Você está na página 1de 23

Aula online da Rita Etica e legislação

MODULO: 01 ÉTICA E O DIREITO - ASPECTOS


GERAIS
1 ASPECTOS DA ÉTICA Neste módulo iremos abordar: conceito e classificação
de ética, moral e ética, ética empresarial e nos negócios.

Nunca foi tão importante e necessário falar sobre ética como na atualidade em
que vivemos. A crise da humanidade é refletida através da violência, da
discriminação, da pobreza, da indiferença, entre tantos outros problemas sociais
que as pessoas vivem e com que convivem.

2 ASPECTOS FILOSÓFICOS SOBRE A ÉTICA A palavra “ética” vem do grego


ethos que significa costume, ou seja, ética é a ciência dos costumes, que tem
como objeto a moral.

Moral vem do latim mores que tem o mesmo sentido de costumes, apesar de ser
considerada uma ciência. Podemos concluir que, apesar da identidade semelhante
entre ética e moral, a ética é uma ciência e a moral é o objeto dessa ciência, ou
seja, o conjunto de normas adquiridas pelo hábito de sua prática. Para o filósofo
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), o homem é um ser feito para a convivência
social. Por meio das constituições e dos códigos em vigor, ele procura discernir
uma forma justa e racional, a fim de encontrar o justo meio (equilíbrio ou
eqüidade). O maior objetivo da ética é a felicidade (sumo bem). O bem é o fim
buscado para a convivência social e ocorre por meio da virtude[1]. Pode-se dizer
que a felicidade é a própria virtude ou uma certa virtude.

Ética, nos dias de hoje, reporta-nos à ciência que de fato tem por objeto a
investigação da conduta dos homens; e a abstração feita dos juízos relacionados à
conduta humana, nem sempre poderá ser objeto de estudo, uma vez que o
comportamento dos homens segue em conformidade aos seus próprios juízos
sobre o valor dos atos.

Dessa forma, quando se fala sobre ética, aborda-se termos como o bem, o mal, o
certo, o errado, o permitido, o proibido, a virtude, o vício, dentre outros. A
grande questão é a seguinte: os valores morais de um grupo, de uma organização,
enfim, de uma sociedade, devem ser definidos claramente para os indivíduos
através de normas de conduta que mostram o que é ser ético para si e para os
outros. Nesses aspectos, temos como campo de atuação da ética os problemas
que estão relacionados ao comportamento humano, com o objetivo de minimizar
o nível de conflito de interesses dentro de um grupo ou sociedade. A partir daí,
ou seja, a partir da existência do comportamento humano, surge o que chamamos
de dilemas morais. De acordo com Valle (2003, p.19): “os dilemas morais estão
relacionados ao cotidiano de cada sociedade, o que nos permite afirmar que um
mesmo comportamento pode ser visto por uma sociedade como desprovido de
moral, enquanto aos olhos de outra sociedade pode ser considerado moralmente
aceito”.

Um exemplo básico sobre o tema acima é o que ocorre nos países árabes, onde
pode casar com várias mulheres (Poliginia), sem que ocorra o fenômeno da
amoralidade, pois nessas regiões esse tipo de procedimento é aceito não só pela
comunidade, mas pela própria lei.

Já em alguns países, como no Brasil, o tema é tratado como crime (bigamia[2])


pela nossa legislação (artigo 235 do Código Penal): “Contrair alguém, sendo
casado, novo casamento - Pena de reclusão, de dois a seis anos.”

O assunto em pauta é tão importante que não poderíamos deixar de mencionar


alguns princípios éticos que devem ser adotados pelos indivíduos. São eles:

• Responsabilidade: o indivíduo deve procurar adotar um critério livre e


imparcial em sua vida pessoal e profissional, evitando participar de conflitos de
interesses, de discriminação, de situações injustas e desleais.

• Lealdade: o ser humano necessita exercitar a lealdade em todas as situações


pessoais e profissionais, tanto em conflitos, como em discussões que possam
interferir no seu comportamento.

• Respeito às pessoas: a cordialidade, a educação e o bom relacionamento com os


outros são pontos primordiais para que o indivíduo seja ético. O homem
contemporâneo enfrenta muitos problemas ao discutir a respeito da moral, do
individualismo e do relativismo moral. Esse mesmo homem, ao se comportar
moralmente, preocupa-se em saber distinguir o bem do mal. O homem como
sujeito moral se pergunta como deve agir diante de determinada situação e
certamente se aproxima da seguinte questão teórica e abstrata:

Em que consiste o bem e o mal? Que devo fazer? Como devo ser? Como devo
agir?

Alguns autores definem claramente a moral absoluta e a moral relativa. Afirma


Nalini (2004, p. 30): “para a moral absoluta, a pessoa que é dotada de um
mínimo de consciência é dotado de uma bússola natural que a predispõe ao
discernimento do que é certo e errado em termos éticos”. Podemos entender,
nesse caso, que a pessoa sabe que precisa se definir, bastando atentar para a sua
consciência e o seu conceito de valor.
Já na moral relativa, o aspecto empírico[3] sinaliza a existência de inúmeras
morais, o que revela o lado subjetivo da questão. De acordo com Nalini (2004,
p.31): “os relativistas entendem não haver sentido falar em valores à margem da
subjetividade humana, ou seja, o bom e o mau são palavras cujo conteúdo é
condicionado por referenciais de tempo e espaço”. Segundo Saldanha (2002,
p.23): “sustentam os empiristas que as teorias de conduta se baseiam no exame
da vida moral onde os preceitos disciplinadores do comportamento estão
implícitos no próprio comportamento”. Podemos entender que não se deve
questionar o que a pessoa deve fazer, e sim o que sempre faz, pois deve-se
enfatizar que o comportamento natural não deve ser substituído.

