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MANUAL DE

BOVINOCULTURA PARA A
AÇÃO EXTENSIONISTA
MANUAL DE BOVINOCULTURA
PARA A AÇÃO EXTENSIONISTA

BELO HORIZONTE
EMATER–MG
ABRIL 2016
FICHA TÉCNICA
Elaboração Fotos
Médico Veterinário Arquivo da Emater–MG
Feliciano Nogueira de Oliveira
Departamento Técnico da Emater–MG Revisão
Lizete Dias
Colaboradores Ruth Navarro
Médico veterinário
Projeto Gráfico e Diagramação
Elmer Ferreira Luiz de Almeida
Cezar Hemétrio
Engenheiros agrônomos:
Ficha Catalográfica
José Alberto de Ávila Pires
Maria Madalena Paranhos Leite – CRB
Departamento Técnico da Emater–MG
1113
Márcio Stoduto de Mello
Departamento Técnico da Emater–MG Emater–MG
Marcelo Bomfim Av. Raja Gabaglia, 1626. Gutierrez -
Unidade Regional de Guanhães Belo Horizonte, MG.
Rogério Jacinto Gomes www.emater.mg.gov.br
Unidade Regional de Viçosa
Walfrido Machado Albernaz
Unidade Regional de Sete Lagoas

Zootecnista Série Ciências Agrárias


Marcelo Rodrigues Martins Tema Agropecuária
Unidade Regional de Alfenas Área Bovinocultura

OLIVEIRA, Feliciano Nogueira de. Manual de Bovinocul-


tura para a Ação Extensionista. Belo Horizonte: EMATER-
-MG, 2015. 62 p. il.
1. Bovinocultura – Manual . II. Gado de leite. III. Título.

CDU 636.2.034(021)
APRESENTAÇÃO

Todos os anos, várias ações são De forma sucinta, neste documen-


praticadas, de forma rotineira e recor- to pretende-se, tão somente, chamar a
rente, dentro de uma propriedade rural atenção do técnico para pontos de atu-
onde se dedica à bovinocultura e, em ação a serem considerados segmentos
especial, à produção de leite. Mas, natu- chave da atividade de produção de leite,
ralmente, as condições climáticas a cada com alguns obedecendo a característi-
mês propiciam contextos diferentes a cas naturais inerentes a determinados
serem trabalhados pelo produtor e por meses, outros, a uma rotina no decorrer
quem o assessora na condução técnica e de todo o ano.
gerencial do sistema de produção. O propósito do manual é o de con-
O presente manual tem como tribuir com o extensionista em seu tra-
propósitos orientar e subsidiar tecnica- balho constante de assistência técnica,
mente os extensionistas da Emater–MG provocando-o para a busca do detalha-
em suas ações rotineiras de assistência mento da informação, do domínio de
técnica aos sistemas de produção de seu conteúdo e para a intervenção a ser
leite, particularmente aqueles de base feita, de forma oportuna e adequada, na
familiar, considerando um calendário realidade do produtor, proporcionando-
com atividades oportunas a cada perí- -lhe eficiência produtiva, competitivida-
odo do ano. de e retorno financeiro.
SUMÁRIO

JANEIRO.............................................................................................................5
FEVEREIRO........................................................................................................10
MARÇO............................................................................................................16
ABRIL ...............................................................................................................16
MAIO ...............................................................................................................23
JUNHO .............................................................................................................26
JULHO .............................................................................................................30
AGOSTO ..........................................................................................................34
SETEMBRO .......................................................................................................38
OUTUBRO .......................................................................................................41
NOVEMBRO.....................................................................................................45
DEZEMBRO ......................................................................................................49

RECOMENDAÇÕES GERAIS DE MANEJO PARA TODOS OS MESES DO ANO...52


Manejo ambiental da propriedade...............................................................52
Manejo Alimentar do Rebanho...................................................................53
Manejo Sanitário do Rebanho.....................................................................57
Manejo Reprodutivo do Rebanho...............................................................58
Manejo da Ordenha e Qualidade do Leite..................................................60
Gestão da Atividade....................................................................................64

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................68
JANEIRO
cabo de vassoura, etc., com marcações
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
de 5 em 5cm, será um instrumento de
apoio inicial ao produtor na avaliação da
Chuvas intensas

Temperaturas elevadas

MANEJO ALIMENTAR

Pastagem

É a ocasião de manejar o pasto.


