.: fobia a aviões]
(2) [TIPO A] A resposta condicionada deveria extinguir-se quando o indivíduo se encontrasse na presença
do estímulo condicionado sem que o incondicionado estivesse presente, o que tornaria impossível neuroses
duradouras, nomeadamente face a estímulos do dia a dia [ex.: gatos] [a extinção da RC deveria ser
muito rígida e rápida, isto é, o indivíduo encontraria o EC sem ser seguido pelo reforço
(medo/ansiedade) e a RC extinguir-se-ia]
(3) [TIPO B] Na teoria do Condicionamento Pavloviano, a RC não poderia ser mais forte que a RI, mas é
isso que acontece na clínica. Após o insidioso desenvolvimento da neurose, a RC torna-se tão forte que
passa a constituir um problema.
Paradoxo neurótico: o comportamento neurótico mantém-se apesar do sofrimento que acarreta e da exposição a
que está teoricamente sujeito. Como/Porquê?
Para resolver este problema, Eysenck propôs uma revisão da Teoria de Aquisição e Extinção das Neuroses, de
forma a incluir o conceito de Incubação, que explica o aumento da força da RC ao longo do tempo.
A Incubação assenta em diferenças entre os chamados Condicionamentos Pavlovianos tipo A (ex.: resposta de
salivação) e tipo B (condicionamento neurótico) assinaladas por Grant, determinando a ocorrência (ou não) de
extinção.
▪ impulso/drive [o impulso é gerado por uma necessidade; varia consoante o estado de carência do
organismo]
▪ grau de similitude entre RC e RI
▪ O cão saliva se tiver fome e em inanição (ou seja, a RC depende de uma carência do organismo, que
gera um impulso/drive para ocorrer a resposta – ex.: se o animal estiver saciado pode não salivar na
presença do EI)
▪ RC é menos intensa que RI e não tem todas as características da RI (ex.: na RC o cão não mastiga, nem
engole a comida, como sucede com RI) (não há uma resposta condicional completa; é incompleta e mais
fraca)
▪ Pode ocorrer extinção.
Condicionamento Pavloviano de Tipo B (Ex.: experiência de Watson; uma outra experiência de Pavlov em
cães).
EN (toque) + EI RI
EC (toque) RC
▪ O EI provoca sempre RI (é o EI que gera o impulso, que motiva/drive a RI) (a motivação é provocada
pelo próprio estímulo incondicional).
▪ O EC provoca uma RC ≈ RI e igualmente forte [A RC é tão intensa como a RI]
▪ O reforço está sempre presente e a RC age como reforço do EC, e por isso não existe extinção.
logo, a R que o indivíduo experimenta face à apresentação isolada do EC é bastante diferente nos dois
condicionamentos.
No Condicionamento de tipo B, a exposição ao EC em situações de vida real não costuma ser suficientemente
prolongada para permitir a diminuição da RC aquando da exposição ao EC => INCUBAÇÃO/aumento da RC
(em vez de extinção/diminuição da RC) [a resposta persiste no tempo] [A RC pode intensificar-se para um nível
superior à da 1ª vez].
A RC pode por si só atuar como um reforço equivalente à RI, produzindo um aumento na força da
RC.
Num condicionamento pavloviano de tipo B os elementos críticos que determinam se a resposta condicionada se
vai extinguir ou incubar ao longo do tempo, são:
Em conclusão:
▪ O modelo de Eysenck pretende explicar o que sucede no caso das respostas condicionadas observadas
na prática clínica.
▪ Num condicionamento do tipo B, a estratégia terapêutica de exposição tem de ser prolongada o tempo
suficiente para que ocorra extinção em vez de incubação.
Para além da explicação de Eysenck, podem acrescentar-se outros mecanismos, tais como:
▪ O desenvolvimento de respostas de fuga pode fazer com que o indivíduo não passe de facto pela
experiência de exposição ao EC na ausência do EI (caso ocorra “fuga” antes do momento de “omissão”
do EI)
▪ Também como iremos compreender no próximo modelo comportamental (condicionamento operante),
evitamento e fuga vão envolver reforço negativo.
(1) Determinar a hora exata em que a bexiga está cheia durante a noite.
(2) Acordar a criança antes de acontecer
N.B.: a intervenção “integral” não se restringe a esta técnica, sendo também comummente usadas
estratégias do condicionamento operante.
Condicionamento/terapia aversiva: Consumos (pouco usado, por ser “aversiva”); Condicionamento aversivo a
determinados sabores
EC – álcool
EI – droga
RI, RC - náusea
A intervenção nunca deve restringir-se a esta técnica, que é aversiva, devendo, p.ex., ser combinada com reforço
e outras técnicas do condicionamento operante.