Devemos entender que o valor moral não se baseia na idéia do dever e esse valor
não é convencionado, pois cada indivíduo descobre, identifica seu valor.
Enfim, a ética formal aborda a moralidade de uma ação a partir do foro íntimo do
indivíduo, ou seja, do momento ético de escolher a melhor decisão, isto é, de
praticar ou não determinada ação.

Ética e Sociologia A Sociologia estuda as relações entre as pessoas que convivem


em um grupo social, em uma comunidade, e a Ética estuda o ser humano em
contato com o seu semelhante. Segundo Saldanha (2002, p.75): ”a ética estuda o
ser humano como entidade gregária, no seu contato com os semelhantes, onde
esse contato ou contágio acarreta que a criatura se comporte sob o efeito de
influências sociais”. Assim como a ciência da psique (Psicologia) auxilia a ética,
a ciência da sociedade (Sociologia) auxilia, mas ao mesmo tempo é incompleta
para a compreensão do fenômeno ética nos indivíduos de uma sociedade, pois se
o indivíduo fosse apenas um ser coletivo não poderia responder por suas atitudes,
suas escolhas, e quem responderia seria um grupo em que ele estivesse inserido.

Ética e Direito Segundo Nalini (2004, p.78): “dentre todas as formas de


comportamento humano, a jurídica é a que guarda maior intimidade com a moral,
e é com base na profunda vinculação moral/direito que se pode estabelecer o
relacionamento Ética/ Direito”. Existem alguns fatores que aproximam o Direito
da moral. São eles:

• As normas jurídicas e as normas morais não são meras recomendações. Elas são
estabelecidas de maneira imperativa.

• A Moral e o Direito são ligados ao comportamento do indivíduo, modificando-


se o sentido de sua função social no decorrer da história.

• O Direito e a Moral obrigam conduta aos indivíduos, disciplinando a relação


entre as pessoas, através de normas e regras. Não podemos esquecer também de
elencar alguns aspectos divergentes entre a Moral e o Direito. São eles:

A moral é interior e o direito é exterior, ou seja, a moral trabalha com a


intimidade e a consciência individual, enquanto a norma jurídica (Direito) não
depende da consciência, podendo o ato jurídico ser praticado inconscientemente.
De acordo com Maynez (2003, p.166): “a legalidade de um proceder consiste na
mera adequação externa do ato à regra; sua moralidade, na concordância
interna”.

• Em relação ao direito, a coação é externa; e em relação à moral, a coação é


interna. No caso de o indivíduo ou o grupo descumprirem um preceito moral
ocorre uma reação da consciência, conceituada como remorso ou reprovação
social. No caso do descumprimento da norma jurídica, as conseqüências serão a
reparação no nível civil, a prisão no nível penal, ou seja, há uma sanção
(punição) concreta.

• A Moral é mais complexa do que o Direito, pois todo descumprimento à norma


jurídica é também um descumprimento à moralidade. A Moral abrange um
domínio amplo das relações humanas, como por exemplo, as relações familiares,
de vizinhança, de solidariedade, de amizade, de negócios, entre outras.
Extremamente importante saber diferenciar Ética, Moral e Direito. Essas três
áreas de conhecimento se distinguem, porém mantêm grandes vínculos e até
mesmo sobreposições.

A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de
garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante
uma identidade entre pessoas que nem sequer se conhecem, mas utilizam esse
mesmo referencial moral comum.

O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas


fronteiras a um Estado[4]. As leis limitam-se a uma base territorial, elas valem
apenas para aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus
delegados vivem. O Direito Civil, que é o referencial utilizado no Brasil, baseia-
se na lei escrita e também dos costumes[5].

Diante todo o estudo até aqui aplicado, estaremos adentrando nas matérias em
que exista a relação da Ética X Direito com as normas aplicadas no Direito
Nacional:

Preliminarmente devemos conhecer o que diz a Constituição da República


Federativa do Brasil: É a Lei Maior – Suprema em nosso país. Segundo definição
de Pedro Calmon “O corpo de leis que rege o Estado, limitando o poder de
governo e determinando a sua realização”.

Ética e Direito Constitucional De acordo com Vasquez (2002, p.101): “existe um


pacto entre a ética e o Direito Constitucional, pois obriga uma
normatividadecomplexa, não sendo um mero conjunto de regras jurídicas e sem o
núcleo ético, histórico, econômico, político e social, condensado pela
constituinte, num preciso momento para a nacionalidade”.
Podemos concluir que a Constituição Federal atual aborda os vários temas de
cunho moral e ético, em que a conduta ética do cidadão deve produzir efeitos
para a sociedade em geral, como preceitua o artigo 5º e seus 78 incisos. Cabe
ressaltar que as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais possuem aplicação imediata, conforme o parágrafo 1º do próprio
artigo. O tema é de suma importância para que o cidadão não seja compelido de
suas garantias fundamentais determinadas pela Carta Constitucional.[6]

Ética e Direito Penal De acordo com Leisinger (2004, p.90): “quase todo crime é
também falta moral, pois ao iniciar a vulneração dos valores protegidos pela
comunidade até atingir aqueles mais vitais à subsistência do pacto de convívio, o
infrator percorrerá, necessariamente, a área reservada à moral”. Temos como
exemplo os crimes de homicídio, em que tirar a vida de alguém não é só um
crime, mas também é falta de moral, é contra todas as religiões etc, mas devemos
observar com cautela cada caso, pois em muitas situações o agente do ato poderá
estar agindo em Estado de Necessidade, Legítima Defesa, no Estrito
Cumprimento de Dever legal ou no Exercício Regular de um Direito[7], não
havendo em que se falar em crime.