Devem ser observados a condição
O uso de um instrumento para medir a
vegetativa da forragem e o monito- altura do capim é de grande eficácia para
ramento periódico da fertilidade da o manejo de entrada e saída dos animais
área de pastagem, por meio de análi- no piquete. É preciso medir para manejar
se do solo; considerar a espécie culti-
vada, o grau de tecnologia adotada e altura do capim. A aplicação desse ma-
a intensidade e frequência de chuvas. nejo na época de chuvas, com os animais
mantidos no pasto (piquetes), contribui
O manejo das pastagens deve ser para a redução do acúmulo de dejetos
conduzido, preferencialmente em siste- no curral e reduz, também, as perdas
ma de pastejo intermitente/rotacionado, de seus nutrientes, com a “adubação”
em piquetes, tendo a altura do capim sendo feita direto e naturalmente pelos
como referência à entrada e à saída dos animais na pastagem, com o aproveita-
animais. Uma vara de bambu ou um mento dos nutrientes pela planta.
Manejo de pastagem em sistema de pastejo rotacionado
Forrageira Altura de entrada (cm) Altura de saída (cm)
Panicum maximum - Mombaça 90 30 a 50
Panicum maximum - Tanzânia 70 30 a 50
Capim Elefante (Cameroon) 100 40 a 50
B. brizantha - Marandu 25 10 a 15
B. brizantha – Xaraés (MG 5) 30 15
Tifton-85 25 10 a 15
Adaptado -Sila Carneiro, 2014

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 5


JANEIRO
Não deixar ocorrer o superpaste- Fazer a adubação da pastagem
jo, ou seja, não permitir que o número nos piquetes, quando da saída dos
de animais seja superior à capacida- animais, e de preferência no final da
de de fornecimento de forragem pela tarde, para reduzir as possíveis perdas
pastagem (UA/ha). É absolutamente de nutrientes.
necessário que seja mantida reserva de Ajustar e dividir a adubação nitroge-
área foliar no capim, o que contribuirá nada (a ureia é, geralmente, a fonte de
para a sua manutenção em estado sa- nitrogênio mais barata) durante os me-
tisfatório de conservação, caso ocorra ses chuvosos. A quantidade de 100 kg/
restrição de chuvas, e, por outro lado, UA·ano de ureia, descontando-se uma
rebrota mais rápida, caso haja disponi- Unidade Animal (UA), é uma referência.
bilidade de chuvas.
Exemplo:
De outra forma, não deixar ocorrer
5 UA/ha·ano
o subpastejo, ou seja, a manutenção de
5–1=4
uma quantidade de animais inferior ao
4 x 100 = 400 kg/ha de ureia ao ano
potencial de fornecimento de forragem
pela pastagem (UA/ha), configurando Esse total deve ser distribuído entre
a chamada “sobra de pasto”. Esta prá- os meses de maior intensidade de chuvas.
tica dificulta o manejo, podendo haver Quando possível, usar a prática de
o “entouceiramento” do capim e, tam- rotacionar áreas de lavoura nas áreas de
bém, a perda da condição desejável de pastagens por um ou dois anos, como no
qualidade da pastagem, principalmente sistema de integração lavoura e pecuária,
no critério digestibilidade. pois a adubação residual da lavoura será
aproveitada pela pastagem, reduzindo a
demanda de adubações extras.

Atenção à incidência de cigarrinha


das pastagens. Geralmente, pastagens
mal manejadas são mais susceptíveis e,
portanto, apresentam maior incidência.

