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Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
AMBIENTE URBANO,
POLUIÇÃO E GESTÃO
DE DESASTRES
INCLUI
Lei do Parcelamento do Solo Urbano
Estatuto da Cidade
Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida
Estatuto da Metrópole
Lei dos Agrotóxicos
Lei de Saneamento Básico
Lei de Resíduos Sólidos
Política Nacional de Segurança de Barragens
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC)
edições
câmara
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
AMBIENTE URBANO,
POLUIÇÃO E GESTÃO
DE DESASTRES
Câmara dos Deputados
56ª Legislatura | 2019-2023
1º Vice-Presidente Diretoria-Geral
Marcos Pereira Sergio Sampaio Contreiras de Almeida
1º Suplente
Rafael Motta
2ª Suplente
Geovania de Sá
3º Suplente
Isnaldo Bulhões Jr.
4º Suplente
Assis Carvalho
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
AMBIENTE URBANO,
POLUIÇÃO E GESTÃO
DE DESASTRES
Roseli Senna Ganem (organizadora)
Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras
Lívia de Souza Viana
Rose Mirian Hofmann
edições
câmara
Editora responsável: Luzimar Gomes de Paiva
Preparação de originais: Seção de Revisão
Revisão: Danielle Ribeiro
Projeto gráfico: Leandro Sacramento e Luiz Eduardo Maklouf
Diagramação: Diego Moscardini
Nota do editor: as normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis-
lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados. Esta edição agrupou dois volumes da legislação
sobre meio ambiente, a saber Legislação brasileira sobre meio ambiente: desenvolvimento urbano e
regional e Legislação brasileira sobre meio ambiente: qualidade ambiental.
2009, 1ª edição; 2010, 2ª edição (e-book), 3ª edição; 2013, 4ª edição; 2015, 5ª edição; 2019, 6ª edição.
SÉRIE
Legislação
n. 145 e-book
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Bibliotecária: Débora Machado de Toledo – CRB1-1303
Legislação sobre meio ambiente [recurso eletrônico] : ambiente urbano, poluição e gestão de desastres /
Roseli Senna Ganem (organizadora) ; Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras, Lívia de Souza Viana,
Rose Mirian Hofmann. – 6. ed. -- Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2019.
333 p. – (Série legislação ; n. 145 e-book)
Versão E-book.
Modo de acesso: livraria.camara.leg.br
Disponível, também, em formato impresso.
“Edição atualizada até 22/5/2019”.
ISBN 978-85-402-0746-2
1. Controle da poluição, legislação, Brasil. 2. Meio ambiente, legislação, Brasil. 3. Desastre ecológico,
legislação, Brasil. I. Ganem, Roseli Senna, org. II. Juras, Ilidia da Ascenção Garrido Martins. III. Viana, Lívia
de Souza. IV. Hofmann, Rose Mirian. V. Série.
CDU 504(81)(094)
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Roseli Senna Ganem
Lívia de Souza Viana
POLUIÇÃO������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 118
Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras
Rose Mirian Hofmann
AMBIENTE URBANO
1 Bióloga, mestre em ecologia, doutora em gestão ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Ambiental, da Universi-
dade de Brasília. Consultora legislativa da Câmara dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e direito
ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional). Contato: roseli.ganem@camara.leg.br.
2 Engenheira Civil, mestranda em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados. Consultora legislativa da Câmara
dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e direito ambiental, organização territorial, desenvol-
vimento urbano e regional). Contato: livia.viana@camara.leg.br.
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e outras formas de poluição alteram o clima urbano, pois modificam o sistema
de circulação do ar e levam à formação de ilhas de calor.
Comparando-se as áreas urbanas com as rurais, as primeiras têm radiação
solar global cerca de 15% a 20% menor, temperatura média anual 0,5ºC a 1,0ºC
maior, média anual de velocidade do vento 20% a 30% menor e incidência de
calmarias 5% a 20% maior (LIMA; KRÜGER, 2004).
O desmatamento e a ocupação de áreas de risco nos perímetros urbanos
contribuem decisivamente para a frequência e a intensidade dos desastres natu-
rais, principalmente enchentes e deslizamentos de encostas. Conservar áreas
verdes e manter taxas mínimas de permeabilidade do solo urbano são medidas
importantes para aumentar a resiliência das cidades, isto é, a capacidade de,
após a ocorrência de eventos naturais extremos, o ambiente e as populações
urbanas se recuperarem rapidamente e voltarem à normalidade. Aumentar
essa capacidade é uma necessidade cada vez mais imperiosa para enfrentar os
efeitos das mudanças globais do clima.
O controle de tantos processos, com a redução dos impactos ecológicos
e sociais e a garantia de bem-estar e segurança das populações, depende de
muitos fatores, mas, primordialmente, de um bom planejamento do uso, do par-
celamento e da ocupação do solo urbano e do estímulo à construção sustentável.
Parâmetros urbanísticos, como taxa de ocupação, coeficiente de apro-
veitamento, área dos lotes, taxa de permeabilidade, número de unidades/área,
recuos frontais, entre outros, podem contribuir para reduzir os impactos
adversos e adequar a distribuição de serviços e dos fatores de degradação
ambiental no sítio urbano e em sua zona de influência. Um bom planejamento
pode oferecer diretrizes para melhorar o conforto da população e aumentar a
eficiência funcional de cada segmento da cidade (LIMA; KRÜGER, 2004).
O estímulo à construção sustentável também contribui para a redução
da poluição, a melhoria do microclima, a manutenção de áreas verdes e o
aumento do conforto urbano. A construção sustentável envolve o emprego
de tecnologias que impliquem economia de água, energia e materiais, tanto no
processo construtivo, quanto no uso da edificação.
Realizar o planejamento urbano, introduzir medidas de sustentabilidade
nas construções e reverter a desordem que hoje domina as cidades brasileiras
constitui um grande desafio para os municípios. De acordo com o art. 182, caput,
da Constituição Federal, a política de desenvolvimento urbano é competência
do poder público municipal e visa ao pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e à garantia do bem-estar de seus habitantes. A Carta Magna institui
o plano diretor como o instrumento básico do planejamento urbano, incluída a
expansão urbana (art. 182, § 1º).3
3 Cf. os artigos da Constituição Federal relativos ao meio ambiente em Legislação sobre meio ambiente: funda-
mentos constitucionais e normas básicas.
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a política urbana deve prever a proteção, preservação e recuperação do meio
ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, pai-
sagístico e arqueológico, bem como estimular a utilização de sistemas opera-
cionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução
de impactos ambientais e a economia de recursos naturais nos parcelamentos
do solo e nas edificações.
Conforme alteração ao Estatuto da Cidade inserida pela Lei nº 12.608/2012,
que dispõe sobre a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil,4 o ordenamento
urbano deve evitar ainda a exposição da população a risco de desastre. Essa
recente alteração visa aumentar a resiliência das cidades aos eventos extremos.
O Estatuto também foi alterado pela Lei nº 13.116/2015, para incluir, entre as
diretrizes da política urbana, o tratamento prioritário às obras de edificação de
infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e sanea-
mento, com vistas a aprimorar o acesso a serviços públicos essenciais.
Outras diretrizes do Estatuto da Cidade, como as relativas à gestão demo-
crática por meio da participação popular na elaboração de planos e programas
de desenvolvimento urbano, à prevenção ao uso inadequado dos imóveis, à
proximidade entre usos incompatíveis do solo e à precaução contra polos gera-
dores de tráfego, também são importantes para compatibilizar a política urbana
com a conservação ambiental.
Além das diretrizes gerais, o Estatuto da Cidade prevê diversos instru-
mentos de política urbana. O plano diretor é o principal instrumento de orde-
namento territorial do município e deve englobar todo o limite municipal, con-
ferindo poderes e deveres ao governo local que extrapolam a gestão urbana e
alcançam a gestão do meio ambiente natural. “A diretriz é plenamente justifi-
cável, uma vez que é impossível planejar o desenvolvimento das áreas urbanas
sem levar em consideração as implicações desse desenvolvimento para as áreas
rurais, e vice-versa” (ARAÚJO, 2003, p. 10).
A Constituição Federal obriga a sua elaboração aos municípios com mais
de vinte mil habitantes, mas o Estatuto da Cidade estende essa obrigação às
cidades integrantes de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e de
áreas de especial interesse turístico, bem como àquelas inseridas na área
de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto
ambiental em nível regional ou nacional.
A Lei nº 12.608/2012 incluiu alguns dispositivos no Estatuto da Cidade,
tendo em vista a prevenção a desastres em áreas urbanas. Passou-se a exigir
o plano diretor também das cidades incluídas no cadastro nacional de muni-
cípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos, mas
esse cadastro ainda não foi regulamentado nem instituído. Exige-se, ainda, o
4 Cf. a Lei nº 12.608/2012, disponível neste livro, no capítulo sobre gestão de desastres.
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AMBIENTE URBANO
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Além do plano diretor, há outros instrumentos previstos no Estatuto da
Cidade que podem auxiliar na gestão ambiental, dentre os quais se destacam o
Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), o direito de preempção, a outorga onerosa
do direito de construir, a operação urbana consorciada, a transferência do direito
de construir e o direito de superfície (ARAÚJO, 2003).
O EIV deve contemplar os efeitos positivos e negativos de um empreendi-
mento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área
e suas proximidades. Os empreendimentos sujeitos ao EIV devem ser definidos
em lei municipal. A análise deve abranger, entre outros aspectos, o adensamento
populacional, o uso e a ocupação do solo, a valorização imobiliária, a geração de
tráfego, a ventilação e a iluminação e a paisagem urbana. Todos esses aspectos
têm implicação direta sobre a gestão ambiental da cidade, mas o Estatuto res-
salta que a elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de Estudo
Prévio de Impacto Ambiental (EIA), instrumento de maior complexidade vin-
culado ao licenciamento ambiental.5
O direito de preempção confere ao poder público municipal preferência
para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.
As áreas a ele sujeitas e o prazo de vigência devem ser definidos em lei municipal.
Entre outros objetivos, o instrumento destina-se à criação de espaços públicos
de lazer, de áreas verdes, de unidades de conservação e de outras áreas de inte-
resse ambiental e paisagístico.
A outorga onerosa do direito de construir constitui a cobrança de con-
trapartida a quem exerce o direito de construir acima do coeficiente de apro-
veitamento básico6 adotado para determinada zona urbana. As áreas onde o
instrumento pode ser aplicado devem ser definidas no plano diretor. Os recursos
auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração
de uso devem ser aplicados nas mesmas finalidades previstas para o direito de
preempção, aí incluídas a criação de áreas verdes, unidades de conservação etc.
A operação urbana consorciada abrange o conjunto de intervenções e
medidas coordenadas pelo poder público municipal, com a participação dos pro-
prietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, que tem
como objetivo alcançar, em certa área, transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental. A área objeto da ação é delimitada
por meio de lei municipal baseada no plano diretor. As intervenções podem visar,
entre outras medidas: à modificação de índices e características de parcelamento,
uso e ocupação do solo e subsolo e das normas edilícias, devendo-se considerar
o impacto ambiental decorrente dessas mudanças; à concessão de incentivos ao
5 Cf. sobre EIA em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas básicas.
6 Coeficiente de aproveitamento é o índice que, multiplicado pela área do lote em que é permitido construir,
indica a superfície total construída no lote, computados todos os pavimentos da edificação. Deve ser combi-
nado com a taxa de ocupação e o gabarito de altura máxima para a edificação. A taxa de ocupação indica a
porcentagem da área do lote que a edificação poderá cobrir, em sua projeção horizontal.
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do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. Trata-se de desapro-
priação-sanção com lógica similar à aplicada a imóveis rurais improdutivos para
fins de reforma agrária.
O parcelamento ou edificação compulsórios, o IPTU progressivo e a desa-
propriação com pagamento mediante títulos da dívida pública estão previstos
na Constituição Federal (art. 182, § 4º). Como esses instrumentos “objetivam con-
trolar a retenção especulativa de imóveis urbanos, sua aplicação contribuirá para
a redução do ritmo de espraiamento das manchas urbanas” (ARAÚJO, 2003, p. 6).
A expansão desnecessária do território devido à retenção especulativa
dos imóveis impacta o meio ambiente e força a ampliação dos serviços públicos.
Essa expansão acarreta aumento das emissões de gases de efeito estufa e des-
matamento. As cidades devem buscar a compactação, na medida da capacidade
de suporte dos sistemas de saneamento, fornecimento de energia, transporte
e demais serviços e infraestrutura (CAMPOS FILHO, 2012). O autor ressalta que,
nas cidades brasileiras, está em curso o adensamento predatório das áreas com
melhor infraestrutura, mas acima de sua capacidade de suporte. O resultado são
os congestionamentos cada vez piores, a emissão de CO2 e poluentes, o estresse
da população e prejuízos à saúde (CAMPOS FILHO, 2012).
Por outro lado, é importante a conservação de espaços verdes na malha
urbana, como parques públicos e áreas de preservação permanente (APP)7,
tendo em vista manter a drenagem da água por meio do solo não impermeabi-
lizado, conservar a biodiversidade, garantir boas condições microclimáticas e
outros serviços ecossistêmicos.
Além do Estatuto da Cidade, há outras duas normas urbanísticas muito
importantes: a Lei nº 13.089/2015, que institui o Estatuto da Metrópole, e a Lei
nº 6.766/1979, conhecida como Lei do Parcelamento Urbano. Deve-se mencionar,
ainda, a Lei nº 12.651/2012 – a Lei Florestal; a Lei nº 11.977/2009, que dispõe
sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida; e a recente Lei nº 13.465/2017, que
dispõe, entre outras questões, sobre a regularização fundiária rural e urbana.
O Estatuto da Metrópole estabelece diretrizes gerais para planejamento
e gestão de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas. Entre outras deter-
minações, afirma que a governança interfederativa das regiões metropolitanas
e aglomerações urbanas deve buscar o desenvolvimento sustentável, incluin-
do-se, entre os instrumentos do desenvolvimento integrado dessas regiões, a
compensação por serviços ambientais prestados pelo município à unidade
territorial urbana e o plano de desenvolvimento urbano integrado. Esse plano
deve contemplar o macrozoneamento da unidade territorial urbana e a delimi-
tação das áreas com restrições à urbanização, visando à proteção do patrimônio
ambiental ou cultural, bem como das áreas sujeitas a controle especial pelo
risco de desastres naturais. Importante mencionar que a elaboração do plano
7 Cf. sobre áreas de preservação permanente em Legislação sobre meio ambiente: biodiversidade.
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edificação, as áreas de preservação ecológica ou onde a poluição impeça con-
dições sanitárias suportáveis.
São ainda definidos os procedimentos gerais para aprovação dos pro-
jetos de loteamento e de desmembramento do solo. Cabe à prefeitura municipal
definir as diretrizes de uso do solo na área a ser parcelada. Para tanto, exige-se
que o loteador apresente previamente a planta do imóvel contendo diversas
informações, entre as quais as curvas de nível do terreno, a localização dos
cursos d’água, bosques e construções existentes e a indicação das áreas livres.
A prefeitura municipal disciplinará então a ocupação da área, indicando, entre
outros aspectos, as faixas necessárias ao escoamento das águas pluviais e as não
edificáveis. Aprovado o loteamento, o loteador não pode alterar a destinação
dos espaços livres de uso comum, das vias e praças, das áreas destinadas a
edifícios públicos e de outros equipamentos urbanos constantes do projeto e
do memorial descritivo.
Importante mencionar que, por meio da Lei nº 13.465/2017, a Lei
nº 6.766/1979 foi modificada para incluir duas novas modalidades de lotea-
mento, a saber: o condomínio de lotes e o loteamento de acesso controlado.
Nos condomínios de lotes poderão ser instituídas limitações administrativas e
direitos reais sobre coisa alheia em benefício do poder público, da população
em geral e da proteção da paisagem urbana, tais como servidões de passagem,
usufrutos e restrições à construção de muros.
A já mencionada Lei nº 12.608/2012, que institui a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil, alterou também a Lei nº 6.766/1979, a fim de exigir que,
nos municípios cadastrados por terem áreas suscetíveis à ocorrência de desas-
tres naturais, a aprovação do projeto de parcelamento fique vinculada ao aten-
dimento dos requisitos constantes de carta geotécnica de aptidão à urbanização.
Essa medida visa impedir a aprovação de parcelamento do solo em áreas de
risco de desastre. Com isso, busca-se evitar o aumento do passivo ambiental
acumulado nas cidades pela ocupação irregular de APP.
As APPs são atualmente definidas pela Lei Florestal.8 APPs são áreas com
a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica
e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas. A lei define como APP faixas
de terra ao longo das margens dos corpos d’água e nascentes, encostas de alta
declividade, bordas de tabuleiros e chapadas e outras áreas ecologicamente
frágeis, onde a remoção da vegetação compromete a estabilidade dos ecossis-
temas e a segurança da população.9
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AMBIENTE URBANO
Como regra geral, as APPs das áreas urbanas e rurais têm o mesmo
tamanho e a mesma localização em relação aos acidentes geográficos. Também
não podem ser alteradas, ou seja, devem ser mantidas com sua vegetação intacta.
A lei, entretanto, estabelece regras de exceção, entre as quais as atividades de
utilidade pública,10 de interesse social11 ou de baixo impacto ambiental.12
A Lei nº 12.651/2012 estabelece ainda que pode ser autorizada a inter-
venção ou a alteração de APP para execução de obras habitacionais e de urba-
nização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em
áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. A autori-
zação é dispensável no caso de obras de interesse da defesa civil destinadas à
prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
Além das APPs, a Lei nº 12.651/2012, art. 3º, XX, define as áreas verdes
urbanas, que abrangem os espaços, públicos ou privados, com predomínio de
vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no plano
diretor, nas leis de zoneamento urbano e uso do solo do município, indisponíveis
para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer,
melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manu-
tenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais.
De acordo com a lei, para implantar as áreas verdes urbanas, o poder
público municipal pode fazer uso do direito de preempção previsto no Estatuto
da Cidade para aquisição de remanescentes florestais relevantes, e pode esta-
belecer a exigência de áreas verdes nos loteamentos e empreendimentos comer-
ciais. Pode, também, aplicar os recursos oriundos da compensação ambiental
exigida na implantação de infraestrutura.
A Lei Florestal prevê também a manutenção da vegetação nativa em parte
da superfície dos imóveis rurais, a reserva legal. No caso de inserção do imóvel
rural em perímetro urbano, mediante lei municipal, o proprietário ou posseiro
deve manter a reserva legal até o registro do parcelamento urbano. A lei pos-
sibilita que, nas expansões urbanas, o poder público municipal transforme as
reservas legais em áreas verdes.
10 As atividades de utilidade pública incluem, entre outras: as destinadas à segurança nacional e à proteção sani-
tária; as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário,
incluindo aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos municípios, saneamento, ges-
tão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições
esportivas estaduais, nacionais ou internacionais; atividades e obras de defesa civil.
11 As atividades de interesse social incluem, entre outras: a implantação de infraestrutura pública destinada a
esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas consolidadas; a regularização
fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas
urbanas consolidadas; a implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes
tratados.
12 As atividades de baixo impacto incluem, entre outras: pequenas vias de acesso interno e suas pontes e ponti-
lhões; instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados; rampa de lançamento de
barcos e pequeno ancoradouro; construção e manutenção de cercas na propriedade.
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Finalmente, devem-se comentar as normas relativas ao Programa Minha
Casa, Minha Vida (PMCMV) e à regularização urbana e sua interface com a conser-
vação ambiental. O PMCMV foi instituído pela Lei nº 11.977/2009, que inclui pro-
gramas específicos para áreas urbanas e rurais. Os beneficiários desse programa
devem obedecer a critérios de enquadramento e priorização, para então partici-
parem efetivamente dos procedimentos de seleção. A renda é um dos principais
critérios de enquadramento, mas destacam-se, também, os casos de famílias
residentes em áreas de risco ou insalubres ou que tenham sido desabrigadas.
O Decreto nº 7.499/2011, que regulamenta o PMCMV, determina que
os entes da federação que aderirem ao programa devem executar o trabalho
técnico e social após a ocupação dos empreendimentos implantados, tendo
em vista o desenvolvimento da população beneficiária, de forma a favorecer a
sustentabilidade do empreendimento, por meio da mobilização e organização
comunitária, educação sanitária e ambiental e geração de trabalho e renda.
Um dos dois subprogramas do PMCMV,13 o Programa Nacional de Habi-
tação Urbana (PNHU), abrange a produção ou aquisição de novas unidades habi-
tacionais e a requalificação de imóveis urbanos. Para implantação de empreen-
dimentos no âmbito do PNHU, devem ser observados alguns critérios, entre os
quais a adequação ambiental, a previsão de infraestrutura básica, que inclua
vias de acesso, iluminação pública e “solução de esgotamento sanitário e de
drenagem de águas pluviais” e permita ligações domiciliares de abastecimento
de água e energia elétrica (art. 5º-A).
A Lei nº 11.977/2009 também tratava da regularização fundiária de assen-
tamentos urbanos. Seus dispositivos relacionados à matéria foram, no entanto,
revogados com o recente advento da Lei nº 13.465/2017, que instituiu as normas
gerais e os procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária Urbana (Reurb).
A Reurb abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais desti-
nadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial
urbano e à titulação de seus ocupantes.
Importa mencionar que a Lei nº 13.465/2017 originou-se da Medida Pro-
visória (MP) nº 759/2016. O Poder Executivo Federal, por ocasião do envio da
MP ao Congresso Nacional, elaborou Cartilha de Esclarecimentos,14 na qual
explicou que o grande objetivo da medida era simplificar e desburocratizar
procedimentos que se mostravam ineficientes e insuficientes para atender as
demandas de regularização fundiária urbana. Adicionalmente, explicou que a
MP objetivava trazer também inovações, por meio do estabelecimento de novos
institutos jurídicos e novos mecanismos, a fim de dar resposta rápida e segura às
necessidades existentes no meio urbano informal. Assim, em relação às normas
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AMBIENTE URBANO
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a Lei nº 12.651/2012 apenas admite a Reurb-E para aqueles núcleos urbanos
informais localizados em APPs que não sejam identificadas como áreas de risco.
Essa restrição não foi fixada para a Reurb-S. Foi exigido, no entanto, que o res-
pectivo estudo técnico contenha proposição de intervenções para a prevenção
e o controle de riscos geotécnicos e de inundações.
A Lei nº 13.465/2017 manteve vigentes as normas que impõem articulação
entre a regularização fundiária e as políticas setoriais de habitação, de meio
ambiente, de saneamento básico e de mobilidade urbana. No caso de população
de baixa renda, deve-se priorizar sua permanência na área ocupada, assegurados
o nível adequado de habitabilidade e a melhoria das condições de sustentabili-
dade urbanística, social e ambiental.
O projeto de regularização fundiária deve possuir elementos mínimos,
entre os quais: estudo preliminar das desconformidades e da situação jurídica
urbanística e ambiental; proposta de soluções para questões ambientais; estudo
técnico para situação de risco e estudo técnico ambiental para os fins previstos
em lei. A aprovação municipal da Reurb corresponde à aprovação urbanística do
projeto de regularização fundiária, bem como à aprovação ambiental, se o muni-
cípio tiver órgão ambiental capacitado. A Certidão de Regularização Fundiária
(CRF) é o ato administrativo de aprovação da Reurb e deverá ser acompanhado
do projeto aprovado.
Normas regulamentares aplicáveis à Reurb foram instituídas pelo Decreto
nº 9.310/2018. O decreto detalha procedimentos de demarcação urbanística,
legitimação fundiária, legitimação da posse e da Reurb. Também dispõe sobre
direito real de laje, condomínios de lotes, conjuntos habitacionais, condo-
mínio urbano simples, arrecadação de imóveis abandonados, loteamento e
desmembramento.
Finalmente, observa-se que a Lei nº 13.465/2017 trouxe novas flexibiliza-
ções às regras de regularização fundiária, tornando possível a legitimação e a
permanência de situações que deveriam ter sido evitadas pelo poder público
ou, após a sua instalação, deveriam ter sido saneadas, por meio da reversão
da área ao status quo ante. O que se verifica, no entanto, é a persistência da
lógica segundo a qual a inércia do poder público permite a ocorrência e per-
manência de ocupações irregulares, prejudiciais ao planejamento urbano e ao
meio ambiente, que terminam por se tornar de difícil reversão, levando o poder
público a adotar soluções mais simples e populares, tal como a regularização.
Por evidente, não se pode deixar de reconhecer que a regularização
envolve diversas questões complexas, como o déficit habitacional e a baixa
renda, que atingem parcela significativa da população e a impede de adquirir,
de forma regular, sua moradia. No entanto, a simples flexibilização de regras e
a regularização de situações irregulares devem ser vistas com a máxima cautela.
Essas medidas tendem a sinalizar à sociedade que é vantajoso ocupar de forma
22
AMBIENTE URBANO
Referências
ARAÚJO, Suely Mara Vaz. O Estatuto da Cidade e a questão ambiental. 2003. Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-
tecnicas/arquivos-pdf/pdf/304366.pdf>. Acesso em: 3 out. 2012.
BASSUL, José Roberto. Reforma urbana e Estatuto da Cidade. EURE, Santiago, v. 28,
n. 84, p. 1-8, set. 2002.
CAMPOS FILHO, Cândido Malta. [Palestra] In: BRASIL. Câmara dos Deputados.
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável/Subcomissão Rio+20.
Ciclo de palestras e debates para a Rio+20 em busca de uma economia sustentável: meio
ambiente urbano. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012.
CARMONA, Paulo Afonso Cavichioli. Curso de Direito Urbanístico. Bahia: Editora Jus
Podivm, 2015.
IBGE. Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de
190.755.799 pessoas. 2011. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-
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2010-populacao-brasil-190-755-799-pessoas>. Acesso em: 3 out. 2012.
LIMA, Paulo Rolando de; KRÜGER, Eduardo L. Políticas públicas e desenvolvimento
urbano sustentável. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 9, p. 1-22, 2004.
23
LEI Nº 6.766, DE 19 DE lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no
DEZEMBRO DE 1979 mínimo, de: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de
(LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO) 29/1/1999)
(Publicado no DOU de 17/6/2011) I – vias de circulação;
Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano
II – escoamento das águas pluviais;
e dá outras providências. III – rede para o abastecimento de água potá-
vel; e
O presidente da República,
IV – soluções para o esgotamento sanitário e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
para a energia elétrica domiciliar.
sanciono a seguinte Lei:
§ 7º O lote poderá ser constituído sob a forma
Art. 1º O parcelamento do solo para fins urbanos de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária in-
será regido por esta Lei. tegrante de condomínio de lotes. (Parágrafo acres-
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e cido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
os Municípios poderão estabelecer normas com- § 8º Constitui loteamento de acesso controlado
plementares relativas ao parcelamento do solo a modalidade de loteamento, definida nos termos
municipal para adequar o previsto nesta Lei às do § 1º deste artigo, cujo controle de acesso será
peculiaridades regionais e locais. regulamentado por ato do poder público Muni-
CAPÍTULO I cipal, sendo vedado o impedimento de acesso a
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES pedestres ou a condutores de veículos, não resi-
dentes, devidamente identificados ou cadastra-
Art. 2º O parcelamento do solo urbano poderá ser
dos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
feito mediante loteamento ou desmembramento,
observadas as disposições desta Lei e as das legis- Art. 3º Somente será admitido o parcelamento
lações estaduais e municipais pertinentes. do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de
§ 1º Considera-se loteamento a subdivisão de expansão urbana ou de urbanização específica,
gleba em lotes destinados a edificação, com aber- assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas
tura de novas vias de circulação, de logradouros por lei municipal. (Caput do artigo com redação dada
públicos ou prolongamento, modificação ou am- pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
pliação das vias existentes. Parágrafo único. Não será permitido o parcela-
§ 2º Considera-se desmembramento a subdi- mento do solo:
visão de gleba em lotes destinados a edificação, I – em terrenos alagadiços e sujeitos a inunda-
com aproveitamento do sistema viário existente, ções, antes de tomadas as providências para as-
desde que não implique na abertura de novas vias segurar o escoamento das águas;
e logradouros públicos, nem no prolongamento, II – em terrenos que tenham sido aterrados com
modificação ou ampliação dos já existentes. material nocivo à saúde pública, sem que sejam
§ 3º (Vetado na Lei nº 9.785, de 29/1/1999) previamente saneados;
§ 4º Considera-se lote o terreno servido de in- III – em terrenos com declividade igual ou supe-
fraestrutura básica cujas dimensões atendam aos rior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exi-
índices urbanísticos definidos pelo plano diretor gências específicas das autoridades competentes;
ou lei municipal para a zona em que se situe. (Pa- IV – em terrenos onde as condições geológicas
rágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
não aconselham a edificação;
§ 5º A infraestrutura básica dos parcelamentos V – em áreas de preservação ecológica ou na-
é constituída pelos equipamentos urbanos de quelas onde a poluição impeça condições sanitá-
rias suportáveis, até a sua correção.
escoamento das águas pluviais, iluminação pú-
blica, esgotamento sanitário, abastecimento de CAPÍTULO II
água potável, energia elétrica pública e domici- DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS
liar e vias de circulação. (Parágrafo acrescido pela Lei PARA LOTEAMENTO
nº 9.785, de 29/1/1999, e com nova redação dada pela Lei Art. 4º Os loteamentos deverão atender, pelo
nº 11.445, de 5/1/2007) menos, aos seguintes requisitos:
§ 6º A infraestrutura básica dos parcelamentos I – as áreas destinadas a sistemas de circulação,
situados nas zonas habitacionais declaradas por a implantação de equipamento urbano e comuni-
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LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
tário, bem como a espaços livres de uso público, reserva de faixa non aedificandi destinada a equi-
serão proporcionais à densidade de ocupação pamentos urbanos.
prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equi-
municipal para a zona em que se situem. (Inciso pamentos públicos de abastecimento de água, ser-
com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) viços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas
II – os lotes terão área mínima de 125 m² (cento pluviais, rede telefônica e gás canalizado.
e vinte e cinco metros quadrados) e frente mí-
CAPÍTULO III
nima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legis-
DO PROJETO DE LOTEAMENTO
lação estadual ou municipal determinar maiores
exigências, ou quando o loteamento se destinar a Art. 6º Antes da elaboração do projeto de lotea-
urbanização específica ou edificação de conjun- mento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura
tos habitacionais de interesse social, previamente Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso,
aprovados pelos órgãos públicos competentes; que defina as diretrizes para o uso do solo, traçado
III – ao longo das águas correntes e dormentes dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e
e das faixas de domínio público das rodovias e das áreas reservadas para equipamento urbano e
ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa comunitário, apresentando, para este fim, requeri-
não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, mento e planta do imóvel contendo, pelo menos:
salvo maiores exigências da legislação específica; I – as divisas da gleba a ser loteada;
(Inciso com redação dada pela Lei nº 10.932, de 3/8/2004) II – as curvas de nível à distância adequada,
IV – as vias de loteamento deverão articular-se quando exigidas por lei estadual ou municipal;
com as vias adjacentes oficiais, existentes ou pro- III – a localização dos cursos d’água, bosques e
jetadas, e harmonizar-se com a topografia local. construções existentes;
§ 1º A legislação municipal definirá, para cada IV – a indicação dos arruamentos contíguos a
zona em que se divida o território do Município, os todo o perímetro, a localização das vias de comu-
usos permitidos e os índices urbanísticos de parce- nicação, das áreas livres, dos equipamentos ur-
lamento e ocupação do solo, que incluirão, obriga- banos e comunitários existentes no local ou em
toriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes suas adjacências, com as respectivas distâncias
e os coeficientes máximos de aproveitamento. (Pa-
da área a ser loteada;
rágrafo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
V – o tipo de uso predominante a que o lotea-
§ 2º Consideram-se comunitários os equipa-
mento se destina;
mentos públicos de educação, cultura, saúde,
VI – as características, dimensões e localização
lazer e similares.
das zonas de uso contíguas.
§ 3º Se necessária, a reserva de faixa não-edi-
ficável vinculada a dutovias será exigida no âm- Art. 7º A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal
bito do respectivo licenciamento ambiental, ob- quando for o caso, indicará, nas plantas apresenta-
servados critérios e parâmetros que garantam a das junto com o requerimento, de acordo com as
segurança da população e a proteção do meio am- diretrizes de planejamento estadual e municipal:
biente, conforme estabelecido nas normas técni- I – as ruas ou estradas existentes ou projetada,
cas pertinentes. (Parágrafo acrescido com redação dada que compõem o sistema viário da cidade e do
pela Lei nº 10.932, de 3/8/2004) município, relacionadas com o loteamento pre-
§ 4º No caso de lotes integrantes de condomínio tendido e a serem respeitadas;
de lotes, poderão ser instituídas limitações admi- II – o traçado básico do sistema viário principal;
nistrativas e direitos reais sobre coisa alheia em be- III – a localização aproximada dos terrenos des-
nefício do poder público, da população em geral e tinados a equipamento urbano e comunitário e
da proteção da paisagem urbana, tais como servi- das áreas livres de uso público;
dões de passagem, usufrutos e restrições à cons- IV – as faixas sanitárias do terreno necessárias
trução de muros. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.465, ao escoamento das águas pluviais e as faixas não
de 11/7/2017) edificáveis;
Art. 5º O Poder Público competente poderá com- V – a zona ou zonas de uso predominante da
plementarmente exigir, em cada loteamento, a área, com indicação dos usos compatíveis.
25
Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigora- dade pública, já existentes no loteamento e ad-
rão pelo prazo máximo de quatro anos. (Parágrafo jacências.
único com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 3º Caso se constate, a qualquer tempo, que
Art. 8º Os Municípios com menos de cinquenta a certidão da matrícula apresentada como atual
mil habitantes e aqueles cujo plano diretor conti- não tem mais correspondência com os registros e
ver diretrizes de urbanização para a zona em que averbações cartorárias do tempo da sua apresen-
se situe o parcelamento poderão dispensar, por tação, além das consequências penais cabíveis,
lei, a fase de fixação de diretrizes previstas nos serão consideradas insubsistentes tanto as dire-
arts. 6º e 7º desta Lei. (Artigo com redação dada pela trizes expedidas anteriormente, quanto as apro-
Lei nº 9.785, de 29/1/1999) vações consequentes. (Parágrafo acrescido pela Lei
nº 9.785, de 29/1/1999)
Art. 9º Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais,
quando houver, o projeto, contendo desenhos, CAPÍTULO IV
memorial descritivo e cronograma de execução DO PROJETO DE DESMEMBRAMENTO
das obras com duração máxima de quatro anos, Art. 10. Para a aprovação de projeto de desmem-
será apresentado à Prefeitura Municipal, ou ao bramento, o interessado apresentará requeri-
Distrito Federal, quando for o caso, acompanhado mento à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Fe-
de certidão atualizada da matrícula da gleba, ex- deral quando for o caso, acompanhado de certidão
pedida pelo Cartório de Registro de Imóveis com- atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo
petente, de certidão negativa de tributos muni- Cartório de Registro de Imóveis competente, res-
cipais e do competente instrumento de garantia, salvado o disposto no § 4º do art. 18, e de planta
ressalvado o disposto no § 4º do art. 18. (Caput do do imóvel a ser desmembrado contendo: (Caput do
artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
§ 1º Os desenhos conterão pelo menos: I – a indicação das vias existentes e dos lotea-
I – a subdivisão das quadras em lotes, com as mentos próximos;
respectivas dimensões e numeração; II – a indicação do tipo de uso predominante
II – o sistema de vias com a respectiva hierarquia; no local;
III – as dimensões lineares e angulares do pro- III – a indicação da divisão de lotes pretendida
jeto, com raios, cordas, arcos, pontos de tangência na área.
e ângulos centrais das vias;
Art. 11. Aplicam-se ao desmembramento, no que
IV – os perfis longitudinais e transversais de
couber, as disposições urbanísticas vigentes para
todas as vias de circulação e praças;
as regiões em que se situem ou, na ausência des-
V – a indicação dos marcos de alinhamento e ni-
tas, as disposições urbanísticas para os loteamen-
velamento localizados nos ângulos de curvas e vias
tos. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785,
projetadas;
de 29/1/1999)
VI – a indicação em planta e perfis de todas as
Parágrafo único. O Município, ou o Distrito Fe-
linhas de escoamento das águas pluviais.
deral quando for o caso, fixará os requisitos exi-
§ 2º O memorial descritivo deverá conter, obri-
gíveis para a aprovação de desmembramento de
gatoriamente, pelo menos:
lotes decorrentes de loteamento cuja destinação
I – a descrição sucinta do loteamento, com as
da área pública tenha sido inferior à mínima pre-
suas características e a fixação da zona ou zonas
vista no § 1º do art. 4º desta Lei.
de uso predominante;
II – as condições urbanísticas do loteamento e CAPÍTULO V
as limitações que incidem sobre os lotes e suas DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE
LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO
construções, além daquelas constantes das dire-
trizes fixadas; Art. 12. O projeto de loteamento e desmembra-
III – a indicação das áreas públicas que passa- mento deverá ser aprovado pela Prefeitura Muni-
rão ao domínio do município no ato de registro cipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso,
do loteamento; a quem compete também a fixação das diretrizes
IV – a enumeração dos equipamentos urbanos, a que aludem os arts. 6º e 7º desta Lei, salvo a ex-
comunitários e dos serviços públicos ou de utili- ceção prevista no artigo seguinte.
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LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
§ 1º O projeto aprovado deverá ser executado no Parágrafo único. Na regulamentação das nor-
prazo constante do cronograma de execução, sob mas previstas neste artigo, o Estado procurará
pena de caducidade da aprovação. (Parágrafo único atender às exigências urbanísticas do planeja-
acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999, transformado em mento municipal.
§ 1º e com redação dada pela Medida Provisória nº 547, de
Art. 16. A lei municipal definirá os prazos para
11/10/2011, convertida na Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
que um projeto de parcelamento apresentado
§ 2º Nos Municípios inseridos no cadastro na-
seja aprovado ou rejeitado e para que as obras
cional de municípios com áreas suscetíveis à
executadas sejam aceitas ou recusadas. (Caput do
ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
inundações bruscas ou processos geológicos ou
§ 1º Transcorridos os prazos sem a manifestação
hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto
do Poder Público, o projeto será considerado rejei-
de que trata o caput ficará vinculada ao atendi-
tado ou as obras recusadas, assegurada a indeni-
mento dos requisitos constantes da carta geotéc-
zação por eventuais danos derivados da omissão.
nica de aptidão à urbanização. (Parágrafo acrescido
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011, e com reda-
§ 2º Nos Municípios cuja legislação for omissa,
ção dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012, publicada no
os prazos serão de noventa dias para a aprovação
DOU de 11/4/2012, em vigor dois anos após a publicação)
§ 3º É vedada a aprovação de projeto de lotea- ou rejeição e de sessenta dias para a aceitação ou
mento e desmembramento em áreas de risco de- recusa fundamentada das obras de urbanização.
finidas como não edificáveis, no plano diretor ou (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
em legislação dele derivada. (Parágrafo acrescido pela Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias
Lei nº 12.608, de 10/4/2012) e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos
Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprova- e outros equipamentos urbanos, constantes do
ção pelos Municípios de loteamentos e desmem- projeto e do memorial descritivo, não poderão
bramentos nas seguintes condições: (Caput do artigo ter sua destinação alterada pelo loteador, desde
com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) a aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de
I – quando localizados em áreas de interesse es- caducidade da licença ou desistência do loteador,
pecial, tais como as de proteção aos mananciais sendo, neste caso, observadas as exigências do
ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico art. 23 desta Lei.
e arqueológico, assim definidas por legislação es- CAPÍTULO VI
tadual ou federal; DO REGISTRO DO LOTEAMENTO
II – quando o loteamento ou desmembramento E DESMEMBRAMENTO
localizar-se em área limítrofe do município, ou Art. 18. Aprovado o projeto de loteamento ou de
que pertença a mais de um município, nas regiões
desmembramento, o loteador deverá submetê-lo
metropolitanas ou em aglomerações urbanas, de-
ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oi-
finidas em lei estadual ou federal;
tenta) dias, sob pena de caducidade da aprovação,
III – quando o loteamento abranger área supe-
acompanhado dos seguintes documentos:
rior a 1.000.000 m².
I – título de propriedade do imóvel ou certidão
Parágrafo único. No caso de loteamento ou des-
da matrícula, ressalvado o disposto nos §§ 4º e 5º;
membramento localizado em área de município
(Inciso com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
integrante de região metropolitana, o exame e a
II – histórico dos títulos de propriedade do imó-
anuência prévia à aprovação do projeto caberão
vel, abrangendo os últimos 20 (vinte) anos, acom-
à autoridade metropolitana.
panhados dos respectivos comprovantes;
Art. 14. Os Estados definirão, por decreto, as III – certidões negativas:
áreas de proteção especial, previstas no inciso I a) de tributos federais, estaduais e municipais
do artigo anterior. incidentes sobre o imóvel;
Art. 15. Os Estados estabelecerão, por decreto, as b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo pe-
normas a que deverão submeter-se os projetos de ríodo de 10 (dez) anos;
loteamento e desmembramento nas áreas previs- c) de ações penais com respeito ao crime contra
tas no art. 13, observadas as disposições desta Lei. o patrimônio e contra a Administração Pública;
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IV – certidões: sória na posse, desde que promovido pela União,
a) dos cartórios de protestos de títulos, em Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas enti-
nome do loteador, pelo período de 10 (dez) anos; dades delegadas, autorizadas por lei a implantar
b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo projetos de habitação. (Parágrafo acrescido pela Lei
período de 10 (dez) anos; nº 9.785, de 29/1/1999)
c) de ônus reais relativos ao imóvel; § 5º No caso de que trata o § 4º, o pedido de
d) de ações penais contra o loteador, pelo pe- registro do parcelamento, além dos documentos
ríodo de 10 (dez) anos; mencionados nos incisos V e VI deste artigo, será
V – cópia do ato de aprovação do loteamento instruído com cópias autênticas da decisão que
e comprovante do termo de verificação pela Pre- tenha concedido a imissão provisória na posse, do
feitura Municipal ou pelo Distrito Federal, da exe- decreto de desapropriação, do comprovante de
cução das obras exigidas por legislação municipal,
sua publicação na imprensa oficial e, quando for-
que incluirão, no mínimo, a execução das vias de
mulado por entidades delegadas, da lei de criação
circulação do loteamento, demarcação dos lotes,
e de seus atos constitutivos. (Parágrafo acrescido pela
quadras e logradouros e das obras de escoamento
Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
das águas pluviais ou da aprovação de um cro-
nograma, com a duração máxima de quatro anos, Art. 19. Examinada a documentação e encon-
acompanhado de competente instrumento de ga- trada em ordem, o Oficial do Registro de Imóveis
rantia para a execução das obras; (Inciso com reda- encaminhará comunicação à Prefeitura e fará
ção dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) publicar, em resumo e com pequeno desenho de
VI – exemplar do contrato padrão de promessa localização da área, edital do pedido de registro
de venda, ou de cessão ou de promessa de cessão, em 3 (três) dias consecutivos, podendo este ser
do qual constarão obrigatoriamente as indicações impugnado no prazo de 15 (quinze) dias contados
previstas no art. 26 desta Lei; da data da última publicação.
VII – declaração do cônjuge do requerente de § 1º Findo o prazo sem impugnação, será feito
que consente no registro do loteamento. imediatamente o registro. Se houver impugnação
§ 1º Os períodos referidos nos incisos III, alínea de terceiros, o Oficial do Registro de Imóveis inti-
b, e IV, alíneas a, b e d, tomarão por base a data mará o requerente e a Prefeitura Municipal, ou o
do pedido de registro do loteamento, devendo Distrito Federal quando for o caso, para que sobre
todas elas ser extraídas em nome daqueles que, ela se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias, sob
nos mencionados períodos, tenham sido titulares pena de arquivamento do processo. Com tais ma-
de direitos reais sobre o imóvel.
nifestações o processo será enviado ao juiz com-
§ 2º A existência de protestos, de ações pessoais
petente para decisão.
ou de ações penais, exceto as referentes a crime
§ 2º Ouvido o Ministério Público no prazo de
contra o patrimônio e contra a administração, não
5 (cinco) dias, o juiz decidirá de plano ou após
impedirá o registro do loteamento se o requerente
instrução sumária, devendo remeter ao interes-
comprovar que esses protestos ou ações não po-
sado as vias ordinárias caso a matéria exija maior
derão prejudicar os adquirentes dos lotes. Se o
indagação.
Oficial do Registro de Imóveis julgar insuficiente
§ 3º Nas capitais, a publicação do edital se fará
a comprovação feita, suscitará a dúvida perante
o juiz competente. no Diário Oficial do Estado e num dos jornais de
§ 3º A declaração a que se refere o inciso VII circulação diária. Nos demais municípios, a publi-
deste artigo não dispensará o consentimento do cação se fará apenas num dos jornais locais, se
declarante para os atos de alienação ou promessa houver, ou, não havendo, em jornal da região.
de alienação de lotes, ou de direitos a eles relati- § 4º O Oficial do Registro de Imóveis que efetuar
vos, que venham a ser praticados pelo seu cônjuge. o registro em desacordo com as exigências desta
§ 4º O título de propriedade será dispensado Lei ficará sujeito a multa equivalente a 10 (dez)
quando se tratar de parcelamento popular, des- vezes os emolumentos regimentais fixados para
tinado às classes de menor renda, em imóvel o registro, na época em que for aplicada a penali-
declarado de utilidade pública, com processo de dade pelo juiz corregedor do cartório, sem prejuízo
desapropriação judicial em curso e imissão provi- das sanções penais e administrativas cabíveis.
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LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
Art. 21. Quando a área loteada estiver situada em Art. 23. O registro do loteamento só poderá ser
mais de uma circunscrição imobiliária, o registro cancelado:
será requerido primeiramente perante aquela em I – por decisão judicial;
que estiver localizada a maior parte da área lo- II – a requerimento do loteador, com anuência
teada. Procedido o registro nessa circunscrição, o da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o
interessado requererá, sucessivamente, o registro caso, enquanto nenhum lote houver sido objeto
do loteamento em cada uma das demais, compro- de contrato;
vando perante cada qual o registro efetuado na III – a requerimento conjunto do loteador e de
anterior, até que o loteamento seja registrado em todos os adquirentes de lotes, com anuência da
todas. Denegado registro em qualquer das cir- Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o
cunscrições, essa decisão será comunicada, pelo caso, e do Estado.
Oficial do Registro de Imóveis, às demais para § 1º A Prefeitura e o Estado só poderão se opor
efeito de cancelamento dos registros feitos, salvo ao cancelamento se disto resultar inconveniente
se ocorrer a hipótese prevista no § 4º deste artigo. comprovado para o desenvolvimento urbano ou
§ 1º Nenhum lote poderá situar-se em mais de se já se tiver realizado qualquer melhoramento na
uma circunscrição. área loteada ou adjacências.
§ 2º É defeso ao interessado processar simulta- § 2º Nas hipóteses dos incisos II e III, o Oficial do
neamente, perante diferentes circunscrições, pe- Registro de Imóveis fará publicar, em resumo, edi-
didos de registro do mesmo loteamento, sendo tal do pedido de cancelamento, podendo este ser
nulos os atos praticados com infração a esta impugnado no prazo de 30 (trinta) dias contados
norma. da data da última publicação. Findo esse prazo,
§ 3º Enquanto não procedidos todos os regis- com ou sem impugnação, o processo será reme-
tros de que trata este artigo, considerar-se-á o tido ao juiz competente para homologação do pe-
loteamento como não registrado para os efeitos dido de cancelamento, ouvido o Ministério Público.
desta Lei. § 3º A homologação de que trata o parágrafo
§ 4º O indeferimento do registro do loteamento anterior será precedida de vistoria judicial desti-
em uma circunscrição não determinará o cancela- nada a comprovar a inexistência de adquirentes
mento do registro procedido em outra, se o motivo instalados na área loteada.
do indeferimento naquela não se estender à área
Art. 24. O processo de loteamento e os contratos
situada sob a competência desta, e desde que o
de depositados em Cartório poderão ser exami-
interessado requeira a manutenção do registro ob-
tido, submetido o remanescente do loteamento a nados por qualquer pessoa, a qualquer tempo,
uma aprovação prévia perante a Prefeitura Munici- independentemente do pagamento de custas ou
pal, ou o Distrito Federal quando for o caso. emolumentos, ainda que a título de busca.
as cessões ou promessas de cessão poderão ser § 5º Com o registro da sentença que, em pro-
feitos por escritura pública ou por instrumento cesso de desapropriação, fixar o valor da indeni-
particular, de acordo com o modelo depositado zação, a posse referida no § 3º converter-se-á em
na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo propriedade e a sua cessão, em compromisso de
menos, as seguintes indicações: compra e venda ou venda e compra, conforme
I – nome, registro civil, cadastro fiscal no Minis- haja obrigações a cumprir ou estejam elas cum-
tério da Fazenda, nacionalidade, estado civil e re- pridas, circunstância que, demonstradas ao Re-
sidência dos contratantes; gistro de Imóveis, serão averbadas na matrícula
II – denominação e situação do loteamento, nú- relativa ao lote. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785,
mero e data da inscrição; de 29/1/1999)
III – descrição do lote ou dos lotes que forem § 6º Os compromissos de compra e venda, as
objeto de compromissos, confrontações, área e cessões e as promessas de cessão valerão como tí-
outras características; tulo para o registro da propriedade do lote adqui-
IV – preço, prazo, forma e local de pagamento rido, quando acompanhados da respectiva prova
bem como a importância do sinal; de quitação. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de
V – taxa de juros incidentes sobre o débito em 29/1/1999)
aberto e sobre as prestações vencidas e não pagas,
Art. 26-A. Os contratos de compra e venda, cessão
bem como a cláusula penal, nunca excedente a
ou promessa de cessão de loteamento devem ser
10% (dez por cento) do débito e só exigível nos
iniciados por quadro-resumo, que deverá conter,
casos de intervenção judicial ou de mora superior
além das indicações constantes do art. 26 desta
a 3 (três) meses;
Lei: (Artigo acrescido pela Lei nº 13.786, de 27/12/2018)
VI – indicação sobre a quem incumbe o paga-
I – o preço total a ser pago pelo imóvel;
mento dos impostos e taxas incidentes sobre o
II – o valor referente à corretagem, suas condi-
lote compromissado;
ções de pagamento e a identificação precisa de
VII – declaração das restrições urbanísticas con-
seu beneficiário;
vencionais do loteamento, supletivas da legisla-
III – a forma de pagamento do preço, com indica-
ção pertinente.
ção clara dos valores e vencimentos das parcelas;
§ 1º O contrato deverá ser firmado em 3 (três)
IV – os índices de correção monetária aplicáveis
vias ou extraídas em 3 (três) traslados, sendo um
para cada parte e o terceiro para arquivo no regis- ao contrato e, quando houver pluralidade de índi-
tro imobiliário, após o registro e anotações devidas. ces, o período de aplicação de cada um;
§ 2º Quando o contrato houver sido firmado por V – as consequências do desfazimento do con-
procurador de qualquer das partes, será obriga- trato, seja mediante distrato, seja por meio de re-
tório o arquivamento da procuração no registro solução contratual motivada por inadimplemento
imobiliário. de obrigação do adquirente ou do loteador, com
§ 3º Admite-se, nos parcelamentos populares, destaque negritado para as penalidades aplicá-
a cessão da posse em que estiverem provisoria- veis e para os prazos para devolução de valores
mente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, ao adquirente;
Municípios e suas entidades delegadas, o que po- VI – as taxas de juros eventualmente aplicadas,
derá ocorrer por instrumento particular, ao qual se mensais ou anuais, se nominais ou efetivas, o
se atribui, para todos os fins de direito, caráter de seu período de incidência e o sistema de amor-
escritura pública, não se aplicando a disposição tização;
do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Parágrafo VII – as informações acerca da possibilidade do
acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) exercício, por parte do adquirente do imóvel, do
§ 4º A cessão da posse referida no § 3º, cum- direito de arrependimento previsto no art. 49 da
pridas as obrigações do cessionário, constitui cré- Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código
dito contra o expropriante, de aceitação obrigató- de Defesa do Consumidor), em todos os contratos
30
LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
firmados em estandes de vendas e fora da sede do disposto nos arts. 639 e 640 do Código de Pro-
loteador ou do estabelecimento comercial; cesso Civil.
VIII – o prazo para quitação das obrigações pelo Art. 28. Qualquer alteração ou cancelamento
adquirente após a obtenção do termo de vistoria parcial do loteamento registrado dependerá de
de obras; acordo entre o loteador e os adquirentes de lotes
IX – informações acerca dos ônus que recaiam atingidos pela alteração, bem como da aprovação
sobre o imóvel; pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal
X – o número do registro do loteamento ou quando for o caso, devendo ser depositada no
do desmembramento, a matrícula do imóvel e a Registro de Imóveis, em complemento ao projeto
identificação do cartório de registro de imóveis original com a devida averbação.
competente;
Art. 29. Aquele que adquirir a propriedade lo-
XI – o termo final para a execução do projeto
teada mediante ato inter vivos, ou por sucessão
referido no § 1º do art. 12 desta Lei e a data do
causa mortis, sucederá o transmitente em todos
protocolo do pedido de emissão do termo de vis-
os seus direitos e obrigações, ficando obrigado a
toria de obras.
respeitar os compromissos de compra e venda ou
§ 1º Identificada a ausência de quaisquer das
as promessas de cessão, em todas as suas cláusu-
informações previstas no caput deste artigo, será
las, sendo nula qualquer disposição em contrário,
concedido prazo de 30 (trinta) dias para adita-
ressalvado o direito do herdeiro ou legatário de
mento do contrato e saneamento da omissão,
renunciar à herança ou ao legado.
findo o qual, essa omissão, se não sanada, carac-
terizará justa causa para rescisão contratual por Art. 30. A sentença declaratória de falência ou da
parte do adquirente. insolvência de qualquer das partes não rescindirá
§ 2º A efetivação das consequências do desfa- os contratos de compromisso de compra e venda
zimento do contrato, mencionadas no inciso V ou de promessa de cessão que tenham por objeto a
do caput deste artigo, dependerá de anuência área loteada ou lotes da mesma. Se a falência ou in-
prévia e específica do adquirente a seu respeito, solvência for do proprietário da área loteada ou do
mediante assinatura junto a essas cláusulas, que titular de direito sobre ela, incumbirá ao síndico ou
deverão ser redigidas conforme o disposto no § 4º ao administrador dar cumprimento aos referidos
do art. 54 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de contratos; se do adquirente do lote, seus direitos
1990 (Código de Defesa do Consumidor). serão levados à praça.
Art. 27. Se aquele que se obrigou a concluir con- Art. 31. O contrato particular pode ser transferido
trato de promessa de venda ou de cessão não por simples trespasse, lançado no verso das vias
cumprir a obrigação, o credor poderá notificar em poder das partes, ou por instrumento em se-
o devedor para outorga do contrato ou ofereci- parado, declarando-se o número do registro do lo-
mento de impugnação no prazo de 15 (quinze) teamento, o valor da cessão e a qualificação do
dias, sob pena de proceder-se ao registro de pré- cessionário, para o devido registro.
-contrato, passando as relações entre as partes a § 1º A cessão independe da anuência do lotea-
serem regidas pelo contrato-padrão. dor mas, em relação a este, seus efeitos só se pro-
§ 1º Para fins deste artigo, terão o mesmo valor duzem depois de cientificado, por escrito, pelas
de pré-contrato a promessa de cessão, a proposta partes ou quando registrada a cessão.
de compra, a reserva de lote ou qualquer outro § 2º Uma vez registrada a cessão, feita sem
instrumento, do qual conste a manifestação da anuência do loteador, o Oficial do Registro dar-
vontade das partes, a indicação do lote, o preço e -lhe-á ciência, por escrito, dentro de 10 (dez) dias.
modo de pagamento, e a promessa de contratar. Art. 32. Vencida e não paga a prestação, o con-
§ 2º O registro de que trata este artigo não será trato será considerado rescindido 30 (trinta) dias
procedido se a parte que o requereu não compro- depois de constituído em mora o devedor.
var haver cumprido a sua prestação, nem a ofere- § 1º Para os fins deste artigo o devedor-adqui-
cer na forma devida, salvo se ainda não exigível. rente será intimado, a requerimento do credor,
§ 3º Havendo impugnação daquele que se com- pelo Oficial do Registro de Imóveis, a satisfazer
prometeu a concluir o contrato, observar-se-á o as prestações vencidas e as que se vencerem até
31
a data do pagamento, os juros convencionados e nos casos em que o adquirente não for localizado
as custas de intimação. ou não tiver se manifestado, nos termos do art. 32
§ 2º Purgada a mora, convalescerá o contrato. desta Lei.
§ 3º Com a certidão de não haver sido feito o § 3º O procedimento previsto neste artigo não
pagamento em cartório, o vendedor requererá ao se aplica aos contratos e escrituras de compra e
Oficial do Registro o cancelamento da averbação. venda de lote sob a modalidade de alienação fi-
Art. 32-A. Em caso de resolução contratual por duciária nos termos da Lei nº 9.514, de 20 de no-
fato imputado ao adquirente, respeitado o dis- vembro de 1997.
posto no § 2º deste artigo, deverão ser restituídos Art. 33. Se o credor das prestações se recusar
os valores pagos por ele, atualizados com base no recebê-las ou furtar-se ao seu recebimento, será
índice contratualmente estabelecido para a cor- constituído em mora mediante notificação do Ofi-
reção monetária das parcelas do preço do imóvel, cial do Registro de Imóveis para vir receber as im-
podendo ser descontados dos valores pagos os portâncias depositadas pelo devedor no próprio
seguintes itens: (Artigo acrescido pela Lei nº 13.786, de Registro de Imóveis. Decorridos 15 (quinze) dias
27/12/2018) após o recebimento da intimação, considerar-se-á
I – os valores correspondentes à eventual frui- efetuado o pagamento, a menos que o credor im-
ção do imóvel, até o equivalente a 0,75% (setenta pugne o depósito e, alegando inadimplemento do
e cinco centésimos por cento) sobre o valor atua- devedor, requeira a intimação deste para os fins
lizado do contrato, cujo prazo será contado a par- do disposto no art. 32 desta Lei.
tir da data da transmissão da posse do imóvel ao
Art. 34. Em qualquer caso de rescisão por inadim-
adquirente até sua restituição ao loteador;
plemento do adquirente, as benfeitorias neces-
II – o montante devido por cláusula penal e des-
sárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel
pesas administrativas, inclusive arras ou sinal, li-
deverão ser indenizadas, sendo de nenhum efeito
mitado a um desconto de 10% (dez por cento) do
qualquer disposição contratual em contrário.
valor atualizado do contrato;
§ 1º Não serão indenizadas as benfeitorias feitas
III – os encargos moratórios relativos às presta-
em desconformidade com o contrato ou com a lei.
ções pagas em atraso pelo adquirente;
(Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei nº 13.786,
IV – os débitos de impostos sobre a propriedade
de 27/12/2018)
predial e territorial urbana, contribuições condo-
§ 2º No prazo de 60 (sessenta) dias, contado da
miniais, associativas ou outras de igual natureza
constituição em mora, fica o loteador, na hipótese
que sejam a estas equiparadas e tarifas vinculadas
do caput deste artigo, obrigado a alienar o imóvel
ao lote, bem como tributos, custas e emolumentos
mediante leilão judicial ou extrajudicial, nos ter-
incidentes sobre a restituição e/ou rescisão;
mos da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997.
V – a comissão de corretagem, desde que inte-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.786, de 27/12/2018)
grada ao preço do lote.
§ 1º O pagamento da restituição ocorrerá em Art. 35. Se ocorrer o cancelamento do registro
até 12 (doze) parcelas mensais, com início após o por inadimplemento do contrato, e tiver sido
seguinte prazo de carência: realizado o pagamento de mais de 1/3 (um terço)
I – em loteamentos com obras em andamento: do preço ajustado, o oficial do registro de imó-
no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias veis mencionará esse fato e a quantia paga no
após o prazo previsto em contrato para conclu- ato do cancelamento, e somente será efetuado
são das obras; novo registro relativo ao mesmo lote, mediante
II – em loteamentos com obras concluídas: no apresentação do distrato assinado pelas partes e
prazo máximo de 12 (doze) meses após a formali- a comprovação do pagamento da parcela única
zação da rescisão contratual. ou da primeira parcela do montante a ser resti-
§ 2º Somente será efetuado registro do contrato tuído ao adquirente, na forma do art. 32-A desta
de nova venda se for comprovado o início da res- Lei, ao titular do registro cancelado, ou mediante
tituição do valor pago pelo vendedor ao titular do depósito em dinheiro à sua disposição no registro
registro cancelado na forma e condições pactua- de imóveis. (Caput do artigo com redação dada pela Lei
das no distrato, dispensada essa comprovação nº 13.786, de 27/12/2018)
32
LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
§ 1º Ocorrendo o depósito a que se refere este Art. 38. Verificado que o loteamento ou desmem-
artigo, o Oficial do Registro de Imóveis intimará o bramento não se acha registrado ou regularmente
interessado para vir recebê-lo no prazo de 10 (dez) executado ou notificado pela Prefeitura Municipal,
dias, sob pena de ser devolvido ao depositante. ou pelo Distrito Federal quando for o caso, deverá
§ 2º No caso de não se encontrado o interes- o adquirente do lote suspender o pagamento das
sado, o Oficial do Registro de Imóveis depositará prestações restantes e notificar o loteador para
quantia em estabelecimento de crédito, segundo suprir a falta.
a ordem prevista no inciso I do art. 666 do Código § 1º Ocorrendo a suspensão do pagamento das
de Processo Civil, em conta com incidência de prestações restantes, na forma do caput deste ar-
juros e correção monetária. tigo, o adquirente efetuará o depósito das presta-
§ 3º A obrigação de comprovação prévia de pa- ções devidas junto ao Registro de Imóveis com-
gamento da parcela única ou da primeira parcela petente, que as depositará em estabelecimento
como condição para efetivação de novo registro, de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I
prevista no caput deste artigo, poderá ser dis- do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta
pensada se as partes convencionarem de modo com incidência de juros e correção monetária,
diverso e de forma expressa no documento de dis- cuja movimentação dependerá de prévia autori-
trato por elas assinado. (Parágrafo acrescido pela Lei zação judicial.
nº 13.786, de 27/12/2018) § 2º A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal
quando for o caso, ou o Ministério Público, poderá
Art. 36. O registro do compromisso, cessão ou
promover a notificação ao loteador prevista no
promessa de cessão só poderá ser cancelado:
caput deste artigo.
I – por decisão judicial;
§ 3º Regularizado o loteamento pelo loteador,
II – a requerimento conjunto das partes contra-
este promoverá judicialmente a autorização para
tantes;
levantar as prestações depositadas, com os acrés-
III – quando houver rescisão comprovada do
cimos de correção monetária e juros, sendo ne-
contrato.
cessária a citação da Prefeitura, ou do Distrito Fe-
Art. 36-A. As atividades desenvolvidas pelas asso- deral quando for o caso, para integrar o processo
ciações de proprietários de imóveis, titulares de di- judicial aqui previsto, bem como audiência do
reitos ou moradores em loteamentos ou empreen- Ministério Público.
dimentos assemelhados, desde que não tenham § 4º Após o reconhecimento judicial de regu-
fins lucrativos, bem como pelas entidades civis or- laridade do loteamento, o loteador notificará os
ganizadas em função da solidariedade de interes- adquirentes dos lotes, por intermédio do Registro
ses coletivos desse público com o objetivo de admi- de Imóveis competente, para que passem a pagar
nistração, conservação, manutenção, disciplina de diretamente as prestações restantes, a contar da
utilização e convivência, visando à valorização dos data da notificação.
imóveis que compõem o empreendimento, tendo § 5º No caso de o loteador deixar de atender à
em vista a sua natureza jurídica, vinculam-se, por notificação até o vencimento do prazo contratual,
critérios de afinidade, similitude e conexão, à ati- ou quando o loteamento ou desmembramento for
vidade de administração de imóveis. (Artigo acresci- regularizado pela Prefeitura Municipal, ou pelo
do pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) Distrito Federal quando for o caso, nos termos do
Parágrafo único. A administração de imóveis na art. 40 desta Lei, o loteador não poderá, a qual-
forma do caput deste artigo sujeita seus titulares quer título, exigir o recebimento das prestações
à normatização e à disciplina constantes de seus depositadas.
atos constitutivos, cotizando-se na forma desses Art. 39. Será nula de pleno direito a cláusula de
atos para suportar a consecução dos seus objetivos. rescisão de contrato por inadimplemento do ad-
CAPÍTULO VIII quirente, quando o loteamento não estiver regu-
DISPOSIÇÕES GERAIS larmente inscrito.
Art. 37. É vedado vender ou prometer vender Art. 40. A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal
parcela de loteamento ou desmembramento não quando for o caso, se desatendida pelo loteador
registrado. a notificação, poderá regularizar loteamento ou
33
desmembramento não autorizado ou executado indenização, os terrenos ainda não vendidos ou
sem observância das determinações do ato admi- compromissados, objeto de loteamento ou des-
nistrativo de licença, para evitar lesão aos seus pa- membramento não registrado.
drões de desenvolvimento urbano e na defesa dos
Art. 43. Ocorrendo a execução de loteamento não
direitos dos adquirentes de lotes.
aprovado, a destinação de áreas públicas exigidas
§ 1º A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal
no inciso I do art. 4º desta Lei não se poderá alte-
quando for o caso, que promover a regularização,
rar sem prejuízo da aplicação das sanções admi-
na forma deste artigo, obterá judicialmente o le-
nistrativas, civis e criminais previstas.
vantamento das prestações depositadas, com os
Parágrafo único. Neste caso, o loteador ressar-
respectivos acréscimos de correção monetária e
cirá a Prefeitura Municipal ou o Distrito Federal
juros, nos termos do § 1º do art. 38 desta Lei, a
quando for o caso, em pecúnia ou em área equiva-
título de ressarcimento das importâncias despen-
didas com equipamentos urbanos ou expropria- lente, no dobro da diferença entre o total das áreas
ções necessárias para regularizar o loteamento ou públicas exigidas e as efetivamente destinadas.
desmembramento. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
§ 2º As importâncias despendidas pela Prefei- Art. 44. O Município, o Distrito Federal e o Estado
tura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for poderão expropriar áreas urbanas ou de expansão
o caso, para regularizar o loteamento ou desmem- urbana para reloteamento, demolição, reconstru-
bramento, caso não sejam integralmente ressar- ção e incorporação, ressalvada a preferência dos
cidas conforme o disposto no parágrafo anterior, expropriados para a aquisição de novas unidades.
serão exigidas na parte faltante do loteador, apli-
Art. 45. O loteador, ainda que já tenha vendido
cando-se o disposto no art. 47 desta Lei.
todos os lotes, ou os vizinhos, são partes legíti-
§ 3º No caso de o loteador não cumprir o esta-
mas para promover ação destinada a impedir
belecido no parágrafo anterior, a Prefeitura Muni-
construção em desacordo com restrições legais
cipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, po-
derá receber as prestações dos adquirentes, até ou contratuais.
o valor devido. Art. 46. O loteador não poderá fundamentar qual-
§ 4º A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quer ação ou defesa na presente Lei sem apresen-
quando for o caso, para assegurar a regularização tação dos registros e contratos a que ela se refere.
do loteamento ou desmembramento, bem como
Art. 47. Se o loteador integrar grupo econômico
o ressarcimento integral de importâncias despen-
ou financeiro, qualquer pessoa física ou jurídica
didas, ou a despender, poderá promover judicial-
desse grupo, beneficiária de qualquer forma do
mente os procedimentos cautelares necessários
loteamento ou desmembramento irregular, será
aos fins colimados.
solidariamente responsável pelos prejuízos por
§ 5º A regularização de um parcelamento pela
ele causados aos compradores de lotes e ao Poder
Prefeitura Municipal, ou Distrito Federal, quando
Público.
for o caso, não poderá contrariar o disposto nos
arts. 3º e 4º desta Lei, ressalvado o disposto no Art. 48. O foro competente para os procedimen-
§ 1º desse último. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, tos judiciais previstos nesta Lei será sempre o da
de 29/1/1999) comarca da situação do lote.
Art. 41. Regularizado o loteamento ou desmem- Art. 49. As intimações e notificações previstas
bramento pela Prefeitura Municipal, ou pelo Dis- nesta Lei deverão ser feitas pessoalmente ao inti-
trito Federal quando for o caso, o adquirente do mado ou notificado, que assinará o comprovante
lote, comprovando o depósito de todas as presta- do recebimento, e poderão igualmente ser pro-
ções do preço avençado, poderá obter o registro, movidas por meio dos Cartórios de Registro de
de propriedade do lote adquirido, valendo para Títulos e Documentos da Comarca da situação do
tanto o compromisso de venda e compra devida- imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-las.
mente firmado. § 1º Se o destinatário se recusar a dar recibo ou
Art. 42. Nas desapropriações não serão conside- se furtar ao recebimento, ou se for desconhecido o
rados como loteados ou loteáveis, para fins de seu paradeiro, o funcionário incumbido da diligên-
34
LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979
cia informará esta circunstância ao Oficial compe- qualidade de mandatário de loteador, diretor ou
tente que a certificará, sob sua responsabilidade. gerente de sociedade.
§ 2º Certificada a ocorrência dos fatos mencio- Parágrafo único. (Vetado na Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
nados no parágrafo anterior, a intimação ou no- Art. 52. Registrar loteamento ou desmembra-
tificação será feita por edital na forma desta Lei, mento não aprovado pelos órgãos competentes,
começando o prazo a correr 10 (dez) dias após a registrar o compromisso de compra e venda, a
última publicação. cessão ou promessa de cessão de direitos, ou efe-
CAPÍTULO IX tuar registro de contrato de venda de loteamento
DISPOSIÇÕES PENAIS ou desmembramento não registrado:
Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pena: Detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
Pública. multa de 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes o maior
I – dar início, de qualquer modo, ou efetuar salário mínimo vigente no País, sem prejuízo das
loteamento ou desmembramento do solo para sanções administrativas cabíveis.
fins urbanos, sem autorização do órgão público CAPÍTULO X
competente, ou em desacordo com as disposições DISPOSIÇÕES FINAIS
desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Art. 53. Todas as alterações de uso do solo rural
Federal, Estados e Municípios; para fins urbanos dependerão de prévia audiência
II – dar início, de qualquer modo, ou efetuar lo- do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
teamento ou desmembramento do solo para fins Agrária (Incra), do Órgão Metropolitano, se hou-
urbanos sem observância das determinações ver, onde se localiza o Município, e da aprovação
constantes do ato administrativo de licença; da Prefeitura municipal, ou do Distrito Federal
III – fazer, ou veicular em proposta, contrato, quando for o caso, segundo as exigências da le-
prospecto ou comunicação ao público ou a inte- gislação pertinente.
ressados, afirmação falsa sobre a legalidade de
loteamento ou desmembramento do solo para Art. 53-A. São considerados de interesse público
fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a os parcelamentos vinculados a planos ou progra-
ele relativo: mas habitacionais de iniciativa das Prefeituras
Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Municipais e do Distrito Federal, ou entidades au-
multa de 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes o maior torizadas por lei, em especial as regularizações de
salário mínimo vigente no País. parcelamentos e de assentamentos. (Artigo acres-
Parágrafo único. O crime definido neste artigo cido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999)
35
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001 aos interesses e necessidades da população e às
(ESTATUTO DA CIDADE) características locais;
(Publicada no DOU de 11/7/2001 e retificada no DOU de VI – ordenação e controle do uso do solo, de
17/7/2001) forma a evitar:
Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constitui-
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
ção Federal, estabelece diretrizes gerais da b) a proximidade de usos incompatíveis ou in-
política urbana e dá outras providências. convenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso
O presidente da República excessivos ou inadequados em relação à infra-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu -estrutura urbana;
sanciono a seguinte Lei: d) a instalação de empreendimentos ou ativi-
CAPÍTULO I dades que possam funcionar como pólos gerado-
DIRETRIZES GERAIS res de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura
Art. 1º Na execução da política urbana, de que correspondente;
tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, e) a retenção especulativa de imóvel urbano,
que resulte na sua subutilização ou não utilização;
será aplicado o previsto nesta Lei.
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei,
g) a poluição e a degradação ambiental;
denominada Estatuto da Cidade, estabelece nor-
h) a exposição da população a riscos de de-
mas de ordem pública e interesse social que re-
sastres. (Alínea acrescida pela Medida Provisória nº 547,
gulam o uso da propriedade urbana em prol do
de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608, de
bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
10/4/2012)
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
VII – integração e complementaridade entre as
Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar atividades urbanas e rurais, tendo em vista o de-
o pleno desenvolvimento das funções sociais da senvolvimento socioeconômico do Município e do
cidade e da propriedade urbana, mediante as se- território sob sua área de influência;
guintes diretrizes gerais: VIII – adoção de padrões de produção e con-
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, sumo de bens e serviços e de expansão urbana
entendido como o direito à terra urbana, à mora- compatíveis com os limites da sustentabilidade
dia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura ambiental, social e econômica do Município e do
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao território sob sua área de influência;
trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras IX – justa distribuição dos benefícios e ônus de-
gerações; correntes do processo de urbanização;
II – gestão democrática por meio da participa- X – adequação dos instrumentos de política
ção da população e de associações representati- econômica, tributária e financeira e dos gastos pú-
vas dos vários segmentos da comunidade na for- blicos aos objetivos do desenvolvimento urbano,
mulação, execução e acompanhamento de planos, de modo a privilegiar os investimentos geradores
programas e projetos de desenvolvimento urbano; de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos di-
III – cooperação entre os governos, a iniciativa ferentes segmentos sociais;
privada e os demais setores da sociedade no pro- XI – recuperação dos investimentos do Poder
cesso de urbanização, em atendimento ao inte- Público de que tenha resultado a valorização de
resse social; imóveis urbanos;
IV – planejamento do desenvolvimento das ci- XII – proteção, preservação e recuperação do
dades, da distribuição espacial da população e meio ambiente natural e construído, do patrimô-
das atividades econômicas do Município e do ter- nio cultural, histórico, artístico, paisagístico e ar-
ritório sob sua área de influência, de modo a evi- queológico;
tar e corrigir as distorções do crescimento urbano XIII – audiência do Poder Público municipal e da
e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; população interessada nos processos de implan-
V – oferta de equipamentos urbanos e comuni- tação de empreendimentos ou atividades com
tários, transporte e serviços públicos adequados efeitos potencialmente negativos sobre o meio
36
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
ambiente natural ou construído, o conforto ou a ços de uso público; (Inciso com redação dada pela Lei
segurança da população; nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em
XIV – regularização fundiária e urbanização de vigor 180 dias após sua publicação)
áreas ocupadas por população de baixa renda IV – instituir diretrizes para desenvolvimento
mediante o estabelecimento de normas especiais urbano, inclusive habitação, saneamento básico,
de urbanização, uso e ocupação do solo e edifica- transporte e mobilidade urbana, que incluam re-
ção, consideradas a situação socioeconômica da gras de acessibilidade aos locais de uso público;
população e as normas ambientais; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015,
XV – simplificação da legislação de parcela- publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após sua
mento, uso e ocupação do solo e das normas edi- publicação)
lícias, com vistas a permitir a redução dos custos V – elaborar e executar planos nacionais e re-
e o aumento da oferta dos lotes e unidades habi- gionais de ordenação do território e de desenvol-
tacionais; vimento econômico e social.
XVI – isonomia de condições para os agentes CAPÍTULO II
públicos e privados na promoção de empreendi- DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA
mentos e atividades relativos ao processo de ur-
Seção I
banização, atendido o interesse social;
Dos Instrumentos em Geral
XVII – estímulo à utilização, nos parcelamentos
do solo e nas edificações urbanas, de sistemas Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados,
operacionais, padrões construtivos e aportes tec- entre outros instrumentos:
nológicos que objetivem a redução de impactos I – planos nacionais, regionais e estaduais de
ambientais e a economia de recursos naturais; (In- ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
ciso acrescido pela Lei nº 12.836, de 2/7/2013)
II – planejamento das regiões metropolitanas,
XVIII – tratamento prioritário às obras e edifi-
aglomerações urbanas e microrregiões;
cações de infraestrutura de energia, telecomu-
III – planejamento municipal, em especial:
nicações, abastecimento de água e saneamento;
a) plano diretor;
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.116, de 20/4/2015)
b) disciplina do parcelamento, do uso e da
XIX – garantia de condições condignas de aces-
ocupação do solo;
sibilidade, utilização e conforto nas dependências
c) zoneamento ambiental;
internas das edificações urbanas, inclusive nas
d) plano plurianual;
destinadas à moradia e ao serviço dos trabalhado-
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
res domésticos, observados requisitos mínimos de
f) gestão orçamentária participativa;
dimensionamento, ventilação, iluminação, ergo-
g) planos, programas e projetos setoriais;
nomia, privacidade e qualidade dos materiais em-
h) planos de desenvolvimento econômico e
pregados. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.699, de 2/8/2018)
social;
Art. 3º Compete à União, entre outras atribuições IV – institutos tributários e financeiros:
de interesse da política urbana: a) imposto sobre a propriedade predial e terri-
I – legislar sobre normas gerais de direito urba- torial urbana (IPTU);
nístico; b) contribuição de melhoria;
II – legislar sobre normas para a cooperação c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os V – institutos jurídicos e políticos:
Municípios em relação à política urbana, tendo a) desapropriação;
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do b) servidão administrativa;
bem-estar em âmbito nacional; c) limitações administrativas;
III – promover, por iniciativa própria e em con- d) tombamento de imóveis ou de mobiliário
junto com os Estados, o Distrito Federal e os Mu- urbano;
nicípios, programas de construção de moradias e) instituição de unidades de conservação;
e melhoria das condições habitacionais, de sa- f) instituição de zonas especiais de interesse
neamento básico, das calçadas, dos passeios pú- social;
blicos, do mobiliário urbano e dos demais espa- g) concessão de direito real de uso;
37
h) concessão de uso especial para fins de mo- I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo
radia; definido no plano diretor ou em legislação dele
i) parcelamento, edificação ou utilização com- decorrente;
pulsórios; II – (Vetado)
j) usucapião especial de imóvel urbano; § 2º O proprietário será notificado pelo Poder
l) direito de superfície; Executivo municipal para o cumprimento da obri-
m) direito de preempção; gação, devendo a notificação ser averbada no car-
tório de registro de imóveis.
n) outorga onerosa do direito de construir e de
§ 3º A notificação far-se-á:
alteração de uso;
I – por funcionário do órgão competente do
o) transferência do direito de construir;
Poder Público municipal, ao proprietário do imó-
p) operações urbanas consorciadas;
vel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem
q) regularização fundiária;
tenha poderes de gerência geral ou administração;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as
II – por edital quando frustrada, por três vezes,
comunidades e grupos sociais menos favorecidos; a tentativa de notificação na forma prevista pelo
s) referendo popular e plebiscito; inciso I.
t) demarcação urbanística para fins de regula- § 4º Os prazos a que se refere o caput não pode-
rização fundiária; (Alínea acrescida pela Medida Provi- rão ser inferiores a:
sória nº 459, de 25/3/2009, convertida na Lei nº 11.977, de I – um ano, a partir da notificação, para que seja
7/7/2009) protocolado o projeto no órgão municipal com-
u) legitimação de posse. (Alínea acrescida pela petente;
Medida Provisória nº 459, de 25/3/2009, convertida na Lei II – dois anos, a partir da aprovação do projeto,
nº 11.977, de 7/7/2009) para iniciar as obras do empreendimento.
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e § 5º Em empreendimentos de grande porte, em
estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). caráter excepcional, a lei municipal específica a
§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo que se refere o caput poderá prever a conclusão em
regem-se pela legislação que lhes é própria, ob- etapas, assegurando-se que o projeto aprovado
servado o disposto nesta Lei. compreenda o empreendimento como um todo.
§ 2º Nos casos de programas e projetos habi- Art. 6º A transmissão do imóvel, por ato inter vivos
tacionais de interesse social, desenvolvidos por ou causa mortis, posterior à data da notificação,
órgãos ou entidades da Administração Pública transfere as obrigações de parcelamento, edifi-
com atuação específica nessa área, a concessão cação ou utilização previstas no art. 5º desta Lei,
de direito real de uso de imóveis públicos poderá sem interrupção de quaisquer prazos.
ser contratada coletivamente. Seção III
§ 3º Os instrumentos previstos neste artigo que Do IPTU Progressivo no Tempo
demandam dispêndio de recursos por parte do Art. 7º Em caso de descumprimento das condi-
Poder Público municipal devem ser objeto de con- ções e dos prazos previstos na forma do caput
trole social, garantida a participação de comuni- do art. 5º desta Lei, ou não sendo cumpridas as
dades, movimentos e entidades da sociedade civil. etapas previstas no § 5º do art. 5º desta Lei, o Mu-
Seção II nicípio procederá à aplicação do imposto sobre
Do Parcelamento, Edificação ou a propriedade predial e territorial urbana (IPTU)
Utilização Compulsórios progressivo no tempo, mediante a majoração da
alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.
Art. 5º Lei municipal específica para área incluída § 1º O valor da alíquota a ser aplicado a cada
no plano diretor poderá determinar o parcela- ano será fixado na lei específica a que se refere o
mento, a edificação ou a utilização compulsórios caput do art. 5º desta Lei e não excederá a duas
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada
utilizado, devendo fixar as condições e os prazos a alíquota máxima de quinze por cento.
para implementação da referida obrigação. § 2º Caso a obrigação de parcelar, edificar ou
§ 1º Considera-se subutilizado o imóvel: utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Mu-
38
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
nicípio manterá a cobrança pela alíquota máxima, de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
até que se cumpra a referida obrigação, garantida que não seja proprietário de outro imóvel urbano
a prerrogativa prevista no art. 8º. ou rural.
§ 3º É vedada a concessão de isenções ou de § 1º O título de domínio será conferido ao ho-
anistia relativas à tributação progressiva de que mem ou à mulher, ou a ambos, independente-
trata este artigo. mente do estado civil.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será re-
Seção IV
conhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Da Desapropriação com Pagamento em Títulos
§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro le-
Art. 8º Decorridos cinco anos de cobrança do gítimo continua, de pleno direito, a posse de seu
IPTU progressivo sem que o proprietário tenha antecessor, desde que já resida no imóvel por oca-
cumprido a obrigação de parcelamento, edifica- sião da abertura da sucessão.
ção ou utilização, o Município poderá proceder à
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes
desapropriação do imóvel, com pagamento em
sem oposição há mais de cinco anos e cuja área
títulos da dívida pública.
total dividida pelo número de possuidores seja
§ 1º Os títulos da dívida pública terão prévia
inferior a duzentos e cinquenta metros quadra-
aprovação pelo Senado Federal e serão resga-
dos por possuidor são suscetíveis de serem usu-
tados no prazo de até dez anos, em prestações
capidos coletivamente, desde que os possuidores
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
não sejam proprietários de outro imóvel urbano
real da indenização e os juros legais de seis por
ou rural. (Caput do artigo com redação dada pela Lei
cento ao ano.
nº 13.465, de 11/7/2017)
§ 2º O valor real da indenização:
§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o
I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU,
prazo exigido por, este artigo, acrescentar sua
descontado o montante incorporado em função
posse à de seu antecessor contanto que ambas
de obras realizadas pelo Poder Público na área sejam contínuas.
onde o mesmo se localiza após a notificação de § 2º A usucapião especial coletiva de imóvel ur-
que trata o § 2º do art. 5º desta Lei; bano será declarada pelo juiz, mediante sentença,
II – não computará expectativas de ganhos, lu- a qual servirá de título para registro no cartório de
cros cessantes e juros compensatórios. registro de imóveis.
§ 3º Os títulos de que trata este artigo não terão § 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração
poder liberatório para pagamento de tributos. ideal de terreno a cada possuidor, independente-
§ 4º O Município procederá ao adequado apro- mente da dimensão do terreno que cada um ocupe,
veitamento do imóvel no prazo máximo de cinco salvo hipótese de acordo escrito entre os condô-
anos, contado a partir da sua incorporação ao pa- minos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
trimônio público. § 4º O condomínio especial constituído é indi-
§ 5º O aproveitamento do imóvel poderá ser visível, não sendo passível de extinção, salvo de-
efetivado diretamente pelo Poder Público ou liberação favorável tomada por, no mínimo, dois
por meio de alienação ou concessão a terceiros, terços dos condôminos, no caso de execução de ur-
observando-se, nesses casos, o devido procedi- banização posterior à constituição do condomínio.
mento licitatório. § 5º As deliberações relativas à administração do
§ 6º Ficam mantidas para o adquirente de imó- condomínio especial serão tomadas por maioria
vel nos termos do § 5º as mesmas obrigações de de votos dos condôminos presentes, obrigando
parcelamento, edificação ou utilização previstas também os demais, discordantes ou ausentes.
no art. 5º desta Lei.
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião espe-
Seção V cial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras
Da Usucapião Especial de Imóvel Urbano ações, petitórias ou possessórias, que venham a
Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edifi- ser propostas relativamente ao imóvel usuca-
cação urbana de até duzentos e cinquenta metros piendo.
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e Art. 12. São partes legítimas para a propositura
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou da ação de usucapião especial urbana:
39
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsór- concessão do direito de superfície, salvo disposi-
cio originário ou superveniente; ção em contrário do contrato respectivo.
II – os possuidores, em estado de composse; § 4º O direito de superfície pode ser transferido
III – como substituto processual, a associação de a terceiros, obedecidos os termos do contrato res-
moradores da comunidade; regularmente consti- pectivo.
tuída, com personalidade jurídica, desde que ex- § 5º Por morte do superficiário, os seus direitos
plicitamente autorizada pelos representados. transmitem-se a seus herdeiros.
§ 1º Na ação de usucapião especial urbana é Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do
obrigatória a intervenção do Ministério Público. direito de superfície, o superficiário e o proprietá-
§ 2º O autor terá os benefícios da justiça e da rio, respectivamente, terão direito de preferência,
assistência judiciária gratuita, inclusive perante o em igualdade de condições à oferta de terceiros.
cartório de registro de imóveis.
Art. 23. Extingue-se o direito de superfície:
Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano I – pelo advento do termo;
poderá ser invocada como matéria de defesa, va- II – pelo descumprimento das obrigações con-
lendo a sentença que a reconhecer como título tratuais assumidas pelo superficiário.
para registro no cartório de registro de imóveis.
Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprie-
Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de tário recuperará o pleno domínio do terreno, bem
imóvel urbano, o rito processual a ser observado como das acessões e benfeitorias introduzidas no
é o sumário. imóvel, independentemente de indenização, se as
Seção VI partes não houverem estipulado o contrário no
Da Concessão de Uso Especial respectivo contrato.
para fins de Moradia § 1º Antes do termo final do contrato, extinguir-
-se-á o direito de superfície se o superficiário der
Art. 15. (Vetado)
ao terreno destinação diversa daquela para a qual
Art. 16. (Vetado) for concedida.
Art. 17. (Vetado) § 2º A extinção do direito de superfície será aver-
bada no cartório de registro de imóveis.
Art. 18. (Vetado)
Seção VIII
Art. 19. (Vetado)
Do Direito de Preempção
Art. 20. (Vetado)
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder
Seção VII Público municipal preferência para aquisição de
Do Direito de Superfície imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre
Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a particulares.
outrem o direito de superfície do seu terreno, por § 1º Lei municipal, baseada no plano diretor,
tempo determinado ou indeterminado, mediante delimitará as áreas em que incidirá o direito de
escritura pública registrada no cartório de registro preempção e fixará prazo de vigência, não supe-
de imóveis. rior a cinco anos, renovável a partir de um ano
§ 1º O direito de superfície abrange o direito de após o decurso do prazo inicial de vigência.
utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo rela- § 2º O direito de preempção fica assegurado du-
tivo ao terreno, na forma estabelecida no contrato rante o prazo de vigência fixado na forma do § 1º,
respectivo, atendida a legislação urbanística. independentemente do número de alienações re-
§ 2º A concessão do direito de superfície poderá ferentes ao mesmo imóvel.
ser gratuita ou onerosa. Art. 26. O direito de preempção será exercido sem-
§ 3º O superficiário responderá integralmente pre que o Poder Público necessitar de áreas para:
pelos encargos e tributos que incidirem sobre a I – regularização fundiária;
propriedade superficiária, arcando, ainda, pro- II – execução de programas e projetos habita-
porcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, cionais de interesse social;
com os encargos e tributos sobre a área objeto da III – constituição de reserva fundiária;
40
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo: VI – identificação e diretrizes para a preservação
I – a delimitação das áreas urbanas onde po- e ocupação das áreas verdes municipais, quando
derá ser aplicado o parcelamento, edificação ou for o caso, com vistas à redução da impermeabi-
utilização compulsórios, considerando a existên- lização das cidades. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.983,
cia de infra-estrutura e de demanda para utiliza- de 2/6/2014)
ção, na forma do art. 5º desta Lei; § 1º A identificação e o mapeamento de áreas de
II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, risco levarão em conta as cartas geotécnicas. (Pará-
32 e 35 desta Lei; grafo acrescido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011,
III – sistema de acompanhamento e controle. com redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
§ 2º O conteúdo do plano diretor deverá ser
Art. 42-A. Além do conteúdo previsto no art. 42, o
compatível com as disposições insertas nos pla-
plano diretor dos Municípios incluídos no cadas-
nos de recursos hídricos, formulados consoante
tro nacional de municípios com áreas suscetíveis
a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. (Parágrafo
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
acrescido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011,
inundações bruscas ou processos geológicos ou
com redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
hidrológicos correlatos deverá conter: (Caput do ar-
§ 3º Os Municípios adequarão o plano diretor às
tigo acrescido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011,
disposições deste artigo, por ocasião de sua revi-
com redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
são, observados os prazos legais. (Parágrafo acres-
I – parâmetros de parcelamento, uso e ocupação
cido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011, com
do solo, de modo a promover a diversidade de usos
redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
e a contribuir para a geração de emprego e renda;
§ 4º Os Municípios enquadrados no inciso VI do
(Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011,
art. 41 desta Lei e que não tenham plano diretor
com redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
aprovado terão o prazo de 5 (cinco) anos para o
II – mapeamento contendo as áreas suscetíveis
seu encaminhamento para aprovação pela Câma-
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
ra Municipal. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória
inundações bruscas ou processos geológicos ou
nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608,
hidrológicos correlatos; (Inciso acrescido pela Medida
de 10/4/2012)
Provisória nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela
Lei nº 12.608, de 10/4/2012) Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar
III – planejamento de ações de intervenção o seu perímetro urbano após a data de publica-
preventiva e realocação de população de áreas ção desta Lei deverão elaborar projeto específico
de risco de desastre; (Inciso acrescido pela Medida que contenha, no mínimo: (Artigo acrescido pela Lei
Provisória nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela nº 12.608, de 10/4/2012)
Lei nº 12.608, de 10/4/2012) I – demarcação do novo perímetro urbano;
IV – medidas de drenagem urbana necessárias II – delimitação dos trechos com restrições à ur-
à prevenção e à mitigação de impactos de desas- banização e dos trechos sujeitos a controle espe-
tres; e (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 547, cial em função de ameaça de desastres naturais;
de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608, de III – definição de diretrizes específicas e de
10/4/2012) áreas que serão utilizadas para infraestrutura, sis-
44
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
tema viário, equipamentos e instalações públicas, zes orçamentárias e do orçamento anual, como
urbanas e sociais; condição obrigatória para sua aprovação pela Câ-
IV – definição de parâmetros de parcelamento, mara Municipal.
uso e ocupação do solo, de modo a promover a
Art. 45. Os organismos gestores das regiões me-
diversidade de usos e contribuir para a geração
tropolitanas e aglomerações urbanas incluirão
de emprego e renda;
obrigatória e significativa participação da popu-
V – a previsão de áreas para habitação de inte-
lação e de associações representativas dos vários
resse social por meio da demarcação de zonas es-
segmentos da comunidade, de modo a garantir o
peciais de interesse social e de outros instrumen-
controle direto de suas atividades e o pleno exer-
tos de política urbana, quando o uso habitacional
cício da cidadania.
for permitido;
VI – definição de diretrizes e instrumentos espe- CAPÍTULO V
cíficos para proteção ambiental e do patrimônio DISPOSIÇÕES GERAIS
histórico e cultural; e Art. 46. O poder público municipal poderá facul-
VII – definição de mecanismos para garantir a tar ao proprietário da área atingida pela obriga-
justa distribuição dos ônus e benefícios decor- ção de que trata o caput do art. 5º desta Lei, ou
rentes do processo de urbanização do território objeto de regularização fundiária urbana para fins
de expansão urbana e a recuperação para a cole-
de regularização fundiária, o estabelecimento de
tividade da valorização imobiliária resultante da
consórcio imobiliário como forma de viabilização
ação do poder público.
financeira do aproveitamento do imóvel. (Caput do
§ 1º O projeto específico de que trata o caput deste
artigo com redação dada pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
artigo deverá ser instituído por lei municipal e aten-
§ 1º Considera-se consórcio imobiliário a forma
der às diretrizes do plano diretor, quando houver.
de viabilização de planos de urbanização, de regu-
§ 2º Quando o plano diretor contemplar as exi-
larização fundiária ou de reforma, conservação ou
gências estabelecidas no caput, o Município ficará
construção de edificação por meio da qual o pro-
dispensado da elaboração do projeto específico
prietário transfere ao poder público municipal seu
de que trata o caput deste artigo.
imóvel e, após a realização das obras, recebe, como
§ 3º A aprovação de projetos de parcelamento
do solo no novo perímetro urbano ficará condicio- pagamento, unidades imobiliárias devidamente ur-
nada à existência do projeto específico e deverá banizadas ou edificadas, ficando as demais unida-
obedecer às suas disposições. des incorporadas ao patrimônio público. (Parágrafo
com redação dada pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
CAPÍTULO IV § 2º O valor das unidades imobiliárias a serem
DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE
entregues ao proprietário será correspondente ao
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da valor do imóvel antes da execução das obras. (Pa-
cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os rágrafo com redação dada pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
seguintes instrumentos: § A instauração do consórcio imobiliário por
I – órgãos colegiados de política urbana, nos proprietários que tenham dado causa à formação
níveis nacional, estadual e municipal; de núcleos urbanos informais, ou por seus suces-
II – debates, audiências e consultas públicas;
sores, não os eximirá das responsabilidades admi-
III – conferências sobre assuntos de interesse
nistrativa, civil ou criminal. (Parágrafo acrescido pela
urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal;
Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de pla-
nos, programas e projetos de desenvolvimento Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim
urbano; como as tarifas relativas a serviços públicos urbanos,
V – (Vetado) serão diferenciados em função do interesse social.
Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamen- Art. 48. Nos casos de programas e projetos habi-
tária participativa de que trata a alínea f do in- tacionais de interesse social, desenvolvidos por ór-
ciso III do art. 4º desta Lei incluirá a realização de gãos ou entidades da Administração Pública com
debates, audiências e consultas públicas sobre as atuação específica nessa área, os contratos de con-
propostas do plano plurianual, da lei de diretri- cessão de direito real de uso de imóveis públicos:
45
I – terão, para todos os fins de direito, caráter de VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos
escritura pública, não se aplicando o disposto no contidos nos incisos I a III do § 4º do art. 40 desta
inciso II do art. 134 do Código Civil; Lei;
II – constituirão título de aceitação obrigatória VII – deixar de tomar as providências necessá-
em garantia de contratos de financiamentos ha- rias para garantir a observância do disposto no
bitacionais. § 3º do art. 40 e no art. 50 desta Lei;
Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de VIII – adquirir imóvel objeto de direito de pre-
noventa dias, a partir da entrada em vigor des- empção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei,
ta Lei, para fixar prazos, por lei, para a expedição pelo valor da proposta apresentada, se este for,
de diretrizes de empreendimentos urbanísticos, comprovadamente, superior ao de mercado.
aprovação de projetos de parcelamento e de edi- Art. 53. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.180-35, de
ficação, realização de vistorias e expedição de 24/8/2001)
termo de verificação e conclusão de obras. [...]
Parágrafo único. Não sendo cumprida a determi-
Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos
nação do caput, fica estabelecido o prazo de sessen-
noventa dias de sua publicação.
ta dias para a realização de cada um dos referidos
Brasília, 10 de julho de 2001; 180º da
atos administrativos, que valerá até que os Estados
Independência e 113º da República.
e Municípios disponham em lei de forma diversa.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados
Paulo de Tarso Ramos Ribeiro
na obrigação prevista nos incisos I e II do caput do Geraldo Magela da Cruz Quintão
art. 41 desta Lei e que não tenham plano diretor Pedro Malan
aprovado na data de entrada em vigor desta Lei Benjamin Benzaquen Sicsú
Martus Tavares
deverão aprová-lo até 30 de junho de 2008. (Artigo
José Sarney Filho
com redação dada pela Lei nº 11.673, de 8/5/2008, produ- Alberto Mendes Cardoso
zindo efeitos deste 10/10/2006)
Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
Distrito Federal e ao Governador do Distrito Fe- (LEI DO PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA)
deral as disposições relativas, respectivamente, a (Publicada no DOU de 8/7/2009)
Município e a Prefeito. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha
Vida (PMCMV) e a regularização fundiária de
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agen-
assentamentos localizados em áreas urbanas;
tes públicos envolvidos e da aplicação de outras altera o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de
sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbi- 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964,
dade administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11
de 2 de junho de 1992, quando: de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de
I – (Vetado) 2001, e a Medida Provisória nº 2.197-43, de 24
de agosto de 2001; e dá outras providências.
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos,
o adequado aproveitamento do imóvel incorpo- O vice-presidente da República, no exercício do
rado ao patrimônio público, conforme o disposto cargo de presidente da República
no § 4º do art. 8º desta Lei; Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito sanciono a seguinte Lei:
de preempção em desacordo com o disposto no
art. 26 desta Lei; CAPÍTULO I
DO PROGRAMA MINHA CASA,
IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga
MINHA VIDA (PMCMV)
onerosa do direito de construir e de alteração de
uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Seção I
Lei; Da Estrutura e Finalidade do PMCMV
V – aplicar os recursos auferidos com operações Art. 1º O Programa Minha Casa, Minha Vida
consorciadas em desacordo com o previsto no § 1º (PMCMV) tem por finalidade criar mecanismos de
do art. 33 desta Lei; incentivo à produção e aquisição de novas unida-
46
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
48
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
I – quando o teto previsto no dispositivo for de § 2º A assistência técnica pode fazer parte da
R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta composição de custos do PNHU (Parágrafo com re-
reais), o valor atualizado não poderá ultrapassar dação dada pela Lei 12.424, de 16/6/2011)
10 (dez) salários mínimos; Art. 5º (Revogado a partir de 31/12/2011, de acordo com
II – quando o teto previsto no dispositivo for de inciso III do art. 13 da Lei nº 12.424, de 16/6/2011) (Vide Me-
R$ 2.790,00 (dois mil, setecentos e noventa reais), dida Provisória nº 514, de 1º/12/2010)
o valor atualizado não poderá ultrapassar 6 (seis)
Art. 5º-A. Para a implantação de empreendimen-
salários mínimos;
tos no âmbito do PNHU, deverão ser observados:
III – quando o teto previsto no dispositivo for de
(Artigo acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
R$ 1.395,00 (mil, trezentos e noventa e cinco reais),
I – localização do terreno na malha urbana ou
o valor atualizado não poderá ultrapassar 3 (três)
em área de expansão que atenda aos requisitos
salários mínimos. estabelecidos pelo Poder Executivo federal, obser-
§ 7º Os requisitos dispostos no caput deste ar- vado o respectivo plano diretor, quando existente;
tigo, bem como aqueles definidos em regulamen- II – adequação ambiental do projeto;
tos do Poder Executivo, relativos à situação eco- III – infraestrutura básica que inclua vias de
nômica ou financeira dos beneficiários do PMCMV acesso, iluminação pública e solução de esgota-
deverão ainda: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.274, mento sanitário e de drenagem de águas pluviais
de 26/4/2016) e permita ligações domiciliares de abastecimento
I – observar a exigência da qualificação pessoal de água e energia elétrica; e
completa do beneficiário para constar do respec- IV – a existência ou compromisso do poder
tivo contrato, incluindo seu número de inscrição público local de instalação ou de ampliação dos
no Cadastro de Pessoa Física (CPF), mantido na equipamentos e serviços relacionados a educa-
Secretaria da Receita Federal do Brasil; ção, saúde, lazer e transporte público.