A partir da observação dos comportamentos de fuga de gatos postos em gaiolas, Thorndike concluiu que a
aprendizagem baseava-se num processo de conexão entre os estímulos e as respostas. Esta conexão era
determinada pelas consequências da resposta, ou seja, se estas fossem favoráveis ao contexto, fortaleceriam a
conexão e o contrário inversamente – Lei do Efeito.
Verificou também que quanto mais se executava a resposta e as suas consequências se mantivessem ocorreria
um fortalecimento da mesma conexão – Lei da Prática.
Ao contrário das conceções de Pavlov e Thorndike, que davam primazia ao estímulo inicial, para Skinner eram
as consequências mais do que os estímulos que determinavam a ocorrência de um comportamento. Seriam,
portanto, as consequências a ocuparem um lugar privilegiado na aprendizagem animal e humana. O estímulo
não desencadeia uma resposta por si só. É através da associação entre um estímulo e uma consequência que o
primeiro adquire as propriedades discriminativas de indução de resposta, ou seja, o estímulo funciona como um
sinal de probabilidade de ocorrência de determinadas consequências, aumentando ou diminuindo deste modo a
probabilidade de ocorrência de uma resposta.
Todo o comportamento humano (funcional e disfuncional) é regulado pelas consequências e são estas que
interessam para o Condicionamento Operante, ao contrário do Condicionamento Clássico, ao qual só interessa
que vem antes do comportamento, ou seja, associação de estímulos.
“A mente é aquilo que o corpo faz. É aquilo que a pessoa faz. Por outras palavras, é o comportamento, e é
isto que os comportamentalistas têm vindo a afirmar por mais de meio século”
▪ O comportamento é fundamentalmente regulado pelas suas consequências. Estas são tão ou mais
importantes que os estímulos que antecedem as respostas emitidas.
▪ A apresentação de um estímulo, só por si, não é suficiente para desencadear uma resposta operante
▪ É através da associação desse estímulo a uma resposta seguida de determinada consequência, que
aquele adquire propriedades discriminativas de incitamento da resposta , i.e.:
Um conjunto de experiências sistemáticas e controladas nos anos 30/séc. XX com animais (“caixa de Skinner”)
permitiu formular 2 das principais leis do condicionamento operante:
(1) quando um comportamento é seguido de uma consequência reforçadora, aumenta a probabilidade
da sua ocorrência
(2) quando um comportamento fortalecido por um processo de condicionamento operante, deixa de ser
seguido de uma consequência reforçadora, então a probabilidade da sua ocorrência diminui [ou, como também
se verificará, quando é seguido de uma consequência punitiva]
A aprendizagem de um comportamento e a sua manutenção é função das suas consequências. Skinner verificou
que o meio não estimula unicamente o comportamento; ele seleciona o comportamento através das suas
consequências.
Conceitos fundamentais
Se numa dada situação antecedente (S, E ou A) o indivíduo (organismo ou O) emite uma dada resposta
(comportamento B ou resposta R), então terá uma determinada consequência (consequência ou C).
E–O–R–C
A–O–B–C
Antecedente operante: Todo o acontecimento público (ex.: trovoada) ou privado (ex.: imaginar um acidente) que
ocorre imediatamente antes da emissão do comportamento [sinais que vão indicar a probabilidade de obter
um reforço/consequência]
Consequente operante: Todo o acontecimento público (ex.: copo partido que se deixou cair) ou privado (ex.:
angústia) que ocorre imediatamente depois do comportamento e é provocado por este
Enquanto não percebo a relação entre o comportamento e a consequência, esta não pode ser dita de
reforçadora; só podemos dizer que uma consequência é reforçadora quando a relação é contingente.
REFORÇO:
“…consequência de um comportamento que tem como efeito aumentar a frequência, duração ou intensidade
desse comportamento” (Gonçalves, 1990, p. 57)
“…quando numa relação de contingência aumenta a frequência, a duração ou a intensidade (ou quando
diminui o tempo de latência) de uma resposta em função de ocorrências prévias da referida contingência”
(Silva et al., 2008, p. 52)
Skinner refere que “reforço é qualquer acontecimento, comportamento ou objeto material que aumenta a
frequência de qualquer comportamento ao qual é contingente”.
Reforço positivo [+]: quando a consequência consiste em ganhar/obter ou aplicar algo; qualquer acontecimento
cuja apresentação contingente aumenta a frequência de desempenho de uma resposta. Ex: elogios.
Reforço negativo [-]: quando a consequência consiste em retirar, perder ou remover algo (a resposta põe fim a
algo aversivo). Qualquer acontecimento cuja retirada contingente aumenta a frequência de desempenho de uma
resposta. O ganho é a perda da situação aversiva. Elaboração de um comportamento que ponha término a uma
situação aversiva aumentando, em consequência, o comportamento precedente. Ex: beber/fumar elimina
ansiedade/stress.
