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- recorrência de
termos
- paralelismo
RECORRENCIAL - recursos fonológicos - segmentais
- suprassegmentais
E-book elaborado por Nelson Barros da Costa (UFC) para fins exclusivamente didáticos
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Introdução à Textualidade – Nelson Barros da Costa (Universidade Federal do Ceará)
UNIDADE II
A Coerência textual
Coesão e coerência
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a agulha
vertical
mergulha
a água
a linha
a espuma
o tempo
a âncora
o peixe
a garganta
a âncora
o peixe
a boca
o arranco
o rasgão
aberta a água
aberta a chaga
aberto o anzol
aquelíneo
ágilclaro
estabanado
o peixe
a areia
o sol"
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Discordamos dos autores quando afirmam que o texto acima não tem coesão.
Considerando coesão do modo como a consideramos, é fácil perceber que o que o
texto está desprovido de certos tipos de elos coesivos mas possui outros. De fato, o
texto possui poucos elos de coesão referencial tal como os definimos no capítulo III.
reptício
merso
consciente
liminar
marginal
desenvolvido
dividido
alterno
serviente
vencionado
delegado
versivo
lunar
tegmine fagi
(ANDRADE, C.D. Boitempo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.)
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(68) Triste poema para uma mulher criança. Ugo Giorgetti, uma
festa de humor bandido. Premiação. 'Flores', única unanimidade.
O arraso de Magic Slim. Tite de Lemos. Diana Pequeno em nova
fase canta autores inéditos. "Mattogrosso", a ecoópera de
Philip Glass. Duplas feitas e desfeitas. Retratos de Cher
quando jovem. Ney Matogrosso, a aguda inteligência trabalha ao
vivo. Quando o bem sempre triunfava sobre o mal. Romances do
tempo em que se perdia a cabeça. Autor que inspirou Machado.
Reflexo de São Paulo em Amsterdã. Estas são algumas das
matérias do Caderno 2 de "O Estado de São Paulo", hoje,
20/06/1989. (Apud KOCH & TRAVAGLIA, 1993)
Mas as autoras têm razão na medida em que são comuns textos como o que
se segue, praticamente sem coesão:
A partir do conceito de coesão que até agora formulamos, conceito este que
exclui elementos textuais que remetem ao contexto, a sequência acima não possui
coesão, mas não pode deixar de ser considerada um texto, visto que resulta da
intenção comunicativa de um usuário da língua.
É também um fato que nem toda sequência coesa pode ser aceita como texto.
Observe, por exemplo, o exemplo abaixo, já visto anteriormente:
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... pode ser tida e havida como texto e até objeto de interpretação sofisticada, muito
embora ela não passe de uma mistura de fragmentos de diversos poemas
portugueses.
Do mesmo modo, para sequências descoesas e aparentemente absurdas
como...
(72) Júlia está com dor de dentes. Dois e dois são quatro.
...é possível quase sempre imaginar um contexto em que elas se tornem coerentes.
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Fatores de coerência
1. Elementos linguísticos.
Embora seja ilusão pensar que se pode compreender um texto com base
apenas na organização gramatical das palavras e frases, é evidente que os
elementos linguísticos têm grande importância para o estabelecimento da coerência.
Assim é que o acúmulo de transgressões às convenções da língua pode tornar o
texto incoerente ou com um baixo grau de coerência.
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Faça um levantamento dos tipos de problemas linguísticos que esta redação apresenta
explicitando-os detalhadamente e em seguida proponha uma reestruturação do texto
procurando ao máximo conservar as ideias e as palavras originais.
2. Conhecimento de mundo.
Leia o texto abaixo e tente, com as suas palavras, apresentar o seu conteúdo:
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Como se pode notar com a leitura do texto acima, o conhecimento que temos
acerca do que um texto diz desempenha papel decisivo em nossa avaliação de sua
coerência. Esse conhecimento é adquirido através de nossas experiências de vida e
é armazenado em nossa memória em blocos denominados modelos cognitivos. Os
principais tipos de modelos cognitivos são:
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Este esquema pode ser confirmado, mas pode ser rompido pela sequência da
conversação:
O PRÍNCIPE CHARLES
E A PRINCESA DIANA
ESTÃO NO BRASIL.
Com a participação da BBC de Londres no Jornal da CBN, O príncipe Charles, a
Princesa Diana e toda a Família Real chegam mais rápido ao Brasil. Política,
economia, artes e espetáculos, esportes, conflitos, os fatos internacionais mais
importantes são transmitidos ao vivo, direto de Londres. Basta sintonizar o Jornal da
CBN, das 6 às 9 horas, todos os dias. Um privilégio que a CBN, a rádio que toca
notícia, oferece aos ouvintes.
BBc CBN
de Londres A RÁDIO QUE TOCA NOTÍCIA
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c) Os planos - são modelos cognitivos sobre como agir para atingir determinados
objetivos. Refere-se ao conhecimento de estratégias que ajudam na interpretação
das intenções do falante/escritor.
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CASAL NEURAS (GLAUCO)
(http://lh3.ggpht.com/_uxce7sQQ_eA/TSGBplA_jKI/AAAAAAAAPH4/JvQqUWmv75c/2011%20-
%20Casal%20Neuras%20%28Glauco%29.gif. Acessado em 12/09/2019)
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3. O conhecimento partilhado.
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(FERNANDES, Millôr - Trinta anos de mim mesmo, Círculo do Livro, pág. 77.
Apud KOCH & TRAVAGLIA, 93)
4. Inferências.
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5. Contextualização.
Assim, o texto...
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(81)
Também o nome do autor pode trazer implicações para a previsão de seu conteúdo
e para a aceitação de um texto. Se sabemos, por exemplo, que um determinado
texto é de Carlos Drummond de Andrade, lemos esse texto "com outros olhos" do
que se soubéssemos que seu autor é uma pessoa desconhecida.
O início do texto, por sua vez, pode trazer informações sobre o conteúdo e a
forma do texto. Se o texto começa pela expressão "era uma vez", por exemplo,
certamente esperamos que esse texto conte uma história infantil.
6. Situacionalidade.
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7. Informatividade.
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8. Focalização.
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(Vinícius de Moraes)
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9. Intertextualidade
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Terezinha de Jesus Terezinha
Cantiga Popular (Chico Buarque)
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O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração.
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(81) Língua
(Caetano Veloso)
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala, Mangueira!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer, o que pode esta língua?
(…)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem
(Ouça essa canção através do link:
https://www.youtube.com/watch?v=fsqoCBfucYo)
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11. Consistência.
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12. Relevância.
Esperamos ter deixado claro que a coerência não é uma propriedade do texto
em si mesma. Ela é construída na interação entre falante/escritor e ouvinte/leitor em
situações comunicativas concretas. É importante lembrar também que os fatores de
coerência vistos até então foram examinados isoladamente por motivos didáticos.
Evidentemente, eles atuam em conjunto no estabelecimento da coerência. Vejamos,
para finalizar esta apostila, um esquema proposto por Fávero & Koch (89) sobre a
relação texto-interlocutores-fatores de coerência:
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BIBLIOGRAFIA
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de Mestrado, 1991.
CULLER, Jonathan. As idéias de Saussure. São Paulo: Cultrix, 1979.
NEVES, Maria Helena de Moura. A vertente grega da Gramática Tradicional. São Paulo:
Hucitec-Editora UNB, 1987.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, s/d.
SAUSSURE, F., JAKOBSON, R., HJELMSLEV, L. e CHOMSKY, N. Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1978.
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