Volumoso (forrageira para corte)


A adubação dos piquetes após a saída dos Capineira de capim-elefante: ob-
animais durante o período de chuvas é servar o porte vegetativo da capineira,
uma estratégia fundamental para estender considerando a possibilidade de corte e
a vida útil da pastagem
ensilagem em janeiro.
6 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista
JANEIRO
Considerando 01 (um) hectare de volvimento, e, com a chegada da seca
capineira bem conduzida produzindo, e do inverno, seu crescimento passa a
entre 75 e 90 t de massa verde, em 3 ser muito lento durante os próximos
cortes, no período de águas e pré-seca cinco meses (abril a agosto), vegetando
(de janeiro a junho), o produtor conse- nos sete meses subsequentes (setembro
gue produzir de 25 a 30 t de forragem a abril), para, então, amadurecer nos
a cada 60 dias, permitindo-lhe alimentar meses seguintes, até completar 16 a 18
cerca de 18 vacas, com cada vaca con- meses. A “cana de ano e meio” produz
sumindo, aproximadamente, 25 kg de mais no primeiro corte comparada à
capim-elefante picado por dia. Esta ca- “cana de ano”, plantada em outubro/
pacidade produtiva pode ser aumentada, novembro e colhida em agosto/setem-
caso a capineira possa ter um novo cor- bro (10 – 12 meses de idade). A partir
te em outubro, dependo, naturalmente, do segundo corte elas se equiparam.
das condições de clima – particularmente Estimando um consumo médio de
de chuvas ou possibilidade de irrigação. cana-de-açúcar de 25 kg, por vaca adul-
Isso, ocorrendo, facilitaria o manejo para ta, por dia, num período estimado de
o início de um novo ciclo da forrageira 180 dias (seca), um rebanho de 15 vacas
com o retorno do período de chuvas. consumirá 67,5 toneladas de cana-de-
-açúcar “corrigida”. Se a produtividade
É importante lembrar que a cada
do canavial for estimado em 80 t/ha, se-
corte a capineira deve ser adubada,
rão necessários, aproximadamente, 0,85
preparando-a para um novo corte.
hectare de área para o cultivo de cana-
Para isso deve ser utilizado o esterco
-de-açúcar para atender essas 15 vacas.
sólido, raspado do curral e curtido.
A cana-de-açúcar como alimento 25 kg
de cana
volumoso para o rebanho pode ser cul- por dia
tivada no sistema de “ano e meio”, com
o plantio sendo realizado, de preferên-
cia, no intervalo de janeiro a março, de- 375 kg
de cana
vido às boas condições de temperatura por dia
e umidade no período. Essas condições
possibilitam a brotação rápida, com bom
desenvolvimento das gemas, reduzindo 180 dias = 67,5 toneladas
a incidência de doenças nos toletes. Produtividade = 80 t/ha
Nessa ocasião, a planta inicia seu desen- Necessário > 0,85 ha de área plantada

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 7


JANEIRO
Cana “corrigida” é aquela que, Sal mineral
após picada para ser fornecida aos ani- A disponibilidade e ingestão de
mais, é acrescida de ingredientes que maior volume de pastagem fazem com
corrigirão as suas deficiências nutricio- que a exigência e a necessidade de con-
nais, principalmente nos teores de pro- sumo do sal mineral pelos animais au-
teína e minerais. Os ingredientes mais mentem nessa época do ano (chuvas).
comumente utilizados são a ureia, o Portanto não deixar faltar sal mineral de
sulfato de amônio ou sulfato de cálcio e boa qualidade para os animais. A mis-
minerais, os chamados “nitrominerais”. tura mineral a ser fornecida poderá ser
Milho e sorgo para silagem: a lavou- “pronta para uso” ou a ser diluída no
ra de milho ou de sorgo, plantada entre
sal branco, conforme recomendações
outubro e dezembro, deve ser acompa-
do fabricante. Uma boa mistura mineral
nhada em seus tratos culturais e controle
para vacas com produção média diária
de pragas e doenças até o momento do
de até 20 litros deve conter 16% de cál-
corte em final de janeiro ou em fevereiro,
cio e 8% de fósforo. Essa relação de 2
quando atingirá de 100 a 110 dias de ci-
partes de cálcio para 1 parte de fósforo
clo. No caso do milho, o ponto ideal para
deve ser sempre observada na mistura
ensilagem é observado quando o grão
mineral.
atinge de 50% a 75% do desenvolvi-
mento da “linha de leite”, após o ponto Água
de pamonha, e o sorgo, quando os grãos Como alimento indispensável ao
puderem ser partidos facilmente com as bem-estar, à sobrevivência e à produ-
unhas após a fase “leitosa” do grão. ção animal, principalmente neste pe-
ríodo do ano de altas temperaturas,
fotoperíodos mais longos e grande in-
cidência de radiação solar, verificar a
disponibilidade quantitativa de água,
o acesso aos bebedouros e a qualida-
de da água disponível. A baixa inges-
tão de água contribui para a redução
no consumo de forragem e o aumento
do estresse térmico do animal, e ambos
Região Leste do Estado: lavoura de milho contribuem para a redução da produ-
para ser ensilada ção animal.