Punição positiva [+]: a consequência consiste em obter ou aplicar/apresentar algo (Estimulação Aversiva –
apresentação de um comportamento aversivo contingencial à elaboração do comportamento). Ex: por os dedos
numa ficha elétrica e levar choque.
Punição negativa [-]: quando a consequência consiste em retirar ou perder algo. Remoção de um estímulo
positivo como consequência pela emissão de uma determinada resposta operante. Ex: castigos
EXTINÇÃO OPERANTE: Diminuição e extinção de um dado comportamento provocadas pela omissão sistemática
do reforço que o mantinha. Enfraquecimento gradual da resposta operante. Retirar as consequências de uma
determinada resposta. Ex: quando a criança faz birra, a extinção consiste em depois da birra não haver reforço,
ou seja, não dar o chupa-chupa.
“Diz-se que há extinção operante quando numa relação de contingência diminui a frequência, a duração ou a
intensidade (ou aumente o tempo de latência) de uma resposta em virtude da mesma deixar de ser seguida da
consequência reforçadora” (Silva et al., 2008, p. 53)
GENERALIZAÇÃO: o efeito do reforço pode generalizar-se, não só para os estímulos antecedentes, como para
as próprias respostas, incluídas na contingência.
Do estímulo: reforço à generalização da resposta para outras situações similares à situação original.
Da resposta: o reforço duma resposta aumenta a probabilidade de outras respostas similares serem
reforçadas.
Alguns exemplos
Comportamentos “indesejáveis”:
Escola Americana
Início nos anos 50 e assenta nos modelos teóricos do condicionamento operante (Skinner).
Radicalmente ambientalistas: consideram a maior parte dos comportamentos humanos aprendidos; contestam
o conceito de distúrbio psiquiátrico e de comportamento anormal; os sintomas resultavam APENAS da existência
de contingências inapropriadas;
Alargamento da intervenção clínica a áreas como o controlo do peso, tabagismo, manejo do stress, dificuldades
sociais e interpessoais ligadas à saúde.
Os comportamentos sejam eles considerados patológicos ou não, são aprendidos pelos mesmos mecanismos.
Em síntese, as estratégias terapêuticas operantes são técnicas que procuram promover a diminuição ou aumento
de um comportamento através da manipulação das consequências e dos estímulos discriminativos (antecedentes
que informam acerca da probabilidade de ocorrência de uma determinada consequência).
▪ Reforço Positivo
▪ Moldagem
▪ Channing
▪ Prompting
▪ Reforço Negativo
Inconvenientes que podem reduzir a sua eficácia: disponibilidade; saciação; distratibilidade (o consumo
desvia a atenção do comportamento a aprender, interrompe-o, etc) (entre outros).
Sistemas de pontos ou fichas (Token Economy): itens generalizáveis que podem ser modificados por outros
reforçadores; cada item vale um certo nº de pontos ou fichas (ex.: 10 pontos valem 1 bola de futebol;
50 pontos uma bicicleta)
Ex.1: muito bem, conseguiu reduzir o nº de cigarros para #/dia. Se continuar assim, daqui a duas semanas
conseguirá uma redução para # cigarros por dia.
Ex.2: muito bem, conseguiste fazer este exercício. Se continuares assim, vais conseguir ter positiva no
próximo teste.
Este tipo de reforçadores usa-se, sobretudo, nos casos em que se estabelecem objetivos ou expetativas
de resultados bem definidos.
Exs.: “muito bem”; “isso mesmo”; “fixe”!; “concordo contigo!”; “ótimo”; “és o maior”; “que máximo”; “gostei
imenso do que fizeste” (verbais); sorriso, assentir com a cabeça, piscar o olho, fazer sinal de ok com as
mãos, abraçar, fazer uma festa, “pancadinhas nas costas” (não verbais)
Auto-reforço: administrados pelo indivíduo a si próprio, contingentemente. Devem ser sempre implementados.
Exs.: auto-verbalizações, atividades, objetos ou prémios que o indivíduo administra a si próprio (tais
como: dizer para consigo “Boa!”; permitir-se ir ao cinema; programar um fim de semana)
Escalas/tabelas de aplicação:
As tabelas de reforço consistem em programas que definem a) os agentes de reforço a aplicar (informação
sobre o que, habitualmente, tem funcionado como reforçador-indicador do provável valor de reforço –
informação que identifica quais são os estímulos que podem servir como reforço), b) as condições (frequência e
tempos) de aplicação de reforçadores, c) as escalas de reforço referem-se aos programas através dos quais o
reforço é administrado.
Nas tabelas de reforço contínuo (a primeira a ser utilizada) o reforço aplica-se contingencialmente a todas as
respostas (ex: sempre que o Tomás inicie um pedido com a expressão “por favor” receberá um elogio).
Nas tabelas de reforço intermitente, o reforço não se aplica a todas as respostas (ex: neste caso, das várias
vezes que o Tomás iniciar um pedido com a expressão “por favor”, apenas em algumas elas receberá um elogio).