II – ter sua veracidade verificada por meio do Art. 6º A subvenção econômica de que trata o
cruzamento de dados fiscais e bancários do be- inciso I do art. 2º será concedida no ato da con-
neficiário, assegurado o sigilo constitucional dos tratação da operação de financiamento, com o
dados informados. objetivo de: (Caput do artigo com redação dada pela Lei
§ 8º O agente financeiro responsável pelo finan- nº 12.424, de 16/6/2011)
ciamento responderá pelo cumprimento do dis- I – facilitar a aquisição, produção e requalifica-
posto no § 7º deste artigo. (Parágrafo acrescido pela ção do imóvel residencial; ou (Inciso com redação
Lei nº 13.274, de 26/4/2016) dada pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010)
§ 9º (Vetado na Lei nº 13.274, de 26/4/2016) II – complementar o valor necessário a assegu-
Seção II rar o equilíbrio econômico-financeiro das opera-
Do Programa Nacional de ções de financiamento realizadas pelas entidades
Habitação Urbana (PNHU) integrantes do Sistema Financeiro da Habitação
(SFH), compreendendo as despesas de contrata-
Art. 4º O Programa Nacional de Habitação Urbana
ção, de administração e cobrança e de custos de
(PNHU) tem por objetivo promover a produção ou
alocação, remuneração e perda de capital.
aquisição de novas unidades habitacionais ou a § 1º A subvenção econômica de que trata o caput
requalificação de imóveis urbanos, desde 14 de será concedida exclusivamente a mutuários com
abril de 2009. (Caput do artigo com redação dada pela renda familiar mensal de até R$ 2.790,00 (dois
Medida Provisória nº 651, de 9/7/2014, convertida na Lei mil, setecentos e noventa reais), uma única vez
nº 13.043, de 13/11/2014) por imóvel e por beneficiário e será cumulativa,
§ 1º Para a implementação do PNHU, a União até o limite máximo a ser fixado em ato do Poder
disponibilizará recursos na forma prevista nos in- Executivo federal, com os descontos habitacio-
cisos I, II e III do art. 2º. (Parágrafo com redação dada nais concedidos nas operações de financiamento
pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) realizadas na forma do art. 9º da Lei nº 8.036, de
I – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) 11 de maio de 1990, com recursos do Fundo de
II – (Vetado) Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Parágrafo
III – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
49
§ 2º A subvenção poderá ser cumulativa com dada pela Medida Provisória nº 561, de 8/3/2012, converti-
subsídios concedidos no âmbito de programas da na Lei nº 12.693, de 24/7/2012)
habitacionais dos Estados, do Distrito Federal ou I – forem vinculadas às programações orçamen-
dos Municípios. tárias do Programa de Aceleração do Crescimento
§ 3º (Revogado pela Medida Provisória nº 561, de (PAC) e demandarem reassentamento, remaneja-
8/3/2012, convertida na Lei nº 12.693, de 24/7/2012) mento ou substituição de unidades habitacionais;
§ 4º (Revogado pela Medida Provisória nº 561, de (Inciso acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011, e com
8/3/2012, convertida na Lei nº 12.693, de 24/7/2012) redação dada pela Medida Provisória nº 561, de 8/3/2012,
§ 5º (Revogado pela Medida Provisória nº 561, de convertida na Lei nº 12.693, de 24/7/2012)
objeto a compra e venda, promessa de compra § 11. Serão disponibilizadas em sítio eletrônico
e venda ou cessão de imóveis adquiridos sob as informações relativas às operações previstas no
regras do PMCMV, quando em desacordo com o inciso IV do § 3º deste artigo com a identificação
inciso III do § 5º, serão consideradas nulas. (Pará- do beneficiário final, os respectivos valores advin-
grafo acrescido pela Medida Provisória nº 561, de 8/3/2012, dos da integralização de cotas do FAR e os valores
convertida na Lei nº 12.693, de 24/7/2012) restituídos ao FAR pelo poder público municipal
§ 7º Nas operações previstas no § 3º, a subven- ou estadual. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.173, de
ção econômica será concedida, no ato da contra- 21/10/2015)
tação da unidade habitacional, exclusivamente § 12. O FAR poderá prestar garantia à instituição
para o beneficiário que comprovar a titularidade financeira em favor do beneficiário nos casos de
e regularidade fundiária do imóvel do qual será operações de financiamento habitacional ao be-
removido, do imóvel que foi destruído ou do imó- neficiário com desconto concedido pelo FGTS para
vel cujo uso foi impedido definitivamente, quando aquisição de imóveis construídos com recursos do
nele esteja ou estivesse habitando, na forma do FAR. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 698, de
regulamento. (Parágrafo acrescido pela Medida Provi- 23/10/2015, convertida na Lei nº 13.274, de 26/4/2016)
sória nº 561, de 8/3/2012, convertida na Lei nº 12.693, de § 13. No caso de execução da garantia de que
24/7/2012) trata o § 12, ficará o FAR sub-rogado nos direitos do
§ 8º É vedada a concessão de subvenções eco- credor. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 698,
nômicas lastreadas nos recursos do FAR ou do FDS de 23/10/2015, convertida na Lei nº 13.274, de 26/4/2016)
a beneficiário que tenha recebido benefício de na- § 14. Para assegurar a expectativa trimestral
tureza habitacional oriundo de recursos orçamen- de venda de imóveis estabelecida pelo FAR, as
tários da União, do FAR, do FDS ou de descontos instituições financeiras executoras do PMCMV
habitacionais concedidos com recursos do FGTS, deverão repassar ao FAR o valor equivalente aos
excetuadas as subvenções ou descontos desti- descontos do FGTS correspondente à referida ex-
nados à aquisição de material de construção e pectativa trimestral. (Parágrafo acrescido pela Medida
aquelas previstas no atendimento a famílias nas Provisória nº 698, de 23/10/2015, convertida na Lei nº 13.274,
operações estabelecidas no § 3º, na forma do
de 26/4/2016)
regulamento. (Parágrafo acrescido pela Medida Provi-
§ 15. Caso os recursos de que trata o § 14 não
sória nº 561, de 8/3/2012, convertida na Lei nº 12.693, de
sejam integralmente utilizados, o FAR devolverá
24/7/2012)
o excedente às instituições financeiras ao final
§ 9º Uma vez consolidada a propriedade em seu
de cada trimestre, corrigido pela taxa do Sistema
nome, em virtude do não pagamento da dívida
Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) apu-
pelo beneficiário, o FAR e o FDS, na qualidade de
rada no período. (Parágrafo acrescido pela Medida Pro-
credores fiduciários, ficam dispensados de levar
visória nº 698, de 23/10/2015, convertida na Lei nº 13.274,
o imóvel a leilão, devendo promover sua reinclu-
de 26/4/2016)
são no respectivo programa habitacional, desti-
nando-o à aquisição por beneficiário a ser indi- Art. 6º-B. Para a concessão de subvenção eco-
cado conforme as políticas habitacionais e regras nômica nas operações de que trata o inciso III
que estiverem vigentes. (Parágrafo acrescido pela Lei do art. 2º, fica estabelecido que a instituição ou
nº 13.043, de 13/11/2014) agente financeiro participante só poderá rece-
§ 10. Nos casos das operações previstas no in- ber recursos até o máximo de 15% (quinze por
ciso IV do § 3º deste artigo, é dispensado o aten- cento) do total ofertado em cada oferta pública,
dimento aos dispositivos estabelecidos no art. 3º, na forma do regulamento, considerado o limite de
e caberá ao poder público municipal ou estadual 100 (cem) unidades habitacionais por Município.
restituir integralmente os recursos aportados pelo (Caput do artigo acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
FAR no ato da alienação do imóvel a beneficiário § 1º O Poder Executivo federal disporá neces-
final cuja renda familiar mensal exceda o limite sariamente sobre os seguintes aspectos: (Parágrafo
estabelecido no caput deste artigo. (Parágrafo acres- acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
cido pela Lei nº 13.161, de 31/8/2015, com redação dada I – valores e limites das subvenções individua-
pela Lei nº 13.173, de 21/10/2015) lizadas a serem destinadas a cada beneficiário;
51
II – remuneração das instituições e agentes fi- Parágrafo único. Para as operações com recur-
nanceiros pelas operações realizadas; sos de que trata o inciso III do art. 2º desta Lei, fica
III – quantidade, condições e modalidades de o Ministério das Cidades autorizado a fixar novas
ofertas públicas de cotas de subvenções; e condições de pagamento e prazos para a conclu-
IV – tipologia e padrão das moradias e da in- são das unidades habitacionais contratadas, obe-
fraestrutura urbana, com observância da legisla- decidos os seguintes parâmetros: (Parágrafo único
ção municipal pertinente. acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017)
§ 2º As operações de que trata o caput pode- I – o prazo para conclusão das unidades habita-
rão ser realizadas pelos bancos múltiplos, pelos cionais será de até doze meses, contados da en-
bancos comerciais, pelas sociedades de crédito trada em vigor deste parágrafo;
imobiliário, pelas companhias hipotecárias, por II – as instituições e agentes financeiros habili-
órgãos federais, estaduais e municipais, inclusive tados deverão declarar a viabilidade de execução
sociedades de economia mista em que haja parti- das unidades habitacionais contratadas, dentro
cipação majoritária do poder público, que operem dos prazos fixados pelo Ministério das Cidades,
no financiamento de habitações e obras conexas, observado o limite previsto no inciso I deste pa-
e pelas cooperativas de crédito que tenham entre rágrafo;
seus objetivos o financiamento habitacional a III – as instituições e agentes financeiros habili-
seus cooperados, desde que tais instituições e tados deverão declarar a viabilidade de execução
agentes financeiros sejam especificamente auto- das unidades habitacionais contratadas, dentro
rizados a operar o programa pelo Banco Central do valor originalmente previsto, sem custos adi-
do Brasil e pelo Ministério das Cidades, no âmbito cionais para a União;
de suas competências. (Parágrafo acrescido pela Lei IV – a aceitação e a adesão pelas instituições
nº 12.424, de 16/6/2011) e agentes financeiros habilitados às novas con-
§ 3º Os Estados e os Municípios poderão com- dições e prazos fixados serão formalizadas em
plementar o valor das subvenções econômicas instrumento próprio a ser regulamentado pelo
com créditos tributários, benefícios fiscais, bens Ministério das Cidades;
ou serviços economicamente mensuráveis, assis- V – a liberação de recursos pela União às insti-
tência técnica ou recursos financeiros. (Parágrafo tuições e agentes financeiros habilitados depen-
acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) derá da comprovação da correspondente parcela
§ 4º É vedada a concessão de subvenções eco- da obra executada, vedadas quaisquer formas de
nômicas de que trata o inciso III do caput do art. 2º adiantamento;
a beneficiário que tenha recebido benefício de VI – o não atendimento das condições e prazos
natureza habitacional oriundo de recursos orça- finais fixados pelo Ministério das Cidades ensejará
mentários da União, do FAR, do FDS ou de des- imediata devolução ao erário do valor dos recur-
contos habitacionais concedidos com recursos sos liberados, acrescido de juros e atualização
do FGTS, excetuadas as subvenções ou descontos monetária, com base na remuneração dos recur-
destinados à aquisição de material de construção, sos que serviram de lastro à sua concessão, sem
na forma do regulamento. (Parágrafo acrescido pela prejuízo das penalidades previstas em lei;
Medida Provisória nº 561, de 8/3/2012, convertida na Lei VII – nos casos de inadimplência pelas institui-
nº 12.693, de 24/7/2012) ções e agentes financeiros habilitados das condi-
Art. 7º Em casos de utilização dos recursos de que ções e prazos estabelecidos pelo Ministério das Ci-
tratam os incisos I, II e III do art. 2º em finalidade dades, fica autorizada a inscrição em dívida ativa
diversa da definida nesta Lei, ou em desconformi- da União dos valores previstos no inciso VI deste
dade ao disposto nos arts. 6º, 6º-A e 6º-B, será exi- parágrafo; e
gida a devolução ao erário do valor da subvenção VIII – a definição dos procedimentos a serem
concedida, acrescido de juros e atualização mone- adotados nos casos omissos caberá ao Ministério
tária, com base na remuneração dos recursos que das Cidades.
serviram de lastro à sua concessão, sem prejuízo Art. 7º-A. Os beneficiários de operações do
das penalidades previstas em lei. (Caput do artigo PMCMV, com recursos advindos da integralização
com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) de cotas no FAR, obrigam-se a ocupar os imóveis
52
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
adquiridos, em até trinta dias, a contar da assina- esse fato, promoverá a averbação, na matrícula
tura do contrato de compra e venda com cláusula do imóvel, da consolidação da propriedade fidu-
de alienação fiduciária em garantia, firmado com ciária em nome do FAR, respeitada a Lei nº 9.514,
o FAR. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) de 20 de novembro de 1997.
Parágrafo único. Descumprido o prazo de que § 2º Uma vez consolidada a propriedade fidu-
trata o caput deste artigo, fica o FAR automatica- ciária em nome do FAR, proceder-se-á em confor-
mente autorizado a declarar o contrato resolvido midade com o disposto no § 9º do art. 6º-A desta
e a alienar o imóvel a beneficiário diverso, a ser in- Lei, e o imóvel deve ser-lhe imediatamente resti-
dicado conforme a Política Nacional de Habitação. tuído, sob pena de esbulho possessório.
Art. 7º-B. Acarretam o vencimento antecipado da § 3º O FAR, em regulamento próprio, disporá
dívida decorrente de contrato de compra e venda sobre o processo administrativo de que trata o
com cláusula de alienação fiduciária em garantia caput deste artigo.
firmado, no âmbito do PMCMV, com o FAR: (Artigo § 4º A intimação de que trata o caput deste ar-
acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) tigo poderá ser promovida, por solicitação do ofi-
I – a alienação ou cessão, por qualquer meio, cial do registro de imóveis, do oficial de registro
dos imóveis objeto de operações realizadas com de títulos e documentos da comarca da situação
recursos advindos da integralização de cotas no do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-la
FAR antes da quitação de que trata o inciso III do ou do serventuário por eles credenciado, ou pelo
§ 5º do art. 6º-A desta Lei; correio, com aviso de recebimento.
II – a utilização dos imóveis objeto de operações § 5º Quando, por duas vezes, o oficial de re-
realizadas com recursos advindos da integrali- gistro de imóveis ou de registro de títulos e do-
zação de cotas no FAR em finalidade diversa da cumentos ou o serventuário por eles credenciado
moradia dos beneficiários da subvenção de que houver procurado o intimando em seu domicílio
trata o inciso I do art. 2º desta Lei e das respecti- ou residência sem o encontrar, deverá, havendo
vas famílias; e suspeita motivada de ocultação, intimar qualquer
III – o atraso superior a noventa dias no paga- pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizi-
mento das obrigações objeto de contrato firmado, nho de que, no dia útil imediato, retornará ao imó-
no âmbito do PMCMV, com o FAR, incluindo os en- vel, a fim de efetuar a intimação, na hora que de-
cargos contratuais e os encargos legais, inclusive signar, aplicando-se subsidiariamente o disposto
os tributos e as contribuições condominiais que nos arts. 252, 253 e 254 da Lei nº 13.105, de 16 de
recaírem sobre o imóvel. março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 6º Nos condomínios edilícios ou outras espé-
Art. 7º-C. Vencida antecipadamente a dívida, o
cies de conjuntos imobiliários com controle de
FAR, na condição de credor fiduciário, munido de
acesso, a intimação de que trata este artigo po-
certidão comprobatória de processo administra-
derá ser feita ao funcionário da portaria responsá-
tivo que ateste a ocorrência de uma das hipóteses
vel pelo recebimento de correspondência.
previstas no art. 7º-B desta Lei, deverá requerer,
§ 7º Caso não seja efetuada a intimação pes-
ao oficial do registro de imóveis competente, que
soal ou por hora certa, o oficial de registro de
intime o beneficiário, ou seu representante legal
imóveis ou de registro de títulos e documentos
ou procurador regularmente constituído, para sa-
ou o serventuário por eles credenciado promo-
tisfazer, no prazo previsto no § 1º do art. 26 da Lei
verá a intimação do devedor fiduciante por edi-
nº 9.514, de 20 de novembro de 1997, a integrali-
tal, publicado por três dias, pelo menos, em um
dade da dívida, compreendendo a devolução da
dos jornais de maior circulação ou em outro de
subvenção devidamente corrigida nos termos do
comarca de fácil acesso, se no local não houver
art. 7º desta Lei. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.465, de
imprensa diária, contado o prazo para o paga-
11/7/2017)
mento antecipado da dívida da data da última
§ 1º Decorrido o prazo de que trata o caput
publicação do edital.
deste artigo sem o pagamento da dívida antecipa-
damente vencida, o contrato será reputado auto- Art. 8º Caberá ao Poder Executivo a regulamenta-
maticamente resolvido de pleno direito, e o oficial ção do PNHU, especialmente em relação:
do registro de imóveis competente, certificando I – à fixação das diretrizes e condições gerais;
53
II – à distribuição regional dos recursos e à fixa- sarcimento das quantias desembolsadas, devida-
ção dos critérios complementares de distribuição mente atualizadas pela taxa Selic.
desses recursos; Art. 13. Nas operações de que trata o art. 11, po-
III – aos valores e limites máximos de subvenção; derá ser concedido subvenção econômica, no ato
IV – ao estabelecimento dos critérios adicionais da contratação do financiamento, com o objetivo
de priorização da concessão da subvenção eco- de: (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 12.424,
nômica; e de 16/6/2011)
V – ao estabelecimento das condições opera- I – facilitar a produção ou reforma do imóvel
cionais para pagamento e controle da subvenção residencial; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.424,
econômica. de 16/6/2011)
Art. 9º A gestão operacional dos recursos destina- II – complementar o valor necessário a assegu-
dos à concessão da subvenção do PNHU de que rar o equilíbrio econômico-financeiro das opera-
trata o inciso I do art. 2º desta Lei será efetuada ções de financiamento realizadas pelos agentes
pela Caixa Econômica Federal (CEF). (Caput do artigo financeiros; ou
com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) III – complementar a remuneração do agente
Parágrafo único. Os Ministros de Estado das Ci- financeiro, nos casos em que o subsídio não esteja
dades e da Fazenda fixarão, em ato conjunto, a vinculado a financiamento.
remuneração da Caixa Econômica Federal pelas § 1º A subvenção econômica do PNHR será con-
atividades exercidas no âmbito do PNHU. cedida uma única vez por imóvel e por beneficiá-
rio e, excetuados os casos previstos no inciso III
Art. 10. Competem aos Ministérios da Fazenda e
deste artigo, será cumulativa, até o limite máximo
das Cidades a regulamentação e a gestão do PNHU
a ser fixado em ato do Poder Executivo federal,
no âmbito das suas respectivas competências.
com os descontos habitacionais concedidos nas
Seção III operações de financiamento realizadas na forma
Do Programa Nacional de do art. 9º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990,
Habitação Rural (PNHR) com recursos do FGTS. (Parágrafo com redação dada
Art. 11. O PNHR tem como finalidade subsidiar a pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
produção ou reforma de imóveis para agricultores § 2º A subvenção poderá ser cumulativa com
familiares e trabalhadores rurais, por intermédio subsídios concedidos no âmbito de programas
de operações de repasse de recursos do orçamento habitacionais dos Estados, Distrito Federal ou
geral da União ou de financiamento habitacional Municípios.
com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de § 3º Para definição dos beneficiários do PNHR,
Serviço (FGTS), desde 14 de abril de 2009. (Caput do deverão ser respeitados, exclusivamente, o limite
artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 651, de de renda definido para o PMCMV e as faixas de
9/7/2014, convertida na Lei nº 13.043, de 13/11/2014) renda definidas pelo Poder Executivo federal. (Pa-
Parágrafo único. A assistência técnica pode fazer rágrafo com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
parte da composição de custos do PNHR. (Parágrafo Art. 14. Em casos de utilização dos recursos de
único com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) que trata o art. 11 em finalidade diversa da de-
(Vide Medida Provisória nº 514, de 1º/12/2010) finida nesta Lei, ou em desconformidade ao dis-
Art. 12. (Revogado a partir de 31/12/2011, de acordo com posto no art. 13, será exigida a devolução ao erá-
inciso III do art. 13 da Lei nº 12.424, de 16/6/2011) (Vide Me- rio do valor da subvenção concedida, acrescido
dida Provisória nº 514, de 1º/12/2010) de juros e atualização monetária, com base na
Parágrafo único. Enquanto não efetivado o remuneração dos recursos que serviram de las-
aporte de recursos de que trata o caput, caso o tro à sua concessão, sem prejuízo das penalida-
agente operador do Fundo de Garantia do Tempo des previstas em lei. (Artigo com redação dada pela Lei
de Serviço (FGTS) tenha suportado ou venha a su- nº 12.424, de 16/6/2011)
portar, com recursos das disponibilidades atuais Art. 15. O Poder Executivo regulamentará o dis-
do referido fundo, a parcela da subvenção eco- posto nesta Seção, especialmente no que con-
nômica de que trata o caput, terá direito ao res- cerne à definição das diretrizes e condições gerais
54
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
de operação, gestão, acompanhamento, controle § 4º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
e avaliação do PNHR. § 5º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
Art. 16. A gestão operacional do PNHR será efe- Seção V
tuada pela Caixa Econômica Federal. Do Fundo Garantidor da
Parágrafo único. Os Ministros de Estado das Ci- Habitação Popular (FGHab)
dades e da Fazenda fixarão, em ato conjunto, a Art. 20. Fica a União autorizada a participar, até
remuneração da Caixa Econômica Federal pelas o limite de R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de
atividades exercidas no âmbito do PNHR. reais), de Fundo Garantidor da Habitação Popular
Art. 17. Competem aos Ministérios da Fazenda e (FGHab), que terá por finalidades:
das Cidades a regulamentação e a gestão do PNHR I – garantir o pagamento aos agentes financei-
no âmbito das suas respectivas competências. ros de prestação mensal de financiamento ha-
bitacional, no âmbito do Sistema Financeiro da
Seção IV
Habitação, devida por mutuário final, em caso
Das Transferências de Recursos por
de desemprego e redução temporária da capa-
parte da União e da Subvenção para
Municípios de Pequeno Porte cidade de pagamento, para famílias com renda
mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos
Art. 18. Fica a União autorizada a transferir recur-
e cinquenta reais); e (Inciso com redação dada pela Lei
sos para o Fundo de Arrendamento Residencial
nº 12.424, de 16/6/2011)
(FAR), até o limite de R$ 16.500.000.000,00 (dezes-
II – assumir o saldo devedor do financiamento
seis bilhões e quinhentos milhões de reais), e para
imobiliário, em caso de morte e invalidez perma-
o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), até o
nente, e as despesas de recuperação relativas a
limite de R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões
danos físicos ao imóvel para mutuários com renda
de reais).
familiar mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil,
§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
seiscentos e cinquenta reais). (Inciso com redação
I – seja exigida a participação dos beneficiários
dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
sob a forma de prestações mensais; (Inciso acrescido
§ 1º As condições e os limites das coberturas
pela Lei nº 12.058, de 13/10/2009)
de que tratam os incisos I e II deste artigo serão
II – haja a quitação da operação, em casos de
definidos no estatuto do FGHab, que poderá esta-
morte e invalidez permanente do mutuário, sem
belecer os casos em que será oferecida somente
cobrança de contribuição do beneficiário; e (Inciso
a cobertura de que trata o inciso II. (Parágrafo com
acrescido pela Lei nº 12.058, de 13/10/2009)
redação dada pela Lei 12.249, de 11/6/2010)
III – haja o custeio de danos físicos ao imóvel,
§ 2º O FGHab terá natureza privada e patrimô-
sem cobrança de contribuição do beneficiário. (In-
nio próprio dividido em cotas, separado do patri-
ciso acrescido pela Lei nº 12.058, de 13/10/2009)
mônio dos cotistas.
§ 2º (Revogado a partir de 31/12/2011, de acordo com
§ 3º Constituem patrimônio do FGHab:
inciso III do art. 13 da Lei nº 12.424, de 16/6/2011) (Vide Me-
I – os recursos oriundos da integralização de
dida Provisória nº 514, de 1º/12/2010)
cotas pela União e pelos agentes financeiros que
Art. 19. (Revogado a partir de 31/12/2011, de acordo optarem por aderir às coberturas previstas nos in-
com inciso III do art. 13 da Lei nº 12.424, de 16/6/2011) cisos I e II do caput deste artigo;
(Vide Medida Provisória nº 514, de 1º/12/2010) II – os rendimentos obtidos com a aplicação das
§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) disponibilidades financeiras em títulos públicos
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) federais e em ativos com lastro em créditos de
§ 3º (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) base imobiliária, cuja aplicação esteja prevista
I – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) no estatuto social;
II – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) III – os recursos provenientes da recuperação
III – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) de prestações honradas com recursos do FGHab;
IV – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) IV – as comissões cobradas com fundamento
V – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) nos incisos I e II do caput deste artigo; e
VI – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) V – outras fontes de recursos definidas no esta-
VII – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) tuto do Fundo.
55
§ 4º Os agentes financeiros que optarem por indiretamente pela União, com observância das
aderir à cobertura do FGHab deverão integralizar normas a que se refere o inciso XXII do art. 4º da
cotas proporcionais ao valor do financiamento Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
para o mutuário final, na forma definida pelo es- § 1º A representação da União na assembleia de
tatuto. cotistas dar-se-á na forma do inciso V do art. 10
§ 5º A integralização de cotas pela União será do Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
autorizada por decreto e poderá ser realizada, a § 2º Caberá à instituição financeira de que trata
critério do Ministério da Fazenda: o caput deste artigo, na forma estabelecida no es-
I – em moeda corrente; tatuto do Fundo:
II – em títulos públicos; I – deliberar sobre a gestão e a alienação dos
III – por meio de suas participações minoritá- bens e direitos do FGHab, zelando pela manuten-
rias; ou ção de sua rentabilidade e liquidez, após autori-
IV – por meio de ações de sociedades de econo- zação dos cotistas;
mia mista federais excedentes ao necessário para II – receber comissão pecuniária, em cada ope-
manutenção de seu controle acionário. ração, do agente financeiro concedente do crédito,
§ 6º O FGHab terá direitos e obrigações próprias, que poderá exigi-la do mutuário, desde que o valor
pelas quais responderá com seu patrimônio, não cobrado do mutuário, somado a outras eventuais
respondendo os cotistas por qualquer obrigação cobranças de caráter securitário, não ultrapasse
do Fundo, salvo pela integralização das cotas que 10% (dez por cento) da prestação mensal.
subscreverem. § 3º A instituição financeira a que se refere o
caput deste artigo fará jus à remuneração pela
Art. 21. É facultada a constituição de patrimô-
administração do FGHab, a ser estabelecida no
nio de afetação para a cobertura de que trata o
estatuto do Fundo.
inciso II do caput do art. 20, que não se comu- § 4º O estatuto do FGHab será proposto pela
nicará com o restante do patrimônio do FGHab, instituição financeira e aprovado em assembleia
ficando vinculado exclusivamente à garantia da de cotistas.
respectiva cobertura, não podendo ser objeto de
penhora, arresto, sequestro, busca e apreensão Art. 25. Fica criado o Comitê de Participação no
Fundo Garantidor da Habitação Popular (CPFGHab),
ou qualquer ato de constrição judicial decorrente
órgão colegiado com composição e competência
de outras obrigações do Fundo.
estabelecidas em ato do Poder Executivo.
Parágrafo único. A constituição do patrimônio
§ 1º O CPFGHab contará com representantes do
de afetação será feita por registro em cartório de
Ministério da Fazenda, que o presidirá, do Minis-
registro de títulos e documentos.
tério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da
Art. 22. O FGHab não pagará rendimentos a seus Casa Civil da Presidência da República.
cotistas, assegurando-se a qualquer deles o di- § 2º O estatuto do FGHab deverá ser examinado
reito de requerer o resgate total ou parcial de suas previamente pelo CPFGHab antes de sua aprova-
cotas, correspondente ao montante de recursos ção na assembleia de cotistas.
financeiros disponíveis ainda não vinculados às
Art. 26. O FGHab não contará com qualquer tipo
garantias já contratadas, fazendo-se a liquidação
de garantia ou aval por parte do setor público e
com base na situação patrimonial do Fundo.
responderá por suas obrigações até o limite dos
Art. 23. Os rendimentos auferidos pela carteira bens e direitos integrantes de seu patrimônio.
do FGHab não se sujeitam à incidência de imposto
Art. 27. A garantia de que trata o inciso I do caput
de renda na fonte, devendo integrar a base de cál-
do art. 20 será prestada mediante as seguintes
culo dos impostos e contribuições devidos pela
condições:
pessoa jurídica, na forma da legislação vigente,
I – limite de cobertura, incluindo o número de
quando houver o resgate de cotas, total ou par-
prestações cobertas, a depender da renda familiar
cial, ou na dissolução do Fundo.
do mutuário, verificada no ato da contratação;
Art. 24. O FGHab será criado, administrado, ge- II – período de carência definido pelo estatuto;
rido e representado judicial e extrajudicialmente III – retorno das prestações honradas pelo Fundo
por instituição financeira controlada direta ou na forma contratada com o mutuário final, imedia-
56
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
tamente após o término de cada período de utiliza- os mutuários. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.249, de
ção da garantia, dentro do prazo remanescente do 11/6/2010)
financiamento habitacional ou com prorrogação § 2º O estatuto do FGHab definirá o prazo das
do prazo inicial, atualizadas pelos mesmos índices coberturas oferecidas pelo Fundo. (Parágrafo renu-
previstos no contrato de financiamento; e merado pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010)
IV – risco de crédito compartilhado entre o
Art. 31. A dissolução do FGHab ficará condicio-
Fundo e os agentes financeiros nos percentuais,
nada à prévia quitação da totalidade dos débitos
respectivamente, de 95% (noventa e cinco por
garantidos.
cento) e 5% (cinco por cento), a ser absorvido
após esgotadas medidas de cobrança e execução Art. 32. Dissolvido o FGHab, o seu patrimônio
dos valores honrados pelo FGHab. será distribuído entre os cotistas, na proporção
de suas cotas, com base na situação patrimonial
Art. 28. Os financiamentos imobiliários garanti-
à data da dissolução.
dos pelo FGHab, na forma do inciso II do caput
do art. 20, serão dispensados da contratação de Seção VI
seguro com cobertura de Morte, Invalidez Perma- Da Subvenção Econômica ao Banco
nente (MIP) e Danos Físicos ao Imóvel (DFI). Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
Art. 29. O FGHab concederá garantia para até
2.000.000 (dois milhões) de financiamentos imo- Art. 33. Fica a União autorizada a conceder sub-
biliários contratados exclusivamente no âmbito venção econômica ao BNDES, sob a modalidade
do PMCMV. (Artigo com redação dada pela Medida Pro- de equalização de taxas de juros e outros encar-
visória nº 651, de 9/7/2014, convertida na Lei nº 13.043, de gos financeiros, especificamente nas operações
13/11/2014) de financiamento de linha especial para infraes-
trutura em projetos de habitação popular.
Art. 30. As coberturas do FGHab descritas no
§ 1º O volume de recursos utilizado para a linha
art. 20 serão prestadas às operações de financia-
de que dispõe o caput deste artigo não pode su-
mento habitacional a partir de 14 de abril de 2009,
perar R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais).
nos casos de: (Caput do artigo com redação dada pela
§ 2º A equalização de juros de que trata o caput
Medida Provisória nº 651, de 9/7/2014, convertida na Lei
deste artigo corresponderá ao diferencial entre o
nº 13.043, de 13/11/2014)
custo da fonte de captação do BNDES e o custo da
I – produção ou aquisição de imóveis novos
linha para a instituição financeira oficial federal.
em áreas urbanas; (Inciso com redação dada pela Lei
nº 12.249, de 11/6/2010) Art. 34. A concessão da subvenção de equalização
II – requalificação de imóveis já existentes em de juros obedecerá aos limites e normas operacio-
áreas consolidadas no âmbito do Programa Na- nais a serem estabelecidos pelo Conselho Mone-
cional de Habitação Urbana (PNHU); ou (Inciso com tário Nacional, especialmente no que diz respeito
redação dada pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010) a custos de captação e de aplicação dos recursos.
III – produção de moradia no âmbito do Pro- Seção VII
grama Nacional de Habitação Rural (PNHR). (Inciso Disposições Complementares
com redação dada pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010)
Art. 35. Os contratos e registros efetivados no âm-
§ 1º A contratação das coberturas de que trata
bito do PMCMV serão formalizados, preferencial-
o caput está sujeita às seguintes condições: (Pará-
mente, em nome da mulher.
grafo acrescido pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010)
I – os valores de financiamento devem obede- Art. 35-A. Nas hipóteses de dissolução de união
cer aos limites definidos no estatuto do Fundo; (In- estável, separação ou divórcio, o título de proprie-
ciso acrescido pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010) dade do imóvel adquirido no âmbito do PMCMV,
II – a cobertura do FGHab está limitada a um na constância do casamento ou da união estável,
único imóvel financiado por mutuário no âmbito com subvenções oriundas de recursos do orça-
do SFH; e (Inciso acrescido pela Lei nº 12.249, de 11/6/2010) mento geral da União, do FAR e do FDS, será re-
III – a previsão da cobertura pelo FGHab deve gistrado em nome da mulher ou a ela transferido,
estar expressa em cláusula específica dos con- independentemente do regime de bens aplicável,
tratos celebrados entre os agentes financeiros e excetuados os casos que envolvam recursos do
57
FGTS. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 561, de formações constantes de seus bancos de dados,
8/3/2012, convertida na Lei nº 12.693, de 24/7/2012) conforme regulamento. (Caput com redação dada pela
Parágrafo único. Nos casos em que haja fi- Medida Provisória nº 656, de 7/10/2014, convertida na Lei
lhos do casal e a guarda seja atribuída exclusi- nº 13.097, de 19/1/2015, publicada no DOU de 20/1/2015,
vamente ao marido ou companheiro, o título da em vigor 30 dias após sua publicação)
propriedade do imóvel será registrado em seu Parágrafo único. O descumprimento do dis-
nome ou a ele transferido. posto no caput ensejará a aplicação das penas
previstas nos incisos II a IV do caput art. 32 da Lei
Art. 36. Os lotes destinados à construção de mo-
nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. (Parágrafo
radias no âmbito do PMCMV não poderão ser ob-
acrescido pela Medida Provisória nº 656, de 7/10/2014, con-
jeto de remembramento, devendo tal proibição
vertida na Lei nº 13.097, de 19/1/2015, publicada no DOU de
constar expressamente dos contratos celebrados.
20/1/2015, em vigor trinta dias após sua publicação)
Parágrafo único. A vedação estabelecida no
caput perdurará pelo prazo de 15 (quinze) anos, Art. 42. Os emolumentos devidos pelos atos de
contados a partir da celebração do contrato. abertura de matrícula, registro de incorporação,
parcelamento do solo, averbação de construção,
CAPÍTULO II
instituição de condomínio, averbação da carta de
DO REGISTRO ELETRÔNICO E DAS
CUSTAS E EMOLUMENTOS “habite-se” e demais atos referentes à construção
de empreendimentos no âmbito do PMCMV serão
Art. 37. Os serviços de registros públicos de que
reduzidos em: (Caput do artigo com redação dada pela
trata a Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, ob-
Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
servados os prazos e condições previstas em regu- I – 75% (setenta e cinco por cento) para os em-
lamento, instituirão sistema de registro eletrônico. preendimentos do FAR e do FDS; (Inciso com redação
Art. 38. Os documentos eletrônicos apresenta- dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
dos aos serviços de registros públicos ou por eles II – 50% (cinquenta por cento) para os atos rela-
expedidos deverão atender aos requisitos da In- cionados aos demais empreendimentos do PMCMV.
fraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP) e à (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
arquitetura e-PING (Padrões de Interoperabilidade III – (Revogado pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
de Governo Eletrônico), conforme regulamento. § 1º A redução prevista no inciso I será também
Parágrafo único. Os serviços de registros públi- aplicada aos emolumentos devidos pelo registro
cos disponibilizarão serviços de recepção de títu- da transferência de propriedade do imóvel para
los e de fornecimento de informações e certidões o FAR e o FDS. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.424,
em meio eletrônico. de 16/6/2011)
§ 2º No ato do registro de incorporação, o inte-
Art. 39. Os atos registrais praticados a partir da
ressado deve declarar que o seu empreendimento
vigência da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de
está enquadrado no PMCMV para obter a redução
1973, serão inseridos no sistema de registro ele-
dos emolumentos previstos no caput. (Parágrafo
trônico, no prazo de até 5 (cinco) anos a contar da
acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
publicação desta Lei.
§ 3º O desenquadramento do PMCMV de uma
Parágrafo único. Os atos praticados e os do-
ou mais unidades habitacionais de empreendi-
cumentos arquivados anteriormente à vigência
mento que tenha obtido a redução das custas na
da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, deve-
forma do § 2º implica a complementação do paga-
rão ser inseridos no sistema eletrônico.
mento dos emolumentos relativos a essas unida-
Art. 40. Serão definidos em regulamento os requi- des. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
sitos quanto a cópias de segurança de documentos
Art. 43. Os emolumentos referentes a escritura
e de livros escriturados de forma eletrônica.
pública, quando esta for exigida, ao registro da
Art. 41. A partir da implementação do sistema alienação de imóvel e de correspondentes garan-
de registro eletrônico de que trata o art. 37, os tias reais e aos demais atos relativos ao imóvel
serviços de registros públicos disponibilizarão residencial adquirido ou financiado no âmbito do
ao Poder Judiciário e ao Poder Executivo federal, PMCMV serão reduzidos em: (Caput do artigo com re-
por meio eletrônico e sem ônus, o acesso às in- dação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
58
LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009
§ 1º A aquisição prevista no inciso I do caput pela taxa Selic. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.424, de
será condicionada ao compromisso do ente pú- 16/6/2011)
blico de transferir o direito de propriedade do Art. 82-B. O PMCMV, nos termos do art. 1º desta
imóvel ao FAR, após o trânsito em julgado da Lei, tem como meta promover a produção, aqui-
sentença do processo judicial de desapropriação. sição, requalificação e reforma de dois milhões de
§ 2º A transferência ao beneficiário final será unidades habitacionais, a partir de 1º de dezembro
condicionada ao adimplemento das obrigações de 2010 até 31 de dezembro de 2014, das quais, no
assumidas por ele com o FAR. mínimo, 220.000 (duzentas e vinte mil) unidades
§ 3º A aquisição prevista no inciso II do caput serão produzidas por meio de concessão de sub-
somente será admitida quando o direito real de venção econômica na forma do inciso I do § 1º do
uso for concedido por prazo indeterminado. art. 6º-B, nas operações de que trata o inciso III do
§ 4º Os contratos de aquisição de imóveis ou de caput do art. 2º, a beneficiários finais com renda
direitos a eles relativos pelo FAR serão celebrados de até R$ 1.395,00 (mil, trezentos e noventa e cinco
por instrumento particular com força de escritura reais), respeitados os valores consignados nas res-
pública e registrados no registro de imóveis com- pectivas leis orçamentárias anuais. (Artigo acrescido
petente. pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
Parágrafo único. As diretrizes para a continui-
Art. 80. Até que a quantidade mínima a que se
dade do programa poderão ser complementadas
refere o inciso I do § 1º do art. 79 desta Lei seja re-
no plano nacional de habitação a ser apresen-
gulamentada pelo Conselho Monetário Nacional,
tado pelo Poder Executivo federal mediante pro-
os agentes financeiros poderão oferecer apenas
jeto de lei.
uma apólice ao mutuário. (Artigo com redação dada
pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) Art. 82-C. Para o exercício de 2011, a União fica au-
torizada a utilizar os recursos previstos nos arts. 2º,
Art. 81. Ficam convalidados os atos do Conse-
5º, 12, 18 e 19 desta Lei. (Artigo acrescido pela Lei
lho Monetário Nacional que relacionaram as ins- nº 12.424, de 16/6/2011)
tituições integrantes do Sistema Financeiro da
Art. 82-D. No âmbito do PMCMV, no caso de em-
Habitação.
preendimentos construídos com recursos do FAR,
Art. 81-A. Os limites de renda familiar expressos poderá ser custeada a edificação de equipamen-
nesta Lei constituem valores máximos, admitindo- tos de educação, saúde e outros complementares
-se a atualização nos termos do § 6º do art. 3º, bem à habitação, inclusive em terrenos de propriedade
como a definição, em regulamento, de subtetos pública, nos termos do regulamento. (Artigo acres-
de acordo com as modalidades operacionais pra- cido pela Lei nº 12.722, de 3/10/2012)
ticadas. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011) § 1º A edificação dos equipamentos de que trata
Art. 82. Fica autorizado o custeio, no âmbito do o caput está condicionada à existência de com-
PMCMV, da aquisição e instalação de equipamen- promisso prévio do Governo Estadual, Municipal
tos de energia solar ou que contribuam para a re- ou Distrital em assumir a operação, a guarda e a
dução do consumo de água em moradias. (Artigo manutenção do equipamento, imediatamente
com redação dada pela Lei nº 12.424, de 16/6/2011)
após a conclusão da obra, e colocá-lo em fun-
cionamento em prazo compatível com o aten-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.722, de
dimento da demanda do empreendimento, nos
3/10/2012)
termos do regulamento.
Art. 82-A. Enquanto não efetivado o aporte de § 2º Caso a operação não seja iniciada no prazo
recursos necessários às subvenções econômicas previsto no termo de compromisso, o ente respon-
de que tratam os incisos I e II do art. 2º e o art. 11 sável deverá ressarcir o FAR com os recursos gas-
desta Lei, observado o disposto na lei orçamentá- tos com a edificação, devidamente atualizados.
ria anual, o agente operador do FGTS, do FAR e do § 3º Os equipamentos de que trata o caput
FDS, que tenha utilizado as disponibilidades dos serão incorporados ao patrimônio do ente pú-
referidos fundos em contratações no âmbito do blico proprietário do terreno no qual foi realizada
PMCMV, terá direito ao ressarcimento das quan- a edificação ou doados ao ente público respon-
tias desembolsadas, devidamente atualizadas sável pela operação, guarda e manutenção, caso
61
a edificação seja realizada em terreno de proprie- I – às microrregiões instituídas pelos Estados
dade do FAR. com fundamento em funções públicas de inte-
§ 4º Quando a edificação tiver que ser realizada resse comum com características predominante-
em terreno cuja propriedade não seja do ente pú- mente urbanas;
blico responsável pela operação, guarda e manu- II – (Vetado)
tenção dos equipamentos, o termo de compro- § 2º Na aplicação das disposições desta Lei,
misso deverá contar com a participação de todos serão observadas as normas gerais de direito ur-
os entes envolvidos como também prever a obri- banístico estabelecidas na Lei nº 10.257, de 10 de
gação de transferência do uso ou da propriedade julho de 2001 (Estatuto da Cidade). (Parágrafo com
para o mencionado ente responsável pela opera- redação dada pela Lei nº 13.683, de 19/6/2018)
cionalização.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
Art. 83. Esta Lei entra em vigor na data de sua I – aglomeração urbana: unidade territorial ur-
publicação. bana constituída pelo agrupamento de 2 (dois)
Brasília, 7 de julho de 2009; 188º da ou mais Municípios limítrofes, caracterizada por
Independência e 121º da República. complementaridade funcional e integração das
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
dinâmicas geográficas, ambientais, políticas e
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto socioeconômicas;
Guido Mantega II – função pública de interesse comum: política
Paulo Bernardo Silva pública ou ação nela inserida cuja realização por
Carlos Minc
Márcio Fortes de Almeida parte de um Município, isoladamente, seja inviá-
vel ou cause impacto em Municípios limítrofes;
LEI Nº 13.089, DE 12 DE III – gestão plena: condição de região metropoli-
JANEIRO DE 2015 tana ou de aglomeração urbana que possui:
(ESTATUTO DA METRÓPOLE) a) formalização e delimitação mediante lei com-
(Publicada no DOU de 13/1/2015) plementar estadual;
b) estrutura de governança interfederativa pró-
Institui o Estatuto da Metrópole, altera a Lei
nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras pria, nos termos do art. 8º desta Lei; e
providências. c) plano de desenvolvimento urbano integrado
aprovado mediante lei estadual;
A presidenta da República IV – governança interfederativa: compartilha-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu mento de responsabilidades e ações entre entes
sanciono a seguinte Lei: da Federação em termos de organização, plane-
CAPÍTULO I jamento e execução de funções públicas de inte-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES resse comum;
Art. 1º Esta Lei, denominada Estatuto da Metró- V – metrópole: espaço urbano com continui-
pole, estabelece diretrizes gerais para o planeja- dade territorial que, em razão de sua população
mento, a gestão e a execução das funções públicas e relevância política e socioeconômica, tem in-
de interesse comum em regiões metropolitanas fluência nacional ou sobre uma região que con-
e em aglomerações urbanas instituídas pelos Es- figure, no mínimo, a área de influência de uma
tados, normas gerais sobre o plano de desenvol- capital regional, conforme os critérios adotados
vimento urbano integrado e outros instrumentos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
de governança interfederativa, e critérios para o Estatística (IBGE);
apoio da União a ações que envolvam governança VI – plano de desenvolvimento urbano inte-
interfederativa no campo do desenvolvimento ur- grado: instrumento que estabelece, com base em
bano, com base nos incisos XX do art. 21, IX do processo permanente de planejamento, viabiliza-
art. 23 e I do art. 24, no § 3º do art. 25 e no art. 182 ção econômico-financeira e gestão, as diretrizes
da Constituição Federal. para o desenvolvimento territorial estratégico e
§ 1º Além das regiões metropolitanas e das os projetos estruturantes da região metropolitana
aglomerações urbanas, as disposições desta Lei e aglomeração urbana; (Inciso com redação dada pela
aplicam-se, no que couber: Lei nº 13.683, de 19/6/2018)
62
LEI Nº 13.089, DE 12 DE JANEIRO DE 2015
VII – região metropolitana: unidade regional tes à unidade territorial. (Parágrafo acrescido pela Lei
instituída pelos Estados, mediante lei comple- nº 13.683, de 19/6/2018)
mentar, constituída por agrupamento de Muni- Art. 4º A instituição de região metropolitana ou
cípios limítrofes para integrar a organização, o de aglomeração urbana que envolva Municípios
planejamento e a execução de funções públicas
pertencentes a mais de um Estado será formali-
de interesse comum; (Inciso com redação dada pela
zada mediante a aprovação de leis complemen-
Lei nº 13.683, de 19/6/2018)
tares pelas assembleias legislativas de cada um
VIII – área metropolitana: representação da ex-
dos Estados envolvidos.
pansão contínua da malha urbana da metrópole,
Parágrafo único. Até a aprovação das leis com-
conurbada pela integração dos sistemas viários,
plementares previstas no caput deste artigo por
abrangendo, especialmente, áreas habitacionais,
todos os Estados envolvidos, a região metropoli-
de serviços e industriais com a presença de deslo-
tana ou a aglomeração urbana terá validade ape-
camentos pendulares no território; (Inciso acrescido
nas para os Municípios dos Estados que já houve-
pela Lei nº 13.683, de 19/6/2018)
rem aprovado a respectiva lei.
IX – governança interfederativa das funções
públicas de interesse comum: compartilhamen- Art. 5º As leis complementares estaduais referidas
to de responsabilidades e ações entre entes da nos arts. 3º e 4º desta Lei definirão, no mínimo:
Federação em termos de organização, planeja- I – os Municípios que integram a unidade terri-
mento e execução de funções públicas de inte- torial urbana;
resse comum, mediante a execução de um siste- II – os campos funcionais ou funções públicas
ma integrado e articulado de planejamento, de de interesse comum que justificam a instituição
projetos, de estruturação financeira, de implan- da unidade territorial urbana;
tação, de operação e de gestão. (Inciso acrescido pela III – a conformação da estrutura de governança
Lei nº 13.683, de 19/6/2018) interfederativa, incluindo a organização adminis-
Parágrafo único. Cabe ao colegiado da micror- trativa e o sistema integrado de alocação de recur-
região decidir sobre a adoção do Plano de De- sos e de prestação de contas; e
senvolvimento Urbano ou quaisquer matérias de IV – os meios de controle social da organização,
impacto. (Parágrafo único com redação dada pela Lei do planejamento e da execução de funções públi-
nº 13.683, de 19/6/2018) cas de interesse comum.
§ 1º No processo de elaboração da lei comple-
CAPÍTULO II
mentar, serão explicitados os critérios técnicos
DA INSTITUIÇÃO DE REGIÕES
METROPOLITANAS E DE adotados para a definição do conteúdo previsto
AGLOMERAÇÕES URBANAS nos incisos I e II do caput deste artigo.
§ 2º Respeitadas as unidades territoriais urba-
Art. 3º Os Estados, mediante lei complementar,
nas criadas mediante lei complementar estadual
poderão instituir regiões metropolitanas e aglo-
até a data de entrada em vigor desta Lei, a ins-
merações urbanas, constituídas por agrupamento
tituição de região metropolitana impõe a obser-
de Municípios limítrofes, para integrar a organi-
zação, o planejamento e a execução de funções vância do conceito estabelecido no inciso VII do
públicas de interesse comum. caput do art. 2º.
§ 1º O Estado e os Municípios inclusos em região CAPÍTULO III
metropolitana ou em aglomeração urbana forma- DA GOVERNANÇA INTERFEDERATIVA
lizada e delimitada na forma do caput deste artigo DE REGIÕES METROPOLITANAS E
DE AGLOMERAÇÕES URBANAS
deverão promover a governança interfederativa,
sem prejuízo de outras determinações desta Lei. Art. 6º A governança interfederativa das regiões
(Parágrafo único transformado em § 1º, com redação dada metropolitanas e das aglomerações urbanas res-
pela Lei nº 13.683, de 19/6/2018) peitará os seguintes princípios:
§ 2º A criação de uma região metropolitana, de I – prevalência do interesse comum sobre o
aglomeração urbana ou de microrregião deve ser local;
precedida de estudos técnicos e audiências públi- II – compartilhamento de responsabilidades e
cas que envolvam todos os Municípios pertencen- de gestão para a promoção do desenvolvimento
63
urbano integrado; (Inciso com redação dada pela Lei cípios da unidade territorial deverão observar as
nº 13.683, de 19/6/2018) seguintes diretrizes gerais: (Artigo acrescido pela Lei
III – autonomia dos entes da Federação; nº 13.683, de 19/6/2018)
IV – observância das peculiaridades regionais I – compartilhamento da tomada de decisões
e locais; com vistas à implantação de processo relativo ao
V – gestão democrática da cidade, consoante planejamento, à elaboração de projetos, à sua es-
os arts. 43 a 45 da Lei nº 10.257, de 10 de julho truturação econômico-financeira, à operação e à
de 2001; gestão do serviço ou da atividade; e
VI – efetividade no uso dos recursos públicos; II – compartilhamento de responsabilidades na
VII – busca do desenvolvimento sustentável. gestão de ações e projetos relacionados às funções
Art. 7º Além das diretrizes gerais estabelecidas no públicas de interesse comum, os quais deverão ser
art. 2º da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, a executados mediante a articulação de órgãos e en-
governança interfederativa das regiões metropo- tidades dos entes federados.
litanas e das aglomerações urbanas observará as Art. 8º A governança interfederativa das regiões
seguintes diretrizes específicas: metropolitanas e das aglomerações urbanas com-
I – implantação de processo permanente e preenderá em sua estrutura básica:
compartilhado de planejamento e de tomada de I – instância executiva composta pelos repre-
decisão quanto ao desenvolvimento urbano e às sentantes do Poder Executivo dos entes federati-
políticas setoriais afetas às funções públicas de vos integrantes das unidades territoriais urbanas;
interesse comum; II – instância colegiada deliberativa com repre-
II – estabelecimento de meios compartilhados sentação da sociedade civil;
de organização administrativa das funções públi- III – organização pública com funções técnico-
cas de interesse comum; -consultivas; e
III – estabelecimento de sistema integrado de IV – sistema integrado de alocação de recursos
alocação de recursos e de prestação de contas; e de prestação de contas.
IV – execução compartilhada das funções públi-
cas de interesse comum, mediante rateio de cus- CAPÍTULO IV
tos previamente pactuado no âmbito da estrutura DOS INSTRUMENTOS DE DESENVOLVIMENTO
de governança interfederativa; URBANO INTEGRADO
V – participação de representantes da socie- Art. 9º Sem prejuízo da lista apresentada no art. 4º
dade civil nos processos de planejamento e de da Lei nº 10.257, de 10 de julho 2001, no desenvol-
tomada de decisão; (Inciso com redação dada pela Lei vimento urbano integrado de regiões metropolita-
nº 13.683, de 19/6/2018) nas e de aglomerações urbanas serão utilizados,
VI – compatibilização dos planos plurianuais, entre outros, os seguintes instrumentos:
leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos I – plano de desenvolvimento urbano integrado;
anuais dos entes envolvidos na governança inter- II – planos setoriais interfederativos;
federativa; III – fundos públicos;
VII – compensação por serviços ambientais IV – operações urbanas consorciadas interfede-
ou outros serviços prestados pelo Município à rativas;
unidade territorial urbana, na forma da lei e dos V – zonas para aplicação compartilhada dos ins-
acordos firmados no âmbito da estrutura de go- trumentos urbanísticos previstos na Lei nº 10.257,
vernança interfederativa. de 10 de julho de 2001;
Parágrafo único. Na aplicação das diretrizes VI – consórcios públicos, observada a Lei nº 11.107,
estabelecidas neste artigo, devem ser conside- de 6 de abril de 2005;
radas as especificidades dos Municípios inte- VII – convênios de cooperação;
grantes da unidade territorial urbana quanto à VIII – contratos de gestão;
população, à renda, ao território e às caracterís- IX – compensação por serviços ambientais ou
ticas ambientais. outros serviços prestados pelo Município à uni-
Art. 7º-A. No exercício da governança das funções dade territorial urbana, conforme o inciso VII do
públicas de interesse comum, o Estado e os Muni- caput do art. 7º desta Lei;
64
LEI Nº 13.089, DE 12 DE JANEIRO DE 2015
66
LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017
Dispõe sobre a regularização fundiária rural cleos urbanos informais ao ordenamento territo-
e urbana, sobre a liquidação de créditos con- rial urbano e à titulação de seus ocupantes.
cedidos aos assentados da reforma agrária
§ 1º Os poderes públicos formularão e desen-
e sobre a regularização fundiária no âmbito
da Amazônia Legal; institui mecanismos para volverão no espaço urbano as políticas de suas
aprimorar a eficiência dos procedimentos de competências de acordo com os princípios de
alienação de imóveis da União; altera as Leis sustentabilidade econômica, social e ambiental
nos 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, 13.001, de e ordenação territorial, buscando a ocupação do
20 de junho de 2014, 11.952, de 25 de junho de
solo de maneira eficiente, combinando seu uso
2009, 13.340, de 28 de setembro de 2016, 8.666,
de 21 de junho de 1993, 6.015, de 31 de dezem- de forma funcional.
bro de 1973, 12.512, de 14 de outubro de 2011, § 2º A Reurb promovida mediante legitimação
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), fundiária somente poderá ser aplicada para os
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de núcleos urbanos informais comprovadamente
Processo Civil), 11.977, de 7 de julho de 2009,
existentes, na forma desta Lei, até 22 de dezem-
9.514, de 20 de novembro de 1997, 11.124, de
16 de junho de 2005, 6.766, de 19 de dezem- bro de 2016.
bro de 1979, 10.257, de 10 de julho de 2001, Art. 10. Constituem objetivos da Reurb, a serem
12.651, de 25 de maio de 2012, 13.240, de 30
observados pela União, Estados, Distrito Federal
de dezembro de 2015, 9.636, de 15 de maio de
1998, 8.036, de 11 de maio de 1990, 13.139, de e Municípios:
26 de junho de 2015, 11.483, de 31 de maio de I – identificar os núcleos urbanos informais
2007, e a 12.712, de 30 de agosto de 2012, a que devam ser regularizados, organizá-los e as-
Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro segurar a prestação de serviços públicos aos seus
de 2001, e os Decretos-Leis nos 2.398, de 21 de
ocupantes, de modo a melhorar as condições ur-
dezembro de 1987, 1.876, de 15 de julho de
1981, 9.760, de 5 de setembro de 1946, e 3.365, banísticas e ambientais em relação à situação de
de 21 de junho de 1941; revoga dispositivos da ocupação informal anterior;
Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, II – criar unidades imobiliárias compatíveis
e da Lei nº 13.347, de 10 de outubro de 2016; e com o ordenamento territorial urbano e consti-
dá outras providências.
tuir sobre elas direitos reais em favor dos seus
O presidente da República ocupantes;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu III – ampliar o acesso à terra urbanizada pela
sanciono a seguinte Lei: população de baixa renda, de modo a priorizar a
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a regularização fun- permanência dos ocupantes nos próprios núcleos
diária rural e urbana, sobre a liquidação de crédi- urbanos informais regularizados;
tos concedidos aos assentados da reforma agrá- IV – promover a integração social e a geração de
ria e sobre a regularização fundiária no âmbito da emprego e renda;
Amazônia Legal; institui mecanismos para apri- V – estimular a resolução extrajudicial de confli-
morar a eficiência dos procedimentos de aliena- tos, em reforço à consensualidade e à cooperação
ção de imóveis da União; e dá outras providências. entre Estado e sociedade;
[...] VI – garantir o direito social à moradia digna e
às condições de vida adequadas;
TÍTULO II
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA VII – garantir a efetivação da função social da
propriedade;
CAPÍTULO I
VIII – ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
DISPOSIÇÕES GERAIS
ções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
Seção I seus habitantes;
Da Regularização Fundiária Urbana IX – concretizar o princípio constitucional da efi-
Art. 9º Ficam instituídas no território nacional ciência na ocupação e no uso do solo;
normas gerais e procedimentos aplicáveis à Re- X – prevenir e desestimular a formação de no-
gularização Fundiária Urbana (Reurb), a qual vos núcleos urbanos informais;
abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambien- XI – conceder direitos reais, preferencialmente
tais e sociais destinadas à incorporação dos nú- em nome da mulher;
67
XII – franquear participação dos interessados VIII – ocupante: aquele que mantém poder de
nas etapas do processo de regularização fundiária. fato sobre lote ou fração ideal de terras públicas
ou privadas em núcleos urbanos informais.
Art. 11. Para fins desta Lei, consideram-se:
§ 1º Para fins da Reurb, os Municípios poderão
I – núcleo urbano: assentamento humano, com
dispensar as exigências relativas ao percentual e
uso e características urbanas, constituído por uni-
às dimensões de áreas destinadas ao uso público
dades imobiliárias de área inferior à fração mí-
ou ao tamanho dos lotes regularizados, assim
nima de parcelamento prevista na Lei nº 5.868, de
como a outros parâmetros urbanísticos e edilícios.
12 de dezembro de 1972, independentemente da
§ 2º Constatada a existência de núcleo urbano
propriedade do solo, ainda que situado em área
informal situado, total ou parcialmente, em área
qualificada ou inscrita como rural;
de preservação permanente ou em área de uni-
II – núcleo urbano informal: aquele clandestino,
dade de conservação de uso sustentável ou de
irregular ou no qual não foi possível realizar, por
proteção de mananciais definidas pela União, Es-
qualquer modo, a titulação de seus ocupantes,
tados ou Municípios, a Reurb observará, também,
ainda que atendida a legislação vigente à época
o disposto nos arts. 64 e 65 da Lei nº 12.651, de 25
de sua implantação ou regularização;
de maio de 2012, hipótese na qual se torna obriga-
III – núcleo urbano informal consolidado: aque- tória a elaboração de estudos técnicos, no âmbito
le de difícil reversão, considerados o tempo da da Reurb, que justifiquem as melhorias ambien-
ocupação, a natureza das edificações, a localiza- tais em relação à situação de ocupação informal
ção das vias de circulação e a presença de equi- anterior, inclusive por meio de compensações am-
pamentos públicos, entre outras circunstâncias a bientais, quando for o caso.
serem avaliadas pelo Município; § 3º No caso de a Reurb abranger área de uni-
IV – demarcação urbanística: procedimento dade de conservação de uso sustentável que, nos
destinado a identificar os imóveis públicos e pri- termos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, ad-
vados abrangidos pelo núcleo urbano informal e a mita regularização, será exigida também a anuên-
obter a anuência dos respectivos titulares de direi- cia do órgão gestor da unidade, desde que estudo
tos inscritos na matrícula dos imóveis ocupados, técnico comprove que essas intervenções de re-
culminando com averbação na matrícula destes gularização fundiária implicam a melhoria das
imóveis da viabilidade da regularização fundiária, condições ambientais em relação à situação de
a ser promovida a critério do Município; ocupação informal anterior.
V – Certidão de Regularização Fundiária (CRF): § 4º Na Reurb cuja ocupação tenha ocorrido às
documento expedido pelo Município ao final do margens de reservatórios artificiais de água desti-
procedimento da Reurb, constituído do projeto nados à geração de energia ou ao abastecimento
de regularização fundiária aprovado, do termo de público, a faixa da área de preservação perma-
compromisso relativo a sua execução e, no caso nente consistirá na distância entre o nível máximo
da legitimação fundiária e da legitimação de posse, operativo normal e a cota máxima maximorum.
da listagem dos ocupantes do núcleo urbano infor- § 5º Esta Lei não se aplica aos núcleos urbanos
mal regularizado, da devida qualificação destes e informais situados em áreas indispensáveis à segu-
dos direitos reais que lhes foram conferidos; rança nacional ou de interesse da defesa, assim re-
VI – legitimação de posse: ato do poder público conhecidas em decreto do Poder Executivo federal.
destinado a conferir título, por meio do qual fica § 6º Aplicam-se as disposições desta Lei aos
reconhecida a posse de imóvel objeto da Reurb, imóveis localizados em área rural, desde que a
conversível em aquisição de direito real de pro- unidade imobiliária tenha área inferior à fração
priedade na forma desta Lei, com a identificação mínima de parcelamento prevista na Lei nº 5.868,
de seus ocupantes, do tempo da ocupação e da de 12 de dezembro de 1972.
natureza da posse; Art. 12. A aprovação municipal da Reurb de que
VII – legitimação fundiária: mecanismo de reco- trata o art. 10 corresponde à aprovação urbanís-
nhecimento da aquisição originária do direito real tica do projeto de regularização fundiária, bem
de propriedade sobre unidade imobiliária objeto como à aprovação ambiental, se o Município tiver
da Reurb; órgão ambiental capacitado.
68
LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017
§ 1º Considera-se órgão ambiental capacitado VI – a aquisição do primeiro direito real sobre
o órgão municipal que possua em seus quadros unidade imobiliária derivada da Reurb-S;
ou à sua disposição profissionais com atribuição VII – o primeiro registro do direito real de laje no
técnica para a análise e a aprovação dos estudos âmbito da Reurb-S; e
referidos no art. 11, independentemente da exis- VIII – o fornecimento de certidões de registro
tência de convênio com os Estados ou a União. para os atos previstos neste artigo.
§ 2º Os estudos referidos no art. 11 deverão § 2º Os atos de que trata este artigo indepen-
ser elaborados por profissional legalmente habi- dem da comprovação do pagamento de tributos
litado, compatibilizar-se com o projeto de regu- ou penalidades tributárias, sendo vedado ao ofi-
larização fundiária e conter, conforme o caso, os cial de registro de imóveis exigir sua comprovação.
elementos constantes dos arts. 64 ou 65 da Lei § 3º O disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo
nº 12.651, de 25 de maio de 2012. aplica-se também à Reurb-S que tenha por ob-
§ 3º Os estudos técnicos referidos no art. 11 jeto conjuntos habitacionais ou condomínios de
aplicam-se somente às parcelas dos núcleos ur- interesse social construídos pelo poder público,
banos informais situados nas áreas de preserva- diretamente ou por meio da administração pú-
ção permanente, nas unidades de conservação de blica indireta, que já se encontrem implantados
uso sustentável ou nas áreas de proteção de ma- em 22 de dezembro de 2016.
nanciais e poderão ser feitos em fases ou etapas, § 4º Na Reurb, os Municípios e o Distrito Federal
sendo que a parte do núcleo urbano informal não poderão admitir o uso misto de atividades como
afetada por esses estudos poderá ter seu projeto forma de promover a integração social e a gera-
aprovado e levado a registro separadamente. ção de emprego e renda no núcleo urbano infor-
§ 4º A aprovação ambiental da Reurb prevista mal regularizado.
neste artigo poderá ser feita pelos Estados na hi- § 5º A classificação do interesse visa exclusiva-
pótese de o Município não dispor de capacidade mente à identificação dos responsáveis pela im-
técnica para a aprovação dos estudos referidos plantação ou adequação das obras de infraestru-
no art. 11. tura essencial e ao reconhecimento do direito à
gratuidade das custas e emolumentos notariais e
Art. 13. A Reurb compreende duas modalidades:
registrais em favor daqueles a quem for atribuído
I – Reurb de Interesse Social (Reurb-S) – regu-
o domínio das unidades imobiliárias regularizadas.
larização fundiária aplicável aos núcleos urbanos
§ 6º Os cartórios que não cumprirem o disposto
informais ocupados predominantemente por po-
neste artigo, que retardarem ou não efetuarem o
pulação de baixa renda, assim declarados em ato
registro de acordo com as normas previstas nesta
do Poder Executivo municipal; e
Lei, por ato não justificado, ficarão sujeitos às san-
II – Reurb de Interesse Específico (Reurb-E) – re-
ções previstas no art. 44 da Lei nº 11.977, de 7 de
gularização fundiária aplicável aos núcleos urba-
julho de 2009, observado o disposto nos §§ 3º-A e
nos informais ocupados por população não qualifi-
3º-B do art. 30 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro
cada na hipótese de que trata o inciso I deste artigo.
de 1973.
§ 1º Serão isentos de custas e emolumentos,
§ 7º A partir da disponibilidade de equipamen-
entre outros, os seguintes atos registrais relacio-
tos e infraestrutura para prestação de serviço pú-
nados à Reurb-S:
blico de abastecimento de água, coleta de esgoto,
I – o primeiro registro da Reurb-S, o qual con-
distribuição de energia elétrica, ou outros servi-
fere direitos reais aos seus beneficiários;
ços públicos, é obrigatório aos beneficiários da
II – o registro da legitimação fundiária;
Reurb realizar a conexão da edificação à rede de
III – o registro do título de legitimação de posse
água, de coleta de esgoto ou de distribuição de
e a sua conversão em título de propriedade;
energia elétrica e adotar as demais providências
IV – o registro da CRF e do projeto de regulari-
necessárias à utilização do serviço, salvo disposi-
zação fundiária, com abertura de matrícula para
ção em contrário na legislação municipal.
cada unidade imobiliária urbana regularizada;
V – a primeira averbação de construção residen- Seção II
cial, desde que respeitado o limite de até setenta Dos Legitimados para Requerer a Reurb
metros quadrados; Art. 14. Poderão requerer a Reurb:
69
I – a União, os Estados, o Distrito Federal e os IV – a arrecadação de bem vago, nos termos
Municípios, diretamente ou por meio de entida- do art. 1.276 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
des da administração pública indireta; 2002 (Código Civil);
II – os seus beneficiários, individual ou coleti- V – o consórcio imobiliário, nos termos do
vamente, diretamente ou por meio de coopera- art. 46 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
tivas habitacionais, associações de moradores, VI – a desapropriação por interesse social, nos
fundações, organizações sociais, organizações termos do inciso IV do art. 2º da Lei nº 4.132, de
da sociedade civil de interesse público ou outras 10 de setembro de 1962;
associações civis que tenham por finalidade ati- VII – o direito de preempção, nos termos do in-
vidades nas áreas de desenvolvimento urbano ou ciso I do art. 26 da Lei nº 10.257, de 10 de julho
regularização fundiária urbana; de 2001;
III – os proprietários de imóveis ou de terrenos, VIII – a transferência do direito de construir, nos
loteadores ou incorporadores; termos do inciso III do art. 35 da Lei nº 10.257, de
IV – a Defensoria Pública, em nome dos benefi- 10 de julho de 2001;
ciários hipossuficientes; e IX – a requisição, em caso de perigo público
V – o Ministério Público. iminente, nos termos do § 3º do art. 1.228 da Lei
§ 1º Os legitimados poderão promover todos os nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
atos necessários à regularização fundiária, inclu- X – a intervenção do poder público em parce-
sive requerer os atos de registro. lamento clandestino ou irregular, nos termos do
§ 2º Nos casos de parcelamento do solo, de art. 40 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979;
conjunto habitacional ou de condomínio infor- XI – a alienação de imóvel pela administração
mal, empreendidos por particular, a conclusão pública diretamente para seu detentor, nos ter-
da Reurb confere direito de regresso àqueles que mos da alínea f do inciso I do art. 17 da Lei nº 8.666,
suportarem os seus custos e obrigações contra os de 21 de junho de 1993;
responsáveis pela implantação dos núcleos urba- XII – a concessão de uso especial para fins de
nos informais. moradia;
§ 3º O requerimento de instauração da Reurb XIII – a concessão de direito real de uso;
por proprietários de terreno, loteadores e incor- XIV – a doação; e
poradores que tenham dado causa à formação de XV – a compra e venda.
núcleos urbanos informais, ou os seus sucessores,
Art. 16. Na Reurb-E, promovida sobre bem pú-
não os eximirá de responsabilidades administra-
blico, havendo solução consensual, a aquisição de
tiva, civil ou criminal.
direitos reais pelo particular ficará condicionada
CAPÍTULO II ao pagamento do justo valor da unidade imobiliá-
DOS INSTRUMENTOS DA REURB ria regularizada, a ser apurado na forma estabele-
Seção I cida em ato do Poder Executivo titular do domínio,
Disposições Gerais sem considerar o valor das acessões e benfeito-
rias do ocupante e a valorização decorrente da
Art. 15. Poderão ser empregados, no âmbito da
implantação dessas acessões e benfeitorias.
Reurb, sem prejuízo de outros que se apresentem
Parágrafo único. As áreas de propriedade do
adequados, os seguintes institutos jurídicos:
poder público registradas no Registro de Imóveis,
I – a legitimação fundiária e a legitimação de
que sejam objeto de ação judicial versando sobre
posse, nos termos desta Lei;
a sua titularidade, poderão ser objeto da Reurb,
II – a usucapião, nos termos dos arts. 1.238 a
desde que celebrado acordo judicial ou extraju-
1.244 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Có-
digo Civil), dos arts. 9º a 14 da Lei nº 10.257, de 10 dicial, na forma desta Lei, homologado pelo juiz.
de julho de 2001, e do art. 216-A da Lei nº 6.015, de Art. 17. Na Reurb-S promovida sobre bem público,
31 de dezembro de 1973; o registro do projeto de regularização fundiária e
III – a desapropriação em favor dos possuido- a constituição de direito real em nome dos bene-
res, nos termos dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 da Lei ficiários poderão ser feitos em ato único, a critério
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); do ente público promovente.
70
LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017
Parágrafo único. Nos casos previstos no caput II – domínio privado objeto do devido registro
deste artigo, serão encaminhados ao cartório o no registro de imóveis competente, ainda que de
instrumento indicativo do direito real constituído, proprietários distintos; ou
a listagem dos ocupantes que serão beneficiados III – domínio público.
pela Reurb e respectivas qualificações, com indi- § 3º Os procedimentos da demarcação urba-
cação das respectivas unidades, ficando dispen- nística não constituem condição para o processa-
sadas a apresentação de título cartorial individua- mento e a efetivação da Reurb.
lizado e as cópias da documentação referente à
Art. 20. O poder público notificará os titulares de
qualificação de cada beneficiário.
domínio e os confrontantes da área demarcada,
Art. 18. O Município e o Distrito Federal poderão pessoalmente ou por via postal, com aviso de re-
instituir como instrumento de planejamento ur- cebimento, no endereço que constar da matrícula
bano Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), no ou da transcrição, para que estes, querendo, apre-
âmbito da política municipal de ordenamento de sentem impugnação à demarcação urbanística,
seu território. no prazo comum de trinta dias.
§ 1º Para efeitos desta Lei, considera-se Zeis a § 1º Eventuais titulares de domínio ou confron-
parcela de área urbana instituída pelo plano dire- tantes não identificados, ou não encontrados ou
tor ou definida por outra lei municipal, destinada que recusarem o recebimento da notificação por
preponderantemente à população de baixa renda via postal, serão notificados por edital, para que,
e sujeita a regras específicas de parcelamento, querendo, apresentem impugnação à demarca-
uso e ocupação do solo. ção urbanística, no prazo comum de trinta dias.
§ 2º A Reurb não está condicionada à existência § 2º O edital de que trata o § 1º deste artigo con-
de Zeis. terá resumo do auto de demarcação urbanística,
Seção II com a descrição que permita a identificação da
Da Demarcação Urbanística área a ser demarcada e seu desenho simplificado.
§ 3º A ausência de manifestação dos indicados
Art. 19. O poder público poderá utilizar o proce-
neste artigo será interpretada como concordância
dimento de demarcação urbanística, com base no
com a demarcação urbanística.
levantamento da situação da área a ser regulari-
§ 4º Se houver impugnação apenas em relação
zada e na caracterização do núcleo urbano infor-
à parcela da área objeto do auto de demarcação
mal a ser regularizado.
urbanística, é facultado ao poder público prosse-
§ 1º O auto de demarcação urbanística deve ser
guir com o procedimento em relação à parcela
instruído com os seguintes documentos:
não impugnada.
I – planta e memorial descritivo da área a ser
§ 5º A critério do poder público municipal, as
regularizada, nos quais constem suas medidas pe-
medidas de que trata este artigo poderão ser rea-
rimetrais, área total, confrontantes, coordenadas
lizadas pelo registro de imóveis do local do núcleo
georreferenciadas dos vértices definidores de seus
urbano informal a ser regularizado.
limites, números das matrículas ou transcrições
§ 6º A notificação conterá a advertência de que
atingidas, indicação dos proprietários identifica-
a ausência de impugnação implicará a perda de
dos e ocorrência de situações de domínio privado
eventual direito que o notificado titularize sobre
com proprietários não identificados em razão de
o imóvel objeto da Reurb.
descrições imprecisas dos registros anteriores;
II – planta de sobreposição do imóvel demar- Art. 21. Na hipótese de apresentação de impug-
cado com a situação da área constante do registro nação, poderá ser adotado procedimento extraju-
de imóveis. dicial de composição de conflitos.
§ 2º O auto de demarcação urbanística poderá § 1º Caso exista demanda judicial de que o im-
abranger uma parte ou a totalidade de um ou pugnante seja parte e que verse sobre direitos reais
mais imóveis inseridos em uma ou mais das se- ou possessórios relativos ao imóvel abrangido
guintes situações: pela demarcação urbanística, deverá informá-la
I – domínio privado com proprietários não iden- ao poder público, que comunicará ao juízo a exis-
tificados, em razão de descrições imprecisas dos tência do procedimento de que trata o caput deste
registros anteriores; artigo.
71
§ 2º Para subsidiar o procedimento de que trata cação urbanística supere a área disponível nos
o caput deste artigo, será feito um levantamento registros anteriores.
de eventuais passivos tributários, ambientais e § 6º Não se exigirá, para a averbação da de-
administrativos associados aos imóveis objeto de marcação urbanística, a retificação da área não
impugnação, assim como das posses existentes, abrangida pelo auto de demarcação urbanística,
com vistas à identificação de casos de prescrição ficando a apuração de remanescente sob a res-
aquisitiva da propriedade. ponsabilidade do proprietário do imóvel atingido.
§ 3º A mediação observará o disposto na Lei Seção III
nº 13.140, de 26 de junho de 2015, facultando-se Da Legitimação Fundiária
ao poder público promover a alteração do auto de
Art. 23. A legitimação fundiária constitui forma
demarcação urbanística ou adotar qualquer outra
originária de aquisição do direito real de proprie-
medida que possa afastar a oposição do proprie- dade conferido por ato do poder público, exclusi-
tário ou dos confrontantes à regularização da área vamente no âmbito da Reurb, àquele que detiver
ocupada. em área pública ou possuir em área privada, como
§ 4º Caso não se obtenha acordo na etapa de sua, unidade imobiliária com destinação urbana,
mediação, fica facultado o emprego da arbitragem. integrante de núcleo urbano informal consoli-
Art. 22. Decorrido o prazo sem impugnação ou dado existente em 22 de dezembro de 2016.
caso superada a oposição ao procedimento, o § 1º Apenas na Reurb-S, a legitimação fundiária
auto de demarcação urbanística será encami- será concedida ao beneficiário, desde que atendi-
nhado ao registro de imóveis e averbado nas ma- das as seguintes condições:
trículas por ele alcançadas. I – o beneficiário não seja concessionário, fo-
§ 1º A averbação informará: reiro ou proprietário de imóvel urbano ou rural;
I – a área total e o perímetro correspondente ao II – o beneficiário não tenha sido contemplado
núcleo urbano informal a ser regularizado; com legitimação de posse ou fundiária de imóvel
urbano com a mesma finalidade, ainda que si-
II – as matrículas alcançadas pelo auto de demar-
tuado em núcleo urbano distinto; e
cação urbanística e, quando possível, a área abran-
III – em caso de imóvel urbano com finalidade
gida em cada uma delas; e
não residencial, seja reconhecido pelo poder pú-
III – a existência de áreas cuja origem não tenha
blico o interesse público de sua ocupação.
sido identificada em razão de imprecisões dos re-
§ 2º Por meio da legitimação fundiária, em qual-
gistros anteriores.
quer das modalidades da Reurb, o ocupante ad-
§ 2º Na hipótese de o auto de demarcação ur-
quire a unidade imobiliária com destinação urbana
banística incidir sobre imóveis ainda não matricu-
livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos
lados, previamente à averbação, será aberta ma-
reais, gravames ou inscrições, eventualmente exis-
trícula, que deverá refletir a situação registrada
tentes em sua matrícula de origem, exceto quando
do imóvel, dispensadas a retificação do memorial
disserem respeito ao próprio legitimado.
descritivo e a apuração de área remanescente. § 3º Deverão ser transportadas as inscrições, as
§ 3º Nos casos de registro anterior efetuado em indisponibilidades ou os gravames existentes no
outra circunscrição, para abertura da matrícula de registro da área maior originária para as matrícu-
que trata o § 2º deste artigo, o oficial requererá, las das unidades imobiliárias que não houverem
de ofício, certidões atualizadas daquele registro. sido adquiridas por legitimação fundiária.
§ 4º Na hipótese de a demarcação urbanística § 4º Na Reurb-S de imóveis públicos, a União,
abranger imóveis situados em mais de uma cir- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e
cunscrição imobiliária, o oficial do registro de as suas entidades vinculadas, quando titulares do
imóveis responsável pelo procedimento comuni- domínio, ficam autorizados a reconhecer o direito
cará as demais circunscrições imobiliárias envol- de propriedade aos ocupantes do núcleo urbano
vidas para averbação da demarcação urbanística informal regularizado por meio da legitimação
nas respectivas matrículas alcançadas. fundiária.
§ 5º A demarcação urbanística será averbada § 5º Nos casos previstos neste artigo, o poder
ainda que a área abrangida pelo auto de demar- público encaminhará a CRF para registro imediato
72
LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017
Art. 41. A Certidão de Regularização Fundiária I – abertura de nova matrícula, quando for o
(CRF) é o ato administrativo de aprovação da caso;
regularização que deverá acompanhar o projeto II – abertura de matrículas individualizadas
aprovado e deverá conter, no mínimo: para os lotes e áreas públicas resultantes do pro-
I – o nome do núcleo urbano regularizado; jeto de regularização aprovado; e
II – a localização; III – registro dos direitos reais indicados na CRF
III – a modalidade da regularização; junto às matrículas dos respectivos lotes, dispen-
IV – as responsabilidades das obras e serviços sada a apresentação de título individualizado.
constantes do cronograma; § 2º Quando o núcleo urbano regularizado
V – a indicação numérica de cada unidade regu- abranger mais de uma matrícula, o oficial do re-
larizada, quando houver; gistro de imóveis abrirá nova matrícula para a
VI – a listagem com nomes dos ocupantes que área objeto de regularização, conforme previsto
houverem adquirido a respectiva unidade, por no inciso I do § 1º deste artigo, destacando a área
título de legitimação fundiária ou mediante ato abrangida na matrícula de origem, dispensada a
único de registro, bem como o estado civil, a pro- apuração de remanescentes.
fissão, o número de inscrição no cadastro das pes- § 3º O registro da CRF dispensa a comprovação
soas físicas do Ministério da Fazenda e do registro do pagamento de tributos ou penalidades tributá-
geral da cédula de identidade e a filiação. rias de responsabilidade dos legitimados.
CAPÍTULO IV § 4º O registro da CRF aprovado independe de
DO REGISTRO DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA averbação prévia do cancelamento do cadastro
Art. 42. O registro da CRF e do projeto de regula- de imóvel rural no Instituto Nacional de Coloni-
rização fundiária aprovado será requerido direta- zação e Reforma Agrária (Incra).
mente ao oficial do cartório de registro de imóveis § 5º O procedimento registral deverá ser con-
da situação do imóvel e será efetivado indepen- cluído no prazo de sessenta dias, prorrogável
dentemente de determinação judicial ou do Mi- por até igual período, mediante justificativa fun-
nistério Público. damentada do oficial do cartório de registro de
Parágrafo único. Em caso de recusa do registro, imóveis.
o oficial do cartório do registro de imóveis expe- § 6º O oficial de registro fica dispensado de pro-
dirá nota devolutiva fundamentada, na qual indi- videnciar a notificação dos titulares de domínio,
cará os motivos da recusa e formulará exigências dos confinantes e de terceiros eventualmente in-
nos termos desta Lei. teressados, uma vez cumprido esse rito pelo Mu-
Art. 43. Na hipótese de a Reurb abranger imóveis nicípio, conforme o disposto no art. 31 desta Lei.
situados em mais de uma circunscrição imobiliária, § 7º O oficial do cartório de registro de imó-
o procedimento será efetuado perante cada um veis, após o registro da CRF, notificará o Incra, o
dos oficiais dos cartórios de registro de imóveis. Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria da
Parágrafo único. Quando os imóveis regulariza- Receita Federal do Brasil para que esses órgãos
dos estiverem situados na divisa das circunscri- cancelem, parcial ou totalmente, os respectivos
ções imobiliárias, as novas matrículas das unida- registros existentes no Cadastro Ambiental Rural
des imobiliárias serão de competência do oficial (CAR) e nos demais cadastros relacionados a imó-
do cartório de registro de imóveis em cuja circuns- vel rural, relativamente às unidades imobiliárias
crição estiver situada a maior porção da unidade regularizadas.
imobiliária regularizada. Art. 45. Quando se tratar de imóvel sujeito a re-
Art. 44. Recebida a CRF, cumprirá ao oficial do gime de condomínio geral a ser dividido em lotes
cartório de registro de imóveis prenotá-la, autuá- com indicação, na matrícula, da área deferida a
-la, instaurar o procedimento registral e, no prazo cada condômino, o Município poderá indicar, de
de quinze dias, emitir a respectiva nota de exigên- forma individual ou coletiva, as unidades imobi-
cia ou praticar os atos tendentes ao registro. liárias correspondentes às frações ideais registra-
§ 1º O registro do projeto Reurb aprovado im- das, sob sua exclusiva responsabilidade, para a
porta em: especialização das áreas registradas em comum.
77
Parágrafo único. Na hipótese de a informação Distrito Federal, Municípios ou entes da adminis-
prevista no caput deste artigo não constar do tração indireta.
projeto de regularização fundiária aprovado pelo Art. 48. O registro da CRF produzirá efeito de insti-
Município, as novas matrículas das unidades imo- tuição e especificação de condomínio, quando for
biliárias serão abertas mediante requerimento de o caso, regido pelas disposições legais específicas,
especialização formulado pelos legitimados de hipótese em que fica facultada aos condôminos a
que trata esta Lei, dispensada a outorga de escri- aprovação de convenção condominial.
tura pública para indicação da quadra e do lote.
Art. 49. O registro da CRF será feito em todas as
Art. 46. Para atendimento ao princípio da es- matrículas atingidas pelo projeto de regulariza-
pecialidade, o oficial do cartório de registro de ção fundiária aprovado, devendo ser informadas,
imóveis adotará o memorial descritivo da gleba quando possível, as parcelas correspondentes a
apresentado com o projeto de regularização fun- cada matrícula.
diária e deverá averbá-lo na matrícula existente,
anteriormente ao registro do projeto, indepen- Art. 50. Nas matrículas abertas para cada parcela,
dentemente de provocação, retificação, notifica- deverão constar dos campos referentes ao regis-
ção, unificação ou apuração de disponibilidade tro anterior e ao proprietário:
ou remanescente. I – quando for possível, a identificação exata
§ 1º Se houver dúvida quanto à extensão da da origem da parcela matriculada, por meio de
gleba matriculada, em razão da precariedade da planta de sobreposição do parcelamento com os
descrição tabular, o oficial do cartório de registro registros existentes, a matrícula anterior e o nome
de imóveis abrirá nova matrícula para a área des- de seu proprietário;
tacada e averbará o referido destaque na matrí- II – quando não for possível identificar a exata
cula matriz. origem da parcela matriculada, todas as matrícu-
§ 2º As notificações serão emitidas de forma las anteriores atingidas pela Reurb e a expressão
simplificada, indicando os dados de identificação “proprietário não identificado”, dispensando-se nes-
do núcleo urbano a ser regularizado, sem a anexa- se caso os requisitos dos itens 4 e 5 do inciso II do
ção de plantas, projetos, memoriais ou outros do- art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
cumentos, convidando o notificado a comparecer Art. 51. Qualificada a CRF e não havendo exigên-
à sede da serventia para tomar conhecimento da cias nem impedimentos, o oficial do cartório de
CRF com a advertência de que o não compareci- registro de imóveis efetuará o seu registro na ma-
mento e a não apresentação de impugnação, no trícula dos imóveis cujas áreas tenham sido atin-
prazo legal, importará em anuência ao registro. gidas, total ou parcialmente.
§ 3º Na hipótese de o projeto de regularização Parágrafo único. Não identificadas as transcri-
fundiária não envolver a integralidade do imóvel ções ou as matrículas da área regularizada, o ofi-
matriculado, o registro será feito com base na cial do cartório de registro abrirá matrícula com
planta e no memorial descritivo referentes à área a descrição do perímetro do núcleo urbano infor-
objeto de regularização e o destaque na matrícula mal que constar da CRF e nela efetuará o registro.
da área total deverá ser averbado. Art. 52. Registrada a CRF, será aberta matrícula
Art. 47. Os padrões dos memoriais descritivos, para cada uma das unidades imobiliárias regula-
das plantas e das demais representações gráficas, rizadas.
inclusive as escalas adotadas e outros detalhes Parágrafo único. Para os atuais ocupantes das
técnicos, seguirão as diretrizes estabelecidas pela unidades imobiliárias objeto da Reurb, os com-
autoridade municipal ou distrital competente, as promissos de compra e venda, as cessões e as
quais serão consideradas atendidas com a emis- promessas de cessão valerão como título hábil
são da CRF. para a aquisição da propriedade, quando acom-
Parágrafo único. Não serão exigidos reconheci- panhados da prova de quitação das obrigações do
mentos de firma nos documentos que compõem adquirente, e serão registrados nas matrículas das
a CRF ou o termo individual de legitimação fun- unidades imobiliárias correspondentes, resultan-
diária quando apresentados pela União, Estados, tes da regularização fundiária.
78
LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017
regulamentados em ato específico da Secretaria ser adotado o regime de concessão de uso previsto
do Patrimônio da União (SPU). no Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967.
Art. 90. Ficam a União, suas autarquias e fun- § 3º As doações serão efetuadas de forma grada-
dações autorizadas a transferir aos Estados, aos tiva, à medida que reste comprovado que a gleba
Municípios e ao Distrito Federal as áreas públicas anteriormente transferida tenha sido destinada
federais ocupadas por núcleos urbanos informais, nos termos do § 2º deste artigo.
para que promovam a Reurb nos termos desta Lei, § 4º A aquisição ou arrendamento de lotes por
observado o regulamento quando se tratar de estrangeiros obedecerá aos limites, às condições
imóveis de titularidade de fundos. e às restrições estabelecidos na legislação federal.
[...] § 5º A doação de glebas públicas federais aos
Estados de Roraima e do Amapá será regida pela
TÍTULO IV Lei nº 10.304, de 5 de novembro de 2001.
DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 6º O Poder Executivo da União editará ato para
Art. 98. Fica facultado aos Estados, aos Municí- regulamentar este artigo, inclusive para fixar cri-
pios e ao Distrito Federal utilizar a prerrogativa térios de definição das glebas a serem alienadas.
de venda direta aos ocupantes de suas áreas pú-
Art. 103. Os interessados poderão, no prazo de
blicas objeto da Reurb-E, dispensados os procedi-
cento e oitenta dias, requerer à Secretaria Espe-
mentos exigidos pela Lei nº 8.666, de 21 de junho
cial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento
de 1993, e desde que os imóveis se encontrem
Agrário, ao Incra e à Secretaria do Patrimônio da
ocupados até 22 de dezembro de 2016, devendo
União (SPU) a revisão das decisões administrati-
regulamentar o processo em legislação própria
vas denegatórias, ainda que judicializadas, caso
nos moldes do disposto no art. 84 desta Lei.
em que o pedido deverá ser objeto de análise final
[...]
no prazo de um ano.
Art. 102. Fica a União autorizada a doar ao Estado Parágrafo único. O disposto neste artigo não im-
de Rondônia as glebas públicas arrecadadas e re- pede o interessado de pleitear direitos previstos
gistradas em nome da União nele situadas. nesta Lei, desde que preencha os pressupostos
§ 1º São excluídas da autorização de que trata fáticos pertinentes.
o caput deste artigo: [...]
I – as áreas relacionadas nos incisos II a XI do
Art. 105. Em caso de certificação de imóveis ru-
art. 20 da Constituição Federal;
rais em unidade de conservação situados em re-
II – as terras destinadas ou em processo de des-
gião de difícil acesso ou em que a implantação do
tinação pela União a projetos de assentamento;
marco físico implique supressão de cobertura ve-
III – as áreas de unidades de conservação já
getal, deverão ser utilizados vértices virtuais para
instituídas pela União e aquelas em processo de
fins de georreferenciamento.
instituição, conforme regulamento;
IV – as áreas afetadas, de modo expresso ou tá- Art. 106. O disposto nesta Lei aplica-se à ilha de
cito, a uso público, comum ou especial; Fernando de Noronha e às demais ilhas oceânicas
V – as áreas objeto de títulos expedidos pela e costeiras, em conformidade com a legislação pa-
União que não tenham sido extintos por descum- trimonial em vigor.
primento de cláusula resolutória; Art. 107. Decreto do Poder Executivo federal po-
VI – as áreas urbanas consolidadas, que serão derá regulamentar o disposto nesta Lei.
objeto de doação diretamente da União ao Muni-
Art. 108. Esta Lei entra em vigor na data de sua
cípio, nos termos da Lei nº 11.952, de 25 de junho
publicação.
de 2009.
§ 2º As glebas objeto de doação ao Estado de Art. 109. Ficam revogados:
Rondônia deverão ser preferencialmente utiliza- I – os arts. 14 e 15 da Lei Complementar nº 76,
das em atividades de conservação ambiental e de- de 6 de julho de 1993;
senvolvimento sustentável, de assentamento, de II – os arts. 27 e 28 da Lei nº 9.636, de 15 de maio
colonização e de regularização fundiária, podendo de 1998;
83
III – os seguintes dispositivos da Lei nº 11.952, I – Programa Nacional de Habitação Urbana
de 25 de junho de 2009: (PNHU); e
a) o § 2º do art. 5º; II – Programa Nacional de Habitação Rural
b) o parágrafo único do art. 18; (PNHR).
c) os incisos I, II, III e IV do caput e os §§ 1º e 2º, Parágrafo único. A execução do PMCMV obser-
todos do art. 30; e vará as definições do parágrafo único do art. 1º da
d) os §§ 4º e 5º do art. 15; Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009.
IV – o Capítulo III da Lei nº 11.977, de 7 de julho
Art. 2º Para a execução do PMCMV, a União, obser-
de 2009;
vada a disponibilidade orçamentária e financeira:
V – (Vetado)
I – concederá subvenção econômica ao bene-
VI – os arts. 288-B a 288-G da Lei nº 6.015, de 31
ficiário pessoa física no ato da contratação de fi-
de dezembro de 1973;
nanciamento habitacional;
VII – os arts. 2º, 3º, 7º e 13 da Lei nº 13.240, de 30
II – participará do Fundo de Arrendamento Re-
de dezembro de 2015;
sidencial (FAR), mediante integralização de cotas
VIII – o parágrafo único do art. 14, o § 5º do
e transferirá recursos ao Fundo de Desenvolvi-
art. 24, o § 3º do art. 26 e os arts. 29, 34, 35 e 45 da
mento Social (FDS) de que tratam, respectiva-
Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998;
mente, a Lei nº 10.188, de 12 de fevereiro de 2001,
IX – o § 1º do art. 1º da Lei nº 13.347, de 10 de
e a Lei nº 8.677, de 13 de julho de 1993; (Inciso com
outubro de 2016.
redação dada pelo Decreto nº 7.795, de 24/8/2012)
Brasília, 11 de julho de 2017; 196º da III – realizará oferta pública de recursos desti-
Independência e 129º da República.
nados à subvenção econômica ao beneficiário
MICHEL TEMER pessoa física de operações em municípios com
Torquato Jardim população de até cinquenta mil habitantes;
Henrique Meirelles IV – participará do Fundo Garantidor da Habita-
Dyogo Henrique de Oliveira
Bruno Cavalcanti de Araújo ção Popular (FGHab); e
Eliseu Padilha V – concederá subvenção econômica por meio
do Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
DECRETO Nº 7.499, DE 16 nômico e Social (BNDES), sob a modalidade de
DE JUNHO DE 2011 equalização de taxas de juros e outros encargos
(Publicado no DOU de 17/6/2011) financeiros, especificamente nas operações de fi-
Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.977, nanciamento de linha especial para infraestrutura
de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Pro- em projetos de habitação popular.
grama Minha Casa, Minha Vida, e dá outras § 1º A aplicação das condições previstas no
providências. inciso III do caput dar-se-á sem prejuízo da pos-
A presidenta da República, no uso das atribuições sibilidade de atendimento aos municípios com
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, população entre vinte mil e cinquenta mil habi-
da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei tantes, por outras formas admissíveis no âmbito
nº 11.977, de 7 de julho de 2009, decreta: do PMCMV, nos termos de regulamento do Minis-
tério das Cidades.
CAPÍTULO I
DO PROGRAMA MINHA CASA, § 2º O regulamento previsto no § 1º deverá es-
MINHA VIDA (PMCMV) tabelecer, entre outras condições, atendimento
aos municípios com população urbana igual ou
Art. 1º O Programa Minha Casa, Minha Vida
superior a setenta por cento de sua população
(PMCMV) tem por finalidade criar mecanismos de
total e taxa de crescimento populacional, entre
incentivo à produção e à aquisição de novas uni-
dades habitacionais, à requalificação de imóveis os anos 2000 e 2010, superior à taxa verificada no
urbanos e à produção ou reforma de habitações respectivo estado.
rurais, para famílias com renda mensal de até Art. 3º Para a indicação dos beneficiários do
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e compreende os se- PMCMV, deverão ser observados os requisitos
guintes subprogramas: constantes do art. 3º da Lei nº 11.977, de 2009, e
84
DECRETO Nº 7.499, DE 16 DE JUNHO DE 2011
dos à aquisição de material de construção para Art. 10. A concessão de subvenção econômica,
fins de conclusão, ampliação, reforma ou melho- nas operações de que trata o inciso III do caput
ria de unidade habitacional, e aquelas previstas do art. 2º, beneficiará famílias com renda bruta
no atendimento a famílias nas operações esta- mensal limitada a R$ 1.600,00 (um mil e seiscen-
belecidas no § 3º. (Parágrafo acrescido pelo Decreto tos reais), com o objetivo de:
nº 7.795, de 24/8/2012) I – facilitar a produção de imóvel residencial; e
§ 10. Os beneficiários das operações realizadas II – remunerar as instituições ou agentes finan-
com recursos provenientes da integralização de ceiros do Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
cotas no FAR e recursos transferidos ao FDS as- habilitados a atuar no programa.
sumirão responsabilidade contratual pelo paga-
§ 1º O Ministério das Cidades definirá a tipolo-
mento de cento e vinte prestações mensais, cor-
gia e o padrão das moradias e da infraestrutura
respondentes a cinco por cento da renda bruta
urbana, com observância da legislação municipal
familiar mensal, com valor mínimo fixado em
pertinente.
vinte e cinco reais. (Parágrafo acrescido pelo Decreto
§ 2º Para a concessão de subvenção econômica
nº 7.795, de 24/8/2012)
nas operações de que trata o caput, fica estabele-
§ 11. O percentual e o valor mínimo fixados para
cido que a instituição ou agente financeiro par-
a prestação mensal de que trata o § 10 poderá ser
alterado por meio de ato conjunto dos Ministros ticipante somente poderá receber recursos até o
de Estado das Cidades, da Fazenda e do Plane- máximo de quinze por cento do total ofertado em
jamento, Orçamento e Gestão. (Parágrafo acrescido cada oferta pública, considerado o limite de cem
pelo Decreto nº 7.795, de 24/8/2012) unidades habitacionais por município, na forma
§ 12. Nas operações realizadas com recursos regulamentada em ato conjunto dos Ministérios
provenientes da integralização de cotas do FAR, das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, Or-
poderá ser custeada a edificação de equipamen- çamento e Gestão, que disporá sobre os seguintes
tos de educação, saúde e outros complementares aspectos:
à habitação, inclusive em terrenos de propriedade I – valores e limites das subvenções individuali-
pública, observadas as políticas setoriais federal, zadas destinadas a cada beneficiário;
estaduais, distrital, ou municipais. (Parágrafo acres- II – remuneração das instituições e agentes fi-
cido pelo Decreto nº 7.825, de 11/10/2012) nanceiros pelas operações realizadas; e
§ 13. O Ministério das Cidades definirá o con- III – quantidade, condições e modalidades de
teúdo do compromisso prévio de que trata o § 1º ofertas públicas de cotas de subvenções.
do art. 82-D da Lei nº 11.977, de 2009, a ser cele- § 3º É vedada a concessão de subvenções eco-
brado entre o órgão gestor do FAR e os governos nômicas de que trata o inciso III do caput do art. 2º
estaduais, distrital, ou municipais. (Parágrafo acres- a beneficiário que tenha recebido benefício de na-
cido pelo Decreto nº 7.825, de 11/10/2012)
tureza habitacional oriundo de recursos orçamen-
Art. 9º Compete à Caixa Econômica Federal (CEF), tários da União, do FAR, do FDS ou de descontos
na condição de Agente Gestor do FAR, expedir os habitacionais concedidos com recursos do FGTS,
atos necessários à atuação de instituições finan- excetuadas as subvenções ou descontos destina-
ceiras oficiais federais na operacionalização do dos à aquisição de material de construção para
PMCMV, com recursos transferidos ao FAR. fins de conclusão, ampliação, reforma ou melho-
Parágrafo único. Caberá às instituições finan- ria de unidade habitacional. (Parágrafo acrescido pelo
ceiras oficiais federais, dentre outras obrigações
Decreto nº 7.795, de 24/8/2012)
decorrentes da operacionalização do PMCMV, com
recursos transferidos ao FAR: Art. 11. Caberá ao Ministério das Cidades a regu-
I – responsabilizar-se pela estrita observância lamentação do PNHU, especialmente em relação:
das normas aplicáveis, ao alienar e ceder aos be- I – à fixação das diretrizes e condições gerais
neficiários do PMCMV os imóveis produzidos; e de execução;
II – adotar todas as medidas judiciais e extraju- II – à distribuição regional dos recursos e à fi-
diciais para a defesa dos direitos do FAR no âm- xação dos critérios complementares de distribui-
bito das contratações que houver intermediado. ção; e
87
III – ao estabelecimento dos critérios adicionais § 2º A subvenção econômica do PNHR poderá
de priorização da concessão da subvenção eco- ser cumulativa com subsídios concedidos no âm-
nômica. bito de programas habitacionais dos estados, Dis-
Art. 12. A gestão operacional dos recursos des- trito Federal ou municípios.
tinados à concessão da subvenção do PNHU, de § 3º Para definição dos beneficiários do PNHR,
que trata o inciso I do caput do art. 2º, será efe- deverão ser respeitados, exclusivamente, o limite
tuada pela CEF. de renda definido para o PMCMV e as faixas de
renda definidas pelos Ministérios das Cidades, da
Art. 13. Os Ministros de Estado das Cidades, da
Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão,
Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão
fixarão, em ato conjunto: em ato conjunto.
I – a remuneração da CEF pelas atividades exer- Art. 16. O Ministério das Cidades regulamentará
cidas no âmbito do PNHU; as diretrizes e condições gerais de operação, ges-
II – os valores e limites máximos de subvenção; e tão, acompanhamento, controle e avaliação do
III – as condições operacionais para pagamento PNHR.
e controle da subvenção econômica.
Art. 17. A gestão operacional do PNHR será efe-
CAPÍTULO III tuada pela CEF, sem prejuízo da participação de
DO PROGRAMA NACIONAL DE outras instituições financeiras oficiais federais.