Também podemos observar em que as infrações atingem diretamente a moral,


como a sedução, o estupro, a corrupção de menores, o atentado ao pudor, enfim,
todos os atos que ofendem e ferem qualquer noção de moral. Segundo Nalini
(2004, p.89): “o Direito Penal é muito mais do que a leitura e a aplicação do
Código Penal, ou seja, o que está em jogo, quando se pune alguém por uma
conduta considerada delitiva, é a noção de moral nutrida pela sociedade
considerada sobre o que está a merecer castigo e repressão”.

A grande pergunta que se faz é: Será que tudo que é legal é moral e ético? A
resposta deverá ser bem analisada para que não se cometa injustiças. Um fato que
não é especificado em lei, moralmente e eticamente poderá ser reprovado pela
sociedade, mesmo que o cidadão argumente que em momento algum estava
proibido em fazer. O nepotismo[8] no serviço público é uma clara indicação
sobre este tema.

Ética e Direito Civil Numa sociedade organizada, a lei civil é que regula as relações entre
as pessoas privadas, seu estado, sua capacidade, sua família e, principalmente, sua
propriedade, consagrando-se como o reino da liberdade individualal. Muitos dos
conceitos trabalhados no Direito Civil são intimamente De acordo com Vasquez
(2002, p.103): “a moral permeia todo o Direito Civil, principalmente no Direito
de Família e no Direito das Obrigações, pois ao obrigar-se, o ser humano
vincula-se também moralmente”.

Logicamente que outras relações entre Ética e Moral existem noutros ramos do
Direito, os quais estaremos analisando na medida do desenvolvimento de nosso
curso.
[1]Na verdade, ética não se ensina porque ela é a moral que é o conjunto
dos valores pessoais, os quais representam o verdadeiro eu. O que
podemos é inspirar para transformar e polir os valores. Assim, ética será
a conseqüência.

[2] Estado matrimonial em que um homem convive com duas mulheres ou uma mulher com dois
homens.

Que se baseia somente na experiência ou observação, ou por elas se guia,


[3]
sem levar em consideração teorias ou métodos científicos

[4]Não há propriamente uma só definição, mas inúmeras. O mais importante


para o nosso estudo e saber o significado em que nos leve a um fácil
entendimento que é: O Estado é uma sociedade política e juridicamente
organizada para atender o bem comum, ou seja, sua organização é
determinada por normas de direito (leis) e hierarquizada na forma de governo
e governados e tem uma finalidade própria que é o bem (Interesse Público)

È o princípio ou regra não escrita de direito que se introduziu pelo uso


[5]
contínuo. A lei que o uso estabeleceu. Exemplo: Fila de banco.

[6]Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.

[7]Artigo 23 do Código Penal que são causas que excluem a própria ilicitude
ou a antijuridicidade. Por isso a legislação penal diz que não há crime nesses
casos.

[8]Favoritismo de certos governantes aos seus parentes e familiares,


facilitando-lhes a ascensão social, independentemente de suas aptidões.

MODULO: 02 DIREITO CONSTITUCIONAL


DIREITO CONSTITUCIONAL
1.Conceito de Constituição
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público.
Porém, distingue-se dos demais ramos do Direito Público, por
ser um Direito Público fundamental, segundo José Afonso da
Silva, por "referir-se diretamente à organização e
funcionamento do Estado, à articulação dos elementos
primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da
estrutura política." Numa conceituação mais aclarada:
"Podemos defini-lo como o ramo do Direito Público que expõe,
interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais
do Estado." Portanto, o objeto de estudo do Direito
Constitucional "é constituído pelas normas fundamentais da
organização do Estado, forma de governo, modo de
aquisição e exercício do poder, estabelecimento dos seus
órgãos, limites de sua atuação, direitos fundamentais do
homem e respectivas garantias e regras básicas da ordem
econômica e social".
Obviamente, como o próprio nome diz, a principal
norma do Direito Constitucional é a Constituição. A
Constituição é a norma fundamental que funda e organiza o
Estado. Ou seja:
"A constituição do Estado, considerada sua Lei
fundamental, seria, então, a organização dos seus
elementos essenciais: um sistema de normas
jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma
do Estado, a forma de seu governo, o modo de
aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de
seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos
fundamentais do homem e as respectivas garantias.
Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que
organiza os elementos constitutivos do
Estado." (SILVA, 2001, p. 38)
A Constituição Federal de 1988 é a norma
fundamental do Direito Positivo Brasileiro. Por normalizar a
democracia e restabelecer o Estado Social e Democrático de
Direito, a CF/88 é diferente das constituições antecedentes. A
CF/88 é organizada em nove títulos:
"(1) dos princípios fundamentais; (2) dos
direitos e garantias fundamentais, segundo uma
perspectiva moderna e abrangente dos direitos
individuais e coletivos, dos direitos sociais dos
trabalhadores, da nacionalidade, dos direitos políticos
e dos partidos políticos; (3) da organização do Estado,
em que estrutura a federação com seus componentes;
(4) da organização dos poderes: Poder Legislativo,
Poder Executivo e Poder Judiciário, com a manutenção
do sistema presidencialista, seguindo-se um capítulo
sobre as funções essenciais à Justiça, com Ministério
Público, Advocacia Pública (da União e dos Estados),
advocacia privada e defensoria pública; (5) da defesa
do Estado e das instituições democráticas, com
mecanismos dos Estado de Defesa, Estado de Sítio e
da segurança pública; (6) da tributação e do
orçamento; (7) da ordem econômica e financeira; (8) da
ordem social; (9) das disposições gerais. Finalmente, o
Ato das Disposições Transitórias." (SILVA, 2001, p.
89-90)
2.Importância da Constituição Federal de 1988 para
o Profissional
No intuito de seguir as ordens da coordenação e a
ementa deste curso, enfocaremos os aspectos da CF/88
relacionados aos direitos e garantias fundamentais (Título II –
Dos Direitos e das Garantias Fundamentais, CF/88). Alguns
podem se perguntar: "O que a Constituição tem a ver com o
meu cotidiano profissional?" Tem tudo a ver. A CF/88 é a
norma fundamental e suprema do Estado Brasileiro.
Portanto, todas as leis e atos infra-legais lhe devem
subordinação. Muito se diz sobre constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de determinadas medidas. Pois bem, algo
é constitucional se estiver segundo a Constituição. É
inconstitucional, se apresentar dispositivo contrário à
Constituição. Assim, o é com as Leis, com os atos infra-legais
(decretos, portarias e demais atos administrativos, entre outros)
e com as normas de conduta impostas pelas empresas aos seus
funcionários.
O empregador tem poderes para disciplinar e gerir a
empresa e as relações desta com os empregados. Porém, esses
poderes são limitados. E não podem, de maneira alguma,
contrariar dispositivos contidos na Constituição e na legislação,
seja ela administrativa, trabalhista, financeira, tributária,
penal, internacional, civil, comercial, ambiental, entre
outras. Quer dizer, mesmo sendo uma pessoa de direito
privado, a empresa não pode fazer o que quiser no seu
âmbito interno, devendo, inclusive, respeitar e
implementar os Direitos Fundamentais, naquilo que lhe
couber, segundo a Constituição e as Leis. A liberdade, in
casu, é para agir segundo o que ordenam e o que permitem as
Leis e a Constituição, esta a norma fundamental que confere
validade e norteia toda uma ordem jurídica nacional.