Estas tabelas são difíceis de quebrar porque há sempre esperança de que haja sempre reforço. Podem ser em
função de taxas de resposta ou de períodos de tempo.
O individuo terá que emitir um determinado número de respostas para obter o reforço (positivo ou
negativo). É um programa de alta frequência porque como a obtenção do reforço depende do número de
respostas emitidas os indivíduos tendem a emitir muitas respostas por unidade de tempo.
A resposta é reforçada unicamente depois de ter decorrido um determinado intervalo de tempo, isto é
a primeira resposta que ocorre depois de um certo tempo é reforçada (as que ocorrem antes desse intervalo de
tempo não são reforçadas). Programa de baixa frequência, dado que a frequência das respostas é muito baixa,
em virtude do reforço estar dependente não do número de respostas emitidas mas dos tempos decorridos. Não
é importante o numero de respostas certas (mesmo se só fizer uma resposta certa no período de tempo estipulado,
recebe reforço).
As variáveis não são completamente aleatorizadas, o parâmetro gravita ao longo de um valor médio
predeterminado. As variáveis são mais eficazes porque a pessoa nunca sabe quando vai ter o reforço, mantendo-
se assim o reforço adquirido.
Os programas de reforço intermitente aumentam a resistência à extinção. As curvas de aquisição são mais
estáveis nos programas variáveis do que nos programas fixos.
Nos programas de reforço fixo a frequência dos comportamentos tende a diminuir após a ocorrência contingente
do reforço; esta frequência vai aumentando na proximidade de obtenção do reforço.
Se quisermos que um individuo adquira um comportamento estável de elevada frequência usaremos uma tabela
de reforço intermitente de taxa/proporção.
Se quisermos que um individuo adquira um comportamento estável de baixa frequência usaremos uma tabela
de reforço intermitente de intervalo.
Ao fim de um tempo há uma diminuição do efeito do reforço. Logo, sempre que se vai introduzir um
comportamento novo, deve-se sempre começar por um programa de reforço contínuo e só depois passar a um
programa de reforço intermitente, pois são mais insensíveis à extinção.
SHAPING (MOLDAGEM):
Reforço de comportamentos com alguma semelhança ao comportamento-alvo (ex.: reforçar uma criança
que se vestiu sozinha, mesmo que tenha a camisola ao contrário). Por passos sucessivos, vão-se reforçando
comportamentos cada vez mais aproximados.
Só é possível ser utilizada se for possível definir aproximações sucessivas ao comportamento pretendido.
CHANNING (tem a ver com encadeamento; aplicável a comportamentos complexos, que envolvem
sequência/etapas/passos):
O reforço é administrado após a execução de cada segmento definido. Os segmentos começam com 1
ou 2 passos; o nº de passos vai sendo aumentado gradualmente. Primeiro usa-se RF contínuo de um dado
segmento. Após estabilização, este passa a RF intermitente e prossegue-se para o próximo segmento
(com mais passos), aplicando RF contínuo após o último passo - e assim sucessivamente.
Deve-se ensinar à pessoa cada uma das etapas, começando pela mais simples, usando paralelamente o
reforço operante. Aprendizagem progressiva de tarefa em tarefa até à aquisição do comportamento
integral. Recorrer ao incentivo físico e verbal. A sequenciação não pode ser administrada nem muito
depressa nem muito devagar.
Tecnicamente consiste em (1) dividir a cadeia de comportamentos de uma tarefa complexa em partes
(segmentos), (2) promover a aprendizagem do primeiro segmento com um programa de reforço contínuo,
(3) estabilizar o comportamento desse primeiro segmento, passando para um programa de reforço
intermitente, (4) proceder do mesmo modo para o segundo segmento, enquanto se aumenta
progressivamente a taxa ou intervalo médios de reforço, (5) e assim sucessivamente até à aquisição de
toda a cadeia.
PROMPTING:
(REFORÇO NEGATIVO):
Como envolve colocar a pessoa numa situação de estimulação aversiva (a cessar imediatamente após o
comportamento apropriado), em princípio só deve ser usado na aquisição de respostas adaptativas de
evitamento (ex.: deixar hábitos de consumo)
Requer que um estímulo aversivo seja retirado e isso aumenta a probabilidade de ocorrência de um
comportamento.
▪ Extinção operante
Regra de Ouro
▪ Saciação
▪ Supercorrecção - restitutiva e por prática positiva Nunca aplicar técnicas para diminuir a
▪ Custo de resposta frequência, duração ou intensidade de um
comportamento, sem utilizar primeiro e,
▪ Time out (from positive reinforcement)
depois, simultaneamente, técnicas para
▪ Estimulação aversiva [punição positiva] aumentar comportamentos desejáveis
▪ Reforço diferencial de outro comportamento alternativos.