HABITAÇÃO RURAL (PNHR)
Art. 18. Os Ministros de Estado das Cidades, da
Art. 14. O PNHR tem como finalidade subsidiar a
Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão
produção ou reforma de imóveis aos agricultores
fixarão, em ato conjunto, a remuneração da CEF
familiares e trabalhadores rurais cuja renda familiar
pelas atividades exercidas no âmbito do PNHR.
anual bruta não ultrapasse R$ 60.000,00 (sessenta
mil reais), por intermédio de operações de repasse CAPÍTULO IV
de recursos do Orçamento Geral da União ou de fi- DAS CUSTAS E EMOLUMENTOS E DA
nanciamento habitacional com recursos do FGTS. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
Parágrafo único. A assistência técnica pode Art. 19. Nos empreendimentos não constituídos
fazer parte da composição de custos do PNHR. exclusivamente por unidades enquadradas no
Art. 15. A subvenção econômica do PNHR será PMCMV, a redução de custas e emolumentos pre-
concedida no ato da contratação da operação vista no art. 42 da Lei nº 11.977, de 2009, alcançará
pelo beneficiário, com o objetivo de: apenas a parcela do empreendimento incluída no
I – facilitar a produção ou reforma do imóvel programa.
residencial;
Art. 20. Para obtenção da redução de custas e
II – complementar o valor necessário a assegu-
emolumentos prevista no art. 43 da Lei nº 11.977,
rar o equilíbrio econômico-financeiro das opera-
de 2009, o interessado deverá apresentar ao car-
ções de financiamento realizadas pelos agentes
tório os seguintes documentos:
financeiros; ou
I – declaração firmada pelo beneficiário, sob as
III – complementar a remuneração do agente
penas da lei, atestando que o imóvel objeto do re-
financeiro, nos casos em que o subsídio não esteja
gistro ou averbação requerido é o primeiro imóvel
vinculado a financiamento.
§ 1º A subvenção econômica do PNHR será residencial por ele adquirido;
concedida uma única vez por imóvel e por bene- II – declaração do vendedor, sob as penas da
ficiário, até o limite máximo a ser fixado em ato lei, atestando que o imóvel nunca foi habitado; e
conjunto dos Ministérios das Cidades, da Fazenda III – declaração firmada pelo agente financeiro
e do Planejamento, Orçamento e Gestão e, exce- responsável atestando o enquadramento da ope-
tuados os casos previstos no inciso III do caput, ração às condições estabelecidas para o PMCMV.
será cumulativa com os descontos habitacionais Parágrafo único. As exigências previstas neste
concedidos nas operações de financiamento rea- artigo poderão ser supridas mediante a inclusão
lizadas na forma do art. 9º da Lei nº 8.036, de 1990, de cláusulas específicas no instrumento contra-
com recursos do FGTS. tual levado a registro ou averbação.
88
DECRETO Nº 7.499, DE 16 DE JUNHO DE 2011
VIII – ordenar o pleno desenvolvimento das fun- zado, da devida qualificação destes e dos direitos
ções sociais da cidade e garantir o bem-estar de reais que lhes foram conferidos;
seus habitantes; VI – legitimação de posse – ato do Poder Público
IX – concretizar o princípio constitucional da efi- destinado a conferir título, por meio do qual fica
ciência na ocupação e no uso do solo; reconhecida a posse de imóvel objeto da Reurb,
X – prevenir e desestimular a formação de no- conversível em aquisição de direito real de pro-
vos núcleos urbanos informais; priedade na forma estabelecida na Lei nº 13.465,
XI – conceder direitos reais, preferencialmente de 2017, e neste Decreto, e do qual conste a identi-
em nome da mulher; e ficação de seus ocupantes, o tempo da ocupação
XII – franquear a participação dos interessados e a natureza da posse;
nas etapas do processo de regularização fundiária. VII – legitimação fundiária – mecanismo de re-
conhecimento da aquisição originária do direito
Art. 3º Para fins do disposto na Lei nº 13.465, de real de propriedade sobre unidade imobiliária
2017, e neste Decreto, considera-se: objeto de Reurb; e
I – núcleo urbano – assentamento humano, VIII – ocupante – aquele que mantenha poder
com uso e características urbanas, constituído de fato sobre o lote ou a fração ideal de imóvel
por unidades imobiliárias com área inferior à fra- público ou privado em núcleos urbanos informais.
ção mínima de parcelamento prevista no art. 8º da § 1º Para fins de Reurb, os Municípios e o Dis-
Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, indepen- trito Federal poderão dispensar as exigências
dentemente da propriedade do solo, ainda que si- relativas ao percentual e às dimensões de áreas
tuado em área qualificada ou inscrita como rural; destinadas ao uso público, ao tamanho dos lotes
II – núcleo urbano informal – aquele clandes- regularizados ou a outros parâmetros urbanísti-
tino, irregular ou no qual não tenha sido possível cos e edilícios.
realizar a titulação de seus ocupantes, ainda que § 2º O termo de compromisso referido no inciso V
atendida a legislação vigente à época de sua im- do caput conterá o cronograma da execução de
plantação ou regularização; obras e serviços e da implantação da infraestrutura
III – núcleo urbano informal consolidado – aque- essencial e poderá prever compensações urbanísti-
le de difícil reversão, considerados o tempo da cas e ambientais, quando necessárias.
ocupação, a natureza das edificações, a localiza- § 3º Constatada a existência de núcleo urbano
ção das vias de circulação e a presença de equi- informal situado, total ou parcialmente, em área
pamentos públicos, entre outras circunstâncias a de preservação permanente ou em área de uni-
dade de conservação de uso sustentável ou de
serem avaliadas pelo Município ou pelo Distrito
proteção de mananciais definidas pela União,
Federal;
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Mu-
IV – demarcação urbanística – procedimento
nicípios, a Reurb observará, também, o disposto
destinado a identificar os imóveis públicos e pri-
nos art. 64 e art. 65 da Lei nº 12.651, de 25 de maio
vados abrangidos pelo núcleo urbano informal e
de 2012, e será obrigatória a elaboração de estudo
a obter a anuência dos titulares de direitos inscri-
técnico que comprove que as intervenções de re-
tos nas matrículas ou nas transcrições dos imó-
gularização fundiária implicam a melhoria das
veis ocupados para possibilitar a averbação nas
condições ambientais em relação à situação de
matrículas da viabilidade da regularização fundiá- ocupação informal anterior com a adoção das
ria, a ser promovida a critério do Município ou do medidas nele preconizadas, inclusive por meio de
Distrito Federal; compensações ambientais, quando necessárias.
V – Certidão de Regularização Fundiária (CRF) § 4º Cabe aos Municípios e ao Distrito Federal a
– documento expedido pelo Município ou pelo Dis- aprovação do projeto de regularização fundiária
trito Federal ao final do procedimento da Reurb, do núcleo urbano informal de que trata o § 3º.
constituído do projeto de regularização fundiária § 5º Constatada a existência de núcleo urbano
aprovado, do termo de compromisso relativo a informal situado, total ou parcialmente, em área
sua execução e, no caso da legitimação fundiá- de unidade de conservação de uso sustentável
ria e da legitimação de posse, da listagem dos que, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de julho
ocupantes do núcleo urbano informal regulari- de 2000, admita a regularização, a anuência do
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órgão gestor da unidade será exigida, desde que em área rural, desde que a unidade imobiliária
estudo técnico comprove que essas intervenções tenha área inferior à fração mínima de parcela-
de regularização fundiária impliquem a melhoria mento prevista no art. 8º da Lei nº 5.868, de 1972.
das condições ambientais em relação à situação de § 14. Após a Reurb de núcleos urbanos infor-
ocupação informal anterior, o órgão gestor da uni- mais situados em áreas qualificadas como rurais,
dade de conservação de uso sustentável deverá se os Municípios e o Distrito Federal poderão efetuar
manifestar, para fins de Reurb, no prazo de noventa o cadastramento das novas unidades imobiliárias,
dias, contado da data do protocolo da solicitação. para fins de lançamento dos tributos municipais
§ 6º Na hipótese de recusa à anuência a que se re- e distritais.
fere o § 5º pelo órgão gestor da unidade, este emi-
tirá parecer, técnica e legalmente fundamentado, Art. 4º A aprovação municipal e distrital da Reurb
que justifique a negativa para realização da Reurb. de que trata o § 4º do art. 3º corresponde à apro-
§ 7º Na Reurb em núcleos urbanos informais vação urbanística do projeto de regularização fun-
situados às margens de reservatório artificial de diária, e à aprovação ambiental, se o Município
água destinado à geração de energia ou ao abas- tiver órgão ambiental capacitado.
tecimento público, a faixa da área de preserva- § 1º A aprovação ambiental a que se refere o
ção permanente consistirá na distância entre o caput corresponde à aprovação do estudo técnico
nível máximo operativo normal e a cota máxima ambiental a que se refere o inciso VIII do caput do
maximorum. art. 30.
§ 8º Não é admitida a Reurb em núcleos urbanos § 2º Considera-se órgão ambiental capacitado o
informais situados em áreas indispensáveis à se- órgão municipal que possua, em seus quadros ou
gurança nacional ou de interesse da defesa, assim à sua disposição, profissionais com atribuição téc-
reconhecidas em ato do Presidente da República. nica para a análise e a aprovação dos estudos refe-
§ 9º É admitida a Reurb em núcleos urbanos ridos no art. 3º, independentemente da existência
informais situados na faixa de fronteira estabele- de convênio com os Estados ou com a União.
cida na Lei nº 6.634, de 2 de maio de 1979, exceto § 3º A aprovação ambiental poderá ser feita
na hipótese referida no § 8º. pelos Estados, na hipótese de o Município não ter
§ 10. Consideram-se áreas indispensáveis à órgão ambiental capacitado.
segurança nacional para fins do disposto neste § 4º O estudo técnico ambiental será obrigatório
Decreto, os locais e as adjacências onde o Presi- somente para as parcelas dos núcleos urbanos in-
dente da República e o Vice-Presidente da Repú- formais situados nas áreas de preservação perma-
blica trabalham ou residem oficialmente durante
nente, nas unidades de conservação de uso sus-
o mandato presidencial, e das infraestruturas crí-
tentável ou nas áreas de proteção de mananciais
ticas, cujas instalações, serviços e bens, se forem
e poderá ser feito em fases ou etapas e a parte do
interrompidos ou destruídos, provocarão sérios
núcleo urbano informal não afetada pelo estudo
impactos à sociedade e ao Estado.
poderá ter seu projeto de regularização fundiária
§ 11. As infraestruturas críticas cujas instala-
aprovado e levado a registro separadamente.
ções, serviços e bens, se forem interrompidos ou
§ 5º Na Reurb de Interesse Social (Reurb-S),
destruídos, provocarão sérios impactos à socie-
quando houver estudo técnico ambiental, este de-
dade e ao Estado, serão definidas em ato do Presi-
dente da República, consultado o Gabinete de Se- verá comprovar que as intervenções da regulariza-
gurança Institucional da Presidência da República. ção fundiária implicam a melhoria das condições
§ 12. Aplica-se o disposto no § 10 quanto às ambientais em relação à situação de ocupação
instalações, e às suas adjacências, utilizadas de informal anterior com a adoção das medidas
forma permanente ou não pelo Presidente da Re- nele preconizadas e deverá conter, no mínimo, os
pública e pelo Vice-Presidente da República, con- seguintes elementos previstos no art. 64 da Lei
forme indicação definida em ato do Ministro de nº 12.651, de 2012:
Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institu- I – caracterização da situação ambiental da
cional da Presidência da República. área a ser regularizada;
§ 13. O disposto na Lei nº 13.465, de 2017, e II – especificação dos sistemas de saneamento
neste Decreto se aplica aos imóveis localizados básico;
92
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
§ 1º Caso exista demanda judicial de que o im- comunicará as demais circunscrições imobiliárias
pugnante seja parte e que verse sobre direitos reais envolvidas para averbação da demarcação urba-
ou possessórios relativos ao imóvel abrangido pela nística nas matrículas alcançadas.
demarcação urbanística, este deverá informá-la § 5º A demarcação urbanística será averbada
ao Poder Público, o qual comunicará ao juízo a ainda que a área abrangida pelo auto de demar-
existência do procedimento de que trata o caput. cação urbanística supere a área disponível nos
§ 2º Para subsidiar o procedimento de que trata registros anteriores.
o caput, será feito levantamento de eventuais § 6º Para a averbação da demarcação urbanís-
passivos tributários, ambientais e administrati- tica, a retificação da área não abrangida pelo auto
vos associados ao imóvel objeto da impugnação, de demarcação urbanística não será exigida e a
assim como das posses existentes, com vistas à apuração de área remanescente será de responsa-
identificação de casos de prescrição aquisitiva da bilidade do proprietário do imóvel atingido.
propriedade. Seção III
§ 3º A mediação observará o disposto na Lei Da Legitimação Fundiária
nº 13.140, de 26 de junho de 2015, facultado ao
Art. 16. A legitimação fundiária constitui forma
Poder Público promover a alteração do auto de
originária de aquisição do direito real de proprie-
demarcação urbanística ou adotar qualquer outra
dade conferido por ato do Poder Público, exclusi-
medida que possa afastar a oposição do proprie-
vamente no âmbito da Reurb, àquele que detiver
tário ou dos confrontantes à regularização da área
em área pública ou possuir em área privada, como
ocupada.
sua, unidade imobiliária com destinação urbana,
§ 4º Fica facultado o emprego da arbitragem
integrante de núcleo urbano informal consolidado
caso não seja obtido acordo na fase de mediação.
existente em 22 de dezembro de 2016. (Caput do ar-
Art. 15. Decorrido o prazo sem impugnação ou tigo com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
superada a oposição ao procedimento, o auto de § 1º Apenas na Reurb-S, a legitimação fundiária
demarcação urbanística será encaminhado ao será concedida ao beneficiário desde que atendi-
cartório de registro de imóveis e averbado nas das as seguintes condições:
matrículas por ele alcançadas. I – não ser o beneficiário concessionário, foreiro
§ 1º A averbação informará: ou proprietário de imóvel urbano ou rural;
I – a área total e o perímetro correspondente ao II – não ter sido o beneficiário contemplado
núcleo urbano informal a ser regularizado; com por legitimação de posse ou fundiária de
II – as matrículas alcançadas pelo auto de demar- imóvel urbano com a mesma finalidade, ainda
cação urbanística e, quando possível, a área abran- que situado em núcleo urbano distinto; e
gida em cada uma delas; e III – quanto a imóvel urbano com finalidade não
III – a existência de áreas cuja origem não tenha residencial, ser reconhecido, pelo Poder Público,
sido identificada em razão de imprecisões dos re- o interesse público de sua ocupação.
gistros anteriores. § 2º Por meio da legitimação fundiária, em
§ 2º Na hipótese de o auto de demarcação urba- quaisquer das modalidades da Reurb, o ocupante
nística incidir sobre imóveis ainda não matricula- adquire a unidade imobiliária com destinação ur-
dos previamente à averbação, será aberta matrí- bana livre e desembaraçada de quaisquer ônus,
cula, que refletirá a situação registrada do imóvel, direitos reais, gravames ou inscrições, eventual-
dispensadas a retificação do memorial descritivo mente existentes em sua matrícula ou transcrição
e a apuração de área remanescente. de origem, exceto quando disserem respeito ao
§ 3º Na hipótese de registro anterior efetuado próprio beneficiário.
em outra circunscrição, para abertura da matrí- § 3º As inscrições, as indisponibilidades e os gra-
cula de que trata o § 2º, o oficial requererá, de ofí- vames existentes no registro da área maior origi-
cio, certidões atualizadas daquele registro. nária serão transportados para as matrículas das
§ 4º Na hipótese de a demarcação urbanística unidades imobiliárias que não houverem sido ad-
abranger imóveis situados em mais de uma cir- quiridas por legitimação fundiária.
cunscrição imobiliária, o oficial do cartório de re- § 4º Na Reurb-S de imóveis públicos, a União,
gistro de imóveis responsável pelo procedimento os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e as
97
suas entidades vinculadas, quando titulares do e da natureza da posse, o qual poderá ser conver-
domínio, ficam autorizados a reconhecer o direito tido em direito real de propriedade, na forma esta-
de propriedade aos ocupantes do núcleo urbano belecida na Lei nº 13.465, de 2017, e neste Decreto.
informal regularizado por meio da legitimação (Caput do artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.597,
fundiária. de 4/12/2018)
§ 5º Na legitimação fundiária, o Poder Público § 1º A legitimação de posse poderá ser transfe-
encaminhará ao cartório de registro de imóveis, rida por causa mortis ou por ato inter vivos.
para registro imediato da aquisição de proprie- § 2º A legitimação de posse não se aplica aos
dade, a CRF, dispensados a apresentação de título imóveis urbanos situados em área de titularidade
individualizado e as cópias da documentação re- do Poder Público.
ferente à qualificação do beneficiário, o projeto de § 3º O possuidor pode, para o fim de contar o
regularização fundiária aprovado, a listagem dos tempo exigido pela legislação específica, acres-
ocupantes e a sua devida qualificação e a identi- centar à sua posse a dos seus antecessores, nos
ficação das áreas que estes ocupam. termos estabelecidos no art. 1.243 da Lei nº 10.406,
§ 6º Para fins do disposto no § 5º, a CRF será de 2002 (Código Civil).
acompanhada exclusivamente pelo projeto de
Art. 19. Sem prejuízo dos direitos decorrentes
regularização fundiária aprovado, a listagem dos
do exercício da posse mansa e pacífica no tempo,
ocupantes, com a sua qualificação, e a identifica-
aquele em cujo favor for expedido título de legiti-
ção das áreas ocupadas.
mação de posse, decorrido o prazo de cinco anos,
§ 7º O Poder Público poderá atribuir domínio ad-
contado da data do seu registro, terá a conversão
quirido por legitimação fundiária aos ocupantes
automática deste em título de propriedade, desde
que não tenham constado da listagem inicial, por
que atendidos os termos e as condições previstos
meio de cadastramento complementar, sem pre-
no art. 183 da Constituição, independentemente
juízo dos direitos de quem tenha constado da lis-
de provocação prévia ou da prática de ato registral.
tagem inicial.
§ 1º Nas hipóteses não contempladas no art. 183
§ 8º O procedimento previsto neste artigo po-
da Constituição, o título de legitimação de posse
derá ser aplicado no todo ou em parte do núcleo
poderá ser convertido em título de propriedade,
urbano informal e as unidades que não tenham
desde que satisfeitos os requisitos do usucapião,
sido regularizadas por meio da legitimação fun-
estabelecidos em lei, a requerimento do interes-
diária poderão ser regularizadas por meio de
sado, perante o cartório de registro de imóveis.
outro instrumento previsto em lei.
§ 2º A legitimação de posse, após convertida
Art. 17. Nos casos de regularização fundiária ur- em propriedade, constitui forma originária de
bana previstos na Lei nº 11.952, de 2009, os Mu- aquisição de direito real, de modo que a unidade
nicípios e o Distrito Federal poderão utilizar a imobiliária com destinação urbana regularizada
legitimação fundiária e os demais instrumentos restará livre e desembaraçada de quaisquer ônus,
previstos na Lei nº 13.465, de 2017, para conferir direitos reais, gravames ou inscrições existentes
propriedade aos ocupantes. em sua matrícula ou transcrição de origem, exceto
Parágrafo único. Na hipótese a que se refere o quando disserem respeito ao próprio beneficiário.
caput, o órgão público municipal ou distrital res- § 3º Poderão ser utilizados diferentes meios de
ponsável deverá promover a Reurb nos termos prova para a comprovação dos prazos de tempo
estabelecidos na Lei nº 13.465, de 2017, e neste de posse necessários para a conversão do título
Decreto. de posse em título de propriedade nos termos do
Seção IV caput e do § 1º.
Da Legitimação de Posse Art. 20. O título de legitimação de posse po-
Art. 18. A legitimação de posse, instrumento de derá ser cancelado pelo Poder Público emitente
uso exclusivo para fins de regularização fundiária, quando constatado que as condições estabele-
constitui ato do Poder Público destinado a con- cidas na Lei nº 13.465, de 2017, e neste Decreto
ferir título, por meio do qual fica reconhecida a deixaram de ser satisfeitas, sem que seja devida
posse de imóvel objeto da Reurb, com a identifi- qualquer indenização àquele que irregularmente
cação de seus ocupantes, do tempo da ocupação se beneficiou do instrumento.
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DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
Parágrafo único. Após efetuado o procedimento Art. 22. A fim de fomentar a implantação das
a que se refere o caput, o Poder Público solicitará medidas da Reurb, os entes federativos poderão
ao oficial do cartório de registro de imóveis a aver- celebrar convênios ou outros instrumentos con-
bação do seu cancelamento. gêneres com o Ministério das Cidades, com vistas
a cooperar para a fiel execução do disposto neste
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Decreto.
99
§ 3º O Poder Público municipal ou distrital po- I – não indicar, de forma plausível, onde e de
derá promover alterações no projeto de regulari- que forma a Reurb avança na propriedade do im-
zação fundiária em decorrência do acolhimento, pugnante;
total ou parcial, das impugnações referidas nos II – não apresentar motivação, ainda que sumá-
§ 1º e § 2º. ria; ou
§ 4º A notificação do proprietário e dos confi- III – versar sobre matéria estranha ao procedi-
nantes será feita por via postal com aviso de rece- mento da Reurb em andamento.
bimento, no endereço que constar da matrícula § 13. Caso algum dos imóveis atingidos ou con-
ou da transcrição do imóvel e será considerada finantes não esteja matriculado ou transcrito na
efetuada quando comprovada a entrega nesse serventia, o Distrito Federal ou o Município reali-
endereço. zará diligências junto às serventias anteriormente
§ 5º A notificação da Reurb também será feita competentes, por meio da apresentação da plan-
por meio de publicação de edital, com prazo de ta do perímetro regularizado, a fim de que a sua
trinta dias, do qual deverá constar, de forma resu- situação jurídica atual seja certificada, caso pos-
mida, a descrição da área a ser regularizada, nos sível. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.597,
seguintes casos: de 4/12/2018)
I – do proprietário e dos confinantes não encon- § 14. O requerimento de instauração da Reurb
trados; e ou, na forma do regulamento, a manifestação de
II – de recusa da notificação por qualquer mo- interesse nesse sentido por parte de quaisquer
tivo. dos legitimados garante, perante o Poder Público,
§ 6º A ausência de manifestação dos titulares aos ocupantes dos núcleos urbanos informais si-
de domínio, dos responsáveis pela implantação tuados em áreas públicas a serem regularizados
do núcleo urbano informal, dos confinantes e dos a permanência em suas unidades imobiliárias,
terceiros eventualmente interessados será inter- preservadas as situações de fato já existentes,
pretada como concordância com a Reurb. até o eventual arquivamento definitivo do proce-
§ 7º O procedimento extrajudicial de composi- dimento da Reurb.
ção de conflitos será iniciado caso a impugnação § 15. Na Reurb-E, compete ao requerente legi-
não seja acolhida. timado fornecer as certidões que comprovem a
§ 8º A notificação conterá a advertência de que titularidade de domínio da área, providenciar o le-
a ausência de impugnação implicará a perda de vantamento topográfico georreferenciado e apre-
eventual direito de que o notificado titularize sentar o memorial descritivo da área e a planta
sobre o imóvel objeto da Reurb. do perímetro do núcleo urbano informal com de-
§ 9º Apresentada a impugnação apenas em re- monstração, quando possível, das matrículas ou
lação a parte da área objeto da Reurb, é facultado das transcrições atingidas.
ao Poder Público municipal ou distrital prosseguir § 16. Fica dispensado o disposto neste artigo,
com a Reurb em relação à parcela não impugnada. caso adotados os procedimentos da demarcação
§ 10. O Poder Público municipal ou distrital po- urbanística.
derá rejeitar a impugnação infundada, por meio
Art. 25. A Reurb será instaurada por decisão do
de ato fundamentado do qual constem as razões
Município, por meio de requerimento, por escrito,
pelas quais assim a considerou, e dar seguimento
de um dos legitimados de que trata este Decreto.
à Reurb se o impugnante não apresentar recurso
Parágrafo único. Na hipótese de indeferimento
no prazo de quinze dias, contado da data da noti-
do requerimento de instauração da Reurb, a de-
ficação da decisão de rejeição.
cisão do Município ou do Distrito Federal deverá
§ 11. Na hipótese de interposição de recurso, o
indicar as medidas a serem adotadas com vistas
impugnante apresentará as suas razões ao Mu-
à reformulação e à reavaliação do requerimento,
nicípio ou ao Distrito Federal e, caso não haja
quando for o caso.
consenso, o Poder Público municipal ou distrital
poderá iniciar o procedimento extrajudicial de Art. 26. Instaurada a Reurb, compete ao Municí-
composição de conflitos. (Parágrafo com redação dada pio ou ao Distrito Federal aprovar o projeto de re-
pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) gularização fundiária, do qual deverão constar as
§ 12. Considera-se infundada a impugnação que: responsabilidades das partes envolvidas.
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DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
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DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
Art. 31. O projeto urbanístico de regularização ou distrital, em momento posterior, de forma co-
fundiária indicará, no mínimo: letiva ou individual.
I – as áreas ocupadas, o sistema viário e as uni- § 4º As obras de implantação da infraestrutura
dades imobiliárias existentes e projetados; essencial, de equipamentos comunitários e de
II – as unidades imobiliárias a serem regulari- melhoria habitacional e a sua manutenção pode-
zadas, as suas características, a área, as confron- rão ser realizadas antes, durante ou após a con-
tações, a localização, o nome do logradouro e o clusão da Reurb.
número da designação cadastral, se houver; (Inciso § 5º O Poder Público municipal ou distrital defi-
com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) nirá os requisitos para elaboração do projeto de
III – as unidades imobiliárias edificadas a serem regularização fundiária, no que se refere aos dese-
regularizadas, as suas características, a área dos nhos, ao memorial descritivo e ao cronograma fí-
lotes e das edificações, as confrontações, a loca-
sico de obras e serviços a serem realizados, se for o
lização, o nome do logradouro e o número da de-
caso. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.597,
signação cadastral;
de 4/12/2018)
IV – quando for o caso, as quadras e as suas sub-
§ 6º A inexistência de regulamentação dos re-
divisões em lotes ou as frações ideais vinculadas
quisitos a que se refere o § 5º não impedirá o pro-
à unidade regularizada;
cessamento da Reurb e o registro da CRF.
V – os logradouros, os espaços livres, as áreas
§ 7º A planta e o memorial descritivo serão as-
destinadas aos edifícios públicos e outros equipa-
sinados por profissional legalmente habilitado,
mentos urbanos, quando houver;
VI – as áreas já usucapidas; dispensada a apresentação da ART no Conselho
VII – as medidas de adequação para a correção Regional de Engenharia e Arquitetura ou do RRT
das desconformidades, quando necessárias; (In- no Conselho de Arquitetura e Urbanismo, quando
ciso com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) o responsável técnico for servidor ou empregado
VIII – as medidas necessárias à adequação da público.
mobilidade, da acessibilidade, da infraestrutura § 8º As áreas já usucapidas referidas no inciso
e da relocação de edificações; VI do caput constarão do projeto de regularização
IX – as obras de infraestrutura essenciais, quan- fundiária com a área constante na matrícula ou
do necessárias; e na transcrição e com a observação de se tratar
X – outros requisitos que sejam definidos pelo de unidade imobiliária já registrada e oriunda de
Poder Público municipal ou distrital. processo de usucapião e a nova descrição técnica
§ 1º Para fins do disposto na Lei nº 13.465, de georreferenciada da unidade imobiliária deverá
2017, e neste Decreto, consideram-se infraestru- ser averbada na matrícula existente.
tura essencial os seguintes equipamentos:
Art. 32. O memorial descritivo do núcleo urbano
I – sistema de abastecimento de água potável,
informal conterá, no mínimo:
coletivo ou individual;
I – a descrição do perímetro do núcleo urbano,
II – sistema de coleta e tratamento do esgota-
com indicação resumida de suas características;
mento sanitário, coletivo ou individual;
II – a descrição técnica das unidades imobiliá-
III – rede de energia elétrica domiciliar;
rias, do sistema viário e das demais áreas públicas
IV – soluções de drenagem, quando necessá-
rias; e (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de que componham o núcleo urbano informal;
4/12/2018) III – a enumeração e a descrição dos equipa-
V – outros equipamentos a serem definidos pelo mentos urbanos comunitários e dos prédios pú-
Poder Público municipal ou distrital em função das blicos existentes no núcleo urbano informal e
necessidades locais e das características regionais. dos serviços públicos e de utilidade pública que
§ 2º A Reurb poderá ser implementada por eta- integrarão o domínio público com o registro da
pas e abranger o núcleo urbano informal de forma regularização; e
total ou parcial. IV – quando se tratar de condomínio, as des-
§ 3º Na Reurb de parcelamentos do solo, as edi- crições técnicas, os memoriais de incorporação
ficações já existentes nos lotes poderão ser regu- e os demais elementos técnicos previstos na Lei
larizadas, a critério do Poder Público municipal nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964.
103
Art. 33. Na hipótese de núcleo urbano informal risco a que se refere o inciso VII do caput do art. 30,
localizado em mais de um Município e de não ser a fim de examinar a possibilidade de eliminação,
possível o seu desmembramento, de forma que de correção ou de administração de riscos na par-
cada parcela fique integralmente no território de cela afetada. (Caput do artigo com redação dada pelo
um Município, o projeto urbanístico deverá assi- Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
nalar a sua divisão territorial. § 1º Na hipótese prevista no caput, a implan-
§ 1º Na hipótese de a divisão territorial atingir tação das medidas indicadas no estudo técnico
a unidade imobiliária de modo que esta fique lo- realizado será condição indispensável à aprova-
calizada em mais de um Município, os Poderes ção da Reurb.
Públicos municipais poderão instaurar os proce- § 2º O estudo técnico de que trata este artigo
dimentos da Reurb de forma conjunta. será elaborado por profissional legalmente habi-
§ 2º Não instaurado o procedimento de forma litado, dispensada a apresentação da ART, ou de
conjunta, nos termos do § 1º, o Poder Público mu- documento equivalente, quando o responsável
nicipal que instaurar a Reurb indicará apenas as técnico for servidor ou empregado público.
unidades imobiliárias cuja maior porção territo- § 3º Os estudos técnicos previstos neste artigo
rial esteja situada em seu território. aplicam-se somente às parcelas dos núcleos ur-
Art. 34. Na Reurb-S, caberá ao Poder Público banos informais situados nas áreas de risco e a
competente, diretamente ou por meio da admi- parte do núcleo urbano não inserida na área de
nistração pública indireta, ou por meio das con- risco e não afetada pelo estudo técnico poderá ter
cessionárias e permissionárias de serviços pú- o seu projeto de regularização fundiária aprovado
blicos, implantar a infraestrutura essencial, os e levado a registro separadamente.
equipamentos públicos ou comunitários e as me- § 4º Na Reurb-S de área de risco que não com-
lhorias habitacionais previstas nos projetos de re- porte eliminação, correção ou administração, o
gularização fundiária, além de arcar com os cus- Poder Público municipal ou distrital providen-
tos de sua manutenção. (Artigo com redação dada pelo ciará a realocação dos ocupantes do núcleo ur-
Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) bano informal a ser regularizado.
§ 5º Na hipótese a que se refere o § 4º, se o risco
Art. 35. Na Reurb-E, o Distrito Federal ou o Mu-
se der em área privada, o Poder Público municipal
nicípio deverá definir, quando da aprovação dos
ou distrital poderá ser ressarcido dos custos com
projetos de regularização fundiária, os responsá-
a realocação pelos responsáveis pela implantação
veis pela:
do núcleo urbano informal.
I – implantação dos sistemas viários;
§ 6º Na Reurb-E de área de risco que não com-
II – implantação da infraestrutura essencial, dos
porte eliminação, correção ou administração, a
equipamentos públicos ou comunitários, quando
realocação dos ocupantes do núcleo urbano
for o caso; e
informal a ser regularizado será providenciada
III – implementação das medidas de mitigação
e compensação urbanística e ambiental e daque- pelo titular de domínio, pelos responsáveis pela
las indicadas no estudo técnico ambiental. implantação do núcleo urbano informal, pelos be-
§ 1º As responsabilidades de que trata o caput po- neficiários ou pelo legitimado promotor da Reurb.
derão ser atribuídas aos beneficiários da Reurb-E. Seção IV
§ 2º Os responsáveis pela adoção de medidas Da Conclusão da Regularização
de mitigação e compensação urbanística e am- Fundiária Urbana
biental celebrarão termo de compromisso com Art. 37. O pronunciamento da autoridade compe-
as autoridades competentes do Poder Público tente que decidir o processamento administrativo
municipal ou distrital, como condição de aprova- da Reurb deverá:
ção da Reurb-E. I – aprovar o projeto de regularização fundiária
Art. 36. Para que seja aprovada a Reurb de área resultante da Reurb;
de núcleos urbanos informais, ou de parcela dela, II – indicar as intervenções a serem executadas,
situados em áreas de riscos geotécnicos, de inun- se for o caso, conforme o projeto de regularização
dações ou de outros riscos especificados em lei, fundiária aprovado; e (Inciso com redação dada pelo
será elaborado o estudo técnico para situação de Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
104
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
III – identificar e declarar os ocupantes de cada Parágrafo único. Na hipótese de recusa do re-
unidade imobiliária com destinação urbana regu- gistro, o oficial do cartório do registro de imóveis
larizada e os seus direitos reais. expedirá nota devolutiva fundamentada, na qual
§ 1º As intervenções previstas no inciso II do indicará os motivos da recusa e estipulará as exi-
caput consistem em obras de implantação da in- gências na forma prevista na Lei nº 13.465, de
fraestrutura essencial, serviços e compensações, 2017, e neste Decreto. (Parágrafo único com redação
dentre outras. (Parágrafo com redação dada pelo De- dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
creto nº 9.597, de 4/12/2018) Art. 41. Na hipótese de a Reurb abranger imóveis
§ 2º Na hipótese de constituição de direitos situados em mais de uma circunscrição imobiliá-
reais feita por título individual, a autoridade com- ria, o procedimento será efetuado perante o oficial
petente fica dispensada do cumprimento do dis- de cada um dos cartórios de registro de imóveis.
posto no inciso III do caput. Parágrafo único. Quando os imóveis regulari-
Art. 38. A CRF é o ato administrativo de aprovação zados estiverem situados em divisa de circunscri-
da Reurb que acompanhará o projeto de regula- ções imobiliárias, as novas matrículas das unida-
rização fundiária aprovado e conterá, no mínimo: des imobiliárias serão de competência do oficial
I – o nome do núcleo urbano regularizado; do cartório de registro de imóveis em cuja circuns-
II – a localização do núcleo urbano regularizado; crição esteja situada a maior porção da unidade
III – a modalidade da Reurb; imobiliária regularizada.
IV – os responsáveis pelas obras e pelos serviços Art. 42. Recebida a CRF, cumprirá ao oficial do car-
constantes do cronograma; tório do registro de imóveis prenotá-la, autuá-la,
V – a indicação numérica de cada unidade regu- instaurar o procedimento registral e, no prazo de
larizada, quando possível; e quinze dias, emitir a nota de exigência ou praticar
VI – a listagem dos ocupantes que houverem os atos tendentes ao registro.
adquirido a unidade, por meio de título de legiti- § 1º O registro do projeto Reurb aprovado im-
mação fundiária ou de ato único de registro, que porta:
conterá o nome do ocupante, o seu estado civil, I – a abertura de nova matrícula, quando for o
a sua a profissão, o seu número de inscrição no caso;
CPF, o número de sua carteira de identidade e a II – a abertura de matrículas individualizadas
sua a filiação. para os lotes e as áreas públicas resultantes do
Parágrafo único. A CRF, na hipótese de Reurb projeto de regularização aprovado; e
somente para titulação final dos beneficiários de III – o registro dos direitos reais indicados na
núcleos urbanos informais já registrados junto ao CRF junto às matrículas dos lotes, dispensada a
cartório de registro de imóveis, dispensa a apre- apresentação de título individualizado.
sentação do projeto de regularização fundiária § 2º Para fins do disposto neste Decreto, o regis-
aprovado. tro dos direitos reais ao beneficiário, de que trata
o inciso III do § 1º, compreende os títulos prove-
Art. 39. O indeferimento do projeto de regulari-
nientes de quaisquer dos institutos jurídicos e ins-
zação fundiária será técnica e legalmente funda-
trumentos de aquisição previstos na Lei nº 13.465,
mentado, de modo a permitir, quando possível, a
de 2017, e neste Decreto.
reformulação do referido projeto e a reavaliação
§ 3º Na falta de indicação dos beneficiários e dos
do pedido de aprovação.
direitos reais na CRF, será feito o registro do pro-
CAPÍTULO IV jeto de regularização fundiária com abertura de
DO REGISTRO DA REGULARIZAÇÃO matrícula para cada unidade imobiliária e o direito
FUNDIÁRIA URBANA
real será registrado posteriormente, por meio de
Art. 40. Os registros da CRF e do projeto de re- título individual ou conforme o disposto no art. 10.
gularização fundiária aprovado serão requeridos § 4º Quando o núcleo urbano regularizado
diretamente ao oficial do cartório de registro de abranger mais de uma matrícula ou transcrição,
imóveis da situação do imóvel e serão efetivados o oficial do registro de imóveis abrirá nova ma-
independentemente de decisão judicial ou de trícula para a área objeto de regularização, con-
determinação do Ministério Público. forme previsto no inciso I do caput, com destaque
105
para a área abrangida na matrícula ou na trans- e este Decreto, dispensada a outorga de escritura
crição de origem, dispensada a apuração de área pública para indicação da quadra e do lote.
remanescente.
Art. 44. Para atendimento ao princípio da espe-
§ 5º Quando o núcleo urbano regularizado
cialidade, o oficial do cartório de registro de imó-
abranger imóveis ainda não matriculados, será
veis adotará o memorial descritivo da gleba apre-
aberta matrícula que refletirá a situação da área
sentado com o projeto de regularização fundiária
ocupada pelo núcleo regularizado, dispensadas
e deverá averbá-lo na matrícula existente ante-
a retificação do memorial descritivo e a apuração
riormente ao registro do projeto, independen-
de área remanescente.
temente de provocação, retificação, notificação,
§ 6º O registro da CRF dispensa a comprovação
unificação ou apuração de disponibilidade ou de
do pagamento de tributos ou penalidades tributá-
área remanescente.
rias de responsabilidade dos legitimados.
§ 1º Na hipótese de haver dúvida quanto à ex-
§ 7º O registro da CRF aprovado independe de
tensão da gleba matriculada, em razão da preca-
averbação prévia do cancelamento do cadastro
riedade da descrição tabular, o oficial do cartório
de imóvel rural junto ao Instituto Nacional de Co-
de registro de imóveis abrirá nova matrícula para
lonização e Reforma Agrária (Incra).
a área destacada e averbará o destaque na ma-
§ 8º O procedimento para registro deverá ser
trícula matriz.
concluído no prazo de sessenta dias, prorrogável,
§ 2º As notificações serão emitidas de forma
no máximo, por igual período, mediante justifica-
simplificada e indicarão os dados de identificação
tiva fundamentada do oficial do cartório de regis-
do núcleo urbano a ser regularizado, sem a anexa-
tro de imóveis.
ção de plantas, projetos, memoriais ou outros do-
§ 9º O oficial do cartório de registro de imóveis
cumentos, e convidará o notificado a comparecer
fica dispensado de providenciar a notificação dos
titulares de domínio, dos confinantes e de tercei- à sede da serventia para tomar conhecimento da
ros eventualmente interessados, uma vez cum- CRF com a advertência de que o não compareci-
prido este rito pelo Município ou pelo Distrito Fe- mento e a não apresentação de impugnação, no
deral, conforme o disposto no art. 24. prazo legal, importará em anuência ao registro.
§ 10. O oficial do cartório de registro de imóveis, § 3º As notificações previstas no caput e no § 2º
após o registro da CRF, notificará o Incra, o Minis- serão feitas aos titulares de domínio das áreas
tério do Meio Ambiente e a Receita Federal do envolvidas na Reurb, as quais ficam dispensadas
Brasil do Ministério da Fazenda, para que cance- quando já realizadas pelos Municípios ou pelo Dis-
lem, parcial ou totalmente, os registros existentes trito Federal. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto
no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e nos demais nº 9.597, de 4/12/2018)
cadastros relacionados a imóvel rural, relativa- § 4º Na hipótese de o projeto de regularização
mente às unidades imobiliárias regularizadas. fundiária não envolver a integralidade do imóvel
matriculado, o registro será feito com base na
Art. 43. Quando se tratar de imóvel sujeito a re-
planta e no memorial descritivo referentes à área
gime de condomínio geral a ser dividido em lotes
objeto de regularização e será averbado destaque
com indicação, na matrícula, da área deferida a
da área na matrícula da área total.
cada condômino, o Município poderá indicar, de
forma individual ou coletiva, as unidades imobi- Art. 45. Os padrões dos memoriais descritivos,
liárias correspondentes às frações ideais registra- das plantas e das demais representações gráfi-
das, sob sua exclusiva responsabilidade, para a cas, inclusive escalas adotadas e outros detalhes
especialização das áreas registradas em comum. técnicos, seguirão as diretrizes estabelecidas pela
Parágrafo único. Na hipótese de a informação autoridade municipal ou distrital competente, as
prevista no caput não constar do projeto de re- quais serão consideradas atendidas com a emis-
gularização fundiária aprovado pelo Município são da CRF.
ou pelo Distrito Federal, as novas matrículas das Parágrafo único. Não serão exigidos reconheci-
unidades imobiliárias serão abertas por meio de mentos de firma nos documentos que compõem
requerimento de especialização formulado pelos a CRF ou o termo individual de legitimação fun-
legitimados de que tratam a Lei nº 13.465, de 2017, diária quando apresentados pela União, pelos
106
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
Estados, pelo Distrito Federal, pelos Municípios cleo urbano informal que constar da CRF e nela
ou pelos entes da administração pública indireta. efetuará o registro.
Art. 46. O registro da CRF produzirá efeito de insti- Art. 50. Registrada a CRF, será aberta matrícula
tuição e especificação de condomínio, quando for para cada uma das unidades imobiliárias regula-
o caso, regido pelas disposições legais específicas, rizadas.
hipótese em que ficará facultada aos condôminos Parágrafo único. Nas hipóteses de ter sido cele-
a aprovação de convenção condominial. brado compromisso de compra e venda, contrato
§ 1º Para que a CRF produza efeito de instituição de a cessão ou promessa de cessão, este será tí-
e especificação de condomínio, dela deverá cons- tulo hábil para a aquisição da propriedade pelos
tar, no mínimo, os cálculos das áreas das unidades ocupantes das unidades imobiliárias objeto de
autônomas, a sua área privativa, a área de uso ex- Reurb quando acompanhado da prova de quita-
clusivo, se houver, a área de uso comum e a sua ção das obrigações do adquirente e será registrado
fração ideal no terreno. nas matrículas das unidades imobiliárias corres-
§ 2º O disposto no § 1º não se aplica na hipó- pondentes resultantes da regularização fundiária.
tese de a documentação referente à instituição e
Art. 51. Com o registro da CRF, serão incorpora-
à especificação de condomínio acompanhar a CRF.
das automaticamente ao patrimônio público as
§ 3º Na Reurb-S, fica dispensada a apresentação
vias públicas, as áreas destinadas ao uso comum
dos quadros de área da Norma de Avaliação de cus-
do povo, os prédios públicos e os equipamentos
tos de construção para incorporação imobiliária e
urbanos, na forma estabelecida no projeto de re-
outras disposições para condomínios edilícios da
gularização fundiária aprovado. (Caput do artigo com
ABNT, NBR 12.721, ou outra que venha a sucedê-la.
redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
Art. 47. O registro da CRF será feito em todas § 1º A requerimento do Poder Público munici-
as matrículas atingidas pelo projeto de regula-
pal ou distrital, o oficial do cartório de registro
rização fundiária aprovado e serão informadas,
de imóveis abrirá matrícula para as áreas que te-
quando possível, as parcelas correspondentes a
nham ingressado no domínio público.
cada matrícula.
§ 2º O requerimento de registro da CRF substitui
Art. 48. Das matrículas abertas para cada parcela o requerimento a que se refere o § 1º.
deverão constar, nos campos referentes ao regis-
Art. 52. As unidades desocupadas e não comer-
tro anterior e ao proprietário:
cializadas alcançadas pela Reurb terão as suas
I – quando for possível identificá-la, a identifica-
matrículas abertas em nome do titular originário
ção exata da origem da parcela matriculada, por
do domínio da área. (Caput do artigo com redação dada
meio de planta de sobreposição do parcelamento
pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
com os registros existentes, a matrícula anterior e
§ 1º As unidades não edificadas que tenham sido
o nome de seu proprietário; ou
comercializadas a qualquer título terão as suas
II – quando não for possível identificar a origem
matrículas abertas em nome do adquirente, nos
exata da parcela matriculada, todas as matrícu-
termos estabelecidos no parágrafo único do art. 50.
las anteriores atingidas pela Reurb e a expressão
§ 2º As unidades imobiliárias na forma de lotes
“proprietário não identificado”, dispensadas as es-
não edificadas ou desocupadas e já comercializa-
pecificações a que se referem os itens 4 e 5 do in-
das poderão ser provenientes de núcleos urbanos
ciso II do caput do art. 167 da Lei nº 6.015, de 1973.
informais na forma de parcelamento do solo ou
Art. 49. Qualificada a CRF, desde que não haja exi- de condomínio de lotes.
gências nem impedimentos, o oficial do cartório
de registro de imóveis efetuará o seu registro na CAPÍTULO V
DAS ISENÇÕES
matrícula dos imóveis cujas áreas tenham sido
atingidas, total ou parcialmente. Art. 53. São isentos de custas e emolumentos os
Parágrafo único. Não identificadas as matrí- atos necessários ao registro da Reurb-S.
culas ou as transcrições da área regularizada, o § 1º As isenções de custas e emolumentos a que
oficial do cartório de registro de imóveis abrirá se refere o caput independem do disposto no § 4º
matrícula com a descrição do perímetro do nú- do art. 11 da Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005.
107
§ 2º As isenções de custas e emolumentos Art. 56. Para a dispensa de custas e emolumentos
aplicam-se a partir da classificação prevista nos prevista na Lei nº 13.465, de 2017, será apresen-
art. 13 e art. 30, caput, inciso I, da Lei nº 13.465, de tado o título de legitimação fundiária, de posse ou
2017, pela autoridade competente, como Reurb-S. outro instrumento de aquisição, pelos legitima-
§ 3º Para a aplicação das isenções de custas e dos ou pelos ocupantes, ao oficial do cartório de
emolumentos na fase de processamento adminis- registro de imóveis competente, no prazo máximo
trativo da Reurb-S anterior à emissão da CRF, o de um ano, contado da data de emissão do título.
interessado apresentará documento emitido pela Art. 57. Fica habilitado o Fundo Nacional de Habi-
autoridade competente que ateste a classificação tação de Interesse Social (FNHIS), criado pela Lei
da regularização do núcleo urbano informal como nº 11.124, de 2005, a destinar recursos para a com-
Reurb-S, na forma prevista no art. 5º. pensação, total ou parcial, dos custos referentes
Art. 54. Os atos necessários ao registro da Reurb-S, aos atos necessários ao registro da Reurb-S, a que
a que se refere o caput do art. 53, compreendem, se refere o caput do art. 53.
entre outros: CAPÍTULO VI
I – o primeiro registro da Reurb-S, o qual con- DO DIREITO REAL DE LAJE
fere direitos reais aos beneficiários;
Art. 58. O proprietário de uma construção-base
II – o registro da legitimação fundiária;
poderá ceder a superfície superior ou inferior de
III – o registro do título de legitimação de posse
sua construção a fim de que o titular da laje man-
e a sua conversão em título de propriedade;
tenha unidade distinta daquela originalmente
IV – o registro da CRF e do projeto de regulari-
construída sobre o solo.
zação fundiária, com abertura de matrícula para
§ 1º O direito real de laje contempla o espaço
cada unidade imobiliária urbana regularizada;
aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou pri-
V – a primeira averbação de construção residen-
vados, tomados em projeção vertical como uni-
cial, desde que respeitado o limite de até setenta
dade imobiliária autônoma, não contempladas as
metros quadrados;
demais áreas, edificadas ou não, pertencentes ao
VI – a aquisição do primeiro direito real sobre
proprietário da construção-base.
unidade imobiliária derivada da Reurb-S;
§ 2º O titular do direito real de laje responderá
VII – o primeiro registro do direito real de laje no
pelos encargos e tributos que incidirem sobre a
âmbito da Reurb-S;
sua unidade.
VIII – a averbação das edificações de conjuntos
§ 3º Os titulares da laje, unidade imobiliária au-
habitacionais ou condomínios;
tônoma constituída em matrícula própria, pode-
IX – a abertura de matrícula para a área objeto
rão dela usar, gozar e dispor.
da regularização fundiária, quando necessária;
§ 4º A instituição do direito real de laje não im-
X – a abertura de matrículas individualizadas
plica a atribuição de fração ideal de terreno ao
para as áreas públicas resultantes do projeto de
titular da laje ou a participação proporcional em
regularização; e
áreas já edificadas.
XI – a emissão de certidões necessárias para os
§ 5º Os Municípios e o Distrito Federal poderão
atos previstos neste artigo.
dispor sobre as posturas edilícias e urbanísticas
Parágrafo único. As certidões referidas no inci-
associadas ao direito real de laje.
so XI do caput são relativas à matrícula, à transcri-
§ 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de
ção, à inscrição, à distribuição de ações judiciais e
sua construção para a instituição de um sucessivo
aos registros efetuados no âmbito da Reurb, entre
direito real de laje, desde que haja autorização
outras. (Parágrafo único com redação dada pelo Decreto
expressa dos titulares da construção-base e das
nº 9.597, de 4/12/2018)
demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e
Art. 55. É vedado ao oficial do cartório de registro urbanísticas vigentes.
de imóveis exigir comprovação de pagamento ou § 7º A constituição do direito real de laje na su-
quitação de tributos, entendidos como impostos, perfície superior ou inferior da construção-base,
taxas, contribuições ou penalidades e demais fi- como unidade imobiliária autônoma, somente
guras tributárias nos atos de registros ou averba- poderá ser admitida quando as unidades imobi-
ções relativos a Reurb-S. liárias tiverem acessos independentes.
108
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
III – informação sobre a fração ideal atribuída ato do Poder Executivo municipal ou distrital e,
a cada unidade autônoma, relativamente ao ter- no mínimo:
reno e às partes comuns; I – abertura de processo administrativo para
IV – informação sobre o fim a que as unidades tratar da arrecadação;
autônomas se destinam; e II – comprovação do tempo de abandono e de
V – cálculo das áreas das edificações ou dos inadimplência fiscal; e
lotes, com descriminação da área global e da área III – notificação ao titular do domínio para, que-
das partes comuns, quando houver, e indicação rendo, apresentar impugnação no prazo de trinta
da metragem de área construída ou da metragem dias, contado da data de recebimento da notificação.
de cada lote, para cada tipo de unidade. § 3º A notificação do titular de domínio será
§ 1º Do memorial descritivo simplificado a que feita por via postal com aviso de recebimento,
se refere o inciso II do caput constará a área apro-
no endereço que constar do cadastro municipal
ximada das unidades autônomas, dos acessos e
ou distrital, e será considerada efetuada quando
das partes comuns.
comprovada a entrega nesse endereço.
§ 2º Sem prejuízo do disposto nos incisos I a V
§ 4º Os titulares de domínio não localizados
do caput, na Reurb, o registro da instituição do
serão notificados por edital, do qual deverão
condomínio urbano simples será efetivado por
constar, de forma resumida, a localização e a
meio da apresentação pelo requerente ao oficial
descrição do imóvel a ser arrecadado, para que
do cartório de registro de imóveis, ainda, da CRF,
apresentem impugnação no prazo de trinta dias,
com o projeto de regularização aprovado do qual
contado da data da notificação.
conste a indicação dos lotes nos quais serão ins-
tituídas as unidades autônomas. § 5º A abertura do processo administrativo de
§ 3º Na Reurb, o registro da instituição do con- que trata o inciso I do § 2º será determinada pelo
domínio urbano simples poderá ser requerido Poder Público municipal ou distrital ou a requeri-
posteriormente ao registro do núcleo urbano mento de terceiro interessado.
informal, hipótese em que será suficiente a apre- § 6º A ausência de manifestação do titular de
sentação dos documentos mencionados no in- domínio será interpretada como concordância
ciso II do caput com visto do órgão competente com a arrecadação.
pela aprovação do projeto de regularização. § 7º Respeitado o procedimento de arrecada-
ção, o Município poderá realizar, diretamente ou
Art. 72. Na Reurb-S, a averbação das edificações
por meio de terceiros, os investimentos necessá-
poderá ser efetivada a partir de mera notícia, a
requerimento do interessado, da qual conste a rios para que o imóvel urbano arrecadado atinja
área construída e o número da unidade imobiliá- prontamente os objetivos sociais a que se destina.
ria, dispensada a apresentação de habite-se e das § 8º Na hipótese de o proprietário reivindicar
certidões negativas de tributos e de contribuições a posse do imóvel declarado abandonado, no
previdenciárias. transcorrer do prazo de três anos a que se refere
o art. 1.276 da Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil),
CAPÍTULO X
fica assegurado ao Poder Público municipal ou
DA ARRECADAÇÃO DE IMÓVEIS ABANDONADOS
distrital o direito ao ressarcimento prévio e em
Art. 73. Os imóveis urbanos privados abandona- valor atualizado das despesas em que houver in-
dos cujos proprietários não possuam a intenção
corrido, inclusive aquelas tributárias, em razão do
de conservá-los em seu patrimônio ficam sujeitos
exercício da posse provisória.
à arrecadação pelo Município ou pelo Distrito Fe-
deral na condição de bem vago. Art. 74. Os imóveis arrecadados pelos Municípios
§ 1º A intenção referida no caput será presu- ou pelo Distrito Federal poderão ser destinados aos
mida quando o proprietário, cessados os atos de programas habitacionais, à prestação de serviços
posse sobre o imóvel, não adimplir os ônus fiscais públicos, ao fomento da Reurb-S ou serão objeto
instituídos sobre a propriedade predial e territo- de concessão de direito real de uso a entidades
rial urbana, pelo prazo de cinco anos. civis que comprovadamente tenham fins filantrópi-
§ 2º O procedimento de arrecadação de imóveis cos, assistenciais, educativos, esportivos ou outros,
urbanos abandonados observará o disposto em no interesse do Município ou do Distrito Federal.
111
CAPÍTULO XI seu critério, prorrogar por igual período o prazo
DO LOTEAMENTO OU DO DESMEMBRAMENTO previsto no § 2º.
Art. 75. É vedada a venda ou a promessa de com- § 4º Regularizado o loteamento, o loteador re-
pra e venda de unidade imobiliária integrante de quererá autorização judicial para fazer o levanta-
núcleo urbano informal ou de parcela de lotea- mento do valor das prestações depositadas, com
mento ou desmembramento não inscrito, nos ter- os acréscimos juros e de correção monetária.
mos do art. 37 da Lei nº 6.766, de 1979. § 5º O Poder Público municipal ou distrital será
intimado no processo judicial a que se refere o § 4º
Art. 76. O Poder Público municipal ou distrital
e o Ministério Público será ouvido.
notificará os titulares de domínio ou os respon-
§ 6º Após o reconhecimento judicial de regu-
sáveis pelos núcleos urbanos informais consoli-
laridade do loteamento, o loteador notificará os
dados, de interesse específico, existentes na data
adquirentes dos lotes, por intermédio do cartório
de publicação deste Decreto, para que, no prazo
de registro de imóveis, para que voltem a pagar
de noventa dias, protocolem o pedido da Reurb-E
diretamente as prestações restantes.
acompanhado da documentação e dos projetos
§ 7º O loteador não poderá, a qualquer título,
necessários, visando à sua análise e sua aprovação.
exigir o recebimento das prestações depositadas,
§ 1º A critério do Poder Público municipal ou
nas seguintes hipóteses, nos termos do art. 40 da
distrital, o prazo previsto no caput para protocolo
Lei nº 6.766, de 1979:
do pedido da Reurb-E poderá ser prorrogado, no
I – o loteador deixar de atender à notificação
máximo, por igual período.
até o vencimento do prazo contratual; ou
§ 2º Não atendida a notificação prevista neste
II – o loteamento ou o desmembramento for
artigo, o órgão municipal ou distrital responsável
regularizado pela Prefeitura Municipal ou pelo
poderá tomar as providências para promoção da
Distrito Federal.
Reurb-E, nos termos da Lei nº 13.465, de 2017, e
deste Decreto, sem prejuízo das ações e das pena- Art. 78. A cláusula de rescisão de contrato por ina-
lidades previstas na legislação vigente. dimplemento do adquirente será nula quando o
loteamento não estiver regularmente inscrito.
Art. 77. Nos termos do art. 38 da Lei nº 6.766, de
1979, verificado que o loteamento ou o desmem- Art. 79. O Poder Público municipal ou distrital, se
bramento não se encontre registrado ou regular- desatendida pelo loteador a notificação a que se re-
mente executado ou notificado pelo Poder Público ferem o caput e o § 2º do art. 77, poderá regularizar
municipal ou distrital, o adquirente do lote sus- loteamento ou desmembramento não autorizado
penderá o pagamento das prestações restantes e ou executado sem observância às determinações
notificará o loteador para que faça o pagamento. do ato administrativo de licença, para evitar lesão
§ 1º Ocorrida a suspensão do pagamento das aos seus padrões de desenvolvimento urbano e em
prestações restantes, na forma estabelecida no defesa dos direitos dos adquirentes de lotes.
caput, o adquirente efetuará o depósito das pres- § 1º O Poder Público municipal, ou o distrital,
tações devidas junto ao cartório de registro de que promover a regularização na forma estabele-
imóveis, que as depositará em instituição finan- cida neste artigo, fará jus, por meio de autorização
ceira, nos termos do inciso I do caput do art. 666 judicial, ao levantamento das prestações deposi-
da Lei nº 13.105, de 2015 (Código de Processo tadas, com os acréscimos de juros e de correção
Civil), em conta, com incidência de juros e corre- monetária, a título de ressarcimento pelas impor-
ção monetária, cuja movimentação dependerá de tâncias despendidas com equipamentos urbanos
autorização judicial. ou expropriações necessárias para regularizar o
§ 2º O Poder Público municipal ou distrital e o loteamento ou o desmembramento.
Ministério Público poderão promover a notifica- § 2º Na hipótese de as importâncias despendi-
ção do loteador prevista no caput, para que, no das pelo Poder Público municipal ou distrital para
prazo de noventa dias, tome as providências para regularizar o loteamento ou desmembramento
a aprovação e o registro do loteamento ou des- não serem integralmente ressarcidas com o levan-
membramento. tamento a que se refere o § 1º, o valor que faltar
§ 3º A pedido do loteador, desde que justificado, será exigido do loteador, conforme o disposto no
o Poder Público municipal ou distrital poderá, a art. 47 da Lei nº 6.766, de 1979.
112
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
§ 3º Na hipótese de o loteador não cumprir o feita por edital e a contagem do prazo terá início
estabelecido no § 2º, o Poder Público municipal dez dias após a última publicação.
ou distrital poderá receber as prestações dos ad- CAPÍTULO XII
quirentes até o valor devido. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 4º O Poder Público municipal ou distrital, para
Art. 86. Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
assegurar a regularização do loteamento ou des-
petências e as responsabilidades dos Estados e
membramento e o ressarcimento integral de im- dos Municípios, na forma da Lei nº 13.465, de 2017,
portâncias despendidas ou a despender, poderá e deste Decreto.
promover judicialmente os procedimentos caute-
Art. 87. As glebas parceladas para fins urbanos
lares necessários.
anteriormente a 19 de dezembro de 1979 que não
Art. 80. Regularizado o loteamento ou o desmem- possuírem registro poderão ter a sua situação jurí-
bramento pelo Poder Público municipal ou distri- dica regularizada por meio do registro do parcela-
tal, o adquirente do lote, desde que comprovado mento, desde que esteja implantado e integrado
o depósito de todas as prestações do preço aven- à cidade, e poderão, para tanto, ser utilizados os
çado, poderá obter o registro de propriedade do instrumentos previstos na Lei nº 13.465, de 2017,
lote adquirido, com fundamento na promessa de e neste Decreto. (Caput do artigo com redação dada pelo
venda e compra firmada. Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
§ 1º O interessado requererá ao oficial do car-
Art. 81. Nas desapropriações, não serão consi-
tório de registro de imóveis a efetivação do regis-
derados como loteados ou loteáveis, para fins de
tro do parcelamento, munido dos seguintes do-
indenização, os terrenos ainda não vendidos ou
cumentos:
objeto de promessa de compra e venda.
I – planta da área em regularização, assinada
Art. 82. Os Municípios, o Distrito Federal e os Es- pelo interessado responsável pela regularização e
tados poderão expropriar áreas urbanas ou de por profissional legalmente habilitado, que conte-
expansão urbana para reloteamento, demolição, nha o perímetro da área a ser regularizada, as sub-
reconstrução e incorporação, hipótese em que a divisões das quadras, dos lotes e das áreas públicas,
preferência para a aquisição das novas unidades com as dimensões e a numeração dos lotes, os lo-
será dos expropriados. gradouros, os espaços livres e as outras áreas com
destinação específica, se for o caso, dispensada a
Art. 83. Na hipótese de o loteador beneficiário
apresentação da ART no Conselho Regional de En-
do loteamento ou do desmembramento integrar
genharia e Arquitetura ou o RRT no Conselho de
grupo econômico ou financeiro, as pessoas natu-
Arquitetura e Urbanismo quando o responsável
rais ou jurídicas do grupo serão solidariamente técnico for servidor ou empregado público;
responsáveis pelos prejuízos por ele causados aos II – descrição técnica do perímetro da área a ser
compradores de lotes e ao Poder Público. regularizada, dos lotes, das áreas públicas e das
Art. 84. O foro competente para os procedimentos outras áreas com destinação específica, quando
judiciais previstos neste Decreto será o da comarca for o caso; e
da situação do núcleo urbano informal ou lote. III – documento expedido pelo Município ou pelo
Distrito Federal, o qual ateste que o parcelamento
Art. 85. As intimações e notificações previstas
foi implantado anteriormente a 19 de dezembro
neste Decreto serão feitas pessoalmente ao inti-
de 1979 e de que está integrado à cidade. (Inciso
mado ou notificado, que assinará o comprovante com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
do recebimento, e poderão igualmente ser pro- § 2º A apresentação da documentação prevista
movidas por meio dos cartórios de registro de tí- no § 1º dispensa a apresentação do projeto de re-
tulos e documentos da comarca da situação do gularização fundiária, do estudo técnico ambien-
imóvel ou do domicílio do intimado ou notificado. tal, da CRF ou de quaisquer outras manifestações,
Parágrafo único. Se o destinatário se recusar a aprovações, licenças ou alvarás emitidos pelos
receber ou a dar recibo, ou se o seu paradeiro for órgãos públicos.
desconhecido, o oficial competente certificará a § 3º O registro do parcelamento das glebas
circunstância e a intimação ou a notificação será previsto neste artigo poderá ser feito por trechos
113
ou etapas, independentemente de retificação ou § 1º O disposto no caput aplica-se às regulariza-
apuração de área remanescente. ções fundiárias urbanas em andamento, situadas
Art. 88. As disposições da Lei nº 6.766, de 1979, total ou parcialmente em unidade de uso susten-
não se aplicam à Reurb, exceto quanto ao dis- tável, em área de preservação permanente, em
posto nos art. 37, art. 38, art. 39, art. 40, caput e área de proteção de mananciais e no entorno dos
§ 1º ao § 4º, art. 41, art. 42, art. 44, art. 47, art. 48, reservatórios de água artificiais. (Parágrafo com reda-
art. 49, art. 50, art. 51 e art. 52 da referida Lei. (Ar- ção dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
tigo com redação dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) § 2º Nas regularizações fundiárias previstas no
caput, poderão ser utilizadas, a critério do órgão
Art. 89. Para fins da Reurb, ficam dispensadas a
municipal ou distrital responsável pela regulariza-
desafetação e as seguintes exigências previstas no
ção, as normas, os procedimentos e os instrumen-
inciso I do caput do art. 17 da Lei nº 8.666, de 21
tos previstos na Lei nº 13.465, de 2017, e neste De-
de junho de 1993:
creto ou no art. 288-A ao art. 288-G da Lei nº 6.015,
I – autorização legislativa para alienação de
de 1973, inclusive conjuntamente.
bens da administração pública direta, autárquica
§ 3º As legitimações de posse já registradas na
e fundacional; e
forma da Lei nº 11.977, de 2009, prosseguirão sob
II – avaliação prévia e licitação na modalidade
o regime da referida Lei até a titulação definitiva
de concorrência.
dos legitimados na posse.
Parágrafo único. Na venda direta prevista no
§ 4º O registro dos títulos emitidos, para conferir
art. 84 da Lei nº 13.465, de 2017, será necessária
direitos reais, nos projetos de regularização que
a avaliação prévia para definição do valor a ser
tenham sido registrados nos termos do art. 46 ao
cobrado na alienação.
art. 71-A da Lei nº 11.977, de 2009, a critério dos
Art. 90. Os Estados e o Distrito Federal criarão e legitimados, do Município ou do Distrito Federal,
regulamentarão fundos específicos destinados à poderá ser feito nos termos da Lei nº 13.465, de
compensação, total ou parcial, dos custos refe- 2017, e deste Decreto.
rentes aos atos registrais da Reurb-S previstos na § 5º Para a abertura de matrícula do sistema
Lei nº 13.465, de 2017, e neste Decreto. viário de parcelamento urbano irregular, na forma
Parágrafo único. Para que os fundos estaduais prevista no art. 195-A da Lei nº 6.015, de 1973, a
acessem os recursos do Fundo Nacional de Habi- intimação dos confrontantes será feita por meio
tação de Interesse Social (FNHIS), criado pela Lei de edital, publicado no Diário Oficial ou em jornal
nº 11.124, de 16 de junho de 2005, estes deverão com circulação na sede do Município ou no Dis-
firmar termo de adesão, na forma a ser regulamen- trito Federal, e será conferido prazo de trinta dias
tada em ato do Ministro de Estado das Cidades. para a manifestação do intimado.
Art. 91. Serão regularizadas, na forma da Lei Art. 93. O Poder Público municipal ou distrital
nº 13.465, de 2017, e deste Decreto, as ocupações poderá facultar ao proprietário da área atingida
que incidam sobre áreas objeto de ação judicial pela obrigação de que trata o caput do art. 5º da
que verse sobre direitos reais de garantia, de cons- Lei nº 10.257, de 2001, ou objeto de Reurb, o esta-
trição, bloqueio ou indisponibilidade judicial, res- belecimento de consórcio imobiliário como forma
salvada a hipótese de decisão judicial que impeça de viabilização financeira para o aproveitamento
a análise, a aprovação e o registro do projeto de do imóvel.
Reurb. § 1º Considera-se consórcio imobiliário a forma
Art. 92. As normas e os procedimentos estabe- de viabilização de planos de urbanização, de regu-
lecidos neste Decreto poderão ser aplicados aos larização fundiária ou de reforma, conservação ou
processos administrativos de regularização fun- construção de edificação por meio da qual o pro-
diária iniciados pelos entes públicos competentes prietário transfere ao Poder Público municipal ou
até a data de publicação da Lei nº 13.465, de 2017, distrital a propriedade do imóvel e, após a realiza-
e serão regidos, a critério deles, pelo disposto no ção das obras, recebe como pagamento unidades
art. 288-A ao art. 288-G da Lei nº 6.015, de 1973, e imobiliárias urbanizadas ou edificadas e as demais
no art. 46 ao art. 71-A da Lei nº 11.977, de 2009. unidades incorporadas ao patrimônio público.
114
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
§ 2º O valor das unidades imobiliárias a serem teriores, desde que demonstrada a continuidade
entregues na forma do § 1º será correspondente da cadeia de ocupação até o atual ocupante.
ao valor do imóvel anteriormente à execução das § 6º A venda direta de que trata este artigo obe-
obras. decerá ao disposto na Lei nº 9.514, de 20 de no-
§ 3º A instauração do consórcio imobiliário por vembro de 1997, e a União permanecerá com a
proprietário que tenha dado causa à formação de propriedade fiduciária dos bens até a quitação
núcleos urbanos informais ou por seu sucessor integral, na forma dos § 7º e § 9º.
não os eximirá da responsabilidade administra- § 7º Para os ocupantes com renda familiar de
tiva, civil ou criminal. cinco e dez salários mínimos, o valor pela aquisi-
Art. 93-A. Para que o Município promova a Reurb ção poderá ser pago à vista ou em até duzentas e
em áreas da União sob a gestão da Secretaria do quarenta parcelas mensais e consecutivas, devido
Patrimônio da União do Ministério do Planeja- sinal de, no mínimo, cinco por cento do valor da
mento, Desenvolvimento e Gestão, é necessária avaliação.
a prévia formalização da transferência da área ou § 8º O valor da parcela mensal a que se refere
a celebração de acordo de cooperação técnica ou o § 7º não poderá ser inferior ao valor devido
de instrumento congênere com a referida Secreta- pelo ocupante a título de taxa de foro ou de
ria. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018) ocupação, quando requerido pelo interessado.
§ 9º Para os ocupantes com renda familiar aci-
TÍTULO II ma de dez salários mínimos, a aquisição poderá
DOS PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO
ser realizada à vista ou em até cento e vinte par-
E A ALIENAÇÃO DOS IMÓVEIS DA UNIÃO
celas mensais e consecutivas, devido sinal de, no
Art. 94. Os imóveis da União objeto da Reurb-E mínimo, dez por cento do valor da avaliação, hipó-
objeto de processo de parcelamento reconhe- tese em que o valor da parcela mensal não pode-
cido pela autoridade pública poderão ser, no rá ser inferior ao equivalente devido pelo usuário
todo ou em parte, vendidas diretamente aos seus a título de taxa de foro ou de ocupação, quando
ocupantes, dispensados os procedimentos exigi- requerido pelo interessado.
dos pela Lei nº 8.666, de 1993. § 10. A regulamentação do disposto neste artigo
§ 1º A venda aplica-se unicamente aos imó- será efetuada pela Secretaria do Patrimônio da
veis ocupados até 22 de dezembro de 2016 e o União do Ministério do Planejamento, Desenvolvi-
ocupante deverá estar regularmente inscrito e mento e Gestão, no prazo de doze meses, contado
em dia com suas obrigações para com a Secretaria da data de publicação da Lei nº 13.465, de 2017.
do Patrimônio da União do Ministério do Planeja-
Art. 95. O preço de venda será fixado com base
mento, Desenvolvimento e Gestão.
no valor de mercado do imóvel, segundo critérios
§ 2º A possibilidade da venda direta de que trata
de avaliação previstos no art. 11-C da Lei nº 9.636,
este artigo é extensiva aos ocupantes cuja inscri-
ção de ocupação tenha sido feita em nome de con- de 15 de maio de 1998, excluídas as acessões e as
domínios ou associações. benfeitorias realizadas pelo ocupante.
§ 3º A venda direta de que trata este artigo so- § 1º O prazo de validade da avaliação a que se
mente poderá ser concedida para, no máximo, refere o caput será de, no máximo, doze meses.
dois imóveis, um residencial e um não residencial, § 2º No condomínio edilício, as áreas comuns, ex-
regularmente cadastrados em nome do beneficiá- cluídas as suas benfeitorias, serão adicionadas na
rio na Secretaria do Patrimônio da União do Minis- fração ideal da unidade privativa correspondente.
tério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Art. 96. Os procedimentos necessários à promo-
§ 4º Nas ocupações de áreas da União não ca- ção da Reurb-E em áreas da União poderão ser
dastradas junto à Secretaria do Patrimônio da conduzidos no âmbito de acordo de cooperação
União do Ministério do Planejamento, Desenvol- técnica ou de instrumento congênere, celebrado
vimento e Gestão, será possível a venda direta ao entre a Secretaria do Patrimônio da União do
ocupante, desde que comprovada a sua ocupação Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
em 22 de dezembro de 2016. Gestão e os interessados na promoção da Reurb-E,
§ 5º Para fins da comprovação que trata o § 4º, é representados por suas associações representati-
admitida a contagem de tempo de ocupações an- vas ou condomínios.
115
Parágrafo único. Os acordos de cooperação Art. 98-A. Os procedimentos para a Reurb pro-
técnica ou os instrumento congêneres a que movida em áreas da União serão regulamentados
se refere o caput poderão ser celebrados tanto em ato específico da Secretaria do Patrimônio da
com ocupantes regularmente inscritos junto à União do Ministério do Planejamento, Desenvol-
Secretaria do Patrimônio da União do Ministé- vimento e Gestão, sem prejuízo da eventual ado-
rio do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, ção de procedimentos e instrumentos previstos
quanto com aqueles que ocupam áreas da União para a Reurb. (Artigo acrescido pelo Decreto nº 9.597, de
não cadastradas junto à referida Secretaria. 4/12/2018)
Art. 97. As pessoas físicas de baixa renda que, por Art. 99. Na hipótese de imóveis destinados à
qualquer título, utilizem regularmente imóvel da Reurb-S cuja propriedade da União ainda não se
União, inclusive imóveis provenientes de órgãos e encontre regularizada junto ao cartório de registro
entidades federais extintos, para fins de moradia, de imóveis competente, a abertura de matrícula
até 22 de dezembro de 2016, e que sejam isentas poderá ser realizada por meio de requerimento da
Secretaria do Patrimônio da União do Ministério
do pagamento de qualquer valor pela utilização, na
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, diri-
forma da legislação patrimonial e dos cadastros da
gido ao oficial do referido cartório, acompanhado
Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do
dos seguintes documentos:
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, pode-
I – planta e memorial descritivo do imóvel, assi-
rão requerer diretamente ao oficial do cartório de
nados por profissional habilitado perante o Con-
registro de imóveis, por meio da apresentação da
selho Regional de Engenharia e Arquitetura ou o
Certidão de Autorização de Transferência (CAT) ex-
Conselho de Arquitetura e Urbanismo, condicio-
pedida pela referida Secretaria, a transferência gra-
nados à apresentação da ART ou do RRT, quando
tuita da propriedade do imóvel, desde que preen-
for o caso; e
chidos os requisitos previstos no § 5º do art. 31 da
II – ato de discriminação administrativa do imó-
Lei nº 9.636, de 1998. (Caput do artigo com redação vel da União para fins de Reurb-S, a ser expedido
dada pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
pela Secretaria do Patrimônio da União do Minis-
§ 1º A transferência gratuita de que trata este tério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
artigo somente poderá ser concedida uma vez por § 1º O oficial do cartório de registro de imóveis
beneficiário. deverá, no prazo de trinta dias, contado da data
§ 2º A avaliação prévia do imóvel e a prévia au- de protocolo do requerimento, fornecer à Supe-
torização legislativa específica não se configuram rintendência do Patrimônio da União no Estado
como condição para a transferência gratuita de ou no Distrito Federal a certidão da matrícula
que trata este artigo. aberta ou os motivos fundamentados para a ne-
Art. 98. Para obter gratuitamente a concessão de gativa da abertura, hipótese para a qual deverá
direito real de uso ou o domínio pleno do imóvel, ser estabelecido prazo para que as pendências
o interessado deverá requerer, junto à Secretaria sejam supridas.
do Patrimônio da União do Ministério do Plane- § 2º O disposto no caput não se aplica aos imó-
jamento, Desenvolvimento e Gestão, a CAT para veis da União submetidos a procedimentos espe-
cíficos de identificação e demarcação, os quais
fins de Reurb-S (CAT-Reurb-S), a qual valerá como
continuam submetidos às normas pertinentes.
título hábil para a aquisição do direito mediante o
registro no cartório de registro de imóveis. Art. 100. Os procedimentos para a transferên-
Parágrafo único. Efetivado o registro da transfe- cia gratuita do direito real de uso ou do domínio
rência da concessão de direito real de uso ou do pleno de imóveis da União no âmbito da Reurb-S,
domínio pleno do imóvel, o oficial do cartório de inclusive aqueles relacionados à forma de com-
registro de imóveis, no prazo de trinta dias, notifi- provação dos requisitos pelos beneficiários, serão
cará a Superintendência do Patrimônio da União regulamentados em ato do Secretário do Patrimô-
no Estado ou no Distrito Federal e informará o nú- nio da União do Ministério do Planejamento, De-
mero da matrícula ou da transcrição do imóvel e senvolvimento e Gestão.
o seu Registro Imobiliário Patrimonial, o qual de- Art. 101. Ficam a União e as suas autarquias e
verá constar da CAT-Reurb-S. fundações autorizadas a transferir aos Estados,
116
DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018
aos Municípios e ao Distrito Federal as áreas pú- real em nome dos beneficiários ficará condicio-
blicas federais ocupadas por núcleos urbanos in- nada à autorização da Secretaria do Patrimônio
formais, para que estes promovam a Reurb nos da União do Ministério do Planejamento, Desen-
termos da Lei nº 13.465, de 2017, observado o volvimento e Gestão.
disposto neste regulamento quando se tratar de
Art. 107. Os imóveis ocupados por órgãos ou en-
imóveis de titularidade de fundos.
tidades da administração pública federal, esta-
TÍTULO III dual, distrital ou municipal que se encontrem em
DISPOSIÇÕES FINAIS
núcleos urbanos informais, localizados em áreas
Art. 102. Fica facultado aos Estados, aos Municí- da União e regularizados por meio de Reurb serão
pios e ao Distrito Federal utilizar a prerrogativa de
destinados conforme a legislação patrimonial da
venda direta aos ocupantes de suas áreas públicas
União.
objeto de Reurb-E, dispensados os procedimentos
exigidos pela Lei nº 8.666, de 1993, desde que os Art. 108. O ocupante irregular de imóvel da União
imóveis se encontrem ocupados até 22 de dezem- fruto de Reurb-E que não opte pela aquisição do
bro de 2016, devendo regulamentar o processo imóvel será inscrito na Secretaria do Patrimônio
em legislação própria nos moldes do disposto no da União do Ministério do Planejamento, Desen-
art. 84 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017. volvimento e Gestão como ocupante, na forma da
Art. 103. Nos termos do Decreto-Lei nº 1.876, de legislação vigente.
15 de julho de 1981, são requisitos da Reurb-S em Art. 109. O disposto na Lei nº 13.465, de 2017, e
áreas da União:
neste Decreto se aplica às ilhas oceânicas e costei-
I – a renda familiar mensal do ocupante ser
ras do País, sem prejuízo da legislação patrimonial
igual ou inferior a cinco salários mínimos; e
pertinente em vigor.
II – o ocupante não ter possuído ou ser proprie-
tário de bens ou direitos em montante superior Art. 109-A. O disposto no art. 34 aplica-se ao Pro-
ao limite estabelecido pela Secretaria da Receita grama Minha Casa Minha Vida (PMCMV), operado
Federal do Brasil do Ministério da Fazenda para a com recursos de que tratam os incisos II e III do
obrigatoriedade de apresentação da Declaração caput do art. 2º da Lei nº 11.977, de 2009. (Artigo
de Ajuste Anual do Imposto de Renda Pessoa Física. acrescido pelo Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
Art. 104. Na Reurb promovida em áreas da União Art. 109-B. Os procedimentos necessários à pro-
em que não seja possível a constituição de direi- moção da Reurb em áreas da União sob a gestão
tos reais para a totalidade dos interessados ou em
da Secretaria do Patrimônio da União do Ministé-
que existam unidades imobiliárias desocupadas,
rio do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
as matrículas correspondentes a essas unidades
que não tenham como agente promotor a pró-
deverão ser abertas em nome da União.
pria União, serão antecedidos pela formalização
Art. 105. Na hipótese de decisão pela remoção da transferência da área ou pela celebração de
do núcleo urbano informal consolidado, deverão
acordo de cooperação técnica ou de instrumento
ser realizados estudos técnicos que comprovem
congênere entre a referida Secretaria e os interes-
que o desfazimento e a remoção do núcleo ur-
sados na promoção da Reurb. (Artigo acrescido pelo
bano não causará maiores danos ambientais e
Decreto nº 9.597, de 4/12/2018)
sociais do que a sua regularização nos termos da
Lei nº 13.465, de 2017, e deste Decreto. Art. 110. Este Decreto entra em vigor na data de
Parágrafo único. O disposto no caput não se sua publicação.
aplica às áreas de risco a serem realocadas con-
Brasília, 15 de março de 2018; 197º da
forme o disposto no § 2º do art. 39 da Lei nº 13.465, Independência e 130º da República.
de 2017.
MICHEL TEMER
Art. 106. Para registro da aquisição de proprie-
Dyogo Henrique de Oliveira
dade por meio da legitimação fundiária em áreas Alexandre Baldy de Sant’Anna Braga
da União promovida por legitimados que não Eliseu Padilha (Assinaturas retificadas no DOU de
sejam a própria União, a constituição do direito 19/3/2018)
117
POLUIÇÃO
15 Bióloga, mestre e doutora em oceanografia biológica pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
(USP). Consultora legislativa da Câmara dos Deputados aposentada que atuou na área XI (meio ambiente e
direito ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional).
16 Tecnóloga em Química Ambiental, especialista em gestão e engenharia ambiental e em regulação de serviços
públicos. Consultora legislativa da Câmara dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e direito am-
biental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional). Contato: rose.hofmann@camara.leg.br.
17 Cf. a Lei nº 6.938/1981, disponível em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas
básicas.
118
POLUIÇÃO
119
de uso e ocupação do solo. Além disso, a aprovação de zonas de uso estrita-
mente industrial e de uso predominantemente industrial, de competência dos
governos estaduais, deveria ser precedida de estudos especiais de alternativas
e de avaliações de impacto, que permitissem estabelecer a confiabilidade da
solução a ser adotada. É interessante notar que essas últimas regras viriam a ser
reforçadas pela Lei nº 6.938/1981, como comentado mais adiante.
Vale ressaltar que alguns dos dispositivos do Decreto-Lei nº 1.413/1975 e
da Lei nº 6.803/1980 são de constitucionalidade duvidosa diante da nova distri-
buição de competências dadas pela Constituição Federal de 1988.
O Decreto-Lei nº 1.413/1975, por exemplo, estabelece, em seu art. 1º
(caput e parágrafo único), que os órgãos federais competentes definirão as
medidas necessárias para prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da
poluição e da contaminação do meio ambiente. Conforme dispõe a Carta Magna,
é competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municí-
pios proteger o meio ambiente e combater a poluição (art. 23, inciso VI), os quais
também têm, exceto os municípios, competência concorrente para legislar sobre
esses temas, entre outros (art. 24, inciso VI). Ainda que os municípios não tenham
sido incluídos neste último dispositivo, o art. 30 da Constituição assegura-lhes
a competência para legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar a
legislação federal e a estadual, e promover, no que couber, adequado ordena-
mento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
e da ocupação do solo urbano (art. 30, incisos I, II e VIII).18
A Lei nº 6.803/1980, por sua vez, atribuiu aos órgãos estaduais de controle
da poluição a competência para licenciar a implantação, operação e ampliação
de estabelecimentos industriais, nas áreas críticas de poluição (art. 10, caput e
parágrafo único). Esse assunto hoje é regido pela Lei Complementar nº 140, de
8 de dezembro de 2011, que fixa normas para a cooperação entre a União, os es-
tados, o Distrito Federal e os municípios nas ações administrativas decorrentes
do exercício da competência comum, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput
e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal. Como anteriormente
referido, a Lei nº 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,
também tratou do licenciamento ambiental, mas de forma mais ampla, não
se atendo somente às atividades industriais. O art. 10 desta lei prevê licencia-
mento para a construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de esta-
belecimentos e atividades considerados efetiva e potencialmente poluidores ou
capazes de causar degradação ambiental. Quem concede a licença, em geral, é
o órgão estadual.19
18 Cf. os artigos da Constituição Federal relativos ao meio ambiente, que estão disponíveis em Legislação sobre
meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas básicas.
19 Cf. o capítulo relativo a licenciamento ambiental em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitu-
cionais e normas básicas.
120
POLUIÇÃO
20 Complementada pela Resolução nº 436/2011 e parcialmente revogada pelo Resolução nº 491/2018. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em: 26 abr. 2019.
21 Alterada pelas Resoluções nº 15/1995, nº 315/2002, e nº 414/2009. Complementada pelas Resoluções nos 8/1993
e 282/2001. Ver também Resoluções nos 490 e 492, de 2018. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/co-
nama>. Acesso em: 26 abr. 2019.
22 Complementada pela Resolução nº 432/2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso
em: 26 abr. 2019.
121
exemplo, que, antes da criação do programa, a emissão média de monóxido de
carbono (CO) de um veículo leve era de 54 g/km, o que atualmente se mostra
por volta de 0,4 g/km.
Apesar do sucesso do Proconve, as emissões geradas por veículos auto-
motores ainda constituem a principal parcela das emissões de gases para a
atmosfera nas áreas urbanas. De acordo com o “Relatório de qualidade do ar
no estado de São Paulo” de 2016, elaborado pela Companhia de Tecnologia
e Saneamento Ambiental (Cetesb), na Região Metropolitana de São Paulo, os
veículos são responsáveis por 96,82% das emissões de monóxido de carbono,
75,78% de hidrocarbonetos, 67,56% de óxidos de nitrogênio, 40% de material
particulado e 16,77% de óxidos de enxofre. O relatório destaca os resultados posi-
tivos dos programas de controle de poluição veicular, mas ressalta que a redução
dos níveis de poluição do ar não deve se basear, exclusivamente, em medidas
tecnológicas para a redução das emissões dos veículos de forma isolada, mas
numa ação integrada dos diversos setores da sociedade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80% das pessoas
que vivem em áreas urbanas com monitoramento de poluição atmosférica estão
expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites estipulados pela
Organização. As populações em cidades de baixa renda são as mais afetadas.23
A poluição da água também é motivo de grande preocupação em todo
o mundo. De acordo com a “Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, abrangente
estudo publicado em 2005 sob os auspícios da Organização das Nações Unidas
(ONU), concluiu-se que, entre 1960 e 2000, a retirada de água de rios e lagos para
os fins de irrigação, consumo doméstico e industrial dobrou, passando de 1.800
a 3.600 quilômetros cúbicos por ano (VOROSMARTY; LEVEQUE; REVENGA, 2005).
Mais ainda, aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso ao
abastecimento de água adequado e mais de 2,6 bilhões não têm acesso a boas
condições de saneamento. A escassez de água afeta de 1 a 2 bilhões de pessoas
em todo o mundo.
A avaliação contém dados sobre o uso e os níveis de nutrientes e revela que:
as atividades humanas produzem agora mais nitrogênio biologicamente utilizável
do que é produzido por todos os processos naturais somados; mais da metade de
todos os fertilizantes à base de nitrogênio até hoje fabricados (a partir de 1913) foi
aplicada a partir de 1985; e o influxo de nitrogênio para os oceanos dobrou a partir
de 1860. Outrossim, o uso de fertilizantes à base de fósforo e a taxa de acúmulo de
fósforo em solos agrícolas quase que triplicou entre 1960 e 1990. Apesar dessa
taxa ter diminuído um pouco desde então, o fósforo pode permanecer no solo por
décadas antes de ser absorvido por todo o meio ambiente.
23 WHO. Air pollution levels rising in many of the world’s poorest cities. Disponível em: <http://www.who.int/
mediacentre/news/releases/2016/air-pollution-rising/en/>. Acesso em: 8 fev. 2018.
122
POLUIÇÃO
123
índices de remoção, que retratam a média nacional (AGÊNCIA NACIONAL DE
ÁGUAS, 2017).
Avanço legal significativo para aprimorar a gestão dos recursos hídricos
no Brasil é representado pela Lei nº 9.433/1997, que institui a Política Nacional
de Recursos Hídricos.24 Essa política tem por fundamentos, entre outros:
yy a água é um bem de domínio público;
yy a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
24 Cf. a Lei nº 9.433/1997, disponível em Legislação sobre meio ambiente: clima e água.
25 Alterada pelas Resoluções nos 410/2009 e 430/2011.
26 Cf. as Resoluções Conama nos 357/2005 e 430/2011, disponíveis em Legislação sobre meio ambiente: clima e água.
27 Cf. Diário Oficial da União, Seção 1, p. 176, de 6 de dezembro de 2013.
124
POLUIÇÃO
28 Conteúdo, nota descritiva e processo de tramitação da MP nº 868/2018 podem ser visualizados na página da
Câmara dos Deputados, disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idPro-
posicao=2190282. Acesso em: 26 abr. 2019.
125
e atualmente o regulamento prevê que a condição seja seguida após 31 de
dezembro de 2019.29
As regras atinentes à gestão dos resíduos sólidos também merecem
atenção, dado o potencial poluidor associado. Dados do IBGE, coletados no
âmbito da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mostram que,
em 2015, o número de domicílios atendidos por coleta de lixo foi de 61,1 milhões,
o que representa 89,8% do total de unidades domiciliares do país. A Região
Sudeste registrou a maior proporção de domicílios com lixo coletado (96,4%), e
a Região Norte, a menor (78,6%), seguida pela Região Nordeste (79,1%).
Para tratar das questões específicas de resíduos sólidos, foi aprovada a
Lei nº 12.305/2010, que constitui um dos exemplos de êxito mais significativo da
legislação ambiental nos últimos anos. Essa lei teve origem no PL nº 203/1991 e
em centenas de proposições apensadas, que tramitaram no Congresso Nacional
por mais de vinte anos. Sua regulamentação se deu por meio dos Decretos
nos 7.404/2010 e 9.177/2017.
A Lei de Resíduos Sólidos reuniu, de forma orgânica e coerente, dispo-
sitivos legais relevantes antes esparsos em instrumentos normativos diversos,
como resoluções e portarias, dando segurança jurídica aos comandos desses
atos infralegais.
Um dos aspectos de destaque da Lei dos Resíduos Sólidos é a atribuição
de responsabilidades a todos os agentes de alguma forma relacionados à sua
gestão. Entre as atribuições dadas aos governos, figuram diferentes planos: o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos e os planos estaduais, microrregionais, de
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas e os municipais.
O elemento mais importante da Lei nº 12.305/2010 é a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida do produto, que envolve fabricantes, importa-
dores, distribuidores e comerciantes, assim como os consumidores e os titulares
dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. A res-
ponsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto é a versão brasileira
para a responsabilidade pós-consumo, adotada em grande número de países
desenvolvidos, por meio da qual o produtor assume a responsabilidade pelo pro-
duto após o uso pelo consumidor. Aplica-se, assim, o princípio poluidor-pagador
à gestão dos resíduos sólidos.
As resoluções do Conama anteriores à lei permanecem vigentes naquilo
que não a contrariam. São alguns exemplos: Resolução nº 5/1993, que dispõe
sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos,
terminais ferroviários e rodoviários; Resolução nº 275/2001,30 que estabelece
o código de cores para os diferentes tipos de resíduos; Resolução nº 307/2002,31
29 Essas alterações foram feitas por meio dos Decretos nos 8.211/2014, 8.269/2015 e 9.254/2017.
30 Alterada pela Resolução nº 358/2005.
31 Alterada pelas Resoluções nos 348/2004, 431/2011, 448/2012 e 469/2015.
126
POLUIÇÃO
127
que, do total de 12.051 amostras monitoradas, 2.371 foram consideradas insatis-
fatórias (19,7%), sendo que 362 destas amostras (3,00%) apresentaram concen-
tração de resíduos acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) e 2.211 (18,3%)
apresentaram resíduos de agrotóxicos não autorizados para a cultura.35
Diante da importância cada vez maior, no país, da exploração de petróleo
e do transporte aquaviário e, ainda, dos inúmeros acidentes que têm ocorrido no
Brasil envolvendo essas atividades, tornava-se necessário ter regras mais rígidas
para a prevenção de seus efeitos severos ao meio ambiente. Isso foi obtido com
a Lei nº 9.966/2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização
da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou
perigosas em águas sob jurisdição nacional
A Lei nº 9.966/2000 prevê diversos mecanismos de controle, dos quais
destacamos três. O primeiro é o manual de procedimento para o gerenciamento
dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos resíduos. Esse manual deve
ser elaborado pelas entidades exploradoras de portos organizados e instalações
portuárias, assim como pelos proprietários ou operadores de plataformas, e
aprovado pelo órgão ambiental competente. Tais instalações devem dispor de
planos de emergência individuais para o combate à poluição por óleo e subs-
tâncias nocivas ou perigosas, os quais também devem ser aprovados pelo órgão
ambiental competente. Por fim, as plataformas e os navios com arqueação bruta
superior a cinquenta que transportem óleo, ou o utilizem para sua movimen-
tação ou operação, devem portar a bordo livro de registro de óleo. Também se
exige livro de registro de carga do navio que transportar substância nociva ou
perigosa a granel.
Como norma infralegal, merece destaque a Resolução Conama
nº 393/2007, que dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de
produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural. A norma fixa
padrões de lançamento, bem como parâmetros e metodologia de monitora-
mento do teor de óleos e graxas. Adicionalmente, tem-se a Resolução nº 398/2008,
que dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para
incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em
portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres,
plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes
náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração. Em casos de inci-
dente de poluição por óleo no mar é necessário observar também a Resolução
Conama nº 482/2017, que dispõe sobre a utilização da técnica de queima con-
trolada emergencial como ação de resposta nesses ambientes.36
35 ANVISA. Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos: relatório das análises de amostras mo-
nitoradas no período de 2013 a 2015. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/2782895/
Relat%C3%B3rio+PARA+Vers%C3%A3o+Final/1230de7d-306d-4249-a62c-a68708fab153>. Acesso em: 19 mar. 2018.
36 Cf. textos das resoluções Conama. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codle-
gitipo=3>. Acesso em: 26 abr. 2019.
128
POLUIÇÃO
Além da poluição por óleo, o ambiente marinho tem sido bastante afe-
tado pelo lançamento indiscriminado de diversos outros tipos de resíduos.
Nesse tema, o Brasil internalizou integralmente as regras da Convenção sobre
Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matérias, concluída em
Londres em 1972. O Decreto nº 87.566/1982, promulgou o texto da convenção e
o Decreto nº 6.511/2008, promulgou as emendas aos seus anexos.
O ordenamento jurídico também se dedicou a cuidar da qualidade do
solo, ao publicar a Resolução Conama nº 420/2009, que dispõe sobre critérios
e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias
químicas. Essa resolução estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental
de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades
antrópicas.
Alguns estados já publicam periodicamente a relação de áreas conta-
minadas em seus territórios, bem como o acompanhamento dos processos de
reabilitação. Em Minas Gerais, os dados relativos ao ano de 2017 totalizaram 655
áreas contaminadas em todo o território, enquanto em São Paulo esse número
alcançou o patamar de 5.942 áreas. Desse total, 27% das áreas já foram reabili-
tadas em Minas Gerais, e 20%, em São Paulo.37
O Decreto nº 9.470/2018 promulgou a Convenção de Minamata sobre Mer-
cúrio, firmada pelo Brasil, em Kumamoto, em 2013. A Convenção visa proteger
a saúde humana e o meio ambiente das emissões e liberações antropogênicas
de mercúrio e de compostos de mercúrio.
Por fim, convém registrar a existência de limites para emissão de ruídos,
que objetivam controlar a poluição sonora nos diferentes ambientes. Embora
não haja lei que trate especificamente sobre o tema, a matéria é regida pela
Resolução Conama nº 1/1990, que dispõe sobre critérios de padrões de emissão
de ruídos decorrentes de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais
ou recreativas, incluindo as de propaganda política. De acordo com as peculia-
ridades locais, também é facultado aos estados, Distrito Federal e municípios
estabelecerem limites menores, conforme prescreve o art. 3º da Resolução
Conama nº 2/1990, que dispõe sobre o Programa Nacional de Educação e Con-
trole da Poluição Sonora (Silêncio).
Como se pode observar, o arcabouço normativo sobre poluição e qua-
lidade ambiental é bastante amplo e passa por constante aprimoramento em
virtude do aprendizado contínuo e da necessidade de garantir a todos o direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
129
Referências
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2017: relatório pleno. Brasília: ANA, 2017. Disponível em: <http://www.snirh.gov.br/
portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/relatorio-
conjuntura-2017.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2018.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Qualidade do ar no estado de
São Paulo: 2016. São Paulo: CETESB, 2017. Disponível em: <http://cetesb.sp.gov.br/ar/
wp-content/uploads/sites/28/2013/12/relatorio-ar-2016.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2018.
IBAMA. Relatórios de comercialização de agrotóxicos: vendas por classe de uso.
Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/agrotoxicos/relatorios-de-
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______. Programa de controle de emissões veiculares (Proconve). Disponível em: <http://
www.ibama.gov.br/emissoes/veiculos-automotores/programa-de-controle-de-
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IBGE. Pesquisa Nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2015. Rio de
Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv98887.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2018.
PEREIRA JÚNIOR, José de Sena. Recursos hídricos: conceituação, disponibilidade e usos.
Brasília: Câmara dos Deputados, Consultoria Legislativa, 2004. 24 p. (Estudo). Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-
tecnicas/areas-da-conle/tema14/2004_2687.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2017.
VOROSMARTY, Charles J.; LEVEQUE, Christian; REVENGA; Carmen (Coord.). Fresh water.
In: HASSAN, Rashid; SCHOLES, Robert; ASH, Neville (Ed.). Ecosystems and human well-
being: current state and trends; findings of the Condition and Trends Working Group of
the Millennium Ecosystem Assessment. Washington, DC: Island Press, 2005. Chapter 7,
p. 165-208. Disponível em: <https://www.millenniumassessment.org/documents/
document.766.aspx.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2011.
UNESCO. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos
Recursos Hídricos 2017. Brasília, 2017. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0024/002475/247552por.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2018.
Sugestões de leitura
BRASIL. Ministério das Cidades. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos.
Brasília: MCIDADES.SNSA, 2017. Disponível em: <http://www.snis.gov.br/downloads/
diagnosticos/rs/2015/DiagRS2015.zip>. Acesso em: 30 jan. 2018.
Os MÚLTIPLOS desafios da água. Revista Plenarium, Brasília, v. 3, n. 3, 2006.
IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf>.
Acesso em: 30 jan. 2018.
130
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
veis, considerando os riscos e benefícios ambien- de mercúrio utilizado. O Secretariado deverá dis-
tais e para a saúde humana. ponibilizar essas informações publicamente.
6. Nenhuma Parte permitirá o uso de mercúrio
Artigo 5 – Processos de manufatura nos quais
ou compostos de mercúrio em instalações que
mercúrio ou compostos de mercúrio
não existiam antes da data de entrada em vigor
são utilizados
da Convenção para si e que utilizem os processos
1. Para os efeitos deste Artigo e do Anexo B, pro-
de manufatura listados no Anexo B. Nenhuma
cessos de manufatura nos quais mercúrio ou com- isenção se aplicará a essas instalações.
postos de mercúrio são utilizados não incluem 7. Cada Parte deverá desencorajar o desenvol-
processos que utilizem produtos com mercúrio vimento de qualquer instalação inexistente antes
adicionado, processos de manufatura de produ- da data de entrada em vigor da Convenção que
tos com mercúrio adicionado, ou processos que utilize processos de manufatura onde o mercú-
processem resíduos contendo mercúrio. rio e seus compostos sejam usados intencional-
2. Nenhuma Parte permitirá, tomando para mente, salvo quando a Parte possa demonstrar,
tanto medidas apropriadas, o uso de mercúrio ou a contento da Conferência das Partes, que o pro-
compostos de mercúrio nos processos de manufa- cesso de manufatura oferece benefícios significa-
tura listados na Parte I do Anexo B após a data de tivos ao meio ambiente e à saúde humana e que
eliminação nele especificada para processos indi- não há alternativas técnica e economicamente
viduais, exceto quando a Parte houver registrado viáveis livres de mercúrio que ofereçam os mes-
uma isenção de acordo com o Artigo 6. mos benefícios.
3. Cada Parte deverá tomar medidas para res- 8. Encorajam-se as Partes a trocar informações
tringir o uso de mercúrio ou compostos de mercú- sobre novos desenvolvimentos tecnológicos per-
rio nos processos listados na Parte II do Anexo B tinentes, alternativas técnica e economicamente
de acordo com as disposições nele estabelecidas. viáveis sem mercúrio, e sobre possíveis medidas e
4. O Secretariado deverá, com base nas infor- técnicas para reduzir, e quando factível, eliminar o
mações prestadas pelas Partes, coletar e manter uso de mercúrio e compostos de mercúrio dos pro-
informações sobre processos que utilizem mercú- cessos de manufatura listados no Anexo B, assim
rio ou compostos de mercúrio e suas alternativas, como as emissões e liberações de mercúrio e com-
e deverá disponibilizar essas informações publi- postos de mercúrio procedentes desses processos.
camente. Outras informações relevantes também 9. Qualquer Parte poderá apresentar uma pro-
posta de emenda ao Anexo B no sentido de incluir
podem ser apresentadas pelas Partes e devem ser
um processo de manufatura em que mercúrio e
disponibilizadas publicamente pelo Secretariado.
compostos de mercúrio sejam utilizados. A pro-
5. Cada Parte com uma ou mais instalações que
posta deverá incluir informações relacionadas à
utilizem mercúrio ou compostos de mercúrio nos
disponibilidade, à viabilidade técnica e econômica
processos de manufatura listados no Anexo B de-
e aos riscos e benefícios para o meio ambiente e
verá:
a saúde humana das alternativas sem mercúrio.