2.1. Noções Básicas de Direito:

O ordenamento jurídico possui uma responsabilidade compartilhada


entre o Estado e os cidadãos na proteção e preservação do desenvolvimento da
humanidade. Pensar sobre o desenvolvimento humano importa em refletir
sobre a vida em sociedade - o ambiente em seus infinitos ecossistemas e
correlações, em cuja totalidade insere-se a vida humana. É sobre a base da
vida em sociedade que o homem desenvolve sua atividade cultural, segundo
certos valores, na busca de múltiplos objetivos, cuja multiplicidade de fatos
constitui a História.

O sucesso das ações que devem conduzir ao desenvolvimento social


dependerá em grande parte da influencia da opinião pública, do
comportamento das pessoas, e de suas decisões individuais. Mesmo
considerando que existe certo interesse pelas questões sociais, econômicas e
políticas há que reconhecer a falta de informação e conhecimento dos direitos
básicos ou considerados fundamentais. Logo, a educação que tenha por
objetivo informar e sensibilizar as pessoas sobre os deveres e direitos
existentes em sua sociedade, buscando transformar essas pessoas em
indivíduos que participem das decisões sobre seus futuros, exercendo desse
modo o direito a cidadania torna-se instrumento indispensável no processo de
desenvolvimento social.
Assim é necessário que se faça uma avaliação sob o ponto de vista
constitucional, diante da infinidade de novas situações jurídicas que se
apresentam, mesmo porque o direito não é estanque, mas sim a têm nos
costumes como um dos princípios do direito, e segundo os costumes e a
convivência entre os componentes certamente surgiram novas situações que
precisam ser regradas em alguns casos e protegida em outros.

Declara a Constituição que a ordem econômica é fundada na


valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por fim assegurar a
todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social. São
princípios da ordem econômica: soberania nacional, propriedade privada,
função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor,
defesa do meio ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca
do pleno emprego e tratamento favorecido às empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte.

Após esse panorama geral, a linha principal seguirá para uma análise
individual, da Constituição Federal, com maior ênfase nos Princípios
Constitucionais de Direito, pois baseados em conceitos antropológicos o
homem é fruto de meio, e mesmo que essa questão seja passível de
discordância, ninguém poderá afirmar que o homem sobreviveria sem apoiar-
se no meio em que vive rodeado pelos conceitos culturais e legais.

E se o desenvolvimento da humanidade não for sustentado por normas


o caos estará formado, seja no tocante a saúde, à igualdade das pessoas, à
liberdade, à segurança e também à propriedade privada.

A experiência jurídica é experiência histórico-cultural, em cuja


realização o homem altera aquilo que lhe é “dado”, alterando-se a si próprio.
Existe a “Responsabilidade Conjunta do Estado e do Cidadão na busca
de uma sociedade “ideal”, onde todos trabalham contra a usurpação dos
princípios e dos direitos sociais em termos gerais, respeitam os direitos e
zelam pela preservação da lei, enfocando a importância para o mundo jurídico
na proteção da interrelação homem e sociedade.

O tempo que levaremos para atingir essa nova era dependerá da


determinação de cada um de nós de conhecer, meditar a respeito, seguir e
disseminar os princípios fundamentais da nossa sociedade, assim como de
exigir a sua observância por parte de todos.

O estudo das normas de direito, pressupõe o conhecimento de certos


conceitos básicos que servem de pilares para todo o ordenamento de direitos e
deveres dentro de um Estado:

I. Estado - é uma sociedade política dotada de algumas


características próprias, ou de elementos essenciais que a distinguem
das demais: povo, território e soberania. POVO: é o elemento humano
do Estado, o conjunto de pessoas que mantêm um vínculo jurídico-
político com o Estado, pelo qual se tornam parte integrante
deste. SOBERANIA: poder de império do Estado, caracterizando-o
como o poder jurídico de que são investidas as
autoridades. TERRITÓRIO: é o elemento material do Estado, o
espaço dentro do qual este exerce a sua supremacia sobre pessoas e
bens. O conceito de território é jurídico e não meramente geográfico.
Abrange, além do espaço delimitado entre fronteiras do Estado, o mar
territorial, o respectivo espaço aéreo, navios e aeronaves em alto-mar e,
navios e aeronaves militares onde quer que estejam.