▪ Reforço diferencial de um comportamento incompatível
▪ Reforço diferencial de um comportamento com baixa taxa de ocorrência
EXTINÇÃO OPERANTE
Condições de eficácia: para além de ser necessário identificar todas as fontes de reforço, é imprescindível a sua
aplicação sistemática. De outro modo, o comportamento fica sujeito a reforço intermitente, logo, resistente à
extinção.
Atenção/limitação: inicialmente ocorre subida do comportamento-problema, pelo que a técnica não poderá ser
usada em caso de comportamentos potencialmente perigosos.
SACIAÇÃO
Consiste em facultar uma enorme abundância de reforços de modo a que estes percam o seu valor reforçador,
de modo a que então o comportamento diminua.
Atenção/limitação: inicialmente ocorre subida do comportamento-problema, pelo que a técnica não poderá ser
usada em caso de comportamentos potencialmente perigosos
Aplicável caso o comportamento-alvo gere prejuízo ao próprio ou aos outros, e consiste em, logo após a emissão
do comportamento indesejável, na correção dos seus efeitos negativos (sobre o próprio ou outros).
Assenta na assunção de que as crianças/adolescentes devem corrigir e/ou alterar as consequências do seu
comportamento disfuncional.
Condição: é necessário identificar as consequências negativas ou prejuízos, assim como definir modos de as
corrigir. É essencial que a resposta de restituição ou correção seja emitida o mais rapidamente possível, após a
realização do comportamento-problema. É importante que a resposta de correção/restituição seja útil para a
pessoa que emitiu o comportamento indesejável.
▪ Supercorrecção restitutiva: após o comportamento desadequado, a pessoa terá que fazer alguma coisa
para corrigir ou compensar o sucedido, de modo a obter-se uma situação melhor do que a original.
Requer que a pessoa coloque o meio como estava na condição original, antes de o comportamento
inadaptado ocorrer, e que o melhore.
Ex.: se partir alguma coisa, limpar os cacos e ir comprar outra.
▪ Prática positiva: repetição continuada do comportamento correto após a emissão de comportamentos
disfuncionais. Normalmente trata-se de executar o comportamento oposto àquele que se pretende
diminuir.
Ex.: para corrigir erros numa cópia, escrever um determinado nº de vezes as palavras
corretamente.
A técnica geral designa-se por overcorrection, que em português costuma traduzir-se por “super-correção”. Há
2 modalidades: super-correção Restitutiva (restitution overcorrection) e super-correção por Prática positiva
(positive practice overcorrection). Ambas são parte da mesma “técnica geral” que, em rigor, pode ser designada
simplesmente por “super-correção”.
Devido a confusão terminológica, alguns autores optam por falar somente em “supercorreção” sem sequer
discriminar modalidades; outros decidem empregar determinados termos de modo indistinto (caso de Gonçalves,
por exemplo, que opta por designar a técnica por “super-correcção/prática positiva”, à semelhança da
terminologia que usámos no topo dos diapositivos apresentados na aula). Em suma, a utilização do termo super-
correção é correta e aplicável a qualquer das modalidades de super-correção (seja restitutiva, seja por prática
positiva).
▪ Supercorrecção restitutiva - Ex.: uma criança, após o comportamento de cuspir no chão, tem de limpar a
área onde cuspiu, bem como o resto do chão.
▪ Super-correção por prática positiva - Ex.: uma criança que escorrega da cadeira para o chão pode ser
obrigada a praticar repetidamente o comportamento apropriado de sentar-se de modo seguro.
Usa-se, frequentemente, em programas de Token Economy (em combinação, portanto, com reforço).
Sistema de pontuação que funciona como reforçador indireto. Sempre que um comportamento desejável
ocorre o sujeito ganha um X número de pontos, que serviriam para trocar por reforços.
Não se aplica se a quantidade de reforços valorizada pelo indivíduo for muito reduzida (não se aplica a um
deprimido).
Deve ser usado em associação com Reforço Diferencial de Outro Comportamento (DRO).
Atenção, não é recomendado como método de modificação comportamental por duas razões:
I. crianças que perdem pontos depois do esforço para ganharem podem tornar-se agressivas ou
frustradas, o que poderá provocar uma diminuição na motivação para continuar
II. pode ser usado para diminuir comportamentos inapropriados, mas não pode ser usado isoladamente
para facilitar o desenvolvimento de novos comportamentos alternativos ao comportamento
inapropriado.
É necessário que a pessoa disponha de um leque suficientemente grande de reforços positivos que possam ser
facilmente manipuláveis. O reforço tem de ser altamente valorizado, os custos realistas e deverão ser reforços
de difícil reaquisição.
Consiste em retirar à pessoa a oportunidade de receber reforços positivos durante um período delimitado de
tempo, contingentemente à emissão de um comportamento inapropriado.