8 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


JANEIRO
MANEJO SANITÁRIO Evitar a formação de poças e o acú-
mulo de água de chuvas nas proximi-
No período do verão, a ocorrên- dades e dentro dos currais, estábulos e
cia de infestação de carrapatos no re- arredores de instalações.
banho, bem como a melhor estratégia
de controle, pode variar de proprie-
MANEJO DA ORDENHA E
dade para propriedade. Por isso re- QUALIDADE DO LEITE
comenda-se coletar amostras do car-
rapato (fêmeas adultas engorgitadas) As altas temperaturas do período
e enviar a um laboratório veterinário aumentam o risco de comprometer a
qualidade do leite. Maiores cuidados
especializado, para avaliação da efi-
devem ser dispensados às práticas de
ciência de produtos carrapaticidas. A
limpeza e higiene em cada ordenha,
aplicação do carrapaticida apropriado
lembrando também que a refrigera-
ao rebanho deve seguir as dosagens ção do leite a 4ºC deve ser feita ime-
e vias de administração recomendadas diatamente após as ordenhas, utili-
pelo fabricante. zando os tanques de resfriamento.

Tetas lavadas com água limpa, sendo enxugadas com toalha de papel

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 9


FEVEREIRO
ma de pastejo intermitente/rotacionado,
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
em piquetes, tendo a altura do capim
Chuvas normais , ocor- como referência para a entrada e a saí-
rência de veranicos da dos animais. Uma vara de bambu ou
cabo de vassoura, etc., com marcações
Temperaturas elevadas de 5 em 5 cm, será um instrumento de
apoio inicial ao produtor na avaliação
da altura do capim. A aplicação desse
MANEJO ALIMENTAR
manejo nessa época de chuvas, com os
Pastagem animais mantidos no pasto (piquetes),
contribui para a redução do acúmulo de
É a ocasião de manejar o pasto. dejetos no curral e reduz, também, as
Devem ser observados a condição ve- perdas de seus nutrientes, com a “adu-
getativa da forragem e o monitoramen- bação” sendo feita direta e naturalmente
to periódico da fertilidade da área de pelos animais na pastagem com o apro-
pastagem, por meio de análise do solo; veitamento dos nutrientes pela planta.
considerar a espécie cultivada, o grau Não deixar ocorrer o superpastejo,
de tecnologia adotada e a intensidade e ou seja, não permitir que o número de
frequência de chuvas. animais seja superior à capacidade de for-
O manejo das pastagens deve ser necimento de forragem pela pastagem
conduzido, preferencialmente em siste- (UA/ha). É absolutamente necessário que

Deve-se ter o cuidado de não exceder a taxa de lotação de animais na pastagem, com o
risco do superpastejo