(a) Adotar medidas para lidar com emissões e
10. No prazo máximo de cinco anos após a data
liberações de mercúrio ou compostos de mercúrio
de entrada em vigor da Convenção, a Conferên-
dessas instalações; cia das Partes deverá revisar o Anexo B e poderá
(b) Incluir em seus relatórios, apresentados con- considerar emendas ao Anexo em conformidade
forme o Artigo 21, informações sobre as medidas com o Artigo 27.
tomadas de acordo com este parágrafo; e 11. Em qualquer revisão do Anexo B de acordo
(c) Empenhar-se para identificar as instalações com o parágrafo 10, a Conferência das Partes de-
em seu território que utilizem mercúrio ou com- verá considerar pelo menos:
postos de mercúrio para os processos listados no (a) Qualquer proposta apresentada ao amparo
Anexo B e encaminhar ao Secretariado, no prazo do parágrafo 9;
máximo de três anos após a data de entrada em (b) A informação disponibilizada de acordo com
vigor da Convenção para essa Parte, informações o parágrafo 4; e
sobre o número e os tipos de instalações e a quan- (c) A disponibilidade de alternativas sem mercú-
tidade anual estimada de mercúrio ou compostos rio que sejam técnica e economicamente viáveis,
135
considerando os riscos e benefícios ambientais e alternativos que não utilizem mercúrio ou envol-
para a saúde humana. vam o consumo de menos mercúrio do que a uso
isento; e
Artigo 6 – Isenções disponíveis
(c) As atividades planejadas ou em curso para
mediante solicitação de uma Parte
proporcionar o armazenamento ambientalmente
1. Qualquer Estado ou organização regional de
saudável do mercúrio e a disposição de resíduos
integração pode registrar uma ou mais isenções
de mercúrio. Uma isenção só poderá ser prorro-
das datas de eliminação listadas no Anexo A e no
gada uma vez por produto por data de eliminação.
Anexo B, doravante referidas como “isenções”, por
7. Uma Parte poderá, a qualquer momento, re-
meio de notificação por escrito ao Secretariado:
tirar uma isenção por meio de notificação escrita
(a) Ao se tornar Parte nesta Convenção; ou
ao Secretariado. A retirada de uma isenção deverá
(b) No caso de produtos com mercúrio adicio-
valer a partir da data especificada na notificação.
nado incluídos por emenda ao Anexo A ou de pro-
8. Não obstante o disposto no parágrafo 1,
cessos de manufatura no qual o mercúrio seja uti-
nenhum Estado ou organização regional de in-
lizado que sejam incluídos por emenda ao Anexo B,
tegração econômica poderá registrar uma isen-
no prazo máximo da data em que a emenda apli-
ção após cinco anos da data de eliminação do
cável entre em vigor para a Parte. Qualquer regis-
produto ou processo correspondente listado
tro deverá ser acompanhado de uma declaração
nos Anexos A ou B, a menos que uma ou mais Par-
explicando a necessidade da Parte para a isenção.
tes permaneçam registradas para isenção desse
2. Uma isenção pode ser registrada tanto para
produto ou processo por haver recebido uma
uma categoria listada no Anexo A ou B, ou para
prorrogação de acordo com o parágrafo 6. Nesse
uma subcategoria identificada por qualquer Es-
caso, o Estado ou organização regional de integra-
tado ou organização regional de integração eco-
ção econômica poderá, nos momentos estabeleci-
nômica.
dos pelos parágrafos 1 (a) e (b), registrar uma isen-
3. Cada Parte que tenha uma ou mais isenções
ção desse produto ou processo que expirará dez
deverá ser identificada em um registro. O Secre-
anos após a data de eliminação correspondente.
tariado deverá estabelecer e manter esse registro,
9. Nenhuma Parte terá isenções válidas em ne-
disponibilizando-o ao público.
nhum momento transcorridos dez anos da data
4. O registro deverá incluir:
de eliminação de um produto ou processo in-
(a) Uma lista das Partes que tenham uma ou
cluído nos anexos A ou B.
mais isenções;
(b) A isenção ou isenções registradas para cada Artigo 7 – Mineração de ouro artesanal
Parte; e e em pequena escala
(c) A data de validade de cada isenção. 1. As medidas neste Artigo e no Anexo C apli-
5. A menos que um período mais curto seja indi- cam-se à mineração e ao processamento de ouro
cado no registro por uma Parte, todas as isenções artesanal e em pequena escala onde a amalgama-
ao amparo do parágrafo 1 expirarão cinco anos ção com mercúrio é utilizada para extrair o ouro
após a data de eliminação correspondente esta- do minério.
belecida nos Anexos A ou B. 2. Cada Parte em cujo território sejam realiza-
6. A Conferência das Partes poderá, quando das atividades de mineração e processamento
solicitada por uma Parte, decidir prorrogar uma de ouro artesanal e em pequena escala sujeitas a
isenção por cinco anos, salvo se a Parte solicitar este Artigo deverá adotar medidas para reduzir, e
um período mais curto. Ao tomar esta decisão, a quando viável eliminar, o uso de mercúrio e com-
Conferência das Partes deverá considerar: postos de mercúrio nessas atividades, bem como
(a) Um relatório da Parte justificando a neces- as emissões e liberações de mercúrio no meio am-
sidade de prorrogar o período da isenção e des- biente resultantes dessas atividades.
crevendo as atividades realizadas e planejadas 3. Cada Parte deverá notificar o Secretariado
para eliminar a necessidade da isenção assim se, a qualquer momento, determinar que a mi-
que factível; neração e processamento de ouro artesanal e em
(b) As informações disponíveis, inclusive a res- pequena escala em seu território é mais que insig-
peito da disponibilidade de produtos e processos nificante. Caso assim determine, a Parte deverá:
136
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
(a) Desenvolver e implementar um plano na- qualquer categoria incluam pelo menos 75 por
cional de ação em conformidade com o Anexo C; cento das emissões dessa categoria;
(b) Apresentar seu plano nacional de ação ao (c) Por “nova fonte” entende-se qualquer fonte
Secretariado no prazo máximo de três anos após relevante dentro de uma categoria listada no
a entrada em vigor da Convenção para essa Parte Anexo D, cuja construção ou modificação subs-
ou três anos após a notificação ao Secretariado, tancial seja iniciada pelo menos um ano depois
caso essa data seja posterior; e da data de:
(c) Posteriormente, revisar, a cada três anos, o (i) Entrada em vigor desta Convenção para a
progresso realizado no cumprimento de suas obri- Parte interessada; ou
gações sob este Artigo e incluir essas revisões em (ii) Entrada em vigor para a Parte interessada de
seus relatórios apresentados conforme o Artigo 21. uma emenda ao Anexo D onde a fonte esteja su-
4. As Partes poderão cooperar entre si e com jeita às disposições desta Convenção apenas em
virtude de tal emenda;
organizações intergovernamentais e outras enti-
(d) Por “modificação substancial” entende-se a
dades relevantes, conforme apropriado, para al-
modificação de uma fonte relevante que resulte
cançar os objetivos deste Artigo. Tal cooperação
em um aumento significativo de emissões, exceto
pode incluir:
qualquer mudança em emissões que resulte da
(a) Desenvolvimento de estratégias para preve-
recuperação de um subproduto. Caberá à Parte
nir o desvio de mercúrio ou compostos de mercú-
decidir se a modificação é substancial ou não;
rio para uso em mineração e processamento de
(e) Por “fonte existente” entende-se qualquer
ouro artesanal e em pequena escala;
fonte relevante que não seja uma nova fonte;
(b) Iniciativas para educação, divulgação e ca- (f) Por “valor limite de emissão” entende-se um
pacitação; limite de concentração, massa ou taxa de emis-
(c) Promoção de pesquisa de práticas alternati- são de mercúrio ou compostos de mercúrio, ge-
vas sustentáveis sem o uso de mercúrio; ralmente referida como “mercúrio total”, emitido
(d) Provisão de assistência técnica e financeira; a partir de uma fonte pontual.
(e) Parcerias para auxiliar na implementação 3. Uma Parte com fontes relevantes deverá ado-
dos compromissos dispostos neste Artigo; e tar medidas para controlar as emissões e poderá
(f) Uso de mecanismos existentes de troca de preparar um plano nacional estabelecendo as me-
informações para promover o conhecimento, me- didas a serem tomadas para tanto, assim como as
lhores práticas ambientais e tecnologias alternati- metas, objetivos e resultados desejados. Qualquer
vas que sejam viáveis do ponto de vista ambiental, plano deverá ser apresentado à Conferência das
técnico, social e econômico. Partes dentro de quatro anos da data de entrada
em vigor da Convenção para essa Parte. Caso de-
Artigo 8 – Emissões
senvolva um plano de implementação de acordo
1. Este Artigo trata do controle e, quando viável,
com o Artigo 20, a Parte poderá incluir neste o
da redução de emissões de mercúrio e compos-
plano preparado conforme este parágrafo.
tos de mercúrio, frequentemente referidos como
4. No que se refere a novas fontes, cada Parte
“mercúrio total”, na atmosfera por meio de me-
deverá requerer o uso de melhores técnicas dis-
didas de controle de emissões a partir de fontes poníveis e melhores práticas ambientais para con-
pontuais que se enquadrem nas categorias lista- trolar e, quando viável, reduzir as emissões, assim
das no Anexo D. que possível, mas no prazo máximo de cinco anos
2. Para os efeitos deste Artigo: após a data de entrada em vigor da Convenção
(a) Por “emissões” entendem-se as emissões de para essa Parte. A Parte poderá usar valores limi-
mercúrio ou compostos de mercúrio na atmosfera; tes de emissões que sejam consistentes com a
(b) Por “fonte relevante” entende-se uma fon- aplicação das melhores técnicas disponíveis.
te que se enquadre nas categorias listadas no 5. No que se refere a fontes existentes, cada
Anexo D. Uma Parte poderá, caso queira, esta- Parte deverá incluir e implementar, em qualquer
belecer critérios para identificar as fontes en- plano nacional, uma ou mais das seguintes medi-
quadradas dentro de uma categoria listada no das, levando-se em conta suas circunstâncias do-
Anexo D, contanto que esses critérios para mésticas, a viabilidade econômica e técnica das
137
medidas, além de sua acessibilidade, assim que tais diretrizes ao implementarem as disposições
possível mas não mais que dez anos após a data relevantes deste Artigo.
da entrada em vigor da Convenção para essa Parte: 11. Cada Parte deverá incluir informações sobre
(a) Uma meta quantificada para controlar, e, a implementação deste Artigo em seus relatórios
quando viável, reduzir as emissões de fontes re- apresentados conforme o Artigo 21, especial-
levantes; mente informações sobre as medidas tomadas
(b) Valores limites de emissões para controlar em conformidade com os parágrafos 4 a 7 e a efe-
e, quando viável, reduzir emissões de fontes re- tividade dessas medidas.
levantes;
Artigo 9 – Liberações
(c) O uso das melhores técnicas disponíveis e
1. Este Artigo trata do controle e, quando viá-
das melhores práticas ambientais para controlar vel, da redução de liberações de mercúrio e com-
as emissões de fontes relevantes; postos de mercúrio, geralmente referidos como
(d) Uma estratégia de controle de multipoluen- “mercúrio total”, nos solos e na água de fontes
tes que resulte em cobenefícios para o controle de pontuais relevantes não abordadas em outros
emissões de mercúrio; dispositivos desta Convenção.
(e) Medidas alternativas para reduzir as emis- 2. Para os efeitos deste Artigo:
sões de fontes relevantes. (a) Por “liberações” entendem-se os lançamen-
6. As Partes poderão aplicar as mesmas me- tos de mercúrio ou compostos de mercúrio nos
didas a todas as fontes relevantes existentes ou solos e na água;
poderão adotar medidas diferentes a respeito de (b) Por “fonte relevante” entende-se uma fonte
categorias diferentes de fontes. O objetivo deve pontual de liberação antropogênica, identificada
ser que as medidas aplicadas por uma Parte per- pela Parte e que não esteja abordada em outros
mitam atingir progresso razoável na redução de dispositivos desta Convenção;
emissões ao longo do tempo. (c) Por “nova fonte” entende-se qualquer fonte
7. Cada Parte deverá estabelecer, assim que pra- relevante cuja construção ou modificação subs-
ticável mas no prazo máximo de cinco anos após a tancial seja iniciada pelo menos um ano após a
entrada em vigor da Convenção para si, um inven- data da entrada em vigor desta Convenção para
tário de emissões de fontes relevantes, que deverá a Parte interessada;
ser mantido a partir de então. (d) Por “modificação substancial” entende-se a
8. A Conferência das Partes deverá, em sua pri- modificação de uma fonte relevante que resulte
meira reunião, adotar diretrizes sobre: em um aumento significativo de liberações, ex-
(a) Melhores técnicas disponíveis e melhores ceto qualquer mudança em liberações que resulte
práticas ambientais, levando em consideração da recuperação de um subproduto. Caberá à Parte
qualquer diferença entre novas fontes e as já decidir se a modificação é substancial ou não;
existentes, e a necessidade de minimizar efeitos (e) Por “fonte existente” entende-se qualquer
cruzados entre os meios distintos; e fonte relevante que não seja uma nova fonte;
(b) Apoio às Partes na implementação das me- (f) Por “valor limite de liberação” entende-se
didas descritas no parágrafo 5, especialmente a um limite de concentração, massa ou taxa de
determinação de metas e de valores limites de emissão de mercúrio ou compostos de mercúrio,
emissões. geralmente referido como “mercúrio total”, libe-
9. A Conferência das Partes deverá, assim que rado a partir de uma fonte pontual.
possível, adotar diretrizes sobre: 3. Cada Parte deverá, no prazo máximo de três
(a) Critérios que as Partes poderão desenvolver anos após a data de entrada em vigor da Conven-
em conformidade com o parágrafo 2 (b); ção e regularmente após essa data, identificar ca-
(b) A metodologia para preparar inventários de tegorias de fontes pontuais relevantes.
emissões. 4. Uma Parte com fontes relevantes deverá ado-
10. A Conferência das Partes deverá manter tar medida para controlar as liberações e poderá
sob revisão, e atualizar conforme apropriado, preparar um plano nacional estabelecendo as me-
as diretrizes desenvolvidas ao amparo dos pa- didas a serem tomadas para tanto, assim como as
rágrafos 8 e 9. As Partes deverão ter em conta metas, objetivos e resultados desejados. Qualquer
138
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
plano deverá ser apresentado à Conferência das cúrio e compostos de mercúrio para fins de um
Partes dentro de quatro anos da data de entrada uso permitido a uma Parte nesta Convenção, que
em vigor da Convenção para essa Parte. Caso de- seja realizado de forma ambientalmente saudável,
senvolva um plano de implementação de acordo levando-se em conta todas as diretrizes e em con-
com o Artigo 20, a Parte poderá incluir neste o formidade com quaisquer requisitos adotados de
plano preparado conforme este parágrafo. acordo com o parágrafo 3.
5. As medidas devem incluir um ou mais dos se- 3. A Conferência das Partes deverá adotar dire-
guintes itens, conforme apropriado: trizes sobre o armazenamento provisório ambien-
(a) Valores limites de liberações para controlar e, talmente saudável de mercúrio e compostos de
quando viável, reduzir os lançamentos de fontes mercúrio, levando-se em conta quaisquer diretri-
relevantes; zes pertinentes desenvolvidas sob a égide da Con-
(b) O uso das melhores técnicas disponíveis e venção de Basileia sobre o Controle de Movimen-
das melhores práticas ambientais para controlar tos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu
as liberações de fontes relevantes; Depósito e outras orientações relevantes. A Con-
(c) Uma estratégia de controle de multipoluen- ferência das Partes poderá adotar requisitos para
tes que resulte em cobenefícios para o controle o armazenamento provisório em um anexo adicio-
das liberações de mercúrio; nal a esta Convenção, de acordo com o Artigo 27.
(d) Medidas alternativas para reduzir as libera- 4. As Partes deverão cooperar, conforme apro-
ções de fontes relevantes. priado, entre si e com organizações intergoverna-
6. Cada Parte deverá estabelecer, assim que mentais e outras entidades relevantes, para elevar
praticável mas no prazo máximo de cinco anos a capacitação para o armazenamento provisório
após a entrada em vigor da Convenção para si, um e ambientalmente saudável de mercúrio e com-
inventário de liberações de fontes relevantes, que postos de mercúrio.
deverá ser mantido a partir de então.
Artigo 11 – Resíduos de mercúrio
7. A Conferência das Partes deverá, assim que
1. As definições relevantes da Convenção de
possível, adotar diretrizes sobre:
Basileia sobre o Controle de Movimentos Trans-
(a) Melhores técnicas disponíveis e melhores
fronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito
práticas ambientais, levando em consideração
aplicam-se a resíduos cobertos por esta Conven-
qualquer diferença entre novas fontes e as já
ção para as Partes na Convenção de Basileia. As
existentes, e a necessidade de minimizar efeitos
Partes desta Convenção que não sejam Partes na
cruzados entre os meios distintos; e
Convenção de Basileia deverão usar tais defini-
(b) A metodologia para preparar inventários de
ções como orientação aplicável a resíduos cober-
liberações.
tos por esta Convenção.
8. Cada Parte deverá incluir informações sobre
2. Para os efeitos desta Convenção, por resíduos
a implementação deste Artigo em seus relatórios
de mercúrio entendem-se substâncias ou objetos:
apresentados conforme o Artigo 21, especialmente
(a) Que consistam em mercúrio ou compostos
informações sobre as medidas tomadas em con-
de mercúrio;
formidade com os parágrafos 3 a 6 e a efetividade
(b) Que contenham mercúrio ou compostos de
dessas medidas
mercúrio; ou
Artigo 10 – Armazenamento provisório (c) Contaminados com mercúrio ou compostos
ambientalmente saudável de mercúrio, de mercúrio, em uma quantidade acima dos limi-
diferente de resíduos de mercúrio tes pertinentes definidos pela Conferência das
1. Este Artigo aplica-se ao armazenamento pro- Partes, em colaboração com os órgãos relevantes
visório ambientalmente saudável de mercúrio e da Convenção de Basileia de forma harmonizada,
compostos de mercúrio definidos no Artigo 3 que que foram dispostos ou destinados para dispo-
não sejam compreendidos no significado da de- sição ou que têm disposição exigida de acordo
finição de resíduos de mercúrio estabelecida no com os dispositivos da legislação nacional ou
Artigo 11. desta Convenção. Esta definição exclui rochas de
2. Cada Parte deverá tomar medidas para ga- capeamento, de resíduos e refugos de mineração,
rantir que o armazenamento provisório de mer- exceto os derivados de mineração primária de
139
mercúrio, a menos que contenham mercúrio ou advindos do mercúrio ou compostos de mercúrio
compostos de mercúrio acima dos limites defini- nelas contidos.
dos pela Conferência das Partes. 3. A Conferência das Partes deverá adotar orien-
3. Cada Parte deverá tomar as medidas apro- tações sobre a gestão de áreas contaminadas que
priadas para que os resíduos de mercúrio sejam: podem incluir métodos e abordagens para:
(a) Geridos de forma ambientalmente saudável, (a) Identificação e caracterização das áreas;
levando-se em consideração as diretrizes desen- (b) Envolvimento do público;
volvidas sob a Convenção de Basileia e em confor- (c) Avaliação dos riscos ao meio ambiente e à
midade com os requisitos que a Conferência das saúde humana;
Partes deverá adotar em um anexo adicional, de (d) Opções para gerenciamento dos riscos gera-
acordo com o Artigo 27. Ao desenvolver os requi- dos pelas áreas contaminadas;
sitos, a Conferência das Partes deverá levar em (e) Avaliação dos benefícios e custos; e
conta as regulamentações e programas de gestão (f) Validação dos resultados.
de resíduos das Partes; 4. Encorajam-se as Partes a cooperar no desen-
(b) Apenas recuperados, reciclados, regenera- volvimento de estratégias e na implementação de
dos ou reutilizados diretamente para usos per- atividades de identificação, avaliação, priorização,
mitidos a uma Parte nesta Convenção ou para a gestão e, conforme apropriado, remediação de
disposição ambientalmente saudável de acordo
áreas contaminadas.
com o parágrafo 3 (a);
(c) Para as Partes na Convenção de Basileia, não Artigo 13 – Recursos financeiros
sejam transportados através de fronteiras interna- e mecanismo financeiro
cionais, exceto para fins de disposição ambiental- 1. Cada Parte compromete-se a fornecer, den-
mente saudável em conformidade com este Artigo tro de suas capacidades, os recursos relativos às
e com aquela Convenção. Nas circunstâncias em atividades nacionais que tenham por objetivo im-
que não se aplica a Convenção de Basileia sobre o plementar esta Convenção, de acordo com suas
transporte entre fronteiras internacionais, as Par- políticas, prioridades, planos e programas nacio-
tes deverão permitir tal transporte apenas depois nais. Tais recursos podem incluir financiamento
de considerar as regras, padrões e orientações in- doméstico por meio de políticas relevantes, estra-
ternacionais relevantes. tégias de desenvolvimento e orçamentos nacio-
4. A Conferência das Partes deverá buscar coo- nais e financiamento bilateral e multilateral, bem
peração próxima com os órgãos relevantes da como o envolvimento do setor privado.
Convenção de Basileia na revisão e atualização, 2. A eficácia geral da implementação desta Con-
conforme apropriado, das diretrizes menciona- venção pelas Partes que são países em desenvol-
das no parágrafo 3 (a). vimento estará relacionada à efetiva implemen-
5. Encorajam-se as Partes a cooperar entre si e tação deste Artigo.
com as organizações intergovernamentais e outras 3. Encorajam-se fontes multilaterais, regionais e
entidades relevantes, conforme apropriado, para bilaterais de assistência técnica e financeira, bem
desenvolver e manter a capacidade global, nacio- como capacitação e transferência de tecnologia,
nal e regional para o gerenciamento de resíduos que ampliem e melhorem, urgentemente, suas
de mercúrio de forma ambientalmente saudável. atividades relacionadas com o mercúrio em apoio
Artigo 12 – Áreas contaminadas às Partes que são países em desenvolvimento na
1. Cada Parte deverá engajar-se no desenvolvi- implementação desta Convenção, no que diz res-
mento de estratégias apropriadas para identificar peito aos recursos financeiros, assistência técnica
e avaliar as áreas contaminadas com mercúrio ou e transferência de tecnologia.
compostos de mercúrio. 4. As Partes, em suas ações relacionadas a fi-
2. Quaisquer ações para reduzir os riscos gera- nanciamento, deverão considerar plenamente
dos por áreas contaminadas deverão ser condu- as necessidades específicas e circunstâncias es-
zidas de forma ambientalmente saudável, incor- peciais das Partes que são pequenos Estados in-
porando, quando apropriado, uma avaliação dos sulares em desenvolvimento ou países de menor
riscos para a saúde humana e o meio ambiente desenvolvimento relativo.
140
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
5. Fica definido um Mecanismo para a provisão nião da Conferência das Partes, acordar os arran-
de recursos financeiros adequados, previsíveis, e jos que tornarão efetivos os parágrafos acima.
oportunos. Esse mecanismo se designa a apoiar 11. A Conferência das Partes deverá revisar, até
as Partes que são países em desenvolvimento e sua terceira reunião, e posteriormente de forma
as Partes com economias em transição na imple- periódica, o nível de financiamento, as orienta-
mentação de suas obrigações sob esta Convenção. ções dadas pela Conferência das Partes às entida-
6. O Mecanismo deve incluir: des incumbidas de operacionalizar o Mecanismo
(a) O Fundo Fiduciário do Fundo Global para o estabelecido por este Artigo e a eficácia de tais
Meio Ambiente; e entidades, bem como sua capacidade para tratar
(b) Um Programa internacional específico para das diferentes necessidades das Partes que são
apoiar capacitação e assistência técnica. países em desenvolvimento e Partes com econo-
7. O Fundo Fiduciário do Fundo Global para o mias em transição. Deverá também, com base
Meio Ambiente deverá prover recursos financeiros nessa revisão, adotar as medidas apropriadas
novos, previsíveis, adequados e oportunos, para para melhorar a eficácia do Mecanismo.
custear a implementação desta Convenção con- 12. Todas as Partes, dentro de suas capacida-
forme acordado pela Conferência das Partes. Para des, são convidadas a contribuir com o Meca-
os efeitos desta Convenção, o Fundo Fiduciário do nismo. O Mecanismo deverá estimular o provi-
Fundo Global para o Meio Ambiente deverá ser mento de recursos de outras fontes, incluindo o
operado sob as orientações da Conferência das setor privado, e deverá procurar alavancar tais
Partes, a quem prestará contas. A Conferência das recursos para as atividades que apoiar.
Partes deverá prover diretrizes sobre estratégias, Artigo 14 – Capacidade, assistência técnica
políticas, prioridades de programas e elegibili- e transferência de tecnologia
dade em geral para o acesso e utilização de recur- 1. As Partes deverão cooperar para prover, den-
sos financeiros. Ademais, a Conferência das Partes tro de suas respectivas capacidades e de maneira
deverá prover diretrizes sobre uma lista indicativa oportuna e adequada, capacitação e assistência
de categorias de atividades que poderão receber técnica às Partes que são países em desenvolvi-
apoio do Fundo Fiduciário do Fundo Global para o mento, especialmente as Partes que de menor
Meio Ambiente. O Fundo Fiduciário do Fundo Glo- desenvolvimento relativo ou pequenos Estados
bal para o Meio Ambiente deverá prover recursos insulares em desenvolvimento, e Partes que são
para atender aos custos adicionais acordados que economias em transição, para auxiliá-los na imple-
permitam obter benefícios ambientais globais e mentação de suas obrigações sob esta Convenção.
para os custos totais acordados de algumas ati- 2. A capacitação e assistência técnica de que
vidades de apoio. tratam o parágrafo 1 e o Artigo 13 podem ser en-
8. Ao prover recursos para uma atividade, o tregues por meio de arranjos regionais, sub-regio-
Fundo Fiduciário do Fundo Global para o Meio nais e nacionais, incluindo centros regionais e sub-
Ambiente deverá levar em conta o potencial de -regionais já existentes, por meio de outros meios
redução de mercúrio da atividade proposta rela- multilaterais e bilaterais, e por meio de parcerias,
tiva aos custos. incluindo parcerias envolvendo o setor privado.
9. Para os efeitos desta Convenção, o Programa A cooperação e coordenação com outros acordos
referido no parágrafo 6 (b) será operado sob as ambientais multilaterais na área de químicos e re-
orientações da Conferência das Partes, a quem síduos devem ser estimuladas, a fim de aumentar
prestará contas. A Conferência das Partes deverá, a eficácia da assistência técnica e sua entrega.
em sua primeira reunião, decidir sobre a institui- 3. As Partes que são países desenvolvidos e ou-
ção sede do Programa, que será uma entidade exis- tras Partes dentro de suas capacidades deverão
tente, e fornecer diretrizes a ela, inclusive sobre a promover e facilitar, apoiadas pelo setor privado
duração do Programa. Todas as Partes e outros e outras partes interessadas relevantes, conforme
interessados relevantes são convidados a aportar apropriado, o desenvolvimento, a transferência
recursos ao Programa, de forma voluntária. e difusão, e o acesso a tecnologias alternativas
10. A Conferência das Partes e as entidades que atualizadas e ambientalmente saudáveis para as
compõem o Mecanismo devem, na primeira reu- Partes que são países em desenvolvimento, em
141
particular os países de menor desenvolvimento vantes a esta Convenção e refletirão um equilíbrio
relativo e os pequenos Estados insulares em de- apropriado de especialização.
senvolvimento, e as Partes com economias em 4. O Comitê pode considerar questões com base
transição, a fortalecer sua capacidade de imple- em:
mentar esta Convenção efetivamente. (a) Solicitações por escrito de qualquer Parte a
4. A Conferência das Partes deverá, até sua se- respeito de sua própria conformidade;
gunda reunião e posteriormente de forma perió- (b) Relatórios nacionais de acordo com o Ar-
dica, levando em conta informações e os relató- tigo 21; e
rios apresentados pelas Partes, inclusive aqueles (c) Solicitações da Conferência das Partes.
apresentados conforme o Artigo 21, e as informa- 5. O Comitê deverá elaborar suas regras de pro-
ções enviadas por outras partes interessadas: cedimento, as quais serão sujeitas à aprovação,
(a) Considerar informações sobre iniciativas na segunda reunião da Conferência das Partes; a
existentes e o progresso feito em relação a tecno- Conferência das Partes poderá adotar termos de
logias alternativas; referência adicionais para o Comitê.
(b) Considerar as necessidades das Partes, es- 6. O Comitê deverá envidar todos os esforços
pecialmente as Partes que são países em desen- para adotar suas recomendações por consenso.
volvimento, por tecnologias alternativas; e Caso todos os esforços para chegar a um consenso
(c) Identificar os desafios vividos pelas Partes,
tenham sido exauridos e nenhum consenso alcan-
especialmente as Partes que são países em de-
çado, tais recomendações deverão ser adotadas,
senvolvimento, com transferência de tecnologia.
como último recurso, por maioria de três quartos
5. A Conferência das Partes deverá fazer reco-
dos membros presentes e votantes, com base em
mendações sobre como a criação de capacitação,
um quórum de dois terços dos membros.
assistência técnica e transferência de tecnologia,
de que tratam este Artigo, podem ser melhoradas. Artigo 16 – Aspectos de Saúde
1. Encorajam-se as Partes a:
Artigo 15 – Comitê de Implementação
(a) Promover o desenvolvimento e a implemen-
e Cumprimento
tação de estratégias e programas para identificar
1. Fica estabelecido um mecanismo, incluindo
e proteger as populações em situação de risco,
um Comitê como órgão subsidiário da Conferên-
particularmente as vulneráveis, e que possam
cia das Partes, para promover a implementação
incluir adoção de diretrizes de saúde, com bases
e examinar o cumprimento de todos os dispositi-
científicas, relativas à exposição ao mercúrio e
vos desta Convenção. O mecanismo, incluindo o
aos compostos de mercúrio, estabelecimento de
Comitê, terá um caráter facilitador por natureza,
dando atenção especial às respectivas capacida- metas para a redução dessa exposição, quando
des nacionais e circunstâncias das Partes. apropriado, e educação pública, com a participa-
2. O Comitê deverá promover a implementação ção dos setores de saúde pública e outros setores
e examinar o cumprimento de todos os dispositi- envolvidos;
vos desta Convenção. O Comitê examinará ques- (b) Promover o desenvolvimento e a implemen-
tões individuais e sistêmicas de implementação e tação de programas educacionais e preventivos,
cumprimento, e fazer recomendações, conforme com bases científicas, sobre a exposição ocupa-
apropriado, à Conferência das Partes. cional ao mercúrio e aos compostos de mercúrio;
3. O Comitê será composto por 15 membros, (c) Promover serviços de cuidados com a saúde
indicados pelas Partes e eleitos pela Conferên- apropriados para a prevenção, tratamento e cui-
cia das Partes, com a devida consideração de re- dado para populações afetadas pela exposição ao
presentação geográfica equitativa com base nas mercúrio e aos compostos de mercúrio; e
cinco regiões das Nações Unidas; os primeiros (d) Estabelecer e fortalecer, conforme apro-
membros deverão ser eleitos na primeira reunião priado, as capacidades profissionais e institu-
da Conferência das Partes e, posteriormente, de cionais de saúde para a prevenção, diagnóstico,
acordo com as regras de procedimento por ela tratamento e monitoramento de riscos à saúde
aprovadas de acordo com o parágrafo 5; os mem- relativos à exposição ao mercúrio e aos compos-
bros do Comitê terão competência em áreas rele- tos de mercúrio.
142
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
2. A Conferência das Partes, ao considerar ques- tais e não governamentais com conhecimento es-
tões ou atividades relacionadas à saúde, deverá: pecializado na área de mercúrio, e de instituições
(a) Consultar e colaborar com a Organização nacionais e internacionais com tal conhecimento.
Mundial da Saúde, a Organização Internacional 4. Cada Parte deverá designar um ponto focal
do Trabalho e outras organizações intergoverna- nacional para o intercâmbio de informações sob
mentais relevantes, conforme apropriado; e a égide desta Convenção, inclusive com relação
(b) Promover a cooperação e a troca de infor-
ao consentimento das Partes importadoras, de
mações com a Organização Mundial da Saúde, a
acordo com o Artigo 3.
Organização Internacional do Trabalho e outras
5. Para os efeitos desta Convenção, informa-
organizações intergovernamentais relevantes,
ções sobre saúde e segurança humana e ambien-
conforme apropriado.
tal não deverão ser tratadas como confidenciais.
Artigo 17 – Intercâmbio de Informações As Partes que intercambiarem outro tipo de infor-
1. Cada Parte deverá facilitar o intercâmbio de: mação, de acordo com esta Convenção, deverão
(a) Informações científicas, técnicas, econômi-
proteger quaisquer informações confidenciais na
cas e legais com relação a mercúrio e compostos
forma que acordem mutuamente.
de mercúrio, inclusive informações toxicológicas,
ecotoxicológicas e de segurança; Artigo 18 – Informações Públicas,
(b) Informações sobre a redução ou eliminação Conscientização, Educação
da produção, uso, comércio, emissões e libera- 1. Cada Parte deverá, de acordo com suas capa-
ções de mercúrio e compostos de mercúrio; cidades, promover e facilitar:
(c) Informações sobre alternativas técnica e (a) O acesso público a informações disponíveis
economicamente viáveis para: sobre:
(i) Produtos com mercúrio adicionado;
(i) Efeitos do mercúrio e dos compostos de mer-
(ii) Processos de manufatura nos quais o mer-
cúrio à saúde e ao meio ambiente;
cúrio ou compostos de mercúrio sejam usados; e
(ii) Alternativas ao mercúrio e aos compostos
(iii) Atividades e processos que emitam ou libe-
de mercúrio;
rem mercúrio ou compostos de mercúrio; inclu-
(iii) Tópicos identificados no parágrafo 1 do Ar-
sive informações sobre riscos à saúde e ao meio
ambiente e sobre os custos e benefícios econômi- tigo 17;
cos e sociais de tais alternativas; e (iv) Resultados de atividades de pesquisa, de-
(d) Informações epidemiológicas a respeito senvolvimento e monitoramento, sob a égide do
dos impactos na saúde associados à exposição Artigo 19; e
ao mercúrio e aos compostos de mercúrio, em (v) Atividades destinadas a cumprir suas obri-
estrita cooperação com a Organização Mundial gações sob esta Convenção;
de Saúde e outras organizações relevantes, con- (b) Educação, treinamento e conscientização
forme apropriado. pública relacionados aos efeitos da exposição ao
2. As Partes podem trocar as informações de mercúrio e aos compostos de mercúrio sobre a
que trata o parágrafo 1 diretamente, por meio saúde humana e o meio ambiente em colabora-
do Secretariado ou em cooperação com outras
ção com organizações intergovernamentais e não
organizações relevantes, incluindo secretarias de
governamentais relevantes e populações vulnerá-
convenções sobre químicos e resíduos, conforme
veis, conforme apropriado.
apropriado.
2. Cada Parte deverá usar os mecanismos exis-
3. O Secretariado deverá facilitar a cooperação
tentes ou considerar o desenvolvimento de meca-
no intercâmbio de informações, conforme referi-
das neste Artigo, bem como com as organizações nismos, tais como registros de emissões e transfe-
relevantes, inclusive as secretarias de acordos rência de poluentes, se aplicável, para a coleta e
ambientais multilaterais e outras iniciativas in- disseminação de informações sobre estimativas
ternacionais. Além das informações proporciona- de quantidades anuais de mercúrio e compostos
das pelas Partes, esta informação deverá incluir de mercúrio que são emitidas, liberadas ou dispos-
informações de organizações intergovernamen- tas através das atividades humanas.
143
Artigo 19 – Pesquisa, desenvolvimento Qualquer plano deverá ser transmitido ao Secre-
e monitoramento tariado tão logo seja elaborado.
1. As Partes deverão empenhar-se para coope- 2. Cada Parte poderá revisar e atualizar seu
rar, levando em consideração suas respectivas cir- plano de implementação, levando em conta suas
cunstâncias e capacidades, no desenvolvimento e circunstâncias domésticas e as orientações elabo-
aperfeiçoamento de: radas pela Conferência das Partes e outras orien-
(a) Inventários de uso, consumo, e emissões an- tações relevantes.
tropogênicas no ar e liberações antropogênicas na 3. As Partes deverão, ao conduzir o trabalho
água e solo, de mercúrio e compostos de mercúrio; estabelecido pelos parágrafos 1 e 2, consultar os
(b) Modelagem e monitoramento geográfico re- interessados nacionais para facilitar o desenvolvi-
presentativo dos níveis de mercúrio e compostos mento, implementação, revisão e atualização de
de mercúrio em populações vulneráveis e no meio seus planos de implementação.
ambiente, incluindo meio biótico como peixes, 4. As Partes podem também coordenar planos
mamíferos marinhos, tartarugas e pássaros, bem regionais para facilitar a implementação desta
como colaboração na coleta e troca de amostras Convenção.
apropriadas e relevantes;
Artigo 21 – Apresentação de Relatórios
(c) Avaliações sobre o impacto do mercúrio e
1. Cada Parte deverá relatar à Conferência das
dos compostos de mercúrio sobre a saúde hu-
Partes, por meio do Secretariado, sobre as medi-
mana e o meio ambiente, além de impactos so-
ciais, econômicos, e culturais, especialmente no das tomadas para implementar os dispositivos
que diz respeito às populações vulneráveis; desta Convenção e sobre a eficácia de tais medi-
(d) Metodologias harmonizadas para atividades das e os possíveis desafios no cumprimento de
realizadas sob a égide dos subparágrafos (a), (b) seus objetivos.
e (c) acima; 2. Cada Parte deverá incluir em seu relatório as
(e) Informações sobre o ciclo ambiental, trans- informações requisitadas nos Artigos 3, 5, 7, 8 e 9
porte (inclusive transporte de longa distância e desta Convenção.
deposição), transformação e destino do mercúrio 3. A Conferência das Partes deverá, em sua
e dos compostos de mercúrio em um conjunto de primeira reunião, decidir sobre a frequência e
ecossistemas, levando em conta a distinção entre formato do relatório a ser seguido pelas Partes,
emissões e liberações antropogênicas e naturais levando em conta o desejo de coordenar os re-
de mercúrio e a remobilização do mercúrio de sua latórios com outras convenções relevantes sobre
deposição histórica; químicos e resíduos.
(f) Informações sobre comércio e intercâmbio Artigo 22 – Avaliação de Eficácia
de mercúrio, compostos de mercúrio e produtos 1. A Conferência das Partes deverá avaliar a efi-
com mercúrio adicionado; e cácia desta Convenção, começando no prazo má-
(g) Informações e pesquisa sobre a viabilidade ximo de seis anos após a data de sua entrada em
técnica e econômica de produtos e processos li- vigor e posteriormente em intervalos periódicos
vres de mercúrio e sobre as melhores técnicas a serem decididos pela Conferência.
disponíveis e melhores práticas ambientais para 2. Para facilitar a avaliação, a Conferência das
reduzir e monitorar as emissões e liberações de Partes deverá, em sua primeira reunião, iniciar
mercúrio e compostos de mercúrio. o estabelecimento de arranjos para provisão de
2. As Partes poderão, conforme apropriado, par- dados de monitoramento comparáveis sobre a
tir de redes de monitoramento e programas de
presença e movimento de mercúrio e compostos
pesquisa existentes para conduzir as atividades
de mercúrio no meio ambiente, bem como ten-
identificadas no parágrafo 1.
dências nos níveis de mercúrio e compostos de
Artigo 20 – Planos de Implementação mercúrio observados em meio biótico e popula-
1. Cada Parte poderá, após avaliação inicial, de- ções vulneráveis.
senvolver e executar um plano de implementação, 3. A avaliação deverá ser conduzida com base
levando em conta suas circunstâncias domésticas, em informações científicas, ambientais, técnicas,
para cumprir com as obrigações desta Convenção. financeiras e econômicas disponíveis, incluindo:
144
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
(a) Relatórios e outras informações de monito- (d) Considerar quaisquer recomendações sub-
ramento fornecidas à Conferência das Partes, de metidas pelo Comitê de Implementação e Cum-
acordo com o parágrafo 2; primento;
(b) Relatórios submetidos de acordo com o Ar- (e) Considerar e conduzir qualquer ação adicio-
tigo 21; nal que possa ser requerida para a consecução
(c) Informações e recomendações que sejam dos objetivos desta Convenção; e
formuladas de acordo com o Artigo 15; e (f) Revisar os Anexos A e B em conformidade
(d) Relatórios e outras informações relevantes com o Artigo 4 e o Artigo 5.
sobre o funcionamento dos arranjos de assistên- 6. As Nações Unidas, suas agências especiali-
cia financeiras, transferência de tecnologia, e ca- zadas e a Agência Internacional de Energia Atô-
pacitação estabelecidos nesta Convenção. mica, bem como qualquer Estado que não seja
Parte desta Convenção, poderão ser represen-
Artigo 23 – Conferência das Partes tados nas reuniões da Conferência das Partes
1. Fica estabelecida uma Conferência das Partes. como observadores. Qualquer órgão ou agência,
2. A primeira reunião da Conferência das Par- seja nacional ou internacional, governamental
tes deverá ser convocada pelo Diretor Executivo ou não governamental, que se qualifique nos as-
do Programa das Nações Unidas para o Meio Am- suntos descritos por esta Convenção e que tenha
biente no prazo máximo de um ano após a data informado ao Secretariado sobre seu desejo de
da entrada em vigor desta Convenção. Posterior- ser representado em uma reunião da Conferência
mente, reuniões ordinárias deverão ser realizadas das Partes como observador poderá ser admitido,
em intervalos regulares a serem decididos pela salvo se ao menos um terço das Partes apresente
Conferência. objeção. A admissão e participação de observa-
3. Reuniões extraordinárias da Conferência das dores estarão sujeitas às regras de procedimento
Partes deverão ser realizadas quando assim for con- adotadas pela Conferência das Partes.
siderado necessário pela Conferência ou mediante
Artigo 24 – Secretariado
solicitação por escrito de qualquer Parte, contan-
1. Fica estabelecido um Secretariado.
to que, dentro de seis meses após este pedido ter
2. As funções do Secretariado serão:
sido comunicado às Partes pelo Secretariado, ele
(a) Organizar as reuniões da Conferência das
receba o apoio de pelo menos um terço das Partes.
Partes e seus órgãos subsidiários e prestar-lhes
4. A Conferência das Partes deverá, por con-
os serviços necessários;
senso, acordar e adotar, em sua primeira reunião,
(b) Facilitar a prestação de assistência às Partes,
regras de procedimento e regras financeiras para
especialmente Partes que são países em desen-
si e quaisquer de seus órgãos subsidiários, bem
volvimento e economias em transição, quando so-
como dispositivos financeiros para reger o funcio- licitado, para a implementação desta Convenção;
namento do Secretariado. (c) Coordenar-se, conforme apropriado, com os
5. A Conferência das Partes deverá manter sob secretariados de órgãos internacionais relevantes,
contínua revisão e avaliação a implementação especialmente de outras Convenções sobre quí-
desta Convenção. Desempenhará as funções que micos e resíduos;
lhe forem atribuídas por esta Convenção, e para (d) Auxiliar as Partes no intercâmbio de infor-
tanto, deverá: mações relacionadas à implementação desta Con-
(a) Estabelecer os órgãos subsidiários que con- venção;
siderar necessários para a implementação desta (e) Preparar e disponibilizar às Partes relatórios
Convenção; periódicos com base nas informações recebidas
(b) Cooperar, quando apropriado, com as orga- de acordo com os Artigos 15 e 21 e outras infor-
nizações internacionais e as agências intergover- mações disponíveis;
namentais e não governamentais competentes; (f) Firmar, sob a orientação geral da Conferência
(c) Revisar regularmente todas as informações das Partes, arranjos administrativos e contratuais
disponíveis para si e para o Secretariado de acor- que possam ser necessários para o desempenho
do com o Artigo 21; eficaz de suas funções; e
145
(g) Desempenhar as outras funções de secre- 5. A expiração de uma declaração, notificação
tariado especificadas nesta Convenção e outras de revogação, ou nova declaração não deve, de
funções que sejam determinadas pela Conferên- forma alguma, afetar os procedimentos penden-
cia das Partes. tes perante um tribunal de arbitragem ou a Corte
3. As funções de secretariado para esta Con- Internacional de Justiça, salvo se a Partes envol-
venção serão conduzidas pelo Diretor Executivo vidas na controvérsia concordarem.
do Programa das Nações Unidas para o Meio Am- 6. Caso as partes de uma disputa não tenham
biente, exceto se a Conferência das Partes, por aceitado o mesmo meio de solução de controvér-
maioria de três quartos das Partes presentes e sia de acordo com os parágrafos 2 ou 3, e não te-
votantes, decidir atribuir tais funções a outra ou nham sido capazes de solucionar sua controvérsia
outras organizações internacionais. através dos meios citados no parágrafo 1 dentro
4. A Conferência das Partes, em consulta com os de um prazo de doze meses após a notificação de
órgãos internacionais pertinentes, poderá dotar uma das Partes à outra com a qual existe a con-
dispositivos para fomentar uma maior cooperação trovérsia, tal controvérsia deverá ser submetida a
e coordenação entre o Secretariado e os secreta- uma comissão de conciliação a pedido de quais-
riados de outras Convenções sobre químicos e re- quer das partes da controvérsia. O procedimento
síduos. A Conferência das Partes, em consulta com estabelecido na Parte II do Anexo E deverá ser apli-
cado à conciliação de que trata este Artigo.
outros órgãos internacionais pertinentes, poderá
prover orientações adicionais sobre este assunto. Artigo 26 – Emendas à Convenção
1. Emendas a esta Convenção poderão ser pro-
Artigo 25 – Solução de Controvérsias
postas por qualquer Parte.
1. As Partes deverão buscar a resolução de
2. Emendas a esta Convenção deverão ser ado-
quaisquer controvérsias entre si relativa à inter-
tadas em reuniões da Conferência das Partes.
pretação ou aplicação desta Convenção por meio
O texto de qualquer proposta de emenda deverá
de negociação ou outros meios pacíficos de sua
ser comunicado às Partes pelo Secretariado com
própria escolha.
pelo menos seis meses de antecedência antes da
2. Ao ratificar, aceitar, aprovar ou aderir a esta
reunião específica em que se proponha sua ado-
Convenção, ou a qualquer momento posterior,
ção. O Secretariado deverá também comunicar a
uma Parte que não seja uma organização regional
proposta de emenda aos signatários desta Con-
de integração econômica poderá declarar em um
venção e ao Depositário, a título de informação.
instrumento escrito apresentado ao Depositário
3. As Partes deverão envidar todos os esforços
que, com relação a qualquer controvérsia relativa
para chegar a um acordo sobre propostas de emen-
à interpretação ou aplicação desta Convenção, tal das a esta Convenção por consenso. Caso todos os
Parte reconhece, como compulsórios em relação esforços tiverem sido exauridos e nenhum acordo
a qualquer Parte que aceite a mesma obrigação, tiver sido alcançado, a emenda, como último re-
um ou ambos os seguintes meios para a solução curso, será adotada pelo voto da maioria de três
da controvérsia: quartos das Partes presentes e votantes na reunião.
(a) Arbitragem de acordo com o procedimento 4. Uma emenda adotada deverá ser comuni-
estabelecido na Parte I do Anexo E; cada pelo Depositário a todas as Partes para ra-
(b) Submissão da controvérsia à Corte Interna- tificação, aceitação ou aprovação.
cional de Justiça. 5. A ratificação, aceitação ou aprovação de uma
3. Uma Parte que seja uma organização regional emenda deverá ser notificada por escrito ao De-
de integração econômica poderá fazer uma decla- positário. Uma emenda adotada de acordo com
ração com efeitos semelhantes em relação à arbi- o parágrafo 3 deverá entrar em vigor para as Par-
tragem, de acordo com o parágrafo 2. tes que tiverem consentido serem vinculadas a
4. Uma declaração feita sob a égide dos parágra- ela até o nonagésimo dia após a data de depósi-
fos 2 ou 3 deverá permanecer em vigor até sua data to dos instrumentos de ratificação, aceitação ou
de validade, de acordo com seus termos ou até três aprovação por pelo menos três quartos das Par-
meses depois de notificação por escrito de sua re- tes que eram Partes à época da adoção da emen-
vogação tiver sido depositada com o Depositário. da. Posteriormente, a emenda deverá entrar em
146
CONVENÇÃO DE MINAMATA SOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013)
vigor para qualquer outra Parte no nonagésimo ratificação, aceitação, aprovação ou adesão com
dia após a data em que essa Parte tiver deposita- respeito a tal emenda.
do seu instrumento de ratificação, aceite ou apro- 5. Caso um anexo adicional ou uma emenda a
vação da emenda. um anexo tenha relação com uma emenda a esta
Convenção, o anexo adicional ou emenda não en-
Artigo 27 – Adoção e emenda dos anexos
trarão em vigor até que entre em vigor a emenda
1. Anexos a esta Convenção formam parte in-
à Convenção.
tegral dela e, salvo disposição expressa em con-
trário, uma referência a esta Convenção constitui Artigo 28 – Direito a Voto
ao mesmo tempo uma referência aos anexos nela 1. Cada Parte desta Convenção terá direito a um
constantes. voto, salvo disposição expressa no parágrafo 2.
2. Quaisquer anexos adicionais adotados após 2. Uma organização regional de integração eco-
a entrada em vigor desta Convenção deverão ser nômica, em questões de sua competência, deverá
restritos a questões procedimentais, científicas, exercer o direito de voto em número igual ao de
técnicas ou administrativas. seus Estados-membros que sejam Partes desta
3. O seguinte procedimento aplicar-se-á a pro- Convenção. Tais organizações não deverão exercer
seu direito a voto caso quaisquer de seus Estados-
posta, adoção e entrada em vigor de novos anexos
-membros exerça seu direito a voto, e vice-versa.
adicionais a esta Convenção:
(a) Anexos adicionais deverão ser propostos e Artigo 29 – Assinatura
adotados de acordo com o procedimento descrito Esta Convenção estará aberta para assinaturas
nos parágrafos 1-3 do Artigo 26; em Kumamoto, Japão, por todos os Estados e
(b) Qualquer Parte que não aceite um anexo organizações regionais de integração econômica
adicional deverá notificar o Depositário a respeito, nos dias 10 e 11 de outubro de 2013, e posterior-
por escrito, dentro de um ano a partir da data de mente na Sede das Nações Unidas em Nova York
comunicação pelo Depositário da adoção de tal até 9 de outubro de 2014.
anexo. O Depositário deverá, sem atraso, notificar Artigo 30 – Ratificação, aceitação,
todas as Partes sobre o recebimento dessa noti- aprovação ou adesão
ficação. Uma Parte pode, a qualquer momento, 1. Esta Convenção estará sujeita a ratificação,
notificar o Depositário, por escrito, de que retira aceitação, ou aprovação pelos Estados e organi-
uma notificação prévia de não aceitação em re- zações regionais de integração econômica. A Con-
lação a um anexo adicional, e esse anexo então venção deverá ser aberta para adesão de Estados
entrará em vigor para essa Parte de acordo com o e organizações regionais de integração econômica
subparágrafo (c); e a partir do dia seguinte à data em que for fechada
(c) Ao fim do prazo de um ano da data de co- para assinatura. Instrumentos de ratificação, acei-
municação pelo Depositário sobre a adoção de tação, aprovação ou adesão deverão ser deposita-
um anexo adicional, esse anexo deverá entrar em dos em poder do Depositário.
vigor para todas as Partes que não tenham sub- 2. Qualquer organização regional de integração
metido notificações de não aceitação, de acordo econômica que se torne Parte desta Convenção
com os dispositivos do subparágrafo (b). sem que qualquer de seus Estados-membros
4. A proposta, adoção e entrada em vigor de sejam Parte estará sujeita a todas as obrigações
emendas aos anexos a esta Convenção estarão desta Convenção. Nos casos em que um ou mais
sujeitas aos mesmos procedimentos para a pro- Estados-membros sejam Parte desta Convenção,
posta, adoção e entrada em vigor dos anexos adi- a organização e seus Estados-membros deverão
cionais à Convenção, com a exceção de que uma decidir suas respectivas responsabilidades para
emenda a um anexo não entrará em vigor para o desempenho de suas obrigações sob a Conven-
qualquer Parte que tenha feito uma declaração ção. Nesses casos, a organização e os Estados-
com respeito à emenda de anexos em conformi- -membros não deverão exercer direitos sob a Con-
dade com o parágrafo 5 do Artigo 30, caso em que venção concomitantemente.
qualquer emenda desse tipo entrará em vigor 3. Em seu instrumento de ratificação, aceita-
para essa Parte no nonagésimo dia após a data do ção, aprovação ou adesão, uma organização re-
depósito, pelo Depositário, de seu instrumento de gional de integração econômica deverá declarar
147
a extensão de sua competência em relação aos Artigo 34 – Depositário
assuntos regidos por esta Convenção. Qualquer O Secretário-Geral das Nações Unidas será o De-
dessas organizações deverá também informar positário desta Convenção.
ao Depositário sobre qualquer modificação rele-
Artigo 35 – Autenticidade dos textos
vante na extensão de sua competência, e este, por
O original desta Convenção, cujos textos em
sua vez, deverá informar as Partes a respeito.
árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol
4. Encoraja-se que cada Estado ou organização
são igualmente autênticos, será depositado em
regional de integração econômica transmita ao
poder do Depositário.
Secretariado, quando de sua ratificação, aceita-
EM TESTEMUNHO DE QUE, os abaixo-assinados,
ção, aprovação ou adesão, as informações sobre
devidamente autorizados para tal efeito, firma-
as medidas a serem tomadas para implementa-
ram a presente Convenção.
ção da Convenção.
Em Kumamoto, Japão, aos dez dias de outubro
5. Em seu instrumento de ratificação, aceitação,
de dois mil e treze.
aprovação ou adesão, qualquer Parte poderá de-
clarar que, em relação a ela, qualquer emenda a DECRETO-LEI Nº 1.413, DE
um anexo deverá entrar em vigor apenas após o de- 14 DE AGOSTO DE 1975
pósito de seu instrumento de ratificação, aceitação, (Publicado no DOU de 14/8/1975)
aprovação ou adesão com respeito a tal emenda. Dispõe sobre o controle da poluição do meio
Artigo 31 – Entrada em vigor ambiente provocada por atividades industriais.
1. Esta Convenção deverá entrar em vigor no O presidente da República, no uso da atribuição
nonagésimo dia após a data de depósito do quin- que lhe confere o artigo 55, item I, e tendo em
quagésimo instrumento de ratificação, aceitação, vista o disposto no artigo 8º, item XVII, alínea c,
aprovação ou adesão. da Constituição, decreta:
2. Para cada Estado ou organização regional
Art. 1º As indústrias instaladas ou a se instalarem
de integração econômica que ratificar, aceitar ou
em território nacional são obrigadas a promover
aprovar esta Convenção ou a ela aderir depois do
as medidas necessárias a prevenir ou corrigir os
depósito do quinquagésimo instrumento de rati-
inconvenientes e prejuízos da poluição e da con-
ficação, aceitação, aprovação ou adesão, a Con-
taminação do meio ambiente.
venção entrará em vigor no nonagésimo dia após
Parágrafo único. As medidas a que se refere este
o depósito de tal Estado ou organização regional
artigo serão definidas pelos órgãos federais com-
de integração econômica de seu instrumento de
petentes, no interesse do bem-estar, da saúde e
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão.
da segurança das populações.
3. Para fins dos parágrafos 1 e 2 acima, quais-
quer instrumentos depositados por uma organiza- Art. 2º Compete exclusivamente ao Poder Execu-
ção regional de integração econômica não deverão tivo Federal, nos casos de inobservância do dis-
ser considerados como adicionais àqueles deposi- posto no artigo 1º deste Decreto-lei, determinar
tados pelos Estados-membros dessa organização. ou cancelar a suspensão do funcionamento de es-
tabelecimento industrial cuja atividade seja con-
Artigo 32 – Reservas
siderada de alto interesse do desenvolvimento e
Nenhuma reserva poderá ser feita a esta Con-
da segurança nacional.
venção.
Artigo 33 – Denúncia Art. 3º Dentro de uma política preventiva, os ór-
1. A qualquer momento após três anos a par- gãos gestores de incentivos governamentais con-
tir da data de entrada em vigor desta Convenção siderarão sempre a necessidade de não agravar a
em relação a uma determinada Parte, essa Parte situação de áreas já críticas, nas decisões sobre
poderá denunciar esta Convenção mediante no- localização industrial.
tificação por escrito ao Depositário. Art. 4º Nas áreas críticas, será adotado esquema
2. A denúncia terá efeito após um ano a partir de zoneamento urbano, objetivando, inclusive,
da data de recebimento, pelo Depositário, da no- para as situações existentes, viabilizar alternativa
tificação correspondente ou, posteriormente, na adequada de nova localização, nos casos mais
data indicada na notificação. graves, assim como, em geral, estabelecer prazos
148
LEI Nº 6.803, DE 2 DE JULHO DE 1980
razoáveis para a instalação dos equipamentos de neamento urbano, aprovado por lei, que compa-
controle da poluição. tibilize as atividades industriais com a proteção
Parágrafo único. Para efeito dos ajustamentos ambiental.
necessários, dar-se-á apoio de Governo, nos dife- § 1º As zonas de que trata este artigo serão clas-
rentes níveis, inclusive por financiamento espe- sificadas nas seguintes categorias:
cial para aquisição de dispositivos de controle. a) zonas de uso estritamente industrial;
b) zonas de uso predominantemente industrial;
Art. 5º Respeitado o disposto nos artigos ante-
c) zonas de uso diversificado.
riores, os Estados e Municípios poderão estabe-
§ 2º As categorias de zonas referidas no pará-
lecer, no limite das respectivas competências,
grafo anterior poderão ser divididas em subcate-
condições para o funcionamento de empresas de
gorias, observadas as peculiaridades das áreas
acordo com as medidas previstas no parágrafo
críticas a que pertençam e a natureza das indús-
único do artigo 1º.
trias nelas instaladas.
Art. 6º Este Decreto-lei entrará em vigor na data § 3º As indústrias ou grupos de indústrias já
de sua publicação, revogadas as disposições em existentes, que não resultarem confinadas nas
contrário. zonas industriais definidas de acordo com esta Lei,
Brasília, 14 de agosto de 1975; 154º da serão submetidas à instalação de equipamentos
Independência e 87º da República.
especiais de controle e, nos casos mais graves, à
ERNESTO GEISEL relocalização.
Armando Falcão
Geraldo Azevedo Henning Art. 2º As zonas de uso estritamente industrial
Sylvio Frota destinam-se, preferencialmente, à localização
Antonio Francisco de Azeredo da Silveira
Mário Henrique Simonsen de estabelecimentos industriais cujos resíduos
Dyrceu Araújo Nogueira sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações,
Alysson Paulinelli
emanações e radiações possam causar perigo à
Ney Braga
Arnaldo Prieto saúde, ao bem-estar e à segurança das popula-
J. Araripe Macedo ções, mesmo depois da aplicação de métodos
Paulo de Almeida Machado
Severo Fagundes Gomes adequados de controle e tratamento de efluen-
Shigeaki Ueki tes, nos termos da legislação vigente.
João Paulo dos Reis Velloso § 1º As zonas a que se refere este artigo deverão:
Maurício Rangel Reis
Euclides Quandt de Oliveira I – situar-se em áreas que apresentem elevada
Hugo de Andrade Abreu capacidade de assimilação de efluentes e prote-
Golbery do Couto e Silva ção ambiental, respeitadas quaisquer restrições
João Baptista de Oliveira Figueiredo
Antonio Jorge Correa legais ao uso do solo;
L. G. do Nascimento e Silva II – localizar-se em áreas que favoreçam a insta-
lação de infra-estrutura e serviços básicos neces-
LEI Nº 6.803, DE 2 DE JULHO DE 1980 sários ao seu funcionamento e segurança;
(LEI DO ZONEAMENTO INDUSTRIAL NA III – manter, em seu contorno, anéis verdes de
ÁREAS CRÍTICAS DE POLUIÇÃO) isolamento capazes de proteger as zonas circun-
(Publicada no DOU de 3/7/1980 e retificada no DOU de vizinhas contra possíveis efeitos residuais e aci-
8/7/1980) dentes;
Dispõe sobre as diretrizes básicas para o § 2º É vedado, nas zonas de uso estritamente
zoneamento industrial nas áreas críticas de industrial, o estabelecimento de quaisquer ativi-
poluição, e dá outras providências. dades não essenciais às suas funções básicas, ou
O presidente da República, capazes de sofrer efeitos danosos em decorrência
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu dessas funções.
sanciono a seguinte Lei: Art. 3º As zonas de uso predominantemente in-
Art. 1º Nas áreas críticas de poluição a que se dustrial destinam-se, preferencialmente, à insta-
refere o art. 4º do Decreto-lei nº 1.413, de 14 de lação de indústrias cujos processos, submetidos
agosto de 1975, as zonas destinadas à instalação a métodos adequados de controle e tratamento
de indústrias serão definidas em esquema de zo- de efluentes, não causem incômodos sensíveis
149
às demais atividades urbanas e nem perturbem do Estado, sem prejuízo da legislação municipal
o repouso noturno das populações. aplicável.
Parágrafo único. As zonas a que se refere este
Art. 7º Ressalvada a competência da União e ob-
artigo deverão:
servado o disposto nesta Lei, o Governo do Estado,
I – localizar-se em áreas cujas condições favore-
ouvidos os Municípios interessados, aprovará pa-
çam a instalação adequada de infra-estrutura de
drões de uso e ocupação do solo, bem como de
serviços básicos necessária a seu funcionamento
zonas de reserva ambiental, nas quais, por suas
e segurança;
características culturais, ecológicas, paisagísticas,
II – dispor, em seu interior, de áreas de proteção
ou pela necessidade de preservação de manan-
ambiental que minimizem os efeitos da poluição,
ciais e proteção de áreas especiais, ficará vedada
em relação a outros usos.
a localização de estabelecimentos industriais.
Art. 4º As zonas de uso diversificado destinam-
Art. 8º A implantação de indústrias que, por suas
-se à localização de estabelecimentos industriais,
características, devam ter instalações próximas às
cujo processo produtivo seja complementar das
fontes de matérias-primas situadas fora dos limi-
atividades do meio urbano ou rural que se situem,
tes fixados para as zonas de uso industrial obede-
e com elas se compatibilizem, independente-
cerá a critérios a serem estabelecidos pelos Go-
mente do uso de métodos especiais de controle
vernos Estaduais, observadas as normas contidas
da poluição, não ocasionando, em qualquer caso,
nesta Lei e demais dispositivos legais pertinentes.
inconvenientes à saúde, ao bem-estar e à segu-
rança das populações vizinhas. Art. 9º O licenciamento para implantação, opera-
ção e ampliação de estabelecimentos industriais,
Art. 5º As zonas de uso industrial, independente-
nas áreas críticas de poluição, dependerá da ob-
mente de sua categoria, serão classificadas em:
servância do disposto nesta Lei, bem como do
I – não saturadas;
atendimento das normas e padrões ambientais
II – em vias de saturação;
III – saturadas; definidos pelo Ibama, pelos organismos estaduais
e municipais competentes, notadamente quanto
Art. 6º O grau de saturação será aferido e fixado
às seguintes características dos processos de pro-
em função da área disponível para uso industrial
dução: (Expressão “Sema” alterada pela Lei nº 7.804, de
da infra-estrutura, bem como dos padrões e nor-
18/7/1989)
mas ambientais fixadas pelo Instituto Brasileiro
I – emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
e radiações;
(Ibama) e pelo Estado e Município, no limite das
II – riscos de explosão, incêndios, vazamentos
respectivas competências. (Expressão “Sema” alte-
danosos e outras situações de emergência;
rada pela Lei nº 7.804, de 18/7/1989)
III – volume e qualidade de insumos básicos, de
§ 1º Os programas de controle da poluição e
pessoal e de tráfego gerados;
o licenciamento para a instalação, operação ou
IV – padrões de uso e ocupação do solo;
aplicação de indústrias, em áreas críticas de po-
V – disponibilidade nas redes de energia elé-
luição, serão objeto de normas diferenciadas, se-
trica, água, esgoto, comunicações e outros;
gundo o nível de saturação, para cada categoria
VI – horários de atividade.
de zona industrial.
Parágrafo único. O licenciamento previsto no
§ 2º Os critérios baseados em padrões ambien-
caput deste artigo é da competência dos órgãos
tais, nos termos do disposto neste artigo, serão
estaduais de controle da poluição e não exclui a
estabelecidos tendo em vista as zonas não satura-
exigência de licenças para outros fins.
das, tornando-se mais restritivos, gradativamente,
para as zonas em via de saturação e saturadas. Art. 10. Caberá aos Governos Estaduais, obser-
§ 3º Os critérios baseados em área disponível vado o disposto nesta Lei e em outras normas le-
e infra-estrutura existente, para aferição de grau gais em vigor:
de saturação, nos termos do disposto neste artigo, I – aprovar a delimitação, a classificação e a im-
em zonas de uso predominantemente industrial e plantação de zonas de uso estritamente industrial
de uso diversificado, serão fixados pelo Governo e predominantemente industrial;
150
LEI Nº 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989
II – definir, com base nesta Lei e nas normas bai- II – baixar, observados os limites da sua com-
xadas pelo Ibama, os tipos de estabelecimentos petência, normas locais de combate à poluição e
industriais que poderão ser implantados em cada controle ambiental.
uma das categorias de zonas industriais a que se Art. 12. Os órgãos e entidades gestores de incenti-
refere o § 1º do art. 1º desta Lei; (Expressão “Sema” vos governamentais e os bancos oficiais condicio-
alterada pela Lei nº 7.804, de 18/7/1989) narão a concessão de incentivos e financiamentos
III – instalar e manter, nas zonas a que se refere às indústrias, inclusive para participação societá-
o item anterior, serviços permanentes de segu- ria, à apresentação da licença de que trata esta Lei.
rança e prevenção de acidentes danosos ao meio Parágrafo único. Os projetos destinados à relo-
ambiente; calização de indústrias e à redução da poluição
IV – fiscalizar, nas zonas de uso estritamente ambiental, em especial aqueles em zonas satura-
industrial e predominantemente industrial, o das, terão condições especiais de financiamento,
cumprimento dos padrões e normas de proteção a serem definidos pelos órgãos competentes.
ambiental;
Art. 13. Esta Lei entrará em vigor na data de sua
V – administrar as zonas industriais de sua res-
publicação.
ponsabilidade direta ou quando esta responsabi-
lidade decorrer de convênios com a União. Art. 14. Revogam-se as disposições em contrário.
§ 1º Nas Regiões Metropolitanas, as atribuições Brasília, em 2 de julho de 1980; 159º da
dos Governos Estaduais previstas neste artigo Independência e 92º da República.
serão exercidas através dos respectivos Conse- JOÃO FIGUEIREDO
lhos Deliberativos. Mário David Andreazza
§ 2º Caberá exclusivamente à União, ouvidos Antônio Delfim Netto
os Governos Estadual e Municipal interessados,
aprovar a delimitação e autorizar a implantação LEI Nº 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989
de zonas de uso estritamente industrial que se (LEI DOS AGROTÓXICOS)
destinem à localização de pólos petroquímicos, (Publicada no DOU de 12/7/1989)
cloroquímicos, carboquímicos, bem como a ins- Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,
talações nucleares e outras definidas em Lei. a produção, a embalagem e rotulagem, o
§ 3º Além dos estudos normalmente exigíveis transporte, o armazenamento, a comerciali-
zação, a propaganda comercial, a utilização,
para o estabelecimento de zoneamento urbano, a importação, a exportação, destino final dos
a aprovação das zonas a que se refere o parágrafo resíduos e embalagens, o registro, a classifi-
anterior, será precedida de estudos especiais de cação, o controle, a inspeção e a fiscalização
alternativas e de avaliações de impacto, que per- de agrotóxicos, seus componentes e afins, e
dá outras providências.
mitam estabelecer a confiabilidade da solução a
ser adotada. O presidente da República
§ 4º Em casos excepcionais, em que se carac- Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
terize o interesse público, o Poder Estadual, me- sanciono a seguinte Lei:
diante a exigência de condições convenientes de Art. 1º A pesquisa, a experimentação, a produção,
controle, e ouvidos o Ibama, o Conselho Delibera- a embalagem e rotulagem, o transporte, o arma-
tivo da Região Metropolitana e, quando for o caso, zenamento, a comercialização, a propaganda co-
o Município, poderá autorizar a instalação de uni- mercial, a utilização, a importação, a exportação,
dades industriais fora das zonas de que trata o § 1º o destino final dos resíduos e embalagens, o re-
do artigo 1º desta Lei. (Expressão “Sema” alterada pela gistro, a classificação, o controle, a inspeção e a
Lei nº 7.804, de 18/7/1989) fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e
Art. 11. Observado o disposto na Lei Complemen- afins, serão regidos por esta Lei.
tar nº 14, de 8 de junho de 1973, sobre a compe- Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
tência dos Órgãos Metropolitanos, compete aos I – agrotóxicos e afins:
Municípios: a) os produtos e os agentes de processos físi-
I – instituir esquema de zoneamento urbano, cos, químicos ou biológicos, destinados ao uso
sem prejuízo do disposto nesta Lei; nos setores de produção, no armazenamento e
151
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pas- § 6º Fica proibido o registro de agrotóxicos, seus
tagens, na proteção de florestas, nativas ou im- componentes e afins:
plantadas, e de outros ecossistemas e também de a) para os quais o Brasil não disponha de mé-
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja fi- todos para desativação de seus componentes, de
nalidade seja alterar a composição da flora ou da modo a impedir que os seus resíduos remanes-
fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de centes provoquem riscos ao meio ambiente e à
seres vivos considerados nocivos; saúde pública;
b) substâncias e produtos, empregados como b) para os quais não haja antídoto ou trata-
desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibi- mento eficaz no Brasil;
dores de crescimento; c) que revelem características teratogênicas,
II – componentes: os princípios ativos, os pro- carcinogênicas ou mutagênicas, de acordo com
dutos técnicos, suas matérias-primas, os ingre- os resultados atualizados de experiências da co-
dientes inertes e aditivos usados na fabricação munidade científica;
d) que provoquem distúrbios hormonais, danos
de agrotóxicos e afins.
ao aparelho reprodutor, de acordo com procedi-
Art. 3º Os agrotóxicos, seus componentes e afins, mentos e experiências atualizadas na comuni-
de acordo com definição do art. 2º desta Lei, só dade científica;
poderão ser produzidos, exportados, importados, e) que se revelem mais perigosos para o homem
comercializados e utilizados, se previamente re- do que os testes de laboratório, com animais, te-
gistrados em órgão federal, de acordo com as di- nham podido demonstrar, segundo critérios téc-
retrizes e exigências dos órgãos federais respon- nicos e científicos atualizados;
sáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente f) cujas características causem danos ao meio
e da agricultura. ambiente.
§ 1º Fica criado o registro especial temporário
Art. 4º As pessoas físicas e jurídicas que sejam
para agrotóxicos, seus componentes e afins, quan-
prestadoras de serviços na aplicação de agrotó-
do se destinarem à pesquisa e à experimentação. xicos, seus componentes e afins, ou que os pro-
§ 2º Os registrantes e titulares de registro for- duzam, importem, exportem ou comercializem,
necerão, obrigatoriamente, à União, as inovações ficam obrigadas a promover os seus registros nos
concernentes aos dados fornecidos para o regis- órgãos competentes, do Estado ou do Município,
tro de seus produtos. atendidas as diretrizes e exigências dos órgãos
§ 3º Entidades públicas e privadas de ensino, federais responsáveis que atuam nas áreas da
assistência técnica e pesquisa poderão realizar saúde, do meio ambiente e da agricultura.
experimentação e pesquisas, e poderão fornecer Parágrafo único. São prestadoras de serviços
laudos no campo da agronomia, toxicologia, resí- as pessoas físicas e jurídicas que executam traba-
duos, química e meio ambiente. lho de prevenção, destruição e controle de seres
§ 4º Quando organizações internacionais res- vivos, considerados nocivos, aplicando agrotóxi-
ponsáveis pela saúde, alimentação ou meio am- cos, seus componentes e afins.
biente, das quais o Brasil seja membro integrante Art. 5º Possuem legitimidade para requerer o
ou signatário de acordos e convênios, alertarem cancelamento ou a impugnação, em nome pró-
para riscos ou desaconselharem o uso de agrotó- prio, do registro de agrotóxicos e afins, arguindo
xicos, seus componentes e afins, caberá à autori- prejuízos ao meio ambiente, à saúde humana e
dade competente tomar imediatas providências, dos animais:
sob pena de responsabilidade. I – entidades de classe, representativas de pro-
§ 5º O registro para novo produto agrotóxico, fissões ligadas ao setor;
seus componentes e afins, será concedido se a II – partidos políticos, com representação no
sua ação tóxica sobre o ser humano e o meio am- Congresso Nacional;
biente for comprovadamente igual ou menor do III – entidades legalmente constituídas para
que a daqueles já registrados, para o mesmo fim, defesa dos interesses difusos relacionados à pro-
segundo os parâmetros fixados na regulamenta- teção do consumidor, do meio ambiente e dos re-
ção desta Lei. cursos naturais.
152
LEI Nº 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989
§ 1º Para efeito de registro e pedido de cance- pelo órgão registrante, podendo a devolução
lamento ou impugnação de agrotóxicos e afins, ser intermediada por postos ou centros de reco-
todas as informações toxicológicas de contamina- lhimento, desde que autorizados e fiscalizados
ção ambiental e comportamento genético, bem pelo órgão competente. (Parágrafo acrescido pela Lei
como os efeitos no mecanismo hormonal, são de nº 9.974, de 6/6/2000)
responsabilidade do estabelecimento registrante § 3º Quando o produto não for fabricado no
ou da entidade impugnante e devem proceder de País, assumirá a responsabilidade de que trata o
laboratórios nacionais ou internacionais. § 2º a pessoa física ou jurídica responsável pela
§ 2º A regulamentação desta Lei estabelecerá importação e, tratando-se de produto importa-
condições para o processo de impugnação ou can- do submetido a processamento industrial ou a
celamento do registro, determinando que o prazo novo acondicionamento, caberá ao órgão regis-
de tramitação não exceda 90 (noventa) dias e que trante defini-la. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.974,
os resultados apurados sejam publicados. de 6/6/2000)
§ 3º Protocolado o pedido de registro, será pu- § 4º As embalagens rígidas que contiverem for-
blicado no Diário Oficial da União um resumo do mulações miscíveis ou dispersíveis em água de-
mesmo. verão ser submetidas pelo usuário à operação de
Art. 6º As embalagens dos agrotóxicos e afins tríplice lavagem, ou tecnologia equivalente, con-
deverão atender, entre outros, aos seguintes re- forme normas técnicas oriundas dos órgãos com-
quisitos: petentes e orientação constante de seus rótulos e
I – devem ser projetadas e fabricadas de forma a bulas. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
impedir qualquer vazamento, evaporação, perda § 5º As empresas produtoras e comercializadoras
ou alteração de seu conteúdo e de modo a facili- de agrotóxicos, seus componentes e afins, são res-
tar as operações de lavagem, classificação, reutili- ponsáveis pela destinação das embalagens vazias
zação e reciclagem; (Inciso com redação dada pela Lei dos produtos por elas fabricados e comercializados,
nº 9.974, de 6/6/2000) após a devolução pelos usuários, e pela dos produ-
II – os materiais de que forem feitas devem ser tos apreendidos pela ação fiscalizatória e dos im-
insuscetíveis de ser atacados pelo conteúdo ou de próprios para utilização ou em desuso, com vistas à
formar com ele combinações nocivas ou perigosas; sua reutilização, reciclagem ou inutilização, obede-
III – devem ser suficientemente resistentes em cidas as normas e instruções dos órgãos. (Parágrafo
todas as suas partes, de forma a não sofrer en- acrescido pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
fraquecimento e a responder adequadamente às § 6º As empresas produtoras de equipamentos
exigências de sua normal conservação; para pulverização deverão, no prazo de cento e
IV – devem ser providas de um lacre que seja oitenta dias da publicação desta Lei, inserir nos
irremediavelmente destruído ao ser aberto pela
novos equipamentos adaptações destinadas a fa-
primeira vez.
cilitar as operações de tríplice lavagem ou tecno-
§ 1º O fracionamento e a reembalagem de agro-
logia equivalente. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.974,
tóxicos e afins com o objetivo de comercialização
de 6/6/2000)
somente poderão ser realizados pela empresa
produtora, ou por estabelecimento devidamente Art. 7º Para serem vendidos ou expostos à venda
credenciado, sob responsabilidade daquela, em em todo território nacional, os agrotóxicos e afins
locais e condições previamente autorizados pelos ficam obrigados a exibir rótulos próprios e bulas,
órgãos competentes. (Parágrafo único transformado em redigidos em português, que contenham, entre
§ 1º, com nova redação dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000) outros, os seguintes dados: (Caput do artigo com re-
§ 2º Os usuários de agrotóxicos, seus compo- dação dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
nentes e afins deverão efetuar a devolução das I – indicações para a identificação do produto,
embalagens vazias dos produtos aos estabeleci- compreendendo:
mentos comerciais em que foram adquiridos, de a) o nome do produto;
acordo com as instruções previstas nas respecti- b) o nome e a percentagem de cada princípio
vas bulas, no prazo de até um ano, contado da ativo e a percentagem total dos ingredientes iner-
data de compra, ou prazo superior, se autorizado tes que contém;
153
c) a quantidade de agrotóxicos, componentes § 2º Fica facultada a inscrição, nos rótulos, de
ou afins, que a embalagem contém, expressa em dados não estabelecidos como obrigatórios, des-
unidades de peso ou volume, conforme o caso; de que:
d) o nome e o endereço do fabricante e do im- I – não dificultem a visibilidade e a compreen-
portador; são dos dados obrigatórios;
e) os números de registro do produto e do esta- II – não contenham;
belecimento fabricante ou importador; a) afirmações ou imagens que possam induzir
f) o número do lote ou da partida; o usuário a erro quanto à natureza, composição,
g) um resumo dos principais usos do produto; segurança e eficácia do produto, e sua adequação
h) a classificação toxicológica do produto; ao uso;
II – instruções para utilização, que compreendam: b) comparações falsas ou equívocas com outros
a) a data de fabricação e de vencimento; produtos;
b) o intervalo de segurança, assim entendido o c) indicações que contradigam as informações
tempo que deverá transcorrer entre a aplicação e obrigatórias;
a colheita, uso ou consumo, a semeadura ou plan- d) declarações de propriedade relativas à ino-
tação, e a semeadura ou plantação do cultivo se- cuidade, tais como “seguro”, “não venenoso”, “não
guinte, conforme o caso; tóxico”; com ou sem uma frase complementar,
c) informações sobre o modo de utilização, como: “quando utilizado segundo as instruções”;
incluídas, entre outras: a indicação de onde ou e) afirmações de que o produto é recomendado
sobre o que deve ser aplicado; o nome comum da por qualquer órgão do Governo.
praga ou enfermidade que se pode com ele com- § 3º Quando, mediante aprovação do órgão
bater ou os efeitos que se pode obter; a época em competente, for juntado folheto complementar
que a aplicação deve ser feita; o número de apli- que amplie os dados do rótulo, ou que contenha
cações e o espaçamento entre elas, se for o caso; dados que obrigatoriamente deste devessem
as doses e os limites de sua utilização; constar, mas que nele não couberam, pelas di-
d) informações sobre os equipamentos a serem mensões reduzidas da embalagem, observar-se-á
usados e a descrição dos processos de tríplice la- o seguinte:
vagem ou tecnologia equivalente, procedimentos I – deve-se incluir no rótulo frase que reco-
para a devolução, destinação, transporte, recicla-
mende a leitura do folheto anexo, antes da utili-
gem, reutilização e inutilização das embalagens
zação do produto;
vazias e efeitos sobre o meio ambiente decorren-
II – em qualquer hipótese, os símbolos de pe-
tes da destinação inadequada dos recipientes;
rigo, o nome do produto, as precauções e instru-
(Alínea com redação dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
ções de primeiros socorros, bem como o nome e
III – informações relativas aos perigos poten-
o endereço do fabricante ou importador devem
ciais, compreendidos:
constar tanto do rótulo como do folheto.
a) os possíveis efeitos prejudiciais sobre a saúde
do homem, dos animais e sobre o meio ambiente; Art. 8º A propaganda comercial de agrotóxicos,
b) precauções para evitar danos a pessoas que componentes e afins, em qualquer meio de co-
os aplicam ou manipulam e a terceiros, aos ani- municação, conterá, obrigatoriamente, clara ad-
mais domésticos, fauna, flora e meio ambiente; vertência sobre os riscos do produto à saúde dos
c) símbolos de perigo e frases de advertência homens, animais e ao meio ambiente, e observará
padronizados, de acordo com a classificação to- o seguinte:
xicológica do produto; I – estimulará os compradores e usuários a ler
d) instruções para o caso de acidente, incluindo atentamente o rótulo e, se for o caso, o folheto,
sintomas de alarme, primeiros socorros, antído- ou a pedir que alguém os leia para eles, se não
tos e recomendações para os médicos. souberem ler;
IV – recomendação para que o usuário leia o ró- II – não conterá nenhuma representação visual
tulo antes de utilizar o produto. de práticas potencialmente perigosas, tais como a
§ 1º Os textos e símbolos impressos nos rótulos manipulação ou aplicação sem equipamento pro-
serão claramente visíveis e facilmente legíveis em tetor, o uso em proximidade de alimentos ou em
condições normais e por pessoas comuns. presença de crianças;
154
LEI Nº 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989
III – obedecerá ao disposto no inciso II do § 2º legislação pertinente, cabem: (Caput do artigo com
do art. 7º desta Lei. redação dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
a) ao profissional, quando comprovada receita
Art. 9º No exercício de sua competência, a União
errada, displicente ou indevida;
adotará as seguintes providências:
b) ao usuário ou ao prestador de serviços, quan-
I – legislar sobre a produção, registro, comércio
do proceder em desacordo com o receituário ou
interestadual, exportação, importação, transporte,
as recomendações do fabricante e órgãos regis-
classificação e controle tecnológico e toxicológico;
trantes e sanitário-ambientais; (Alínea com redação
II – controlar e fiscalizar os estabelecimentos de
dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
produção, importação e exportação;
c) ao comerciante, quando efetuar venda sem
III – analisar os produtos agrotóxicos, seus com-
o respectivo receituário ou em desacordo com a
ponentes e afins, nacionais e importados;
receita ou recomendações do fabricante e órgãos
IV – controlar e fiscalizar a produção, a exporta-
registrantes e sanitário-ambientais; (Alínea com re-
ção e a importação.
dação dada pela nº Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
Art. 10. Compete aos Estados e ao Distrito Federal, d) ao registrante que, por dolo ou por culpa,
nos termos dos arts. 23 e 24 da Constituição Fe- omitir informações ou fornecer informações in-
deral, legislar sobre o uso, a produção, o consumo, corretas;
o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, e) ao produtor, quando produzir mercadorias
seus componentes e afins, bem como fiscalizar o em desacordo com as especificações constantes
uso, o consumo, o comércio, o armazenamento e do registro do produto, do rótulo, da bula, do fo-
o transporte interno. lheto e da propaganda, ou não der destinação às
Art. 11. Cabe ao Município legislar supletivamen- embalagens vazias em conformidade com a le-
te sobre o uso e o armazenamento dos agrotóxi- gislação pertinente; (Alínea com redação dada pela Lei
cos, seus componentes e afins. nº 9.974, de 6/6/2000)
f) ao empregador, quando não fornecer e não
Art. 12. A União, através dos órgãos competentes, fizer manutenção dos equipamentos adequados à
prestará o apoio necessário às ações de controle proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equi-
e fiscalização, à Unidade da Federação que não pamentos na produção, distribuição e aplicação
dispuser dos meios necessários. dos produtos.
Art. 12-A. Compete ao Poder Público a fiscaliza- Art. 15. Aquele que produzir, comercializar, trans-
ção: (Artigo acrescido pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000) portar, aplicar, prestar serviço, der destinação a
I – da devolução e destinação adequada de em- resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos, seus
balagens vazias de agrotóxicos, seus componen- componentes e afins, em descumprimento às exi-
tes e afins, de produtos apreendidos pela ação fis- gências estabelecidas na legislação pertinente es-
calizadora e daqueles impróprios para utilização tará sujeito à pena de reclusão, de dois a quatro
ou em desuso; anos, além de multa. (Caput do artigo com redação
II – do armazenamento, transporte, reciclagem, dada pela Lei nº 9.974, de 6/6/2000)
reutilização e inutilização de embalagens vazias e
Art. 16. O empregador, profissional responsável
produtos referidos no inciso I.
ou o prestador de serviço, que deixar de promo-
Art. 13. A venda de agrotóxicos e afins aos usuá- ver as medidas necessárias de proteção à saúde e
rios será feita através de receituário próprio, pres- ao meio ambiente, estará sujeito à pena de reclu-
crito por profissionais legalmente habilitados, são de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além de multa
salvo casos excepcionais que forem previstos na de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. Em caso de culpa,
regulamentação desta Lei. será punido com pena de reclusão de 1 (um) a
Art. 14. As responsabilidades administrativa, civil 3 (três) anos, além de multa de 50 (cinquenta) a
e penal pelos danos causados à saúde das pes- 500 (quinhentos) MVR.
soas e ao meio ambiente, quando a produção, co- Art. 17. Sem prejuízo das responsabilidades civil
mercialização, utilização, transporte e destinação e penal cabíveis, a infração de disposições desta
de embalagens vazias de agrotóxicos, seus com- Lei acarretará, isolada ou cumulativamente, nos
ponentes e afins, não cumprirem o disposto na termos previstos em regulamento, independente
155
das medidas cautelares de estabelecimento e cos, seus componentes e afins, têm o prazo de até
apreensão do produto ou alimentos contamina- 6 (seis) meses, a partir da regulamentação desta
dos, a aplicação das seguintes sanções: Lei, para se adaptarem às suas exigências.
I – advertência; Parágrafo único. Aos titulares do registro de pro-
II – multa de até 1000 (mil) vezes o Maior Valor dutos agrotóxicos que têm como componentes os
de Referência (MVR), aplicável em dobro em caso organoclorados será exigida imediata reavaliação
de reincidência; de seu registro, nos termos desta Lei.
III – condenação de produto;
Art. 21. O Poder Executivo regulamentará esta Lei
IV – inutilização de produto;
no prazo de 90 (noventa) dias, contado da data de
V – suspensão de autorização, registro ou li-
sua publicação.
cença;
VI – cancelamento de autorização, registro ou Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua
licença; publicação.
VII – interdição temporária ou definitiva de es- Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
tabelecimento; Brasília, 11 de julho de 1989; 168º da
VIII – destruição de vegetais, partes de vegetais Independência e 101º da República.
e alimentos, com resíduos acima do permitido;
JOSÉ SARNEY
IX – destruição de vegetais, partes de vegetais
Íris Rezende Machado
e alimentos, nos quais tenha havido aplicação de João Alves Filho
agrotóxicos de uso não autorizado, a critério do
órgão competente. LEI Nº 8.723, DE 28 DE
Parágrafo único. A autoridade fiscalizadora fará OUTUBRO DE 1993
a divulgação das sanções impostas aos infratores (Publicada no DOU de 29/10/1993 e republicada no DOU
desta Lei. de 1º/11/1993)
Art. 18. Após a conclusão do processo adminis- Dispõe sobre a redução de emissão de po-
trativo, os agrotóxicos e afins, apreendidos como luentes por veículos automotores e dá outras
resultado da ação fiscalizadora, serão inutilizados providências.
d) 0,03 g/km de aldeídos (CHO); cializados no Brasil atenderá aos mesmos limites
e) 0,05 g/km de partículas, nos casos de veícu- de emissão de gases de escapamento definidos
los do ciclo Diesel; no § 4º, II, deste artigo.
f) meio por cento de monóxido de carbono (CO) § 7º Para os veículos leves do ciclo Otto fabrica-
em marcha lenta; dos a partir de 1º de janeiro de 1992, quando não
III – (Vetado) derivados de automóveis e classificados como uti-
IV – os veículos pesados do ciclo Otto atenderão litários, camionetes de uso misto ou veículos de
aos níveis de emissão de gases de escapamento carga, são os seguintes os limites de emissão
de acordo com limites e cronogramas a serem de- de gases de escapamento, a vigorar a partir de
finidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente 31 de dezembro de 1996:
(Conama). a) 24,0 g/km de monóxido de carbono (CO);
§ 1º (Vetado) b) 2,1 g/km de hidrocarbonetos (HC);
§ 2º Ressalvados critérios técnicos do Instituto c) 2,0 g/km de óxidos de nitrogênio (NOx);
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu- d) 0,15 g/km de aldeídos (CHO);
rais Renováveis (Ibama), é obrigatória a utilização e) três por cento de monóxido de carbono (CO)
de lacres nos dispositivos reguláveis do sistema em marcha lenta.
de alimentação de combustível. § 8º Os veículos leves do ciclo Diesel fabrica-
§ 3º Todos os veículos pesados não turbina- dos a partir de 1º de janeiro de 1992, quando não
dos são obrigados a apresentar emissão nula derivados de automóveis e classificados como
dos gases do cárter, devendo os demais veículos utilitários, camionetes de uso misto ou veículos
pesados atender às disposições em vigor do Con- de carga, poderão, dependendo das caracterís-
selho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que ticas técnicas do motor, definidas pelo Instituto
regulam esta matéria. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
§ 4º Oitenta por cento da totalidade de veícu- rais Renováveis (Ibama), atender aos limites e exi-
los pesados do ciclo Diesel comercializados pelos gências estabelecidos para os veículos pesados.
fabricantes nacionais terão os níveis máximos de § 9º As complementações e alterações deste ar-
emissão de gases de escapamento reduzido, em tigo serão estabelecidas pelo Conselho Nacional
duas etapas, conforme os limites e cronogramas do Meio Ambiente (Conama).
especificados abaixo: Art. 3º Os órgãos competentes para estabelecer
I – a partir de 1º de janeiro de 1996: procedimentos de ensaio, medição, certificação,
a) 4,9 g/kWh de monóxido de carbono (CO); licenciamento e avaliação dos níveis de emissão
b) 1,23 g/kWh de hidrocarbonetos (HC); dos veículos, bem como todas as medidas com-
c) 9,0 de g/kWh de óxidos de nitrogênio (NOx); plementares relativas ao controle de poluentes
d) 0,7 g/kWh de partículas para motores com por veículos automotores, são o Conselho Na-
até 85 kW de potência; cional do Meio Ambiente (Conama) e o Instituto
e) 0,4 g/kWh de partículas para motores com Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-
mais de 85 kW de potência; turais Renováveis (Ibama), em consonância com
II – a partir de 1º de janeiro de 2000: o Programa Nacional de Controle de Poluição por
a) 4,0 g/kWh de monóxido de carbono (CO); Veículos Automotores (Proconve), respeitado o
b) 1,1 g/kWh de hidrocarbonetos (HC); sistema metrológico em vigor no País.
c) 7,0 g/kWh de óxidos de nitrogênio (NOx);
d) 0,15 g/kWh de partículas, a critério do Con- Art. 4º Os veículos importados ficam obrigados
selho Nacional do Meio Ambiente (Conama), até o a atender aos mesmos limites de emissão e de-
final de 1994, em função de sua viabilidade técnica. mais exigências estabelecidas na totalidade de
§ 5º Para os ônibus urbanos, as etapas estabe- suas vendas no mercado nacional.
lecidas no parágrafo anterior são antecipadas em Art. 5º Somente podem ser comercializados os
dois anos, não se aplicando, entretanto, os limites modelos de veículos automotores que possuam
estabelecidos no inciso I, d e e, do parágrafo ante- a LCVM (Licença para Uso da Configuração de Veí-
rior deste artigo. culos ou Motor), emitida pelo Instituto Brasileiro
§ 6º A partir de 1º de janeiro de 2002, a totali- do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
dade de veículos pesados do ciclo Diesel comer- váveis (Ibama).
157
Art. 6º Os veículos e motores novos ou usados cíficos, normas e medidas adicionais de controle
que sofrerem alterações ou conversão ficam obri- da poluição do ar para veículos automotores em
gados a atender aos mesmos limites e exigências circulação, em consonância com as exigências do
previstos nesta Lei, cabendo à entidade executora Proconve e suas medidas complementares. (Caput
das modificações e ao proprietário do veículo a do artigo com redação dada pela Lei nº 10.203, de 22/2/2001)
responsabilidade pelo atendimento às exigências § 1º Os planos mencionados no caput deste
ambientais em vigor. artigo serão fundamentados em ações gradati-
vamente mais restritivas, fixando orientação ao
Art. 7º Os órgãos responsáveis pela política ener-
usuário quanto às normas e procedimentos para
gética, especificação, produção, distribuição e
manutenção dos veículos e estabelecendo pro-
controle de qualidade de combustíveis, são obri-
cessos e procedimentos de inspeção periódica
gados a fornecer combustíveis comerciais, a par-
e de fiscalização das emissões dos veículos em
tir da data de implantação dos limites fixados por
circulação. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.203, de
esta Lei, e de referência para testes de homologa-
22/2/2001, retificada no DOU de 30/3/2001)
ção, certificação e desenvolvimento, com antece-
§ 2º Os Municípios com frota total igual ou su-
dência mínima de trinta e seis meses do início de
perior a três milhões de veículos poderão implan-
sua comercialização.
tar programas próprios de inspeção periódica de
Parágrafo único. Para cumprimento desta Lei, os
emissões de veículos em circulação, competindo
órgãos responsáveis pela importação de combus-
ao Poder Público Municipal, no desenvolvimento
tíveis deverão permitir aos fabricantes de veículos
de seus respectivos programas, estabelecer pro-
e motores a importação de até cinquenta mil li-
cessos e procedimentos diferenciados, bem como
tros/ano de óleo Diesel de referência, para ensaios
limites e periodicidades mais restritivos, em fun-
de emissão adequada para cada etapa, conforme
ção do nível local de comprometimento do ar. (Pa-
as especificações constantes no anexo desta Lei.
rágrafo acrescido pela Lei nº 10.203, de 22/2/2001)
Art. 8º (Vetado) § 3º Os programas estaduais e municipais de ins-
Art. 9º É fixado em vinte e dois por cento o percen- peção periódica de emissões de veículos em circu-
tual obrigatório de adição de álcool etílico anidro lação, deverão ser harmonizados, nos termos das
combustível à gasolina em todo o território nacio- resoluções do Conama, com o programa de ins-
nal. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 10.203, peção de segurança veicular, a ser implementado
de 22/2/2001) pelo Governo Federal, através do Contran e Dena-
§ 1º O Poder Executivo poderá elevar o referido tran, ressalvadas as situações jurídicas consolida-
percentual até o limite de 27,5% (vinte e sete in- das. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.203, de 22/2/2001)
teiros e cinco décimos por cento), desde que cons- Art. 13. As redes de assistência técnica vinculadas
tatada sua viabilidade técnica, ou reduzi-lo a 18% aos fabricantes de motores, veículos automoto-
(dezoito por cento). (Parágrafo com redação dada pela res e sistemas de alimentação, ignição e controle
Lei nº 13.033, de 24/9/2014) de emissões para veículos são obrigadas, dentro
§ 2º Será admitida a variação de um ponto por do prazo de dezoito meses a partir da publicação
cento, para mais ou para menos, na aferição dos desta Lei, a dispor, em caráter permanente, de
percentuais de que trata este artigo. (Parágrafo equipamentos e pessoal habilitado, conforme as
acrescido pela Lei nº 10.203, de 22/2/2001) recomendações dos órgãos ambientais responsá-
Art. 10. (Vetado) veis, para a realização de serviços de diagnóstico,
regulagem de motores e sistemas de controle das
Art. 11. O uso de combustíveis automotivos clas-
emissões, em consonância com os objetivos do
sificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambien-
Proconve e suas medidas complementares.
te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
§ 1º Os fabricantes de veículos automotores
como de baixo potencial poluidor será incentiva-
ficam obrigados a divulgar aos concessionários
do e priorizado, especialmente nas regiões metro- e distribuidores as especificações e informações
politanas. técnicas necessárias ao diagnóstico e regulagem
Art. 12. Os governos estaduais e municipais ficam do motor, seus componentes principais e siste-
autorizados a estabelecer através de planos espe- mas de controle de emissão de poluentes.
158
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159
recursos minerais oriundos do leito das águas XVII – lastro limpo: água de lastro contida em
interiores ou de seu subsolo, ou do mar, da plata- um tanque que, desde que transportou óleo pela
forma continental ou de seu subsolo; última vez, foi submetido a limpeza em nível tal
VII – instalações de apoio: quaisquer instala- que, se esse lastro fosse descarregado pelo navio
ções ou equipamentos de apoio à execução das parado em águas limpas e tranquilas, em dia claro,
atividades das plataformas ou instalações por- não produziria traços visíveis de óleo na superfí-
tuárias de movimentação de cargas a granel, tais cie da água ou no litoral adjacente, nem produzi-
como dutos, monobóias, quadro de bóias para ria borra ou emulsão sob a superfície da água ou
amarração de navios e outras; sobre o litoral adjacente;
VIII – óleo: qualquer forma de hidrocarboneto XVIII – tanque de resíduos: qualquer tanque
(petróleo e seus derivados), incluindo óleo cru, destinado especificamente a depósito provisório
óleo combustível, borra, resíduos de petróleo e dos líquidos de drenagem e lavagem de tanques
produtos refinados; e outras misturas e resíduos;
IX – mistura oleosa: mistura de água e óleo, em XIX – plano de emergência: conjunto de medi-
qualquer proporção; das que determinam e estabelecem as responsa-
X – substância nociva ou perigosa: qualquer bilidades setoriais e as ações a serem desenca-
substância que, se descarregada nas águas, é deadas imediatamente após um incidente, bem
capaz de gerar riscos ou causar danos à saúde como definem os recursos humanos, materiais e
humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar
equipamentos adequados à prevenção, controle
o uso da água e de seu entorno;
e combate à poluição das águas;
XI – descarga: qualquer despejo, escape, der-
XX – plano de contingência: conjunto de proce-
rame, vazamento, esvaziamento, lançamento para
dimentos e ações que visam à integração dos di-
fora ou bombeamento de substâncias nocivas ou
versos planos de emergência setoriais, bem como
perigosas, em qualquer quantidade, a partir de
a definição dos recursos humanos, materiais e
um navio, porto organizado, instalação portuária,
equipamentos complementares para a preven-
duto, plataforma ou suas instalações de apoio;
ção, controle e combate da poluição das águas;
XII – porto organizado: porto construído e apa-
XXI – órgão ambiental ou órgão de meio am-
relhado para atender às necessidades da nave-
biente: órgão do poder executivo federal, estadual
gação e da movimentação e armazenagem de
ou municipal, integrante do Sistema Nacional do
mercadorias, concedido ou explorado pela União,
Meio Ambiente (Sisnama), responsável pela fisca-
cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a
lização, controle e proteção ao meio ambiente no
jurisdição de uma autoridade portuária;
âmbito de suas competências;
XIII – instalação portuária ou terminal: instala-
ção explorada por pessoa jurídica de direito pú- XXII – autoridade marítima: autoridade exercida
blico ou privado, dentro ou fora da área do porto diretamente pelo Comandante da Marinha, res-
organizado, utilizada na movimentação e armaze- ponsável pela salvaguarda da vida humana e se-
nagem de mercadorias destinadas ou provenien- gurança da navegação no mar aberto e hidrovias
tes de transporte aquaviário; interiores, bem como pela prevenção da poluição
XIV – incidente: qualquer descarga de substân- ambiental causada por navios, plataformas e suas
cia nociva ou perigosa, decorrente de fato ou ação instalações de apoio, além de outros cometimen-
intencional ou acidental que ocasione risco poten- tos a ela conferidos por esta Lei;
cial, dano ao meio ambiente ou à saúde humana; XXIII – autoridade portuária: autoridade res-
XV – lixo: todo tipo de sobra de víveres e resí- ponsável pela administração do porto organizado,
duos resultantes de faxinas e trabalhos rotineiros competindo-lhe fiscalizar as operações portuárias
nos navios, portos organizados, instalações por- e zelar para que os serviços se realizem com regu-
tuárias, plataformas e suas instalações de apoio; laridade, eficiência, segurança e respeito ao meio
XVI – alijamento: todo despejo deliberado de ambiente;
resíduos e outras substâncias efetuado por em- XXIV – órgão regulador da indústria do petró-
barcações, plataformas, aeronaves e outras ins- leo: órgão do poder executivo federal, responsá-
talações, inclusive seu afundamento intencional vel pela regulação, contratação e fiscalização das
em águas sob jurisdição nacional; atividades econômicas da indústria do petróleo,
160
LEI Nº 9.966, DE 28 DE ABRIL DE 2000
sendo tais atribuições exercidas pela Agência Na- II – a localização apropriada das instalações;
cional do Petróleo (ANP). III – a capacidade das instalações de recebi-
mento e tratamento dos diversos tipos de resí-
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, são consideradas
duos, padrões de qualidade e locais de descarga
águas sob jurisdição nacional:
de seus efluentes;
I – águas interiores;
IV – os parâmetros e a metodologia de controle
a) as compreendidas entre a costa e a linha-de-
operacional;
-base reta, a partir de onde se mede o mar territorial;
V – a quantidade e o tipo de equipamentos, ma-
b) as dos portos;
teriais e meios de transporte destinados a atender
c) as das baías;
situações emergenciais de poluição;
d) as dos rios e de suas desembocaduras;
VI – a quantidade e a qualificação do pessoal a
e) as dos lagos, das lagoas e dos canais;
ser empregado;
f) as dos arquipélagos;
VII – o cronograma de implantação e o início de
g) as águas entre os baixios a descoberta e a
operação das instalações.
costa;
§ 2º O estudo técnico a que se refere o parágrafo
II – águas marítimas, todas aquelas sob jurisdi-
anterior deverá levar em conta o porte, o tipo
ção nacional que não sejam interiores.
de carga manuseada ou movimentada e outras
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, as substâncias características do porto organizado, instalação por-
nocivas ou perigosas classificam-se nas seguin- tuária ou plataforma e suas instalações de apoio.
tes categorias, de acordo com o risco produzido § 3º As instalações ou meios destinados ao rece-
quando descarregadas na água: bimento e tratamento de resíduos e ao combate
I – categoria A: alto risco tanto para a saúde hu- da poluição poderão ser exigidos das instalações
mana como para o ecossistema aquático; portuárias especializadas em outras cargas que
II – categoria B: médio risco tanto para a saúde não óleo e substâncias nocivas ou perigosas, bem
humana como para o ecossistema aquático; como dos estaleiros, marinas, clubes náuticos e si-
III – categoria C: risco moderado tanto para a milares, a critério do órgão ambiental competente.
saúde humana como para o ecossistema aquático;
Art. 6º As entidades exploradoras de portos or-
IV – categoria D: baixo risco tanto para a saúde ganizados e instalações portuárias e os proprie-
humana como para o ecossistema aquático. tários ou operadores de plataformas deverão
Parágrafo único. O órgão federal de meio am- elaborar manual de procedimento interno para o
biente divulgará e manterá atualizada a lista das gerenciamento dos riscos de poluição, bem como
substâncias classificadas neste artigo, devendo a para a gestão dos diversos resíduos gerados ou
classificação ser, no mínimo, tão completa e rigo- provenientes das atividades de movimentação e
rosa quanto a estabelecida pela Marpol 73/78. armazenamento de óleo e substâncias nocivas ou
CAPÍTULO II perigosas, o qual deverá ser aprovado pelo órgão
DOS SISTEMAS DE PREVENÇÃO, ambiental competente, em conformidade com a
CONTROLE E COMBATE DA POLUIÇÃO legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes.