▪ Definir um espaço/local específico, que seja neutro (ou seja, nem com potenciais reforços, nem com
punições). Ex.: um corredor; uma divisão sem nada de interessante, bem iluminada.
▪ Pode ser utilizado eficazmente em casa, escola, e até em situações públicas (sociais).
▪ Não tem como objetivo retirar a pessoa de uma determinada situação por períodos de tempo longos.
Quanto tempo? Em crianças, as recomendações vão no sentido de 1-2 minutos por cada ano de idade.
▪ A pessoa deve estar informada dos comportamentos pelos quais está a ser punida.
▪ Os adultos devem fazê-lo de forma firme e consistente, evitando descontrolo emocional, sem avisos
prévios.
▪ Depois da criança sair do Time-out pede-se que desempenhe o comportamento adequado [ou: uma
condição de saída do time-out é a pessoa/a criança demonstrar um comportamento apropriado no(s)
último(s) minuto(s).] Os pais devem evitar manifestações de ativação e expressão emocional intensa.
▪ No início da aplicação da estratégia operante deve-se esperar uma exacerbação dos problemas
comportamentais apresentados.
Ex.: aluno na sala de aula a perturbar colegas, a atirar aviões e a dar “calduços” nos colegas. Prof. dirige calma
mas firmemente o aluno para uma sala de 3x2 m, de paredes de cor neutra lisa, sem mobiliário nem brinquedos,
janela alta, ampla, proporcionando boa iluminação, mas a que não tem acesso. Permanecerá aí até parar de
fazer birra durante 2 mins seguidos (comportamento adequado).
Inclui quatro componentes operantes (Gambrill, 1977):
1. Custo de resposta (remoção do reforço positivo) – lugar ou atividade do qual o sujeito é retirado
2. Punição positiva (isolamento social contingente)
3. Extinção operante (não há reforço + na sala)
4. Reforço negativo (alívio da aversão no momento de saída do time-out)
[e quiçá reforço positivo: contacto e proximidade social ao regressar aos locais habituais]
Condições: aplicação imediata, apenas 1 vez por emissão do comportamento, contínua até à supressão daquela
emissão do comportamento, usando estímulos de intensidade média.
Limitações e desvantagens:
Aula prática – aluno esqueceu-se do material – foi repreendido/teve falta – na aula seguinte já não se
esqueceu de trazer material
Prof. marcou TPC – aluno trouxe TPC feitos – prof. ignorou TPC – na aula seg., aluno não trouxe TPC feitos
Extrapolação dos reforços que se encontravam a regular o comportamento indesejado para um novo
comportamento que seja desejado.
Exemplo: a criança faz um desenho e rasga-o. Não se deve fazer caso do rasgão mas sim reforçar a ideia de
que o desenho está bonito.
REFORÇO DIFERENCIAL DE UM COMPORTAMENTO INCOMPATÍVEL (DRI)
Ex: criança que grita e de vez em quando fala baixinho. Reforça-se apenas quando fala baixinho./a criança
está a pintar um circulo e pinta uma parte bem (dentro dos limites da figura) e outra parte mal. Deve-se reforçar
a parte que está bem pintada.
Consiste no reforço pela não emissão de mais do que um certo número de comportamento-problema num
determinado espaço de tempo.
Ex.1, crianças: levantar-se do lugar menos que X vezes [um menino que é hiperativo e não vai conseguir ficar
sentado o tempo todo. Estabelece-se num período de tempo o número de vezes que este se pode levantar e s
enão ultrapassar esse limite recebe uma recompensa].
Quando controlamos um estímulo para que um certo comportamento se desenvolva. Ex: A Filipa esquece-se
sempre de deitar o saco do lixo no caixote. Então passou a deixar o saco à porta de casa. Assim, quando sai e
o vê sabe que tem que o colocar no caixote.
Reforço diferencial: quando os comportamentos passam a estar associados a determinadas consequências, esses
estímulos podem tornar-se discriminativos. Aplicação do reforço a um determinado estímulo (estímulo
discriminativo) discriminando-o de todos os outros estímulos (estímulos delta).
Em determinadas situações (ou na presença de certos estímulos) a resposta (ou comportamento) pode ser
reforçada, enquanto que noutras situações a mesma resposta não é reforçada.
Quando a resposta é diferencialmente controlada pelos estímulos antecedentes, o comportamento está sujeito
ao controlo de estímulos.
Limitações
Ninguém ensina crianças a nadar, adolescentes a conduzir ou estudantes de medicina a operar fazendo com
que eles tenham de descobrir o comportamento apropriado através das consequências dos ensaios e erros
(Bandura, 1955, p. 89)
Determinismo recíproco: interações entre fatores pessoais (P), comportamentos (C) e eventos ambientais (A).
Aprendizagem através da observação (≠imitação) de outros: muitos comportamentos são aprendidos através
de um processo de observação do comportamento (e respetivas consequências) de modelos sociais.