10 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


FEVEREIRO
seja mantida reserva de área foliar no ca- Quando possível, usar a prática de
pim, o que contribuirá para a sua manu- rotacionar áreas de lavoura nas áreas de
tenção em estado satisfatório de conser- pastagens por um ou dois anos, como no
vação, caso ocorra restrição de chuvas e, sistema de integração lavoura e pecuária,
por outro lado, rebrota mais rápida, caso pois a adubação residual da lavoura será
haja disponibilidade de chuvas. aproveitada pela pastagem, reduzindo a
De outra forma, não deixar ocorrer demanda de adubações extras.
o subpastejo, ou seja, a manutenção de Atenção à incidência de cigarrinha
uma quantidade de animais inferior ao das pastagens. Geralmente, pastagens
potencial de fornecimento de forragem mal manejadas são mais susceptíveis e,
pela pastagem (UA/ha), configurando portanto, apresentam maior incidência.
a chamada “sobra de pasto”. Essa prá-
tica dificulta o manejo, podendo haver Em propriedades com maiores
o “entouceiramento” do capim e, tam- áreas de pastagem, o diferimento de
bém, a perda da condição desejável de pastagem (vedação) passa a ser mais
qualidade da pastagem, principalmente uma estratégia a ser adotada como al-
no critério digestibilidade. ternativa de alimento volumoso no pe-
Fazer a adubação da pastagem nos ríodo seco. Nesses casos, a partir deste
piquetes, quando da saída dos animais, mês é prudente orientar o produtor a
e, de preferência, no final da tarde, redu- selecionar a área a ser reservada, con-
zindo as possíveis perdas de nutrientes. siderando que em muitas regiões, já
Ajustar e dividir a adubação nitroge- no próximo mês (março), inicia-se a
nada (a ureia é, geralmente, a fonte de redução da incidência de chuvas. Usu-
nitrogênio mais barata) durante os me- almente reservam-se 30% da área de
ses chuvosos. A quantidade de 100 kg/ pastagens para uso durante a seca,
UA·ano de ureia, descontando-se uma suplementando o rebanho com mistu-
Unidade Animal (UA), é uma referência. ras minerais proteico/energéticas. Esse
manejo atende a mantença e mesmo a
Exemplo: pequenos ganhos de categorias menos
5 UA/ha·ano exigentes, como: vacas secas, novilhas
5–1=4 e bezerras. As braquiárias devem ser
4 x 100 = 400 kg/ha de ureia ao ano reservadas em fevereiro/março, e os
panicuns, de março a abril pois acu-
Esse total deve ser distribuído entre
mulam talos mais rapidamente.
os meses de maior intensidade de chuvas.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 11


FEVEREIRO
Nessa ocasião devem ser providen-
ciados os equipamentos, demais insu-
mos e mão de obra necessária para a
ensilagem e, também, definido o local
onde será feito o silo. Tudo deve ser fei-
to previamente, evitando contratempos
para o processo de ensilagem na oca-
sião oportuna.
No decorrer do processo de ensila-
gem, todos os detalhes devem ser cri-
teriosamente observados: a condição
de corte das “facas” da ensiladeira; a
Pastagem vedada para ser disponibilizada dimensão das partículas da forragem
para os animais no período seco por ocasião do corte (nunca superior
a 2,0 cm); a agilidade no processo de
Volumoso (forrageira para corte) ensilagem; a largura do silo, que deve
ser de, no mínimo, 1,5 vez a largura
Milho e sorgo para silagem: a la-
do trator que compactará a forragem; o
voura de milho ou de sorgo, plantada
processo de compactação; a cobertura
entre outubro e dezembro, deve ser
da silagem; a proteção do silo contra
acompanhada em seus tratos culturais
a aproximação de animais que possam
e controle de pragas e doenças até o
danificar a lona de cobertura e o siste-
momento do corte, em final de janeiro
ma de drenagem de água de chuvas
ou em fevereiro, quando atingirá de
entorno do silo. É recomendado que o
100 a 110 dias de ciclo. No caso do mi-
lho, uma boa referência para avaliação
do momento de corte para a ensilagem
é a “linha do leite” no grão. Quando
a linha do leite tiver “descido” entre
50% e 75% do grão, a planta estará
com o teor de matéria seca entre 30%
e 35% portanto, no momento de en-
silar. Para o sorgo, é quando os grãos
puderem ser partidos facilmente com
Triângulo mineiro: silo de superfície co-
as unhas após a fase “leitosa” do grão.
berto e cercado com tela