Art. 5º Todo porto organizado, instalação portuá- Art. 7º Os portos organizados, instalações portuá-
ria e plataforma, bem como suas instalações de rias e plataformas, bem como suas instalações de
apoio, disporá obrigatoriamente de instalações apoio, deverão dispor de planos de emergência
ou meios adequados para o recebimento e trata- individuais para o combate à poluição por óleo e
mento dos diversos tipos de resíduos e para o com- substâncias nocivas ou perigosas, os quais serão
bate da poluição, observadas as normas e critérios submetidos à aprovação do órgão ambiental com-
estabelecidos pelo órgão ambiental competente. petente.
§ 1º A definição das características das instala- § 1º No caso de áreas onde se concentrem
ções e meios destinados ao recebimento e trata- portos organizados, instalações portuárias ou
mento de resíduos e ao combate da poluição será plataformas, os planos de emergência indivi-
feita mediante estudo técnico, que deverá estabe- duais serão consolidados na forma de um único
lecer, no mínimo: plano de emergência para toda a área sujeita ao
I – as dimensões das instalações; risco de poluição, o qual deverá estabelecer os
161
mecanismos de ação conjunta a serem imple- no qual serão feitas anotações relativas às seguin-
mentados, observado o disposto nesta Lei e nas tes operações:
demais normas e diretrizes vigentes. I – carregamento;
§ 2º A responsabilidade pela consolidação dos II – descarregamento;
planos de emergência individuais em um único III – transferências de carga, resíduos ou mistu-
plano de emergência para a área envolvida cabe ras para tanques de resíduos;
às entidades exploradoras de portos organizados IV – limpeza dos tanques de carga;
e instalações portuárias, e aos proprietários ou V – transferências provenientes de tanques de
operadores de plataformas, sob a coordenação resíduos;
do órgão ambiental competente. VI – lastreamento de tanques de carga;
Art. 8º Os planos de emergência mencionados no VII – transferências de águas de lastro sujo para
artigo anterior serão consolidados pelo órgão am- o meio aquático;
biental competente, na forma de planos de con- VIII – descargas nas águas, em geral.
tingência locais ou regionais, em articulação com Art. 12. Todo navio que transportar substância
os órgãos de defesa civil. nociva ou perigosa de forma fracionada, con-
Parágrafo único. O órgão federal de meio ambien- forme estabelecido no Anexo III da Marpol 73/78,
te, em consonância com o disposto na OPRC/90, deverá possuir e manter a bordo documento que
consolidará os planos de contingência locais e re- a especifique e forneça sua localização no navio,
gionais na forma do Plano Nacional de Contingên- devendo o agente ou responsável conservar cópia
cia, em articulação com os órgãos de defesa civil. do documento até que a substância seja desem-
Art. 9º As entidades exploradoras de portos orga- barcada.
nizados e instalações portuárias e os proprietários § 1º As embalagens das substâncias nocivas ou
ou operadores de plataformas e suas instalações perigosas devem conter a respectiva identificação
de apoio deverão realizar auditorias ambientais e advertência quanto aos riscos, utilizando a sim-
bienais, independentes, com o objetivo de ava- bologia prevista na legislação e normas nacionais
liar os sistemas de gestão e controle ambiental e internacionais em vigor.
em suas unidades. § 2º As embalagens contendo substâncias noci-
vas ou perigosas devem ser devidamente estiva-
CAPÍTULO III das e amarradas, além de posicionadas de acordo
DO TRANSPORTE DE ÓLEO E SUBSTÂNCIAS
com critérios de compatibilidade com outras car-
NOCIVAS OU PERIGOSAS
gas existentes a bordo, atendidos os requisitos
Art. 10. As plataformas e os navios com arquea- de segurança do navio e de seus tripulantes, de
ção bruta superior a cinquenta que transportem forma a evitar acidentes.
óleo, ou o utilizem para sua movimentação ou
Art. 13. Os navios enquadrados na CLC/69 deve-
operação, portarão a bordo, obrigatoriamente,
rão possuir o certificado ou garantia financeira
um livro de registro de óleo, aprovado nos ter-
equivalente, conforme especificado por essa con-
mos da Marpol 73/78, que poderá ser requisitado
venção, para que possam trafegar ou permanecer
pela autoridade marítima, pelo órgão ambiental
em águas sob jurisdição nacional.
competente e pelo órgão regulador da indústria
do petróleo, e no qual serão feitas anotações re- Art. 14. O órgão federal de meio ambiente deverá
lativas a todas as movimentações de óleo, lastro elaborar e atualizar, anualmente, lista de substân-
e misturas oleosas, inclusive as entregas efetua- cias cujo transporte seja proibido em navios ou
das às instalações de recebimento e tratamento que exijam medidas e cuidados especiais durante
de resíduos. a sua movimentação.
Art. 11. Todo navio que transportar substância CAPÍTULO IV
nociva ou perigosa a granel deverá ter a bordo um DA DESCARGA DE ÓLEO, SUBSTÂNCIAS
livro de registro de carga, nos termos da Marpol NOCIVAS OU PERIGOSAS E LIXO
73/78, que poderá ser requisitado pela autori- Art. 15. É proibida a descarga, em águas sob ju-
dade marítima, pelo órgão ambiental competente risdição nacional, de substâncias nocivas ou pe-
e pelo órgão regulador da indústria do petróleo, e rigosas classificadas na categoria “A”, definida
162
LEI Nº 9.966, DE 28 DE ABRIL DE 2000
no art. 4º desta Lei, inclusive aquelas provisoria- § 1º No descarte contínuo de água de processo
mente classificadas como tal, além de água de ou de produção em plataformas aplica-se a regu-
lastro, resíduos de lavagem de tanques ou outras lamentação ambiental específica.
misturas que contenham tais substâncias. § 2º (Vetado)
§ 1º A água subsequentemente adicionada ao § 3º Não será permitida a descarga de qualquer
tanque lavado em quantidade superior a cinco tipo de plástico, inclusive cabos sintéticos, redes
por cento do seu volume total só poderá ser des- sintéticas de pesca e sacos plásticos.
carregada se atendidas cumulativamente as se- Art. 18. Exceto nos casos permitidos por esta Lei,
guintes condições: a descarga de lixo, água de lastro, resíduos de la-
I – a situação em que ocorrer o lançamento en- vagem de tanques e porões ou outras misturas
quadre-se nos casos permitidos pela Marpol 73/78; que contenham óleo ou substâncias nocivas ou
II – o navio não se encontre dentro dos limites perigosas de qualquer categoria só poderá ser
de área ecologicamente sensível; efetuada em instalações de recebimento e trata-
III – os procedimentos para descarga sejam de- mento de resíduos, conforme previsto no art. 5º
vidamente aprovados pelo órgão ambiental com- desta Lei.
petente.
§ 2º É vedada a descarga de água subsequen- Art. 19. A descarga de óleo, misturas oleosas,
temente adicionada ao tanque lavado em quanti- substâncias nocivas ou perigosas de qualquer ca-
dade inferior a cinco por cento do seu volume total. tegoria, e lixo, em águas sob jurisdição nacional,
poderá ser excepcionalmente tolerada para salva-
Art. 16. É proibida a descarga, em águas sob juris- guarda de vidas humanas, pesquisa ou segurança
dição nacional, de substâncias classificadas nas de navio, nos termos do regulamento.
categorias “B”, “C”, e “D”, definidas no art. 4º desta Parágrafo único. Para fins de pesquisa, deverão
Lei, inclusive aquelas provisoriamente classifica- ser atendidas as seguintes exigências, no mínimo:
das como tais, além de água de lastro, resíduos de I – a descarga seja autorizada pelo órgão am-
lavagem de tanques e outras misturas que as con- biental competente, após análise e aprovação do
tenham, exceto se atendidas cumulativamente as programa de pesquisa;
seguintes condições: II – esteja presente, no local e hora da descarga,
I – a situação em que ocorrer o lançamento en- pelo menos um representante do órgão ambien-
quadre-se nos casos permitidos pela Marpol 73/78; tal que a houver autorizado;
II – o navio não se encontre dentro dos limites III – o responsável pela descarga coloque à dis-
de área ecologicamente sensível; posição, no local e hora em que ela ocorrer, pes-
III – os procedimentos para descarga sejam de- soal especializado, equipamentos e materiais de
vidamente aprovados pelo órgão ambiental com- eficiência comprovada na contenção e eliminação
petente. dos efeitos esperados.
§ 1º Os esgotos sanitários e as águas servidas de
navios, plataformas e suas instalações de apoio Art. 20. A descarga de resíduos sólidos das ope-
equiparam-se, em termos de critérios e condições rações de perfuração de poços de petróleo será
para lançamento, às substâncias classificadas na objeto de regulamentação específica pelo órgão
categoria “C”, definida no art. 4º desta Lei. federal de meio ambiente.
§ 2º Os lançamentos de que trata o parágrafo Art. 21. As circunstâncias em que a descarga, em
anterior deverão atender também às condições águas sob jurisdição nacional, de óleo e substân-
e aos regulamentos impostos pela legislação de cias nocivas ou perigosas, ou misturas que os con-
vigilância sanitária. tenham, de água de lastro e de outros resíduos
Art. 17. É proibida a descarga de óleo, misturas poluentes for autorizada não desobrigam o res-
oleosas e lixo em águas sob jurisdição nacional, ex- ponsável de reparar os danos causados ao meio
ceto nas situações permitidas pela Marpol 73/78, e ambiente e de indenizar as atividades econômicas
não estando o navio, plataforma ou similar dentro e o patrimônio público e privado pelos prejuízos
dos limites de área ecologicamente sensível, e os decorrentes dessa descarga.
procedimentos para descarga sejam devidamente Art. 22. Qualquer incidente ocorrido em por-
aprovados pelo órgão ambiental competente. tos organizados, instalações portuárias, dutos,
163
navios, plataformas e suas instalações de apoio, I – o proprietário do navio, pessoa física ou jurí-
que possa provocar poluição das águas sob juris- dica, ou quem legalmente o represente;
dição nacional, deverá ser imediatamente comu- II – o armador ou operador do navio, caso este
nicado ao órgão ambiental competente, à Capita- não esteja sendo armado ou operado pelo pro-
nia dos Portos e ao órgão regulador da indústria prietário;
do petróleo, independentemente das medidas to- III – o concessionário ou a empresa autorizada
madas para seu controle. a exercer atividades pertinentes à indústria do
petróleo;
Art. 23. A entidade exploradora de porto orga-
IV – o comandante ou tripulante do navio;
nizado ou de instalação portuária, o proprietá-
V – a pessoa física ou jurídica, de direito público
rio ou operador de plataforma ou de navio, e o ou privado, que legalmente represente o porto or-
concessionário ou empresa autorizada a exer- ganizado, a instalação portuária, a plataforma e
cer atividade pertinente à indústria do petróleo, suas instalações de apoio, o estaleiro, a marina,
responsáveis pela descarga de material poluen- o clube náutico ou instalação similar;
te em águas sob jurisdição nacional, são obri- VI – o proprietário da carga.
gados a ressarcir os órgãos competentes pelas § 2º O valor da multa de que trata este artigo
despesas por eles efetuadas para o controle ou será fixado no regulamento desta Lei, sendo o mí-
minimização da poluição causada, independen- nimo de R$ 7.000,00 (sete mil reais) e o máximo
temente de prévia autorização e de pagamento de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
de multa. § 3º A aplicação das penas previstas neste ar-
Parágrafo único. No caso de descarga por navio tigo não isenta o agente de outras sanções ad-
não possuidor do certificado exigido pela CLC/69, ministrativas e penais previstas na Lei nº 9.605,
a embarcação será retida e só será liberada após de 12 de fevereiro de 1998, e em outras normas
o depósito de caução como garantia para paga- específicas que tratem da matéria, nem da res-
mento das despesas decorrentes da poluição. ponsabilidade civil pelas perdas e danos causa-
dos ao meio ambiente e ao patrimônio público
Art. 24. A contratação, por órgão ou empresa
e privado.
pública ou privada, de navio para realização de
transporte de óleo ou de substância enquadrada Art. 26. A inobservância ao disposto nos arts. 15,
nas categorias definidas no art. 4º desta Lei só 16, 17 e 19 será punida na forma da Lei nº 9.605, de
poderá efetuar-se após a verificação de que a 12 de fevereiro de 1998, e seu regulamento.
empresa transportadora esteja devidamente ha- CAPÍTULO VI
bilitada para operar de acordo com as normas da DISPOSIÇÕES FINAIS E COMPLEMENTARES
autoridade marítima. Art. 27. São responsáveis pelo cumprimento
CAPÍTULO V desta Lei:
DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES I – a autoridade marítima, por intermédio de
suas organizações competentes, com as seguintes
Art. 25. São infrações, punidas na forma desta Lei:
atribuições:
I – descumprir o disposto nos arts. 5º, 6º e 7º:
a) fiscalizar navios, plataformas e suas instala-
Pena – multa diária;
ções de apoio, e as cargas embarcadas, de natu-
II – descumprir o disposto nos arts. 9º e 22: reza nociva ou perigosa, autuando os infratores
Pena – multa; na esfera de sua competência;
III – descumprir o disposto nos arts. 10, 11 e 12: b) levantar dados e informações e apurar res-
Pena – multa e retenção do navio até que a si- ponsabilidades sobre os incidentes com navios,
tuação seja regularizada; plataformas e suas instalações de apoio que te-
IV – descumprir o disposto no art. 24: nham provocado danos ambientais;
Pena – multa e suspensão imediata das ativi- c) encaminhar os dados, informações e resulta-
dades da empresa transportadora em situação dos de apuração de responsabilidades ao órgão
irregular. federal de meio ambiente, para avaliação dos
§ 1º Respondem pelas infrações previstas neste danos ambientais e início das medidas judiciais
artigo, na medida de sua ação ou omissão: cabíveis;
164
LEI Nº 9.966, DE 28 DE ABRIL DE 2000
Parágrafo único. Incumbe à entidade regula- VIII – plano de contas e mecanismos de informa-
dora e fiscalizadora dos serviços a verificação ção, auditoria e certificação;
do cumprimento dos planos de saneamento por IX – subsídios tarifários e não tarifários;
parte dos prestadores de serviços, na forma das X – padrões de atendimento ao público e meca-
disposições legais, regulamentares e contratuais. nismos de participação e informação;
XI – medidas de contingências e de emergên-
CAPÍTULO V
cias, inclusive racionamento;
DA REGULAÇÃO
XII – (Vetado)
Art. 21. O exercício da função de regulação aten- § 1º A regulação de serviços públicos de sanea-
derá aos seguintes princípios: mento básico poderá ser delegada pelos titulares
I – independência decisória, incluindo autono- a qualquer entidade reguladora constituída den-
mia administrativa, orçamentária e financeira da tro dos limites do respectivo Estado, explicitando,
entidade reguladora; no ato de delegação da regulação, a forma de
II – transparência, tecnicidade, celeridade e ob- atuação e a abrangência das atividades a serem
jetividade das decisões. desempenhadas pelas partes envolvidas.
§ 2º As normas a que se refere o caput deste
Art. 22. São objetivos da regulação:
artigo fixarão prazo para os prestadores de ser-
I – estabelecer padrões e normas para a ade-
viços comunicarem aos usuários as providências
quada prestação dos serviços e para a satisfação
adotadas em face de queixas ou de reclamações
dos usuários;
relativas aos serviços.
II – garantir o cumprimento das condições e
§ 3º As entidades fiscalizadoras deverão receber
metas estabelecidas;
e se manifestar conclusivamente sobre as recla-
III – prevenir e reprimir o abuso do poder eco- mações que, a juízo do interessado, não tenham
nômico, ressalvada a competência dos órgãos in- sido suficientemente atendidas pelos prestadores
tegrantes do sistema nacional de defesa da con- dos serviços.
corrência;
Art. 24. Em caso de gestão associada ou presta-
IV – definir tarifas que assegurem tanto o equi-
ção regionalizada dos serviços, os titulares pode-
líbrio econômico e financeiro dos contratos como
rão adotar os mesmos critérios econômicos, so-
a modicidade tarifária, mediante mecanismos
ciais e técnicos da regulação em toda a área de
que induzam a eficiência e eficácia dos serviços
abrangência da associação ou da prestação.
e que permitam a apropriação social dos ganhos
de produtividade. Art. 25. Os prestadores de serviços públicos de
saneamento básico deverão fornecer à entidade
Art. 23. A entidade reguladora editará normas re- reguladora todos os dados e informações neces-
lativas às dimensões técnica, econômica e social sários para o desempenho de suas atividades, na
de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo forma das normas legais, regulamentares e con-
menos, os seguintes aspectos: tratuais.
I – padrões e indicadores de qualidade da pres- § 1º Incluem-se entre os dados e informações
tação dos serviços; a que se refere o caput deste artigo aquelas pro-
II – requisitos operacionais e de manutenção duzidas por empresas ou profissionais contrata-
dos sistemas; dos para executar serviços ou fornecer materiais
III – as metas progressivas de expansão e de e equipamentos específicos.
qualidade dos serviços e os respectivos prazos; § 2º Compreendem-se nas atividades de regula-
IV – regime, estrutura e níveis tarifários, bem ção dos serviços de saneamento básico a interpre-
como os procedimentos e prazos de sua fixação, tação e a fixação de critérios para a fiel execução
reajuste e revisão; dos contratos, dos serviços e para a correta admi-
V – medição, faturamento e cobrança de servi- nistração de subsídios.
ços; Art. 26. Deverá ser assegurado publicidade aos
VI – monitoramento dos custos; relatórios, estudos, decisões e instrumentos equi-
VII – avaliação da eficiência e eficácia dos ser- valentes que se refiram à regulação ou à fiscaliza-
viços prestados; ção dos serviços, bem como aos direitos e deveres
171
dos usuários e prestadores, a eles podendo ter I – prioridade para atendimento das funções es-
acesso qualquer do povo, independentemente senciais relacionadas à saúde pública;
da existência de interesse direto. II – ampliação do acesso dos cidadãos e locali-
§ 1º Excluem-se do disposto no caput deste ar- dades de baixa renda aos serviços;
tigo os documentos considerados sigilosos em III – geração dos recursos necessários para rea-
razão de interesse público relevante, mediante lização dos investimentos, objetivando o cumpri-
prévia e motivada decisão. mento das metas e objetivos do serviço;
§ 2º A publicidade a que se refere o caput deste IV – inibição do consumo supérfluo e do desper-
artigo deverá se efetivar, preferencialmente, por dício de recursos;
meio de sítio mantido na rede mundial de com- V – recuperação dos custos incorridos na pres-
putadores – internet. tação do serviço, em regime de eficiência;
Art. 27. É assegurado aos usuários de serviços pú- VI – remuneração adequada do capital inves-
blicos de saneamento básico, na forma das nor- tido pelos prestadores dos serviços;
mas legais, regulamentares e contratuais: VII – estímulo ao uso de tecnologias modernas
I – amplo acesso a informações sobre os servi- e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos
ços prestados; de qualidade, continuidade e segurança na pres-
II – prévio conhecimento dos seus direitos e tação dos serviços;
deveres e das penalidades a que podem estar su- VIII – incentivo à eficiência dos prestadores dos
jeitos; serviços.
III – acesso a manual de prestação do serviço e § 2º Poderão ser adotados subsídios tarifários
de atendimento ao usuário, elaborado pelo pres- e não tarifários para os usuários e localidades
tador e aprovado pela respectiva entidade de re- que não tenham capacidade de pagamento ou
gulação; escala econômica suficiente para cobrir o custo
IV – acesso a relatório periódico sobre a quali- integral dos serviços.
dade da prestação dos serviços. § 3º As novas edificações condominiais adota-
Art. 28. (Vetado) rão padrões de sustentabilidade ambiental que
incluam, entre outros procedimentos, a medição
CAPÍTULO VI
individualizada do consumo hídrico por unidade
DOS ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
imobiliária. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.312, de
Art. 29. Os serviços públicos de saneamento bá- 12/7/2016, publicada em Edição Extra do DOU de 12/7/2016,
sico terão a sustentabilidade econômico-financeira em vigor 5 anos após a publicação)
assegurada, sempre que possível, mediante remu-
neração pela cobrança dos serviços: Art. 30. Observado o disposto no art. 29 desta Lei,
I – de abastecimento de água e esgotamento a estrutura de remuneração e cobrança dos servi-
sanitário: preferencialmente na forma de tarifas ços públicos de saneamento básico poderá levar
e outros preços públicos, que poderão ser estabe- em consideração os seguintes fatores:
lecidos para cada um dos serviços ou para ambos I – categorias de usuários, distribuídas por fai-
conjuntamente; xas ou quantidades crescentes de utilização ou de
II – de limpeza urbana e manejo de resíduos consumo;
sólidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preços II – padrões de uso ou de qualidade requeridos;
públicos, em conformidade com o regime de pres- III – quantidade mínima de consumo ou de uti-
tação do serviço ou de suas atividades; lização do serviço, visando à garantia de objetivos
III – de manejo de águas pluviais urbanas: na sociais, como a preservação da saúde pública, o
forma de tributos, inclusive taxas, em conformi- adequado atendimento dos usuários de menor
dade com o regime de prestação do serviço ou de renda e a proteção do meio ambiente;
suas atividades. IV – custo mínimo necessário para disponibili-
§ 1º Observado o disposto nos incisos I a III do dade do serviço em quantidade e qualidade ade-
caput deste artigo, a instituição das tarifas, preços quadas;
públicos e taxas para os serviços de saneamento V – ciclos significativos de aumento da deman-
básico observará as seguintes diretrizes: da dos serviços, em períodos distintos; e
172
LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007
ponibilização integral de seu teor a todos os in- nas reservas extrativistas da União e nas comuni-
teressados, inclusive por meio da internet e por dades quilombolas.
audiência pública. § 2º Os planos de que tratam os incisos I e II do
caput deste artigo devem ser elaborados com ho-
Art. 52. A União elaborará, sob a coordenação do
rizonte de 20 (vinte) anos, avaliados anualmente
Ministério das Cidades:
e revisados a cada 4 (quatro) anos, preferencial-
I – o Plano Nacional de Saneamento Básico
mente em períodos coincidentes com os de vigên-
(PNSB) que conterá:
cia dos planos plurianuais.
a) os objetivos e metas nacionais e regionaliza-
das, de curto, médio e longo prazos, para a uni- Art. 53. Fica instituído o Sistema Nacional de In-
versalização dos serviços de saneamento básico formações em Saneamento Básico (Sinisa), com
e o alcance de níveis crescentes de saneamento os objetivos de:
básico no território nacional, observando a com- I – coletar e sistematizar dados relativos às con-
patibilidade com os demais planos e políticas pú- dições da prestação dos serviços públicos de sa-
blicas da União; neamento básico;
II – disponibilizar estatísticas, indicadores e ou-
b) as diretrizes e orientações para o equaciona-
tras informações relevantes para a caracterização
mento dos condicionantes de natureza político-ins-
da demanda e da oferta de serviços públicos de
titucional, legal e jurídica, econômico-financeira,
saneamento básico;
administrativa, cultural e tecnológica com impac-
III – permitir e facilitar o monitoramento e ava-
to na consecução das metas e objetivos estabe-
liação da eficiência e da eficácia da prestação dos
lecidos;
serviços de saneamento básico.
c) a proposição de programas, projetos e ações
§ 1º As informações do Sinisa são públicas e
necessários para atingir os objetivos e as metas da
acessíveis a todos, devendo ser publicadas por
Política Federal de Saneamento Básico, com iden-
meio da internet.
tificação das respectivas fontes de financiamento;
§ 2º A União apoiará os titulares dos serviços
d) as diretrizes para o planejamento das ações
a organizar sistemas de informação em sanea-
de saneamento básico em áreas de especial inte- mento básico, em atendimento ao disposto no
resse turístico; inciso VI do caput do art. 9º desta Lei.
e) os procedimentos para a avaliação sistemá-
tica da eficiência e eficácia das ações executadas; CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS
II – planos regionais de saneamento básico,
elaborados e executados em articulação com os Art. 54. (Vetado)
Estados, Distrito Federal e Municípios envolvidos Art. 54-A. Fica instituído o Regime Especial de In-
para as regiões integradas de desenvolvimento centivos para o Desenvolvimento do Saneamento
econômico ou nas que haja a participação de Básico (Reisb), com o objetivo de estimular a pes-
órgão ou entidade federal na prestação de serviço soa jurídica prestadora de serviços públicos de
público de saneamento básico. saneamento básico a aumentar seu volume de
§ 1º O PNSB deve: investimentos por meio da concessão de crédi-
I – abranger o abastecimento de água, o esgo- tos tributários. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.329, de
tamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos 1º/8/2016, produzindo efeitos a partir do 2º exercício sub-
e o manejo de águas pluviais, com limpeza e fis- sequente à sua vigência)
calização preventiva das respectivas redes de dre- Parágrafo único. A vigência do Reisb se esten-
nagem, além de outras ações de saneamento bá- derá até o ano de 2026.
sico de interesse para a melhoria da salubridade Art. 54-B. É beneficiária do Reisb a pessoa jurí-
ambiental, incluindo o provimento de banheiros dica que realize investimentos voltados para a
e unidades hidrossanitárias para populações de sustentabilidade e para a eficiência dos sistemas
baixa renda; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.308, de saneamento básico e em acordo com o Plano
de 6/7/2016) Nacional de Saneamento Básico. (Artigo acrescido
II – tratar especificamente das ações da União re- pela Lei nº 13.329, de 1º/8/2016, produzindo efeitos a partir
lativas ao saneamento básico nas áreas indígenas, do 2º exercício subsequente à sua vigência)
177
§ 1º Para efeitos do disposto no caput, ficam de- LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010
finidos como investimentos em sustentabilidade (LEI DE RESÍDUOS SÓLIDOS)
e em eficiência dos sistemas de saneamento bá- (Publicada no DOU de 3/8/2010)
sico aqueles que atendam:
Institui a Política Nacional de Resíduos Sóli-
I – ao alcance das metas de universalização do dos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
abastecimento de água para consumo humano e de 1998; e dá outras providências.
da coleta e tratamento de esgoto;
II – à preservação de áreas de mananciais e de O presidente da República
unidades de conservação necessárias à proteção Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
das condições naturais e de produção de água; sanciono a seguinte Lei:
III – à redução de perdas de água e à ampliação TÍTULO I
da eficiência dos sistemas de abastecimento de DISPOSIÇÕES GERAIS
água para consumo humano e dos sistemas de
CAPÍTULO I
coleta e tratamento de esgoto; DO OBJETO E DO CAMPO DE APLICAÇÃO
IV – à inovação tecnológica.
§ 2º Somente serão beneficiados pelo Reisb Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Re-
projetos cujo enquadramento às condições defini- síduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios,
das no caput seja atestado pela Administração da objetivos e instrumentos, bem como sobre as di-
pessoa jurídica beneficiária nas demonstrações retrizes relativas à gestão integrada e ao gerencia-
financeiras dos períodos em que se apurarem ou mento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos,
se utilizarem os créditos. às responsabilidades dos geradores e do poder pú-
§ 3º Não se poderão beneficiar do Reisb as pes- blico e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
soas jurídicas optantes pelo Regime Especial Uni- § 1º Estão sujeitas à observância desta Lei as
ficado de Arrecadação de Tributos e Contribuições pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou
devidos pelas Microempresas e Empresas de Pe- privado, responsáveis, direta ou indiretamente,
queno Porte (Simples Nacional), de que trata a Lei pela geração de resíduos sólidos e as que desen-
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, volvam ações relacionadas à gestão integrada ou
e as pessoas jurídicas de que tratam o inciso II do ao gerenciamento de resíduos sólidos.
art. 8º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, § 2º Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioati-
e o inciso II do art. 10 da Lei nº 10.833, de 29 de vos, que são regulados por legislação específica.
dezembro de 2003. Art. 2º Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do
§ 4º A adesão ao Reisb é condicionada à regu- disposto nesta Lei, nas Leis nos 11.445, de 5 de
laridade fiscal da pessoa jurídica em relação aos janeiro de 2007, 9.974, de 6 de junho de 2000, e
impostos e às contribuições administrados pela 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabele-
Secretaria da Receita Federal do Brasil. cidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio
[...]
Ambiente (Sisnama), do Sistema Nacional de Vigi-
Art. 60. Revoga-se a Lei nº 6.528, de 11 de maio lância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de
de 1978. Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do
Brasília, 5 de janeiro de 2007; 186º da Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Independência e 119º da República. Qualidade Industrial (Sinmetro).
II – área contaminada: local onde há contami- ral e social, com controle social e sob a premissa
nação causada pela disposição, regular ou irregu- do desenvolvimento sustentável;
lar, de quaisquer substâncias ou resíduos; XII – logística reversa: instrumento de desen-
III – área órfã contaminada: área contaminada volvimento econômico e social caracterizado por
cujos responsáveis pela disposição não sejam um conjunto de ações, procedimentos e meios
identificáveis ou individualizáveis; destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
IV – ciclo de vida do produto: série de etapas resíduos sólidos ao setor empresarial, para rea-
que envolvem o desenvolvimento do produto, a proveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
obtenção de matérias-primas e insumos, o pro- produtivos, ou outra destinação final ambiental-
cesso produtivo, o consumo e a disposição final; mente adequada;
V – coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos XIII – padrões sustentáveis de produção e con-
previamente segregados conforme sua constitui- sumo: produção e consumo de bens e serviços de
ção ou composição; forma a atender as necessidades das atuais gera-
VI – controle social: conjunto de mecanismos e ções e permitir melhores condições de vida, sem
procedimentos que garantam à sociedade infor- comprometer a qualidade ambiental e o atendi-
mações e participação nos processos de formu- mento das necessidades das gerações futuras;
lação, implementação e avaliação das políticas XIV – reciclagem: processo de transformação
públicas relacionadas aos resíduos sólidos; dos resíduos sólidos que envolve a alteração de
VII – destinação final ambientalmente ade- suas propriedades físicas, físico-químicas ou bio-
quada: destinação de resíduos que inclui a reu- lógicas, com vistas à transformação em insumos
tilização, a reciclagem, a compostagem, a recu- ou novos produtos, observadas as condições e os
peração e o aproveitamento energético ou outras padrões estabelecidos pelos órgãos competentes
destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a dis- XV – rejeitos: resíduos sólidos que, depois de
posição final, observando normas operacionais esgotadas todas as possibilidades de tratamento
específicas de modo a evitar danos ou riscos à e recuperação por processos tecnológicos dispo-
saúde pública e à segurança e a minimizar os im- níveis e economicamente viáveis, não apresen-
pactos ambientais adversos; tem outra possibilidade que não a disposição
VIII – disposição final ambientalmente ade- final ambientalmente adequada;
quada: distribuição ordenada de rejeitos em ater- XVI – resíduos sólidos: material, substância, ob-
ros, observando normas operacionais específicas jeto ou bem descartado resultante de atividades
de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública humanas em sociedade, a cuja destinação final
e à segurança e a minimizar os impactos ambien- se procede, se propõe proceder ou se está obri-
tais adversos; gado a proceder, nos estados sólido ou semissó-
IX – geradores de resíduos sólidos: pessoas físi- lido, bem como gases contidos em recipientes e
cas ou jurídicas, de direito público ou privado, que líquidos cujas particularidades tornem inviável
geram resíduos sólidos por meio de suas ativida- o seu lançamento na rede pública de esgotos ou
des, nelas incluído o consumo; em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
X – gerenciamento de resíduos sólidos: con- técnica ou economicamente inviáveis em face da
junto de ações exercidas, direta ou indiretamente, melhor tecnologia disponível;
nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tra- XVII – responsabilidade compartilhada pelo
tamento e destinação final ambientalmente ade- ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribui-
quada dos resíduos sólidos e disposição final am- ções individualizadas e encadeadas dos fabrican-
bientalmente adequada dos rejeitos, de acordo tes, importadores, distribuidores e comerciantes,
com plano municipal de gestão integrada de re- dos consumidores e dos titulares dos serviços
síduos sólidos ou com plano de gerenciamento públicos de limpeza urbana e de manejo dos re-
de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; síduos sólidos, para minimizar o volume de resí-
XI – gestão integrada de resíduos sólidos: con- duos sólidos e rejeitos gerados, bem como para
junto de ações voltadas para a busca de soluções reduzir os impactos causados à saúde humana e à
para os resíduos sólidos, de forma a considerar as qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida
dimensões política, econômica, ambiental, cultu- dos produtos, nos termos desta Lei;
179
XVIII – reutilização: processo de aproveitamento VI – a cooperação entre as diferentes esferas do
dos resíduos sólidos sem sua transformação bio- poder público, o setor empresarial e demais seg-
lógica, física ou físico-química, observadas as con- mentos da sociedade;
dições e os padrões estabelecidos pelos órgãos VII – a responsabilidade compartilhada pelo
competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS ciclo de vida dos produtos;
e do Suasa; VIII – o reconhecimento do resíduo sólido reuti-
XIX – serviço público de limpeza urbana e de lizável e reciclável como um bem econômico e de
manejo de resíduos sólidos: conjunto de ativida- valor social, gerador de trabalho e renda e promo-
des previstas no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007. tor de cidadania;
IX – o respeito às diversidades locais e regionais;
TÍTULO II
X – o direito da sociedade à informação e ao
DA POLÍTICA NACIONAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS controle social;
XI – a razoabilidade e a proporcionalidade.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 7º São objetivos da Política Nacional de Re-
síduos Sólidos:
Art. 4º A Política Nacional de Resíduos Sólidos
I – proteção da saúde pública e da qualidade
reúne o conjunto de princípios, objetivos, instru-
ambiental;
mentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo
II – não geração, redução, reutilização, recicla-
Governo Federal, isoladamente ou em regime de
gem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
cooperação com Estados, Distrito Federal, Municí-
disposição final ambientalmente adequada dos
pios ou particulares, com vistas à gestão integrada
rejeitos;
e ao gerenciamento ambientalmente adequado III – estímulo à adoção de padrões sustentáveis
dos resíduos sólidos. de produção e consumo de bens e serviços;
Art. 5º A Política Nacional de Resíduos Sólidos in- IV – adoção, desenvolvimento e aprimoramento
tegra a Política Nacional do Meio Ambiente e arti- de tecnologias limpas como forma de minimizar
cula-se com a Política Nacional de Educação Am- impactos ambientais;
biental, regulada pela Lei nº 9.795, de 27 de abril V – redução do volume e da periculosidade dos
de 1999, com a Política Federal de Saneamento resíduos perigosos;
Básico, regulada pela Lei nº 11.445, de 2007, e com VI – incentivo à indústria da reciclagem, tendo
a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. em vista fomentar o uso de matérias-primas e in-
sumos derivados de materiais recicláveis e reci-
CAPÍTULO II
clados;
DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
VII – gestão integrada de resíduos sólidos;
Art. 6º São princípios da Política Nacional de Re- VIII – articulação entre as diferentes esferas do
síduos Sólidos: poder público, e destas com o setor empresarial,
I – a prevenção e a precaução; com vistas à cooperação técnica e financeira para
II – o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; a gestão integrada de resíduos sólidos;
III – a visão sistêmica, na gestão dos resíduos IX – capacitação técnica continuada na área de
sólidos, que considere as variáveis ambiental, so- resíduos sólidos;
cial, cultural, econômica, tecnológica e de saúde X – regularidade, continuidade, funcionalidade
pública; e universalização da prestação dos serviços públi-
IV – o desenvolvimento sustentável; cos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
V – a ecoeficiência, mediante a compatibiliza- sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais
ção entre o fornecimento, a preços competitivos, e econômicos que assegurem a recuperação dos
de bens e serviços qualificados que satisfaçam custos dos serviços prestados, como forma de
as necessidades humanas e tragam qualidade garantir sua sustentabilidade operacional e finan-
de vida e a redução do impacto ambiental e do ceira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
consumo de recursos naturais a um nível, no mí- XI – prioridade, nas aquisições e contratações
nimo, equivalente à capacidade de sustentação governamentais, para:
estimada do planeta; a) produtos reciclados e recicláveis;
180
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010
b) bens, serviços e obras que considerem crité- XIII – os conselhos de meio ambiente e, no que
rios compatíveis com padrões de consumo social couber, os de saúde;
e ambientalmente sustentáveis; XIV – os órgãos colegiados municipais destina-
XII – integração dos catadores de materiais reu- dos ao controle social dos serviços de resíduos
tilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a sólidos urbanos;
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de XV – o Cadastro Nacional de Operadores de Re-
vida dos produtos; síduos Perigosos;
XIII – estímulo à implementação da avaliação XVI – os acordos setoriais;
do ciclo de vida do produto; XVII – no que couber, os instrumentos da Polí-
XIV – incentivo ao desenvolvimento de sistemas tica Nacional de Meio Ambiente, entre eles:
de gestão ambiental e empresarial voltados para a) os padrões de qualidade ambiental;
a melhoria dos processos produtivos e ao reapro- b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Po-
tencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recur-
veitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recu-
sos Ambientais;
peração e o aproveitamento energético;
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
XV – estímulo à rotulagem ambiental e ao con-
Instrumentos de Defesa Ambiental;
sumo sustentável.
d) a avaliação de impactos ambientais;
CAPÍTULO III e) o Sistema Nacional de Informação sobre
DOS INSTRUMENTOS Meio Ambiente (Sinima);
Art. 8º São instrumentos da Política Nacional de f) o licenciamento e a revisão de atividades efe-
Resíduos Sólidos, entre outros: tiva ou potencialmente poluidoras;
I – os planos de resíduos sólidos; XVIII – os termos de compromisso e os termos
II – os inventários e o sistema declaratório anual de ajustamento de conduta;
de resíduos sólidos; XIX – o incentivo à adoção de consórcios ou
III – a coleta seletiva, os sistemas de logística de outras formas de cooperação entre os entes
reversa e outras ferramentas relacionadas à im- federados, com vistas à elevação das escalas de
plementação da responsabilidade compartilhada aproveitamento e à redução dos custos envolvidos.
pelo ciclo de vida dos produtos; TÍTULO III
IV – o incentivo à criação e ao desenvolvimento DAS DIRETRIZES APLICÁVEIS
de cooperativas ou de outras formas de associa- AOS RESÍDUOS SÓLIDOS
ção de catadores de materiais reutilizáveis e re- CAPÍTULO I
cicláveis; DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
V – o monitoramento e a fiscalização ambiental, Art. 9º Na gestão e gerenciamento de resíduos
sanitária e agropecuária; sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de
VI – a cooperação técnica e financeira entre os prioridade: não geração, redução, reutilização, re-
setores público e privado para o desenvolvimento ciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e dispo-
de pesquisas de novos produtos, métodos, pro- sição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
cessos e tecnologias de gestão, reciclagem, reuti- § 1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando
lização, tratamento de resíduos e disposição final à recuperação energética dos resíduos sólidos
ambientalmente adequada de rejeitos; urbanos, desde que tenha sido comprovada sua
VII – a pesquisa científica e tecnológica; viabilidade técnica e ambiental e com a implanta-
VIII – a educação ambiental; ção de programa de monitoramento de emissão
IX – os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.
X – o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o § 2º A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as
Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Dis-
Tecnológico; trito Federal e dos Municípios serão compatíveis
XI – o Sistema Nacional de Informações sobre a com o disposto no caput e no § 1º deste artigo e
Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir); com as demais diretrizes estabelecidas nesta Lei.
XII – o Sistema Nacional de Informações em Sa- Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Mu-
neamento Básico (Sinisa); nicípios a gestão integrada dos resíduos sólidos
181
gerados nos respectivos territórios, sem prejuízo e) resíduos dos serviços públicos de sanea-
das competências de controle e fiscalização dos mento básico: os gerados nessas atividades, ex-
órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS cetuados os referidos na alínea c;
e do Suasa, bem como da responsabilidade do ge- f) resíduos industriais: os gerados nos proces-
rador pelo gerenciamento de resíduos, consoante sos produtivos e instalações industriais;
o estabelecido nesta Lei. g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos
serviços de saúde, conforme definido em regula-
Art. 11. Observadas as diretrizes e demais deter-
mento ou em normas estabelecidas pelos órgãos
minações estabelecidas nesta Lei e em seu regu-
do Sisnama e do SNVS;
lamento, incumbe aos Estados: h) resíduos da construção civil: os gerados nas
I – promover a integração da organização, do construções, reformas, reparos e demolições de
planejamento e da execução das funções públi- obras de construção civil, incluídos os resultan-
cas de interesse comum relacionadas à gestão tes da preparação e escavação de terrenos para
dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, obras civis;
aglomerações urbanas e microrregiões, nos ter- i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas
mos da lei complementar estadual prevista no § 3º atividades agropecuárias e silviculturais, incluí-
do art. 25 da Constituição Federal; dos os relacionados a insumos utilizados nessas
II – controlar e fiscalizar as atividades dos ge- atividades;
radores sujeitas a licenciamento ambiental pelo j) resíduos de serviços de transportes: os originá-
órgão estadual do Sisnama. rios de portos, aeroportos, terminais alfandegários,
Parágrafo único. A atuação do Estado na forma rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
do caput deve apoiar e priorizar as iniciativas do k) resíduos de mineração: os gerados na ativi-
Município de soluções consorciadas ou comparti- dade de pesquisa, extração ou beneficiamento de
lhadas entre 2 (dois) ou mais Municípios. minérios;
II – quanto à periculosidade:
Art. 12. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de
Municípios organizarão e manterão, de forma con-
suas características de inflamabilidade, corrosi-
junta, o Sistema Nacional de Informações sobre vidade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), articulado carcinogenicidade, teratogenicidade e mutage-
com o Sinisa e o Sinima. nicidade, apresentam significativo risco à saúde
Parágrafo único. Incumbe aos Estados, ao Dis- pública ou à qualidade ambiental, de acordo com
trito Federal e aos Municípios fornecer ao órgão lei, regulamento ou norma técnica;
federal responsável pela coordenação do Sinir b) resíduos não perigosos: aqueles não enqua-
todas as informações necessárias sobre os resí- drados na alínea l.
duos sob sua esfera de competência, na forma e Parágrafo único. Respeitado o disposto no
na periodicidade estabelecidas em regulamento. art. 20, os resíduos referidos na alínea l do inciso I
do caput, se caracterizados como não perigosos,
Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sóli-
podem, em razão de sua natureza, composição ou
dos têm a seguinte classificação:
volume, ser equiparados aos resíduos domicilia-
I – quanto à origem:
res pelo poder público municipal.
a) resíduos domiciliares: os originários de ativi-
dades domésticas em residências urbanas; CAPÍTULO II
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS
varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e Seção I
outros serviços de limpeza urbana; Disposições Gerais
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas Art. 14. São planos de resíduos sólidos:
alíneas a e b; I – o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e II – os planos estaduais de resíduos sólidos;
prestadores de serviços: os gerados nessas ativi- III – os planos microrregionais de resíduos só-
dades, excetuados os referidos nas alíneas b, e, g, lidos e os planos de resíduos sólidos de regiões
h e j; metropolitanas ou aglomerações urbanas;
182
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010
Município, sem prejuízo das normas estabelecidas § 2º No processo de licenciamento ambiental re-
pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa. ferido no § 1º a cargo de órgão federal ou estadual
§ 2º A inexistência do plano municipal de gestão do Sisnama, será assegurada oitiva do órgão mu-
integrada de resíduos sólidos não obsta a elabo- nicipal competente, em especial quanto à dispo-
ração, a implementação ou a operacionalização sição final ambientalmente adequada de rejeitos.
do plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
CAPÍTULO III
§ 3º Serão estabelecidos em regulamento: DAS RESPONSABILIDADES DOS
I – normas sobre a exigibilidade e o conteúdo GERADORES E DO PODER PÚBLICO
do plano de gerenciamento de resíduos sólidos
Seção I
relativo à atuação de cooperativas ou de outras
Disposições Gerais
formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis; Art. 25. O poder público, o setor empresarial e
II – critérios e procedimentos simplificados para a coletividade são responsáveis pela efetividade
apresentação dos planos de gerenciamento de re- das ações voltadas para assegurar a observância
síduos sólidos para microempresas e empresas de da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das
pequeno porte, assim consideradas as definidas diretrizes e demais determinações estabelecidas
nos incisos I e II do art. 3º da Lei Complementar nesta Lei e em seu regulamento.
nº 123, de 14 de dezembro de 2006, desde que as Art. 26. O titular dos serviços públicos de limpeza
atividades por elas desenvolvidas não gerem re- urbana e de manejo de resíduos sólidos é respon-
síduos perigosos. sável pela organização e prestação direta ou in-
Art. 22. Para a elaboração, implementação, opera- direta desses serviços, observados o respectivo
cionalização e monitoramento de todas as etapas plano municipal de gestão integrada de resíduos
do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, sólidos, a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições
nelas incluído o controle da disposição final am- desta Lei e seu regulamento.
bientalmente adequada dos rejeitos, será desig- Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas
nado responsável técnico devidamente habilitado. no art. 20 são responsáveis pela implementação e
Art. 23. Os responsáveis por plano de gerencia- operacionalização integral do plano de gerencia-
mento de resíduos sólidos manterão atualizadas mento de resíduos sólidos aprovado pelo órgão
e disponíveis ao órgão municipal competente, ao competente na forma do art. 24.
órgão licenciador do Sisnama e a outras autorida- § 1º A contratação de serviços de coleta, arma-
des, informações completas sobre a implementa- zenamento, transporte, transbordo, tratamento
ção e a operacionalização do plano sob sua res- ou destinação final de resíduos sólidos, ou de
ponsabilidade. disposição final de rejeitos, não isenta as pessoas
§ 1º Para a consecução do disposto no caput, físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da respon-
sem prejuízo de outras exigências cabíveis por sabilidade por danos que vierem a ser provocados
parte das autoridades, será implementado sis- pelo gerenciamento inadequado dos respectivos
tema declaratório com periodicidade, no mínimo, resíduos ou rejeitos.
anual, na forma do regulamento. § 2º Nos casos abrangidos pelo art. 20, as etapas
§ 2º As informações referidas no caput serão re- sob responsabilidade do gerador que forem rea-
passadas pelos órgãos públicos ao Sinir, na forma lizadas pelo poder público serão devidamente re-
do regulamento. muneradas pelas pessoas físicas ou jurídicas res-
ponsáveis, observado o disposto no § 5º do art. 19.
Art. 24. O plano de gerenciamento de resíduos
sólidos é parte integrante do processo de licen- Art. 28. O gerador de resíduos sólidos domicilia-
ciamento ambiental do empreendimento ou ati- res tem cessada sua responsabilidade pelos re-
vidade pelo órgão competente do Sisnama. síduos com a disponibilização adequada para a
§ 1º Nos empreendimentos e atividades não su- coleta ou, nos casos abrangidos pelo art. 33, com
jeitos a licenciamento ambiental, a aprovação do a devolução.
plano de gerenciamento de resíduos sólidos cabe Art. 29. Cabe ao poder público atuar, subsidiaria-
à autoridade municipal competente. mente, com vistas a minimizar ou cessar o dano,
187
logo que tome conhecimento de evento lesivo ao a) que sejam aptos, após o uso pelo consumidor,
meio ambiente ou à saúde pública relacionado à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de
ao gerenciamento de resíduos sólidos. destinação ambientalmente adequada;
Parágrafo único. Os responsáveis pelo dano b) cuja fabricação e uso gerem a menor quanti-
ressarcirão integralmente o poder público pelos dade de resíduos sólidos possível;
gastos decorrentes das ações empreendidas na II – divulgação de informações relativas às for-
forma do caput. mas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sóli-
dos associados a seus respectivos produtos;
Seção II III – recolhimento dos produtos e dos resíduos
Da Responsabilidade Compartilhada
remanescentes após o uso, assim como sua sub-
Art. 30. É instituída a responsabilidade comparti- sequente destinação final ambientalmente ade-
lhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser imple- quada, no caso de produtos objeto de sistema de
mentada de forma individualizada e encadeada, logística reversa na forma do art. 33;
abrangendo os fabricantes, importadores, distri- IV – compromisso de, quando firmados acordos
buidores e comerciantes, os consumidores e os ti- ou termos de compromisso com o Município, par-
tulares dos serviços públicos de limpeza urbana e ticipar das ações previstas no plano municipal de
de manejo de resíduos sólidos, consoante as atri- gestão integrada de resíduos sólidos, no caso
buições e procedimentos previstos nesta Seção. de produtos ainda não inclusos no sistema de lo-
Parágrafo único. A responsabilidade compar- gística reversa.
tilhada pelo ciclo de vida dos produtos tem por Art. 32. As embalagens devem ser fabricadas com
objetivo: materiais que propiciem a reutilização ou a reci-
I – compatibilizar interesses entre os agentes clagem.
econômicos e sociais e os processos de gestão em- § 1º Cabe aos respectivos responsáveis assegu-
presarial e mercadológica com os de gestão am- rar que as embalagens sejam:
biental, desenvolvendo estratégias sustentáveis; I – restritas em volume e peso às dimensões re-
II – promover o aproveitamento de resíduos só- queridas à proteção do conteúdo e à comerciali-
lidos, direcionando- os para a sua cadeia produ- zação do produto;
tiva ou para outras cadeias produtivas; II – projetadas de forma a serem reutilizadas de
III – reduzir a geração de resíduos sólidos, o maneira tecnicamente viável e compatível com as
desperdício de materiais, a poluição e os danos exigências aplicáveis ao produto que contêm;
ambientais; III – recicladas, se a reutilização não for possível.
§ 2º O regulamento disporá sobre os casos em
IV – incentivar a utilização de insumos de menor
que, por razões de ordem técnica ou econômica,
agressividade ao meio ambiente e de maior sus-
não seja viável a aplicação do disposto no caput.
tentabilidade;
§ 3º É responsável pelo atendimento do dis-
V – estimular o desenvolvimento de mercado, a
posto neste artigo todo aquele que:
produção e o consumo de produtos derivados de
I – manufatura embalagens ou fornece mate-
materiais reciclados e recicláveis;
riais para a fabricação de embalagens;
VI – propiciar que as atividades produtivas al-
II – coloca em circulação embalagens, materiais
cancem eficiência e sustentabilidade;
para a fabricação de embalagens ou produtos em-
VII – incentivar as boas práticas de responsabi- balados, em qualquer fase da cadeia de comércio.
lidade socioambiental.
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar
Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabeleci- sistemas de logística reversa, mediante retorno
das no plano de gerenciamento de resíduos sóli- dos produtos após o uso pelo consumidor, de
dos e com vistas a fortalecer a responsabilidade forma independente do serviço público de lim-
compartilhada e seus objetivos, os fabricantes, peza urbana e de manejo dos resíduos sólidos,
importadores, distribuidores e comerciantes têm os fabricantes, importadores, distribuidores e co-
responsabilidade que abrange: merciantes de:
I – investimento no desenvolvimento, na fabri- I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens,
cação e na colocação no mercado de produtos: assim como outros produtos cuja embalagem,
188
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010
após o uso, constitua resíduo perigoso, observa- dores, dos produtos e das embalagens a que se
das as regras de gerenciamento de resíduos peri- referem os incisos I a VI do caput, e de outros pro-
gosos previstas em lei ou regulamento, em nor- dutos ou embalagens objeto de logística reversa,
mas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do na forma do § 1º.
SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; § 5º Os comerciantes e distribuidores deverão
II – pilhas e baterias; efetuar a devolução aos fabricantes ou aos impor-
III – pneus; tadores dos produtos e embalagens reunidos ou
IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e emba- devolvidos na forma dos §§ 3º e 4º.
lagens; § 6º Os fabricantes e os importadores darão
V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio destinação ambientalmente adequada aos pro-
e mercúrio e de luz mista; dutos e às embalagens reunidos ou devolvidos,
VI – produtos eletroeletrônicos e seus compo- sendo o rejeito encaminhado para a disposição
nentes. final ambientalmente adequada, na forma esta-
§ 1º Na forma do disposto em regulamento ou belecida pelo órgão competente do Sisnama e, se
em acordos setoriais e termos de compromisso fir-
houver, pelo plano municipal de gestão integrada
mados entre o poder público e o setor empresarial,
de resíduos sólidos.
os sistemas previstos no caput serão estendidos a
§ 7º Se o titular do serviço público de limpeza ur-
produtos comercializados em embalagens plásti-
bana e de manejo de resíduos sólidos, por acordo
cas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos
setorial ou termo de compromisso firmado com o
e embalagens, considerando, prioritariamente, o
setor empresarial, encarregar-se de atividades de
grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao
responsabilidade dos fabricantes, importadores,
meio ambiente dos resíduos gerados.
distribuidores e comerciantes nos sistemas de lo-
§ 2º A definição dos produtos e embalagens a
gística reversa dos produtos e embalagens a que
que se refere o § 1º considerará a viabilidade téc-
se refere este artigo, as ações do poder público
nica e econômica da logística reversa, bem como
o grau e a extensão do impacto à saúde pública e serão devidamente remuneradas, na forma pre-
ao meio ambiente dos resíduos gerados. viamente acordada entre as partes.
§ 3º Sem prejuízo de exigências específicas fixa- § 8º Com exceção dos consumidores, todos os
das em lei ou regulamento, em normas estabele- participantes dos sistemas de logística reversa
cidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS, ou em manterão atualizadas e disponíveis ao órgão mu-
acordos setoriais e termos de compromisso firma- nicipal competente e a outras autoridades infor-
dos entre o poder público e o setor empresarial, mações completas sobre a realização das ações
cabe aos fabricantes, importadores, distribuido- sob sua responsabilidade.
res e comerciantes dos produtos a que se referem Art. 34. Os acordos setoriais ou termos de com-
os incisos II, III, V e VI ou dos produtos e embala- promisso referidos no inciso IV do caput do art. 31
gens a que se referem os incisos I e IV do caput e e no § 1º do art. 33 podem ter abrangência nacio-
o § 1º tomar todas as medidas necessárias para nal, regional, estadual ou municipal.
assegurar a implementação e operacionalização § 1º Os acordos setoriais e termos de compro-
do sistema de logística reversa sob seu encargo, misso firmados em âmbito nacional têm preva-
consoante o estabelecido neste artigo, podendo,
lência sobre os firmados em âmbito regional ou
entre outras medidas:
estadual, e estes sobre os firmados em âmbito
I – implantar procedimentos de compra de pro-
municipal.
dutos ou embalagens usados;
§ 2º Na aplicação de regras concorrentes con-
II – disponibilizar postos de entrega de resíduos
soante o § 1º, os acordos firmados com menor
reutilizáveis e recicláveis;
abrangência geográfica podem ampliar, mas não
III – atuar em parceria com cooperativas ou
abrandar, as medidas de proteção ambiental cons-
outras formas de associação de catadores de ma-
tantes nos acordos setoriais e termos de compro-
teriais reutilizáveis e recicláveis, nos casos de que
misso firmados com maior abrangência geográfica.
trata o § 1º.
§ 4º Os consumidores deverão efetuar a devo- Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de
lução após o uso, aos comerciantes ou distribui- coleta seletiva pelo plano municipal de gestão
189
integrada de resíduos sólidos e na aplicação do CAPÍTULO IV
art. 33, os consumidores são obrigados a: DOS RESÍDUOS PERIGOSOS
I – acondicionar adequadamente e de forma di- Art. 37. A instalação e o funcionamento de em-
ferenciada os resíduos sólidos gerados; preendimento ou atividade que gere ou opere
II – disponibilizar adequadamente os resíduos com resíduos perigosos somente podem ser au-
sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou torizados ou licenciados pelas autoridades com-
devolução. petentes se o responsável comprovar, no mínimo,
Parágrafo único. O poder público municipal capacidade técnica e econômica, além de condi-
pode instituir incentivos econômicos aos consu- ções para prover os cuidados necessários ao ge-
midores que participam do sistema de coleta se- renciamento desses resíduos.
letiva referido no caput, na forma de lei municipal.
Art. 38. As pessoas jurídicas que operam com resí-
Art. 36. No âmbito da responsabilidade compar- duos perigosos, em qualquer fase do seu gerencia-
tilhada pelo ciclo de vida dos produtos, cabe ao mento, são obrigadas a se cadastrar no Cadastro
titular dos serviços públicos de limpeza urbana Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos.
e de manejo de resíduos sólidos, observado, se § 1º O cadastro previsto no caput será coorde-
houver, o plano municipal de gestão integrada de nado pelo órgão federal competente do Sisnama e
resíduos sólidos: implantado de forma conjunta pelas autoridades
I – adotar procedimentos para reaproveitar os re- federais, estaduais e municipais.
síduos sólidos reutilizáveis e recicláveis oriundos § 2º Para o cadastramento, as pessoas jurídicas
dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma- referidas no caput necessitam contar com respon-
nejo de resíduos sólidos; sável técnico pelo gerenciamento dos resíduos pe-
II – estabelecer sistema de coleta seletiva; rigosos, de seu próprio quadro de funcionários ou
III – articular com os agentes econômicos e so- contratado, devidamente habilitado, cujos dados
ciais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo serão mantidos atualizados no cadastro.
produtivo dos resíduos sólidos reutilizáveis e re- § 3º O cadastro a que se refere o caput é parte
cicláveis oriundos dos serviços de limpeza urbana integrante do Cadastro Técnico Federal de Ativida-
e de manejo de resíduos sólidos; des Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
IV – realizar as atividades definidas por acordo Recursos Ambientais e do Sistema de Informações
setorial ou termo de compromisso na forma do previsto no art. 12.
§ 7º do art. 33, mediante a devida remuneração Art. 39. As pessoas jurídicas referidas no art. 38
pelo setor empresarial; são obrigadas a elaborar plano de gerenciamento
V – implantar sistema de compostagem para re- de resíduos perigosos e submetê-lo ao órgão com-
síduos sólidos orgânicos e articular com os agen- petente do Sisnama e, se couber, do SNVS, obser-
tes econômicos e sociais formas de utilização do vado o conteúdo mínimo estabelecido no art. 21
composto produzido; e demais exigências previstas em regulamento ou
VI – dar disposição final ambientalmente ade- em normas técnicas.
quada aos resíduos e rejeitos oriundos dos servi- § 1º O plano de gerenciamento de resíduos peri-
ços públicos de limpeza urbana e de manejo de gosos a que se refere o caput poderá estar inserido
resíduos sólidos. no plano de gerenciamento de resíduos a que se
§ 1º Para o cumprimento do disposto nos inci- refere o art. 20.
sos I a IV do caput, o titular dos serviços públicos § 2º Cabe às pessoas jurídicas referidas no
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sóli- art. 38:
dos priorizará a organização e o funcionamento I – manter registro atualizado e facilmente aces-
de cooperativas ou de outras formas de associa- sível de todos os procedimentos relacionados à
ção de catadores de materiais reutilizáveis e re- implementação e à operacionalização do plano
cicláveis formadas por pessoas físicas de baixa previsto no caput;
renda, bem como sua contratação. II – informar anualmente ao órgão competente
§ 2º A contratação prevista no § 1º é dispensável do Sisnama e, se couber, do SNVS, sobre a quan-
de licitação, nos termos do inciso XXVII do art. 24 tidade, a natureza e a destinação temporária ou
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. final dos resíduos sob sua responsabilidade;
190
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010
III – adotar medidas destinadas a reduzir o III – implantação de infraestrutura física e aqui-
volume e a periculosidade dos resíduos sob sua sição de equipamentos para cooperativas ou
responsabilidade, bem como a aperfeiçoar seu outras formas de associação de catadores de
gerenciamento; materiais reutilizáveis e recicláveis formadas
IV – informar imediatamente aos órgãos compe- por pessoas físicas de baixa renda;
tentes sobre a ocorrência de acidentes ou outros IV – desenvolvimento de projetos de gestão dos
sinistros relacionados aos resíduos perigosos. resíduos sólidos de caráter intermunicipal ou, nos
§ 3º Sempre que solicitado pelos órgãos com- termos do inciso I do caput do art. 11, regional;
petentes do Sisnama e do SNVS, será assegurado V – estruturação de sistemas de coleta seletiva
acesso para inspeção das instalações e dos pro- e de logística reversa;
cedimentos relacionados à implementação e à VI – descontaminação de áreas contaminadas,
operacionalização do plano de gerenciamento incluindo as áreas órfãs;
de resíduos perigosos. VII – desenvolvimento de pesquisas voltadas
§ 4º No caso de controle a cargo de órgão fe- para tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos
deral ou estadual do Sisnama e do SNVS, as in- sólidos;
formações sobre o conteúdo, a implementação e VIII – desenvolvimento de sistemas de gestão
a operacionalização do plano previsto no caput ambiental e empresarial voltados para a melho-
serão repassadas ao poder público municipal, na ria dos processos produtivos e ao reaproveita-
forma do regulamento. mento dos resíduos.
Art. 40. No licenciamento ambiental de empreen- Art. 43. No fomento ou na concessão de incen-
dimentos ou atividades que operem com resíduos tivos creditícios destinados a atender diretrizes
perigosos, o órgão licenciador do Sisnama pode desta Lei, as instituições oficiais de crédito podem
exigir a contratação de seguro de responsabili- estabelecer critérios diferenciados de acesso dos
dade civil por danos causados ao meio ambiente beneficiários aos créditos do Sistema Financeiro
ou à saúde pública, observadas as regras sobre Nacional para investimentos produtivos.
cobertura e os limites máximos de contratação
Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal e
fixados em regulamento.
os Municípios, no âmbito de suas competências,
Parágrafo único. O disposto no caput conside-
poderão instituir normas com o objetivo de con-
rará o porte da empresa, conforme regulamento.
ceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios,
Art. 41. Sem prejuízo das iniciativas de outras esfe- respeitadas as limitações da Lei Complementar
ras governamentais, o Governo Federal deve estru- nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabi-
turar e manter instrumentos e atividades voltados lidade Fiscal), a:
para promover a descontaminação de áreas órfãs. I – indústrias e entidades dedicadas à reutili-
Parágrafo único. Se, após descontaminação de zação, ao tratamento e à reciclagem de resíduos
sítio órfão realizada com recursos do Governo Fe- sólidos produzidos no território nacional;
deral ou de outro ente da Federação, forem identi- II – projetos relacionados à responsabilidade
ficados os responsáveis pela contaminação, estes pelo ciclo de vida dos produtos, prioritariamente
ressarcirão integralmente o valor empregado ao em parceria com cooperativas ou outras formas
poder público. de associação de catadores de materiais reutili-
CAPÍTULO V záveis e recicláveis formadas por pessoas físicas
DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS de baixa renda;
III – empresas dedicadas à limpeza urbana e a
Art. 42. O poder público poderá instituir medidas
atividades a ela relacionadas.
indutoras e linhas de financiamento para atender,
prioritariamente, às iniciativas de: Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos
I – prevenção e redução da geração de resíduos termos da Lei nº 11.107, de 2005, com o objetivo
sólidos no processo produtivo; de viabilizar a descentralização e a prestação de
II – desenvolvimento de produtos com menores serviços públicos que envolvam resíduos sólidos,
impactos à saúde humana e à qualidade ambien- têm prioridade na obtenção dos incentivos insti-
tal em seu ciclo de vida; tuídos pelo Governo Federal.
191
Art. 46. O atendimento ao disposto neste Ca- TÍTULO IV
pítulo será efetivado em consonância com a Lei DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Complementar nº 101, de 2000 (Lei de Responsa- Art. 50. A inexistência do regulamento previsto
bilidade Fiscal), bem como com as diretrizes e ob- no § 3º do art. 21 não obsta a atuação, nos termos
jetivos do respectivo plano plurianual, as metas desta Lei, das cooperativas ou outras formas de
e as prioridades fixadas pelas leis de diretrizes associação de catadores de materiais reutilizáveis
orçamentárias e no limite das disponibilidades e recicláveis.
propiciadas pelas leis orçamentárias anuais.
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, indepen-
CAPÍTULO VI dentemente da existência de culpa, reparar os
DAS PROIBIÇÕES
danos causados, a ação ou omissão das pessoas
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de des- físicas ou jurídicas que importe inobservância aos
tinação ou disposição final de resíduos sólidos ou preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita
rejeitos: os infratores às sanções previstas em lei, em espe-
I – lançamento em praias, no mar ou em quais- cial às fixadas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
quer corpos hídricos; de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e
II – lançamento in natura a céu aberto, excetua- administrativas derivadas de condutas e ativida-
dos os resíduos de mineração; des lesivas ao meio ambiente, e dá outras provi-
III – queima a céu aberto ou em recipientes, dências”, e em seu regulamento.
instalações e equipamentos não licenciados para
essa finalidade; Art. 52. A observância do disposto no caput do
IV – outras formas vedadas pelo poder público. art. 23 e no § 2º do art. 39 desta Lei é considerada
§ 1º Quando decretada emergência sanitária, a obrigação de relevante interesse ambiental para
queima de resíduos a céu aberto pode ser rea- efeitos do art. 68 da Lei nº 9.605, de 1998, sem pre-
lizada, desde que autorizada e acompanhada juízo da aplicação de outras sanções cabíveis nas
pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS esferas penal e administrativa.
e, quando couber, do Suasa. [...]
§ 2º Assegurada a devida impermeabilização, Art. 54. A disposição final ambientalmente ade-
as bacias de decantação de resíduos ou rejeitos quada dos rejeitos, observado o disposto no § 1º
industriais ou de mineração, devidamente licen- do art. 9º, deverá ser implantada em até 4 (quatro)
ciadas pelo órgão competente do Sisnama, não anos após a data de publicação desta Lei.
são consideradas corpos hídricos para efeitos do
Art. 55. O disposto nos arts. 16 e 18 entra em vigor
disposto no inciso I do caput.
2 (dois) anos após a data de publicação desta Lei.
Art. 48. São proibidas, nas áreas de disposição fi-
nal de resíduos ou rejeitos, as seguintes atividades: Art. 56. A logística reversa relativa aos produtos
I – utilização dos rejeitos dispostos como ali- de que tratam os incisos V e VI do caput do art. 33
mentação; será implementada progressivamente segundo
II – catação, observado o disposto no inciso V cronograma estabelecido em regulamento.
do art. 17; Art. 57. Esta Lei entra em vigor na data de sua
III – criação de animais domésticos; publicação.
IV – fixação de habitações temporárias ou per-
Brasília, 2 de agosto de 2010; 189º da
manentes; Independência e 122º da República.
V – outras atividades vedadas pelo poder pú-
blico. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Rafael Thomaz Favetti
Art. 49. É proibida a importação de resíduos só- Guido Mantega
lidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos José Gomes Temporão
sólidos cujas características causem dano ao Miguel Jorge
Izabella Mônica Vieira Teixeira
meio ambiente, à saúde pública e animal e à sani- João Reis Santana Filho
dade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, Marcio Fortes de Almeida
reúso, reutilização ou recuperação. Alexandre Rocha Santos Padilha
192
DECRETO Nº 76.389, DE 3 DE OUTUBRO DE 1975
ridas pelo registro de um agrotóxico, componente XII – prestar apoio às Unidades da Federação
ou afim; e nas ações de controle e fiscalização dos agrotóxi-
XLVI – Venda aplicada – operação de comercia- cos, seus componentes e afins;
lização vinculada à prestação de serviços de apli- XIII – indicar e manter representantes no Co-
cação de agrotóxicos e afins, indicadas em rótulo mitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos
e bula. de que trata o art. 95;
XIV – manter o Sistema de Informações sobre
CAPÍTULO II
Agrotóxicos (SIA), referido no art. 94; e
DAS COMPETÊNCIAS
XV – publicar no Diário Oficial da União o re-
Art. 2º Cabe aos Ministérios da Agricultura, Pecuá- sumo dos pedidos e das concessões de registro.
ria e Abastecimento, Saúde e do Meio Ambiente, no
Art. 3º Cabe aos Ministérios da Agricultura, Pe-
âmbito de suas respectivas áreas de competências:
cuária e Abastecimento e da Saúde, no âmbito de
I – estabelecer as diretrizes e exigências relati-
suas respectivas áreas de competência monitorar
vas a dados e informações a serem apresentados
os resíduos de agrotóxicos e afins em produtos de
pelo requerente para registro e reavaliação de re-
origem vegetal.
gistro dos agrotóxicos, seus componentes e afins;
II – estabelecer diretrizes e exigências objeti- Art. 4º Cabe aos Ministérios da Agricultura, Pecuá-
vando minimizar os riscos apresentados por agro- ria e Abastecimento e do Meio Ambiente registrar
tóxicos, seus componentes e afins; os componentes caracterizados como matérias-
III – estabelecer o limite máximo de resíduos e -primas, ingredientes inertes e aditivos, de acordo
o intervalo de segurança dos agrotóxicos e afins; com diretrizes e exigências dos órgãos federais da
IV – estabelecer os parâmetros para rótulos e agricultura, da saúde e do meio ambiente.
bulas de agrotóxicos e afins; Art. 5º Cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária
V – estabelecer metodologias oficiais de amos- e Abastecimento:
tragem e de análise para determinação de resí- I – avaliar a eficiência agronômica dos agrotóxi-
duos de agrotóxicos e afins em produtos de ori- cos e afins para uso nos setores de produção, ar-
gem vegetal, animal, na água e no solo; mazenamento e beneficiamento de produtos agrí-
VI – promover a reavaliação de registro de agro- colas, nas florestas plantadas e nas pastagens; e
tóxicos, seus componentes e afins quando surgi- II – conceder o registro, inclusive o RET, de agro-
rem indícios da ocorrência de riscos que desacon- tóxicos, produtos técnicos, pré-misturas e afins
selhem o uso de produtos registrados ou quando para uso nos setores de produção, armazenamento
o País for alertado nesse sentido, por organiza- e beneficiamento de produtos agrícolas, nas flores-
ções internacionais responsáveis pela saúde, ali- tas plantadas e nas pastagens, atendidas as dire-
mentação ou meio ambiente, das quais o Brasil trizes e exigências dos Ministérios da Saúde e do
seja membro integrante ou signatário de acordos; Meio Ambiente.
VII – avaliar pedidos de cancelamento ou de im- Art. 6º Cabe ao Ministério da Saúde:
pugnação de registro de agrotóxicos, seus compo- I – avaliar e classificar toxicologicamente os
nentes e afins; agrotóxicos, seus componentes, e afins;
VIII – autorizar o fracionamento e a reembala- II – avaliar os agrotóxicos e afins destinados ao
gem dos agrotóxicos e afins; uso em ambientes urbanos, industriais, domicilia-
IX – controlar, fiscalizar e inspecionar a produ- res, públicos ou coletivos, ao tratamento de água
ção, a importação e a exportação dos agrotóxicos, e ao uso em campanhas de saúde pública, quanto
seus componentes e afins, bem como os respecti- à eficiência do produto;
vos estabelecimentos; III – realizar avaliação toxicológica preliminar
X – controlar a qualidade dos agrotóxicos, seus dos agrotóxicos, produtos técnicos, pré-misturas
componentes e afins frente às características do e afins, destinados à pesquisa e à experimentação;
produto registrado; IV – estabelecer intervalo de reentrada em am-
XI – desenvolver ações de instrução, divulgação biente tratado com agrotóxicos e afins;
e esclarecimento sobre o uso correto e eficaz dos V – conceder o registro, inclusive o RET, de agro-
agrotóxicos e afins; tóxicos, produtos técnicos, pré-misturas e afins
197
destinados ao uso em ambientes urbanos, indus- tóxicos e afins, o interessado deve apresentar, em
triais, domiciliares, públicos ou coletivos, ao trata- prazo não superior a cinco dias úteis, a contar da
mento de água e ao uso em campanhas de saúde data da primeira protocolização do pedido, a cada
pública atendidas as diretrizes e exigências dos um dos órgãos responsáveis pelos setores de agri-
Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente; e cultura, saúde e meio ambiente, requerimento em
VI – monitorar os resíduos de agrotóxicos e afins duas vias, conforme Anexo II, acompanhado dos
em produtos de origem animal. respectivos relatórios e de dados e informações
Art. 7º Cabe ao Ministério do Meio Ambiente: exigidos, por aqueles órgãos, em normas comple-
I – avaliar os agrotóxicos e afins destinados ao mentares.
uso em ambientes hídricos, na proteção de flo- § 1º Ao receber o pedido de registro ou de rea-
restas nativas e de outros ecossistemas, quanto à valiação de registro, os órgãos responsáveis ates-
eficiência do produto; tarão, em uma das vias do requerimento, a data
II – realizar a avaliação ambiental, dos agrotó- de recebimento do pleito com a indicação do res-
xicos, seus componentes e afins, estabelecendo pectivo número de protocolo.
suas classificações quanto ao potencial de peri- § 2º O registro de produto equivalente será rea-
culosidade ambiental; lizado com observância dos critérios de equiva-
III – realizar a avaliação ambiental preliminar de lência da Organização das Nações Unidas para
agrotóxicos, produto técnico, pré-mistura e afins Agricultura e Alimentação (FAO), sem prejuízo do
destinados à pesquisa e à experimentação; e
atendimento a normas complementares estabele-
IV – conceder o registro, inclusive o RET, de
cidas pelos órgãos responsáveis pelos setores de
agrotóxicos, produtos técnicos e pré-misturas e
agricultura, saúde e meio ambiente.
afins destinados ao uso em ambientes hídricos,
§ 3º O requerente de registro de produto equi-
na proteção de florestas nativas e de outros ecos-
valente deverá fornecer os dados e documentos
sistemas, atendidas as diretrizes e exigências dos
exigidos no Anexo II, itens 1 a 11, 15, 16 e, quando
Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
se tratar de produto formulado, 17.
mento e da Saúde.
§ 4º Para o registro de produtos formulados
CAPÍTULO III importados, será exigido o registro do produto
DOS REGISTROS
técnico.
Seção I
Art. 11. O registro, bem como o RET de produtos
Do Registro do Produto
e agentes de processos biológicos geneticamente
Art. 8º Os agrotóxicos, seus componentes e afins modificados que se caracterizem como agrotóxi-
só poderão ser produzidos, manipulados, impor- cos e afins, será realizado de acordo com critérios
tados, exportados, comercializados e utilizados
e exigências estabelecidos na legislação específica.
no território nacional se previamente registrados
no órgão federal competente, atendidas as dire- Art. 12. Os produtos de baixa toxicidade e pericu-
trizes e exigências dos órgãos federais responsá- losidade terão a tramitação de seus processos prio-
veis pelos setores de agricultura, saúde e meio rizada, desde que aprovado pelos órgãos federais
ambiente. competentes o pedido de prioridade, devidamente
Parágrafo único. Os certificados de registro justificado, feito pelos requerentes do registro.
serão expedidos pelos órgãos federais compe- Parágrafo único. Os órgãos federais competen-
tentes, contendo no mínimo o previsto no Anexo I. tes definirão em normas complementares os cri-
Art. 9º Os requerentes e titulares de registro for- térios para aplicabilidade do disposto no caput
necerão, obrigatoriamente, aos órgãos federais deste artigo.
responsáveis pelos setores de agricultura, saúde Art. 13. Os agrotóxicos, seus componentes e afins
e meio ambiente, as inovações concernentes aos que apresentarem indícios de redução de sua efi-
dados apresentados para registro e reavaliação ciência agronômica, alteração dos riscos à saúde
de registro dos seus produtos. humana ou ao meio ambiente poderão ser reava-
Art. 10. Para obter o registro ou a reavaliação de liados a qualquer tempo e ter seus registros man-
registro de produtos técnicos, pré-misturas, agro- tidos, alterados, suspensos ou cancelados.
198
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
Art. 14. O órgão registrante do agrotóxico, com- Art. 16. Para fins de registro, os produtos des-
ponente ou afim deverá publicar no Diário Oficial tinados exclusivamente à exportação ficam dis-
da União, no prazo de até trinta dias da data do pensados da apresentação dos estudos relativos
protocolo do pedido e da data da concessão ou à eficiência agronômica, à determinação de resí-
indeferimento do registro, resumo contendo: duos em produtos vegetais e outros que poderão
I – do pedido: ser estabelecidos em normas complementares
a) nome do requerente; pelos órgãos responsáveis pelos setores de agri-
b) marca comercial do produto; cultura, saúde e meio ambiente.
c) nome químico e comum do ingrediente ativo; Art. 17. O órgão federal registrante expedirá, no
d) nome científico, no caso de agente biológico; prazo de sessenta dias da entrega do pedido, cer-
e) motivo da solicitação; e tificado de registro para exportação de agrotóxi-
f) indicação de uso pretendido. cos, seus componentes e afins já registrados com
II – da concessão ou indeferimento do registro: nome comercial diferente daquele com o qual
a) nome do requerente ou titular; será exportado, mediante a apresentação, pelo
b) marca comercial do produto; interessado, ao órgão registrante, de cópia do cer-
c) resultado do pedido e se indeferido, o motivo; tificado de registro e de requerimento contendo
d) fabricante(s) e formulador(es); as seguintes informações:
e) nome químico e comum do ingrediente ativo; I – destino final do produto; e
f) nome científico, no caso de agente biológico; II – marca comercial no país de destino.
g) indicação de uso aprovada; Parágrafo único. Concomitantemente à expedi-
h) classificação toxicológica; e ção do certificado, o órgão federal registrante co-
i) classificação do potencial de periculosidade municará o fato aos demais órgãos federais envol-
ambiental. vidos, responsáveis pelos setores de agricultura,
Art. 15. Os órgãos federais competentes deverão saúde ou meio ambiente, atendendo os acordos e
realizar a avaliação técnico-científica, para fins de convênios dos quais o Brasil seja signatário.
registro ou reavaliação de registro, no prazo de Art. 18. O registro de agrotóxicos, seus compo-
até cento e vinte dias, contados a partir da data nentes e afins para uso em emergências quaren-
do respectivo protocolo. tenárias, fitossanitárias, sanitárias e ambientais
§ 1º A contagem do prazo será suspensa caso será concedido por prazo previamente determi-
qualquer dos órgãos avaliadores solicite por es- nado, de acordo com as diretrizes e exigências dos
crito e fundamentadamente, documentos ou órgãos responsáveis pelos setores de agricultura,
informações adicionais, reiniciando a partir do saúde e meio ambiente.
atendimento da exigência, acrescidos trinta dias. Art. 19. Quando organizações internacionais res-
§ 2º A falta de atendimento a pedidos com- ponsáveis pela saúde, alimentação ou meio am-
plementares no prazo de trinta dias implicará o biente, das quais o Brasil seja membro integrante
arquivamento do processo e indeferimento do ou signatário de acordos e convênios, alertarem
pleito pelo órgão encarregado do registro, salvo para riscos ou desaconselharem o uso de agro-
se apresentada, formalmente, justificativa técnica tóxicos, seus componentes e afins, caberá aos
considerada procedente pelo órgão solicitante, órgãos federais de agricultura, saúde e meio am-
que poderá conceder prazo adicional, seguido, biente, avaliar imediatamente os problemas e as
obrigatoriamente, de comunicação aos demais informações apresentadas.
órgãos para as providências cabíveis. Parágrafo único. O órgão federal registrante, ao
§ 3º Quando qualquer órgão estabelecer restri- adotar as medidas necessárias ao atendimento
ção ao pleito do registrante deverá comunicar aos das exigências decorrentes da avaliação, poderá:
demais órgãos federais envolvidos. I – manter o registro sem alterações;
§ 4º O órgão federal encarregado do registro II – manter o registro, mediante a necessária
disporá de até trinta dias, contados da disponibi- adequação;
lização dos resultados das avaliações dos órgãos III – propor a mudança da formulação, dose ou
federais envolvidos, para conceder ou indeferir a método de aplicação;
solicitação do requerente. IV – restringir a comercialização;
199
V – proibir, suspender ou restringir a produção de cultura, alteração de modalidade de emprego,
ou importação; indicação de mistura em tanque e redução de in-
VI – proibir, suspender ou restringir o uso; e tervalo de segurança; e
VII – cancelar ou suspender o registro. II – serão avaliados pelo órgão federal regis-
Art. 20. O registro de novo produto agrotóxico, trante, que dará conhecimento de sua decisão aos
seus componentes e afins somente será conce- demais órgãos federais envolvidos, os pedidos de
dido se a sua ação tóxica sobre o ser humano e inclusão e exclusão de alvos biológicos, redução
o meio ambiente for, comprovadamente, igual de doses e exclusão de culturas.
ou menor do que a daqueles já registrados para § 3º Os órgãos federais envolvidos terão o prazo
o mesmo fim. de cento e vinte dias, contados a partir da data de
Parágrafo único. Os critérios de avaliação serão recebimento do pedido de alteração, para autori-
estabelecidos em instruções normativas comple- zar ou indeferir o pleito.
mentares dos órgãos competentes, considerando § 4º Toda autorização de alteração de dados de
prioritariamente os seguintes parâmetros: registro passará a ter efeito a partir da data de sua
I – toxicidade; publicação no Diário Oficial da União, realizada
II – presença de problemas toxicológicos espe- pelo órgão federal registrante.
ciais, tais como: neurotoxicidade, fetotoxicidade, § 5º Por decorrência de alterações procedidas
ação hormonal e comportamental e ação repro- na forma deste artigo, o titular do registro fica
dutiva; obrigado a proceder às alterações nos rótulos e
III – persistência no ambiente; nas bulas.
IV – bioacumulação; § 6º Restrições de uso decorrentes de deter-
V – forma de apresentação; e minações estaduais e municipais, independem
VI – método de aplicação. de manifestação dos órgãos federais envolvidos,
Art. 21. O requerente ou titular de registro deve devendo a eles ser imediatamente comunicadas,
apresentar, quando solicitado, amostra e padrões pelo titular do registro do agrotóxico, seus com-
analíticos considerados necessários pelos órgãos ponentes e afins.
responsáveis pelos setores de agricultura, saúde
Seção II
e meio ambiente.
Do Registro de Produtos Destinados
Art. 22. Será cancelado o registro de agrotóxicos, à Pesquisa e à Experimentação
seus componentes e afins sempre que constatada
Art. 23. Os produtos técnicos, pré-misturas, agro-
modificação não autorizada pelos órgãos federais
tóxicos e afins destinados à pesquisa e à experi-
dos setores de agricultura, saúde e meio ambiente
mentação devem possuir RET.
em fórmula, dose, condições de fabricação, indi-
§ 1º Para obter o RET, o requerente deverá apre-
cação de aplicação e especificações enunciadas
sentar, aos órgãos federais competentes, requeri-
em rótulo e bula, ou outras modificações em de-
mento e respectivos relatórios, em duas vias, con-
sacordo com o registro concedido.
forme Anexo III, bem como dados e informações
§ 1º As alterações de marca comercial, razão so-
exigidos em normas complementares.
cial e as transferências de titularidade de registro
poderão ser processadas pelo órgão federal regis- § 2º Entidades públicas e privadas de ensino,
trante, a pedido do interessado, com imediata co- assistência técnica e pesquisa, poderão realizar
municação aos demais órgãos envolvidos. experimentação e pesquisa e fornecer laudos no
§ 2º As alterações de natureza técnica deverão campo da agronomia e da toxicologia e relaciona-
ser requeridas ao órgão federal registrante, obser- dos com resíduos, química e meio ambiente.
vado o seguinte: § 3º As avaliações toxicológica e ambiental pre-
I – serão avaliados pelos órgãos federais dos liminares serão fornecidas pelos órgãos compe-
setores de agricultura, saúde e meio ambiente tentes no prazo de sessenta dias, contados a partir
os pedidos de alteração de componentes, pro- da data de recebimento da documentação.
cesso produtivo, fabricante e formulador, esta- § 4º O órgão federal registrante terá o prazo de
belecimento de doses superiores às registradas, quinze dias, contados a partir da data de rece-
aumento da frequência de aplicação, inclusão bimento do resultado das avaliações realizadas
200
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
pelos demais órgãos, para conceder ou indeferir formações de Componentes (SIC) e atendidas as
o RET. diretrizes e exigências estabelecidas pelos órgãos
Art. 24. A pesquisa e a experimentação de pro- federais responsáveis pelos setores da agricultura,
dutos técnicos, pré-misturas, agrotóxicos e afins saúde e meio ambiente.
deverão ser mantidas sob controle e responsabi- § 1º O SIC será instituído sob a forma de banco
lidade do requerente, que responderá por quais- de dados.
quer danos causados à agricultura, ao meio am- § 2º Para fins de registro dos componentes e ins-
biente e à saúde humana. crição no SIC, a empresa produtora, importadora
§ 1º Os produtos agrícolas e os restos de cultura, ou usuária deverá encaminhar requerimento, em
provenientes das áreas tratadas com agrotóxicos e duas vias, em prazo não superior a cinco dias, a
afins em pesquisa e experimentação, não poderão cada um dos órgãos responsáveis pelos setores
ser utilizados para alimentação humana ou animal. de agricultura, saúde e meio ambiente, conforme
§ 2º Deverá ser dada destinação e tratamento Anexo IV.
adequado às embalagens, aos restos de produ- § 3º A empresa poderá solicitar, em requeri-
tos técnicos, pré-misturas, agrotóxicos e afins, mento único, o registro das matérias-primas, in-
aos produtos agrícolas e aos restos de culturas, gredientes inertes e aditivos sobre os quais tenha
de forma a garantir menor emissão de resíduos interesse.
sólidos, líquidos ou gasosos no meio ambiente.
§ 4º As matérias-primas, ingredientes inertes
§ 3º O desenvolvimento das atividades de pes-
e aditivos já inscritos no SIC não dispensam exi-
quisa e experimentação deverá estar de acordo
gência de registro por parte de outras empresas
com as normas de proteção individual e coletiva,
produtoras, importadoras ou usuárias.
conforme legislação vigente.
§ 5º A requerente deverá apresentar justificativa
Art. 25. Produtos sem especificações de ingre- quando não dispuser de informação solicitada no
diente ativo somente poderão ser utilizados em Anexo IV.
pesquisa e experimentação em laboratórios, ca- § 6º Os pedidos de registro de produtos técni-
sas de vegetação, estufas ou estações experimen-
cos, pré-misturas, agrotóxicos e afins deverão ser
tais credenciadas.
acompanhados dos pedidos de registro das res-
Art. 26. Os produtos destinados à pesquisa e expe- pectivas matérias-primas, ingredientes inertes e
rimentação no Brasil serão considerados de Classe aditivos, caso a requerente não os tenha regis-
Toxicológica e Ambiental mais restritiva, no que se trado junto aos órgãos federais competentes.
refere aos cuidados de manipulação e aplicação. § 7º O certificado de registro de matérias-pri-
Art. 27. O órgão federal competente pela conces- mas, ingredientes inertes e aditivos será concedi-
são do RET, para experimentação de agrotóxico do a cada empresa requerente, mediante relação
ou afim, em campo, deverá publicar resumos do por nome químico e comum, marca comercial ou
pedido e da concessão ou indeferimento no Diário número do código no “Chemical Abstract Service
Oficial da União, no prazo de trinta dias. Registry (CAS)”.
Art. 28. O requerente deverá apresentar relatório § 8º Os produtos técnicos importados não ne-
de execução da pesquisa, quando solicitado, de cessitam ter suas matérias primas registradas.
acordo com instruções complementares estabe- Art. 30. Os titulares de registro de produtos téc-
lecidas pelos órgãos federais dos setores de agri- nicos, agrotóxicos e afins que efetuaram o pedido
cultura, saúde e meio ambiente. de registro de componentes até 20 de junho de
Seção III 2001, poderão importar, comercializar e utilizar
Do Registro de Componentes esses produtos até a conclusão da avaliação do
Art. 29. Os componentes caracterizados como pleito pelos órgãos federais competentes.
matérias-primas, ingredientes inertes e aditivos Parágrafo único. Os produtos técnicos e formu-
só poderão ser empregados em processos de lados cujos pedidos de registro não foram solicita-
fabricação de produtos técnicos agrotóxicos e dos na forma prevista no caput deste artigo terão
afins se registrados e inscritos no Sistema de In- seus registros suspensos ou cancelados.
201
Seção IV registrante, a qualquer tempo, a partir da publica-
Das Proibições ção prevista no art. 14 deste Decreto.
Art. 31. É proibido o registro de agrotóxicos, seus Art. 33. No requerimento a que se refere o art. 32,
componentes e afins: deverá constar laudo técnico firmado por, no
I – para os quais no Brasil não se disponha de mínimo, dois profissionais habilitados, acompa-
métodos para desativação de seus componentes, nhado dos relatórios dos estudos realizados por
de modo a impedir que os seus resíduos remanes- laboratório, seguindo metodologias reconhecidas
centes provoquem riscos ao meio ambiente e à internacionalmente.
saúde pública;
Art. 34. O órgão federal registrante terá o prazo de
II – para os quais não haja antídoto ou trata-
trinta dias para notificar a empresa responsável
mento eficaz no Brasil;
pelo produto registrado ou em vias de obtenção de
III – considerados teratogênicos, que apresen-
registro, que terá igual prazo, contado do recebi-
tem evidências suficientes nesse sentido, a partir
mento da notificação, para apresentação de defesa.
de observações na espécie humana ou de estudos
em animais de experimentação; Art. 35. O órgão federal registrante terá prazo
IV – considerados carcinogênicos, que apresen- de trinta dias, a partir do recebimento da defesa,
tem evidências suficientes nesse sentido, a partir para se pronunciar, devendo adotar os seguintes
de observações na espécie humana ou de estudos procedimentos:
em animais de experimentação; I – encaminhar a documentação pertinente aos
V – considerados mutagênicos, capazes de indu- demais órgãos federais envolvidos para avaliação
zir mutações observadas em, no mínimo, dois tes- e análise em suas áreas de competência; e
tes, um deles para detectar mutações gênicas, rea- II – convocar o Comitê Técnico de Assessora-
lizado, inclusive, com uso de ativação metabólica, mento para Agrotóxicos, referido no art. 95, que
e o outro para detectar mutações cromossômicas; deve se manifestar sobre o pedido de cancela-
VI – que provoquem distúrbios hormonais, da- mento ou de impugnação.
nos ao aparelho reprodutor, de acordo com pro- Art. 36. Após a decisão administrativa, da impug-
cedimentos e experiências atualizadas na comu- nação ou do cancelamento, o órgão federal regis-
nidade científica; trante comunicará ao requerente o deferimento
VII – que se revelem mais perigosos para o ou indeferimento da solicitação e publicará a de-
homem do que os testes de laboratório, com ani- cisão no Diário Oficial da União.
mais, tenham podido demonstrar, segundo crité-
Seção VI
rios técnicos e científicos atualizados; e Do Registro de Pessoas Físicas e Jurídicas
VIII – cujas características causem danos ao
meio ambiente. Art. 37. Para efeito de obtenção de registro nos
§ 1º Devem ser considerados como “desativa- órgãos competentes do Estado, do Distrito Fe-
ção de seus componentes” os processos de inati- deral ou do Município, as pessoas físicas e jurídi-
vação dos ingredientes ativos que minimizem os cas que sejam prestadoras de serviços na aplica-
riscos ao meio ambiente e à saúde humana. ção de agrotóxicos, seus componentes e afins, ou
§ 2º Os testes, as provas e os estudos sobre mu- que os produzam, formulem, manipulem, expor-
tagênese, carcinogênese e teratogênese, realiza- tem, importem ou comercializem, deverão apre-
dos no mínimo em duas espécies animais, devem sentar, dentre outros documentos, requerimento
ser efetuados com a aplicação de critérios aceitos solicitando o registro, onde constem, no mínimo,
por instituições técnico-científicas nacionais ou as informações contidas no Anexo V deste Decreto.
§ 1º Para os efeitos deste Decreto, ficam as coo-
internacionais reconhecidas.
perativas equiparadas às empresas comerciais.
Seção V § 2º Nenhum estabelecimento que exerça ati-
Do Cancelamento e da Impugnação vidades definidas no caput deste artigo poderá
Art. 32. Para efeito do art. 5º da Lei 7.802, de 11 funcionar sem a assistência e responsabilidade
de julho de 1989, o requerimento de impugnação de técnico legalmente habilitado.
ou cancelamento será formalizado por meio de § 3º Cada estabelecimento terá registro específi-
solicitação em três vias, dirigido ao órgão federal co e independente, ainda que exista mais de um na
202
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
mesma localidade, de propriedade da mesma pes- b) nome comercial dos produtos e quantidades
soa, empresa, grupo de pessoas ou de empresas. produzidas e comercializadas.
§ 4º Quando o estabelecimento produzir ou II – no caso dos estabelecimentos que comer-
comercializar outros produtos além de agrotóxi- cializem agrotóxicos e afins no mercado interno:
cos, seus componentes e afins estes deverão estar a) relação detalhada do estoque existente; e
adequadamente isolados dos demais. b) nome comercial dos produtos e quantidades
comercializadas, acompanhados dos respectivos
Art. 38. Fica instituído, no âmbito do SIA, referido
receituários.
no art. 94, o cadastro geral de estabelecimentos
III – no caso dos estabelecimentos que impor-
produtores, manipuladores, importadores, expor-
tem ou exportem agrotóxicos, seus componentes
tadores e de instituições dedicadas à pesquisa e
e afins:
experimentação.
a) relação detalhada do estoque existente;
Parágrafo único. A implementação, a manuten-
b) nome comercial dos produtos e quantidades
ção e a atualização de um cadastro geral de esta-
importadas ou exportadas; e
belecimentos é atribuição dos órgãos registrantes
c) cópia das respectivas autorizações emitidas
de agrotóxicos, seus componentes e afins.
pelo órgão federal competente.
Art. 39. A empresa requerente deverá comunicar IV – no caso das pessoas físicas ou jurídicas
quaisquer alterações estatutárias ou contratuais que sejam prestadoras de serviços na aplicação
aos órgãos federais registrantes e fiscalizadores de agrotóxicos e afins:
até trinta dias após a regularização junto ao órgão a) relação detalhada do estoque existente;
estadual. b) programa de treinamento de seus aplicado-
res de agrotóxicos e afins;
Art. 40. As empresas importadoras, exportado-
c) nome comercial dos produtos e quantidades
ras, produtoras ou formuladoras de agrotóxicos,
aplicadas, acompanhados dos respectivos recei-
seus componentes e afins passarão a adotar, para
tuários e guia de aplicação; e guia de aplicação,
cada partida importada, exportada, produzida ou
na qual deverão constar, no mínimo: 1. nome do
formulada, codificação em conformidade com o
usuário e endereço; 2. cultura e área ou volumes
Anexo VI deste Decreto, que deverá constar de
tratados; 3. local da aplicação e endereço; 4. nome
todas as embalagens dela originadas, não po-
comercial do produto usado; 5. quantidade empre-
dendo ser usado o mesmo código para partidas
gada do produto comercial; 6. forma de aplicação;
diferentes.
7. data da prestação do serviço; 8. precauções de
Art. 41. As empresas importadoras, exportado- uso e recomendações gerais quanto à saúde hu-
ras, produtoras e formuladoras de agrotóxicos, mana, animais domésticos e proteção ao meio
seus componentes e afins, fornecerão aos órgãos ambiente; e 9. identificação e assinatura do res-
federais e estaduais competentes, até 31 de ja- ponsável técnico, do aplicador e do usuário.
neiro e 31 de julho de cada ano, dados referentes
CAPÍTULO IV
às quantidades de agrotóxicos, seus componen- DA EMBALAGEM, DO FRACIONAMENTO,
tes e afins importados, exportados, produzidos, DA ROTULAGEM E DA PROPAGANDA
formulados e comercializados de acordo com o
Seção I
modelo de relatório semestral do Anexo VII. Da Embalagem, do Fracionamento
Art. 42. As pessoas físicas ou jurídicas que pro- e da Rotulagem
duzam, comercializem, importem, exportem ou Art. 43. As embalagens, os rótulos e as bulas de
que sejam prestadoras de serviços na aplicação agrotóxicos e afins devem ser aprovadas pelos ór-
de agrotóxicos, seus componentes e afins ficam gãos federais competentes, por ocasião do regis-
obrigadas a manter à disposição dos órgãos de fis- tro do produto ou da autorização para alteração
calização de que trata o art. 71 o livro de registro nas embalagens, rótulos ou bulas.
ou outro sistema de controle, contendo: § 1º As alterações de embalagens, de rótulo e
I – no caso de produtor de agrotóxicos, compo- bula, autorizadas pelos órgãos federais compe-
nentes e afins: tentes, deverão ser realizadas em prazo fixado
a) relação detalhada do estoque existente; e pelos órgãos, não podendo ultrapassar 6 meses.
203
§ 2º Os estoques de agrotóxicos e afins rema- previamente autorizados pelos órgãos estaduais,
nescentes nos canais distribuidores, salvo disposi- do Distrito Federal e municipais competentes.
ção em contrário dos órgãos registrantes, poderão § 1º Os órgãos federais envolvidos no processo
ser comercializados até o seu esgotamento. de registro do produto examinarão os pedidos de
§ 3º As alterações que se fizerem necessárias em autorização para fracionamento e reembalagem
rótulos e bulas decorrentes de restrições, estabe- após o registro do estabelecimento no órgão esta-
lecidas por órgãos competentes dos Estados, do dual, do Distrito Federal ou municipal competente,
Distrito Federal e dos Municípios: na categoria de manipulador.
I – são dispensadas da aprovação federal pre- § 2º Os agrotóxicos e afins comercializados a
vista no caput deste artigo; partir do fracionamento ou da reembalagem de-
II – deverão ser colocadas na área da bula des- verão dispor de rótulos, bulas e embalagens apro-
tinada a essa finalidade e comunicadas pelo titu- vados pelos órgãos federais.
lar do registro do agrotóxico ou afim aos órgãos § 3º Deverão constar do rótulo e da bula dos
federais, no prazo de até trinta dias; e produtos que sofreram fracionamento ou reem-
III – nesse mesmo prazo, devem ser encaminha- balagem, além das exigências já estabelecidas
das aos órgãos federais competentes cópias das na legislação em vigor, o nome e o endereço do
bulas modificadas e aprovadas pelo órgão que manipulador que efetuou o fracionamento ou a
estabeleceu as exigências. reembalagem.
Art. 44. As embalagens dos agrotóxicos e afins § 4º O fracionamento e a reembalagem de agro-
deverão atender aos seguintes requisitos: tóxicos e afins somente serão facultados a formu-
I – ser projetadas e fabricadas de forma a im- lações que se apresentem em forma líquida ou gra-
pedir qualquer vazamento, evaporação, perda ou nulada, em volumes unitários finais previamente
alteração de seu conteúdo e de modo a facilitar as autorizados pelos órgãos federais competentes.
operações de lavagem, classificação, reutilização, Art. 46. Não serão permitidas embalagens de ven-
reciclagem e destinação final adequada; da a varejo para produtos técnicos e pré-misturas,
II – ser imunes à ação de seu conteúdo ou insus- exceto para fornecimento à empresa formuladora.
cetíveis de formar com ele combinações nocivas Art. 47. A embalagem e a rotulagem dos agrotó-
ou perigosas; xicos e afins devem ser feitas de modo a impedir
III – ser resistentes em todas as suas partes e que sejam confundidas com produtos de higiene,
satisfazer adequadamente às exigências de sua farmacêuticos, alimentares, dietéticos, bebidas,
normal conservação; cosméticos ou perfumes.
