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O teatro na escola não tem como unico objetivo a formação de atores, mas oferecer
experiências teatrais que podem proporcionar ao aluno a possibilidade de experimentar
situações de cunho ético, do campo do sensível humano, do olhar, do sentir, do
pensar; que pela prática de construção e representação possam confrontar seu mundo
com o mundo que o cerca.
O ensino de teatro tem muitas faces, uma delas a terapêutica, porém, normalmente o
professor treinado para isso não ressalta este aspecto, mas suas aulas, indiretamente,
podem transformar o individuo de maneiras diversas.
O trabalho teatral tem várias faces, que vai desde o ensino até as apresentações de
peças já prontas. Mas no caso que nos convoca o processo criativo é a face mais
importante de inclusão. E lá onde os profissionais (de teatro, da educação e da
psicologia) escolhem a metodologia mais adequada para cada caso a ser observado e
tratado e a metodologia para conseguir criar um grupo que contemple alunos que se
aproximam pelo objetivo de apresentar alguma peça teatral como também daqueles
que são orientados a integrar o grupo por uma necessidade de inclusão
Esse é o ponto esencial que a gente quer colocar. O teatro nas escolas normalmente
se utiliza como uma atividade a mais daquelas periféricas do ensino. Se trabalha com
o objetivo de criar espetáculos para festas escolares ou com o intuito de levar alguma
mensagem abordada pela escola por ex: ajuda na consciencia ambiental, ajuda em
relação a violencia doméstica, campanhas contra a dengue e tantas outras peças
teatrais educativas que as escolas apresentam.
A nossa proposta é o teatro sendo trabalhado na escola não só como ferramenta para
aprofundar mensagens educativas, mas como um trabalho com a continuidade
necessária para poder se manifestar como um espaço de inclusão tanto dos alunos
com alguma deficiencia diagnosticada como também daqueles alunos que atravessam
situações limites que os colocam em situação de risco.
Não podemos fechar os olhos à realidades atuais que nos preocupam. A quantidade
de adolescentes e pre adolescentes que manifestam alguma fixação em relação ao
suicidio, as brigas de facções que acabam se manifestando em escolas disimuladas
em brigas naturais e normais entre jovens, as práticas de bullying cada vez mais
agressivas, o preconceito se manifestando de uma forma violenta e perigosa em sala
de aula. A agressividad social explodindo contra os pares e os professores
O trabalho na sala de aula não prevé o tempo necessário para que o aluno consiga
desenvolver uma intimidade tal para se transformar num espaço que otorgue voz a
estas problemáticas. Mas a prática de teatro com continuidade abre um ámbito
propicio para estas situações. O uso da ludicidade do jogo e da expressão
dramática e os exercícios corporais conseguem desenvolver o aluno como um todo
transformando a prática do teatro junto com profissionais da psicologia numa rede de
apoio apropriada para responder às necessidades daqueles alunos que de fato se
encontram "excluidos”.
Quando se sonha com um mundo melhor para os nossos jovens, todos eles, o que
permeia o trabalho não são sentimentos de depressão, de comiseração ou de
estranheza, mas antes a vontade e a certeza de que é possível construir algo maior e
mais digno para eles e para nós trabalhadores da educação.
Caberá aos dinamizadores construir e assegurar com cada grupo esse ambiente de
segurança, pela aceitação incondicional, pela definição de regras, pela atenção
constante e pelo trabalho em termos de dinâmicas de grupo que promovam o respeito,
a empatia, a troca de afectos positivos, o sentido de grupo e de pertença, etc. Só com
um contexto percebido como seguro por todos os elementos se poderá conseguir
trabalhar as dimensões intra e inter-pessoais acima descritas.
Mas para isso se faz necessário um trabalho que tenha uma continuidade e não
abandone os alunos mais problemáticos em prol de um outro objetivo. Muitas vezes o
objetivo do professor de teatro é que o grupo brilhe nas apresentações de final do ano,
situação que sempre deixa fora aqueles que não conseguem acompanhar o processo
com a celeridade necessária dos tempos da contratação. Assim, o objetivo é o
resultado cênico e não a inclussão ou o trabalho de conscientização que estamos
colocando neste projeto.
Isso não significa a exclusão do resultado final da apresentação pública. Só que ela
não se considera como o objetivo principal e sim como um dos objetivos secundários.
Objetivo que só será possível se aquele outro, o objetivo da inclussão e da criação do
grupo é cumplido anteriormente.
O aluno transforma-se a partir das ações que foram aprendidas em cena e leva esse
aprendizado e essas transformações para sua vida cotidiana (BOAL, 2013).