12 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


FEVEREIRO
silo seja aberto num prazo mínimo de devido às boas condições de temperatu-
30 dias após o seu fechamento. ra e umidade no período. Essa condição
Ao se aproximar a ocasião da co- possibilita a brotação rápida, com bom
lheita da lavoura de milho ou de sorgo desenvolvimento das gemas, reduzin-
cultivada de forma consorciada com do a incidência de doenças nos toletes.
capim (milho e braquiária, por exem- Nessa ocasião, a planta inicia seu desen-
plo), deve-se atentar para os cuidados volvimento, e, com a chegada da seca
de utilização e de manutenção da nova e do inverno, seu crescimento passa
pastagem formada em consórcio. Não a ser muito lento durante os próximos
se deve colocar os animais na pastagem cinco meses (abril a agosto), vegetando
recém-formada logo após a colheita e nos sete meses subsequentes (setembro
ensilagem do milho. Recomenda-se a abril), para, então, amadurecer nos
aguardar de 30 a 40 dias, naturalmente meses seguintes, até completar 16 a 18
em função da frequência e intensidade meses. A “cana de ano e meio” produz
de chuvas, para que o capim atinja a mais no primeiro corte, comparada à
condição ideal de pastejo. “cana de ano”, plantada em outubro/
novembro e colhida em agosto/setem-
bro (10 – 12 meses de idade). A partir do
segundo corte elas se equiparam.

Em função da época da colheita,


com o objetivo de fornecer aos ani-
mais cana com alto teor de açúcar du-
rante o período da seca, é recomendá-
vel que o produtor plante pelo menos
duas variedades de cana-de-açúcar.
Plantar em 1/3 da área uma varieda-
Lavoura de sorgo, consorciada com ca- de de cana-de-açúcar com maturação
pim, a ser ensilada precoce, para alimentar os animais
nos primeiros meses do período seco,
A cana-de-açúcar como alimen-
e nos 2/3 restantes, outra variedade
to volumoso para o rebanho pode ser
de maturação média a tardia, para ali-
cultivada no sistema de “ano e meio”,
mentar os animais do meio até o final
com o plantio sendo realizado, de prefe-
do período seco.
rência, no intervalo de janeiro a março,

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 13


FEVEREIRO
Sal mineral Água
A disponibilidade e a ingestão de Como alimento indispensável ao
maior volume de pastagem fazem com bem-estar, à sobrevivência e à produção
que a exigência e necessidade de consu- animal, principalmente neste período
mo do sal mineral pelos animais aumen- do ano de altas temperaturas, fotope-
tem nessa época do ano (chuvas). Por- ríodos mais longos e grande incidência
tanto não deixar faltar sal mineral de boa de radiação solar, verificar a disponibi-
qualidade para os animais. A mistura mi- lidade quantitativa de água, o acesso
neral a ser fornecida poderá ser “pronta aos bebedouros e a qualidade da água
para uso” ou a ser diluída no sal branco, disponível. A baixa ingestão de água
conforme recomendações do fabrican- contribui para a redução no consumo de
te. Uma boa mistura mineral para vacas forragem e aumento do estresse térmico
com produção média diária de até 20 li- do animal, e ambos contribuem para a
tros deve conter 16% de cálcio e 8% de redução da produção animal.
fósforo. Essa relação de 2 partes de cálcio
para 1 parte de fósforo deve ser sempre MANEJO SANITÁRIO
observada na mistura mineral.
Vacinar as bezerras em idade de
3 a 8 meses contra a brucelose. Na
perspectiva de se reduzir o manejo do
rebanho, pode ser sugerido que no
mês de fevereiro se proceda à vaci-
nação das fêmeas bovinas nascidas de
julho a dezembro do ano anterior.

Os saleiros podem ser simples e adapta-


dos. O que não pode é faltar sal mineral Bezerras entre 3 e 8 meses devem ser
para os animais vacinadas contra a brucelose.