O Brasil caracteriza-se pela Federação como forma de


organização do Estado, formada pela união indissolúvel de seus estados e
municípios, cuja forma de governo instituída é uma República (coisa do
povo), cujo poder emana do povo.

II. Lei – norma escrita, vigente em um país, elaborada


pelo Poder Legislativo; podemos definir a lei como uma norma
aprovada pelo povo de um país.

Em outras palavras, Lei é a regra escrita feita pelo legislador com a finalidade
de tornar expresso o comportamento considerado desejável ou indesejável
(âmbito penal) para a coletividade. O ordenamento jurídico brasileiro
assenta-se basicamente nas leis, ou seja, dispõe no Artigo 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) que: “Ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”.

III. Costume – é o conjunto de normas de


comportamento ao qual as pessoas obedecem de maneira uniforme e
constante pela convicção de sua obrigatoriedade. É criado
espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática
geral, constante e reiterada. Exemplo: Fila, não há uma lei
determinando à obediência a fila em locais de atendimento, mas as
pessoas por costume a respeitam, por ordem de chegada.

2.2. Princípios Constitucionais Fundamentais de Direito:


A Constituição é a lei maior do país, o vértice do sistema jurídico.
Contém as normas fundamentais do Estado, estando todos sujeitos ao seu
império, inclusive os membros do governo. As regras do texto constitucional,
sem exceção, são revestidas de supralegalidade, ou seja, possuem eficácia
superior às demais normas.

A estrutura do ordenamento jurídico é escalonada, sendo que todas as


normas abaixo da Constituição devem ser com ela compatíveis.

MODULO: 03 DIREITO COMERCIAL

ÉTICA NAS EMPRESAS E LEGISLAÇÃO

Conceito de Comércio

Antes de começarmos a estudar o conceito de empresa e a legislação pertinente,


devemos saber o que antecede a estes institutos. Nesse raciocínio encontramos a
palavra “comércio” que é a interposição habitual na troca, com o intuito de se
obter lucro. Para Maximiliano Cláudio Américo Fuhrer (2002, p.12): “No sentido
econômico, comércio é o emprego da atividade humana destinada a colocar em
circulação a riqueza produzida, facilitando as trocas e aproximando o produtor do
consumidor”

Então, podemos então observar que o comércio se caracteriza na acepção jurídica


como: mediação, fim lucrativo e habitude, sendo esta última, a prática habitual
ou profissional.

Mas alguns pontos importantes serão necessários para que exista o comerciante,
como:

1. Capacidade Civil;[1]
2. Intermediação;[2]
3. Especulação ou intuito de lucro;[3]
4. Profissionalidade;[4] e
5. Atuação no próprio nome.[5]
Não podemos deixar de citar outro ponto de suma importância quanto ao tema
“comerciante” que estão impedidos de praticar atos de comércio:

1. Os leiloeiros, inclusive rurais (Decreto nº 21,981/32, art. 36);

2. Os funcionários públicos (Estatuto dos Funcionários Públicos);

3. Comandante de embarcação brasileira contratado sob condição de parceria


com o armador sobre o lucro proveniente do transporte de carga, salvo havendo
convenção em contrário (Código Comercial, art. 524);

4. Os militares da ativa (Lei nº 6880/80, art. 29);

5. Os magistrados (Lei Complementar nº 35/79 – LOMN, art. 36,I);

6. Os empresários que desrespeitarem as normas contidas na Lei Orgânica da


Seguridade Social ( Lei 8.212/91, art. 95, § 2º, d).

Conceito de Empresa

A empresa tem sido entendida, doutrinariamente, como uma “atividade


econômica organizada, exercida profissionalmente pelo empresário, através do
estabelecimento”. Extrai-se daí os três conceitos básicos da empresarialidade: o
empresário, o estabelecimento e a atividade.

A nova lei civil (Código Civil) revogou toda a primeira parte do Código
Comercial. Com isso, esta última legislação (Código Comercial), não mais regula
as atividades comerciais terrestres, restando apenas sua segunda parte, referente a
atividades marítimas.

Para um melhor entendimento da empresa sob o enfoque da ética, traz-se à


colação o pensamento de Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bulhões Pedreira,
sobre a empresa - a grande empresa - enfocando-a como a “célula de base de toda
a economia industrial. Em economia de mercado, é, com efeito, no nível da
empresa que se efetua a maior parte das escolhas que comandam o
desenvolvimento econômico: definição de produtos, orientação de investimentos
e repartição primária de vendas. Esse papel - motor da empresa é, por certo, um
dos traços dominantes de nosso modelo econômico: por seu poder de iniciativa, a
empresa está na origem da criação constante da riqueza nacional; ela é, também,
o lugar da inovação e da renovação”. Prosseguindo, dizem mais que: “A macro-
empresa envolve tal número de interesses e de pessoas - empregados, acionistas,
fornecedores, credores, distribuidores, consumidores, intermediários, usuários –
que tendem a transformar-se realmente em centro de poder tão grande que
a sociedade pode e deve cobrar-lhe um preço em termos de responsabilidade
social. Seja a empresa, seja o acionista controlador, brasileiro ou estrangeiro, tem
deveres para a comunidade na qual vivem”.

Concluindo, afirmam que “essa revolução que se está operando nos países da
vida ocidental - como resposta, até certo ponto surpreendente e admirável, às
exigências de conciliar a eficiência insubstituível da macro-empresa com a
liberdade de iniciativa e a distribuição da riqueza - não foi feita, nem poderá sê-
lo, sem a compreensão e a efetiva colaboração dos empresários - que a lideraram
- das instituições comerciais, que a secundaram, dos investidores que a
compreenderam e apoiaram e do Estado que a estimulou, disciplinou e removeu
os obstáculos jurídicos para que ela se realizasse na plenitude”.