IV – ser providas de lacre ou outro dispositivo,
externo, que assegure plena condição de verifi- Art. 48. Deverão constar obrigatoriamente do ró-
cação visual da inviolabilidade da embalagem; e tulo de agrotóxicos e afins os dados estabelecidos
V – as embalagens rígidas deverão apresentar, no Anexo VIII.
de forma indelével e irremovível, em local de fácil Art. 49. Deverão constar, necessariamente, da
visualização, exceto na tampa, o nome da em- bula de agrotóxicos e afins, além de todos os
presa titular do registro e advertência quanto ao dados exigidos no rótulo, os previstos no Anexo IX.
não reaproveitamento da embalagem. § 1º As bulas devem ser apensadas às embala-
Parágrafo único. As embalagens de agrotóxi- gens unitárias de agrotóxicos e afins.
cos e afins, individuais ou que acondicionam um § 2º A bula supre o folheto complementar de
conjunto de unidades, quando permitirem o em- que trata o § 3º do art. 7º da Lei nº 7.802, de 1989.
pilhamento, devem informar o número máximo Art. 50. As empresas titulares de registro de agro-
de unidades que podem ser empilhadas. tóxicos ou afins deverão apresentar, no prazo de
Art. 45. O fracionamento e a reembalagem de noventa dias, contadas da data da publicação
agrotóxicos e afins com o objetivo de comercia- deste decreto, aos órgãos federais dos setores de
lização somente poderão ser realizados pela em- agricultura, saúde e meio ambiente, modelo de
presa produtora ou por manipulador, sob res- rótulo e bula atualizados, atendidas as diretrizes
ponsabilidade daquela, em locais e condições e exigências deste Decreto.
204
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
Art. 66. A receita, específica para cada cultura ou manterão atualizados e aperfeiçoados mecanis-
problema, deverá conter, necessariamente: mos destinados a garantir a qualidade dos agrotó-
I – nome do usuário, da propriedade e sua lo- xicos, seus componentes e afins, tendo em vista a
calização; identidade, pureza e eficácia dos produtos.
II – diagnóstico; Parágrafo único. As medidas a que se refere este
III – recomendação para que o usuário leia aten- artigo se efetivarão por meio das especificações e
tamente o rótulo e a bula do produto; do controle da qualidade dos produtos e da ins-
IV – recomendação técnica com as seguintes peção da produção.
informações:
Art. 69. Sem prejuízo do controle e da fiscalização,
a) nome do(s) produto(s) comercial(ais) que de-
a cargo do Poder Público, todo estabelecimento
verá(ão) ser utilizado(s) e de eventual(ais) produ-
destinado à produção e importação de agrotóxi-
to(s) equivalente(s);
cos, seus componentes e afins deverá dispor de
b) cultura e áreas onde serão aplicados;
unidade de controle de qualidade próprio, com
c) doses de aplicação e quantidades totais a
a finalidade de verificar a qualidade do processo
serem adquiridas;
produtivo, das matérias-primas e substâncias em-
d) modalidade de aplicação, com anotação de
pregadas, quando couber, e dos produtos finais.
instruções específicas, quando necessário, e, obri-
§ 1º É facultado às empresas produtoras de
gatoriamente, nos casos de aplicação aérea;
agrotóxicos, seus componentes e afins realizarem
e) época de aplicação;
os controles previstos neste artigo em institutos
f) intervalo de segurança;
ou laboratórios oficiais ou privados, de acordo
g) orientações quanto ao manejo integrado de
com a legislação vigente.
pragas e de resistência;
§ 2º Os titulares de registro de agrotóxicos,
h) precauções de uso; e
componentes e afins que contenham impure-
i) orientação quanto à obrigatoriedade da uti-
zas significativas do ponto de vista toxicológico
lização de EPI; e
ou ambiental, fornecerão laudos de análise do
V – data, nome, CPF e assinatura do profissional
teor de impurezas, conforme estabelecido por
que a emitiu, além do seu registro no órgão fisca-
ocasião da concessão do registro e em normas
lizador do exercício profissional.
Parágrafo único. Os produtos só poderão ser complementares.
prescritos com observância das recomendações Seção II
de uso aprovadas em rótulo e bula. Da Inspeção e da Fiscalização
Art. 67. Os órgãos responsáveis pelos setores Art. 70. Serão objeto de inspeção e fiscalização os
de agricultura, saúde e meio ambiente poderão agrotóxicos, seus componentes e afins, sua produ-
dispensar, com base no art. 13 da Lei nº 7.802, de ção, manipulação, importação, exportação, trans-
1989, a exigência do receituário para produtos porte, armazenamento, comercialização, utiliza-
agrotóxicos e afins considerados de baixa pericu- ção, rotulagem e a destinação final de suas sobras,
losidade, conforme critérios a serem estabeleci- resíduos e embalagens.
dos em regulamento.
Art. 71. A fiscalização dos agrotóxicos, seus com-
Parágrafo único. A dispensa da receita constará
ponentes e afins é da competência:
do rótulo e da bula do produto, podendo neles
I – dos órgãos federais responsáveis pelos seto-
ser acrescidas eventuais recomendações julgadas
res da agricultura, saúde e meio ambiente, den-
necessárias pelos órgãos competentes menciona-
tro de suas respectivas áreas de competência,
dos no caput.
quando se tratar de:
CAPÍTULO VII a) estabelecimentos de produção, importação
DO CONTROLE, DA INSPEÇÃO e exportação;
E DA FISCALIZAÇÃO b) produção, importação e exportação;
Seção I c) coleta de amostras para análise de controle
Do Controle de Qualidade ou de fiscalização;
Art. 68. Os órgãos federais responsáveis pelos d) resíduos de agrotóxicos e afins em produtos
setores de agricultura, saúde e meio ambiente agrícolas e de seus subprodutos; e
207
e) quando se tratar do uso de agrotóxicos e mazenagem e a aplicação dos agrotóxicos, seus
afins em tratamentos quarentenários e fitossani- componentes e afins, podendo, ainda:
tários realizados no trânsito internacional de ve- I – coletar amostras necessárias às análises de
getais e suas partes; controle ou fiscalização;
II – dos órgãos estaduais e do Distrito Federal II – executar visitas rotineiras de inspeções e vis-
responsáveis pelos setores de agricultura, saúde torias para apuração de infrações ou eventos que
e meio ambiente, dentro de sua área de compe- tornem os produtos passíveis de alteração e lavrar
tência, ressalvadas competências específicas dos os respectivos termos;
órgãos federais desses mesmos setores, quando III – verificar o cumprimento das condições de
se tratar de: preservação da qualidade ambiental;
a) uso e consumo dos produtos agrotóxicos, IV – verificar a procedência e as condições dos
seus componentes e afins na sua jurisdição; produtos, quando expostos à venda;
b) estabelecimentos de comercialização, de ar- V – interditar, parcial ou totalmente, os estabe-
mazenamento e de prestação de serviços; lecimentos ou atividades quando constatado o
c) devolução e destinação adequada de emba- descumprimento do estabelecido na Lei nº 7.802,
lagens de agrotóxicos, seus componentes e afins, de 1989, neste Decreto e em normas complemen-
de produtos apreendidos pela ação fiscalizadora e tares e apreender lotes ou partidas de produtos,
daqueles impróprios para utilização ou em desuso; lavrando os respectivos termos;
VI – proceder à imediata inutilização da unidade
d) transporte de agrotóxicos, seus componen-
do produto cuja adulteração ou deterioração seja
tes e afins, por qualquer via ou meio, em sua ju-
flagrante, e à apreensão e interdição do restante
risdição;
do lote ou partida para análise de fiscalização; e
e) coleta de amostras para análise de fiscaliza-
VII – lavrar termos e autos previstos neste De-
ção;
creto.
f) armazenamento, transporte, reciclagem, reu-
tilização e inutilização de embalagens vazias e dos Art. 75. A inspeção será realizada por meio de
produtos apreendidos pela ação fiscalizadora e da- exames e vistorias:
queles impróprios para utilização ou em desuso; e I – da matéria-prima, de qualquer origem ou
g) resíduos de agrotóxicos e afins em produtos natureza;
agrícolas e seus subprodutos. II – da manipulação, transformação, elabora-
Parágrafo único. Ressalvadas as proibições le- ção, conservação, embalagem e rotulagem dos
gais, as competências de que trata este artigo po- produtos;
derão ser delegadas pela União e pelos Estados. III – dos equipamentos e das instalações do es-
tabelecimento;
Art. 72. Ações de inspeção e fiscalização terão ca- IV – do laboratório de controle de qualidade dos
ráter permanente, constituindo-se em atividade produtos; e
rotineira. V – da documentação de controle da produção,
Parágrafo único. As empresas deverão pres- importação, exportação e comercialização.
tar informações ou proceder à entrega de do-
Art. 76. A fiscalização será exercida sobre os pro-
cumentos nos prazos estabelecidos pelos órgãos
dutos nos estabelecimentos produtores e comer-
competentes, a fim de não obstar as ações de ins-
ciais, nos depósitos e nas propriedades rurais.
peção e fiscalização e a adoção das medidas que
Parágrafo único. Constatada qualquer irregula-
se fizerem necessárias.
ridade, o estabelecimento poderá ser interditado
Art. 73. A inspeção e a fiscalização serão exerci- e o produto ou alimento poderão ser apreendidos
das por agentes credenciados pelos órgãos res- e submetidos à análise de fiscalização.
ponsáveis, com formação profissional que os ha-
Art. 77. Para efeito de análise de fiscalização, será
bilite para o exercício de suas atribuições.
coletada amostra representativa do produto ou
Art. 74. Os agentes de inspeção e fiscalização, alimento pela autoridade fiscalizadora.
no desempenho de suas atividades, terão livre § 1º A coleta de amostra será realizada em três
acesso aos locais onde se processem, em qual- partes, de acordo com técnica e metodologias in-
quer fase, a industrialização, o comércio, a ar- dicadas em ato normativo.
208
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
§ 2º A amostra será autenticada e tornada invio- dos no laboratório oficial ou credenciado, após a
lável na presença do interessado e, na ausência entrega de cópias à autoridade fiscalizadora e ao
ou recusa deste, na de duas testemunhas. requerente.
§ 3º Uma parte da amostra será utilizada pelo § 6º Se o resultado do laudo de contraprova for
laboratório oficial ou devidamente credenciado, divergente do laudo da análise de fiscalização,
outra permanecerá no órgão fiscalizador e outra realizar-se-á nova análise, em um terceiro labora-
ficará em poder do interessado para realização de tório, oficial ou credenciado, cujo resultado será
perícia de contraprova. irrecorrível, utilizando-se a parte da amostra em
Art. 78. A análise de fiscalização será realizada poder do órgão fiscalizador, facultada a assistên-
por laboratório oficial ou devidamente creden- cia dos peritos anteriormente nomeados, obser-
ciado, com o emprego de metodologia oficial. vado o disposto nos parágrafos 1º e 2º deste artigo.
Parágrafo único. Os volumes máximos e míni- Art. 81. A autoridade responsável pela fiscaliza-
mos, bem como os critérios de amostragem e a ção e inspeção comunicará ao interessado o re-
metodologia oficial para a análise de fiscalização, sultado final das análises, adotando as medidas
para cada tipo de produto, serão determinados administrativas cabíveis.
em ato normativo do órgão federal registrante.
CAPÍTULO VIII
Art. 79. O resultado da análise de fiscalização de- DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES
verá ser informado ao fiscalizador e ao fiscalizado,
no prazo máximo de quarenta e cinco dias, conta- Seção I
dos da data da coleta da amostra.
Das Infrações
§ 1º O interessado que não concordar com o Art. 82. Constitui infração toda ação ou omissão
resultado da análise poderá requerer perícia de que importe na inobservância do disposto na Lei
contraprova no prazo de dez dias, contados do nº 7.802, de 1989, neste Decreto ou na desobe-
seu recebimento, arcando com o ônus decorrente. diência às determinações de caráter normativo
§ 2º No requerimento de contraprova, o interes- dos órgãos ou das autoridades administrativas
sado indicará o seu perito. competentes.
Art. 80. A perícia de contraprova será realizada Art. 83. As pessoas jurídicas serão responsabiliza-
em laboratório oficial, ou devidamente creden- das administrativa, civil e penalmente conforme
ciado, com a presença de peritos do interessado o disposto nas Leis nos 7.802, de 1989, e 9.605, de
e do órgão fiscalizador e a assistência técnica do 12 de fevereiro de 1998, e nos regulamentos perti-
responsável pela análise anterior. nentes, nos casos em que a infração seja cometida
§ 1º A perícia de contraprova será realizada no por decisão de seu representante legal ou contra-
prazo máximo de quinze dias, contados da data tual, pessoa individual ou órgão colegiado, no in-
de seu requerimento, salvo quando condições téc- teresse ou em benefício da sua entidade.
nicas exigirem a sua prorrogação.
§ 2º A parte da amostra a ser utilizada na perícia Art. 84. As responsabilidades administrativa, civil
de contraprova não poderá estar violada, o que e penal pelos danos causados à saúde das pessoas
será, obrigatoriamente, atestado pelos peritos. e ao meio ambiente, em função do descumpri-
§ 3º Não será realizada a perícia de contraprova mento do disposto na legislação pertinente a agro-
quando verificada a violação da amostra, oportu- tóxicos, seus componentes e afins, recairão sobre:
nidade em que será finalizado o processo de fisca- I – o registrante que omitir informações ou for-
lização e instaurada sindicância para apuração de necê-las incorretamente;
responsabilidades. II – o produtor, quando produzir agrotóxicos,
§ 4º Ao perito da parte interessada será dado seus componentes e afins em desacordo com as
conhecimento da análise de fiscalização, pres- especificações constantes do registro;
tadas as informações que solicitar e exibidos os III – o produtor, o comerciante, o usuário, o pro-
documentos necessários ao desempenho de sua fissional responsável e o prestador de serviços
tarefa. que opuser embaraço à fiscalização dos órgãos
§ 5º Da perícia de contraprova serão lavrados competentes ou que não der destinação às em-
laudos e ata, assinados pelos peritos e arquiva- balagens vazias de acordo com a legislação;
209
IV – o profissional que prescrever a utilização de I – notificado, deixar de sanar, no prazo assina-
agrotóxicos e afins em desacordo com as especi- lado pelo órgão competente, as irregularidades
ficações técnicas; praticadas; ou
V – o comerciante, quando efetuar a venda II – opuser embaraço à fiscalização dos órgãos
sem o respectivo receituário, em desacordo com competentes.
sua prescrição ou com as recomendações do § 3º A inutilização será aplicada nos casos de
fabricante e dos órgãos registrantes e sanitário- produto sem registro ou naqueles em que ficar
-ambientais; constatada a impossibilidade de lhes ser dada
VI – o comerciante, o empregador, o profissio- outra destinação ou reaproveitamento.
nal responsável ou prestador de serviços que dei- § 4º A suspensão de autorização de uso ou de
xar de promover as medidas necessárias de pro- registro de produto será aplicada nos casos em
teção à saúde ou ao meio ambiente; que sejam constatadas irregularidades reparáveis.
VII – o usuário ou o prestador de serviços, quan- § 5º O cancelamento da autorização de uso ou
do proceder em desacordo com o receituário ou de registro de produto será aplicado nos casos de
com as recomendações do fabricante ou dos ór- impossibilidade de serem sanadas as irregularida-
gãos sanitário-ambientais; e des ou quando constatada fraude.
VIII – as entidades públicas ou privadas de en- § 6º O cancelamento de registro, licença, ou au-
sino, assistência técnica e pesquisa, que promo- torização de funcionamento de estabelecimento
verem atividades de experimentação ou pesquisa será aplicado nos casos de impossibilidade de se-
de agrotóxicos, seus componentes e afins em de- rem sanadas as irregularidades ou quando cons-
sacordo com as normas de proteção da saúde pú- tatada fraude.
blica e do meio ambiente. § 7º A interdição temporária ou definitiva de es-
Art. 85. São infrações administrativas: tabelecimento ocorrerá sempre que constatada
I – pesquisar, experimentar, produzir, prescre- irregularidade ou quando se verificar, mediante
ver, fracionar, embalar e rotular, armazenar, co- inspeção técnica ou fiscalização, condições sani-
mercializar, transportar, fazer propaganda comer- tárias ou ambientais inadequadas para o funcio-
cial, utilizar, manipular, importar, exportar, aplicar, namento do estabelecimento.
prestar serviço, dar destinação a resíduos e emba- § 8º A destruição ou inutilização de vegetais,
lagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e parte de vegetais e alimentos será determinada
afins em desacordo com o previsto na Lei nº 7.802, pela autoridade sanitária competente, sempre
de 1989, e legislação pertinente; que apresentarem resíduos acima dos níveis per-
II – rotular os agrotóxicos, seus componentes e mitidos ou quando tenha havido aplicação de
afins, sem prévia autorização do órgão registrante agrotóxicos e afins de uso não autorizado.
ou em desacordo com a autorização concedida; e Seção III
III – omitir informações ou prestá-las de forma in- Da Aplicação das Sanções Administrativas
correta às autoridades registrantes e fiscalizadoras.
Art. 87. Os agentes de inspeção e fiscalização
Seção II dos órgãos da agricultura, da saúde e do meio
Das Sanções Administrativas ambiente, ao lavrarem os autos-de-infração, in-
Art. 86. Sem prejuízo das responsabilidades civil dicarão as penalidades aplicáveis.
e penal cabíveis, a infração de disposições legais Art. 88. A autoridade competente, ao analisar o
acarretará, isolada ou cumulativamente, indepen- processo administrativo, observará, no que couber,
dentemente da medida cautelar de interdição de o disposto nos arts. 14 e 15 da Lei nº 9.605, de 1998.
estabelecimento, a apreensão do produto ou ali-
Art. 89. A aplicação de multa pelos Estados, pelo
mentos contaminados e a aplicação das sanções
Distrito Federal ou pelos Municípios exclui a apli-
previstas no art. 17 da Lei nº 7.802, de 1989.
cação de igual penalidade por órgão federal com-
§ 1º A advertência será aplicada quando consta-
tada inobservância das disposições deste Decreto petente, em decorrência do mesmo fato.
e da legislação em vigor, sem prejuízo das demais Art. 90. A destruição ou inutilização de agrotó-
sanções previstas neste artigo. xicos, seus componentes e afins nocivos à saúde
§ 2º A multa será aplicada sempre que o agente: humana ou animal ou ao meio ambiente serão
210
DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002
determinadas pelo órgão competente e correrão VIII – implementar, manter e disponibilizar in-
às expensas do infrator. formações sobre tecnologia de aplicação e segu-
Art. 91. A suspensão do registro, licença, ou au- rança no uso de agrotóxicos.
torização de funcionamento do estabelecimento § 1º O SIA será desenvolvido pela Agência Nacio-
será aplicada nos casos de ocorrência de irregu- nal de Vigilância Sanitária, no prazo de trezentos
laridades reparáveis. e sessenta dias, e implementado e mantido pelos
órgãos federais das áreas de agricultura, saúde e
Art. 92. Aplicam-se a este Decreto, no que couber,
meio ambiente.
as disposições da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro
§ 2º Os procedimentos de acesso ao SIA e de
de 1999, que regula o processo administrativo no
interação dos usuários com os órgãos envolvidos
âmbito da Administração Pública Federal.
devem conter mecanismos que resguardem o si-
CAPÍTULO IX gilo e a segurança das informações confidenciais.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 95. Fica instituído o Comitê Técnico de As-
Art. 93. A análise de pleito protocolizado em data sessoramento para Agrotóxicos, com as seguintes
anterior à publicação deste Decreto observará a competências:
legislação vigente à data da sua apresentação. I – racionalizar e harmonizar procedimentos
Parágrafo único. O órgão federal responsável técnico-científicos e administrativos nos proces-
pelo setor de meio ambiente encaminhará ao Mi- sos de registro e adaptação de registro de agrotó-
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, xicos, seus componentes e afins;
no prazo de cento e vinte dias, a contar da publi- II – propor a sistemática incorporação de tecno-
cação deste Decreto, os processos de registro de logia de ponta nos processos de análise, controle
agrotóxicos, seus componentes e afins, destina- e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e
dos ao uso em florestas plantadas, concedidos e afins e em outras atividades cometidas aos Minis-
em andamento. térios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Art. 94. Fica instituído o Sistema de Informações da Saúde e do Meio Ambiente pela Lei nº 7.802,
sobre Agrotóxicos (SIA), com o objetivo de: de 1989;
I – permitir a interação eletrônica entre os ór- III – elaborar, até 31 de dezembro de 2002, roti-
gãos federais envolvidos no registro de agrotóxi- nas e procedimentos visando à implementação da
cos, seus componentes e afins; avaliação de risco de agrotóxicos e afins;
II – disponibilizar informações sobre andamen- IV – analisar propostas de edição e alteração de
to de processos relacionados com agrotóxicos, atos normativos sobre as matérias tratadas neste
seus componentes e afins, nos órgãos federais Decreto e sugerir ajustes e adequações considera-
competentes; das cabíveis;
III – permitir a interação eletrônica com os pro- V – propor critérios de diferenciação de agrotó-
dutores, manipuladores, importadores, distribui- xicos, seus componentes e afins em classes, em
dores e comerciantes de agrotóxicos, seus com- função de sua utilização, de seu modo de ação e
ponentes e afins; de suas características toxicológicas, ecotoxicoló-
IV – facilitar o acolhimento de dados e informa- gicas ou ambientais;
ções relativas à comercialização de agrotóxicos e VI – assessorar os Ministérios responsáveis na
afins de que trata o art. 41; concessão do registro para uso emergencial de
V – implementar, manter e disponibilizar dados agrotóxicos e afins e no estabelecimento de di-
e informações sobre as quantidades totais de pro- retrizes e medidas que possam reduzir os efeitos
dutos por categoria, importados, produzidos, ex- danosos desses produtos sobre a saúde humana
portados e comercializados no país. e o meio ambiente;
VI – manter cadastro e disponibilizar informa- VII – estabelecer as diretrizes a serem observa-
ções sobre áreas autorizadas para pesquisa e ex- das no SIA, acompanhar e supervisionar as suas
perimentação de agrotóxicos, seus componentes atividades; e
e afins; VIII – manifestar-se sobre os pedidos de cance-
VII – implementar, manter e disponibilizar infor- lamento ou de impugnação de agrotóxicos seus
mações do SIC de que trata o art. 29; e componentes e afins, conforme previsto no art. 35.
211
§ 1º O Comitê será constituído por dois repre- Anexos
sentantes, titular e suplente, de cada um dos ór- (Disponíveis em: https://www2.camara.leg.br/
gãos federais responsáveis pelos setores de agri- legin/fed/decret/2002/decreto-4074-8-janeiro-
cultura, saúde e meio ambiente, designados pelo -2002-431437-anexo1-pe.doc)
respectivo Ministro.
§ 2º O Comitê será coordenado por um de seus DECRETO Nº 4.136, DE 20
DE FEVEREIRO DE 2002
membros, com mandato de um ano, em rodízio
(Publicado no DOU de 21/2/2002 e retificado no DOU de
que iniciará pelo representante do Ministério da
11/4/2002)
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, seguido,
Dispõe sobre a especificação das sanções
pela ordem, pelo dos Ministérios da Saúde e do
aplicáveis às infrações às regras de prevenção,
Meio Ambiente. controle e fiscalização da poluição causada
§ 3º As matérias que não tiverem consenso no por lançamento de óleo e outras substâncias
Comitê serão submetidas aos Ministros de Estado nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição
nacional, prevista na Lei nº 9.966, de 28 de
responsáveis pelas áreas de agricultura, saúde e
abril de 2000, e dá outras providências.
meio ambiente para deliberação conjunta.
O presidente da República, no uso da atribuição
§ 4º Os representantes do Comitê elaborarão o
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
seu regimento interno e o submeterão à aprova-
e tendo em vista o disposto na Lei nº 9.605, de 12
ção dos Ministérios representados.
de fevereiro de 1998, e na Lei nº 9.966, de 28 de
§ 5º O apoio técnico e logístico ao Comitê será
abril de 2000, decreta:
prestado pelo Ministério que tiver seu represen-
tante exercendo a coordenação do Colegiado. CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 6º As normas complementares a este Decreto
serão objeto de proposição do Comitê, devendo Art. 1º Constitui infração às regras sobre a pre-
serem editadas no prazo de cento e oitenta dias venção, o controle e a fiscalização da poluição
de sua publicação. causada por lançamento de óleo e outras subs-
tâncias nocivas ou perigosas em águas sob juris-
Art. 96. Os agrotóxicos, seus componentes e afins dição nacional a inobservância a qualquer pre-
registrados com base na Lei nº 6.360, de 23 de se- ceito constante da Lei nº 9.966, de 28 de abril de
tembro de 1976, bem como as pessoas físicas e 2000, e a instrumentos internacionais ratificados
jurídicas que exerçam atividades com os mes- pelo Brasil.
mos, deverão se adequar às disposições da Lei
Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são estabe-
nº 7.802, de 1989, e deste Regulamento, de acordo
lecidas as seguintes definições:
com as regras a serem estabelecidas pelos órgãos I – Marpol 73/78: Convenção Internacional para
federais competentes. a Prevenção da Poluição Causada por Navios, con-
Art. 97. Este Decreto entra em vigor na data de cluída em Londres, em 2 de novembro de 1973,
sua publicação. alterada pelo Protocolo de 1978, concluído em
Londres, em 17 de fevereiro de 1978, e emendas
Art. 98. Ficam revogados os Decretos nos 98.816, de
posteriores, ratificadas pelo Brasil;
11 de janeiro de 1990, 99.657, de 26 de outubro de
II – CLC/69: Convenção Internacional sobre Res-
1990, 991, de 24 de novembro de 1993, 3.550, de 27
ponsabilidade Civil em Danos Causados por Polui-
de julho de 2000, 3.694, de 21 de dezembro de 2000 ção por Óleo, de 1969, ratificada pelo Brasil;
e 3.828, de 31 de maio de 2001. III – áreas ecologicamente sensíveis: regiões das
Brasília, 4 de janeiro de 2002; 181º da águas marítimas ou interiores, definidas em ato
Independência e 114º da República. do Poder Público, onde a prevenção, o controle
da poluição e a manutenção do equilíbrio ecoló-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Marcus Vinicius Pratini de Moraes gico exigem medidas especiais para a proteção e
José Serra a preservação do meio ambiente, com relação à
José Sarney Filho passagem de navios;
212
DECRETO Nº 4.136, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2002
IV – navio: embarcação de qualquer tipo que XIV – lixo: todo tipo de sobra de víveres e resí-
opere no ambiente aquático, inclusive hidrofólios, duos resultantes de faxinas e trabalhos rotineiros
veículos a colchão de ar, submersíveis e outros en- nos navios, portos organizados, instalações por-
genhos flutuantes; tuárias, plataformas e suas instalações de apoio;
V – plataforma: instalação ou estrutura, fixa ou XV – tanque de resíduos: qualquer tanque des-
móvel, localizada em águas sob jurisdição nacio- tinado especificamente a depósito provisório dos
nal, destinada a atividade direta ou indiretamente líquidos de drenagem e lavagem de tanques e ou-
relacionada com a pesquisa e a lavra de recursos tras misturas e resíduos;
minerais oriundos do leito das águas interiores ou XVI – alijamento: todo despejo deliberado de
de seu subsolo ou do mar, da plataforma conti- resíduos e outras substâncias efetuado por em-
nental ou de seu subsolo; barcações, plataformas, aeronaves e outras ins-
VI – instalações de apoio: quaisquer instalações talações, inclusive seu afundamento intencional
ou equipamentos de apoio à execução das ativi- em águas sob jurisdição nacional;
dades das plataformas ou instalações portuárias XVII – plano de emergência: conjunto de medi-
de movimentação de cargas a granel, tais como das que determinam e estabelecem as responsa-
dutos, monobóias, quadro de bóias para amarra- bilidades setoriais e as ações a serem desenca-
ção de navios e outras; deadas imediatamente após um incidente, bem
VII – óleo: qualquer forma de hidrocarboneto como definem os recursos humanos, materiais e
(petróleo e seus derivados), incluindo óleo cru, equipamentos adequados à prevenção, controle
óleo combustível, borra, resíduos de petróleo e e combate à poluição das águas;
produtos refinados; XVIII – plano de contingência: conjunto de pro-
VIII – mistura oleosa: mistura de água e óleo, em cedimentos e ações que visam à integração dos
qualquer proporção; diversos planos de emergência setoriais, bem
IX – substância nociva ou perigosa: qualquer como a definição dos recursos humanos, mate-
substância que, se descarregada nas águas, é riais e equipamentos complementares para a pre-
capaz de gerar riscos ou causar danos à saúde venção, controle e combate à poluição das águas;
humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar XIX – órgão ambiental competente: órgão de
o uso da água e de seu entorno; proteção e controle ambiental do poder execu-
X – descarga: qualquer despejo, escape, der- tivo federal, estadual ou municipal, integrante do
rame, vazamento, esvaziamento, lançamento para Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama),
fora ou bombeamento de substâncias nocivas ou responsável pelo licenciamento ambiental das
perigosas, em qualquer quantidade, a partir de atividades de um porto organizado, instalação
um navio, porto organizado, instalação portuária, portuária e plataforma e de suas correspondentes
duto, plataforma ou suas instalações de apoio; instalações de apoio, bem como pela fiscalização
XI – porto organizado: porto construído e apare- dessas unidades quanto às exigências previstas
lhado para atender às necessidades da navegação no referido licenciamento, no âmbito de suas
e da movimentação e armazenagem de mercado- competências;
rias, concedido ou explorado pela União, cujo trá- XX – autoridade marítima: autoridade exer-
fego e operações portuárias estejam sob a jurisdi- cida diretamente pelo Comandante da Marinha,
ção de uma autoridade portuária; responsável pela salvaguarda da vida humana
XII – instalação portuária ou terminal: instala- e segurança da navegação no mar aberto e hi-
ção explorada por pessoa jurídica de direito pú- drovias interiores, bem como pela prevenção
blico ou privado, dentro ou fora da área do porto da poluição ambiental causada por navios, pla-
organizado, utilizada na movimentação e armaze- taformas e suas instalações de apoio, além de
nagem de mercadorias destinadas ou provenien- outros cometimentos a ela conferidos pela Lei
tes de transporte aquaviário; nº 9.966, de 2000;
XIII – incidente: qualquer descarga de substân- XXI – autoridade portuária: autoridade respon-
cia nociva ou perigosa, decorrente de fato ou ação sável pela administração do porto organizado,
intencional ou acidental que ocasione risco poten- competindo-lhe fiscalizar as operações portuá-
cial, dano ao meio ambiente ou à saúde humana; rias e zelar para que os serviços se realizem com
213
regularidade, eficiência, segurança e respeito ao CAPÍTULO II
meio ambiente; DAS INFRAÇÕES E PENALIDAES
XXII – órgão regulador da indústria do petró- Seção I
leo: órgão do poder executivo federal, responsá- Das Disposições Gerais
vel pela regulação, contratação e fiscalização das Art. 4º As infrações, para efeito de aplicação de
atividades econômicas da indústria do petróleo, multa, classificam-se em grupos, por faixas, de
sendo tais atribuições exercidas pela Agência Na- modo a permitir a sua adequada gradação em
cional do Petróleo (ANP); função da gravidade da infração, sendo seus va-
XXIII – auditoria ambiental: é o instrumento lores estabelecidos no Anexo I deste Decreto.
pelo qual se avalia os sistemas de gestão e con- Art. 5º Para efeito deste Decreto, respondem pela
trole ambiental em porto organizado, instalação infração, na medida de sua ação ou omissão:
portuária, plataforma e suas instalações de apoio I – o proprietário do navio, pessoa física ou jurí-
e dutos, a ser realizada por órgão ou setor que não dica, ou quem legalmente o represente;
esteja sendo objeto da própria auditoria, ou por II – o armador ou operador do navio, caso este
terceira parte; e não esteja sendo armado ou operado pelo pro-
XXIV – dutos: instalações, associadas ou não à prietário;
plataforma ou instalação portuária, destinadas à III – o concessionário ou a empresa autorizada
movimentação de óleo e outras substâncias no- a exercer atividades pertinentes à indústria do
civas ou perigosas. petróleo;
IV – o comandante ou tripulante do navio;
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, são conside- V – a pessoa física ou jurídica, de direito público
radas águas sob jurisdição nacional: ou privado, que legalmente represente o porto or-
I – águas interiores: ganizado, a instalação portuária, a plataforma e
a) as compreendidas entre a costa e a linha de suas instalações de apoio, o estaleiro, a marina,
base reta, a partir de onde se mede o mar terri- o clube náutico ou instalação similar; e
torial; VI – o proprietário da carga.
b) as dos portos; Art. 6º A infração será constatada e a responsabi-
c) as das baías; lidade identificada no momento em que for prati-
d) as dos rios e de suas desembocaduras; cada a infração ou mediante apuração em proce-
e) as dos lagos, das lagoas e dos canais; dimento administrativo, de acordo com as normas
f) as dos arquipélagos; internas de cada órgão competente para apuração.
g) as águas entre os baixios a descoberto e a Art. 7º São autoridades competentes para lavrar
costa; auto de infração os agentes da autoridade marí-
II – águas marítimas, todas aquelas sob juris- tima, dos órgãos ambientais federal, estaduais e
dição nacional que não sejam interiores, a saber: municipais e do órgão regulador da indústria do
a) as águas abrangidas por uma faixa de doze petróleo, no âmbito de suas respectivas compe-
milhas marítimas de largura, medidas a partir tências.
da linha de base reta e da linha de baixa-mar, tal Art. 8º Qualquer pessoa que constate a ocorrên-
como indicada nas cartas náuticas de grande es- cia de fato que possa se caracterizar como possí-
cala, reconhecidas oficialmente no Brasil (mar vel infração de que trata este Decreto poderá co-
territorial); municá-lo às autoridades relacionadas no art. 7º,
b) as águas abrangidas por uma faixa que se para que se possa realizar a devida apuração.
estende das doze às duzentas milhas marítimas, Art. 9º As infrações dispostas nas Subseções VI a
contadas a partir das linhas de base que servem XVII da Seção II deste Capítulo serão punidas com
para medir o mar territorial, que constituem a as seguintes sanções:
zona econômica exclusiva-ZEE; e I – advertência;
c) as águas sobrejacentes à plataforma conti- II – multa simples;
nental quando esta ultrapassar os limites da ZEE. III – multa diária;
214
DECRETO Nº 4.136, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2002
II – o navio não se encontrar dentro dos limites Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima
de área ecologicamente sensível, conforme repre- autuar e multar os infratores nas situações pre-
sentado nas cartas náuticas nacionais; e vistas neste artigo.
III – os procedimentos para descarga sejam Subseção XI
aprovados pelo órgão ambiental competente: Das Infrações Relativas à Descarga de
Penalidade – multa do Grupo C. Esgoto Sanitário e Águas Servidas por
Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima Portos Organizados, Instalações Portuárias
autuar e multar os infratores nas situações pre- e Dutos não Associados a Plataforma
vistas neste artigo. Art. 35. Efetuarem os portos organizados, insta-
Subseção IX lações portuárias e dutos não associados a pla-
Das Infrações Relativas à Descarga de taforma a descarga de esgoto sanitário e águas
Substâncias Classificadas nas Categorias servidas em desacordo com os procedimentos
B, C e D, bem como Água de Lastro, aprovados pelo órgão ambiental competente:
Resíduos de Lavagem de Tanques e Outras Penalidade – multa do Grupo B.
Misturas que as Contenham por Portos Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental com-
Organizados, Instalações Portuárias e
petente autuar e multar os infratores nas situa-
Dutos não Associados a Plataforma
ções previstas neste artigo.
Art. 33. Efetuarem os portos organizados, insta-
Subseção XII
lações portuárias e dutos não associados a pla-
Das Infrações Relativas à Descarga de Óleo
taforma a descarga de substâncias classificadas e Misturas Oleosas e Lixo por Navios e
nas categorias B, C e D, conforme definidas no Plataformas com suas Instalações de Apoio
art. 4º da Lei nº 9.966, de 2000, bem como água
Art. 36. Efetuarem os navios ou plataformas com
de lastro, resíduos de lavagem de tanques e ou-
suas instalações de apoio a descarga de óleo, mis-
tras misturas que as contenham, salvo nas condi-
turas oleosas e lixo, sem atender as seguintes con-
ções de descarga aprovadas pelo órgão ambiental
dições:
competente:
I – a situação em que ocorrer o lançamento en-
Penalidade – multa do Grupo D.
quadrar-se nos casos permitidos pela Marpol 73/78;
Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental com-
II – o navio ou a plataforma não se encontrar
petente autuar e multar os infratores nas situa-
dentro dos limites de área ecologicamente sen-
ções previstas neste artigo.
sível, conforme representado nas cartas náuticas
Subseção X nacionais; e
Das Infrações Relativas à Descarga de Esgotos III – os procedimentos para descarga por navio
Sanitários e Águas Servidas por Navios e e plataforma com suas instalações de apoio sejam
Plataformas com suas Instalações de Apoio
aprovados pelo órgão ambiental competente:
Art. 34. Efetuarem os navios ou plataformas com Penalidade – multa do Grupo E.
suas instalações de apoio a descarga de esgotos § 1º No caso específico de plataforma, os proce-
sanitários e águas servidas, salvo se atendidas as dimentos para descarga devem ser observados no
seguintes condições: processo de licenciamento ambiental.
I – a situação em que ocorrer o lançamento por § 2º Cabe ao órgão ambiental competente au-
navio enquadrar-se nos casos permitidos pela tuar e multar as plataformas e suas instalações
Marpol 73/78; de apoio quando a descarga for decorrente de
II – o navio não se encontrar dentro dos limites descumprimento de exigência prevista no licen-
de área ecologicamente sensível, conforme repre- ciamento ambiental.
sentado nas cartas náuticas nacionais; e § 3º Cabe à autoridade marítima autuar e mul-
III – os procedimentos para descarga sejam tar os navios, as plataformas e suas instalações
aprovados pelo órgão ambiental competente: de apoio nas situações não previstas no parágrafo
Penalidade – multa do Grupo A. anterior.
219
Subseção XIII Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima
Das Infrações Relativas à Descarga de autuar e multar os infratores nas situações pre-
Óleo e Misturas Oleosas e Lixo por Portos vistas neste artigo.
Organizados, Instalações Portuárias e
Art. 41. Efetuarem os portos organizados e insta-
Dutos não Associados a Plataforma
lações portuárias a descarga de qualquer tipo de
Art. 37. Efetuarem os portos organizados, insta- plástico, cabos sintéticos, redes de pesca e sacos
lações portuárias e dutos não associados a plata- plásticos:
forma a descarga de óleo, misturas oleosas e lixo, Penalidade – multa do Grupo E.
salvo nas condições de descarga aprovadas pelo Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental com-
órgão ambiental competente: petente autuar e multar os infratores nas situa-
Penalidade – multa do Grupo E. ções previstas neste artigo.
Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental com- Subseção XVI
petente autuar e multar os infratores nas situa- Das Infrações Relativas à Descarga de
ções previstas nesta subseção. Óleo, Misturas Oleosas, Substâncias
Nocivas ou Perigosas de qualquer
Subseção XIV
Categoria e Lixo por Navios e Plataformas
Das Infrações Relativas à Descarga de Água com suas Instalações de Apoio
de Processo ou de Produção por Navios e
Plataformas com suas Instalações de Apoio Art. 42. Efetuarem os navios ou plataformas com
suas instalações de apoio a descarga de óleo, mis-
Art. 38. Efetuarem os navios ou plataformas com
turas oleosas, substâncias nocivas ou perigosas
suas instalações de apoio o descarte contínuo de
de qualquer categoria e lixo, para fins de pesquisa,
água de processo ou de produção em desacordo sem atender as seguintes condições:
com a regulamentação ambiental específica: I – seja autorizada pelo órgão ambiental com-
Penalidade – multa do Grupo C. petente;
Parágrafo único. Cabe ao órgão ambiental com- II – esteja presente, no local e hora da descarga,
petente autuar e multar os infratores na situação pelo menos um representante do órgão ambien-
prevista neste artigo. tal competente que autorizou a descarga; e
Art. 39. Efetuarem o navio ou plataforma com III – o responsável pela descarga coloque à dis-
suas instalações de apoio a descarga de água de posição, no local e hora em que ela ocorrer, pes-
soal especializado, equipamentos e materiais de
processo ou de produção em desacordo com os
eficiência comprovada na contenção e eliminação
procedimentos aprovados pela autoridade marí-
dos efeitos esperados:
tima:
Penalidade – multa do Grupo E.
Penalidade – multa do Grupo C.
Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima
Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima
autuar e multar os infratores nas situações pre-
autuar e multar os infratores na situação prevista
vistas neste artigo.
neste artigo.
Art. 43. Efetuarem os navios ou plataformas com
Subseção XV suas instalações de apoio a descarga de óleo, mis-
Das Infrações Relativas à Descarga de turas oleosas, substâncias nocivas ou perigosas
qualquer Tipo de Plástico, Cabos Sintéticos,
de qualquer categoria e lixo, exceto nas situações
Redes de Pesca e Sacos Plásticos por Navios
previstas nas Subseções VI, VIII, X, XII, XIV e XVI da
ou Plataformas com suas Instalações de Apoio,
Seção II deste Capítulo, sem comprovar a excep-
Portos Organizados e Instalações Portuárias
cionalidade nos casos de salvaguarda da vida hu-
Art. 40. Efetuarem o navio ou a plataforma com mana e segurança do navio:
suas instalações de apoio a descarga de qualquer Penalidade – multa do Grupo E.
tipo de plástico, cabos sintéticos, redes de pesca Parágrafo único. Cabe à autoridade marítima
e sacos plásticos: autuar e multar os infratores nas situações pre-
Penalidade – multa do Grupo E. vistas neste artigo.
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DECRETO Nº 4.136, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2002
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DECRETO Nº 4.871, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2003
223
Art. 3º Os Planos de Emergência Individuais, nas Art. 4º O Plano de Área deverá conter, no mínimo,
áreas de abrangência sujeitas ao risco de poluição, os seguintes elementos:
serão consolidados em um único Plano de Área, I – mapa de sensibilidade ambiental, conforme
que deverá estabelecer os mecanismos de ação as especificações e normas técnicas para elabo-
conjunta a serem implementados. (Caput do artigo ração de cartas de sensibilidade ambiental para
com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) derramamento de óleo – Cartas SAO;
§ 1º O Plano de Área será elaborado pelos res- II – identificação dos cenários acidentais que
ponsáveis por entidades exploradoras de portos requeiram o acionamento do Plano de Área, de-
organizados e instalações portuárias, plataformas finidos em função da sensibilidade ambiental da
e respectivas instalações de apoio, sob a coorde- região, da magnitude do derramamento e das po-
nação do órgão ambiental competente. (Parágrafo tenciais consequências do incidente de poluição
com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) por óleo;
§ 2º Incumbe ao órgão ambiental competente: III – sistema de informações atualizado con-
I – coordenar a elaboração do Plano de Área, tendo, no mínimo: (Caput do inciso com redação dada
articulando-se com as instituições públicas e pri- pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
vadas envolvidas; a) delimitação geográfica, com a localização
II – proceder à convocação oficial para realiza- das instalações e infra-estrutura de apoio;
ção do trabalho de consolidação; (Inciso com reda- b) cartas náuticas, cartas de corrente e cartas
ção dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) sinóticas;
III – convocar oficialmente novos empreende- c) malha rodoviária, ferroviária, dutoviária e ae-
dores que venham a se instalar em regiões que já roviária, com suas respectivas capacidades opera-
possuem plano de área; (Inciso com redação dada pelo cionais e rede de contatos; (Alínea com redação dada
Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
IV – definir a área de abrangência do plano de d) facilidades portuárias;
área e seus respectivos limites geográficos; e (Inciso e) áreas de concentração humana;
com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) f) informações meteorológicas; (Alínea com reda-
V – elaborar cronograma de convocação para ção dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
todas as instalações, mediante a notificação de g) registros de incidentes de poluição na área
seus responsáveis e a publicidade dos atos. (Inciso geográfica abrangida pelo Plano de Área; e (Alínea
acrescido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) acrescida pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
§ 3º Cada Plano de Área deverá estar concluído h) Planos de Emergência Individuais das instala-
no prazo de um ano, contado da data de convo- ções integrantes do Plano de Área, inclusive as aná-
cação, podendo ser prorrogado pelo prazo de no- lises de risco e as modelagens de dispersão de óleo.
venta dias, a critério do órgão ambiental compe- (Alínea acrescida pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
tente. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 8.127, IV – inventário e localização de recursos huma-
de 22/10/2013) nos e materiais disponíveis na área para resposta
§ 4º Na elaboração dos Planos de Área deverão aos incidentes de poluição por óleo, incluindo
ser considerados, além dos recursos previstos nos aqueles previstos nos Planos de Emergência In-
Planos de Emergência Individuais, as ações con- dividuais das instalações;
juntas e outros elementos necessários para a res- V – critérios para a disponibilização e reposição
posta a quaisquer incidentes de poluição por óleo. ou ressarcimento dos recursos previstos nos Pla-
§ 5º Nos casos em que a área de abrangência nos de Emergência Individuais e utilizados pelo
do plano envolva empreendimentos cujo licen- Plano de Área, inclusive nos casos de incidentes de
ciamento esteja a cargo de diferentes esferas da poluição por óleo de origem desconhecida; (Inciso
administração pública, o plano de área deverá ser com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
elaborado de forma conjunta, devendo a respon- VI – critérios e procedimentos para acionamen-
sabilidade pela coordenação ser definida pelas to e mobilização do Plano de Área; (Inciso com reda-
entidades envolvidas. (Parágrafo com redação dada ção dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) VII – plano de comunicações, abrangendo pro-
§ 6º (Revogado pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) tocolos, recursos e procedimentos; (Inciso com reda-
§ 7º (Revogado pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) ção dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
224
DECRETO Nº 4.871, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2003
VIII – programas de treinamento e de exercícios em vigor das Cartas SAO, que serão homologadas,
simulados conjuntos; (Inciso com redação dada pelo utilizar-se-ão os mapas de sensibilidade existentes.
Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
Art. 5º O Plano de Área deverá garantir a capa-
IX – instrumentos que permitam a integração cidade de resposta definida nos Planos de Emer-
com outros Planos de Área e acordos de coopera- gência Individuais das instalações acionadas em
ção com outras instituições; um incidente de poluição por óleo, até que estas
X – critérios para encerramento das ações do instalações recuperem plenamente sua capaci-
Plano de Área; dade de resposta.
XI – critérios para monitoramento das áreas § 1º Na ocorrência de perdas ou avarias de equi-
afetadas após o encerramento das operações de pamentos utilizados na mitigação dos impactos
emergência e de avaliação dos danos provocados ambientais do incidente de poluição por óleo, du-
pelo incidente de poluição por óleo, em comum rante o acionamento do Plano de Área, incumbirá
acordo com os órgãos ambientais competentes; (In- à instalação cedente dos equipamentos elaborar
ciso com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) projeto de recuperação de sua capacidade de res-
XII – procedimentos para articulação coorde- posta prevista no Plano de Emergência Individual.
nada entre as instalações e instituições envolvi- § 2º O projeto de recuperação a que se refere
das no Plano de Área, considerando o Sistema o § 1º deste artigo deverá ser submetido à apre-
de Comando de Incidentes; (Primitivo inciso onze, re- ciação do órgão ambiental competente no prazo
numerado e com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de de trinta dias a contar da data de encerramento
22/10/2013) da atuação do Plano de Área.
XIII – procedimentos de resposta nos casos de in-
Art. 6º A coordenação das ações de resposta pre-
cidentes de poluição por óleo de origem desconhe-
vistas no Plano de Área será exercida:
cida ou de impossibilidade de identificação ime-
I – pelo coordenador designado pela instalação
diata do poluidor; (Primitivo inciso doze, renumerado e
poluidora, no caso de poluição de origem conhe-
com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
cida; ou (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 8.127,
XIV – manual de procedimento compartilhado
de 22/10/2013)
para o gerenciamento dos riscos de poluição, e
II – por coordenador designado segundo crité-
para a gestão dos diversos resíduos gerados ou
rios estabelecidos no Plano de Área, nos demais
provenientes do incidente de poluição por óleo;
casos.
(Inciso acrescido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
§ 1º O plano de Área será acionado por solicita-
XV – manual, em linguagem acessível, sobre os
ção da instalação poluidora, no caso de poluição
riscos e perigos englobados no Plano de Área e
de origem conhecida, ou por quaisquer das insta-
seus requisitos de inspeções periódicas, de emer-
lações participantes, no caso de poluição de ori-
gência e de segurança ocupacional e processo de
gem desconhecida. (Parágrafo acrescido pelo Decreto
produção, a ser distribuído entre os funcionários
nº 8.127, de 22/10/2013)
das operadoras e dos prestadores de serviços, e às
§ 2º O Plano de Área poderá também ser acio-
entidades governamentais que podem ser envolvi-
nado por iniciativa do Coordenador Operacional
das na resposta ao incidente de poluição por óleo;
do Plano Nacional de Contingência. (Parágrafo acres-
e (Inciso acrescido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
cido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
XVI – procedimentos para assegurar que todos
§ 3º Caberá ao coordenador designado emitir
itens contaminados sejam limpos e devolvidos à
o relatório de custos da ação, para fins de ressar-
condição de limpeza mutuamente acordada com
cimento, quando couber. (Primitivo parágrafo único,
o proprietário do equipamento, incluindo navios,
renumerado e com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de
barcaças, lanchas, barreiras de contenção, ferra-
22/10/2013)
mentas, mangueiras, maquinaria e outras engre-
nagens e equipamentos que podem ser impacta- Art. 7º O Plano de Área deverá prever estrutura
dos por meio do óleo descarregado no incidente. organizacional composta por um Comitê de Área,
(Inciso acrescido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
cuja coordenação será exercida por uma das ins-
Parágrafo único. No período compreendido tituições integrantes do referido Plano.
entre o início de vigência deste Decreto e a entrada Art. 8º São atribuições do Comitê de Área:
225
I – elaborar seu regimento interno; numerado e com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de
II – definir as atribuições e responsabilidades 22/10/2013)
dos seus componentes; XIV – enviar ao órgão ambiental competente o
III – reunir-se periodicamente em intervalos es- relatório de desempenho do Plano de Área, em até
tabelecidos no seu regimento interno; sessenta dias após o encerramento das operações
IV – providenciar o atendimento aos elementos de resposta a um incidente, contendo a avaliação
definidos no art. 4º; (Inciso com redação dada pelo De- de desempenho do Plano, conforme o Anexo; (In-
creto nº 8.127, de 22/10/2013) ciso acrescido pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
V – garantir que o Plano de Área esteja em con- XV – disponibilizar ao órgão ambiental compe-
formidade com o plano nacional de contingên- tente, à Marinha do Brasil, à autoridade portuária
cia; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de e à ANP, quando solicitado, outras informações
22/10/2013) referentes à resposta aos incidentes nos quais o
VI – promover a cultura sobre segurança opera- Plano de Área tenha sido acionado; (Inciso acrescido
cional e gerenciamento de riscos entre os operado- pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
res e prestadores de serviços; (Inciso com redação dada XVI – deliberar sobre os casos omissos no regi-
pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) mento interno; e (Primitivo inciso treze, renumerado e
VII – realizar pesquisas sobre gestão de segu- com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
rança e a cultura de segurança entre os funcioná- XVII – Submeter o Plano de Área à aprovação do
rios das operadoras e dos prestadores de servi- órgão ambiental competente. (Inciso acrescido pelo
ços; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 8.127, de Decreto nº 8.127, de 22/10/2013)
22/10/2013) Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua
VIII – promover a realização, entre as entidades publicação.
exploradoras de portos organizados e instalações Brasília, 6 de novembro de 2003; 182º da
portuárias e os proprietários ou operadores de Independência e 115º da República.
plataformas e suas instalações de apoio, de au-
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
ditorias ambientais bienais independentes, com
Marina Silva
o objetivo de avaliar os sistemas de gestão e con-
trole ambiental em suas unidades; (Inciso com reda- Anexo
ção dada pelo Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) Relatório de desempenho do plano
IX – definir as informações que deverão cons- de área (requisitos mínimos)
tar do relatório de custos da ação; (Primitivo inciso 1. IDENTIFICAÇÃO
quinto, renumerado e com redação dada pelo Decreto a) do Plano de Área;
nº 8.127, de 22/10/2013) b) do Coordenador do Plano de Área; e
X – aprovar o relatório de custos da ação; (Pri- c) das instalações e instituições integrantes do
mitivo inciso sexto, renumerado e com redação dada pelo Plano de Área.
Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) 2. DESCRIÇÃO DO INCIDENTE
XI – estabelecer critérios mutuamente acor- a) data e hora da ocorrência;
dados para o pagamento dos serviços prestados b) data e hora da observação;
pela instalação cedente nas ações de resposta e c) origem do incidente;
para o ressarcimento por perdas e danos em ma- d) causa provável;
teriais e equipamentos; (Inciso com redação dada pelo e) localização geográfica do incidente;
Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) f) tipo do óleo derramado;
XII – avaliar o Plano de Área após seu aciona- g) volume estimado do óleo derramado; e
mento, quando da realização de exercícios simu- h) condições meteorológicas e hidrodinâmicas
lados e da alteração de Planos de Emergência na ocasião do incidente.
Individual, alterando-o, quando necessário; (Pri- 3. ACIONAMENTO DO PLANO DE ÁREA
mitivo inciso oitavo, renumerado e com redação dada pelo 3. 1. Motivos do acionamento
Decreto nº 8.127, de 22/10/2013) 3. 2. Mobilização:
XIII – estabelecer procedimentos para manter a) data e hora da solicitação para o aciona-
atualizado o Plano de Área; (Primitivo inciso nono, re- mento do Plano;
226
DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
dade similares às dos resíduos domésticos, que, IV – tratamento e disposição final de águas plu-
por decisão do titular, sejam considerados resí- viais urbanas.
duos sólidos urbanos, desde que tais resíduos não Art. 16. A cobrança pela prestação do serviço pú-
sejam de responsabilidade de seu gerador nos ter- blico de manejo de águas pluviais urbanas deverá
mos da norma legal ou administrativa, de decisão levar em conta, em cada lote urbano, o percentual
judicial ou de termo de ajustamento de conduta; e de área impermeabilizada e a existência de dispo-
III – resíduos originários dos serviços públicos sitivos de amortecimento ou de retenção da água
de limpeza pública urbana, tais como: pluvial, bem como poderá considerar:
a) serviços de varrição, capina, roçada, poda e I – nível de renda da população da área aten-
atividades correlatas em vias e logradouros pú- dida; e
blicos; II – características dos lotes urbanos e as áreas
b) asseio de túneis, escadarias, monumentos, que podem ser neles edificadas.
abrigos e sanitários públicos;
Seção VI
c) raspagem e remoção de terra, areia e quais-
Da Interrupção dos Serviços
quer materiais depositados pelas águas pluviais
em logradouros públicos; Art. 17. A prestação dos serviços públicos de sa-
d) desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de neamento básico deverá obedecer ao princípio
lobo e correlatos; e da continuidade, podendo ser interrompida pelo
e) limpeza de logradouros públicos onde se rea- prestador nas hipóteses de:
lizem feiras públicas e outros eventos de acesso I – situações que atinjam a segurança de pessoas
aberto ao público. e bens, especialmente as de emergência e as que
coloquem em risco a saúde da população ou de
Art. 13. Os planos de saneamento básico deve- trabalhadores dos serviços de saneamento básico;
rão conter prescrições para manejo dos resíduos II – manipulação indevida, por parte do usuário,
sólidos urbanos, em especial dos originários de da ligação predial, inclusive medidor, ou qualquer
construção e demolição e dos serviços de saúde, outro componente da rede pública; ou
além dos resíduos referidos no art. 12. III – necessidade de efetuar reparos, modifica-
Art. 14. A remuneração pela prestação de serviço ções ou melhorias nos sistemas por meio de inter-
público de manejo de resíduos sólidos urbanos rupções programadas.
deverá levar em conta a adequada destinação dos § 1º Os serviços de abastecimento de água,
resíduos coletados, bem como poderá considerar: além das hipóteses previstas no caput, poderão
I – nível de renda da população da área aten- ser interrompidos pelo prestador, após aviso ao
dida; usuário, com comprovação do recebimento e an-
II – características dos lotes urbanos e áreas tecedência mínima de trinta dias da data prevista
neles edificadas; para a suspensão, nos seguintes casos:
III – peso ou volume médio coletado por habi- I – negativa do usuário em permitir a instalação
tante ou por domicílio; ou de dispositivo de leitura de água consumida; ou
IV – mecanismos econômicos de incentivo à mi- II – inadimplemento pelo usuário do pagamento
nimização da geração de resíduos e à recuperação devido pela prestação do serviço de abasteci-
dos resíduos gerados. mento de água.
§ 2º As interrupções programadas serão previa-
Seção V mente comunicadas ao regulador e aos usuários
Dos Serviços Públicos de Manejo no prazo estabelecido na norma de regulação,
de Águas Pluviais Urbanas
que preferencialmente será superior a quarenta
Art. 15. Consideram-se serviços públicos de ma- e oito horas.
nejo das águas pluviais urbanas os constituídos § 3º A interrupção ou a restrição do forneci-
por uma ou mais das seguintes atividades: mento de água por inadimplência a estabele-
I – drenagem urbana; cimentos de saúde, a instituições educacionais
II – transporte de águas pluviais urbanas; e de internação coletiva de pessoas e a usuário
III – detenção ou retenção de águas pluviais ur- residencial de baixa renda beneficiário de tarifa
banas para amortecimento de vazões de cheias, e social deverá obedecer a prazos e critérios que
231
preservem condições mínimas de manutenção § 3º Para o cumprimento do caput, a autori-
da saúde das pessoas atingidas. dade ambiental competente estabelecerá metas
progressivas para que a qualidade dos efluentes
CAPÍTULO IV
DA RELAÇÃO DOS SERVIÇOS de unidades de tratamento de esgotos sanitários
PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO atendam aos padrões das classes dos corpos hí-
COM OS RECURSOS HÍDRICOS dricos receptores, a partir dos níveis presentes de
Art. 18. Os recursos hídricos não integram os ser- tratamento, da tecnologia disponível e conside-
viços públicos de saneamento básico. rando a capacidade de pagamento dos usuários
Parágrafo único. A prestação de serviços públi- envolvidos.
cos de saneamento básico deverá ser realizada § 4º O Conselho Nacional de Meio Ambiente e o
com base no uso sustentável dos recursos hídricos. Conselho Nacional de Recursos Hídricos editarão,
no âmbito de suas respectivas competências, nor-
Art. 19. Os planos de saneamento básico deverão
mas para o cumprimento do disposto neste artigo.
ser compatíveis com os planos de recursos hídri-
cos das bacias hidrográficas em que os Municípios TÍTULO II
estiverem inseridos. DAS DIRETRIZES PARA OS SERVIÇOS
PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO
Art. 20. A utilização de recursos hídricos na pres-
CAPÍTULO I
tação de serviços públicos de saneamento básico,
DO EXERCÍCIO DA TITULARIDADE
inclusive para disposição ou diluição de esgotos
e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de Art. 23. O titular dos serviços formulará a respec-
direito de uso. tiva política pública de saneamento básico, de-
vendo, para tanto:
Art. 21. Em situação crítica de escassez ou conta-
I – elaborar os planos de saneamento básico,
minação de recursos hídricos que obrigue à ado-
observada a cooperação das associações repre-
ção de racionamento, declarada pela autoridade
sentativas e da ampla participação da população
gestora de recursos hídricos, o ente regulador
e de associações representativas de vários seg-
poderá adotar mecanismos tarifários de contin-
mentos da sociedade, como previsto no art. 2º,
gência, com objetivo de cobrir custos adicionais
inciso II, da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro
II – prestar diretamente os serviços ou autorizar
da prestação do serviço e a gestão da demanda.
a sua delegação;
Parágrafo único. A tarifa de contingência, caso
III – definir o ente responsável pela sua regula-
adotada, incidirá, preferencialmente, sobre os
ção e fiscalização, bem como os procedimentos
consumidores que ultrapassarem os limites defi-
de sua atuação;
nidos no racionamento.
IV – adotar parâmetros para a garantia do aten-
CAPÍTULO V dimento essencial à saúde pública;
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL V – fixar os direitos e os deveres dos usuários;
Art. 22. O licenciamento ambiental de unidades VI – estabelecer mecanismos de participação e
de tratamento de esgoto sanitário e de efluentes controle social; e
gerados nos processos de tratamento de água VII – estabelecer sistema de informações sobre
considerará etapas de eficiência, a fim de alcan- os serviços, articulado com o Sistema Nacional de
çar progressivamente os padrões definidos pela Informações em Saneamento (Sinisa).
legislação ambiental e os das classes dos corpos § 1º O titular poderá, por indicação da entidade
hídricos receptores. reguladora, intervir e retomar a prestação dos ser-
§ 1º A implantação das etapas de eficiência de viços delegados nas hipóteses previstas nas nor-
tratamento de efluentes será estabelecida em fun- mas legais, regulamentares ou contratuais.
ção da capacidade de pagamento dos usuários. § 2º Inclui-se entre os parâmetros mencionados
§ 2º A autoridade ambiental competente esta- no inciso IV do caput o volume mínimo per capita
belecerá procedimentos simplificados de licencia- de água para abastecimento público, observadas
mento para as atividades a que se refere o caput, as normas nacionais sobre a potabilidade da água.
em função do porte das unidades e dos impactos § 3º Ao Sistema Único de Saúde (SUS), por meio
ambientais esperados. de seus órgãos de direção e de controle social,
232
DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
compete participar da formulação da política e elaborar planos específicos para um ou mais des-
da execução das ações de saneamento básico, ses serviços.
por intermédio dos planos de saneamento básico. § 2º A consolidação e compatibilização dos pla-
CAPÍTULO II nos específicos deverão ser efetuadas pelo titular,
DO PLANEJAMENTO inclusive por meio de consórcio público do qual
participe.
Art. 24. O processo de planejamento do sanea-
§ 3º O plano de saneamento básico, ou o even-
mento básico envolve:
I – o plano de saneamento básico, elaborado tual plano específico, poderá ser elaborado me-
pelo titular; diante apoio técnico ou financeiro prestado por
II – o Plano Nacional de Saneamento Básico outros entes da Federação, pelo prestador dos
(PNSB), elaborado pela União; e serviços ou por instituições universitárias ou de
III – os planos regionais de saneamento básico pesquisa científica, garantida a participação das
elaborados pela União nos termos do inciso II do comunidades, movimentos e entidades da socie-
art. 52 da Lei nº 11.445, de 2007. dade civil.
§ 1º O planejamento dos serviços públicos de § 4º O plano de saneamento básico será revisto
saneamento básico atenderá ao princípio da soli- periodicamente, em prazo não superior a quatro
dariedade entre os entes da Federação, podendo anos, anteriormente à elaboração do plano plu-
desenvolver-se mediante cooperação federativa. rianual.
§ 2º O plano regional poderá englobar apenas § 5º O disposto no plano de saneamento básico
parte do território do ente da Federação que o é vinculante para o Poder Público que o elaborou
elaborar. e para os delegatários dos serviços públicos de
Art. 25. A prestação de serviços públicos de sa- saneamento básico.
neamento básico observará plano editado pelo § 6º Para atender ao disposto no § 1º do art. 22,
titular, que atenderá ao disposto no art. 19 e que o plano deverá identificar as situações em que
abrangerá, no mínimo: não haja capacidade de pagamento dos usuários
I – diagnóstico da situação e de seus impactos e indicar solução para atingir as metas de univer-
nas condições de vida, utilizando sistema de indi- salização.
cadores de saúde, epidemiológicos, ambientais, § 7º A delegação de serviço de saneamento
inclusive hidrológicos, e socioeconômicos e apon- básico observará o disposto no plano de sanea-
tando as causas das deficiências detectadas; mento básico ou no eventual plano específico.
II – metas de curto, médio e longo prazos, com o § 8º No caso de serviços prestados mediante
objetivo de alcançar o acesso universal aos servi- contrato, as disposições de plano de saneamento
ços, admitidas soluções graduais e progressivas e básico, de eventual plano específico de serviço ou
observada a compatibilidade com os demais pla- de suas revisões, quando posteriores à contrata-
nos setoriais; ção, somente serão eficazes em relação ao pres-
III – programas, projetos e ações necessários tador mediante a preservação do equilíbrio eco-
para atingir os objetivos e as metas, de modo nômico-financeiro.
compatível com os respectivos planos plurianuais § 9º O plano de saneamento básico deverá en-
e com outros planos governamentais correlatos, globar integralmente o território do titular.
identificando possíveis fontes de financiamento;
§ 10. Os titulares poderão elaborar, em con-
IV – ações para situações de emergências e con-
junto, plano específico para determinado serviço,
tingências; e
ou que se refira à apenas parte de seu território.
V – mecanismos e procedimentos para avalia-
§ 11. Os planos de saneamento básico deverão
ção sistemática da eficiência e eficácia das ações
ser compatíveis com o disposto nos planos de ba-
programadas.
cias hidrográficas.
§ 1º O plano de saneamento básico deverá
abranger os serviços de abastecimento de água, Art. 26. A elaboração e a revisão dos planos de
de esgotamento sanitário, de manejo de resí- saneamento básico deverão efetivar-se, de forma
duos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de a garantir a ampla participação das comunidades,
águas pluviais, podendo o titular, a seu critério, dos movimentos e das entidades da sociedade
233
civil, por meio de procedimento que, no mínimo, Seção II
deverá prever fases de: Do Exercício da Função de Regulação
I – divulgação, em conjunto com os estudos que Subseção I
os fundamentarem; Das Disposições Gerais
II – recebimento de sugestões e críticas por
Art. 28. O exercício da função de regulação aten-
meio de consulta ou audiência pública; e
derá aos seguintes princípios:
III – quando previsto na legislação do titular,
I – independência decisória, incluindo autono-
análise e opinião por órgão colegiado criado nos
mia administrativa, orçamentária e financeira da
termos do art. 47 da Lei nº 11.445, de 2007.
entidade de regulação; e
§ 1º A divulgação das propostas dos planos de
saneamento básico e dos estudos que as funda- II – transparência, tecnicidade, celeridade e ob-
mentarem dar-se-á por meio da disponibilização jetividade das decisões.
integral de seu teor a todos os interessados, inclu- Subseção II
sive por meio da rede mundial de computadores Das Normas de Regulação
– internet e por audiência pública. Art. 29. Cada um dos serviços públicos de sanea-
§ 2º Após 31 de dezembro de 2019, a existência mento básico pode possuir regulação específica.
de plano de saneamento básico, elaborado pelo
titular dos serviços, será condição para o acesso Art. 30. As normas de regulação dos serviços
aos recursos orçamentários da União ou aos re- serão editadas:
cursos de financiamentos geridos ou adminis- I – por legislação do titular, no que se refere:
trados por órgão ou entidade da administração a) aos direitos e obrigações dos usuários e pres-
pública federal, quando destinados a serviços de tadores, bem como às penalidades a que estarão
saneamento básico. (Parágrafo com redação dada pelo sujeitos; e
Decreto nº 9.254, de 29/12/2017) b) aos procedimentos e critérios para a atuação
das entidades de regulação e de fiscalização; e
CAPÍTULO III II – por norma da entidade de regulação, no
DA REGULAÇÃO
que se refere às dimensões técnica, econômica e
Seção I social de prestação dos serviços, que abrangerão,
Dos Objetivos da Regulação pelo menos, os seguintes aspectos:
Art. 27. São objetivos da regulação: a) padrões e indicadores de qualidade da pres-
I – estabelecer padrões e normas para a ade- tação dos serviços;
quada prestação dos serviços e para a satisfação b) prazo para os prestadores de serviços comu-
dos usuários; nicarem aos usuários as providências adotadas
II – garantir o cumprimento das condições e em face de queixas ou de reclamações relativas
metas estabelecidas; aos serviços;
III – prevenir e reprimir o abuso do poder eco- c) requisitos operacionais e de manutenção dos
nômico, ressalvada a competência dos órgãos in- sistemas;
tegrantes do sistema nacional de defesa da con- d) metas progressivas de expansão e de quali-
corrência; e dade dos serviços e respectivos prazos;
IV – definir tarifas e outros preços públicos que e) regime, estrutura e níveis tarifários, bem
assegurem tanto o equilíbrio econômico-financei- como procedimentos e prazos de sua fixação, rea-
ro dos contratos, quanto a modicidade tarifária e juste e revisão;
de outros preços públicos, mediante mecanismos f) medição, faturamento e cobrança de serviços;
que induzam a eficiência e eficácia dos serviços g) monitoramento dos custos;
e que permitam a apropriação social dos ganhos h) avaliação da eficiência e eficácia dos serviços
de produtividade. prestados;
Parágrafo único. Compreendem-se nas ativida- i) plano de contas e mecanismos de informação,
des de regulação dos serviços de saneamento bá- auditoria e certificação;
sico a interpretação e a fixação de critérios para j) subsídios tarifários e não tarifários;
execução dos contratos e dos serviços e para cor- k) padrões de atendimento ao público e meca-
reta administração de subsídios. nismos de participação e informação; e
234
DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
dade com o regime de prestação do serviço ou de Art. 48. Desde que previsto nas normas de regu-
suas atividades. lação, grandes usuários poderão negociar suas
tarifas com o prestador dos serviços, mediante
Seção II
Da Remuneração pelos Serviços contrato específico, ouvido previamente o órgão
ou entidade de regulação e de fiscalização.
Art. 46. A instituição de taxas ou tarifas e outros
preços públicos observará as seguintes diretrizes: Seção III
I – prioridade para atendimento das funções es- Do Reajuste e da Revisão de Tarifas
e de Outros Preços Públicos
senciais relacionadas à saúde pública;
II – ampliação do acesso dos cidadãos e locali- Subseção I
dades de baixa renda aos serviços; Das Disposições Gerais
III – geração dos recursos necessários para reali- Art. 49. As tarifas e outros preços públicos serão
zação dos investimentos, visando o cumprimento fixados de forma clara e objetiva, devendo os rea-
das metas e objetivos do planejamento; justes e as revisões ser tornados públicos com an-
IV – inibição do consumo supérfluo e do desper- tecedência mínima de trinta dias com relação à
dício de recursos; sua aplicação.
V – recuperação dos custos incorridos na pres-
Subseção II
tação do serviço, em regime de eficiência;
Dos Reajustes
VI – remuneração adequada do capital inves-
tido pelos prestadores dos serviços contratados; Art. 50. Os reajustes de tarifas e de outros pre-
VII – estímulo ao uso de tecnologias modernas ços públicos de serviços públicos de saneamento
e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos básico serão realizados observando-se o intervalo
de qualidade, continuidade e segurança na pres- mínimo de doze meses, de acordo com as normas
tação dos serviços; e legais, regulamentares e contratuais.
VIII – incentivo à eficiência dos prestadores dos Subseção III
serviços. Das Revisões
Parágrafo único. Poderão ser adotados subsí-
Art. 51. As revisões compreenderão a reavaliação
dios tarifários e não tarifários para os usuários e
das condições da prestação dos serviços e das ta-
localidades que não tenham capacidade de paga-
rifas e de outros preços públicos praticados e po-
mento ou escala econômica suficiente para cobrir
derão ser:
o custo integral dos serviços.
I – periódicas, objetivando a apuração e distri-
Art. 47. A estrutura de remuneração e de co- buição dos ganhos de produtividade com os usuá-
brança dos serviços poderá levar em considera- rios e a reavaliação das condições de mercado; ou
ção os seguintes fatores: II – extraordinárias, quando se verificar a ocor-
I – capacidade de pagamento dos consumidores; rência de fatos não previstos no contrato, fora do
II – quantidade mínima de consumo ou de utili- controle do prestador dos serviços, que alterem o
zação do serviço, visando à garantia de objetivos seu equilíbrio econômico-financeiro.
sociais, como a preservação da saúde pública, o § 1º As revisões tarifárias terão suas pautas defi-
adequado atendimento dos usuários de menor nidas pelas entidades de regulação, ouvidos os ti-
renda e a proteção do meio ambiente; tulares, os usuários e os prestadores dos serviços.
III – custo mínimo necessário para disponibili- § 2º Poderão ser estabelecidos mecanismos ta-
dade do serviço em quantidade e qualidade ade- rifários de indução à eficiência, inclusive fatores
quadas; de produtividade, assim como de antecipação de
IV – categorias de usuários, distribuída por fai- metas de expansão e qualidade dos serviços.
xas ou quantidades crescentes de utilização ou de § 3º Os fatores de produtividade poderão ser de-
consumo; finidos com base em indicadores de outras em-
V – ciclos significativos de aumento da deman- presas do setor.
da dos serviços, em períodos distintos; e § 4º A entidade de regulação poderá autori-
VI – padrões de uso ou de qualidade definidos zar o prestador de serviços a repassar aos usuá-
pela regulação. rios custos e encargos tributários não previstos
239
originalmente e por ele não administrados, nos I – contribuir para o desenvolvimento nacional,
termos da Lei nº 8.987, de 1995. a redução das desigualdades regionais, a geração
de emprego e de renda e a inclusão social;
Seção IV
Do Regime Contábil Patrimonial II – priorizar a implantação e a ampliação dos
serviços e ações de saneamento básico nas áreas
Art. 52. Os valores investidos em bens reversíveis
ocupadas por populações de baixa renda;
pelos prestadores dos serviços, desde que estes
III – proporcionar condições adequadas de sa-
não integrem a administração do titular, consti- lubridade ambiental às populações rurais e de pe-
tuirão créditos perante o titular, a serem recupe- quenos núcleos urbanos isolados;
rados mediante exploração dos serviços. IV – proporcionar condições adequadas de sa-
§ 1º A legislação pertinente à sociedade por lubridade ambiental aos povos indígenas e outras
ações e as normas contábeis, inclusive as previstas populações tradicionais, com soluções compatí-
na Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, serão veis com suas características socioculturais;
observadas, no que couber, quando da apuração e V – assegurar que a aplicação dos recursos fi-
contabilização dos valores mencionados no caput. nanceiros administrados pelo Poder Público se
§ 2º Não gerarão crédito perante o titular os in- dê segundo critérios de promoção da salubridade
vestimentos feitos sem ônus para o prestador, tais ambiental, de maximização da relação benefício-
como os decorrentes de exigência legal aplicável à -custo e de maior retorno social;
implantação de empreendimentos imobiliários e VI – incentivar a adoção de mecanismos de pla-
os provenientes de subvenções ou transferências nejamento, regulação e fiscalização da prestação
fiscais voluntárias. dos serviços de saneamento básico;
§ 3º Os investimentos realizados, os valores VII – promover alternativas de gestão que viabi-
amortizados, a depreciação e os respectivos sal- lizem a autossustentação econômico-financeira
dos serão anualmente auditados e certificados dos serviços de saneamento básico, com ênfase
pelo órgão ou entidade de regulação. na cooperação federativa;
§ 4º Os créditos decorrentes de investimen- VIII – promover o desenvolvimento institucional
tos devidamente certificados poderão constituir do saneamento básico, estabelecendo meios para
garantia de empréstimos, destinados exclusiva- a unidade e articulação das ações dos diferentes
mente a investimentos nos sistemas de sanea- agentes, bem como do desenvolvimento de sua
mento objeto do respectivo contrato. organização, capacidade técnica, gerencial, finan-
§ 5º Os prestadores que atuem em mais de um ceira e de recursos humanos, contempladas as es-
Município ou que prestem serviços públicos de pecificidades locais;
saneamento básico diferentes em um mesmo IX – fomentar o desenvolvimento científico e
Município manterão sistema contábil que per- tecnológico, a adoção de tecnologias apropria-
mita registrar e demonstrar, separadamente, os das e a difusão dos conhecimentos gerados de
custos e as receitas de cada serviço em cada um interesse para o saneamento básico; e
dos Municípios atendidos e, se for o caso, no Dis- X – minimizar os impactos ambientais relaciona-
trito Federal. dos à implantação e desenvolvimento das ações,
TÍTULO III obras e serviços de saneamento básico e assegurar
DA POLÍTICA FEDERAL DE que sejam executadas de acordo com as normas
SANEAMENTO BÁSICO relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e
CAPÍTULO I ocupação do solo e à saúde.
DOS OBJETIVOS CAPÍTULO II
Art. 53. A Política Federal de Saneamento Bá- DAS DIRETRIZES
sico é o conjunto de planos, programas, proje- Art. 54. São diretrizes da Política Federal de Sa-
tos e ações promovidos por órgãos e entidades neamento Básico:
federais, isoladamente ou em cooperação com I – prioridade para as ações que promovam a
outros entes da Federação, ou com particulares, equidade social e territorial no acesso ao sanea-
com os objetivos de: mento básico;
240
DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
II – aplicação dos recursos financeiros por ela I – à observância do disposto nos arts. 9º, e seus
administrados, de modo a promover o desenvol- incisos, 48 e 49 da Lei nº 11.445, de 2007;
vimento sustentável, a eficiência e a eficácia; II – ao alcance de índices mínimos de:
III – estímulo ao estabelecimento de adequada a) desempenho do prestador na gestão técnica,
regulação dos serviços; econômica e financeira dos serviços; e
IV – utilização de indicadores epidemiológicos b) eficiência e eficácia dos serviços, ao longo da
e de desenvolvimento social no planejamento, vida útil do empreendimento;
implementação e avaliação das suas ações de sa- III – à adequada operação e manutenção dos
neamento básico; empreendimentos anteriormente financiados
V – melhoria da qualidade de vida e das condi- com recursos mencionados no caput; e
ções ambientais e de saúde pública; IV – à implementação eficaz de programa de
VI – colaboração para o desenvolvimento ur- redução de perdas de águas no sistema de abas-
bano e regional; tecimento de água, sem prejuízo do acesso aos
VII – garantia de meios adequados para o aten- serviços pela população de baixa renda, quando
dimento da população rural dispersa, inclusive os recursos forem dirigidos a sistemas de capta-
mediante a utilização de soluções compatíveis ção de água.
com suas características econômicas e sociais § 1º O atendimento ao disposto no caput e seus
peculiares; incisos é condição para qualquer entidade de di-
VIII – fomento ao desenvolvimento científico e reito público ou privado:
tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas I – receber transferências voluntárias da União
e à difusão dos conhecimentos gerados; destinadas a ações de saneamento básico;
IX – adoção de critérios objetivos de elegibili- II – celebrar contrato, convênio ou outro ins-
dade e prioridade, levando em consideração fa- trumento congênere vinculado a ações de sanea-
tores como nível de renda e cobertura, grau de mento básico com órgãos ou entidades federais; e
urbanização, concentração populacional, dispo- III – acessar, para aplicação em ações de sanea-
nibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemioló- mento básico, recursos de fundos direta ou indi-
gicos e ambientais; retamente sob o controle, gestão ou operação da
X – adoção da bacia hidrográfica como unidade União, em especial os recursos do Fundo de Ga-
de referência para o planejamento de suas ações; e rantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de
XI – estímulo à implantação de infraestruturas e Amparo ao Trabalhador (FAT).
serviços comuns a Municípios, mediante mecanis- § 2º A exigência prevista na alínea a do inciso II
mos de cooperação entre entes federados. do caput não se aplica à destinação de recursos
Parágrafo único. As políticas e ações da União para programas de desenvolvimento institucional
de desenvolvimento urbano e regional, de habi- do operador de serviços públicos de saneamen-
tação, de combate e erradicação da pobreza, de to básico.
proteção ambiental, de promoção da saúde e ou- § 3º Os índices mínimos de desempenho do
tras de relevante interesse social voltadas para a prestador previstos na alínea a do inciso II do
melhoria da qualidade de vida devem considerar caput, bem como os utilizados para aferição da
a necessária articulação com o saneamento bá- adequada operação e manutenção de empreen-
sico, inclusive no que se refere ao financiamento. dimentos previstos no inciso III do caput deverão
CAPÍTULO III considerar aspectos característicos das regiões
DO FINANCIAMENTO respectivas.
Seção I Seção II
Das Disposições Gerais Dos Recursos não Onerosos da União
Art. 55. A alocação de recursos públicos federais e Art. 56. Os recursos não onerosos da União,
os financiamentos com recursos da União ou com para subvenção de ações de saneamento básico
recursos geridos ou operados por órgãos ou enti- promovidas pelos demais entes da Federação
dades da União serão feitos em conformidade com serão sempre transferidos para os Municípios,
os planos de saneamento básico e condicionados: para o Distrito Federal, para os Estados ou para
241
os consórcios públicos de que referidos entes § 2º Os órgãos e entidades federais cooperarão
participem. com os titulares ou consórcios por eles constituí-
§ 1º O disposto no caput não prejudicará que a dos na elaboração dos planos de saneamento
União aplique recursos orçamentários em progra- básico.
mas ou ações federais com o objetivo de prestar Seção II
ou oferecer serviços de assistência técnica a ou- Do Procedimento
tros entes da Federação.
Art. 58. O PNSB será elaborado e revisado me-
§ 2º É vedada a aplicação de recursos orçamen-
diante procedimento com as seguintes fases:
tários da União na administração, operação e ma-
I – diagnóstico;
nutenção de serviços públicos de saneamento
II – formulação de proposta;
básico não administrados por órgão ou entidade
III – divulgação e debates;
federal, salvo por prazo determinado em situa- IV – prévia apreciação pelos Conselhos Nacio-
ções de iminente risco à saúde pública e ao meio nais de Saúde, Meio Ambiente, Recursos Hídricos
ambiente. e das Cidades;
§ 3º Na aplicação de recursos não onerosos da V – apreciação e deliberação pelo Ministro de
União, será dada prioridade às ações e empreen- Estado das Cidades;
dimentos que visem o atendimento de usuários VI – encaminhamento da proposta de decreto,
ou Municípios que não tenham capacidade de nos termos da legislação; e
pagamento compatível com a autossustentação VII – avaliação dos resultados e impactos de sua
econômico-financeira dos serviços e às ações vol- implementação.
tadas para a promoção das condições adequadas
Art. 59. A Secretaria Nacional de Saneamento
de salubridade ambiental aos povos indígenas e a
Ambiental do Ministério das Cidades providen-
outras populações tradicionais.
ciará estudos sobre a situação de salubridade
§ 4º Para efeitos do § 3º, a verificação da com-
ambiental no País, caracterizando e avaliando:
patibilidade da capacidade de pagamento dos I – situação de salubridade ambiental no territó-
Municípios com a autossustentação econômico- rio nacional, por bacias hidrográficas e por Municí-
-financeira dos serviços será realizada mediante pios, utilizando sistema de indicadores sanitários,
aplicação dos critérios estabelecidos no PNSB. epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos,
CAPÍTULO IV bem como apontando as causas das deficiências
DOS PLANOS DE SANEAMENTO detectadas, inclusive as condições de acesso e de
BÁSICO DA UNIÃO qualidade da prestação de cada um dos serviços
Seção I públicos de saneamento básico;
Das Disposições Gerais II – demanda e necessidade de investimentos
para universalização do acesso a cada um dos ser-
Art. 57. A União elaborará, sob a coordenação do
viços de saneamento básico em cada bacia hidro-
Ministério das Cidades: gráfica e em cada Município; e
I – o Plano Nacional de Saneamento Básico III – programas e ações federais em saneamento
(PNSB); e básico e as demais políticas relevantes nas condi-
II – planos regionais de saneamento básico. ções de salubridade ambiental, inclusive as ações
§ 1º Os planos mencionados no caput: de transferência e garantia de renda e as financia-
I – serão elaborados e revisados sempre com das com recursos do FGTS ou do FAT.
horizonte de vinte anos; § 1º Os estudos mencionados no caput deverão
II – serão avaliados anualmente; se referir ao saneamento urbano e rural, incluindo
III – serão revisados a cada quatro anos, até o as áreas indígenas e de populações tradicionais.
final do primeiro trimestre do ano de elaboração § 2º O diagnóstico deve abranger o abasteci-
do plano plurianual da União; e mento de água, o esgotamento sanitário, o ma-
IV – deverão ser compatíveis com as disposi- nejo de resíduos sólidos e o manejo de águas plu-
ções dos planos de recursos hídricos, inclusive o viais, ou ser específico para cada serviço.
Plano Nacional de Recursos Hídricos e planos de § 3º No diagnóstico, poderão ser aproveitados
bacias. os estudos que informam os planos de sanea-
242
DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
mento básico elaborados por outros entes da Art. 61. A proposta de plano ou de sua revisão, bem
Federação. como os estudos que a fundamentam, deverão ser
§ 4º Os estudos relativos à fase de diagnóstico integralmente publicados na internet, além de di-
são públicos e de acesso a todos, independente- vulgados por meio da realização de audiências pú-
mente de demonstração de interesse, devendo blicas e de consulta pública.
ser publicados em sua íntegra na internet pelo Parágrafo único. A realização das audiências
período de, pelo menos, quarenta e oito meses. públicas e da consulta pública será disciplinada
Art. 60. Com fundamento nos estudos de diag- por instrução do Ministro de Estado das Cidades.
nóstico, será elaborada proposta de PNSB, com Art. 62. A proposta de PNSB ou de sua revisão,
ampla participação neste processo de comunida- com as modificações realizadas na fase de divul-
des, movimentos e entidades da sociedade civil gação e debate, será encaminhada, inicialmente,
organizada, que conterá: para apreciação dos Conselhos Nacionais de
I – objetivos e metas nacionais, regionais e por Saúde, de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos.
bacia hidrográfica, de curto, médio e longo pra-
§ 1º A apreciação será simultânea e deverá ser
zos, para a universalização dos serviços de sanea-
realizada no prazo de trinta dias.
mento básico e o alcance de níveis crescentes de
salubridade ambiental no território nacional, ob- § 2º Decorrido o prazo mencionado no § 1º, a
servada a compatibilidade com os demais planos proposta será submetida ao Conselho das Cida-
e políticas públicas da União; des para apreciação.
II – diretrizes e orientações para o equacio- Art. 63. Após a apreciação e deliberação pelo Mi-
namento dos condicionantes de natureza polí- nistro de Estado das Cidades, a proposta de decreto
tico-institucional, legal e jurídica, econômico- será encaminhada nos termos da legislação.
-financeira, administrativa, cultural e tecnológica
que influenciam na consecução das metas e ob- Art. 64. O PNSB deverá ser avaliado anualmente
jetivos estabelecidos; pelo Ministério das Cidades, em relação ao cum-
III – programas, projetos e ações necessárias primento dos objetivos e metas estabelecidos, dos
para atingir os objetivos e as metas da Política resultados esperados e dos impactos verificados.
Federal de Saneamento Básico, com identificação § 1º A avaliação a que se refere o caput deverá
das respectivas fontes de financiamento; ser feita com base nos indicadores de monitora-
IV – mecanismos e procedimentos, incluindo in- mento, de resultado e de impacto previstos nos
dicadores numéricos, para avaliação sistemática
próprios planos.
da eficiência e eficácia das ações programadas;
§ 2º A avaliação integrará o diagnóstico e servirá
V – ações da União relativas ao saneamento bá-
sico nas áreas indígenas, nas reservas extrativistas de base para o processo de formulação de pro-
da União e nas comunidades quilombolas; posta de plano para o período subsequente.
VI – diretrizes para o planejamento das ações Seção III
de saneamento básico em áreas de especial inte- Dos Planos Regionais
resse turístico; e
VII – proposta de revisão de competências se- Art. 65. Os planos regionais de saneamento bá-
toriais dos diversos órgãos e entidades federais sico, elaborados e executados em articulação com
que atuam no saneamento ambiental, visando os Estados, Distrito Federal e Municípios envolvi-
racionalizar a atuação governamental. dos serão elaborados pela União para:
Parágrafo único. A proposta de plano deve abran- I – as regiões integradas de desenvolvimento
ger o abastecimento de água, o esgotamento sa- econômico; e
nitário, o manejo de resíduos sólidos, o manejo II – as regiões em que haja a participação de
de águas pluviais e outras ações de saneamento órgão ou entidade federal na prestação de serviço
básico de interesse para a melhoria da salubrida- público de saneamento básico.
de ambiental, incluindo o provimento de banhei- § 1º Os planos regionais de saneamento básico,
ros e unidades hidrossanitárias para populações no que couber, atenderão ao mesmo procedimen-
de baixa renda. to previsto para o PNSB, disciplinado neste Decreto.
243
§ 2º Em substituição à fase prevista no inciso IV CAPÍTULO VI
do art. 58, a proposta de plano regional de sanea- DO ACESSO DIFUSO À ÁGUA PARA A
mento básico será aprovada por todos os entes da POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA
Federação diretamente envolvidos, após prévia Art. 68. A União apoiará a população rural dis-
oitiva de seus respectivos conselhos de meio am- persa e a população de pequenos núcleos urba-
biente, de saúde e de recursos hídricos. nos isolados na contenção, reservação e utiliza-
ção de águas pluviais para o consumo humano e
CAPÍTULO V
para a produção de alimentos destinados ao au-
DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES
toconsumo, mediante programa específico que
EM SANEAMENTO (SINISA)
atenda ao seguinte:
Art. 66. Ao Sinisa, instituído pelo art. 53 da Lei I – utilização de tecnologias sociais tradicionais,
nº 11.445, de 2007, compete: originadas das práticas das populações interessa-
I – coletar e sistematizar dados relativos às con- das, especialmente na construção de cisternas e
dições da prestação dos serviços públicos de sa- de barragens simplificadas; e
neamento básico; II – apoio à produção de equipamentos, es-
II – disponibilizar estatísticas, indicadores e ou- pecialmente cisternas, independentemente da
tras informações relevantes para a caracterização situação fundiária da área utilizada pela família
da demanda e da oferta de serviços públicos de beneficiada ou do sítio onde deverá se localizar
saneamento básico; o equipamento.
III – permitir e facilitar o monitoramento e ava- § 1º No caso de a água reservada se destinar
liação da eficiência e da eficácia da prestação dos a consumo humano, o órgão ou entidade federal
serviços de saneamento básico; e responsável pelo programa oficiará a autoridade
sanitária municipal, comunicando-a da existên-
IV – permitir e facilitar a avaliação dos resulta-
cia do equipamento de retenção e reservação de
dos e dos impactos dos planos e das ações de sa-
águas pluviais, para que se proceda ao controle
neamento básico.
de sua qualidade, nos termos das normas vigen-
§ 1º As informações do Sinisa são públicas e
tes no SUS.
acessíveis a todos, independentemente da de-
§ 2º O programa mencionado no caput será
monstração de interesse, devendo ser publicadas
implementado, preferencialmente, na região do
por meio da internet.
semiárido brasileiro.
§ 2º O Sinisa deverá ser desenvolvido e imple-
mentado de forma articulada ao Sistema Nacio- CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
nal de Informações em Recursos Hídricos (SNIRH)
e ao Sistema Nacional de Informações em Meio Art. 69. No prazo de cento e oitenta dias, contado
Ambiente (Sinima). da data de publicação deste Decreto, o IBGE edi-
tará ato definindo vilas, aglomerados rurais, po-
Art. 67. O Sinisa será organizado mediante ins-
voados, núcleos, lugarejos e aldeias para os fins
trução do Ministro de Estado das Cidades, ao
do inciso VIII do art. 3º da Lei nº 11.445, de 2007.
qual competirá, ainda, o estabelecimento das
diretrizes a serem observadas pelos titulares no Art. 70. Este Decreto entra em vigor na data de
cumprimento do disposto no inciso VI do art. 9º sua publicação.
da Lei nº 11.445, de 2007, e pelos demais parti- Brasília, 21 de junho de 2010; 189º da
cipantes. Independência e 122º da República.
§ 1º O Sinisa deverá incorporar indicadores de
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
monitoramento, de resultados e de impacto inte-
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
grantes do PNSB e dos planos regionais.
Guido Mantega
§ 2º O Ministério das Cidades apoiará os titula- Paulo Sérgio Oliveira Passos
res, os prestadores e os reguladores de serviços Carlos Lupi
públicos de saneamento básico na organização de José Gomes Temporão
sistemas de informação em saneamento básico Izabella Mônica Vieira Teixeira
articulados ao Sinisa. Marcio Fortes de Almeida
244
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
e procedimentos previstos para minimizar ou eli- I – atos constitutivos das entidades participan-
minar seus riscos e impactos à saúde humana e tes e relação dos associados de cada entidade, se
ao meio ambiente; for o caso;
XII – avaliação dos impactos sociais e econômi- II – documentos comprobatórios da qualifica-
cos da implantação da logística reversa; ção dos representantes e signatários da proposta,
XIII – descrição do conjunto de atribuições in- bem como cópia dos respectivos mandatos; e
dividualizadas e encadeadas dos participantes III – cópia de estudos, dados e demais informa-
do sistema de logística reversa no processo de ções que embasarem a proposta.
recolhimento, armazenamento, transporte dos
Art. 26. As propostas de acordo setorial serão ob-
resíduos e embalagens vazias, com vistas à reu-
jeto de consulta pública, na forma definida pelo
tilização, reciclagem ou disposição final ambien-
Comitê Orientador.
talmente adequada, contendo o fluxo reverso de
resíduos, a discriminação das várias etapas da Art. 27. O Ministério do Meio Ambiente deverá,
logística reversa e a destinação dos resíduos ge- por ocasião da realização da consulta pública:
rados, das embalagens usadas ou pós-consumo I – receber e analisar as contribuições e do-
e, quando for o caso, das sobras do produto, de- cumentos apresentados pelos órgãos e entidades
vendo incluir: públicas e privadas; e
a) recomendações técnicas a serem observadas II – sistematizar as contribuições recebidas,
em cada etapa da logística, inclusive pelos consu- assegurando-lhes a máxima publicidade.
midores e recicladores; Art. 28. O Ministério do Meio Ambiente fará a ava-
b) formas de coleta ou de entrega adotadas, liação das propostas de acordo setorial apresen-
identificando os responsáveis e respectivas res- tadas consoante os seguintes critérios mínimos:
ponsabilidades; I – adequação da proposta à legislação e às nor-
c) ações necessárias e critérios para a implanta- mas aplicáveis;
ção, operação e atribuição de responsabilidades II – atendimento ao edital de chamamento, no
pelos pontos de coleta; caso dos processos iniciados pelo Poder Públi-
d) operações de transporte entre os empreendi- co, e apresentação dos documentos que devem
mentos ou atividades participantes, identificando acompanhar a proposta, em qualquer caso;
as responsabilidades; e III – contribuição da proposta e das metas apre-
e) procedimentos e responsáveis pelas ações sentadas para a melhoria da gestão integrada e do
de reutilização, de reciclagem e de tratamento, gerenciamento ambientalmente adequado dos
inclusive triagem, dos resíduos, bem como pela resíduos sólidos e para a redução dos impactos à
disposição final ambientalmente adequada dos saúde humana e ao meio ambiente;
rejeitos; e IV – observância do disposto no art. 9º da Lei
XIV – cláusulas prevendo as penalidades aplicá- nº 12.305, de 2010, quanto à ordem de prioridade
veis no caso de descumprimento das obrigações da aplicação da gestão e gerenciamento de resí-
previstas no acordo. duos sólidos propostos;
Parágrafo único. As metas referidas no inciso VIII V – representatividade das entidades signatá-
do caput poderão ser fixadas com base em crité- rias em relação à participação de seus membros
rios quantitativos, qualitativos ou regionais. no mercado dos produtos e embalagens envolvi-
Art. 24. Durante as discussões para a elaboração dos; e
do acordo setorial, o grupo técnico a que se re- VI – contribuição das ações propostas para a
fere o § 3º do art. 33 poderá promover iniciativas inclusão social e geração de emprego e renda
com vistas a estimular a adesão às negociações dos integrantes de cooperativas e associações de
do acordo, bem como realizar reuniões com os in- catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
tegrantes da negociação, com vistas a que a pro- constituídas por pessoas físicas de baixa renda.
posta de acordo setorial obtenha êxito. Art. 29. Concluída a avaliação a que se refere o
Art. 25. Deverão acompanhar a proposta de acor- art. 28, o Ministério do Meio Ambiente a enviará
do setorial os seguintes documentos: ao Comitê Orientador, que poderá:
249
I – aceitar a proposta, hipótese em que convi- Seção III
dará os representantes do setor empresarial para Do Comitê Orientador para Implementação
assinatura do acordo setorial; de Sistemas de Logística Reversa
II – solicitar aos representantes do setor empre- Art. 33. Fica instituído o Comitê Orientador para
sarial a complementação da proposta de estabe- Implantação de Sistemas de Logística Reversa
lecimento de acordo setorial; ou (Comitê Orientador), com a seguinte composição:
III – determinar o arquivamento do processo, I – Ministro de Estado do Meio Ambiente;
quando não houver consenso na negociação do II – Ministro de Estado da Saúde;
acordo. III – Ministro de Estado do Desenvolvimento, In-
Parágrafo único. O acordo setorial contendo a dústria e Comércio Exterior;
logística reversa pactuada será subscrito pelos IV – Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária
representantes do setor empresarial e pelo Pre- e Abastecimento; e
sidente do Comitê Orientador, devendo ser publi- V – Ministro de Estado da Fazenda.
cado no Diário Oficial da União. § 1º O Comitê Orientador será presidido pelo
Ministro de Estado do Meio Ambiente.
Subseção II § 2º O Ministério do Meio Ambiente exercerá a
Do Regulamento
função de secretaria-executiva do Comitê Orien-
Art. 30. Sem prejuízo do disposto na Subseção I, tador e expedirá os atos decorrentes das decisões
a logística reversa poderá ser implantada direta- do colegiado.
mente por regulamento, veiculado por decreto § 3º O Comitê Orientador será assessorado por
editado pelo Poder Executivo. grupo técnico, composto por representantes do Mi-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, nistério do Meio Ambiente, do Ministério da Saúde,
antes da edição do regulamento, o Comitê Orien- do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
tador deverá avaliar a viabilidade técnica e eco- mércio Exterior, do Ministério da Fazenda e do Mi-
nômica da logística reversa. nistério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 4º Nas hipóteses em que forem abordados
Art. 31. Os sistemas de logística reversa estabele-
temas referentes às suas respectivas competên-
cidos diretamente por decreto deverão ser prece-
cias ou áreas de atuação, o Comitê Orientador po-
didos de consulta pública, cujo procedimento será derá convidar a compor o grupo técnico referido
estabelecido pelo Comitê Orientador. no § 3º representantes:
Subseção III I – de outros Ministérios, de órgãos e entidades
Dos Termos de Compromisso da administração pública federal;
II – dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Art. 32. O Poder Público poderá celebrar termos
nicípios; e
de compromisso com os fabricantes, importado-
III – de entidades representativas de setores da
res, distribuidores ou comerciantes referidos no
sociedade civil diretamente impactados pela lo-
art. 18, visando o estabelecimento de sistema de
gística reversa.
logística reversa:
§ 6º As decisões do Comitê Orientador serão to-
I – nas hipóteses em que não houver, em uma
madas por maioria simples de votos, presente a
mesma área de abrangência, acordo setorial ou maioria absoluta dos membros.
regulamento específico, consoante estabelecido § 7º Os membros referidos no caput elaborarão
neste Decreto; ou o regimento interno do Comitê Orientador, que
II – para a fixação de compromissos e metas deverá conter, no mínimo:
mais exigentes que o previsto em acordo setorial I – o procedimento para divulgação da pauta
ou regulamento. das reuniões;
Parágrafo único. Os termos de compromisso II – os critérios para participação dos órgãos e
terão eficácia a partir de sua homologação pelo entidades no grupo técnico de que trata o § 4º;
órgão ambiental competente do Sisnama, con- III – as regras para o funcionamento do grupo
forme sua abrangência territorial. técnico de assessoramento e do colegiado; e
250
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
IV – os critérios de decisão no caso de empate Art. 36. A utilização de resíduos sólidos nos pro-
nas deliberações colegiadas. cessos de recuperação energética, incluindo o co-
Art. 34. Compete ao Comitê Orientador: -processamento, obedecerá às normas estabele-
cidas pelos órgãos competentes.
I – estabelecer a orientação estratégica da im-
plementação de sistemas de logística reversa ins- Art. 37. A recuperação energética dos resíduos
tituídos nos termos da Lei nº 12.305, de 2010, e sólidos urbanos referida no § 1º do art. 9º da Lei
deste Decreto; nº 12.305, de 2010, assim qualificados consoante
II – definir as prioridades e aprovar o crono- o art. 13, inciso I, alínea c, daquela Lei, deverá ser
grama para o lançamento de editais de chama- disciplinada, de forma específica, em ato con-
mento de propostas de acordo setorial para a junto dos Ministérios do Meio Ambiente, de Minas
implantação de sistemas de logística reversa de e Energia e das Cidades.
iniciativa da União; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
III – fixar cronograma para a implantação dos aplica ao aproveitamento energético dos gases
sistemas de logística reversa; gerados na biodigestão e na decomposição da
IV – aprovar os estudos de viabilidade técnica matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos
e econômica; em aterros sanitários.