14 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


FEVEREIRO
No período do verão, a ocorrência des e dentro dos currais, estábulos e arre-
de infestação de carrapatos no rebanho, dores de instalações.
bem como a melhor estratégia de contro-
le, pode variar de propriedade para pro- MANEJO DA ORDENHA E
priedade. Por isso recomenda-se coletar QUALIDADE DO LEITE
amostras do carrapato (fêmeas adultas
engorgitadas) e enviar a um laboratório As altas temperaturas do período
veterinário especializado, para avaliação aumentam o risco de comprometer a
da eficiência de produtos carrapaticidas. A qualidade do leite. Maiores cuidados
aplicação do carrapaticida apropriado ao devem ser dispensados às práticas de
rebanho deve seguir as dosagens e vias limpeza e higiene em cada ordenha,
de administração recomendadas pelo fa- lembrando também que a refrigeração
bricante. do leite a 4ºC deve ser feita imediata-
Evitar a formação de poças e o acú- mente após as ordenhas, utilizando os
mulo de água de chuvas nas proximida- tanques de resfriamento.

O uso diário da caneca de fundo escuro, em todas as ordenhas, para todas as vacas, é
uma prática indispensável para assegurar a qualidade do leite e o controle da mamite

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 15


MARÇO
na pastagem, com o aproveitamento dos
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
nutrientes pela planta.
Chuvas ocasionais, fim Não deixar ocorrer o superpastejo,
do período chuvoso ou seja, não permitir que o número de
Temperaturas variam de
altas para amenas

MANEJO ALIMENTAR
Pastagem
É a ocasião de manejar o pasto.
Devem ser observados a condição ve-
getativa da forragem e o monitoramen-
to periódico da fertilidade da área de
pastagem, por meio de análise do solo;
considerar a espécie cultivada, o grau Região Central do Estado: pastagem
de tecnologia adotada e a intensidade e recuperada para manejo em sistema de
frequência de chuvas. pastejo rotacionado
O manejo das pastagens deve ser
conduzido, preferencialmente, em siste- animais seja superior à capacidade de for-
ma de pastejo intermitente/rotacionado, necimento de forragem pela pastagem
em piquetes, tendo a altura do capim (UA/ha). É absolutamente necessário que
como referência para a entrada e a saída seja mantida reserva de área foliar no ca-
dos animais. A vara de bambu ou cabo pim, o que contribuirá para a sua manu-
de vassoura, etc., com marcações de 5 tenção em estado satisfatório de conser-
em 5 cm, será um instrumento de apoio vação, caso ocorra restrição de chuvas, e,
inicial ao produtor na avaliação da altu- por outro lado, rebrota mais rápida, caso
ra do capim. A aplicação desse manejo haja disponibilidade de chuvas.
nessa época de chuvas, com os animais De outra forma, não deixar ocorrer
mantidos no pasto (piquetes), contribui o subpastejo, ou seja, a manutenção de
para a redução do acúmulo de dejetos uma quantidade de animais inferior ao
no curral e reduz, também, as perdas de potencial de fornecimento de forragem
seus nutrientes, com a “adubação” sendo pela pastagem (UA/ha), configurando
feita direto e naturalmente pelos animais a chamada “sobra de pasto”. Essa prá-