Ética empresarial

A ética da empresa é revelada pelas ações dos seus colaboradores. Podemos


estabelecer que a ética individual nem sempre está de acordo com a ética
empresarial, posto que esta nem sempre coincide com a ética socialmente
esperada.
A organização poderá sofrer os reflexos dos seus dirigentes, pois suas crenças e
valores podem estabelecer a diretriz da empresa. Caberá então ao cidadão
observar todas as atitudes empresariais, formando sua auto-crítica quanto os
procedimentos da empresa perante a sociedade e até que ponto chega sua
responsabilidade social.

Ética nos negócios e nas relações comerciais

O renascer das preocupações sobre a ética nos negócios. O grande desafio ético
encontra-se na descoberta de como libertar o mundo da pobreza e opressão
hedionda em que vive. Com certeza, a ética da solidariedade será o componente
principal de qualquer solução.

PRINCÍPIOS PARA A ÉTICA NOS NEGÓCIOS

Inspire confiança: Os clientes querem fazer negócios com empresas nas quais
podem confiar. As relações deverão ser pautadas pela:

1. Honestidade e respeito nas negociações;


2. Verdade e Clareza sobre o produto ofertado;
3. Confidencialidade sobre as informações pessoais do cliente;
4. Sempre ser cordial, mesmo que do outro lado você encontre posicionamento
diferente de sua opinião. Quando a demanda do cliente não for atendida, explicar
de maneira transparente as razões de maneira clara e educada;
5. Nunca deixar o cliente sem uma solução do seu problema. Nos casos em que as
explicações não atendam a necessidade, procurar uma medida compensatória, de
forma de atender os altos padrões de qualidade praticados pela empresa.
Relações com Fornecedores

Quando a confiança está na cultura de uma companhia, é uma garantia de seu


caráter, habilidades, forças e honestidade. Isso também se aplica nas políticas de
relacionamento com fornecedores, repeitando aos princípios da livre
concorrência. A oportunidade deverá ser igual para todos no processo de seleção
e de contratação.

Uma prática muito comum em algumas empresas são os chamados “vínculos ou


relações comerciais e pessoais”, entre os empregados e as empresas contratadas.
Nestes casos, o administrador deverá ser transparente, comunicando ao setor
estratégico a relação existente.

Também um fator importante é a busca de qualidade, preço adequado,


confiabilidade técnica dos produtos a serem adquiridos, sob pena da empresa
perder espaço no mercado para o concorrente que está atento a esta premissa.

Mantenha um bom relacionamento com seu público interno e externo

Para a melhoria contínua de uma empresa, seu líder deve estar aberto a novas
idéias. Ele deve sempre pedir a opinião e as idéias de seus clientes e de sua
equipe para que a organização continue crescendo.

Tenha documentos claros: Avalie novamente todo o material da empresa,


incluindo publicidade, folhetos e outros documentos externos de negócios, de
forma que sejam claros, precisos e profissionais.

Compromisso com a comunidade

Eleve o compromisso de sua empresa com a comunidade onde está presente no que
concerne na:

1. Promoção do desenvolvimento das condições de melhoria de vida;


2. Contribuição na oferta de ensino qualificado as crianças de baixa renda e
principalmente na preparação de jovens para o mercado de trabalho; e
3. Proporcionar o acesso a iniciativas e eventos culturais.

Compromisso com o Meio Ambiente

Todos os empregados devem zelar pelo cumprimento da Política Ambiental adotada


pela empresa, visando a busca de soluções como o uso de materiais recicláveis e exigir
o compromisso dos fornecedores para que seus produtos e serviços atendam as normas
exigidas pela a Autoridade Pública, bem como a a informação do destino dos resíduos
não aproveitáveis.
Tenha um bom controle contábil: Tenha um controle prático da contabilidade e
dos registros da empresa, não somente como um meio de conhecer melhor o
progresso de sua companhia, mas também como recurso para prever e evitar
atividades “questionáveis”.

REGISTRO DAS EMPRESAS

Ao nascimento de uma pessoa natural, há necessidade de registrá-la, inscrevendo todos


os atos marcantes de sua vida, como o casamento, separação, divórcio, óbito e etc. Ao
comerciante também se instituiu o seu registro. Com isso, todo o interessado poderá
conhecer tudo que diga a respeito de qualquer comerciante.

A lei 8.934/1994 que foi regulamentada pelo Deceto 1.800/96, estabeleceu o Sistema
Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), que é composto pelo
Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC e pelas Juntas Comerciais,
sendo estas últimas órgãos locais de execução e administração dos serviços de registro.
Para cada unidade federativa do Brasil, há uma Junta Comercial, com sede na capital.

Importante salientar que as Juntas Comerciais incumbem efetuar o registro público de


empresas mercantis e atividades afins. Entende-se como atividades afins os agentes
auxiliares do comércio, como por exemplo leiloeiros, tradutores públicos,
trapicheiros[6], intérpretes comerciais e administradores de armazéns gerais.

Não devemos esquecer que a partir do registro do nome comercial na Junta, este estará
protegido na área de jurisdição, não havendo possibilidade de um nome idêntico ou
semelhante ser arquivado. Esta proteção poderá ser estendida para as demais Juntas
Comerciais a pedido do interessado.

Por fim, os contratos sociais das sociedades só poderão ser registrados na Junta
Comercial com o visto de um advogado (parágrafo 2º do artigo 1º da Lei 8.906/94).

8 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

Estudaremos a classificação das sociedades de acordo com o Novo Código Civil


- NCC, ou seja, sociedades não personificadas e sociedades personificadas.
Abordaremos o regime jurídico das sociedades e as suas respectivas
peculiaridades. As sociedades não personificadas são aquelas constituídas de
forma oral e documental, porém não registradas nos órgãos competentes. Temos
como tipos a sociedade comum, também conhecida como de fato e a sociedade
em conta de
participação.