Este processo permite poupar tempo comparativamente aos processos de aprendizagem por ensaios e erros.
Seria um processo com custos inimagináveis para os indivíduos e para as espécies se todas as aprendizagens
se tivessem que se verificar por um processo de ensaios e erros (Gonçalves, 1990, p. 72, sobre a
aprendizagem social de Bandura)
Tipos de Modelamento:
• Ao vivo/simbólico
• Passivo/participativo (observador executa simultaneamente)
• Comportamental/cognitivo
=> A combinação entre modelamento comportamental e modelamento cognitivo conduz a uma aprendizagem
mais eficaz
• facilitação da resposta
• inibição/desinibição
• aquisição da resposta/aprendizagem observacional
A aprendizagem faz-se:
Importância das consequências dos comportamentos observados, ou seja, das consequências vicariantes:
1961: experiência “clássica” de Bandura sobre o modelamento da agressão através da observação = bobo doll
experiment [ver artigo].
A mera exposição a um modelo não garante, por si só, a aprendizagem ou a aptidão subsequente para executar
os comportamentos. Entre os acontecimentos modelados e sua execução/reprodução motora, ocorrem
subprocessos cognitivos.
• Processos de atenção
• Processos de retenção
• Processos de produção/reprodução
• Processos de motivação
Atenção
A atenção do observador pode ser orientada acentuando fisicamente as partes relevantes da tarefa,
subdividindo tarefas complexas em partes, utilizando modelos adequados, demonstrando a utilidade dos
comportamentos do modelo (Schunk, 1996).
Influenciada por:
• características do modelo, p.ex.: idade, aparência física; estatuto (e.g., pai, prof, artista); valor atribuído
ao modelo; valor funcional do comportamento emitido; consequências do comportamento do modelo
• variáveis do observador: habilidades cognitivas (ex.: ser capaz de processar informação sensorial),
interesses ou preferências, nível de ativação (desperto, sonolento, etc).
Retenção
É aumentada repetindo a informação a aprender, codificando-a (e.g., sob a forma visual), relacionando novo
material com informação já armazenada na memória (Schunk, 1996)
Produção
• Motora ou verbal
• Os comportamentos produzidos são comparados com a representação mental/conceptual.
• feedback ajuda a corrigir deficiências (Schunk, 1996)
• Pode ser aumentada com reforço positivo
• Requer determinados dispositivos ou recursos pessoais (ex.: pernas)
Motivação
Implicações práticas/clínicas
Expetativas sobre os resultados: convicção de que determinadas ações ou comportamentos conduzem a certos
resultados.
ex.: saber que se der respostas orais corretas nas aulas receberei um elogio do professor
Autoeficácia: convicção de que se é capaz (ou não) de levar a cabo tais comportamentos ou ações.
ex.: acreditar ou não que sou capaz de participar voluntariamente na aula e/ou de acertar nas
respostas
Os modelos e as comparações sociais são fontes importantes para desenvolver expectativas de eficácia e de
resultados.
O estabelecimento de objetivos funciona em conjunto com as expectativas de resultados e a autoeficácia. A
presença dos dois primeiros elementos não é suficiente para assegurar a execução do comportamento.
Ex.: um estudante pode desejar obter um elogio por parte do professor (objetivo) e saber que se participar
voluntariamente na aula e responder de modo correto (comportamento requerido) obterá o elogio pretendido
(expectativas de resultados positivas). Contudo, não manifesta o comportamento por duvidar das suas
capacidades para dar respostas corretas (baixa autoeficácia).
MODELOS: uma das fontes de motivação e de autoeficácia: “se eles conseguem fazer, eu também consigo”.
= convicção de que se é capaz de executar com êxito o comportamento requerido para a produção de um dado
resultado
= juízos que cada indivíduo faz sobre as suas próprias capacidades para alcançar um determinado nível de
execução (Bandura, 1977, 1987, cit. in Cerdeira, 1995, p. 139, p. 141)
Crença de autoeficácia: “Eu posso! Eu consigo!” vs. crença de “desespero aprendido”: “Eu não posso. Eu não
consigo.” (cf. Santrock, 2006)
É específica para determinados domínios (embora eventualmente possa generalizar-se) – p. ex.: autoeficácia
para retirar inferências de um texto; autoeficácia para resolver problemas com frações (Schunk, 1996).
Função motivacional – a perceção que cada um desenvolve sobre as suas próprias capacidades de execução
e do seu poder para produzir efeitos influencia:
As crenças das pessoas acerca das suas próprias capacidades também influenciam em que medida farão uso
das aptidões que possuem.