V – definir as diretrizes metodológicas para ava- Art. 38. Os geradores de resíduos sólidos deverão
liação dos impactos sociais e econômicos dos sis- adotar medidas que promovam a redução da gera-
temas de logística reversa; ção dos resíduos, principalmente os resíduos peri-
VI – avaliar a necessidade da revisão dos acor- gosos, na forma prevista nos respectivos planos de
dos setoriais, dos regulamentos e dos termos de resíduos sólidos e nas demais normas aplicáveis.
compromisso que disciplinam a logística reversa
Art. 39. O gerenciamento dos resíduos sólidos
no âmbito federal;
presumidamente veiculadores de agentes etio-
VII – definir as embalagens que ficam dispensa-
lógicos de doenças transmissíveis ou de pragas,
das, por razões de ordem técnica ou econômica,
dos resíduos de serviços de transporte gerados
da obrigatoriedade de fabricação com materiais
em portos, aeroportos e passagens de fronteira,
que propiciem a reutilização e reciclagem;
bem como de material apreendido proveniente
VIII – definir a forma de realização da consulta
do exterior, observará o estabelecido nas normas
pública relativa a proposta de implementação de
do Sisnama, do SNVS e do Suasa, relativamente à
sistemas de logística reversa;
suas respectivas áreas de atuação.
IX – promover estudos e propor medidas de deso-
neração tributária das cadeias produtivas sujeitas à TÍTULO V
logística reversa e a simplificação dos procedimen- DA PARTICIPAÇÃO DOS CATADORES DE
MATERIAIS RECICLÁVEIS E REUTILIZÁVEIS
tos para o cumprimento de obrigações acessórias
relativas à movimentação de produtos e embala- Art. 40. O sistema de coleta seletiva de resíduos
gens sujeitos à logística reversa; e sólidos e a logística reversa priorizarão a partici-
X – propor medidas visando incluir nos sistemas pação de cooperativas ou de outras formas de as-
de logística reversa os produtos e embalagens sociação de catadores de materiais reutilizáveis
adquiridos diretamente de empresas não estabe- e recicláveis constituídas por pessoas físicas de
lecidas no País, inclusive por meio de comércio baixa renda.
eletrônico. Art. 41. Os planos municipais de gestão integrada
TÍTULO IV de resíduos sólidos definirão programas e ações
DAS DIRETRIZES APLICÁVEIS À GESTÃO E para a participação dos grupos interessados, em es-
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS pecial das cooperativas ou outras formas de asso-
Art. 35. Na gestão e gerenciamento de resíduos ciação de catadores de materiais reutilizáveis e reci-
sólidos, deverá ser observada a seguinte ordem de cláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.
prioridade: não geração, redução, reutilização, re- Art. 42. As ações desenvolvidas pelas cooperati-
ciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e dispo- vas ou outras formas de associação de catadores
sição final ambientalmente adequada dos rejeitos. de materiais reutilizáveis e recicláveis no âmbito
251
do gerenciamento de resíduos sólidos das ativi- VI – os planos de gerenciamento de resíduos
dades relacionadas no art. 20 da Lei nº 12.305, de sólidos.
2010, deverão estar descritas, quando couber, nos § 1º O Ministério do Meio Ambiente e os demais
respectivos planos de gerenciamento de resíduos órgãos competentes darão ampla publicidade,
sólidos. inclusive por meio da rede mundial de computa-
Art. 43. A União deverá criar, por meio de regula- dores, à proposta preliminar, aos estudos que a
mento específico, programa com a finalidade de fundamentaram, ao resultado das etapas de for-
melhorar as condições de trabalho e as oportuni- mulação e ao conteúdo dos planos referidos no
dades de inclusão social e econômica dos catado- Capítulo II deste Título, bem como assegurarão
res de materiais reutilizáveis e recicláveis. o controle social na sua formulação, implemen-
Art. 44. As políticas públicas voltadas aos catado- tação e operacionalização, observado o disposto
res de materiais reutilizáveis e recicláveis deverão na Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003, e na Lei
observar: nº 11.445, de 2007.
I – a possibilidade de dispensa de licitação, nos § 2º Os planos de gerenciamento de resíduos da
termos do inciso XXVII do art. 24 da Lei nº 8.666, de construção civil serão regidos pelas normas esta-
21 de junho de 1993, para a contratação de coope- belecidas pelos órgãos competentes do Sisnama.
rativas ou associações de catadores de materiais CAPÍTULO II
reutilizáveis e recicláveis; DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS
II – o estímulo à capacitação, à incubação e ao ELABORADOS PELO PODER PÚBLICO
fortalecimento institucional de cooperativas, bem
Seção I
como à pesquisa voltada para sua integração nas Do Plano Nacional de Resíduos Sólidos
ações que envolvam a responsabilidade compar-
tilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e Art. 46. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos
III – a melhoria das condições de trabalho dos será elaborado pela União, sob a coordenação
catadores. do Ministério do Meio Ambiente, com vigência
Parágrafo único. Para o atendimento do dis- por prazo indeterminado e horizonte de vinte
posto nos incisos II e III do caput, poderão ser ce- anos, devendo ser atualizado a cada quatro anos.
lebrados contratos, convênios ou outros instru- Art. 47. A elaboração do Plano Nacional de Re-
mentos de colaboração com pessoas jurídicas de síduos Sólidos deverá ser feita de acordo com o
direito público ou privado, que atuem na criação e seguinte procedimento:
no desenvolvimento de cooperativas ou de outras I – formulação e divulgação da proposta pre-
formas de associação de catadores de materiais liminar em até cento e oitenta dias, contados a
reutilizáveis e recicláveis, observada a legislação partir da publicação deste Decreto, acompanhada
vigente.
dos estudos que a fundamentam
TÍTULO VI II – submissão da proposta à consulta pública,
DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS pelo prazo mínimo de sessenta dias, contados da
CAPÍTULO I data da sua divulgação;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS III – realização de, no mínimo, uma audiência
Art. 45. São planos de resíduos sólidos: pública em cada região geográfica do País e uma
I – o Plano Nacional de Resíduos Sólidos; audiência pública de âmbito nacional, no Distrito
II – os planos estaduais de resíduos sólidos; Federal, simultaneamente ao período de consulta
III – os planos microrregionais de resíduos só- pública referido no inciso II;
lidos e os planos de resíduos sólidos de regiões IV – apresentação da proposta daquele Plano,
metropolitanas ou aglomerações urbanas; incorporadas as contribuições advindas da con-
IV – os planos intermunicipais de resíduos só- sulta e das audiências públicas, para apreciação
lidos; dos Conselhos Nacionais de Meio Ambiente, das
V – os planos municipais de gestão integrada de Cidades, de Recursos Hídricos, de Saúde e de Po-
resíduos sólidos; e lítica Agrícola; e
252
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
V – encaminhamento pelo Ministro de Estado Art. 51. Os Municípios com população total infe-
do Meio Ambiente ao Presidente da República da rior a vinte mil habitantes, apurada com base nos
proposta de decreto que aprova aquele Plano. dados demográficos do censo mais recente da Fun-
dação Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
Seção II
(IBGE), poderão adotar planos municipais simpli-
Dos Planos Estaduais e dos Planos
ficados de gestão integrada de resíduos sólidos.
Regionais de Resíduos Sólidos
§ 1º Os planos municipais simplificados de ges-
Art. 48. Os planos estaduais de resíduos sólidos se- tão integrada de resíduos sólidos referidos no
rão elaborados com vigência por prazo indetermi- caput deverão conter:
nado, horizonte de atuação de vinte anos e deve- I – diagnóstico da situação dos resíduos sólidos
rão ser atualizados ou revistos a cada quatro anos. gerados no respectivo território, com a indicação
Parágrafo único. Os planos estaduais de resí- da origem, do volume e da massa, a caracteriza-
duos sólidos devem abranger todo o território do ção dos resíduos e as formas de destinação e dis-
respectivo Estado e atender ao conteúdo mínimo posição final adotadas;
previsto no art. 17 da Lei nº 12.305, de 2010. II – identificação das áreas favoráveis para dis-
Art. 49. Além dos planos estaduais, os Estados posição final ambientalmente adequada de rejei-
tos, observado o plano diretor de que trata o § 1º
poderão elaborar planos microrregionais de resí-
do art. 182 da Constituição e o zoneamento am-
duos sólidos, bem como planos de regiões metro-
biental, quando houver;
politanas ou aglomerações urbanas.
III – identificação da possibilidade de implanta-
§ 1º Na elaboração e implementação dos pla-
ção de soluções consorciadas ou compartilhadas
nos referidos no caput, os Estados deverão asse-
com outros Municípios, considerando a economia
gurar a participação de todos os Municípios que
de escala, a proximidade dos locais estabelecidos
integram a respectiva microrregião, região metro-
e as formas de prevenção dos riscos ambientais;
politana ou aglomeração urbana.
IV – identificação dos resíduos sólidos e dos
§ 2º O conteúdo dos planos referidos no caput geradores sujeitos ao plano de gerenciamento
deverá ser estabelecido em conjunto com os Mu- ou ao sistema de logística reversa, conforme os
nicípios que integram a respectiva microrregião, arts. 20 e 33 da Lei nº 12.305, de 2010, observadas
região metropolitana ou aglomeração urbana, as disposições deste Decreto e as normas editadas
não podendo ser excluída ou substituída qualquer pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
das prerrogativas atinentes aos Municípios. V – procedimentos operacionais e especifica-
Seção III ções mínimas a serem adotadas nos serviços pú-
Dos Planos Municipais de Gestão blicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
Integrada de Resíduos Sólidos sólidos, incluída a disposição final ambientalmen-
te adequada de rejeitos, em consonância com o
Art. 50. Os planos municipais de gestão integrada
disposto na Lei nº 11.445, de 2007, e no Decreto
de resíduos sólidos serão elaborados consoante o
nº 7.217, de 21 de junho de 2010;
disposto no art. 19 da Lei nº 12.305, de 2010.
VI – regras para transporte e outras etapas do
§ 1º Os planos municipais de gestão integrada
gerenciamento de resíduos sólidos de que trata
de resíduos sólidos deverão ser atualizados ou re-
o art. 20 da Lei nº 12.305, de 2010, observadas as
vistos, prioritariamente, de forma concomitante normas editadas pelos órgãos do Sisnama e do
com a elaboração dos planos plurianuais muni- SNVS, bem como as demais disposições previstas
cipais. na legislação federal e estadual;
§ 2º Os planos municipais de gestão integrada VII – definição das responsabilidades quanto
de resíduos sólidos deverão identificar e indicar à sua implementação e operacionalização pelo
medidas saneadoras para os passivos ambientais Poder Público, incluídas as etapas do plano de
originados, entre outros, de: gerenciamento de resíduos sólidos;
I – áreas contaminadas, inclusive lixões e ater- VIII – programas e ações de educação ambiental
ros controlados; e que promovam a não geração, a redução, a reutili-
II – empreendimentos sujeitos à elaboração de zação, a coleta seletiva e a reciclagem de resíduos
planos de gerenciamento de resíduos sólidos. sólidos;
253
IX – programas e ações voltadas à participação Art. 54. No caso dos serviços mencionados no
de cooperativas e associações de catadores de art. 53, os planos de resíduos sólidos deverão ser
materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por compatíveis com os planos de saneamento básico
pessoas físicas de baixa renda, quando houver; previstos na Lei nº 11.445, de 2007, e no Decreto
X – sistema de cálculo dos custos da prestação nº 7.217, de 2010, sendo que:
dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma- I – o componente de limpeza urbana e manejo
nejo de resíduos sólidos, bem como a forma de de resíduos sólidos urbanos do Plano Nacional de
cobrança desses serviços, observado o disposto Resíduos Sólidos deverá atender ao conteúdo mí-
na Lei nº 11.445, de 2007; nimo previsto no art. 52, inciso I, da Lei nº 11.445,
XI – metas de coleta seletiva e reciclagem dos de 2007, e no art. 15 da Lei nº 12.305, de 2010; e
resíduos; II – o componente de limpeza urbana e manejo
XII – descrição das formas e dos limites da par- de resíduos sólidos urbanos dos planos munici-
ticipação do Poder Público local na coleta seletiva pais de gestão integrada de resíduos sólidos de-
e na logística reversa, respeitado o disposto no verá atender ao conteúdo mínimo previsto no
art. 33 da Lei nº 12.305, de 2010, e de outras ações art. 19 da Lei nº 11.445, de 2007, e no art. 19 da
relativas à responsabilidade compartilhada pelo Lei nº 12.305, de 2010.
ciclo de vida dos produtos; § 1º O Plano Nacional de Resíduos Sólidos de-
XIII – identificação de áreas de disposição ina- verá ser elaborado de forma articulada entre o
dequada de resíduos e áreas contaminadas e res- Ministério do Meio Ambiente e os demais órgãos
pectivas medidas saneadoras; e e entidades federais competentes, sendo obriga-
tória a participação do Ministério das Cidades na
XIV – periodicidade de sua revisão.
avaliação da compatibilidade do referido Plano
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos
com o Plano Nacional de Saneamento Básico.
Municípios:
§ 2º O componente de limpeza urbana e ma-
I – integrantes de áreas de especial interesse
nejo de resíduos sólidos urbanos dos planos mu-
turístico;
nicipais de gestão integrada de resíduos sólidos
II – inseridos na área de influência de empreen-
poderá estar inserido nos planos de saneamento
dimentos ou atividades com significativo impacto
básico previstos no art. 19 da Lei nº 11.445, de
ambiental de âmbito regional ou nacional; ou
2007, devendo ser respeitado o conteúdo mínimo
III – cujo território abranja, total ou parcial-
referido no art. 19 da Lei nº 12.305, de 2010, ou o
mente, unidades de conservação.
disposto no art. 51, conforme o caso.
Art. 52. Os Municípios que optarem por soluções
CAPÍTULO III
consorciadas intermunicipais para gestão dos re- DOS PLANOS DE GERENCIAMENTO
síduos sólidos estão dispensados da elaboração DE RESÍDUOS SÓLIDOS
do plano municipal de gestão integrada de resí-
Seção I
duos sólidos, desde que o plano intermunicipal
Das Regras Aplicáveis aos Planos de
atenda ao conteúdo mínimo previsto no art. 19 da Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Lei nº 12.305, de 2010.
Art. 55. Os empreendimentos sujeitos à elabo-
Seção IV ração de plano de gerenciamento de resíduos
Da Relação entre os Planos de Resíduos sólidos localizados em um mesmo condomínio,
Sólidos e dos Planos de Saneamento Básico Município, microrregião, região metropolitana
no que Tange ao Componente de Limpeza
ou aglomeração urbana, que exerçam atividades
Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos
características de um mesmo setor produtivo e
Art. 53. Os serviços públicos de limpeza urbana e que possuam mecanismos formalizados de gover-
de manejo de resíduos sólidos urbanos, compos- nança coletiva ou de cooperação em atividades de
tos pelas atividades mencionadas no art. 3º, in- interesse comum, poderão optar pela apresenta-
ciso I, alínea c, e no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007, ção do referido plano de forma coletiva e integrada.
deverão ser prestados em conformidade com os Parágrafo único. O plano de gerenciamento de
planos de saneamento básico previstos na refe- resíduos sólidos apresentado na forma do caput
rida lei e no Decreto nº 7.217, de 2010. deverá conter a indicação individualizada das
254
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
atividades e dos resíduos sólidos gerados, bem e associações, considerando o conteúdo mínimo
como as ações e responsabilidades atribuídas a previsto no art. 21 da Lei nº 12.305, de 2010.
cada um dos geradores.
Seção III
Art. 56. Os responsáveis pelo plano de gerencia- Dos Planos de Gerenciamento de Resíduos
mento de resíduos sólidos deverão disponibilizar Sólidos Relativos às Microempresas
ao órgão municipal competente, ao órgão licen- e Empresas de Pequeno Porte
ciador do Sisnama e às demais autoridades com- Art. 60. As microempresas e empresas de pe-
petentes, com periodicidade anual, informações queno porte, assim consideradas as referidas nos
completas e atualizadas sobre a implementação incisos I e II do art. 3º da Lei Complementar nº 123,
e a operacionalização do plano sob sua respon- de 14 de dezembro de 2006, que gerem apenas
sabilidade, consoante as regras estabelecidas resíduos sólidos domiciliares ou equiparados pelo
pelo órgão coordenador do Sistema Nacional de
poder público municipal, nos termos do parágrafo
Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
único do art. 13 da Lei nº 12.305, de 2010, estão
(Sinir), por meio eletrônico.
dispensadas de apresentar o plano de gerencia-
Art. 57. No processo de aprovação do plano de ge- mento de resíduos sólidos.
renciamento de resíduos sólidos, será assegurada
Art. 61. O plano de gerenciamento de resíduos
a utilização dos subprodutos e resíduos de valor
sólidos das microempresas e empresas de pe-
econômico não descartados, de origem animal ou
queno porte, quando exigível, poderá ser inserido
vegetal, referidos na Lei nº 8.171, de 17 de janeiro
no plano de gerenciamento de empresas com as
de 1991, e na Lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000,
quais operam de forma integrada, desde que este-
como insumos de cadeias produtivas.
jam localizadas na área de abrangência da mesma
Parágrafo único. Será ainda assegurado o apro-
autoridade de licenciamento ambiental.
veitamento de biomassa na produção de energia
Parágrafo único. Os planos de gerenciamento
e o rerrefino de óleos lubrificantes usados, nos
de resíduos sólidos apresentados na forma do
termos da legislação vigente.
caput conterão a indicação individualizada das
Seção II atividades e dos resíduos sólidos gerados, bem
Do Conteúdo dos Planos de Gerenciamento
como as ações e responsabilidades atribuídas a
de Resíduos Sólidos em Relação à
cada um dos empreendimentos.
Participação das Cooperativas e
outras Formas de Associação de Art. 62. Os planos de gerenciamento de resíduos
Catadores de Materiais Recicláveis sólidos das microempresas e empresas de pe-
Art. 58. O plano de gerenciamento de resíduos queno porte poderão ser apresentados por meio
sólidos dos empreendimentos listados no art. 20 de formulário simplificado, definido em ato do
da Lei nº 12.305, de 2010, poderá prever a partici- Ministério do Meio Ambiente, que deverá conter
pação de cooperativas ou de associações de cata- apenas as informações e medidas previstas no
dores de materiais recicláveis no gerenciamento art. 21 da Lei nº 12.305, de 2010.
dos resíduos sólidos recicláveis ou reutilizáveis, Art. 63. O disposto nesta Seção não se aplica às
quando: microempresas e empresas de pequeno porte ge-
I – houver cooperativas ou associações de ca- radoras de resíduos perigosos.
tadores capazes técnica e operacionalmente de
realizar o gerenciamento dos resíduos sólidos; TÍTULO VII
DOS RESÍDUOS PERIGOSOS
II – utilização de cooperativas e associações de
catadores no gerenciamento dos resíduos sólidos CAPÍTULO I
for economicamente viável; e DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
III – não houver conflito com a segurança ope- Art. 64. Consideram-se geradores ou operadores
racional do empreendimento. de resíduos perigosos empreendimentos ou ati-
Art. 59. No atendimento ao previsto no art. 58, o vidades:
plano de gerenciamento de resíduos sólidos deverá I – cujo processo produtivo gere resíduos peri-
especificar as atividades atribuídas às cooperativas gosos;
255
II – cuja atividade envolva o comércio de produ- duos perigosos, ficando resguardado o sigilo das
tos que possam gerar resíduos perigosos e cujo ris- informações apresentadas.
co seja significativo a critério do órgão ambiental; Art. 67. No licenciamento ambiental de empreen-
III – que prestam serviços que envolvam a ope- dimentos ou atividades que operem com resíduos
ração com produtos que possam gerar resíduos perigosos, o órgão licenciador do Sisnama pode
perigosos e cujo risco seja significativo a critério exigir a contratação de seguro de responsabili-
do órgão ambiental; dade civil por danos causados ao meio ambiente
IV – que prestam serviços de coleta, transporte, ou à saúde pública, observadas as regras sobre
transbordo, armazenamento, tratamento, desti- cobertura e os limites máximos de contratação
nação e disposição final de resíduos ou rejeitos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Segu-
perigosos; ou ros Privados (CNSP).
V – que exercerem atividades classificadas em Parágrafo único. A aplicação do disposto no
normas emitidas pelos órgãos do Sisnama, SNVS caput deverá considerar o porte e as caracterís-
ou Suasa como geradoras ou operadoras de resí- ticas da empresa.
duos perigosos.
CAPÍTULO II
Art. 65. As pessoas jurídicas que operam com DO CADASTRO NACIONAL DE OPERADORES
resíduos perigosos, em qualquer fase do seu ge- DE RESÍDUOS PERIGOSOS
renciamento, são obrigadas a elaborar plano de Art. 68. As pessoas jurídicas que operam com resí-
gerenciamento de resíduos perigosos e submetê- duos perigosos, em qualquer fase de seu gerencia-
-lo ao órgão competente do Sisnama e, quando mento, são obrigadas a se cadastrar no Cadastro
couber, do SNVS e do Suasa, observadas as exi- Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos.
gências previstas neste Decreto ou em normas Parágrafo único. As pessoas jurídicas referidas
técnicas específicas. no caput deverão indicar responsável técnico pelo
Parágrafo único. O plano de gerenciamento de gerenciamento dos resíduos perigosos, devida-
resíduos perigosos poderá ser inserido no plano mente habilitado, cujos dados serão mantidos
de gerenciamento de resíduos sólidos. atualizados no cadastro.
Art. 66. A instalação e o funcionamento de em- Art. 69. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
preendimento ou atividade que gere ou opere e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) será
com resíduos perigosos somente podem ser au- responsável por coordenar o Cadastro Nacional
torizados ou licenciados pelas autoridades com- de Operadores de Resíduos Perigosos, que será
petentes se o responsável comprovar, no mínimo, implantado de forma conjunta pelas autoridades
capacidade técnica e econômica, além de condi- federais, estaduais e municipais.
ções para prover os cuidados necessários ao ge- § 1º O Ibama deverá adotar medidas visando
renciamento desses resíduos. assegurar a disponibilidade e a publicidade do ca-
Parágrafo único. Para fins de comprovação dastro referido no caput aos órgãos e entidades
de capacidade técnica e econômica prevista no interessados.
caput, os referidos empreendimentos ou ativida- § 2º O Ibama deverá promover a integração do
des deverão: Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Pe-
I – dispor de meios técnicos e operacionais ade- rigosos com o Cadastro Técnico Federal de Ativi-
quados para o atendimento da respectiva etapa dades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras
do processo de gerenciamento dos resíduos sob de Recursos Ambientais e com o Sinir.
sua responsabilidade, observadas as normas e Art. 70. O Cadastro Nacional de Operadores de
outros critérios estabelecidos pelo órgão ambien- Resíduos Perigosos será composto com base nas
tal competente; e informações constantes nos Planos de Gerencia-
II – apresentar, quando da concessão ou reno- mento de Resíduos Perigosos, no relatório especí-
vação do licenciamento ambiental, as demonstra- fico anual do Cadastro Técnico Federal de Ativida-
ções financeiras do último exercício social, a certi- des Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
dão negativa de falência, bem como a estimativa Recursos Ambientais, bem como nas informações
de custos anuais para o gerenciamento dos resí- sobre a quantidade, a natureza e a destinação tem-
256
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
porária ou final dos resíduos sob responsabilidade Art. 72. O Sinir será estruturado de modo a conter
da respectiva pessoa jurídica, entre outras fontes. as informações fornecidas:
I – pelo Cadastro Nacional de Operadores de
TÍTULO VIII
DO SISTEMA NACIONAL DE Resíduos Perigosos;
INFORMAÇÕES SOBRE A GESTÃO II – pelo Cadastro Técnico Federal de Atividades
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (SINIR) Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Re-
cursos Ambientais;
Art. 71. Fica instituído o Sistema Nacional de In-
III – pelo Cadastro Técnico Federal de Atividades
formações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
e Instrumentos de Defesa Ambiental;
(Sinir), sob a coordenação e articulação do Minis-
IV – pelos órgãos públicos competentes para a
tério do Meio Ambiente, com a finalidade de:
elaboração dos planos de resíduos sólidos referi-
I – coletar e sistematizar dados relativos à pres-
dos no art. 14 da Lei nº 12.305, de 2010;
tação dos serviços públicos e privados de gestão e
V – pelos demais sistemas de informações que
gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive dos
compõem o Sistema Nacional de Informações
sistemas de logística reversa implantados; sobre Meio Ambiente (Sinima); e
II – promover o adequado ordenamento para a VI – pelo Sistema Nacional de Informações em
geração, armazenamento, sistematização, com- Saneamento Básico (Sinisa), no que se refere aos
partilhamento, acesso e disseminação dos dados serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
e informações de que trata o inciso I; resíduos sólidos.
III – classificar os dados e informações de acor-
Art. 73. A implementação do Sinir dar-se-á me-
do com a sua importância e confidencialidade, em
diante:
conformidade com a legislação vigente;
I – articulação com o Sinima e com o Sistema
IV – disponibilizar estatísticas, indicadores e
Nacional de Informações de Recursos Hídricos
outras informações relevantes, inclusive visando
(SNIRH);
à caracterização da demanda e da oferta de ser-
II – articulação com os órgãos integrantes do
viços públicos de gestão e gerenciamento de re-
Sisnama, para interoperabilidade entre os diver-
síduos sólidos; sos sistemas de informação existentes e para o
V – permitir e facilitar o monitoramento, a fis- estabelecimento de padrões e ontologias para as
calização e a avaliação da eficiência da gestão e unidades de informação componentes do Sinir;
gerenciamento de resíduos sólidos nos diversos III – integração ao Sinisa no tocante aos serviços
níveis, inclusive dos sistemas de logística reversa públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos
implantados; sólidos urbanos; e
VI – possibilitar a avaliação dos resultados, dos IV – sistematização de dados, disponibilização
impactos e o acompanhamento das metas dos de estatísticas e indicadores referentes à gestão e
planos e das ações de gestão e gerenciamento de gerenciamento de resíduos sólidos.
resíduos sólidos nos diversos níveis, inclusive dos
Art. 74. O Ministério do Meio Ambiente apoiará
sistemas de logística reversa implantados;
os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os
VII – informar a sociedade sobre as atividades respectivos órgãos executores do Sisnama na or-
realizadas na implementação da Política Nacional ganização das informações, no desenvolvimento
de Resíduos Sólidos; dos instrumentos e no financiamento das ações
VIII – disponibilizar periodicamente à sociedade voltadas à implantação e manutenção do Sinir.
o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no § 1º O Ministério do Meio Ambiente, os Estados,
País, por meio do Inventário Nacional de Resíduos o Distrito Federal e os Municípios, de forma con-
Sólidos; e junta, organizarão e manterão a infraestrutura
IX – agregar as informações sob a esfera de necessária para receber, analisar, classificar, sis-
competência da União, Estados, Distrito Federal tematizar, consolidar e divulgar dados e informa-
e Municípios. ções qualitativas e quantitativas sobre a gestão
Parágrafo único. O Sinir deverá ser implemen- de resíduos sólidos.
tado no prazo máximo de dois anos, contados da § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
publicação deste Decreto. cípios disponibilizarão anualmente ao Sinir as
257
informações necessárias sobre os resíduos sóli- cíficas estabelecidas na Lei nº 12.305, de 2010, e
dos sob sua esfera de competência. neste Decreto.
§ 3º Os planos de gestão de resíduos sólidos § 2º O Poder Público deverá adotar as seguintes
deverão ser disponibilizados pelos respectivos medidas, entre outras, visando o cumprimento do
responsáveis no Sinir. objetivo previsto no caput:
I – incentivar atividades de caráter educativo e
Art. 75. A coleta e sistematização de dados, a dis-
pedagógico, em colaboração com entidades do
ponibilização de estatísticas e indicadores, o mo-
setor empresarial e da sociedade civil organizada;
nitoramento e a avaliação da eficiência da pres-
II – promover a articulação da educação am-
tação dos serviços públicos de limpeza urbana e
biental na gestão dos resíduos sólidos com a Po-
manejo de resíduos sólidos serão realizados no
lítica Nacional de Educação Ambiental;
âmbito do Sinisa, nos termos do art. 53 da Lei
III – realizar ações educativas voltadas aos fabri-
nº 11.445, de 2007.
cantes, importadores, comerciantes e distribuido-
§ 1º O Sinir utilizará as informações do Sinisa
res, com enfoque diferenciado para os agentes en-
referentes às atividades previstas no caput.
volvidos direta e indiretamente com os sistemas
§ 2º O Ministério do Meio Ambiente e o Minis-
de coleta seletiva e logística reversa;
tério das Cidades deverão adotar as medidas ne-
IV – desenvolver ações educativas voltadas à
cessárias para assegurar a integração entre o Sinir
conscientização dos consumidores com relação
e o Sinisa.
ao consumo sustentável e às suas responsabili-
Art. 76. Os dados, informações, relatórios, estu- dades no âmbito da responsabilidade comparti-
dos, inventários e instrumentos equivalentes que lhada de que trata a Lei nº 12.305, de 2010;
se refiram à regulação ou à fiscalização dos ser- V – apoiar as pesquisas realizadas por órgãos
viços relacionados à gestão dos resíduos sólidos, oficiais, pelas universidades, por organizações
bem como aos direitos e deveres dos usuários e não governamentais e por setores empresariais,
operadores, serão disponibilizados pelo Sinir na bem como a elaboração de estudos, a coleta de
rede mundial de computadores. dados e de informações sobre o comportamento
§ 1º A publicidade das informações divulgadas do consumidor brasileiro;
por meio do Sinir observará o sigilo comercial, VI – elaborar e implementar planos de produ-
industrial, financeiro ou de qualquer outro tipo ção e consumo sustentável;
protegido por lei. VII – promover a capacitação dos gestores pú-
§ 2º As pessoas físicas e jurídicas que fornece- blicos para que atuem como multiplicadores nos
rem informações de caráter sigiloso aos órgãos e diversos aspectos da gestão integrada dos resí-
entidades da administração pública deverão indi- duos sólidos; e
car essa circunstância, de forma expressa e funda- VIII – divulgar os conceitos relacionados com a
mentada, a fim de que seja resguardado o sigilo a coleta seletiva, com a logística reversa, com o con-
que se refere o § 1º. sumo consciente e com a minimização da geração
de resíduos sólidos.
TÍTULO IX
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA § 3º As ações de educação ambiental previstas
GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS neste artigo não excluem as responsabilidades
dos fornecedores referentes ao dever de informar
Art. 77. A educação ambiental na gestão dos re-
o consumidor para o cumprimento dos sistemas
síduos sólidos é parte integrante da Política Na-
de logística reversa e coleta seletiva instituídos.
cional de Resíduos Sólidos e tem como objetivo
o aprimoramento do conhecimento, dos valores, TÍTULO X
dos comportamentos e do estilo de vida relacio- DAS CONDIÇÕES DE ACESSO A RECURSOS
nados com a gestão e o gerenciamento ambiental- Art. 78. A elaboração dos planos de resíduos só-
mente adequado dos resíduos sólidos. lidos previstos no art. 45 é condição, nos termos
§ 1º A educação ambiental na gestão dos resí- do art. 55 da Lei nº 12.305, de 2010, para que os
duos sólidos obedecerá às diretrizes gerais fixadas Estados, o Distrito Federal e os Municípios te-
na Lei nº 9.795, de 1999, e no Decreto nº 4.281, de nham acesso a recursos da União ou por ela con-
25 de junho de 2002, bem como às regras espe- trolados, bem como para que sejam beneficiados
258
DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
risco eminente de serem atingidas pelos inciden- XII – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação:
tes de poluição por óleo; a) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
VII – realizar reuniões periódicas com os parti- (INPE);
cipantes da ação de resposta para acompanha- XIII – Ministério do Meio Ambiente;
mento e controle das ações planejadas; e a) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
VIII – efetuar os registros do incidente, a serem Recursos Naturais Renováveis (Ibama);
entregues à Autoridade Nacional, que conterão, b) Instituto Chico Mendes de Conservação da
no mínimo: Biodiversidade (ICMBio); e
a) relatório técnico, com a caracterização do c) Agência Nacional de Águas (ANA);
incidente, os métodos e os procedimentos utili- XIV – Ministério da Integração Nacional:
zados nas ações de resposta; a) Secretaria Nacional de Proteção e de Defesa
b) relatório das ações de comunicação social e Civil;
institucional realizadas, que conterá os registros XV – Ministério da Pesca e Aquicultura;
de comunicação ao poluidor, às autoridades, às XVI – Gabinete de Segurança Institucional da
comunidades envolvidas e ao público em geral, Presidência da República; e
sobre o andamento das operações e desdobra- XVII – Secretaria de Portos da Presidência da
mentos do incidente, e as ações de recuperação República:
previstas para a área atingida; e a) Agência Nacional de Transportes Aquaviários
c) relatório financeiro-administrativo consoli- (Antaq).
dado, que discrimine recursos humanos e mate- § 1º A Autoridade Nacional poderá solicitar a
riais aplicados no exercício de sua Coordenação e participação de outros órgãos e entidades fe-
custos envolvidos na operação, com o objetivo de derais, além de órgãos e entidades estaduais e
registrar as despesas para mitigação do incidente municipais, e de entidades privadas.
e o posterior ressarcimento pelo agente poluidor. § 2º Os representantes dos órgãos e entidades
Art. 11. O Comitê de Suporte será composto por que compõem o Comitê de Suporte e seus suplen-
representantes dos seguintes órgãos e entidades: tes deverão ser indicados, por meio de suas auto-
I – Casa Civil da Presidência da República; ridades máximas, no prazo de sessenta dias, con-
II – Ministério da Justiça: tado da data de publicação deste Decreto, para
a) Departamento de Polícia Federal; e fins de designação pela Autoridade Nacional.
b) Departamento de Polícia Rodoviária Federal § 3º Em caso de incidente de poluição de óleo
III – Ministério da Defesa: de significância nacional, constatado o risco de
a) Marinha do Brasil; toque de óleo na costa brasileira ou quando ocor-
b) Exército Brasileiro; e rer em águas interiores, deve ser convidado a par-
c) Força Aérea Brasileira; ticipar do Comitê de Suporte um representante do
IV – Ministério das Relações Exteriores; órgão estadual do Meio Ambiente de cada Estado
V – Ministério da Fazenda: afetado.
a) Secretaria do Tesouro Nacional; e § 4º Quando um incidente de poluição por óleo
b) Secretaria da Receita Federal; de significância nacional envolver uma instalação
VI – Ministério dos Transportes; portuária ou terminal, dentro ou fora do porto or-
VII – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- ganizado, o seu representante legal, a autoridade
tecimento: portuária, ou ambos, devem ser convidados a par-
a) Instituto Nacional de Meteorologia; ticipar do Comitê de Suporte, a critério da Auto-
VIII – Ministério do Trabalho e Emprego; ridade Nacional.
IX – Ministério da Saúde; Art. 12. Compete ao Comitê de Suporte:
X – Ministério de Minas e Energia: I – atender às solicitações da Autoridade Nacio-
a) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e nal e do Grupo de Acompanhamento e Avaliação;
Biocombustíveis (ANP); II – indicar recursos humanos e materiais soli-
XI – Ministério do Planejamento, Orçamento e citados pelo Grupo de Acompanhamento e Ava-
Gestão; liação para emprego nas ações de resposta a um
a) Secretaria de Orçamento Federal; incidente de poluição por óleo;
263
III – sugerir ao Comitê-Executivo procedimentos de poluição por óleo, disseminando as informa-
para avaliação e atualização do PNC; ções de interesse para segurança da navegação;
IV – propor diretrizes para inventário e manu- 3. interligar-se e atualizar o Sisnóleo; e
tenção dos recursos adequados para o controle 4. fornecer, por meio do Sistema de Informações
e combate a incidentes de poluição por óleo de sobre Tráfego Marítimo (Sistram), informações so-
significância nacional; bre navios e embarcações que possam ter causa-
V – fomentar a capacidade de resposta por do incidentes de poluição por óleo;
meio de programas de capacitação, treinamento b) Exército Brasileiro – prestar apoio de pessoal,
e aperfeiçoamento dos segmentos envolvidos; material e de meios terrestres, em casos de desas-
VI – participar da elaboração do conteúdo dos tres ambientais de grandes proporções, de acordo
programas de capacitação, treinamento e aperfei- com as disposições legais para o emprego da força
çoamento dos órgãos e entidades das instâncias terrestre, quando solicitado; e
de gestão do PNC; c) Força Aérea Brasileira:
VII – participar, quando pertinente, de exercí- 1. estabelecer, após receber do Grupo de Acom-
cios simulados do PNC; panhamento e Avaliação as informações e dados
VIII – propor a celebração de acordos de coope- pertinentes, os mecanismos que permitam a en-
ração internacional; trada de aeronaves estrangeiras no espaço aéreo
IX – divulgar, no âmbito de suas instituições, brasileiro, para apoiar as ações de resposta, nos
novas tecnologias, equipamentos e materiais, pro- termos da Constituição; e
cedimentos em matéria de prevenção, controle e 2. realizar, no caso do acionamento do PNC, o
combate a incidentes de poluição por óleo; e controle do tráfego aéreo na área do incidente de
X – adotar, previamente, mecanismos que aten- poluição por óleo, disseminando as informações
dam as suas competências na resposta aos inci- de interesse para a segurança do tráfego aéreo,
dentes de poluição por óleo de significância na- de acordo com as disposições legais que regem
cional. a matéria;
Art. 13. No âmbito do PNC, sem prejuízo das de- IV – Ministério das Relações Exteriores:
mais competências previstas neste Decreto, com- a) solicitar ou prestar assistência governamental
pete aos órgãos e entidades que compõem o Co- internacional em incidentes de poluição por óleo;
mitê de Suporte: b) promover a articulação em âmbito interna-
I – Casa Civil da Presidência da República – acom- cional para facilitar a ajuda externa nos casos de
panhar os procedimentos adotados nas ações de incidentes de poluição por óleo;
resposta; c) coordenar a articulação bilateral na even-
II – Ministério da Justiça: tualidade de incidentes de poluição por óleo que
a) Departamento de Polícia Federal – adotar as atinjam águas jurisdicionais de outros países;
medidas de polícia judiciária cabíveis, inclusive d) promover os procedimentos para a conces-
quanto à realização de perícia criminal; e são de vistos de entrada para mão-de-obra estran-
b) Departamento de Polícia Rodoviária Federal geira especializada a ser empregada nas ações de
– priorizar, nos termos da lei, o trânsito, por via resposta, observadas as competências legais do
terrestre, de materiais e equipamentos impres- Ministério do Trabalho e Emprego; e
cindíveis para o desenvolvimento de uma ação e) coordenar a defesa dos interesses nacionais
de resposta; no caso de demandas internacionais que decor-
III – Ministério da Defesa – ativar o International ram de incidentes de poluição por óleo;
Charter Space and Major Disasters, quando solici- V – Ministério da Fazenda:
tado pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação: a) Secretaria do Tesouro Nacional – promover
a) Marinha do Brasil: a liberação de recursos financeiros para atender
1. fornecer informações hidroceanográficas e às necessidades do PNC para incidentes de polui-
previsões meteorológicas nas áreas de sua respon- ção por óleo, quando solicitado, e observados os
sabilidade e de interesse para as ações de resposta; limites de movimentação de empenho e de paga-
2. realizar, no caso do acionamento do PNC, o mento da programação orçamentária e financeira
controle do tráfego marítimo na área do incidente anual; e
264
DECRETO Nº 8.127, DE 22 DE OUTUBRO DE 2013
cada um dos Estados potencialmente afetados, e VIII – poluidor não identificado, em áreas não
ao representante do Ministério da Saúde no Co- cobertas por Planos de Área; e
mitê de Suporte, para adoção das medidas neces- IX – outros critérios julgados relevantes.
sárias à proteção da saúde humana, independen- Parágrafo único. Constatada a significância na-
temente de o incidente ser considerado como de cional do incidente, o Grupo de Acompanhamento
significância nacional. e Avaliação designará Coordenador Operacional e
Art. 16. A partir da comunicação inicial, o polui- acionará o PNC.
dor deverá, de acordo com periodicidade e dura- Art. 18. Acionado o PNC e caso existam evidên-
ção definidas pelo Grupo de Acompanhamento e cias de que os procedimentos adotados pelo po-
Avaliação, fornecer relatórios de situação às auto- luidor não são adequados ou que os equipamen-
ridades indicadas no caput do art. 14. tos e materiais não são suficientes, e, ainda, se os
Parágrafo único. O informe de situação deverá procedimentos e estrutura previstos nos Planos
conter, no mínimo, as seguintes informações: de Áreas não se mostraram adequados à resposta
I – descrição da situação atual do incidente, in- de incidente de poluição por óleo de origem des-
formando se controlado ou não; conhecida, as instâncias de gestão do PNC serão
II – confirmação do volume da descarga; mobilizadas, de imediato, pelo Grupo de Acom-
III – volume que ainda possa vir a ser descar- panhamento e Avaliação, conforme solicitação do
regado; Coordenador Operacional, para facilitar, adequar
IV – características do produto; e ampliar a capacidade das ações de resposta
V – áreas afetadas; adotadas.
VI – medidas adotadas e planejadas; Parágrafo único. As ações de resposta são de
VII – data e hora da observação; responsabilidade do poluidor.
VIII – localização atual, extensão e trajetória pre-
Art. 19. O Coordenador Operacional, no exercí-
vista da mancha de óleo;
cio de suas competências, atuando sob o sistema
IX – recursos humanos e materiais mobilizados; e
de comando unificado de operações, solicitará,
X – necessidade de recursos adicionais.
quando achar oportuno, o apoio de pessoal es-
Art. 17. O Grupo de Acompanhamento e Avalia- pecializado do Comitê de Suporte para compor a
ção deverá definir a significância do incidente, estrutura básica de sua coordenação.
classificando-a como nacional ou não, tendo por
Art. 20. O Coordenador Operacional avaliará a
base, de forma isolada ou em conjunto, os seguin-
capacidade de controle do poluidor sobre o in-
tes critérios:
cidente, com base na utilização dos recursos dis-
I – acidente, explosão ou incêndio de grandes
poníveis no Plano de Emergência Individual e no
proporções, que possam provocar poluição por
Plano de Área e, quando necessário, alocará os re-
óleo;
cursos humanos e materiais disponibilizados pelo
II – volume descarregado e que ainda pode vir
Comitê de Suporte, e aqueles previstos no art. 26.
a ser descarregado;
III – poluição ou ameaça significativa a corpos CAPÍTULO IV
d’água e outros recursos naturais importantes
DOS INSTRUMENTOS DO PNC
quanto aos seus usos identificados ou à saúde Art. 21. A fim de atingir seus objetivos, o PNC con-
pública, economia e propriedades; tará com os seguintes instrumentos:
IV – sensibilidade ambiental da área afetada ou I – cartas de sensibilidade ambiental ao óleo e
em risco; outros dados ambientais das áreas atingidas ou
V – eficácia das respostas dos Planos de Emer- em risco de serem atingidas;
gência Individuais e de Área; II – centros ou instalações estruturadas para
VI – solicitação de ajuda do próprio operador resgate e salvamento da fauna atingida por inci-
da instalação, do comandante do navio ou do dente de poluição por óleo;
poluidor; III – planos de ação dos órgãos ambientais
VII – possibilidade de a descarga atingir águas federais, estaduais e municipais em incidentes
jurisdicionais de países vizinhos; de poluição por óleo;
267
IV – Planos de Emergência Individuais e de Área com o Ministério do Planejamento, Orçamento e
para combate a incidentes de poluição por óleo; Gestão, incluirão na previsão de seus orçamentos
V – programas de exercícios simulados; recursos financeiros específicos para o cumpri-
VI – redes e serviços de observação e previsão mento de suas atribuições previstas neste Decreto.
hidrometeorológica;
Art. 26. Os integrantes do Comitê-Executivo de-
VII – serviço meteorológico marinho;
vem estruturar e desenvolver, no prazo de doze
VIII – Sisnóleo;
meses, contado da data de publicação deste De-
IX – Sistema de Comando de Incidentes; e
creto, programas internos de capacitação e treina-
X – termos de cooperação, convênios e instru-
mento para o pessoal envolvido no cumprimento
mentos congêneres.
das competências previstas neste Decreto, a par-
Parágrafo único. Fica instituído o Sistema de
tir da divulgação dos atos complementares pre-
Informações Sobre Incidentes de Poluição por
vistos no art. 22.
Óleo em Águas Sob Jurisdição Nacional (Sisnó-
leo), com o objetivo de consolidar e disseminar, Art. 27. O Grupo de Acompanhamento e Avalia-
em tempo real, informação geográfica sobre pre- ção poderá requisitar do responsável por qual-
venção, preparação e resposta a incidentes de po- quer instalação os bens e serviços listados nos
luição por óleo, de modo a: respectivos Planos de Emergência Individuais e
I – permitir a análise, a gestão e a tomada de de Área necessários às ações de resposta, e outros
decisão pelas instâncias de gestão do PNC com bens e serviços disponíveis.
relação ao apoio à prevenção, preparação e res- § 1º Os custos referentes à requisição dos bens
posta aos incidentes de poluição por óleo; e serviços a que se refere o caput, apurados pelo
II – possibilitar o acesso às bases de dados que Coordenador Operacional, serão ressarcidos inte-
contenham informações relevantes às atividades gralmente pelo poluidor.
executadas no PNC; e § 2º Enquanto não identificado o poluidor, os
III – subsidiar a avaliação da abrangência do custos relativos às atividades de resposta e miti-
incidente com relação à concentração de popu- gação serão cobertos pelo Poder Executivo Federal.
lações humanas, incluindo a utilização das águas Art. 28. O Ibama deverá encaminhar:
para consumo humano. I – à Advocacia-Geral da União, relatório detalha-
CAPÍTULO V do contendo as despesas realizadas com recursos
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS humanos e materiais empregados por instituições
Art. 22. Os órgãos e entidades integrantes do Co- e órgãos públicos federais nas ações de resposta; e
mitê-Executivo, do Grupo de Acompanhamento II – ao Ministério Público Federal, relatório cir-
e Avaliação e do Comitê de Suporte, poderão cunstanciado sobre os incidentes de poluição por
expedir, isolada ou conjuntamente, atos comple- óleo de significância nacional, para permitir à pro-
mentares sobre os procedimentos necessários ao positura das medidas judiciais, contendo:
cumprimento de suas competências, no prazo de a) laudo técnico ambiental apresentando o di-
cento e oitenta dias, a contado da data de publi- mensionamento do dano ambiental;
cação deste Decreto. b) laudo técnico com levantamento dos danos
socioeconômicos causados pelo incidente de po-
Art. 23. O Ibama desenvolverá e implantará o Sis-
luição por óleo se a identificação das ações ado-
nóleo no prazo de dezoito meses, a contar da data
tadas, acompanhadas das respectivas estimativas
de publicação deste Decreto, mantendo-o perma-
financeiras; e
nentemente atualizado.
c) registros do incidente efetuados pelo Coor-
Art. 24. Os integrantes do Comitê de Suporte denador Operacional; e
devem informar à Autoridade Nacional, para divul- III – ao Departamento de Polícia Federal, rela-
gação ao Grupo de Acompanhamento e Avaliação, tório de igual teor ao previsto no inciso II, para
o nome da autoridade responsável pelo cumpri- medidas de investigação criminal cabíveis.
mento das competências previstas neste Decreto. Parágrafo único. O Coordenador Operacional
Art. 25. Os órgãos e instituições integrantes da prestará o apoio necessário ao Ibama para o cum-
estrutura organizacional do PNC, em articulação primento do disposto neste artigo.
268
DECRETO Nº 9.177, DE 23 DE OUTUBRO DE 2017
Art. 29. O Grupo de Acompanhamento e Avalia- mado com a União, são obrigados a estruturar e
ção encaminhará ao Conselho Nacional de Meio implementar sistemas de logística reversa, con-
Ambiente (Conama), no prazo de cento e oitenta sideradas as mesmas obrigações imputáveis aos
dias, contado da data de publicação deste De- signatários e aos aderentes de acordo setorial fir-
creto, proposta de critérios e matriz de apoio à mado com a União.
decisão para a utilização de métodos e técnicas de § 1º As obrigações a que se refere o caput in-
combate à poluição por óleo, tais como uso de dis- cluem os dispositivos referentes às etapas de ope-
persantes e outros agentes químicos e a queima racionalização, aos prazos, às metas, aos con-
controlada no local. troles e aos registros da operacionalização dos
[...] sistemas de logística reversa, aos planos de co-
municação, às avaliações e aos monitoramentos
Art. 32. Ficam revogados os §§ 6º e 7º do art. 3º
dos sistemas, às penalidades e às obrigações es-
do Decreto nº 4.871, de 6 de novembro de 2003.
pecíficas imputáveis aos fabricantes, aos importa-
Art. 33. Este Decreto entra em vigor na data de dores, aos distribuidores e aos comerciantes.
sua publicação. § 2º Eventuais revisões dos termos e das condi-
Brasília, 22 de outubro de 2013; 192º da ções previstos em acordo setorial firmado com a
Independência e 125º da República. União, consubstanciadas em termos aditivos e que
alterem as obrigações de que tratam este artigo,
DILMA ROUSSEFF
Celso Luiz Nunes Amorim serão atendidas pelos fabricantes, importadores,
Edison Lobão distribuidores e comerciantes referidos no caput.
Izabella Mônica Vieira Teixeira
Art. 3º Os fabricantes, os importadores, os distri-
buidores e os comerciantes de que trata o art. 2º
DECRETO Nº 9.177, DE 23
poderão firmar termo de compromisso com a
DE OUTUBRO DE 2017
União para implementação de sistema de logís-
(Publicado no DOU de 24/10/2017)
tica reversa próprio, nos termos do disposto na
Regulamenta o art. 33 da Lei nº 12.305, de 2 Lei nº 12.305, de 2010, e no Decreto nº 7.404, de
de agosto de 2010, que institui a Política Na-
23 de dezembro de 2010.
cional de Resíduos Sólidos, e complementa os
art. 16 e art. 17 do Decreto nº 7.404, de 23 de Art. 4º A celebração de acordos setoriais ou termos
dezembro de 2010 e dá outras providências. de compromisso em âmbito estadual, distrital ou
municipal não altera as obrigações dos fabricantes,
O presidente da República, no uso das atribuições
dos importadores, dos distribuidores e dos comer-
que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Cons-
ciantes de que trata o art. 2º e serão compatíveis
tituição, e tendo em vista o disposto nos art. 33 e
com as normas previstas em acordo setorial ou
art. 34 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010,
termo de compromisso firmado com a União, con-
decreta:
forme o disposto no art. 34, § 1º, da Lei nº 12.305,
Art. 1º Este Decreto estabelece normas para as- de 2010, ressalvadas as hipóteses de aplicação do
segurar a isonomia na fiscalização e no cumpri- disposto no § 2º do art. 34 da referida Lei.
mento das obrigações imputadas aos fabricantes,
Art. 5º Em caso de descumprimento das obriga-
aos importadores, aos distribuidores e aos comer-
ções previstas em acordo setorial ou termo de
ciantes de produtos, seus resíduos e suas embala-
compromisso, inclusive daquelas decorrentes do
gens sujeitos à logística reversa obrigatória.
disposto no art. 2º ou no art. 3º, aplicam-se aos
Art. 2º Os fabricantes, os importadores, os dis- signatários, aos aderentes e aos não signatários
tribuidores e os comerciantes de produtos, seus as penalidades previstas na legislação ambiental.
resíduos e suas embalagens aos quais se refere o Parágrafo único. A fiscalização do cumprimento
caput do art. 33 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto das obrigações previstas em acordo setorial ou
de 2010, e de outros produtos, seus resíduos ou termo de compromisso caberá aos órgãos exe-
suas embalagens objeto de logística reversa na cutores, seccionais e locais do Sistema Nacional
forma do § 1º do referido artigo, não signatários do Meio Ambiente, definidos pela Lei nº 6.938, de
de acordo setorial ou termo de compromisso fir- 31 de agosto de 1981, e pelos seus regulamentos,
269
sem prejuízo da competência de outros órgãos e yy criar programas de inspeção e manutenção
entidades públicos. para veículos automotores em uso;
yy promover a conscientização da população
Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua
com relação à questão da poluição do ar por
publicação.
veículos automotores;
Brasília, 23 de outubro de 2017; 196º da
yy estabelecer condições de avaliação dos re-
Independência e 129º da República.
sultados alcançados;
MICHEL TEMER yy promover a melhoria das características
Marcelo Cruz técnicas dos combustíveis líquidos, postos
à disposição da frota nacional de veículos
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, automotores, visando a redução de emis-
DE 6 DE MAIO DE 1986 sões poluidoras à atmosfera.
(Publicada no DOU de 17/6/1986) II – O Proconve deverá contar com a participa-
Dispõe sobre a criação do Programa de Con- ção de:
trole de Poluição do Ar por Veículos Automo- yy Ministério do Desenvolvimento Urbano e
tores (Proconve). Habitação87;
yy Conselho Nacional do Petróleo;
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co-
yy Ministério das Minas e Energia;
nama), no uso de suas atribuições legais e,
yy Ministério dos Transportes;
Considerando que os veículos automotores dos
yy Ministério da Indústria e Comércio
ciclos Otto e Diesel são fontes relevantes de emis-
yy Ministério da Ciência e Tecnologia;
são de monóxido de carbono, hidrocarbonetos,
yy Ministério da Justiça;
óxidos de nitrogênio, fuligem e aldeídos;
yy Órgãos estaduais e municipais de controle
Considerando que os veículos automotores do
da poluição ambiental;
ciclo Otto são fontes relevantes de emissão eva-
yy Associações legalmente constituídas para
porativa de combustível;
defesa dos recursos ambientais;
Considerando que a emissão de poluentes por
yy Associações representativas dos fabrican-
veículos automotores contribui para a contínua
tes de motores, veículos automotores, equi-
deterioração da qualidade do ar, especialmente
pamentos de controle de emissão e autope-
nos centros urbanos; ças, bem como outros órgãos e entidades
Considerando que a utilização de tecnologias afetos ao programa.
adequadas, de uso comprovado, permite aten- III – (Revogado pela Resolução nº 414/2009)
der as necessidades de controle da poluição, bem IV – (Revogado pela Resolução nº 414/2009)
como de economia de combustível; V – Atribuir à Sema a competência para:
Considerando as necessidades de prazo, para yy emitir para fins de controle da poluição do
a adequação tecnológica de motores e veículos ar a Licença para Uso da Configuração de
automotores novos às exigências de controle da Veículos ou Motor (LCVM) em Território Na-
poluição, resolve: cional, fundamentando-se no Certificado
I – Instituir, em caráter nacional, o Programa de de Aprovação da Configuração do Veículo
Controle da Poluição do Ar por Veículos Automo- ou Motor (CAC), expedido pela STI e nos
tores (Proconve), com os objetivos de: documentos apresentados pelo fabricante;
yy reduzir os níveis de emissão de poluentes yy emitir as notificações necessárias às empre-
por veículos automotores visando o aten- sas industriais, fundamentando-se, quanto
dimento aos Padrões de Qualidade do Ar, a certificação de conformidade e acompa-
especialmente nos centros urbanos; nhamento da produção de veículos, mo-
yy promover o desenvolvimento tecnológico tores e peças de reposição, nas ações e
nacional, tanto na engenharia automobilís- atribuições do Conmetro, através da sua
tica, como também em métodos e equipa- Secretaria Executiva;
mentos para ensaios e medições da emis- yy estabelecer convênios, contratos e ativida-
são de poluentes; des afins com órgãos e entidades que, di-
270
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, DE 6 DE MAIO DE 1986
4.1 Os limites máximos estabelecidos para os veí- da Norma Técnica NBR-6601 – Análise dos Gases
culos automotores leves, itens 1.4.2, 1.5, 1.7 e 1.8, de Escapamento de Veículos Rodoviários Automo-
devem ser garantidos por escrito pelo fabricante, tores Leves a Gasolina.
pelo menos durante 80.000 quilômetros ou cinco Os combustíveis utilizados nos ensaios devem
anos de uso, aquele que ocorrer primeiro. Para esta estar de acordo com a Norma NBR-8689 – Veículos
finalidade, deverá ser estabelecido, pelo Conmetro, Rodoviários Leves – Gasolina para Ensaios e Reso-
um procedimento de ensaios, mediante proposta lução nº 1/85, do Conselho Nacional do Petróleo,
da STI, ouvida a Sema. sendo que a mistura gasolina-álcool deve ser pre-
4.2. Os limites máximos estabelecidos para os parada a partir dos respectivos combustíveis de
veículos pesados equipados com motor do ciclo ensaio, na proporção de 22,0 + ou - 1,0 por cento
Diesel ou Otto, itens 2.1, 2.2, 2.3, 3.2, 3.3, 3.4, e 3.5, de álcool, em volume.
devem ser garantidos por escrito pelo fabricante, 3. O método de ensaio e medição de monóxido
pelo menos durante 160.000 quilômetros ou cinco de carbono em marcha lenta em veículos auto-
anos de uso, ou obedecido o procedimento de en- motores leves do ciclo Otto deve ser estabelecido
saio dinamométrico que deverá ser estabelecido pelo Conmetro, mediante proposta da STI, ouvida
pelo Conmetro, mediante a proposta da STI, ou- a Sema.
vida a Sema. 4. O método de ensaio do motor para medição
4.3. Até o estabelecimento, pelo Conmetro, dos de fuligem no gás de escapamento de motores do
métodos e procedimentos de ensaios aplicáveis, ciclo Diesel é prescrito para banco dinamométrico,
as garantias do fabricante, itens 4.1 e 4.2, poderão nas Normas Técnicas NBR-5484 – Motores Alterna-
ser substituídas pela redução de 10% nos limites tivos de Combustão Interna de Ignição por com-
máximos de emissão estabelecidos por esta Reso- pressão (Diesel) ou Ignição por Centelha (Otto) de
lução, exceto para o caso de monóxido de carbono Velocidade Angular Variável e NBR-7027 – Gás de
em marcha lenta. O fator numérico, utilizado para Escapamento Emitido por Motores Diesel – Deter-
efetuar esta redução, é denominado Fator de De- minação do Teor de Fuligem em Regime Constante.
terioração da Emissão. A medição de fuligem deve ser executada se-
4.4. A Sema, ouvida a STI, deverá coordenar os gundo o prescrito na Norma Técnica NBR702690
estudos e trabalhos relativos a qualquer revisão – Gás de Escapamento Emitido por Motores Diesel
necessária aos limites máximos de emissão pre- – Medição do Teor de Fuligem com Amostrador por
vistos nesta Resolução, convocando, a qualquer Elemento Filtrante.
tempo, os órgãos afetos ao problema e, quando O teor de fuligem, corrigido para as condições
necessário, ouvida a CAP, deverá apresentar ao atmosféricas de referência, as transformações
Conama o relatório final com a proposta para de unidades e a concen tração limite de fuligem
aprovação. definida pela equação , devem ser cal-
4.5. O fabricante de veículos pesados poderá so- culados de acordo com as prescrições da Norma
licitar à Sema a dispensa do atendimento aos li- Técnica NBR-5478 – Método de Medição do Teor
mites máximos de emissão desta Resolução, para de Fuligem no Gás de Escapamento Emitido por
casos omissos, assim considerados a critérios e Motor Diesel – Correlação de Unidades e Fórmula
julgamento exclusivo da CAP. para a Construção da Curva Limite, ressalvadas
VII - Definir os principais termos e relacionar os as situações em que o fluxo nominal de gás de
métodos de ensaio, medição, verificação, certifica- escapamento – G – for menor ou igual a 42 litros
ção e documentos complementares, necessários por segundo ou G for maior ou igual a 200 litros
ao cumprimento e para os efeitos desta resolução, por segundo, quando a concentração c máxima
sem prejuízo das demais legislações específicas, admissível de fuligem deve ser calculada para os
de responsabilidade dos órgãos competentes. valores de G iguais a 42 ou 200 litros por segundo,
1. As definições necessárias ao cumprimento respectivamente.
desta Resolução estão descritas no anexo 1. O(s) combustível(eis) utilizado(s) nos ensaios
2. O ensaio e a medição de monóxido de car- deve(m) estar de acordo com as Resoluções CNP
bono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio no nos 1/85 e 8/85, do Conselho Nacional do Petróleo.
gás de escapamento de veículos automotores 5. O método de ensaio e medição da emis-
leves do ciclo Otto, devem seguir as prescrições são evaporativa de combustível de veículos
273
automotores deve ser estabelecido pelo Conme- para obtenção e conclusão dos resultados. Os re-
tro, mediante proposta da STI, ouvida a Sema. latórios dos ensaios realizados devem ficar à dis-
6. Os métodos de ensaio e medição de aldeídos posição da Sema e da STI para consulta.
e outros compostos orgânicos no gás de escapa- 1.3. A partir de 1º de janeiro de 1989, os fabri-
mento de motores e veículos automotores, devem cantes de veículos automotores pesados, equi-
ser estabelecidos pelo Conmetro, mediante pro- pados com motor do ciclo Otto, devem declarar
posta da STI, ouvida a Sema. à Sema e à STI, até o último dia útil do semestre
7. Os métodos de ensaio e medição de monó- civil, os valores típicos de emissão de monóxido
xido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogê-
nitrogênio no gás de escapamento de motores e nio e aldeídos no gás de escapamento das con-
veículos automotores do ciclo Diesel, devem ser figurações em produção, a serem determinadas
estabelecidos pelo Conmetro, mediante proposta pela Sema e STI, bem como apresentar os critérios
da STI, ouvida na Sema. utilizados para obtenção e conclusão dos resulta-
8. Os métodos de ensaio e medição de monó- dos. Os relatórios dos ensaios realizados devem
xido de carbono, hidrocarboneto e óxidos de ni- ficar à disposição da Sema e da STI para consulta.
trogênio no gás de escapamento de motores do 1.4. A partir de 1º de janeiro de 1987, os fabri-
ciclo Otto, para veículos automotores pesados, cantes de veículos automotores devem fornecer
devem ser estabelecidos pelo Conmetro, me- ao consumidor, através do Manual do Proprietário
diante proposta da STI, ouvida a Sema. do veículo, bem como à Rede de Serviço Autori-
9. O procedimento para a Certificação de Con- zado, através do Manual de Serviço, as seguintes
formidade da produção com os limites máximos especificações:
de emissão, deve ser estabelecido pelo Conmetro, yy emissão de monóxido de carbono em mar-
mediante proposta da STI, ouvida a Sema. cha lenta, expressa em porcentagem;
10. O procedimento para a Certificação de Qua- yy velocidade angular do motor em marcha
lidade de Peças de Reposição deve ser estabele- lenta, expressa em rotações por minuto;
cido pelo Conmetro, mediante proposta da STI, yy ângulo de avanço inicial da ignição, expresso
ouvida a Sema. em graus;
11. O modelo do Termo de Caracterização do yy a influência da altitude e da temperatura am-
Veículo ou Motor necessário ao cumprimento biente nos parâmetros especificados, quan-
desta Resolução está apresentado no anexo 2. do isto for relevante;
VIII – Estabelecer as condições gerais necessá- yy outras especificações que o fabricante jul-
rias ao cumprimento desta Resolução: gar necessário divulgar, para indicar a ma-
1. Veículos equipados com motores do ciclo Otto nutenção correta e o atendimento ao con-
1.1. A partir da data de publicação desta Resolu- trole de emissão.
ção, os fabricantes de veículos automotores leves 2. Veículos equipados com motores do ciclo
devem declarar à Sema e ao STI, até o último dia Diesel
útil de cada semestre civil, os valores típicos de 2.1. A partir da data da publicação desta Resolu-
emissão de monóxido de carbono, hidrocarbone- ção, os fabricantes de motores e/ou veículos auto-
tos, óxidos de nitrogênio e aldeídos no gás de esca- motores do ciclo Diesel devem declarar à Sema e
pamento de todas as configurações de veículos em à STI, até o último dia do semestre civil, os valores
produção, bem como apresentar os critérios utili- típicos de emissão de fuligem das configurações
zados para a obtenção e conclusão dos resultados. de motor em produção. Os relatórios de ensaios
Os relatórios dos ensaios realizados devem ficar realizados devem ficar à disposição da Sema e da
à disposição da Sema e da STI para consulta. STI para consulta.
1.2. A partir de 1º de julho de 1987, os fabrican- 2.2. A partir de 1º de janeiro de 1987, os fabri-
tes de veículos automotores leves devem declarar cantes de veículos automotores devem fornecer
à Sema e à STI, até o último dia útil do semestre ao consumidor e à Rede de Serviços Autorizados,
civil, os valores típicos da emissão evaporativa através dos Manuais do Proprietário do Veículo e
de combustível, das configurações de veículos de Manutenção e Serviços, os valores máximos
em produção, a serem determinadas pela Sema especificados da emissão de fuligem nas faixas
e STI, bem como apresentar os critérios utilizados de velocidades angular de utilização do motor,
274
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, DE 6 DE MAIO DE 1986
indicando, ainda, a curva ou tabela de correção prática da emissão de poluentes, bem como uma
da emissão, para altitudes de zero a 1000 m, em cópia das análises física e química do combustí-
intervalos máximos de 200 m. vel. No caso destes testes serem feitos em regiões
A emissão de fuligem deverá ser expressa simul- onde haja exposição da população, será necessário
taneamente nas seguintes unidades: obter uma autorização especial da Sema.
yy grau de enegrecimento do elemento filtrante; 3.6. É obrigatória a Certificação de Conformi-
yy opacidade. dade da Produção com os limites máximos esta-
2.3. A partir de 1º de janeiro de 1988, os fabri- belecidos nesta Resolução, de acordo com os pro-
cantes de veículos automotores equipados com cedimentos a serem estabelecidos pelo Conmetro.
motor de ciclo Diesel devem declarar à Sema e 3.7. Se, através de ensaios, a Sema determinar
à STI, até o último dia útil do semestre civil, os que um número significativo de veículos e/ou
valores típicos de emissão de monóxido de car- motores em uso, adequadamente mantidos, não
bono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e al- está atendendo aos limites de emissão desta Re-
deídos no gás de escapamento das configurações solução, a Sema deverá notificar o fabricante e a
em produção, a serem determinadas pela Sema e STI/Inametro para proceder a uma verificação ex-
STI, bem como apresentar os critérios utilizados traordinária de conformidade da produção, cujos
para obtenção e conclusão dos resultados. Os re- resultados determinarão a adoção de medidas
latórios dos ensaios realizados devem ficar à dis- dela decorrentes. Todos os custos dessa ação
posição da Sema e da STI para consulta. correrão por conta do fabricante.
3. Todos os motores e veículos automotores 3.8. A partir das datas de implantação das exi-
3.1. A partir de 1º de janeiro de 1988, a autoriza- gências contidas nesta Resolução, os fabricantes
ção para a fabricação e comercialização em terri- de veículos automotores devem declarar à Sema
tório nacional, de qualquer modelo e/ou configu- e à STI, até o último dia útil de cada semestre
ração de veículo ou motor ou, ainda, de qualquer civil, os valores da média e do desvio padrão das
extensão destes, somente será concedida pelo emissões referentes aos respectivos limites exigi-
Conselho de Desenvolvimento Industrial – CDI, dos para todas as configurações de veículos em
após a obtenção da Licença para Uso da Configu- produção. Tais valores devem representar os re-
ração do Veículo ou Motor (LCVM), expedida pela sultados de controle de qualidade do fabricante,
Sema, de acordo com os termos, prazos e limites sendo que os relatórios dos ensaios devem ficar à
desta Resolução. disposição da Sema e da STI para consulta.
3.2. A emissão da LCVM será feita, em 15 dias Este item substitui e cancela parcial ou integral-
úteis, pela Sema, após o recebimento do Certifi- mente o disposto nos itens 1.1., 1.2., 1.3., 2.1. e
cado de Aprovação da Configuração do Veículo ou 2.3. do capítulo VIII, na medida que os respectivos
Motor (CAC), expedido pela STI, com exceção dos limites de emissão estiverem fixados e vigentes.
casos previstos em 1.9. e 4.5. do Cap. VI, onde o 3.9. A partir de 1º de janeiro de 1988, todo fabri-
CAC pode ser dispensado. cante de veículo deverá divulgar, com destaque,
3.3. Para a obtenção do CAC, o fabricante de- nos Manuais de Serviço e do Proprietário do Veí-
verá enviar à STI, em três vias, os documentos culo, informações sobre a importância da correta
necessários para a certificação de conformidade, manutenção do veículo para a redução da polui-
de acordo com procedimento a ser estabelecido ção do ar.
pelo Conmetro, sendo que uma das vias será en- Além disso, a observância dessa manutenção
viada à Sema. deve estar recomendada em adesivos fixados em
3.4. Não poderão ser comercializados em ter- todos os veículos nacionais, em lugar(es) protegi-
ritório nacional as configurações de veículo e/ou do(s) e visível(eis).
motor ou suas extensões que não receberem ou 3.10 - A partir de 1º de outubro de 1987, todo e
que tiverem cancelada a LCVM. qualquer material de propaganda relativo a um
3.5. Para a realização de testes em frota expe- modelo de veículo já em conformidade com os
rimental de veículos motivos por combustível al- limites máximos de emissão, veiculado em im-
ternativo aos usuais (gasolina álcool etílico anidro, prensa especializada ou não, deverá informar, de
álcool etílico hidratado e óleo diesel), é obrigatória maneira clara e objetiva, a sua conformidade com
a apresentação à Sema de uma análise teórica e/ou o Proconve.
275
3.11. As administrações estaduais e municipais Se este percentual de vendas não for atingido
poderão colocar em prática programas de inspe- em razão exclusiva de determinações governa-
ção e manutenção para veículos automotores em mentais, o mesmo poderá ser redefinido pela CAP.
uso, adotando os limites de emissão específicos 3.17. O fabricante deve permitir a entrada do
já estabelecidos em legislação existente ou que agente credenciado pela Sema em suas instala-
venham a ser definidos pelo Conama. ções, sempre que esta considere necessário para
Não são aplicáveis os limites máximos de emis- o cumprimento do disposto nesta Resolução. Não
são estabelecidos nesta Resolução aos veículos o fazendo, estará sujeito às penalidades da legis-
que ultrapassarem o período ou quilometragem lação em vigor.
3.18. A partir de 1º de janeiro de 1988, o para-
de garantia de emissão do fabricante.
fuso de regulagem da mistura ar-combustível em
3.12. Se um Programa de Inspeção/Manutenção
marcha lenta e outros itens reguláveis de cali-
estiver recomendado para veículos em uso e se
bração do motor, que possam afetar significati-
uma reprovação ocorrer, principalmente em razão
vamente a emissão, devem ser lacrados pelo fa-
de defeito de projeto ou de manufatura do veículo
bricante ou possuir limitadores invioláveis para
ou do motor, ao invés de ser por razões de uso ou
a faixa permissível de regulagem, sendo que o
manutenção inadequados feitos pelo usuário,
veículo deve obedecer aos limites de emissão
o fabricante do veículo será o responsável pelos previstos nesta Regulamentação, em qualquer
reparos necessários e deverá arcar com todos os ponto destas faixas permissíveis, bem como dos
custos decorrentes dessa ação. seus controles manuais (acelerador, ponto de ig-
3.13. Para o atendimento dos níveis estabeleci- nição, afogador, etc.).
dos no capítulo VI item 1.5., o Conselho Nacional 3.19. Por ocasião da solicitação do CAC ou da
do Petróleo deverá especificar e fiscalizar a isen- LCVM, o fabricante do veículo e/ou motor deve-
ção total de chumbo tetraetila na mistura álcool- rá apresentar à STI ou à Sema, respectivamente,
-gasolina, mantido o mínimo de 80 octanas pelo uma relação das peças, conjuntos e acessórios que
Método Motor. Também deverá ser fiscalizada a exerçam influência significativa nas emissões do
isenção total de chumbo no álcool carburante, veículo. Tais peças, conjuntos e acessórios só po-
visto certas operações de transportes permitirem derão ser homologados pelo órgão competente e
tal tipo de contaminação. comercializados para reposição e manutenção em
Para o óleo Diesel, o CNP deverá definir, até 31 Território Nacional, se obedecerem as mesmas es-
de dezembro de 1987, um programa para reduzir pecificações do fabricante do veículo e/ou motor a
o teor de enxofre total (% por peso) do valor atual que se destinam e tiverem a sua aprovação de con-
de 1,3 máximo para 0,7 máximo. trole de qualidade. No caso das peças, conjuntos e
A Sema deverá ser consultado com relação à de- quaisquer acessórios que forem comercializados
sem a aprovação do fabricante do veículo ou mo-
finição de especificações para a comercialização
tor a que se destinaram, será necessário obter o
de novos combustíveis, tendo em vista os possí-
Certificado de Conformidade para Emissão, con-
veis impactos ambientais.
ferido pelo órgão competente, conforme os pro-
3.14. Às infrações à presente Resolução, serão
cedimentos a serem estabelecidos pelo Conmetro.
aplicadas as penalidades previstas na Lei nº 6.938,
3.20. Os dados, documentos e informações,
de 31/8/81, Decreto nº 88.351, de 1/6/8391, e le-
considerados como confidenciais pelo fabricante,
gislações estaduais e municipais de controle da
com acesso da Sema e da STI, deverão ser utili-
poluição ambiental. zados estritamente para o atendimento às exi-
3.15. Os fabricantes deverão enviar mensalmen- gências do Proconve, não podendo vir ao conhe-
te à Sema, a partir da data de início de comercia- cimento público ou de outras indústrias, sem a
lização dos modelos e/ou configurações de veícu- expressa autorização do fabricante.
los ou motor, os dados de venda destes produtos. Resultados de ensaios de veículos ou motores
3.16. O total de veículos leves comercializados em produção, não são considerados confiden-
em 1989, atendendo aos itens 1.1. e 1.2.1. do ca- ciais e, desde que estatisticamente significantes,
pítulo VI, devem atingir um mínimo de 50% (cin- podem ser utilizados na elaboração de informa-
quenta por cento) da comercialização. ções a serem divulgadas.
276
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, DE 6 DE MAIO DE 1986
278
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001
Art. 5º Os critérios e padrões para o licenciamento de conservação de uso indireto, terras indígenas,
previsto no art. 3º serão fixados pelo órgão am- questões de saúde pública, espécies ameaçadas
biental competente. de extinção, sítios de ocorrência de patrimônio
Art. 6º O licenciamento previsto nesta resolução só histórico e arqueológico, entre outras, e a neces-
se tornará exigível após a fixação de critérios e pa- sidade de cumprimento das exigências que re-
drões pelo órgão ambiental competente, que para gulamentam outras atividades correlatas com o
isso terá o prazo máximo de cento e oitenta dias. processo de licenciamento ambiental;
Considerando os dispositivos constitucionais,
Art. 7º Esta resolução entrará em vigor na data
em especial o artigo 225, relativos à garantia de
de sua publicação, revogadas disposições em
um ambiente ecologicamente equilibrado e es-
contrário.
sencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
JOÃO ALVES FILHO poder público e a coletividade o dever de defen-
Presidente
dê-lo e preservá-lo para as gerações futuras;
Considerando os princípios da eficiência, publi-
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279,
cidade, participação e precaução;
DE 27 DE JUNHO DE 2001
Considerando que os procedimentos de licen-
(Publicada no DOU de 29/6/2001)
ciamento ambiental atuais são estabelecidos
Estabelece procedimentos para o licencia-
nas Resoluções Conama nº 1, de 23 de janeiro de
mento ambiental simplificado de empreen-
dimentos elétricos com pequeno potencial de
1986, e 237, de 19 de dezembro de 1997 e, para
impacto ambiental. empreendimentos do setor elétrico, de forma
complementar, na Resolução Conama nº 006, de
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co- 16 de setembro de 1987, resolve:
nama), no uso das competências que lhe são
Art. 1º Os procedimentos e prazos estabelecidos
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
nesta resolução aplicam-se, em qualquer nível de
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6
competência, ao licenciamento ambiental simplifi-
de junho de 1990, e tendo em vista o disposto no
cado de empreendimentos elétricos com pequeno
seu Regimento Interno, e
potencial de impacto ambiental, aí incluídos:
Considerando a necessidade de estabelecer
I – usinas hidrelétricas e sistemas associados;
procedimento simplificado para o licenciamento
II – usinas termelétricas e sistemas associados;
ambiental, com prazo máximo de sessenta dias de
III – sistemas de transmissão de energia elétrica
tramitação, dos empreendimentos com impacto
(linhas de transmissão e subestações);
ambiental de pequeno porte, necessários ao in-
IV – usinas eólicas e outras fontes alternativas
cremento da oferta de energia elétrica no país,
de energia.
nos termos do art. 8º, § 3º da Medida Provisória
Parágrafo único. Para fins de aplicação desta re-
nº 2.152-2, de 1º de junho de 2001;
solução, os sistemas associados serão analisados
Considerando a crise de energia elétrica e a ne-
conjuntamente aos empreendimentos principais.
cessidade de atender a celeridade estabelecida
pela Medida Provisória nº 2.152-2, de 2001;39 Art. 2º Para os fins desta resolução, são adotadas
Considerando a dificuldade de definir-se, a priori, as seguintes definições:
impacto ambiental de pequeno porte, antes da I – Relatório Ambiental Simplificado (RAS): os
análise dos estudos ambientais que subsidiam o estudos relativos aos aspectos ambientais rela-
processo de licenciamento ambiental e, tendo em cionados à localização, instalação, operação e
vista as diversidades e peculiaridades regionais, ampliação de uma atividade ou empreendimento,
bem como as complexidades de avaliação dos apresentados como subsídio para a concessão da
efeitos sobre o meio ambiente decorrentes da im- licença prévia requerida, que conterá, dentre ou-
plantação de projetos de energia elétrica; tras, as informações relativas ao diagnóstico am-
Considerando as situações de restrição, previs- biental da região de inserção do empreendimento,
tas em leis e regulamentos, tais como, unidades sua caracterização, a identificação dos impactos
279
ambientais e das medidas de controle, de mitiga- vigente, o que será comunicado, no prazo de até
ção e de compensação. dez dias úteis, ao empreendedor.
II – Relatório de Detalhamento dos Programas § 2º Os estudos e documentos juntados ao RAS
Ambientais: é o documento que apresenta, de- poderão ser utilizados no Estudo Prévio de Im-
talhadamente, todas as medidas mitigatórias e pacto Ambiental, com ou sem complementação,
compensatórias e os programas ambientais pro- após manifestação favorável do órgão ambiental.
postos no RAS. Art. 5º Ao requerer a Licença de Instalação ao órgão
III – Reunião Técnica Informativa: Reunião pro- ambiental competente, na forma desta resolução,
movida pelo órgão ambiental competente, às o empreendedor apresentará a comprovação do
expensas do empreendedor, para apresentação atendimento das condicionantes da Licença Pré-
e discussão do Relatório Ambiental Simplificado, via, o Relatório de Detalhamento dos Programas
Relatório de Detalhamento dos Programas Am- Ambientais, e outras informações, quando couber.
bientais e demais informações, garantidas a con- Parágrafo único. A Licença de Instalação so-
sulta e participação pública. mente será expedida mediante a comprovação,
IV – Sistemas Associados aos Empreendimentos quando couber, da Declaração de Utilidade Pú-
Elétricos: sistemas elétricos, pequenos ramais de blica do empreendimento, pelo empreendedor.
gasodutos e outras obras de infraestrutura com-
Art. 6º O prazo para emissão da Licença Prévia e
provadamente necessárias à implantação e ope-
da Licença de Instalação será de, no máximo, ses-
ração dos empreendimentos.
senta dias, contados a partir da data de protoco-
Art. 3º Ao requerer a Licença Prévia ao órgão am- lização do requerimento das respectivas licenças.
biental competente, na forma desta resolução, o § 1º Quando for necessária, a critério do órgão
empreendedor apresentará o Relatório Ambiental ambiental competente, mediante justificativa téc-
Simplificado, atendendo, no mínimo, o conteúdo nica, a realização de estudos complementares, a
do Anexo I desta resolução, bem como o registro contagem do prazo será suspensa até a sua entrega.
na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), § 2º O prazo de suspensão será de até sessenta
quando couber, e as manifestações cabíveis dos dias, podendo ser prorrogado pelo órgão am-
órgãos envolvidos. biental mediante solicitação fundamentada do
§ 1º O requerimento de licença conterá, den- empreendedor.
tre outros requisitos, a declaração de enquadra- § 3º A não apresentação dos estudos comple-
mento do empreendimento a esta resolução, fir- mentares no prazo final previsto no parágrafo an-
mada pelo responsável técnico pelo RAS e pelo terior acarretará o cancelamento do processo de
responsável principal do empreendimento, bem licenciamento.
como apresentação do cronograma físico-finan- § 4º A Licença de Instalação perderá sua eficá-
ceiro a partir da Concessão da Licença de Instala- cia caso o empreendimento não inicie sua imple-
ção, com destaque para a data de início das obras. mentação no prazo indicado pelo empreendedor
§ 2º A Licença Prévia somente será expedida, conforme cronograma apresentado, facultada
mediante apresentação, quando couber, da ou- sua prorrogação pelo órgão ambiental mediante
torga de direito dos recursos hídricos ou da re- provocação justificada.
serva de disponibilidade hídrica. Art. 7º Aos empreendimentos que já se encon-
Art. 4º O órgão ambiental competente definirá, trarem em processo de licenciamento ambiental
com base no Relatório Ambiental Simplificado, o na data da publicação desta resolução e se en-
enquadramento do empreendimento elétrico no quadrarem nos seus pressupostos, poderá ser
procedimento de licenciamento ambiental sim- aplicado o licenciamento ambiental simplificado,
plificado, mediante decisão fundamentada em desde que requerido pelo empreendedor.
parecer técnico. Art. 8º Sempre que julgar necessário, ou quando
§ 1º Os empreendimentos que, após análise for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
do órgão ambiental competente, não atenderem Público, ou por cinquenta pessoas maiores de
ao disposto no caput ficarão sujeitos ao licencia- dezoito anos, o órgão de meio ambiente promo-
mento não simplificado, na forma da legislação verá Reunião Técnica Informativa.
280
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001
282
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 491, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2018
os critérios para utilização de métodos equiva- tes, for excedida uma ou mais das condições espe-
lentes, da localização dos amostradores e da re- cificadas no Anexo III.
presentatividade temporal dos dados e sistema- Parágrafo único. Durante a permanência dos
tização do cálculo do índice de qualidade do ar, níveis acima referidos, as fontes de poluição do
conforme estabelecido no Anexo IV. ar ficarão, na área atingida, sujeitas às restrições
Parágrafo único. Os órgãos ambientais compe- previamente estabelecidas no Plano para Episó-
tentes definirão os métodos de medição da quali- dios Críticos de Poluição do Ar.
dade do ar até a publicação do guia técnico men- Art. 12. O Ministério do Meio Ambiente e os ór-
cionado no caput. gãos ambientais estaduais e distrital deverão di-
vulgar, em sua página da internet, dados de mo-
Art. 9º O Ministério do Meio Ambiente elaborará
nitoramento e informações relacionados à gestão
relatório anual de acompanhamento e o apresen-
da qualidade do ar.
tará na última reunião ordinária do Conama.
Art. 13. Os órgãos ambientais estaduais e distrital
Art. 10. Os órgãos ambientais estaduais e distrital
deverão divulgar Índice de Qualidade do Ar (IQAR)
deverão elaborar, com base nos níveis de atenção, conforme definido no Anexo IV.
de alerta e de emergência, um Plano para Episó- § 1º Para cálculo do IQAR deverá ser utilizada a
dios Críticos de Poluição do Ar, a ser submetido à equação 1 do Anexo IV, para cada um dos poluen-
autoridade competente do estado ou do Distrito tes monitorados.
Federal, visando medidas preventivas com o ob- § 2° Para definição da primeira faixa de concen-
jetivo de evitar graves e iminentes riscos à saúde tração do IQAR deverá ser utilizado como limite
da população, de acordo com os poluentes e con- superior o valor de concentração adotado como
centrações, constantes no Anexo III. PF para cada poluente.
Parágrafo único. O Plano mencionado no caput § 3º As demais faixas de concentração da IQAR
deverá indicar os responsáveis pela declaração e padronizações serão definidas no guia técnico a
dos diversos níveis de criticidade, devendo essa que se refere o art. 8º.
declaração ser divulgada em quaisquer dos meios Art. 14. Fica revogada a Resolução CONAMA
de comunicação de massa. nº 03/1990 e os itens 2.2.1 e 2.3 da Resolução
Art. 11. Os níveis de atenção, alerta e emergência CONAMA nº 5/1989.
a que se refere o art. 10 serão declarados quando, Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de
prevendo-se a manutenção das emissões, bem sua publicação.
como condições meteorológicas desfavoráveis à ROMEU MENDES DO CARMO
dispersão dos poluentes nas 24 horas subsequen- Presidente do Conselho
Anexo I
PADRÕES DE QUALIDADE DO AR
285
Período de PI-1 PI-2 PI-3 PF
Poluente Atmosférico
Referência µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ ppm
Partículas Totais em 24 horas – – – 240 –
Suspensão – PTS Anual4 – – – 80 –
Chumbo – Pb5 Anual1 – – – 0,5 –
1 – média aritmética anual
2 – média horária
3 – máxima média móvel obtida no dia
4 – média geométrica anual
5 – medido nas partículas totais em suspensão
Anexo II
CONTEÚDO MÍNIMO PARA O RELATÓRIO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR
1 – Resumo executivo.
286
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 491, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2018
Anexo III
NÍVEIS DE ATENÇÃO, ALERTA E EMERGÊNCIA PARA POLUENTES E SUAS CONCENTRAÇÕES
Poluentes e concentrações
Material Particulado CO O3
SO2 NO2
Nível MP10 MP2,5 ppm µg/m³
µg/m³ µg/m³
µg/m³ µg/m³ (média móvel (média móvel
(média de 24h) (média de 1h)
(média de 24h) (média de 24h) de 8h) de 8h)
Atenção 800 250 125 15 200 1.130
Alerta 1.600 420 210 30 400 2.260
Emergência 2.100 500 250 40 600 3.000
Anexo IV
MP10 MP2,5 O3 CO NO2 SO2
Qualidade Índice (µg/m³) (µg/m³) (µg/m³) (ppm) (µg/m³) (µg/m³)
24h 24h 8h 8h 1h 24h
N1 – Boa 0 – 40 0 – 50 0 – 25 0 – 100 0–9 0 – 200 0 – 20
287
GESTÃO DE DESASTRES
41 Bióloga, mestre em ecologia, doutora em gestão ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Ambiental, da Uni-
versidade de Brasília. Consultora legislativa da Câmara dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e
direito ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional). Contato: roseli.ganem@camara.
leg.br.
288
GESTÃO DE DESASTRES
2003 1325
2004 1760
2005 1711
2006 991
2007 1615
2008 1502
2009 1292
2010 2765
2011 1282
2012 2776
2013 3747
2014 2666
2015 2511
2016 2072
2017 1
1036
42 Os artigos da CF aqui mencionados estão disponíveis em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos cons-
titucionais e normas básicas.
289
A CF estabelece que a execução das atividades de defesa civil incumbe
aos bombeiros militares, os quais integram a estrutura dos governos estaduais
(art. 144, §§ 5º e 6º). Mas cabe à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios proteger o meio ambiente e promover programas de construção de
moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (CF,
art. 23, VI e IX). Esses dispositivos são importantes porque, no Brasil, desastres
como enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra estão diretamente rela-
cionados ao mau uso do solo, com a ocupação de áreas de risco, especialmente
as Áreas de Preservação Permanente (APP) instituídas pela legislação florestal.43
Manter as APPs é essencial para evitar ou minimizar a ocorrência de
deslizamentos de terra, enxurradas, enchentes, inundações e outros desastres
relacionados ao solo e aos recursos hídricos. Conforme estudo realizado pelo
Ministério do Meio Ambiente sobre a área do desastre ocorrido na Região Ser-
rana do Estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011:
290
GESTÃO DE DESASTRES
291
de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e
9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências”.
A recente Lei nº 12.608/2012 incorporou grandes avanços no ordenamento
jurídico nacional sobre gestão de desastres. A norma anterior, Lei nº 12.340/2010,
estava, inicialmente, focada nas ações de resposta e reconstrução.
A Lei nº 12.608/2012 resultou da Medida Provisória nº 547, de 11 de
outubro de 2011, cujo projeto de lei de conversão incorporou boa parcela do
Projeto de Lei nº 2.978/2011,45 da Comissão Especial sobre Medidas Preventivas
diante de Catástrofes Climáticas, instituída na Câmara dos Deputados.46
A Lei nº 121.608/2012 institui a PNPDEC, que abrange as ações de pre-
venção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. Tal política deve inte-
grar-se a diversas políticas setoriais, visando o desenvolvimento sustentável.
Entre os objetivos da PNPDEC, vale salientar a redução dos riscos de desastres;
a incorporação da redução do risco de desastre e as ações de proteção e defesa
civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das políticas
setoriais; o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sustentáveis
de urbanização; a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e
vulnerabilidades a desastres; o monitoramento dos eventos meteorológicos,
hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros potencial-
mente causadores de desastres; a produção de alertas antecipados sobre a pos-
sibilidade de ocorrência de desastres naturais; o combate à ocupação de áreas
ambientalmente vulneráveis e de risco e a transferência da população residente
nessas áreas para locais seguros; e o estímulo às iniciativas que resultem na
destinação de moradia em local seguro.
Dentre as inovações da Lei nº 12.608/2012 está a distribuição de compe-
tências entre os entes da federação. Assim, cabe à União: coordenar o Sinpdec;
expedir normas; promover estudos referentes às causas e possibilidades de
ocorrência de desastres; apoiar os estados, o Distrito Federal e os municípios
no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação de riscos de
desastre e nas demais ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e
recuperação; instituir e manter cadastro nacional de municípios com áreas susce-
tíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, previsto na Lei nº 12.340/2010;
instituir e manter sistema para declaração e reconhecimento de situação de
emergência ou de estado de calamidade pública; instituir o Plano Nacional de
Proteção e Defesa Civil; fazer o monitoramento meteorológico, hidrológico e
geológico das áreas de risco; incentivar a instalação de centros universitários
292
GESTÃO DE DESASTRES
293
O banco de dados do sistema de informações e monitoramento de
desastres previsto no Estatuto poderá ser integrado ao Sistema de Informações
sobre Recursos Hídricos (SIRH) criado pela Lei nº 9.433/1997, que dispõe sobre
gerenciamento de recursos hídricos.47 O SIRH abrange a coleta, o tratamento,
o armazenamento e a recuperação de informações sobre recursos hídricos e
fatores intervenientes em sua gestão. O sistema é implantado e gerido pelos
poderes executivos federal, estaduais e do Distrito Federal, e pelas agências de
água, nas suas respectivas esferas de atuação. Os bancos de dados integrados
dos dois sistemas poderão auxiliar na prevenção à ocupação de áreas de risco,
no monitoramento de risco de desastres e nos sistemas de alerta de desastres.
Outra inovação importante da Lei nº 12.608/2012 foi a criação da figura do
agente de proteção civil, que inclui tanto servidores públicos quanto voluntários
treinados para atuar em prevenção e gestão de situação de desastre. Além disso,
o Estatuto alterou o art. 3º da Lei nº 8.239/1991, que trata do serviço alternativo
ao serviço militar obrigatório. Conforme as novas disposições, o serviço alter-
nativo incluirá o treinamento para atuação em áreas atingidas por desastres,
em situação de emergência e estado de calamidade. O objetivo dessa medida é
oferecer a possibilidade de que os jovens alistados nas Forças Armadas possam
ser capacitados para o exercício de outras atividades que não aquelas de cunho
estritamente militar.
A Lei nº 12.340/2010, alterada pelas Leis nos 12.608/2012 e 12.983/2014,
trata de:
yy transferência de recursos financeiros da União aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios, para a execução de ações de
prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de
recuperação em áreas atingidas por desastres;
yy reconhecimento de estado de calamidade e situação de emer-
gência pelo Poder Executivo federal;
yy cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocor-
rência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas
ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
yy execução de plano de contingência e de obras de segurança,
remoção de edificações e reassentamento dos ocupantes em
local seguro nos municípios incluídos no referido cadastro;
yy Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa
Civil (Funcap); e
yy aplicação do Regime Diferenciado de Contratações (RDC),
previsto na Lei nº 12.462/2011, às licitações e aos contratos
47 Cf. a Lei nº 9.433/1997, disponível em Legislação sobre meio ambiente: clima e água.
294
GESTÃO DE DESASTRES
295
c. pela entidade outorgante dos direitos minerários para fins de dispo-
sição final ou temporária de rejeitos (Agência Nacional de Mineração – ANM); e
d. pela entidade que forneceu a licença ambiental de instalação e ope-
ração para fins de disposição de resíduos industriais (Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, ou órgãos estaduais
ambientais).
A segurança de barragens tomou o noticiário nacional com o rompimento
de duas barragens de rejeitos minerários, em Minas Gerais. Em 5 de novembro
de 2015, rompeu-se a Barragem de Fundão, do Complexo Minerário de Germano,
da Samarco Mineração S.A., empresa controlada pela Vale S.A e pela BHP Billiton,
no Município de Mariana, que gerou impactos em toda a bacia do rio Doce a
jusante do empreendimento, até sua foz, e resultou na morte de 19 pessoas. Em
25 de janeiro de 2019, rompeu-se a Barragem da Mina do Córrego do Feijão, no
Município de Brumadinho, da Va S.A., causando a morte de mais de duzentas
pessoas, entre as quais muitos trabalhadores da própria empresa.
A implantação de barragens, assim como de outros empreendimentos
potencialmente poluidores e degradadores do meio ambiente, está sujeita
ao licenciamento ambiental previsto na Lei nº 6.938/1981, que institui a Polí-
tica Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Precedido de avaliação de impactos
ambientais, o licenciamento visa propor e planejar a implantação de medidas
preventivas e mitigadoras de impactos ambientais ou evitar a implantação de
empreendimentos cujo potencial poluidor seja irremediável.48
Especificamente em relação à seca nordestina, a Lei nº 13.153/2015 ins-
titui a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos
da Seca. Entre as atribuições ao Poder Público, a lei inclui: mapear e diagnos-
ticar o estado dos processos de desertificação e degradação ambiental; definir
plano de contingência para mitigação e adaptação aos efeitos das secas, em
todo o território nacional, e de combate à desertificação, nas áreas suscetíveis
à desertificação; e estabelecer sistema integrado de informações de alerta pre-
coce para ocorrência de secas, perda da cobertura vegetal, degradação da terra
e desertificação.
Em relação aos incêndios urbanos, a Lei nº 13.425/2017 define medidas de
prevenção e combate a incêndios em edificações e áreas de reunião de público.
Resultante dos debates ocorridos no Congresso Nacional após o desastre na boate
Kiss, que matou 242 pessoas, em 27 de janeiro de 2013, a lei prevê procedimentos
a serem observados na aprovação de estabelecimentos de reunião de público e na
fiscalização desses locais, no que diz respeito à prevenção de incêndios.
Há, ainda, diversas normas relativas ao direito urbanístico, ao direito
ambiental e demais matérias que auxiliam na gestão de desastres, especialmente
48 Cf. normas sobre licenciamento ambiental em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e
normas básicas.
296
GESTÃO DE DESASTRES
49 Cf. sobre ZEE em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas básicas.
50 Cf. a Lei nº 9.433/1997, disponível em Legislação sobre meio ambiente: clima e água.
51 Cf. sobre plano diretor no capítulo deste livro relativo a ambiente urbano.
52 Cf. as Leis nos 13.089/2015 (Estatuto da Metrópole) e 6.766/1979, disponíveis no capítulo deste livro relativo a
ambiente urbano.
297
gerais para planejamento e gestão de regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas. Entre outras determinações, institui o plano de desenvolvimento urbano
integrado, que deve delimitar as áreas com restrições à urbanização, visando à
proteção do patrimônio ambiental, e as áreas sujeitas a controle especial pelo
risco de desastres naturais.
A Lei nº 6.766/1979, alterada pelo Estatuto de Proteção e Defesa Civil,
veda a aprovação de projeto de parcelamento urbano em áreas de risco defi-
nidas, no plano diretor ou em legislação dele derivada, como não edificáveis.
Nos municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas sus-
cetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas
ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto de
parcelamento está vinculada ao atendimento dos requisitos constantes da carta
geotécnica de aptidão à urbanização.
A Lei nº 6.766/1979 também veda o parcelamento em terrenos alaga-
diços e sujeitos a inundações; com declividade igual ou superior a 30%; onde as
condições geológicas não aconselham a edificação; e em áreas de preservação
ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis.
Outra medida fundamental para a prevenção aos desastres é a redução
do grau de impermeabilização do solo, de modo a permitir a infiltração lenta das
águas das chuvas, a alimentação do lençol freático e a continuidade das vazões.
Diversos dispositivos legais possibilitam a manutenção de áreas cobertas com
vegetação nativa, livres da ocupação humana, que favorecem tais medidas de
proteção. Destacam-se:
yy as APPs, previstas na Lei nº 12.651/2012, que incluem áreas de
risco ao longo de cursos-d’água, encostas e outros ecossistemas
frágeis;
yy a reserva legal prevista na Lei nº 12.651/2012, que abrange um
percentual mínimo de vegetação nativa a ser mantido nos imó-
veis rurais, de acordo com o bioma em que se localiza;
yy as áreas verdes urbanas, também definidas pela Lei nº 12.651/2012,
que constituem “espaços, públicos ou privados, com predomínio
de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada,
previstos no plano diretor, nas leis de zoneamento urbano e uso
do solo do município”; e
yy as unidades de conservação (UC) previstas na Lei nº 9.985/2000.
São definidas doze categorias de UC com diferentes objetivos de
manejo, que contribuem para a manutenção de extensas áreas
protegidas da ocupação humana.53
53 Cf. as Leis nos 9.985/2000 e 12.651/2012, disponíveis em Legislação sobre meio ambiente: biodiversidade.
298
GESTÃO DE DESASTRES
299
Vale citar também o capítulo sobre controle de uso do fogo e de incêndios
presente na Lei nº 12.651/2012.57 Nele, a lei institui a Política Nacional de Manejo
e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, que
deve colaborar para a disseminação das técnicas de manejo do fogo e de uma
cultura preventiva de incêndios florestais.
A Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) tipifica como crime
algumas ações que devem ser coibidas e têm relação com a prevenção de
desastres, quais sejam: destruir ou danificar APP; provocar incêndio em mata
ou floresta; fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano; e promover construção em solo não
edificável, ou no seu entorno, sem autorização da autoridade competente ou
em desacordo com a concedida.58
A gestão de desastres tem relação, também, com a legislação sobre
mudança do clima e ações de adaptação das populações a seus efeitos, tendo
em vista que o aumento da intensidade e da frequência de desastres é uma das
consequências dessa mudança. A Lei nº 12.187/2009 institui a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC), que visa, entre outros objetivos, implantar
medidas para promover a adaptação à mudança climática pelas três esferas da
federação, com participação e colaboração dos agentes econômicos e sociais
interessados ou beneficiários, em particular aqueles especialmente vulneráveis
aos seus efeitos adversos.59
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) foi criado pela Lei
nº 12.114/2009. Os recursos desse fundo podem ser aplicados em diversas
atividades, entre as quais: a adaptação da sociedade e dos ecossistemas aos
impactos das mudanças climáticas; o desenvolvimento e difusão de tecnologia
para mitigação de emissões de gases do efeito estufa; a recuperação de áreas
degradadas e restauração florestal, priorizando-se áreas de reserva legal e APPs.60
Por fim, cabe citar os dispositivos legais utilizados para minimizar os
impactos sociais das catástrofes. Assim, o art. 24, IV, da Lei nº 8.666/1993, a
Lei de Licitações, permite a dispensa desse procedimento administrativo na
ocorrência de catástrofes, nos casos de emergência ou de calamidade pública,
quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa oca-
sionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equi-
pamentos e outros bens, públicos ou particulares. A Lei nº 8.036/1990, no art. 20,
XVI, determina que a conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
300
GESTÃO DE DESASTRES
(FGTS) pode ser movimentada por necessidade pessoal, cuja urgência e gravi-
dade decorra de desastre natural, nas condições especificadas.
A Lei nº 9.472/1997, em seus arts. 109, II, e 158, § 1º, IV, determina que
a Agência Nacional de Telecomunicações estabeleça serviço gratuito de emer-
gência e que mantenha plano com atribuição, distribuição e destinação de
radiofrequências e previsão de faixas de radiofrequência de serviços de emer-
gência e de segurança pública. O art. 15 da já citada Lei nº 12.340/2010 proíbe
a cobrança de juros de mora, por estabelecimentos bancários e instituições
financeiras, sobre títulos de qualquer natureza, cujo vencimento se dê durante
o período de suspensão do atendimento ao público em suas dependências em
razão de desastres, quando caracterizadas situações de emergência ou estado
de calamidade pública.
Conclui-se que a legislação relativa à gestão de desastres sofreu muitas
alterações nos últimos anos. Mas, atualmente, o Brasil conta com um Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil com atribuições bem definidas a todos os
entes da federação. Além disso, a legislação específica de proteção e defesa civil
é complementada por extenso rol de medidas de cunho ambiental, urbanístico
e social que oferecem ampla base legal para que os administradores possam
atuar na prevenção e gestão de desastres naturais no Brasil.