Já as sociedades personificadas são aquelas legalmente constituídas e registradas


nos órgãos competentes, sendo caracterizadas como pessoa jurídica. Temos como
exemplo as sociedades empresárias, simples.
A sociedade empresária possui princípios norteadores e orientadores, que têm o
objetivo de interpretar a atividade negocial. São eles:

• Defesa da minoria societária;


• Conservação da empresa;
• Tutela da pequena e média empresa;
• Liberdade de contratar e autonomia da vontade;
• Legalidade;
• Controle jurisdicional;
• Responsabilidade societária.

De acordo com Ludícibus e Marion (2004, p.36): “o contrato de sociedades


empresárias não é um contrato ortodoxo, ou seja, trata-se de um pacto
diferenciado das demais modalidades contratuais, porque é dirigido à formação
de uma pessoa jurídica”.

Esse tipo de contrato é definido como contrato plurilateral de organização, ou


seja, o objetivo é comum a todos, acordando um paralelo de interações.
Seguem abaixo algumas características do contrato plurilateral:

• Aberto à adesão de outros interessados;


• Paralelismo de intenções (consenso);
• Objetivo comum a todos;
• Plurilateral, a partir de dois sócios;
• Objeto aglutinador: lucro, dentre outros.

As sociedades empresárias são pessoas jurídicas de direito privado, que possuem


o dever de se inscrever nos seus atos constitutivos, ou seja, a sociedade
empresária só adquire personalidade jurídica (o direito de ser no mundo jurídico)
com o arquivamento de seu ato constitutivo (contrato/estatuto) no Registro
Público de Empresas Mercantis e atividades afins.

Em geral o(s) sócio(s) não se responsabilizam pelas obrigações da pessoa jurídica


– sociedade, a não ser quando o patrimônio da sociedade mostrar-se insuficiente
para cobrir e saldar as obrigações de curto, médio e longo prazos da pessoa
jurídica.

Mesmo nessa situação, a lei diz que a responsabilidade dos sócios é suplementar,
subsidiária, isto é, os sócios responderão se a sociedade não tiver forças para
responder.

Não devemos esquecer que os sócios também possuem direitos, não só


obrigações.

Esses direitos explanados a seguir podem ou não estar explícitos no contrato.


Mesmo com sua omissão ou não identificação clara, são assegurados de acordo
com a legislação. São eles:

• Direito de fiscalizar a escrituração social: acompanhamento da gestão societária


e o exame da escrituração contábil, ou seja, o exame dos livros contábeis,
documentos, correspondências, fluxo de caixa, dentre outros;

• Direito de participar dos lucros sociais: como as sociedades empresárias têm


como objetivo primordial a obtenção do lucro, o(s) sócio(s) jamais poderão ser
excluídos da participação dos lucros e das perdas (artigo 1008 do Código Civil de
2002), que garante ser “nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio
de participar dos lucros e das perdas;

• Direito de recesso: liberdade para sair da sociedade (liberdade contratual e


autonomia da vontade), ou seja, deixar o quadro acionário;
• Direito à prestação de contas dos administradores: direito à prestação de contas
de origem justificada e à análise anual dos balanços (artigo 1020 do Código Civil
de 2002), que estabelece que “os administradores são obrigados a prestar, aos
sócios, contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário
anualmente, bem como o
balanço patrimonial e o de resultado econômico”.

• Direito de votar nas deliberações sociais nas sociedades contratuais: o voto é o


instrumento, ferramenta por excelência da manifestação do(s) sócio(s). (Artigo
1010do Código Civil), que estabelece que “quando, por lei ou pelo contrato
social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as
deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das
quotas de cada um”.

De acordo com o regime jurídico das empresas, as sociedades


se classificam segundo:
• Natureza do ato constitutivo: contrato entre: Sociedades contratuais e estatuto
social Sociedades institucionais ou estatutárias

• Quanto à responsabilidade dos sócios limitados Limitadas: limita a


responsabilidade dos sócios ao valor de suas ações (sociedades por ações) ou a
integralização do capital social (sociedades limitadas) Ilimitadas: todos os sócios
assumem responsabilidade solidária e ilimitada referente às obrigações. Ex:
Sociedades em nome coletivo.

Mistas: quando o contrato social combina a responsabilidade ilimitada e solidária


de alguns sócios com a limitada de outros. Ex: Sociedades em comandita simples
e sociedades em comandita por ações.

• Quanto à composição econômica De pessoas: constituídas decorrentes da


qualidade pessoal dos sócios que se subordinam às condições jurídicas. Ex:
Sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade de
capital e indústria.

De capital: formam prioritariamente tendo em vista o capital social, onde os


sócios são considerados simples investidores. Ex: Sociedade por ações.

Enfocaremos os tipos de sociedades de forma mais minuciosa, verificando suas


peculiaridades, características, lucros, obrigações, responsabilidades etc.

SOCIEDADES EMPRESARIAIS

A seguir, vamos estudar os vários tipos de sociedades empresárias de acordo com


o Código Civil de 2002.

Sociedade em nome coletivo

É uma sociedade empresária que está vinculada ao diploma civil.


Nesse tipo de sociedade, os sócios devem ser pessoas físicas com
responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.

Nas palavras de José Edwaldo Tavares Borba (2006: p.123) “...que a


caracteristica fundamental da sociedade empresarial em nome coletivo é a
responsabilidade ilimitada de todos os seus sócios pelas obrigações sociais. Na
hipótese de falência, todos os sócios responderão pelas obrigações sociais com a
totalidade de seus bens particulares, até onde forem necessários para atender aos
credores da sociedade”

No caso da gestão da referida sociedade, os sócios devem se responsabilizar


totalmente pelo uso da firma e os limites contratuais.