Desenvolvimento de expectativas de autoeficácia
A aprendizagem social é influenciada por características do (ou relacionadas com o) modelo, tais como:
• Semelhança entre o modelo e o sujeito do modelamento (sexo, idade, nível de aptidões, nacionalidade,
etnia, etc)
• Atração que o modelo exerce; prestígio
• Competência do modelo
• Relação afetiva com o sujeito
• Poder do modelo
• Consequências obtidas pelo modelo
O observador deve percecionar algum grau de semelhança relativamente ao modelo => preferência por
modelos «pares» a partir dos 6 anos* de idade (ex.: modelos para adolescentes devem ser adolescentes e não
professores) e múltiplos.
Entre os modelos «pares», pode ser preferível recorrer a um modelo de «coping» /confronto do que a um modelo
de mestria (mastery), pelo menos em alunos com realizações médias ou fracas, ou clientes/pacientes com
dificuldades.
A autoeficácia parece elevar-se mais quando o observador perceciona competência ligeiramente superior à do
modelo.
A elevação da autoeficácia conseguida através da observação de modelos apenas se mantém se for seguida
de experiências confirmatórias de sucesso.
Implicações clínicas/práticas
Por um lado, a aprendizagem processa-se através de uma alteração dos processos cognitivos; por outro, os
métodos utilizados são sobretudo comportamentais.
Bandura defende que os processos cognitivos medeiam a mudança, mas são mais rapidamente alterados pela
experiência de sucesso.
A teoria de Bandura tem sido testada e aplicada numa diversidade de contextos, de que é exemplo a área da
motivação e da aprendizagem, assim como a área da clínica.
APRENDIZAGEM DE APTIDÕES COMPLEXAS – deve ocorrer, em boa parte, através de uma combinação de
aprendizagem formal e vicariante => PASSOS OU TÉCNICAS DE MODELAMENTO:
1. Instruções
2. Os observadores adquirem uma ideia aproximada das aptidões através da observação de modelos –
modelamento propriamente dito
3. Prática subsequente da aptidão
4. Professor/formador/instrutor/orientador (…) proporciona feedback (Shunk, 1996) ou reforço (Silva et
al., 2008)
5. Prática adicional, para melhorar/refinar as aptidões e retê-las para posterior utilização
0. Racional
1. Instruções
2. Modelamento: observação do terapeuta ou outros modelos na execução do comportamento. Deverão
também ser visíveis as consequências positivas da execução do modelo (reforço vicariante)
3. Prática do comportamento durante a sessão de terapia (reprodução)
4. Fornecimento de feedback e reforço positivo
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• na aula sobre Condicionamento Clássico, uma das estratégias empregues por Mary Cover Jones para
intervir na fobia do “pequeno Pedro” (1920) inscreve-se no modelo de aprendizagem social de Bandura
– cf. estratégia de colocar a criança numa sala onde outras crianças brincam sem receios com os estímulos
que para Pedro são fóbicos.
• tratamento de fobia a cobras através de modelamento
TREINO AUTO-INSTRUCIONAL:
Método desenvolvido por Meichenbaum (psicólogo canadiano) para crianças hiperativas (recorrendo ao
Paradigma da Aprendizagem Social).
Pretende treinar as auto-verbalizações da criança: auto-verbalizações para executar tarefas falando consigo
própria, dando instruções a si própria (cf. Silva, Nossa e Silvério, 2008, pp. 76-79).
As auto-verbalizações devem definir regras para procedimentos e orientação da ação durante a execução das
tarefas.
• objetivos
• planeamento
• comparação
• auto-reforço
• lidar com os erros
O “modelo” deve dizer para si próprio (falando em voz alta) coisas (instruções) como:
“Ora bem, o que é que eu tenho de fazer? Copiar esta casa!” [objetivo]
“Não, não está igual! Não faz mal, apago e faço outra vez...” [lidar com os erros]
A seguir a criança é incentivada a praticar o que observou, sendo-lhe dados instruções e reforço ao longo da
prática.
3 fases: 1º) em voz alta, até ser capaz de realizar sozinha, sem auxílio; 2º) em voz baixa 3º) por último de modo
inaudível (nesta fase, as instruções que dá a si própria mentalmente podem ser acompanhadas de gestos
congruentes com aquelas).
Com este treino pretende-se que a criança aprenda regras comportamentais (não meras rotinas) que aplique
noutro tipo de tarefas, ou seja, que a tornem capaz de autorregular o seu comportamento numa variedade de
contextos. (Silva et al., 2008)
Ex 2.: Professor de Matemática pretende demonstrar a resolução de um problema. Servindo de modelo aos
alunos, fornece instruções em voz alta a si próprio relativamente a cada uma das etapas, assim como
autoinstruções sobre como lidar com o erro (relativizar e corrigir) e sobre como se reforçar.
“Ora bem, o que é que eu tenho aqui para resolver? ... Uma conta de dividir!” [definição do objectivo]
“O que tenho de fazer primeiro? [planeamento] Escrever o dividendo! Ora vamos lá!”
“Enganei-me no último algarismo... Não faz mal [relativização do erro]. Apago e faço outra vez.