Reitera-se que muitos desastres no território nacional estão intrinseca-
mente ligados à gestão do uso do solo. Portanto, muitas catástrofes poderão ser
evitadas com a atuação dos entes públicos no sentido de coibir a ocupação
de áreas de risco, aumentar a resiliência dos ecossistemas e promover a cons-
ciência ambiental e a cultura de prevenção na população brasileira. Especifi-
camente em relação aos desastres ambientais de origem antrópica, há que se
fortalecer a análise de riscos no âmbito do licenciamento ambiental, a fisca-
lização e a correta implantação de medidas preventivas, como instalação de
dispositivos de alerta antecipado, elaboração de plano de contingência e outras
previstos na legislação.
Referências
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Brasília: ANA, 2018.
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Disponível em: <http://www.snisb.gov.br/portal/snisb/graficos/datazen>. Acesso em:
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SCHÄFFER, Wigold Bertoldo; ROSA, Marcos Reis; AQUINO, Luiz Carlos Sérvulo de;
MEDEIROS, João de Deus. Áreas de preservação permanente e unidades de conservação
X áreas de risco: o que uma coisa tem a ver com a outra?, relatório de inspeção da área
atingida pela tragédia das chuvas Região Serrana do Rio de Janeiro, no período de 24 a
26 de janeiro de 2011. Brasília: MMA/SBF, 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.
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2011.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro Universitário sobre Estudos e
Pesquisas sobre Desastres. Atlas brasileiro de desastres naturais: 1991 a 2010, v. Brasil.
Florianópolis: UFSC/Ceped, 2012.
302
LEI Nº 12.334, DE 20 DE SETEMBRO DE 2010
o nível de detalhamento dos planos de segurança Art. 11. O órgão fiscalizador poderá determinar
deverão ser estabelecidos pelo órgão fiscalizador. a elaboração de PAE em função da categoria de
§ 2º As exigências indicadas nas inspeções perió- risco e do dano potencial associado à barragem,
dicas de segurança da barragem deverão ser con- devendo exigi-lo sempre para a barragem classifi-
templadas nas atualizações do Plano de Segurança. cada como de dano potencial associado alto.
Art. 9º As inspeções de segurança regular e espe- Art. 12. O PAE estabelecerá as ações a serem
cial terão a sua periodicidade, a qualificação da executadas pelo empreendedor da barragem em
equipe responsável, o conteúdo mínimo e o nível caso de situação de emergência, bem como iden-
de detalhamento definidos pelo órgão fiscaliza- tificará os agentes a serem notificados dessa ocor-
dor em função da categoria de risco e do dano rência, devendo contemplar, pelo menos:
potencial associado à barragem. I – identificação e análise das possíveis situa-
§ 1º A inspeção de segurança regular será efe- ções de emergência;
tuada pela própria equipe de segurança da bar- II – procedimentos para identificação e notifi-
ragem, devendo o relatório resultante estar dis- cação de mau funcionamento ou de condições
ponível ao órgão fiscalizador e à sociedade civil. potenciais de ruptura da barragem;
§ 2º A inspeção de segurança especial será ela- III – procedimentos preventivos e corretivos
borada, conforme orientação do órgão fiscaliza- a serem adotados em situações de emergência,
dor, por equipe multidisciplinar de especialistas, com indicação do responsável pela ação;
em função da categoria de risco e do dano poten- IV – estratégia e meio de divulgação e alerta
cial associado à barragem, nas fases de constru- para as comunidades potencialmente afetadas
ção, operação e desativação, devendo considerar
em situação de emergência.
as alterações das condições a montante e a ju-
Parágrafo único. O PAE deve estar disponível
sante da barragem.
no empreendimento e nas prefeituras envolvidas,
§ 3º Os relatórios resultantes das inspeções de
bem como ser encaminhado às autoridades com-
segurança devem indicar as ações a serem ado-
petentes e aos organismos de defesa civil.
tadas pelo empreendedor para a manutenção da
segurança da barragem. Seção III
Do Sistema Nacional de Informações
Art. 10. Deverá ser realizada Revisão Periódica de
Sobre Segurança de Barragens (Snisb)
Segurança de Barragem com o objetivo de verifi-
car o estado geral de segurança da barragem, con- Art. 13. É instituído o Sistema Nacional de Infor-
siderando o atual estado da arte para os critérios mações sobre Segurança de Barragens (SNISB),
de projeto, a atualização dos dados hidrológicos para registro informatizado das condições de
e as alterações das condições a montante e a ju- segurança de barragens em todo o território na-
sante da barragem. cional.
§ 1º A periodicidade, a qualificação técnica da Parágrafo único. O SNISB compreenderá um
equipe responsável, o conteúdo mínimo e o nível sistema de coleta, tratamento, armazenamento
de detalhamento da revisão periódica de segu- e recuperação de suas informações, devendo con-
rança serão estabelecidos pelo órgão fiscalizador templar barragens em construção, em operação e
em função da categoria de risco e do dano poten- desativadas.
cial associado à barragem. Art. 14. São princípios básicos para o funciona-
§ 2º A Revisão Periódica de Segurança de Barra- mento do SNISB:
gem deve indicar as ações a serem adotadas pelo I – descentralização da obtenção e produção de
empreendedor para a manutenção da segurança dados e informações;
da barragem, compreendendo, para tanto: II – coordenação unificada do sistema;
I – o exame de toda a documentação da bar- III – acesso a dados e informações garantido a
ragem, em particular dos relatórios de inspeção;
toda a sociedade.
II – o exame dos procedimentos de manutenção
e operação adotados pelo empreendedor; Seção IV
III – a análise comparativa do desempenho da Da Educação e da Comunicação
barragem em relação às revisões efetuadas ante- Art. 15. A PNSB deverá estabelecer programa de
riormente. educação e de comunicação sobre segurança de
305
barragem, com o objetivo de conscientizar a so- II – providenciar, para novos empreendimentos,
ciedade da importância da segurança de barra- a elaboração do projeto final como construído;
gens, o qual contemplará as seguintes medidas: III – organizar e manter em bom estado de
I – apoio e promoção de ações descentraliza- conservação as informações e a documentação
das para conscientização e desenvolvimento de referentes ao projeto, à construção, à operação,
conhecimento sobre segurança de barragens; à manutenção, à segurança e, quando couber, à
II – elaboração de material didático; desativação da barragem;
III – manutenção de sistema de divulgação sobre IV – informar ao respectivo órgão fiscalizador
a segurança das barragens sob sua jurisdição; qualquer alteração que possa acarretar redução
IV – promoção de parcerias com instituições de da capacidade de descarga da barragem ou que
ensino, pesquisa e associações técnicas relaciona- possa comprometer a sua segurança;
das à engenharia de barragens e áreas afins; V – manter serviço especializado em segurança
V – disponibilização anual do Relatório de Se-
de barragem, conforme estabelecido no Plano de
gurança de Barragens.
Segurança da Barragem;
CAPÍTULO V VI – permitir o acesso irrestrito do órgão fiscali-
DAS COMPETÊNCIAS zador e dos órgãos integrantes do Sindec ao local
Art. 16. O órgão fiscalizador, no âmbito de suas da barragem e à sua documentação de segurança;
atribuições legais, é obrigado a: VII – providenciar a elaboração e a atualização
I – manter cadastro das barragens sob sua ju- do Plano de Segurança da Barragem, observadas
risdição, com identificação dos empreendedores, as recomendações das inspeções e as revisões pe-
para fins de incorporação ao SNISB; riódicas de segurança;
II – exigir do empreendedor a anotação de res- VIII – realizar as inspeções de segurança previs-
ponsabilidade técnica, por profissional habilitado tas no art. 9º desta Lei;
pelo Sistema Conselho Federal de Engenharia, Ar- IX – elaborar as revisões periódicas de segurança;
quitetura e Agronomia (Confea) / Conselho Regio- X – elaborar o PAE, quando exigido;
nal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), XI – manter registros dos níveis dos reservató-
dos estudos, planos, projetos, construção, fiscali- rios, com a respectiva correspondência em volu-
zação e demais relatórios citados nesta Lei; me armazenado, bem como das características
III – exigir do empreendedor o cumprimento químicas e físicas do fluido armazenado, confor-
das recomendações contidas nos relatórios de me estabelecido pelo órgão fiscalizador;
inspeção e revisão periódica de segurança; XII – manter registros dos níveis de contamina-
IV – articular-se com outros órgãos envolvidos ção do solo e do lençol freático na área de influên-
com a implantação e a operação de barragens no
cia do reservatório, conforme estabelecido pelo
âmbito da bacia hidrográfica;
órgão fiscalizador;
V – exigir do empreendedor o cadastramento
XIII – cadastrar e manter atualizadas as informa-
e a atualização das informações relativas à bar-
ções relativas à barragem no SNISB.
ragem no SNISB.
Parágrafo único. Para reservatórios de aprovei-
§ 1º O órgão fiscalizador deverá informar ime-
tamento hidrelétrico, a alteração de que trata o in-
diatamente à Agência Nacional de Águas (ANA) e
ciso IV também deverá ser informada ao Operador
ao Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) qual-
Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
quer não conformidade que implique risco ime-
diato à segurança ou qualquer acidente ocorrido CAPÍTULO VI
nas barragens sob sua jurisdição. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 2º O órgão fiscalizador deverá implantar o Art. 18. A barragem que não atender aos requisi-
cadastro das barragens a que alude o inciso I no tos de segurança nos termos da legislação perti-
prazo máximo de 2 (dois) anos, a partir da data de nente deverá ser recuperada ou desativada pelo
publicação desta Lei. seu empreendedor, que deverá comunicar ao
Art. 17. O empreendedor da barragem obriga-se a: órgão fiscalizador as providências adotadas.
I – prover os recursos necessários à garantia da § 1º A recuperação ou a desativação da barra-
segurança da barragem; gem deverá ser objeto de projeto específico.
306
LEI Nº 12.340, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2010
§ 2º Na eventualidade de omissão ou inação do cuperação em áreas atingidas por desastres aos
empreendedor, o órgão fiscalizador poderá tomar órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal
medidas com vistas à minimização de riscos e de e Municípios observará as disposições desta Lei e
danos potenciais associados à segurança da bar- poderá ser feita por meio: (Caput do artigo acrescido
ragem, devendo os custos dessa ação ser ressar- pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013, convertida na
cidos pelo empreendedor. Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
Art. 19. Os empreendedores de barragens enqua- I – de depósito em conta específica mantida pelo
dradas no parágrafo único do art. 1º terão prazo ente beneficiário em instituição financeira oficial
de 2 (dois) anos, contado a partir da publicação federal; ou (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 631,
desta Lei, para submeter à aprovação dos órgãos de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
fiscalizadores o relatório especificando as ações II – do Fundo Nacional para Calamidades Pú-
e o cronograma para a implantação do Plano de blicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap) a fundos
Segurança da Barragem. constituídos pelos Estados, Distrito Federal e Mu-
Parágrafo único. Após o recebimento do relató- nicípios com fim específico de execução das ações
rio de que trata o caput, os órgãos fiscalizadores te- previstas no art. 8º e na forma estabelecida no § 1º
rão prazo de até 1 (um) ano para se pronunciarem. do art. 9º desta Lei. (Inciso acrescido pela Medida Pro-
[...] visória nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983,
Art. 22. O descumprimento dos dispositivos de 2/6/2014)
desta Lei sujeita os infratores às penalidades es- § 1º Será responsabilidade da União, conforme
tabelecidas na legislação pertinente. regulamento: (Parágrafo acrescido pela Medida Provisó-
ria nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua
2/6/2014)
publicação.
I – definir as diretrizes e aprovar os planos de tra-
Brasília, 20 de setembro de 2010; 189º da
balho de ações de prevenção em áreas de risco e
Independência e 122º da República.
de recuperação em áreas atingidas por desastres;
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA II – efetuar os repasses de recursos aos entes
Mauro Barbosa da Silva
Márcio Pereira Zimmermann
beneficiários nas formas previstas no caput, de
José Machado acordo com os planos de trabalho aprovados;
João Reis Santana Filho III – fiscalizar o atendimento das metas físicas
de acordo com os planos de trabalho aprovados,
LEI Nº 12.340, DE 1º DE exceto nas ações de resposta; e
DEZEMBRO DE 2010 IV – avaliar o cumprimento do objeto relacio-
(Publicada no DOU de 2/12/2010)
nado às ações previstas no caput.
Dispõe sobre as transferências de recursos § 2º Será responsabilidade exclusiva dos Es-
da União aos órgãos e entidades dos Estados,
Distrito Federal e Municípios para a execução
tados, do Distrito Federal e dos Municípios benefi-
de ações de prevenção em áreas de risco de ciados: (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 631,
desastres e de resposta e de recuperação em de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
áreas atingidas por desastres e sobre o Fundo I – demonstrar a necessidade dos recursos de-
Nacional para Calamidades Públicas, Prote-
mandados;
ção e Defesa Civil; e dá outras providências.
(Ementa com redação dada pela Medida Pro-
II – apresentar, exceto nas ações de resposta,
visória nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei plano de trabalho ao órgão responsável pela trans-
nº 12.983, de 2/6/2014) ferência de recursos, na forma e no prazo definidos
em regulamento;
O presidente da República
III – apresentar estimativa de custos necessá-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
rios à execução das ações previstas no caput, com
sanciono a seguinte Lei:
exceção das ações de resposta;
Art. 1º (Revogado pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012) IV – realizar todas as etapas necessárias à exe-
Art. 1º-A. A transferência de recursos financei- cução das ações de prevenção em área de risco e
ros para a execução de ações de prevenção em de resposta e de recuperação de desastres, nelas
áreas de risco de desastres e de resposta e de re- incluídas a contratação e execução das obras ou
307
prestação de serviços, inclusive de engenharia, detalhamento das metas, valores envolvidos, em-
em todas as suas fases; e presas contratadas e estágio de execução, con-
V – prestar contas das ações de prevenção, de forme condições a serem estabelecidas em regula-
resposta e de recuperação ao órgão responsável mento. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 631,
pela transferência de recursos e aos órgãos de de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
controle competentes. § 10. No caso de haver excedente de recursos
§ 3º A definição do montante de recursos a ser transferidos, o ente beneficiário poderá propor sua
transferido pela União decorrerá de estimativas destinação a ações correlatas àquelas previstas no
de custos das ações selecionadas pelo órgão res- caput, sujeitas à aprovação do órgão responsável
ponsável pela transferência de recursos em con- pela transferência dos recursos. (Parágrafo acrescido
formidade com o plano de trabalho apresentado pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013, convertida na
pelo ente federado, salvo em caso de ações de res- Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
posta. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 631, § 11. Os Estados poderão apoiar a elaboração
de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) de termos de referência, planos de trabalho e pro-
§ 4º (Vetado na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) jetos, cotação de preços, fiscalização e acompa-
§ 5º A União, representada pelo órgão respon- nhamento, bem como a prestação de contas de
sável pela transferência de recursos, verificará Municípios com população inferior a 50.000 (cin-
os custos e as medições da execução das ações quenta mil) habitantes. (Parágrafo acrescido pela Lei
de prevenção e de recuperação em casos excep- nº 12.983, de 2/6/2014)
cionais de necessidade de complementação dos Art. 2º (Revogado pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
recursos transferidos, devidamente motivados.
(Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 631, de
Art. 3º O Poder Executivo federal apoiará, de
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
forma complementar, os Estados, o Distrito Fe-
§ 6º As referências de custos da União para as deral e os Municípios em situação de emergência
hipóteses abrangidas nos §§ 3º a 5º poderão ser ou estado de calamidade pública, por meio dos
baseadas em valores pagos pela administração mecanismos previstos nesta Lei.
pública em serviços e obras similares ou na avalia- § 1º O apoio previsto no caput será prestado aos
ção do custo global da obra, aferida mediante or- entes que tiverem a situação de emergência ou
çamento sintético ou metodologia expedita ou pa- estado de calamidade pública reconhecidos pelo
ramétrica, nos termos do regulamento. (Parágrafo Poder Executivo federal.
acrescido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
§ 2º O reconhecimento previsto no § 1º dar-se-á
convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
mediante requerimento do Poder Executivo do Es-
§ 7º Os dispêndios relativos às ações definidas tado, do Distrito Federal ou do Município afetado
no caput pelos entes beneficiários serão monito- pelo desastre.
rados e fiscalizados por órgão ou instituição finan- Art. 3º-A. O Governo Federal instituirá cadastro
ceira oficial federal, na forma a ser definida em nacional de municípios com áreas suscetíveis à
regulamento. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisó- ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
ria nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de inundações bruscas ou processos geológicos ou
2/6/2014) hidrológicos correlatos, conforme regulamento.
§ 8º Os entes beneficiários deverão disponibili- (Caput do artigo acrescido pela Medida Provisória nº 547,
zar relatórios nos prazos estabelecidos em regula- de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608, de
mento e sempre que solicitados, relativos às des- 10/4/2012)
pesas realizadas com os recursos liberados pela § 1º A inscrição no cadastro previsto no caput
União ao órgão responsável pela transferência de dar-se-á por iniciativa do Município ou mediante
recursos e aos órgãos de controle. (Parágrafo acres- indicação dos demais entes federados, observa-
cido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013, conver- dos os critérios e procedimentos previstos em re-
tida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) gulamento. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória
§ 9º Os entes federados darão ampla divulgação, nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608,
inclusive por meio de portal na internet, às ações de 10/4/2012)
inerentes às obras ou empreendimentos custeadas § 2º Os Municípios incluídos no cadastro deve-
com recursos federais, em especial destacando o rão: (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 547,
308
LEI Nº 12.340, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2010
de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608, de Provisória nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela
10/4/2012) Lei nº 12.608, de 10/4/2012)
I – elaborar mapeamento contendo as áreas sus- § 7º São elementos a serem considerados no
cetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil,
impacto, inundações bruscas ou processos geoló- a ser elaborado pelo Município:
gicos ou hidrológicos correlatos; I – indicação das responsabilidades de cada ór-
II – elaborar Plano de Contingência de Prote- gão na gestão de desastres, especialmente quanto
ção e Defesa Civil e instituir órgãos municipais de às ações de preparação, resposta e recuperação;
defesa civil, de acordo com os procedimentos es- II – definição dos sistemas de alerta a desastres,
tabelecidos pelo órgão central do Sistema Nacio- em articulação com o sistema de monitoramento,
nal de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec); com especial atenção dos radioamadores;
III – elaborar plano de implantação de obras e III – organização dos exercícios simulados, a se-
serviços para a redução de riscos de desastre; rem realizados com a participação da população;
IV – criar mecanismos de controle e fiscaliza- IV – organização do sistema de atendimento
ção para evitar a edificação em áreas suscetíveis emergencial à população, incluindo-se a locali-
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, zação das rotas de deslocamento e dos pontos
inundações bruscas ou processos geológicos ou seguros no momento do desastre, bem como dos
hidrológicos correlatos; e pontos de abrigo após a ocorrência de desastre;
V – elaborar carta geotécnica de aptidão à ur- V – definição das ações de atendimento médico-
banização, estabelecendo diretrizes urbanísticas -hospitalar e psicológico aos atingidos por desastre;
voltadas para a segurança dos novos parcelamen- VI – cadastramento das equipes técnicas e de vo-
tos do solo e para o aproveitamento de agregados luntários para atuarem em circunstâncias de de-
para a construção civil. sastres;
§ 3º A União e os Estados, no âmbito de suas VII – localização dos centros de recebimento
competências, apoiarão os Municípios na efetiva- e organização da estratégia de distribuição de
ção das medidas previstas no § 2º. (Parágrafo acres- doações e suprimentos. (Parágrafo acrescido pela Lei
cido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011, com nº 12.983, de 2/6/2014)
redação dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012) Art. 3º-B. Verificada a existência de ocupações
§ 4º Sem prejuízo das ações de monitoramento em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamen-
desenvolvidas pelos Estados e Municípios, o Go- tos de grande impacto, inundações bruscas ou
verno Federal publicará, periodicamente, informa- processos geológicos ou hidrológicos correlatos,
ções sobre a evolução das ocupações em áreas sus- o município adotará as providências para redução
cetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande do risco, dentre as quais, a execução de plano de
impacto, inundações bruscas ou processos geo- contingência e de obras de segurança e, quando
lógicos ou hidrológicos correlatos nos Municípios necessário, a remoção de edificações e o reassen-
constantes do cadastro. (Parágrafo acrescido pela Me- tamento dos ocupantes em local seguro.
dida Provisória nº 547, de 11/10/2011, com redação dada § 1º A efetivação da remoção somente se dará
pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012) mediante a prévia observância dos seguintes pro-
§ 5º As informações de que trata o § 4º serão cedimentos: (Artigo acrescido pela Medida Provisória
encaminhadas, para conhecimento e providên- nº 547, de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608,
cias, aos Poderes Executivo e Legislativo dos res- de 10/4/2012)
pectivos Estados e Municípios e ao Ministério Pú- I – realização de vistoria no local e elabora-
blico. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 547, ção de laudo técnico que demonstre os riscos da
de 11/10/2011, com redação dada pela Lei nº 12.608, de ocupação para a integridade física dos ocupantes
10/4/2012) ou de terceiros; e
§ 6º O Plano de Contingência de Proteção e De- II – notificação da remoção aos ocupantes acom-
fesa Civil será elaborado no prazo de 1 (um) ano, panhada de cópia do laudo técnico e, quando for
sendo submetido a avaliação e prestação de con- o caso, de informações sobre as alternativas ofere-
tas anual, por meio de audiência pública, com cidas pelo poder público para assegurar seu direi-
ampla divulgação. (Parágrafo acrescido pela Medida to à moradia.
309
§ 2º Na hipótese de remoção de edificações, de- da situação de emergência ou estado de calami-
verão ser adotadas medidas que impeçam a reo- dade pública, ficando o ente recebedor responsá-
cupação da área. vel pela apresentação dos documentos e informa-
§ 3º Aqueles que tiverem suas moradias remo- ções necessárias para análise do reconhecimento;
vidas deverão ser abrigados, quando necessário, (Inciso acrescido pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
e cadastrados pelo Município para garantia de III – para as ações de resposta, fica dispensada
atendimento habitacional em caráter definitivo, aos Municípios em situação de emergência ou ca-
de acordo com os critérios dos programas públi- lamidade pública, em que a gravidade do desastre
cos de habitação de interesse social. tenha tornado inoperante e impossível a realiza-
ção de atos formais da Administração, a prévia
Art. 4º São obrigatórias as transferências da União
emissão de nota de empenho, na forma do § 1º
aos órgãos e entidades dos Estados, do Distrito Fe-
do art. 60 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964;
deral e dos Municípios para a execução de ações
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
de prevenção em áreas de risco de desastres e de
IV – o disposto no inciso III não elimina a neces-
resposta e de recuperação em áreas atingidas ou
sidade de emissão da nota de empenho, em até
com o risco de serem atingidas por desastres, ob-
90 (noventa) dias do restabelecimento das condi-
servados os requisitos e procedimentos estabele-
ções operacionais do Município, em contempora-
cidos pela legislação aplicável. (Caput do artigo com
neidade com a execução da despesa e dentro do
redação dada pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
prazo estabelecido no plano de trabalho. (Inciso
convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
acrescido pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
§ 1º A liberação de recursos para as ações pre-
vistas no caput poderá ser efetivada por meio de Art. 5º O órgão responsável pela transferência do
depósito em conta específica a ser mantida pelos recurso acompanhará e fiscalizará a aplicação dos
órgãos e entidades dos Estados, do Distrito Federal recursos transferidos na forma do art. 4º. (Caput do
e dos Municípios em instituição financeira oficial artigo com redação dada pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
federal, observado o disposto em regulamento. (Pa- § 1º Verificada a aplicação de recursos em desa-
rágrafo com redação dada pela Medida Provisória nº 631, de cordo com o disposto nesta Lei, o saque dos valores
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) da conta específica e a realização de novas transfe-
§ 2º Para as ações previstas no caput, caberá ao rências ao ente beneficiário serão suspensos.
órgão responsável pela transferência de recursos § 2º Os entes beneficiários das transferências
definir o montante de recursos a ser transferido de que trata o caput deverão apresentar ao órgão
de acordo com sua disponibilidade orçamentária responsável pela transferência do recurso a pres-
e financeira e desde que seja observado o previsto tação de contas do total dos recursos recebidos,
no art. 1º-A. (Parágrafo com redação dada pela Medida na forma do regulamento. (Parágrafo com redação
Provisória nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, dada pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
de 2/6/2014) § 3º Os entes beneficiários manterão, pelo pra-
§ 3º No caso de execução de ações de recupe- zo de 5 (cinco) anos, contado da data de aprova-
ração e de resposta, serão adotados os seguintes ção da prestação de contas de que trata o § 2º, os
procedimentos: (Caput do parágrafo acrescido pela Me- documentos a ela referentes, inclusive os compro-
dida Provisória nº 631, de 24/12/2013, com redação dada vantes de pagamentos efetuados com os recursos
pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014) financeiros transferidos na forma desta Lei, sendo
I – para recuperação, o ente beneficiário deverá obrigados a disponibilizá-los, sempre que solicita-
apresentar plano de trabalho ao órgão responsá- do, ao órgão responsável pela transferência do re-
vel pela transferência dos recursos no prazo de curso, ao Tribunal de Contas da União e ao Sistema
90 (noventa) dias da ocorrência do desastre; (In- de Controle Interno do Poder Executivo federal. (Pa-
ciso acrescido pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014) rágrafo com redação dada pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
II – para resposta, quando compreender exclu- Art. 5º-A. Constatadas, a qualquer tempo, nas
sivamente socorro e assistência às vítimas, o Go- ações de prevenção, de resposta e de recuperação,
verno Federal poderá, mediante solicitação moti- a presença de vícios nos documentos apresenta-
vada e comprovada do fato pelo ente beneficiário, dos, a inexistência de risco de desastre, da situa-
prestar apoio prévio ao reconhecimento federal ção de emergência ou do estado de calamidade
310
LEI Nº 12.340, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2010
pública declarados ou a inexecução do objeto, o acrescido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
ato administrativo que tenha autorizado a reali- convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
zação da transferência obrigatória perderá seus II – doações; e (Inciso acrescido pela Medida Provisó-
efeitos, ficando o ente beneficiário obrigado a de- ria nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de
volver os valores repassados devidamente atuali- 2/6/2014)
zados. (Caput do artigo acrescido pela Lei nº 12.608, de III – outros que lhe vierem a ser destinados. (In-
10/4/2012, com redação dada pela Medida Provisória nº 631, ciso acrescido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no § 1º Os recursos do Funcap serão transferidos
caput, ocorrendo indícios de falsificação de do- diretamente aos fundos constituídos pelos Es-
cumentos pelo ente federado, deverão ser notifi- tados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios
cados o Ministério Público Federal e o Ministério cujos objetos permitam a execução das ações a
Público Estadual respectivo, para adoção das pro- que se refere o art. 8º, após o reconhecimento fe-
vidências cabíveis. (Parágrafo único acrescido pela Lei deral da situação de emergência ou do estado de
nº 12.608, de 10/4/2012)
calamidade pública ou a identificação da ação
como necessária à prevenção de desastre, dis-
Art. 6º Ficam autorizados o Departamento Nacio- pensada a celebração de convênio ou outros ins-
nal de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Mi- trumentos jurídicos. (Parágrafo com redação dada pela
nistério da Defesa, mediante solicitação do ente Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei
federado interessado, a atuar, em conjunto ou iso- nº 12.983, de 2/6/2014)
ladamente, na recuperação, execução de desvios e § 2º São obrigatórias as transferências a que se
restauração de estradas e outras vias de transporte refere o § 1º, observados os critérios e os procedi-
rodoviário sob jurisdição dos Estados, do Distrito mentos previstos em regulamento. (Parágrafo com
Federal ou dos Municípios afetadas por desastres. redação dada pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
Art. 7º O Fundo Nacional para Calamidades Pú- convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
blicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap), instituído § 3º O repasse de recursos do Funcap deverá ob-
pelo Decreto-Lei nº 950, de 13 de outubro de 1969, servar o disposto em regulamento. (Parágrafo com
passa a ser regido pelo disposto nesta Lei. (Artigo redação dada pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
com redação dada pela Medida Provisória nº 631, de convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) § 4º O controle social sobre as destinações dos
recursos do Funcap será exercido por conselhos
Art. 8º O Funcap, de natureza contábil e finan- vinculados aos entes beneficiados, garantida a
ceira, vinculado ao Ministério da Integração Na- participação da sociedade civil. (Parágrafo com re-
cional, terá como finalidade custear, no todo ou dação dada pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
em parte: (Caput do artigo com redação dada pela Me- convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
dida Provisória nº 631, de 24/12/2013, convertida na Lei
Art. 10. Os recursos do Funcap serão mantidos
nº 12.983, de 2/6/2014)
na Conta Única do Tesouro Nacional e geridos
I – ações de prevenção em áreas de risco de
por 1 (um) Conselho Diretor, que deverá estabe-
desastre; e (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 631,
lecer os critérios para priorização e aprovação dos
de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
planos de trabalho, acompanhamento, fiscaliza-
II – ações de recuperação de áreas atingidas por
ção e aprovação da prestação de contas. (Caput do
desastres em entes federados que tiverem a situa-
artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 631, de
ção de emergência ou o estado de calamidade pú-
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
blica reconhecidos nos termos do art. 3º. (Inciso
I – (Revogado pela Medida Provisória nº 631, de
acrescido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013,
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
II – (Revogado pela Medida Provisória nº 631, de
Art. 9º Constituem recursos do Funcap: (Caput do 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 631, de III – (Revogado pela Medida Provisória nº 631, de
24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
I – dotações consignadas na lei orçamentária § 1º (Revogado pela Medida Provisória nº 631, de
anual da União e seus créditos adicionais; (Inciso 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014)
311
§ 2º O Poder Executivo regulamentará o funcio- LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012
namento, as competências, as responsabilidades (Publicada no DOU de 11/4/2012)
e a composição do Conselho Diretor, bem como Institui a Política Nacional de Proteção e De-
a forma de indicação de seus membros. (Parágrafo fesa Civil (PNPDEC); dispõe sobre o Sistema
com redação dada pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014) Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec)
e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa
Arts. 11 a 14. (Revogados pela Medida provisória nº 631, Civil (Conpdec); autoriza a criação de sis-
de 24/12/2013, convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) tema de informações e monitoramento de
desastres; altera as Leis nos 12.340, de 1º de
Art. 15. Fica proibida a cobrança de juros de mora, dezembro de 2010, 10.257, de 10 de julho de
por estabelecimentos bancários e instituições fi- 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239,
nanceiras, sobre títulos de qualquer natureza, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de
dezembro de 1996; e dá outras providências.
cujo vencimento se dê durante o período de sus-
pensão do atendimento ao público em suas de- O vice-presidente da República, no exercício do
pendências em razão de desastres, quando carac- cargo de presidente da República
terizadas situações de emergência ou estado de Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
calamidade pública, desde que sejam quitados no sanciono a seguinte Lei:
primeiro dia de expediente normal, ou em prazo
CAPÍTULO I
superior definido em ato normativo específico. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 15-A. Aplica-se o disposto na Lei nº 12.462, Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Pro-
de 4 de agosto de 2011, às licitações e aos contra- teção e Defesa Civil (PNPDEC), dispõe sobre o Sis-
tos destinados à execução de ações de prevenção tema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec)
em áreas de risco de desastres e de resposta e de e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil
recuperação em áreas atingidas por desastres. (Ar- (Conpdec), autoriza a criação de sistema de infor-
tigo acrescido pela Medida Provisória nº 631, de 24/12/2013, mações e monitoramento de desastres e dá outras
convertida na Lei nº 12.983, de 2/6/2014) providências.
Parágrafo único. As definições técnicas para
Art. 15-B. As empresas exploradoras de serviço
aplicação desta Lei serão estabelecidas em ato
móvel pessoal são obrigadas a transmitir gratui-
do Poder Executivo federal.
tamente informações de alerta à população sobre
risco de desastre, por iniciativa dos órgãos compe- Art. 2º É dever da União, dos Estados, do Distrito
tentes, nos termos de regulamento. (Artigo acrescido Federal e dos Municípios adotar as medidas ne-
pela Lei nº 12.983, de 2/6/2014) cessárias à redução dos riscos de desastre.
[...] § 1º As medidas previstas no caput poderão ser
adotadas com a colaboração de entidades públi-
Art. 17. (Revogado pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012) cas ou privadas e da sociedade em geral.
Art. 18. Ficam revogados: § 2º A incerteza quanto ao risco de desastre não
I – o art. 51 da Lei nº 11.775, de 17 de setembro constituirá óbice para a adoção das medidas pre-
de 2008; ventivas e mitigadoras da situação de risco.
II – o Decreto-Lei nº 950, de 13 de outubro de CAPÍTULO II
1969. DA POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO
E DEFESA CIVIL (PNPDEC)
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. Seção I
Diretrizes e Objetivos
Brasília, 1º de dezembro de 2010; 189º da
Independência e 122º da República. Art. 3º A PNPDEC abrange as ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
voltadas à proteção e defesa civil.
Guido Mantega
Paulo Sérgio Oliveira Passos Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às
Paulo Bernardo Silva políticas de ordenamento territorial, desenvolvi-
João Reis Santana Filho mento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças
312
LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012
climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, XII – estimular iniciativas que resultem na des-
infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às tinação de moradia em local seguro;
demais políticas setoriais, tendo em vista a pro- XIII – desenvolver consciência nacional acerca
moção do desenvolvimento sustentável. dos riscos de desastre;
Art. 4º São diretrizes da PNPDEC: XIV – orientar as comunidades a adotar compor-
I – atuação articulada entre a União, os Estados, tamentos adequados de prevenção e de resposta
o Distrito Federal e os Municípios para redução de em situação de desastre e promover a autopro-
desastres e apoio às comunidades atingidas; teção; e
II – abordagem sistêmica das ações de prevenção, XV – integrar informações em sistema capaz de
mitigação, preparação, resposta e recuperação; subsidiar os órgãos do Sinpdec na previsão e no
III – a prioridade às ações preventivas relacio- controle dos efeitos negativos de eventos adver-
nadas à minimização de desastres; sos sobre a população, os bens e serviços e o meio
IV – adoção da bacia hidrográfica como unidade ambiente.
de análise das ações de prevenção de desastres Seção II
relacionados a corpos d’água; Das Competências dos Entes Federados
V – planejamento com base em pesquisas e es-
Art. 6º Compete à União:
tudos sobre áreas de risco e incidência de desas-
I – expedir normas para implementação e exe-
tres no território nacional;
VI – participação da sociedade civil. cução da PNPDEC;
II – coordenar o Sinpdec, em articulação com os
Art. 5º São objetivos da PNPDEC:
Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
I – reduzir os riscos de desastres;
III – promover estudos referentes às causas
II – prestar socorro e assistência às populações
e possibilidades de ocorrência de desastres de
atingidas por desastres;
qualquer origem, sua incidência, extensão e con-
III – recuperar as áreas afetadas por desastres;
sequência;
IV – incorporar a redução do risco de desastre
IV – apoiar os Estados, o Distrito Federal e os
e as ações de proteção e defesa civil entre os ele-
Municípios no mapeamento das áreas de risco,
mentos da gestão territorial e do planejamento
nos estudos de identificação de ameaças, susce-
das políticas setoriais;
tibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre e
V – promover a continuidade das ações de pro-
nas demais ações de prevenção, mitigação, pre-
teção e defesa civil;
paração, resposta e recuperação;
VI – estimular o desenvolvimento de cidades
V – instituir e manter sistema de informações e
resilientes e os processos sustentáveis de urba-
monitoramento de desastres;
nização;
VII – promover a identificação e avaliação das VI – instituir e manter cadastro nacional de
ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a de- municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de
sastres, de modo a evitar ou reduzir sua ocorrência; deslizamentos de grande impacto, inundações
VIII – monitorar os eventos meteorológicos, bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos
hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, correlatos;
químicos e outros potencialmente causadores VII – instituir e manter sistema para declaração
de desastres; e reconhecimento de situação de emergência ou
IX – produzir alertas antecipados sobre a possi- de estado de calamidade pública;
bilidade de ocorrência de desastres naturais; VIII – instituir o Plano Nacional de Proteção e
X – estimular o ordenamento da ocupação do Defesa Civil;
solo urbano e rural, tendo em vista sua conserva- IX – realizar o monitoramento meteorológico,
ção e a proteção da vegetação nativa, dos recur- hidrológico e geológico das áreas de risco, bem
sos hídricos e da vida humana; como dos riscos biológicos, nucleares e químicos,
XI – combater a ocupação de áreas ambiental- e produzir alertas sobre a possibilidade de ocor-
mente vulneráveis e de risco e promover a realo- rência de desastres, em articulação com os Es-
cação da população residente nessas áreas; tados, o Distrito Federal e os Municípios;
313
X – estabelecer critérios e condições para a VIII – apoiar, sempre que necessário, os Municí-
declaração e o reconhecimento de situações de pios no levantamento das áreas de risco, na ela-
emergência e estado de calamidade pública; boração dos Planos de Contingência de Proteção
XI – incentivar a instalação de centros universi- e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de
tários de ensino e pesquisa sobre desastres e de prevenção e alerta e de ações emergenciais.
núcleos multidisciplinares de ensino permanente Parágrafo único. O Plano Estadual de Proteção
e a distância, destinados à pesquisa, extensão e e Defesa Civil conterá, no mínimo:
capacitação de recursos humanos, com vistas no I – a identificação das bacias hidrográficas com
gerenciamento e na execução de atividades de risco de ocorrência de desastres; e
proteção e defesa civil; II – as diretrizes de ação governamental de
XII – fomentar a pesquisa sobre os eventos de- proteção e defesa civil no âmbito estadual, em
flagradores de desastres; e especial no que se refere à implantação da rede
XIII – apoiar a comunidade docente no desen- de monitoramento meteorológico, hidrológico e
volvimento de material didático-pedagógico re- geológico das bacias com risco de desastre.
lacionado ao desenvolvimento da cultura de pre-
Art. 8º Compete aos Municípios:
venção de desastres.
I – executar a PNPDEC em âmbito local;
§ 1º O Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil
conterá, no mínimo: II – coordenar as ações do Sinpdec no âmbito
I – a identificação dos riscos de desastres nas local, em articulação com a União e os Estados;
regiões geográficas e grandes bacias hidrográfi- III – incorporar as ações de proteção e defesa
cas do País; e civil no planejamento municipal;
II – as diretrizes de ação governamental de pro- IV – identificar e mapear as áreas de risco de
teção e defesa civil no âmbito nacional e regional, desastres;
em especial quanto à rede de monitoramento me- V – promover a fiscalização das áreas de risco de
teorológico, hidrológico e geológico e dos riscos desastre e vedar novas ocupações nessas áreas;
biológicos, nucleares e químicos e à produção de VI – declarar situação de emergência e estado
alertas antecipados das regiões com risco de de- de calamidade pública;
sastres. VII – vistoriar edificações e áreas de risco e pro-
§ 2º Os prazos para elaboração e revisão do mover, quando for o caso, a intervenção preven-
Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil serão tiva e a evacuação da população das áreas de alto
definidos em regulamento. risco ou das edificações vulneráveis;
VIII – organizar e administrar abrigos provisó-
Art. 7º Compete aos Estados:
rios para assistência à população em situação de
I – executar a PNPDEC em seu âmbito territorial;
II – coordenar as ações do Sinpdec em articula- desastre, em condições adequadas de higiene e
ção com a União e os Municípios; segurança;
III – instituir o Plano Estadual de Proteção e De- IX – manter a população informada sobre áreas
fesa Civil; de risco e ocorrência de eventos extremos, bem
IV – identificar e mapear as áreas de risco e rea- como sobre protocolos de prevenção e alerta e
lizar estudos de identificação de ameaças, susceti- sobre as ações emergenciais em circunstâncias
bilidades e vulnerabilidades, em articulação com de desastres;
a União e os Municípios; X – mobilizar e capacitar os radioamadores para
V – realizar o monitoramento meteorológico, atuação na ocorrência de desastre;
hidrológico e geológico das áreas de risco, em ar- XI – realizar regularmente exercícios simulados,
ticulação com a União e os Municípios; conforme Plano de Contingência de Proteção e
VI – apoiar a União, quando solicitado, no reco- Defesa Civil;
nhecimento de situação de emergência e estado XII – promover a coleta, a distribuição e o con-
de calamidade pública; trole de suprimentos em situações de desastre;
VII – declarar, quando for o caso, estado de ca- XIII – proceder à avaliação de danos e prejuízos
lamidade pública ou situação de emergência; e das áreas atingidas por desastres;
314
LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012
XIV – manter a União e o Estado informados II – órgão central, definido em ato do Poder Exe-
sobre a ocorrência de desastres e as atividades cutivo federal, com a finalidade de coordenar o
de proteção civil no Município; sistema;
XV – estimular a participação de entidades III – os órgãos regionais estaduais e municipais
privadas, associações de voluntários, clubes de de proteção e defesa civil; e
serviços, organizações não governamentais e as- IV – órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de
sociações de classe e comunitárias nas ações do governo.
Sinpdec e promover o treinamento de associa- Parágrafo único. Poderão participar do Sinpdec
ções de voluntários para atuação conjunta com as organizações comunitárias de caráter voluntá-
as comunidades apoiadas; e rio ou outras entidades com atuação significativa
XVI – prover solução de moradia temporária às nas ações locais de proteção e defesa civil.
famílias atingidas por desastres.
Seção II
Art. 9º Compete à União, aos Estados e aos Mu- Do Conselho Nacional de Proteção
nicípios: e Defesa Civil (Conpdec)
I – desenvolver cultura nacional de prevenção Art. 12. O Conpdec, órgão colegiado integrante
de desastres, destinada ao desenvolvimento da do Ministério da Integração Nacional, terá por fi-
consciência nacional acerca dos riscos de desas- nalidades:
tre no País; I – auxiliar na formulação, implementação e
II – estimular comportamentos de prevenção execução do Plano Nacional de Proteção e De-
capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de fesa Civil;
desastres; II – propor normas para implementação e exe-
III – estimular a reorganização do setor produ- cução da PNPDEC;
tivo e a reestruturação econômica das áreas atin- III – expedir procedimentos para implementação,
gidas por desastres; execução e monitoramento da PNPDEC, obser-
IV – estabelecer medidas preventivas de segu- vado o disposto nesta Lei e em seu regulamento;
rança contra desastres em escolas e hospitais si- IV – propor procedimentos para atendimento
tuados em áreas de risco; a crianças, adolescentes, gestantes, idosos e pes-
V – oferecer capacitação de recursos humanos
soas com deficiência em situação de desastre, ob-
para as ações de proteção e defesa civil; e
servada a legislação aplicável; e
VI – fornecer dados e informações para o sis-
V – acompanhar o cumprimento das disposições
tema nacional de informações e monitoramento
legais e regulamentares de proteção e defesa civil.
de desastres.
§ 1º A organização, a composição e o funciona-
CAPÍTULO III mento do Conpdec serão estabelecidos em ato do
DO SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO Poder Executivo federal.
E DEFESA CIVIL (SINPDEC) § 2º O Conpdec contará com representantes da
Seção I União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni-
Disposições Gerais cípios e da sociedade civil organizada, incluindo-
Art. 10. O Sinpdec é constituído pelos órgãos e -se representantes das comunidades atingidas
entidades da administração pública federal, dos por desastre, e por especialistas de notório saber.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e CAPÍTULO IV
pelas entidades públicas e privadas de atuação DISPOSIÇÕES FINAIS
significativa na área de proteção e defesa civil. Art. 13. Fica autorizada a criação de sistema de
Parágrafo único. O Sinpdec tem por finalidade informações de monitoramento de desastres, em
contribuir no processo de planejamento, articu- ambiente informatizado, que atuará por meio de
lação, coordenação e execução dos programas, base de dados compartilhada entre os integran-
projetos e ações de proteção e defesa civil. tes do Sinpdec visando ao oferecimento de infor-
Art. 11. O Sinpdec será gerido pelos seguintes mações atualizadas para prevenção, mitigação,
órgãos: alerta, resposta e recuperação em situações de
I – órgão consultivo: Conpdec; desastre em todo o território nacional.
315
Art. 14. Os programas habitacionais da União, Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal as com-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios petências atribuídas nesta Lei aos Estados e aos
devem priorizar a relocação de comunidades atin- Municípios.
gidas e de moradores de áreas de risco. [...]
Art. 15. A União poderá manter linha de crédito Art. 23. É vedada a concessão de licença ou alvará
específica, por intermédio de suas agências finan- de construção em áreas de risco indicadas como
ceiras oficiais de fomento, destinada ao capital não edificáveis no plano diretor ou legislação dele
de giro e ao investimento de sociedades empre- derivada.
sariais, empresários individuais e pessoas físicas [...]
ou jurídicas em Municípios atingidos por desastre Art. 30. Ficam revogados os arts. 1º, 2º e 17 da Lei
que tiverem a situação de emergência ou o estado 12.340, de 1º de dezembro de 2010.
de calamidade pública reconhecido pelo Poder
Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Executivo federal.
publicação, com exceção do disposto no § 2º do
Art. 16. Fica a União autorizada a conceder incen- art. 12 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
tivo ao Município que adotar medidas voltadas ao que entrará em vigor após decorridos 2 (dois)
aumento da oferta de terra urbanizada para utili- anos da data de sua publicação oficial.
zação em habitação de interesse social, por meio
Brasília, 10 de abril de 2012; 191º da
dos institutos previstos na Lei nº 10.257, de 10 de Independência e 124º da República.
julho de 2001, na forma do regulamento.
Parágrafo único. O incentivo de que trata o MICHEL TEMER
José Eduardo Cardozo
caput compreenderá a transferência de recursos
Luiz Antonio Rodríguez Elias
para a aquisição de terrenos destinados a progra- Izabella Mônica Vieira Teixeira
mas de habitação de interesse social. Alexandre Navarro Garcia
Alexandre Cordeiro Macedo
Art. 17. Em situações de iminência ou ocorrência
de desastre, ficam os órgãos competentes autori-
LEI Nº 13.153, DE 30 DE JULHO DE 2015
zados a transferir bens apreendidos em operações
(Publicada no DOU de 31/7/2015)
de combate e repressão a crimes para os órgãos
de proteção e defesa civil. Institui a Política Nacional de Combate à De-
sertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca e
Art. 18. Para fins do disposto nesta Lei, conside- seus instrumentos; prevê a criação da Comis-
ram-se agentes de proteção e defesa civil: são Nacional de Combate à Desertificação; e
I – os agentes políticos da União, dos Estados, dá outras providências.
III – vetores de desertificação: forças que atuam Art. 3º A Política Nacional de Combate à Deser-
sobre o ambiente e a sociedade, incluindo interfe- tificação e Mitigação dos Efeitos da Seca tem por
rências humanas diretas e desastres naturais cuja objetivos:
ocorrência seja agravada pela ação antrópica; I – prevenir e combater a desertificação e re-
IV – processos de desertificação: conjuntos se- cuperar as áreas em processo de degradação da
quenciais, complexos, variados e particularizados terra em todo o território nacional;
de fatores e vetores causais concorrentes, que II – prevenir, adaptar e mitigar os efeitos da seca
levam à degradação ambiental e socioambiental; em todo o território nacional;
V – degradação da terra: a redução ou perda, III – instituir mecanismos de proteção, preser-
vação, conservação e recuperação dos recursos
nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas,
naturais;
da biodiversidade, da produtividade biológica e
IV – integrar socioambientalmente de forma
da complexidade das terras agrícolas, devida aos
sustentável a produção e o uso dos recursos hí-
sistemas de utilização da terra e de ocupação do
dricos, a produção e o uso da infraestrutura de
território;
captação, de armazenamento e de condução hí-
VI – combate à desertificação: conjunto de ativi-
drica com as ações de prevenção, adaptação e de
dades da recuperação ambiental e socioambien-
combate à desertificação e à degradação da terra;
tal com o uso sustentável dos recursos naturais V – estimular as pesquisas científicas e as tec-
nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, nológicas;
com vistas ao desenvolvimento equilibrado; VI – promover mecanismos de fomento para
VII – zonas afetadas por desertificação: todas pesquisas e a ampliação do conhecimento sobre
as áreas afetadas ou vulneráveis à desertificação o processo de desertificação e a ocorrência de
situadas em zonas áridas, semiáridas e subúmi- secas no Brasil, bem como sobre a recuperação
das secas, nas quais a razão entre a precipitação de áreas degradadas;
anual e evapotranspiração potencial anual está VII – promover a segurança ambiental, alimen-
compreendida entre 0,05 (cinco centésimos) e tar, hídrica e energética nas áreas susceptíveis à
0,65 (sessenta e cinco centésimos), considerada desertificação;
uma série histórica de 30 (trinta) anos; VIII – promover a educação socioambiental dos
VIII – áreas susceptíveis à desertificação: terri- atores sociais envolvidos na temática do combate
tórios vulneráveis ao processo de desertificação à desertificação;
e seu entorno; IX – coordenar e promover ações interinstitu-
IX – mitigação dos efeitos da seca: atividades cionais com a parceria das organizações da socie-
relacionadas com a previsão da seca e adaptação dade civil no âmbito temático;
dirigidas à redução da vulnerabilidade ambiental X – fomentar a sustentabilidade ambiental da
produção, incluindo ecoagricultura, silvicultura e
e socioambiental;
sistemas agroflorestais, com a diversificação e o
X – seca: fenômeno que ocorre naturalmente
beneficiamento da produção na origem;
quando a precipitação registrada é significativa-
XI – melhorar as condições de vida das popula-
mente inferior aos valores normais, provocando
ções afetadas pelos processos de desertificação e
um sério desequilíbrio hídrico que afeta negati-
pela ocorrência de secas;
vamente os sistemas de produção e de consumo;
XII – apoiar e fomentar o desenvolvimento so-
XI – adaptação: iniciativas e medidas para re-
cioambientalmente sustentável nas áreas suscep-
duzir a vulnerabilidade, atual e esperada, dos tíveis à desertificação;
sistemas naturais e humanos frente aos efeitos XIII – apoiar sistemas de irrigação socioambien-
da seca e aos processos de desertificação e de talmente sustentáveis em áreas que sejam aptas
degradação da terra; para a atividade, levando em consideração os pro-
XII – arenização: processo de degradação resul- cessos de salinização, alcalinização e degradação
tante da sobre-exploração dos recursos naturais, do solo;
principalmente do pastoreio excessivo e da agri- XIV – promover infraestruturas de captação, ar-
cultura mecanizada, em áreas de solo arenoso e mazenagem e condução hídrica, a agricultura ir-
sujeitos à erosão hídrica e eólica. rigada e a prática de uso eficiente e reúso da água
317
na modalidade agrícola e florestal nas áreas sus- VI – capacitar os técnicos em extensão rural
ceptíveis à desertificação. para a promoção de boas práticas de combate à
Art. 4º A Política Nacional de Combate à Deser- desertificação e à degradação da terra, estimu-
tificação e Mitigação dos Efeitos da Seca deverá lando a convivência harmoniosa e equilibrada
com a aridez, especialmente em sistemas de pro-
obedecer aos seguintes princípios:
dução familiar;
I – gestão integrada e participativa dos entes
VII – promover a instalação de sistemas de cap-
federados e das comunidades situadas em áreas
tação e uso da água da chuva em cisternas e barra-
susceptíveis à desertificação no processo de ela-
gens superficiais e subterrâneas, bem como de po-
boração e de implantação das ações de combate
ços artesianos onde houver viabilidade ambiental,
à desertificação e à degradação da terra;
entre outras tecnologias adequadas para o abas-
II – democratização do conhecimento acerca da
tecimento doméstico e a promoção da pequena
temática do combate à desertificação, em espe-
produção familiar e comunitária, visando à segu-
cial quanto ao acesso aos recursos naturais;
rança hídrica e alimentar;
III – incorporação e valorização dos conheci-
VIII – promover a implantação de sistemas de
mentos tradicionais sobre o manejo e o uso sus-
parques e jardins botânicos, etnobotânicos, hor-
tentáveis dos recursos naturais;
tos florestais, herbários educativos e bancos de
IV – articulação e harmonização com políticas
sementes crioulas, particularmente para a con-
públicas tematicamente afins aos propósitos do
servação de espécies e variedades tradicionais da
combate à desertificação, em especial aquelas de-
agrobiodiversidade brasileira, adaptadas à aridez
dicadas à erradicação da miséria, à reforma agrá-
e aos solos locais;
ria, à promoção da conservação e ao uso susten-
IX – promover igualmente a implantação de sis-
tável dos recursos naturais;
temas de parques e jardins zoológicos e zoobotâ-
V – promoção da sinergia e da harmonização
nicos, assim como de centros de conservação e
entre a Convenção das Nações Unidas de Com-
recria de animais de raças tradicionais brasileiras,
bate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
adaptadas à aridez e aos solos locais;
Seca, a Convenção sobre Diversidade Biológica
X – estimular a constituição de agroindústrias
e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
e unidades de beneficiamento artesanais e fami-
Mudanças do Clima.
liares com base na sustentabilidade ecológica, a
Art. 5º Cumpre ao poder público: partir da produção regional e do extrativismo sus-
I – mapear e diagnosticar o estado dos proces- tentável, e nas tradições culturais locais;
sos de desertificação e degradação ambiental; XI – implantar tecnologias de uso eficiente da
II – definir plano de contingência para mitiga- água e de seu reúso na produção enviveirada de
ção e adaptação aos efeitos das secas, em todo o mudas para revegetação e reflorestamento, em
território nacional, e de combate à desertificação, zonas urbanas e rurais;
nas áreas susceptíveis à desertificação; XII – fazer o levantamento do real potencial para
III – estabelecer sistema integrado de informa- irrigação nas áreas susceptíveis à desertificação,
ções de alerta precoce para a ocorrência de secas, levando em conta os custos sistêmicos e os po-
perda da cobertura vegetal, degradação da terra tenciais passivos ambientais;
e desertificação; XIII – mapear e diagnosticar as áreas sujeitas à
IV – estimular a criação de centros de pesquisas salinização e à alcalinização dos solos;
para o desenvolvimento de tecnologias de com- XIV – fomentar a recuperação de solos saliniza-
bate à desertificação e de promoção das ativida- dos e alcalinizados;
des econômicas essenciais das regiões afetadas; XV – promover a agricultura familiar, em bases
V – promover a conservação e o uso sustentável ambientalmente sustentáveis;
dos recursos naturais e o fomento às boas práti- XVI – difundir aos proprietários, trabalhadores
cas sustentáveis adaptadas às condições ecoló- e demais moradores da região informações rela-
gicas locais, como na ecoagricultura, no manejo tivas aos potenciais riscos da irrigação mal plane-
silvipastoril, na agropecuária de baixo carbono, jada nas áreas em questão;
na produção sustentável de carvão vegetal e no XVII – buscar e estimular a cooperação cultural,
manejo extrativista de produtos não madeireiros; científica e tecnológica no âmbito da Convenção
318
LEI Nº 13.153, DE 30 DE JULHO DE 2015
das Nações Unidas de Combate à Desertificação III – orientar, acompanhar e avaliar a implemen-
e Mitigação dos Efeitos da Seca. tação dos compromissos assumidos pelo Brasil
Art. 6º São instrumentos da Política Nacional de com a Convenção das Nações Unidas de Combate
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca;
da Seca, particularmente os resultantes do cum- IV – deliberar sobre as propostas advindas dos
primento do art. 4º desta Lei e: comitês e grupos de trabalho criados no âmbito
I – o Plano de Ação Brasileiro de Combate à da CNCD;
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, V – estabelecer estratégias de ações de governo
alinhado às diretrizes da Convenção das Nações para o combate à desertificação e à degradação
Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação da terra e a mitigação dos efeitos da seca, com
dos Efeitos da Seca (UNCCD); vistas ao desenvolvimento sustentável em todo
II – os Planos de Ação Estaduais de Combate o território nacional;
à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; VI – promover a construção de pactos para o
III – o Relatório Anual de Implementação da combate à desertificação e à degradação da terra
UNCCD no Brasil, contendo: e a mitigação dos efeitos da seca.
a) a avaliação e o monitoramento do Plano de Art. 8º Compete à CNCD:
Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mi- I – acompanhar e avaliar a gestão do combate à
tigação dos Efeitos da Seca; desertificação, da recuperação de áreas degrada-
b) o estado das zonas afetadas; das e da mitigação dos efeitos da seca mediante
c) o estado, a qualidade de vida e as condições a abordagem integrada dos aspectos físicos, bio-
socioeconômicas da população afetada; lógicos, socioeconômicos e culturais;
d) o estado da arte dos planos, programas, II – promover a integração das estratégias de
objetivos, iniciativas, projetos e ações em anda- erradicação da pobreza nos esforços de combate
mento nas zonas afetadas; à desertificação e à degradação da terra e da mi-
IV – os planos, programas, objetivos, iniciativas, tigação dos efeitos da seca;
projetos e ações voltados à recuperação das áreas III – propor ações estratégicas para o combate
degradadas; à desertificação e à degradação da terra e a miti-
V – os planos de manejo florestal sustentável; gação dos efeitos da seca;
VI – o Sistema de Alerta Precoce de Seca e De- IV – acompanhar e avaliar a execução do Plano
sertificação; de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e
VII – o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE); Mitigação dos Efeitos da Seca e propor providên-
VIII – a criação de unidades de conservação; cias necessárias ao cumprimento de seus objeti-
IX – os Planos de Prevenção e Controle do Des- vos, bem como apresentar propostas para o seu
matamento. aperfeiçoamento;
Art. 7º O Poder Executivo poderá criar a Comis- V – analisar propostas de alteração da legisla-
são Nacional de Combate à Desertificação (CNCD), ção pertinente ao combate à desertificação, à re-
órgão colegiado da estrutura regimental do Minis- cuperação de áreas degradadas e à mitigação dos
tério do Meio Ambiente, de natureza deliberativa efeitos da seca, bem como à Política Nacional de
e consultiva, tendo a finalidade de: Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos
I – deliberar sobre a implementação da Política da Seca;
Nacional de Combate à Desertificação e Mitiga- VI – propor medidas para o cumprimento pelo
ção dos Efeitos da Seca, em articulação com as poder público federal dos princípios e diretrizes
demais políticas setoriais, programas, projetos e para implementação da Política Nacional de Com-
atividades governamentais sobre o combate à de- bate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
sertificação e à degradação da terra e a mitigação Seca, estimulando a descentralização da execu-
dos efeitos da seca; ção das ações e assegurando a participação dos
II – promover a articulação da Política Nacio- setores interessados;
nal de Combate à Desertificação e Mitigação dos VII – identificar a necessidade e propor a cria-
Efeitos da Seca com o planejamento em âmbito ção ou modificação dos instrumentos necessá-
nacional, regional, estadual e municipal; rios à plena execução dos princípios e diretrizes
319
da Política Nacional de Combate à Desertificação a) Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que
e Mitigação dos Efeitos da Seca; dispõe sobre a proteção do consumidor e dá ou-
VIII – estimular a cooperação interinstitucional tras providências; e
e internacional para a implementação dos princí- b) Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Có-
pios e diretrizes da Política Nacional de Combate digo Civil);
à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca e III – define atos sujeitos à aplicação da Lei
da UNCCD no País; nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre
IX – elaborar e aprovar seu regimento interno. as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos ca-
sos de enriquecimento ilícito no exercício de man-
Art. 9º A CNCD será presidida pelo Ministro de Es-
dato, cargo, emprego ou função na administração
tado do Meio Ambiente e terá sua composição e
pública direta, indireta ou fundacional e dá outras
funcionamento fixados no seu regulamento.
providências;
Art. 10. Os princípios, objetivos, diretrizes e ins- IV – caracteriza a prevenção de incêndios e de-
trumentos das políticas públicas e programas go- sastres como condição para a execução de pro-
vernamentais deverão compatibilizar- se com os jetos artísticos, culturais, esportivos, científicos e
princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos da outros que envolvam incentivos fiscais da União; e
Política Nacional de Combate à Desertificação e Mi- V – prevê responsabilidades para os órgãos
tigação dos Efeitos da Seca, instituída por esta Lei. de fiscalização do exercício das profissões das
áreas de engenharia e de arquitetura, na forma
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua
que especifica.
publicação.
Art. 2º O planejamento urbano a cargo dos Municí-
Brasília, 30 de julho de 2015; 194º da
Independência e 127º da República. pios deverá observar normas especiais de preven-
ção e combate a incêndio e a desastres para locais
DILMA ROUSSEFF de grande concentração e circulação de pessoas,
Kátia Abreu
editadas pelo poder público municipal, respeitada
Izabella Mônica Vieira Teixeira
Gilberto Magalhães Occhi a legislação estadual pertinente ao tema.
Patrus Ananias § 1º As normas especiais previstas no caput
deste artigo abrangem estabelecimentos, edifi-
LEI Nº 13.425, DE 30 DE MARÇO DE 2017 cações de comércio e serviços e áreas de reunião
(Publicada no DOU de 31/3/2017) de público, cobertos ou descobertos, cercados ou
não, com ocupação simultânea potencial igual ou
Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de
prevenção e combate a incêndio e a desastres superior a cem pessoas.
em estabelecimentos, edificações e áreas de § 2º Mesmo que a ocupação simultânea po-
reunião de público; altera as Leis nos 8.078, tencial seja inferior a cem pessoas, as normas
de 11 de setembro de 1990, e 10.406, de 10 especiais previstas no caput deste artigo serão
de janeiro de 2002 (Código Civil); e dá outras estendidas aos estabelecimentos, edificações de
providências.
comércio e serviços e áreas de reunião de público:
I – (Vetado)
O presidente da República
II – que, pela sua destinação:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
a) sejam ocupados predominantemente por
sanciono a seguinte Lei:
idosos, crianças ou pessoas com dificuldade de
Art. 1º Esta Lei: locomoção; ou
I – estabelece diretrizes gerais e ações comple- b) contenham em seu interior grande quanti-
mentares sobre prevenção e combate a incêndio dade de material de alta inflamabilidade.
e a desastres em estabelecimentos, edificações e § 3º Desde que se assegure a adoção das me-
áreas de reunião de público, atendendo ao disposto didas necessárias de prevenção e combate a in-
no inciso XX do art. 21, no inciso I, in fine, do art. 24, cêndio e a desastres, ato do prefeito municipal
no § 5º, in fine, do art. 144 e no caput do art. 182 da poderá conceder autorização especial para a rea-
Constituição Federal; lização de eventos que integram o patrimônio cul-
II – altera as seguintes Leis: tural local ou regional.
320
LEI Nº 13.425, DE 30 DE MARÇO DE 2017
§ 4º As medidas de prevenção referidas no § 3º III – a prioridade para uso de materiais de cons-
deste artigo serão analisadas previamente pelo trução com baixa inflamabilidade e de sistemas
Corpo de Bombeiros Militar, com a realização de preventivos de aspersão automática de combate
vistoria in loco. a incêndio;
§ 5º Nos locais onde não houver possibilidade IV – (Vetado)
de realização da vistoria prevista no § 4º deste ar- V – as exigências fixadas no laudo ou documento
tigo pelo Corpo de Bombeiros Militar, a análise das similar expedido pelo Corpo de Bombeiros Militar,
medidas de prevenção ficará a cargo da equipe por força do disposto no art. 3º desta Lei.
técnica da prefeitura municipal com treinamento § 1º Nos Municípios onde não houver possibili-
em prevenção e combate a incêndio e emergên- dade de realização de vistoria in loco pelo Corpo
cias, mediante o convênio referido no § 2º do de Bombeiros Militar, a emissão do laudo referido
art. 3º desta Lei. no inciso V do caput deste artigo fica a cargo da
§ 6º As disposições deste artigo aplicam-se, equipe técnica da prefeitura municipal com trei-
também, a imóveis públicos ou ocupados pelo namento em prevenção e combate a incêndio e a
poder público e a instalações temporárias. emergências, mediante o convênio referido no § 2º
§ 7º Regulamento disporá sobre o licenciamen- do art. 3º desta Lei.
to simplificado de microempresas e empresas de § 2º A validade do alvará de licença ou autori-
pequeno porte, cuja atividade não ofereça risco zação, ou documento equivalente expedido pelo
de incêndios. poder público municipal na forma deste artigo,
Art. 3º Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar plane- fica condicionada ao prazo de validade do laudo
jar, analisar, avaliar, vistoriar, aprovar e fiscalizar referido no inciso V do caput deste artigo.
as medidas de prevenção e combate a incêndio § 3º Sem prejuízo de outras medidas cabíveis e
e a desastres em estabelecimentos, edificações do disposto na Lei nº 11.901, de 12 de janeiro de
e áreas de reunião de público, sem prejuízo das 2009, o laudo referido no inciso V do caput deste
prerrogativas municipais no controle das edifica- artigo poderá exigir a existência de bombeiros
ções e do uso, do parcelamento e da ocupação civis e a fixação do seu quantitativo nos estabe-
do solo urbano e das atribuições dos profissionais lecimentos, edificações e áreas de reunião de pú-
responsáveis pelos respectivos projetos. blico, bem como de funcionários treinados para
§ 1º Inclui-se nas atividades de fiscalização pre- agir em situações de emergência, certificados por
vistas no caput deste artigo a aplicação de adver- cursos oficialmente reconhecidos.
tência, multa, interdição e embargo, na forma da § 4º Além do disposto neste artigo, cabe ao poder
legislação estadual pertinente. público municipal requerer outros requisitos de se-
§ 2º Os Municípios que não contarem com uni- gurança nos estabelecimentos, nas edificações e
dade do Corpo de Bombeiros Militar instalada nas áreas de reunião de público, considerando-se:
poderão criar e manter serviços de prevenção e I – a capacidade e a estrutura física do local;
combate a incêndio e atendimento a emergências, II – o tipo de atividade desenvolvida no local e
mediante convênio com a respectiva corporação em sua vizinhança; e
militar estadual. III – os riscos à incolumidade física das pessoas.
Defesa Civil, formado por equipe multidisciplinar, III – três representantes da sociedade civil.
mobilizável a qualquer tempo, para atuar nas di- § 3º A Secretaria Nacional de Defesa Civil exer-
versas fases do desastre em território nacional ou cerá a função de Secretaria-Executiva do Condec,
em outros países. fornecendo o apoio administrativo e os meios ne-
§ 6º Para coordenar e integrar as ações do Sin- cessários à execução de seus trabalhos.
dec em todo o território nacional, a Secretaria § 4º A participação no Condec será considerada
Nacional de Defesa Civil manterá um centro na- prestação de serviço público relevante, não remu-
cional de gerenciamento de riscos e desastres, nerada.
com a finalidade de agilizar as ações de resposta, § 5º Os representantes dos Estados, Distrito
monitorar desastres, riscos e ameaças de maior Federal, Municípios e da sociedade civil, serão
prevalência; indicados e designados na forma a ser discipli-
§ 7º A Secretaria Nacional de Defesa Civil po- nada pelo Ministério da Integração Nacional.
derá solicitar o apoio dos demais órgãos e enti- § 6º O Condec poderá convidar representantes
dades que integram o Sindec, bem como da Ad- de outros órgãos da administração pública, de
ministração Pública federal, para atuarem junto entidades privadas, de organizações não-gover-
ao ente federado em situação de emergência ou namentais, de conselhos e de fóruns locais para o
estado de calamidade pública. acompanhamento ou participação dos trabalhos.
§ 8º As despesas decorrentes da atuação de que
CAPÍTULO II
trata o § 7º, correrão por conta de dotação orça- DO RECONHECIMENTO DA SITUAÇÃO
mentária de cada órgão ou entidade. DE EMERGÊNCIA E DO ESTADO
§ 9º O Sindec mobilizará a sociedade civil para DE CALAMIDADE PÚBLICA
atuar em situação de emergência ou estado de ca- Art. 7º O reconhecimento da situação de emer-
lamidade pública, coordenando o apoio logístico gência ou do estado de calamidade pública pelo
para o desenvolvimento das ações de defesa civil. Poder Executivo federal se dará mediante reque-
Art. 6º O Conselho Nacional de Defesa Civil rimento do Poder Executivo do Estado, do Distrito
(Condec) integra o Sindec como órgão colegiado, Federal ou do Município afetado pelo desastre.
de natureza consultiva, tendo como atribuição § 1º O requerimento previsto no caput deverá
propor diretrizes para a política nacional de defesa ser realizado diretamente ao Ministério da Integra-
civil, em face dos objetivos estabelecidos no art. 4º. ção Nacional, no prazo máximo de dez dias após
§ 1º O Condec será composto por um represen- a ocorrência do desastre, devendo ser instruído
tante e suplente de cada órgão a seguir indicado: com ato do respectivo ente federado que decretou
I – Ministério da Integração Nacional, que o a situação de emergência ou o estado de calami-
coordenará; dade pública e conter as seguintes informações:
II – Casa Civil da Presidência da República; I – tipo do desastre, de acordo com a codifica-
III – Gabinete de Segurança Institucional da Pre- ção de desastres, ameaças e riscos, definida pelo
sidência da República; Ministério da Integração Nacional;
IV – Ministério da Defesa; II – data e local do desastre;
V – Ministério do Planejamento, Orçamento e III – descrição da área afetada, das causas e dos
Gestão; efeitos do desastre;
VI – Ministério das Cidades; IV – estimativa de danos humanos, materiais,
VII – Ministério do Desenvolvimento Social e ambientais e serviços essenciais prejudicados;
Combate à Fome; V – declaração das medidas e ações em curso,
VIII – Ministério da Saúde; capacidade de atuação e recursos humanos, ma-
IX – Secretaria de Relações Institucionais da teriais, institucionais e financeiros empregados
Presidência da República. pelo respectivo ente federado para o restabeleci-
§ 2º Além dos representantes previstos no § 1º, mento da normalidade; e
comporão, ainda, o Condec: VI – outras informações disponíveis acerca do
I – dois representantes dos Estados e Distrito desastre e seus efeitos.
Federal; § 2º Após avaliação das informações apresen-
II – três representantes dos Municípios; e tadas no requerimento a que se refere o § 1º e
325
demais informações disponíveis no Sindec, o pelo portador nele identificado, respeitados os
Ministro de Estado da Integração Nacional reco- limites deste Decreto.
nhecerá, por meio de Portaria, a situação de emer- Art. 9º-B. O representante legal do órgão ou en-
gência ou estado de calamidade, desde que a si- tidade do Estado, Distrito Federal ou Município
tuação o justifique e que tenham sido cumpridos beneficiário será a autoridade responsável pela
os requisitos estabelecidos na Medida Provisória administração dos recursos com o uso do CPDC,
nº 494, de 2010, e neste Decreto. competindo-lhe, além de outras responsabilidades
§ 3º Considerando a intensidade do desastre e estabelecidas na legislação e na regulamentação
seus impactos social, econômico e ambiental, o específica: (Artigo acrescido pelo Decreto nº 7.505, de
Ministério da Integração Nacional reconhecerá, in- 27/6/2011)
dependentemente do fornecimento das informa- I – definir os servidores ou empregados públicos,
ções previstas no § 1º, a situação de emergência com vínculo permanente, portadores do CPDC;
ou o estado de calamidade pública com base no II – definir o limite de utilização e o valor dispo-
Decreto do respectivo ente federado. nível para cada portador do CPDC;
CAPÍTULO III III – alterar o limite de utilização e o valor dispo-
DAS TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS nível para cada portador do CPDC; e
Art. 8º As transferências obrigatórias da União IV – expedir a ordem para disponibilização dos
aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Fe- limites, eletronicamente, junto à instituição finan-
deral e Municípios para a execução de ações de so- ceira.
corro, assistência às vítimas, restabelecimento de § 1º Poderá haver delegação das competên-
serviços essenciais e reconstrução, observarão os cias previstas no caput a secretários estaduais ou
requisitos e procedimentos previstos na Medida municipais, bem como a servidor ou empregado
Provisória nº 494, de 2010, e neste Decreto. público com vínculo permanente no âmbito esta-
dual ou municipal.
Art. 9º Reconhecida a situação de emergência ou
§ 2º A autoridade responsável pela administra-
o estado de calamidade pública, o Ministério da
ção dos recursos com o uso do CPDC, assinará
Integração Nacional, com base nas informações
Termo de Responsabilidade de Administrador de
obtidas e na sua disponibilidade orçamentária e
Recursos Federais de Defesa Civil, que conterá
financeira, definirá o montante de recursos a ser
suas obrigações e deveres no uso do cartão, con-
disponibilizado para a execução das ações espe-
forme especificação contida em ato do Ministro
cificadas nos incisos V, VI e VII do art. 2º.
de Estado da Integração Nacional.
Parágrafo único. A transferência dos recursos se
§ 3º Para a operacionalização do CPDC, será
dará mediante depósito em conta específica do
firmado:
ente beneficiário em instituição financeira oficial
I – acordo de cooperação técnica entre a União
federal.
e a instituição financeira oficial federal, que con-
Art. 9º-A. O pagamento das despesas realizadas terá a obrigação de envio, por meio eletrônico ou
pelo ente beneficiário com os recursos transferi- magnético, das informações de movimentação
dos pelo Ministério da Integração Nacional para a do CPDC ao Ministério da Integração Nacional e
execução das ações especificadas nos incisos V, VI à Controladoria- Geral da União, bem como dis-
e VII do art. 2º será efetuado por meio do Cartão ciplinará a forma e a periodicidade desse envio.
de Pagamento de Defesa Civil (CPDC), vinculado II – contrato específico entre a instituição finan-
à conta específica mantida em instituição finan- ceira oficial federal e o órgão ou entidade do Esta-
ceira oficial federal, nos termos deste Decreto. (Ar- do, Distrito Federal ou Município beneficiário, que
tigo acrescido pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011) concederá expressa autorização de acesso aos ex-
Parágrafo único. O CPDC é instrumento de paga- tratos de movimentação do CPDC ao Ministério
mento, emitido em nome do órgão ou entidade do da Integração Nacional e à Controladoria-Geral
Estado, Distrito Federal ou Município beneficiário, da União, para fins de controle e divulgação no
operacionalizado por instituição financeira oficial Portal da Transparência, instituído pelo Decreto
federal contratada e utilizado exclusivamente nº 5.482, de 30 de junho de 2005.
326
DECRETO Nº 7.257, DE 4 DE AGOSTO DE 2010
§ 4º O uso do CPDC não dispensará o órgão ou V – guarda de notas fiscais, recibos ou qualquer
entidade do Estado, Distrito Federal ou Município outro documento que comprove a despesa paga
beneficiário da apresentação ao Ministério da In- com o CPDC, e que contenha, no mínimo:
tegração Nacional da prestação de contas do total a) o nome do beneficiário do pagamento;
de recursos recebidos, nos termos da legislação b) o número no Cadastro de Pessoa Física (CPF)
vigente. ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);
c) o endereço da pessoa física ou do estabele-
Art. 9º-C. Na execução dos recursos transferidos
cimento comercial;
pela União, são vedados: (Artigo acrescido pelo De-
d) o valor pago; e
creto nº 7.505, de 27/6/2011)
e) a descrição sumária do objeto do pagamento,
I – a aceitação de qualquer acréscimo no valor com quantitativos.
da despesa decorrente da utilização do CPDC;
Art. 10. As transferências de recursos voltadas à
II – a utilização do CPDC no exterior;
execução de ações de reconstrução deverão ser
III – a cobrança de taxas de adesão, manuten-
precedidas da apresentação de Plano de Trabalho
ção, anuidades ou quaisquer outras despesas de-
pelo ente beneficiário no prazo de até quarenta e
correntes da obtenção ou do uso do CPDC; e
cinco dias após o reconhecimento da situação de
IV – a realização de saque em dinheiro por meio
emergência ou do estado de calamidade pública.
do CPDC. § 1º O Plano de Trabalho conterá:
Art. 9º-D. A autoridade responsável pela admi- I – levantamento de danos materiais causados
nistração dos recursos será o principal portador pelo desastre;
do CPDC do órgão ou entidade do Estado, Distrito II – identificação das ações de reconstrução,
Federal ou Município beneficiário. (Artigo acrescido acompanhadas das respectivas estimativas fi-
pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011) nanceiras;
§ 1º Poderão ser autorizados como portado- III – etapas ou fases de execução;
res do CPDC os agentes referidos no inciso I do IV – plano de aplicação dos recursos financeiros;
art. 9º-B e os secretários estaduais e municipais, V – cronograma de desembolso; e
VI – previsão de início e fim da execução das
que firmarão Termo de Responsabilidade do Por-
ações, bem como da conclusão das etapas ou
tador perante a autoridade responsável pela admi-
fases programadas.
nistração dos recursos do ente ou entidade bene-
§ 2º Independentemente da apresentação do
ficiária, o qual conterá suas obrigações e deveres.
Plano de Trabalho de que trata o § 1º, o Ministério
§ 2º O órgão ou entidade do Estado, Distrito Fe-
da Integração Nacional poderá antecipar a libera-
deral ou Município beneficiário remeterá ao Mi-
ção de parte dos recursos destinados às ações de
nistério da Integração Nacional e à Controladoria- reconstrução.
-Geral da União listagem contendo os seguintes § 3º As ações implementadas com os recursos
dados dos portadores do CPDC: antecipados na forma do § 2º deverão estar con-
I – nome; templadas no Plano de Trabalho previsto no caput.
II – cargo, emprego ou função, além de sua ma- § 4º No caso de recuperação ou reconstrução
trícula funcional no ente ou entidade; de edificações no mesmo local do desastre, tra-
III – endereço residencial; e tando-se de posse mansa e pacífica, poderá ser
IV – número no Cadastro de Pessoa Física (CPF). dispensada a comprovação da propriedade do
§ 3º São deveres do portador do CPDC, além de imóvel pelos respectivos beneficiários.
outros definidos no termo de responsabilidade, Art. 11. A utilização dos recursos transferidos nos
referido no § 1º deste artigo: termos dos arts. 9º e 10 pelo ente beneficiário está
I – guarda e zelo do cartão; vinculada exclusivamente à execução das ações
II – bom emprego dos valores nele contidos; previstas neste Decreto, além das especificadas
III – proibição de autorização de uso por outra pelo Ministério da Integração Nacional quando da
pessoa; liberação dos recursos.
IV – comunicação às autoridades sobre perda § 1º Constatada a presença de vícios na do-
ou roubo; e cumentação apresentada, malversação, desvios
327
ou utilização dos recursos transferidos em des- para imediata comunicação ao Ministério da Inte-
conformidade com o disposto na Lei nº 12.340, de gração Nacional e à Controladoria-Geral da União.
2010, e neste Decreto, o Ministério da Integração (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011)
Nacional suspenderá a liberação dos recursos e
Art. 12. O planejamento e a execução das ações
não efetuará novas transferências ao órgão ou
de prevenção previstas no inciso IX do art. 2º são de
entidade do Estado, Distrito Federal ou Municí-
responsabilidade de todos os órgãos integrantes
pio beneficiário até que a situação seja regulari-
do Sindec e dos demais órgãos da Administração
zada, bem como suspenderá a utilização do CPDC,
Pública federal, estadual, distrital e municipal que
quando for o caso. (Parágrafo com redação dada pelo
setorialmente executem ações nas áreas de sanea-
Decreto nº 7.505, de 27/6/2011)
mento, transporte e habitação, bem assim em ou-
§ 2º A utilização dos recursos em desconformi-
tras áreas de infraestrutura.
dade com as ações especificadas pelo Ministério
da Integração Nacional acarretará ao órgão ou en- CAPÍTULO IV
tidade do Estado, Distrito Federal ou Município be- DA PRESTAÇÃO DE CONTAS
neficiário a obrigação de devolvê-los devidamente E DA FISCALIZAÇÃO
atualizados, conforme legislação aplicável. (Pará- Art. 13. Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
grafo com redação dada pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011) pios beneficiários das transferências de que trata
§ 3º O Ministério da Integração Nacional notifi- o art. 4º da Medida Provisória nº 494, de 2010,
cará o órgão ou entidade do Estado, Distrito Fe- apresentarão ao Ministério da Integração Nacio-
deral ou Município beneficiário, cuja utilização nal a prestação de contas do total dos recursos
dos recursos transferidos for considerada irregu- recebidos.
lar, para que apresente justificativa no prazo de
Art. 14. A prestação de contas de que trata o
trinta dias. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto
art. 13 deverá ser apresentada pelo ente benefi-
nº 7.505, de 27/6/2011)
ciário no prazo de trinta dias a contar do término
§ 4º Se as razões apresentadas na justificativa
da execução das ações a serem implementadas
de que trata o § 3º não demonstrarem a regulari-
com os recursos transferidos pelo Ministério da In-
dade na aplicação dos recursos, o Ministério da In-
tegração Nacional e será composta dos seguintes
tegração Nacional dará ciência do fato ao órgão ou
documentos:
entidade do Estado, Distrito Federal ou Município
I – relatório de execução físico-financeira;
beneficiário, que deverá providenciar a devolução
II – demonstrativo da execução da receita e des-
dos recursos no prazo de trinta dias. (Parágrafo com
redação dada pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011)
pesa, evidenciando os recursos recebidos e even-
§ 5º Na hipótese de não devolução dos recursos tuais saldos;
pelo órgão ou entidade do Estado, Distrito Federal III – relação de pagamentos e de bens adquiri-
ou Município beneficiário notificado, o Ministério dos, produzidos ou construídos;
da Integração Nacional deverá comunicar o fato V – extrato da conta bancária específica do pe-
aos órgãos de controle interno ou externo compe- ríodo do recebimento dos recursos e conciliação
tentes para adoção das medidas cabíveis. (Parágrafo bancária, quando for o caso;
com redação dada pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011) VI – relação de beneficiários, quando for o caso;
§ 6º Nos casos em que as hipóteses de malver- VII – cópia do termo de aceitação definitiva da
sação, má utilização e desvio dos recursos trans- obra ou serviço de engenharia, quando for o caso; e
feridos forem constatadas pelo próprio órgão ou VIII – comprovante de recolhimento do saldo de
entidade do Estado, Distrito Federal ou Município recursos, quando houver.
beneficiário, o CPDC deverá ser imediatamente § 1º A autoridade responsável pela prestação
bloqueado em relação ao portador responsável de contas que inserir ou fizer inserir documentos
pela conduta, podendo as autoridades referidas no ou declaração falsa ou diversa da que deveria ser
caput e no § 1º do art. 9º-B, designar novo portador. inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre o
(Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011) fato, será responsabilizada na forma da lei.
§ 7º O processo administrativo instaurado para § 2º Os entes beneficiários manterão, pelo prazo
fins disciplinares nas hipóteses previstas no § 6º de- de cinco anos, contados da data de aprovação da
verá ser reproduzido em meio físico ou eletrônico prestação de contas de que trata o art. 13, os do-
328
RESOLUÇÃO Nº 144, DE 10 DE JULHO DE 2012
cumentos a ela referentes, inclusive os compro- zes para implementação da PNSB, aplicação de
vantes de pagamentos efetuados com os recursos seus instrumentos e atuação do Sistema Nacio-
financeiros transferidos na forma deste Decreto, nal de Informações sobre Segurança de Barra-
ficando obrigados a disponibilizá-los, sempre que gens (SNISB), conforme inciso XII do Art. 35 da Lei
solicitado, ao Ministério da Integração Nacional, nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, resolve:
ao Tribunal de Contas da União e ao Sistema de
CAPÍTULO I
Controle Interno do Poder Executivo federal.
DO OBJETIVO
Art. 15. O Ministério da Integração Nacional
Art.1º Estabelecer as diretrizes para implementa-
acompanhará e fiscalizará a aplicação dos recur-
ção da Política Nacional de Segurança de Barra-
sos transferidos na forma prevista no art. 8º, e
gem, aplicação de seus instrumentos e atuação
poderá expedir normas complementares para o
do Sistema Nacional de Informações sobre Se-
cumprimento do disposto neste Decreto. (Artigo
gurança de Barragens em atendimento ao art. 20
com redação dada pelo Decreto nº 7.505, de 27/6/2011)
da Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que
Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data de alterou o art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro
sua publicação. de 1997.
Art. 17. Ficam revogados os Decretos nos 5.376, Art. 2º Para efeito desta Resolução consideram-
de 17 de fevereiro de 2005, e 6.663, de 26 de no- -se:
vembro de 2008. I – acidente: comprometimento da integridade
Brasília, 4 de agosto de 2010; 189º da estrutural com liberação incontrolável do con-
Independência e 122º da República. teúdo de um reservatório ocasionado pelo colapso
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA parcial ou total da barragem ou estrutura anexa; e
Paulo Bernardo Silva II – incidente: qualquer ocorrência que afete o
João Reis Santana Filho comportamento da barragem ou estrutura anexa
que, se não for controlada, pode causar um acidente.
RESOLUÇÃO Nº 144, DE 10
DE JULHO DE 2012 CAPÍTULO II
DAS DIRETRIZES GERAIS DA
(Publicada no DOU de 4/9/2012 e alterada pela Reso-
IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL
lução CNRH nº 178, de 29/6/2016) DE SEGURANÇA DE BARRAGENS
Estabelece diretrizes para implementação da Art. 3º Constituem diretrizes gerais para imple-
Política Nacional de Segurança de Barragens,
aplicação de seus instrumentos e atuação do mentação da Política Nacional de Segurança de
Sistema Nacional de Informações sobre Se- Barragens:
gurança de Barragens, em atendimento ao I – a integração da Política Nacional de Seguran-
art. 20 da Lei nº 12.334, de 20 de setembro de ça de Barragens às respectivas políticas setoriais;
2010, que alterou o art. 35 da Lei nº 9.433, de
8 de janeiro de 1997.
II – a integração da gestão da segurança das
barragens à segurança do empreendimento, em
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
todas as suas fases;
no uso das competências que lhe são conferi-
III – a adequação da gestão da segurança das
das pelas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de 1997,
barragens às diversidades físicas, econômicas, so-
9.984, de 17 de julho de 2000, e 12.334, de 20 de
ciais e ambientais das diversas regiões do país, às
setembro de 2010, pelo Decreto nº 4.613, de 11 de
características técnicas dos empreendimentos e
março de 2003, e tendo em vista o disposto no Re-
ao dano potencial das barragens;
gimento Interno, anexo à Portaria nº 377, de 19 de
IV – a divulgação das informações relacionadas
setembro de 2003, e
à segurança de barragens associadas a promoção
Considerando que compete ao Conselho Nacio-
de ações para esclarecimento da população;
nal de Recursos Hídricos zelar pela implementa-
ção da Política Nacional de Segurança de Barra- CAPÍTULO III
gens (PNSB), conforme inciso XI do Art. 35 da Lei DO PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997; Art. 4º O Plano de Segurança da Barragem deverá
Considerando que compete ao Conselho Na- ser elaborado pelo empreendedor, e compreen-
cional de Recursos Hídricos estabelecer diretri- der no mínimo os seguintes itens:
329
I – identificação do empreendedor; III – a relação das barragens que apresentem
II – dados técnicos referentes à implantação do categoria de risco alto;
empreendimento, inclusive, no caso de empreen- IV – as principais ações para melhoria da se-
dimentos construídos após a promulgação da Lei gurança de barragem implementadas pelos em-
nº 12.334, de 2010, do projeto como construído, preendedores;
bem como aqueles necessários para a operação V – a descrição dos principais acidentes e in-
e manutenção da barragem; cidentes durante o período de competência do
III – estrutura organizacional e qualificação téc- relatório, bem como análise por parte dos empreen-
nica dos profissionais da equipe de segurança da dedores e o respectivo órgão fiscalizador sobre as
barragem; causas, consequências e medidas adotadas;
IV – manuais de procedimentos dos roteiros de VI – a relação dos órgãos fiscalizadores que en-
inspeções de segurança e de monitoramento e re- viaram informações para a ANA com a síntese das
latórios de segurança da barragem; informações enviadas;
V – regra operacional dos dispositivos de des- VII – os recursos dos orçamentos fiscais da União
carga da barragem; e dos Estados previstos e investidos em ações para
VI – indicação da área do entorno das instalações a segurança de barragens.
e seus respectivos acessos, a serem resguardados
Art. 8º A ANA será responsável pela coordenação
de quaisquer usos ou ocupações permanentes, ex-
da elaboração do Relatório de Segurança de Bar-
ceto aqueles indispensáveis à manutenção e à ope-
ragens e os órgãos fiscalizadores responsáveis
ração da barragem;
pelas informações.
VII – Plano de Ação de Emergência (PAE), quando
exigido; Art. 9º O Relatório de Segurança de Barragens de-
VIII – relatórios das inspeções de segurança; verá compreender o período entre 1º de janeiro e
IX – revisões periódicas de segurança. 31 de dezembro do ano de referência do relatório.
Parágrafo único. A periodicidade de atualização, Art. 10. A ANA, até 30 de setembro de cada ano,
o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos poderá estabelecer o conteúdo das contribuições
planos de segurança deverão ser estabelecidos e formulários padronizados para recebimento das
pelo órgão fiscalizador, em função da categoria de informações que comporão o Relatório de Segu-
risco, do dano potencial associado e do seu volume. rança de Barragens, devendo ser disponibilizados
Art. 5º O Plano de segurança de barragem deverá em seu sítio eletrônico.
ser atualizado em decorrência das inspeções re- Parágrafo único. Caso a ANA não estabeleça o
gulares e especiais e das revisões periódicas de disposto no caput, serão mantidos o conteúdo
segurança da barragem, incorporando suas exi- mínimo e os formulários adotados no exercício
gências e recomendações. do ano anterior.
Art. 6º Os órgãos fiscalizadores poderão estabe- Art. 11. Os empreendedores terão prazo até 31
lecer prazos para elaboração da primeira edição de janeiro de cada ano para enviar aos órgãos fis-
do Plano de Segurança das barragens existentes, calizadores as informações necessárias para ela-
em função da categoria de risco, do dano poten- boração do Relatório de Segurança de Barragens.
cial e do volume. Art. 12. Os órgãos fiscalizadores terão prazo até
CAPÍTULO IV 30 de abril de cada ano para enviar à ANA as infor-
DO RELATÓRIO DE SEGURANÇA mações necessárias para a elaboração do Relató-
DE BARRAGENS rio de Segurança de Barragens.
Art. 7º O Relatório de Segurança de Barragens de- Parágrafo único. A ANA deverá informar no Re-
verá conter, no mínimo, informações atualizadas latório de Segurança de Barragens o não recebi-
sobre: mento das informações solicitadas aos órgãos
I – os cadastros de barragens mantidos pelos fiscalizadores.
órgãos fiscalizadores; Art. 13. A ANA deverá encaminhar o Relatório de
II – a implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens ao CNRH até 31 de agosto,
Segurança de Barragens; de forma consolidada.
330
Art. 14. Fica instituído o Grupo de Trabalho no ção ao SNISB, em prazo a ser definido pela ANA
âmbito da Câmara Técnica de Análise de Projeto em articulação com os órgãos fiscalizadores;
(CTAP) com o objetivo de analisar o relatório ela- III – manter atualizada no SNISB a classificação
borado pela ANA e propor as recomendações para das barragens sob sua jurisdição por categoria
a melhoria da segurança de barragens. de risco, por dano potencial associado e pelo seu
Parágrafo único. O GT será constituído por dois
volume.
membros de cada segmento representado na CTAP.
Art. 20. Compete aos empreendedores:
Art. 15. Cabe ao CNRH, anualmente, apreciar o Rela-
I – manter atualizadas as informações cadas-
tório de Segurança de Barragens, fazendo, se neces-
trais relativas às suas barragens junto ao respec-
sário, recomendações para melhoria da segurança
das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso tivo órgão fiscalizador;
Nacional até 31 de dezembro de cada ano. II – articular-se com o órgão fiscalizador, com
intuito de permitir um adequado fluxo de infor-
CAPÍTULO V
DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES mações.
SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS (SNISB) Art. 21. O SNISB deverá buscar a integração e a
Art. 16. O Sistema Nacional de Segurança de Bar- troca de informações, no que couber, com:
ragens (SNISB) tem o objetivo de coletar, armaze- I – o Sistema Nacional de Informações sobre o
nar, tratar, gerir e disponibilizar para a sociedade Meio Ambiente – Sinima;
as informações relacionadas à segurança de bar- II – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
ragens em todo o território nacional. Instrumentos de Defesa Ambiental;
Art. 17. São responsáveis diretos pelas informa- III – o Cadastro Técnico Federal de Atividades
ções do SNISB: Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Re-
I – Agência Nacional de Águas (ANA), como ges- cursos Ambientais;
tora e fiscalizadora; IV – O Sistema Nacional de Informações sobre
II – órgãos fiscalizadores, conforme definido no Recursos Hídricos (SNIRH);
artigo 5º da Lei nº 12.334, de 2010;
V – demais sistemas relacionados com segu-
III – empreendedores.
rança de barragens.
Art. 18. Compete à ANA, como gestora do SNISB:
Art. 22. Esta Resolução entra em vigor na data de
I – desenvolver plataforma informatizada para
sua publicação.
sistema de coleta, tratamento, armazenamento
IZABELLA TEIXEIRA
e recuperação de informações, devendo contem-
Presidente
plar barragens em construção, em operação e de- PEDRO WILSON GUIMARÃES
sativadas; Secretário Executivo
II – estabelecer mecanismos e coordenar a
troca de informações com os demais órgãos fis-
calizadores;
LEGISLAÇÃO TEMÁTICA
III – definir as informações que deverão compor
COMPLEMENTAR
o SNISB em articulação com os demais órgãos fis-
calizadores; e Decretos legislativos
IV – disponibilizar o acesso a dados e informa-
ções para a sociedade por meio da Rede Mundial DECRETO LEGISLATIVO Nº 74, DE 30 DE SETEMBRO
de Computadores. DE 1976
Aprova o texto da Convenção Internacional sobre
Art. 19. Compete aos órgãos fiscalizadores:
I – manter cadastro atualizado das barragens Responsabilidade Civil em Danos Causados por
sob sua jurisdição; Poluição por Óleo.
II – disponibilizar permanentemente o cadastro Publicado no DOU de 4/10/1976.
e demais informações sobre as barragens sob sua Promulgado pelo Decreto nº 79.437, de 28 de
jurisdição e em formato que permita sua integra- março de 1977, publicado no DOU de 29/3/1977.
331
DECRETO LEGISLATIVO Nº 50, DE 28 DE JUNHO em Londres, em 2 de novembro de 1973, e o seu
DE 1983 Protocolo de 1978, com as emendas adotadas em
Aprova o texto da Convenção sobre a Proibição do 4 de dezembro de 2003 a 1º de abril de 2004.
Uso Militar ou Hostil de Técnicas de Modificação Publicado no DOU de 11/8/2009.
Ambiental, assinado pelo governo brasileiro em Promulgado pelo Decreto nº 2.508, de 4 de março
Nova York, em 9 de novembro de 1977.
de 1998, publicado no DOU de 5/3/1998.
Publicado no DOU de 30/6/1983.
Promulgado pelo Decreto nº 225, de 7 de outubro Leis
de 1991, publicado no DOU de 8/10/1991.
LEI Nº 6.225, DE 14 DE JULHO DE 1975
DECRETO LEGISLATIVO Nº 60, DE 19 DE ABRIL DE Dispõe sobre discriminação, pelo Ministério da
1995 Agricultura, de regiões para execução obrigatória
Aprova o texto da Convenção Internacional para de planos de proteção ao solo e de combate a ero-
a Prevenção da Poluição por Navios de 1973, de são e dá outras providencias.
seu Protocolo de 1978, de suas emendas de 1984 Publicada no DOU de 15/7/1975.
e de seus Anexos Opcionais III, IV e V.
Publicado no DOU de 28/4/1995. LEI Nº 11.762, DE 1º DE AGOSTO DE 2008
Promulgada pelo Decreto nº 2.508, de 4 de março Fixa o limite máximo de chumbo permitido na fa-
de 1998, publicado no DOU de 5/3/1998. bricação de tintas imobiliárias e de uso infantil e
escolar, vernizes e materiais similares e dá outras
DECRETO LEGISLATIVO Nº 43, DE 29 DE MAIO DE
1998 providências.
Aprova o texto da Convenção Internacional sobre Publicada no DOU de 4/8/2008.
Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Po- LEI Nº 11.936, DE 14 DE MAIO DE 2009
luição por Óleo, 1990, concluída em Londres, em Proíbe a fabricação, a importação, a exportação,
30 de novembro de 1990.
a manutenção em estoque, a comercialização e o
Publicado no DOU de 1º/6/1998.
uso de diclorodifeniltricloretano (DDT) e dá outras
Promulgado pelo Decreto nº 2.870, de 10 de de-
providências.
zembro de 1998, publicado no DOU de 11/12/1998.
Publicada no DOU de 15/5/2009.
DECRETO LEGISLATIVO Nº 204, DE 7 DE MAIO DE
2004 LEI Nº 11.952, DE 25 DE JUNHO DE 2009
Aprova o texto da Convenção de Estocolmo sobre Dispõe sobre a regularização fundiária das
Poluentes Orgânicos Persistentes, adotada, na- ocupações incidentes em terras situadas em áreas
quela cidade, em 22 de maio de 2001. da União, no âmbito da Amazônia Legal; altera as
Publicado no DOU de 10/5/2004. Leis nos 8.666, de 21 de junho de 1993, e 6.015, de
Promulgado pelo Decreto nº 5.472, de 20 de junho 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências.
de 2005, publicado no DOU de 21/6/2005. Publicada no DOU de 26/6/2009.
DECRETO LEGISLATIVO Nº 303, DE 26 DE OUTU- LEI Nº 12.731, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2012
BRO DE 2007 Institui o Sistema de Proteção ao Programa Nu-
Aprova o texto das emendas a Convenção sobre clear Brasileiro (Sipron) e revoga o Decreto-Lei
Prevenção da Poluição Marinha Causada pelo
nº 1.809, de 7 de outubro de 1980.
Alijamento no Mar de Resíduos e Outras Matérias.
Publicada no DOU de 22/11/2012.
Publicado no DOU de 29/10/2007.
Promulgado pelo Decreto nº 6.511, de 17 de julho LEI Nº 13.311, DE 11 DE JULHO DE 2016
de 2008, publicado no DOU de 18/7/2008. Institui, nos termos do caput do art. 182 da Cons-
DECRETO LEGISLATIVO Nº 499, DE 10 DE AGOSTO tituição Federal, normas gerais para a ocupação e
DE 2009 utilização de área pública urbana por equipamen-
Aprova o texto consolidado da Convenção Inter- tos urbanos do tipo quiosque, trailer, feira e banca
nacional para a Prevenção da Poluição por Navios, de venda de jornais e de revistas.
adotada pela Organização Marítima Internacional, Publicada no DOU de 12/7/2016.
332
Decretos DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010
Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de
DECRETO Nº 77.775, DE 8 DE JUNHO DE 1976
2007, que estabelece diretrizes nacionais para o
Regulamenta a Lei nº 6.225, de 14 de julho de 1975,
saneamento básico, e dá outras providências.
que dispõe sobre discriminação, pelo Ministério
Publicado no DOU de 22/6/2010.
da Agricultura, de regiões para execução obriga-
tória de planos de proteção ao solo e de combate DECRETO Nº 7.341, DE 22 DE OUTUBRO DE 2010
a erosão, e dá outras providências. Regulamenta a Lei nº 11.952, de 25 de junho de
Publicado no DOU de 9/6/1976. 2009, para dispor sobre a regularização fundiária
das áreas urbanas situadas em terras da União
DECRETO Nº 87.566, DE 16 DE SETEMBRO DE 1982
no âmbito da Amazônia Legal, definida pela Lei
Promulga o texto da convenção sobre Prevenção
Complementar no 124, de 3 de janeiro de 2007, e
da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos
dá outras providências.
e Outras Matérias, concluída em Londres, a 29 de
Publicado no DOU de 25/10/2010.
dezembro de 1972.
Publicado no DOU de 17/9/1982. DECRETO Nº 7.405, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010
Institui o Programa Pro-Catador, denomina Co-
DECRETO Nº 6.065, DE 21 DE MARCO DE 2007
mitê Interministerial para Inclusão Social e Eco-
Dispõe sobre a Comissão de Coordenação das Ati-
nômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e
vidades de Meteorologia, Climatologia e Hidrolo-
Recicláveis o Comitê Interministerial da Inclusão
gia (CMCH), e dá outras providências.
Social de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de
Publicado no DOU de 22/3/2007.
11 de setembro de 2003, dispõe sobre sua organi-
DECRETO Nº 6.511, DE 17 DE JULHO DE 2008 zação e funcionamento, e dá outras providências.
Promulga as emendas aos Anexos da Convenção Publicado no DOU de 23/12/2010.
sobre Prevenção da Poluição Marinha Causada
DECRETO Nº 9.315, DE 20 DE MARÇO DE 2018
pelo Alijamento no Mar de Resíduos e Outras
Regulamenta a Lei nº 11.762, de 1º de agosto de
Matérias.
2008, que fixa o limite máximo de chumbo permi-
Publicado no DOU de 18/7/2008.
tido na fabricação de tintas imobiliárias e de uso
DECRETO DE 21 DE JULHO DE 2008 infantil e escolar, vernizes e materiais similares
Cria a Comissão Nacional de Combate à Desertifi- Publicado no DOU de 21/03/2018.
cação (CNCD) e dá outras providências.
Publicado no DOU de 22/7/2008.
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edições câmara
L E G I S L AT I V O