Sociedade em comandita simples

A sociedade do tipo empresária possui duas espécies de sócios:


comanditados, ou seja, os responsáveis solidários que agem ilimitadamente
pelas obrigações sociais, e os comanditários, aqueles obrigados somente pelo
valor de sua parte.

Seguem abaixo algumas normas referentes ao sócio comanditário, segundo o


Código Civil.
• Fiscaliza a gestão social;
• Não pode praticar ato de gestão;
• Não pode ter seu nome na firma social;
• Participa das deliberações sociais;
• Pode ser procurador da sociedade para determinado negócio;
• Não pode receber lucros no caso de baixa do capital social por perdas, enquanto
a reintegração não ocorrer;
• Não é obrigado à reposição de lucros.

Alguns autores consideram que esse tipo de sociedade é mais viável que a
sociedade em nome coletivo, pois, pelo menos, observa um tipo de sócio
(comanditário), que não responde ilimitadamente pela sociedade.

Sociedade limitada

De acordo com Ludícibus e Marion (2004, p.37): “a sociedade limitada tem


como nota predominante uma elástica margem de liberdade de estruturação,
principalmente em relação à burocracia, formatação das companhias e os riscos
da responsabilidade ilimitada típica das sociedades em nome coletivo”. Podemos
entender que alguns fatores sinalizam para as vantagens na escolha de uma
sociedade empresária do tipo limitada. São eles:

• Garante aos sócios a responsabilidade limitada, evitando os efeitos gerados de


forma indesejada em relação ao patrimônio das sociedades.

De acordo com o artigo 1.055 do Código Civil de 2002: “O capital social divide-
se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio”.

• Evita uma estruturação e, conseqüentemente, uma gestão complexa e


complicada.

A seguir temos algumas características da sociedade limitada:

• A responsabilidade dos sócios é limitada: restrita ao valor de suas cotas, embora


todos os sócios respondam solidariamente pelo capital social;
• O capital social é dividido em cotas ou quotas, iguais ou não, cabendo uma ou
mais a cada sócio;
• A sociedade limitada é gerida por uma ou mais pessoas identificadas no
contrato social;
• Pode ser designado, se o contrato social permitir, administradores que não são
sócios das sociedades;
• No ato constitutivo deve constar a designação da cota com que cada um dos
sócios entra para o capital social e o modo de realizá-la, ou seja, em dinheiro, em
bens ou ambos;
• A contribuição (valor) de cada sócio deve observar os prazos e a forma
identificada no contrato social.

De acordo com Pontes (2005, p.185): “limitada é a responsabilidade do cotista,


não da sociedade, pois se trata de uma sociedade empresária com totalidade de
sócios de responsabilidade limitada, porém, a responsabilidade da sociedade
perante terceiros é plena, posto que dotada de autonomia jurídica”.
Uma vez fechado o capital social, o patrimônio (bens+direitos+obrigações) dos
sócios não será afetado por obrigação/dívidas da sociedade, pois esta responderá
totalmente com seu próprio patrimônio, pelas obrigações sociais.

Existem algumas exceções em relação à regra de limitação da responsabilidade


das cotas. São elas:

• Nos débitos da dívida ativa (artigo 135 – Código Tributário Nacional);


• Os sócios respondem pelas dívidas da sociedade perante o INSS (Instituto
Nacional de Seguridade Social) – Lei 8620/93 artigo 13º;
• Os sócios que decidirem, mesmo contra a lei ou o contrato social, que
responderão ilimitadamente pelas obrigações sociais (artigo 1080 do Código
Civil);
• Se o sócio utilizar a separação do patrimônio como forma de fraudar credores.
Nesse caso pode responder pessoalmente à referida obrigação (artigo 50 do
Código Civil).

Sociedade anônima ou companhia

Segundo Fazzio Junior (2005, p.223): “sociedade anônima ou companhia é a


pessoa jurídica de direito privado, empresária por força de lei, regida por um
estatuto é identificada por uma denominação criada com o objetivo de conferir
lucro mediante o exercício da empresa”. Apesar do nome “anônima”, essa
sociedade empresária tem um nome que é identificado na legislação jurídica e
nos negócios.

Há algumas peculiaridades inerentes à sociedade anônima ou companhia. São


elas:
• A responsabilidade dos sócios é limitada pela parte do capital social que é
absorvido por ele;
• O capital social é dividido em frações negociáveis e transferíveis, que recebem
o nome de ações;
• Os sócios podem mudar sem ser alterado o ato constitutivo da sociedade, ou
seja, ocorre o que chamamos de irrelevância pessoal;
• É uma sociedade empresária de capital com personalidade jurídica de direito
privado;
• Tem o lucro como objetivo preponderante para os negócios;
• O objeto social se refere ao exercício da atividade empresarial lícita.

Sociedade em comandita por ações

Seguem abaixo algumas características:


• O capital é dividido em ações e opera sob firma ou denominação;
• É tratada através da Lei das Sociedades por Ações – Lei 6404/76, com as
modificações determinadas pela lei 9.457/1997 e pelos artigos 1.090 a 1.092 do
Código Civil;
• A administração fica a cargo do acionista que responde subsidiariamente e
ilimitadamente pelas obrigações sociais;
• É regida pelas normas da sociedade anônima ou companhia.

[1] Artigo 4º e seguintes do Código Civil

[2] Entende-se como o comerciante colocado entre o produtor e consumidor

[3] Não se faz necessário a obtenção do lucro presente. Basta a sua perseguição

[4] É o exercício habitual da mercancia

[5] Necessário que a prática habitual do comércio seja exercida pelo próprio comerciante, em seu nome e
por sua conta

[6] Trapiche é o armazém geral de menor porte, na área de importação e exportação.

Você também pode gostar