16 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


MARÇO
tica dificulta o manejo, podendo haver
o “entouceiramento” do capim e, tam- Em propriedades com maiores
bém, a perda da condição desejável de áreas de pastagem, o diferimento de
pastagem (vedação) passa a ser uma
qualidade da pastagem, principalmente
estratégia a ser adotada como alter-
no critério digestibilidade.
nativa de alimento volumoso no pe-
Fazer a adubação da pastagem nos
ríodo seco. Usualmente reservam-se
piquetes, quando da saída dos animais,
30% da área de pastagens para uso
e de preferência no final da tarde, redu-
durante a seca, suplementando o re-
zindo as possíveis perdas de nutrientes.
banho com misturas minerais protei-
Ajustar e dividir a adubação nitro-
co/energéticas. Esse manejo atende a
genada (a ureia é, geralmente, a fonte
mantença e mesmo pequenos ganhos
de nitrogênio mais barata) durante os
de categorias menos exigentes como
meses chuvosos. A quantidade de 100 vacas secas, novilhas e bezerras. As
kg/UA·ano de ureia, descontando-se uma braquiárias devem ser reservadas em
Unidade Animal (UA), é uma referência. fevereiro/março, e os panicuns de
março a abril, pois acumulam talos
Exemplo: mais rapidamente.
5 UA/ha·ano
5–1=4
4 x 100 = 400 kg/ha de ureia ao ano Volumoso (forrageira para corte)
A capineira de capim-elefante
Esse total deve ser distribuído entre
quando cortada em janeiro se apresenta
os meses de maior intensidade de chuvas.
próxima ou já em condições de um novo
Quando possível, usar a prática de
corte. Sugere-se que diante a iminente
rotacionar áreas de lavoura nas áreas de redução do período de chuvas e com o
pastagens por um ou dois anos, como no propósito de se evitar um pastejo direto
sistema de integração lavoura e pecuária, e intenso das pastagens, a capineira seja
pois a adubação residual da lavoura será cortada e picada com fornecimento di-
aproveitada pela pastagem, reduzindo a ário aos animais, diretamente no cocho
demanda de adubações extras. (“lanche”). Esse capim picado e forne-
Atenção à incidência de cigarrinha cido contribui com a alimentação volu-
das pastagens. Geralmente, pastagens mosa do rebanho no período pré-seco
mal manejadas são mais susceptíveis e, que se aproxima, postergando também
portanto, apresentam maior incidência. a abertura de silo.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 17


MARÇO
Ocorrendo atraso no plantio, al-
No decorrer do processo de en-
gumas lavouras de milho ou de sorgo
silagem, todos os detalhes devem ser
podem ainda chegar ao ponto de cor-
criteriosamente observados: a condi-
ção de corte das “facas” da ensiladeira;
a dimensão das partículas da forragem
por ocasião do corte (nunca superior
a 2,0 cm); a agilidade no processo de
ensilagem; a largura do silo, que deve
ser de, no mínimo, 1,5 vez a largura do
trator que compactará a forragem; o
processo de compactação; a cobertura
da silagem; a proteção do silo contra
Região Central do Estado: capineira a aproximação de animais que possam
irrigada danificar a lona de cobertura e o siste-
ma de drenagem de água de chuvas
te do material para ensilagem no início entorno do silo. É recomendado que o
desse mês. No caso do milho uma boa silo seja aberto num prazo mínimo de
referência para avaliação do momento 30 dias após o seu fechamento.
de corte para a ensilagem é a “linha do
leite” no grão. Quando a linha do leite
tiver “descido” entre 50% e 75% do A lavoura de milho ou de sorgo,
grão, a planta estará com o teor de ma- quando cultivada de forma consorcia-
téria seca entre 30% e 35% , portanto da com capim (milho e braquiária, por
no momento de ensilar. Para o sorgo é exemplo), ao se aproximar a ocasião da
quando os grãos puderem ser partidos colheita da lavoura, deve-se atentar para
facilmente com as unhas após a fase os cuidados de manutenção da nova
“leitosa” do grão. pastagem formada em consórcio. Não
Nessa ocasião já devem estar provi- se deve colocar os animais logo após a
denciados os equipamentos, demais in- colheita e ensilagem do milho, aguar-
sumos e mão de obra necessária para a dando-se 30 – 40 dias, naturalmente em
ensilagem, e, também, definido o local função da frequência e intensidade de
onde será feito o silo. Tudo deve ser fei- chuvas, para o capim atingir a condição
to previamente, evitando contratempos ideal de pastejo.
para o processo de ensilagem na oca- A cana-de-açúcar como alimento
sião oportuna. volumoso para o rebanho pode ser cul-

18 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


MARÇO
tivada no sistema de “ano e meio”, com
o plantio sendo realizado, de preferência,
no intervalo de janeiro a março, devido às
boas condições de temperatura e umida-
de no período. Essa condição possibilita
a brotação rápida, com bom desenvolvi-
mento das gemas, reduzindo a incidência
de doenças nos toletes. Nessa ocasião,
a planta inicia seu desenvolvimento, e,
com a chegada da seca e do inverno,
Norte de Minas: canavial recém-formado
seu crescimento passa a ser muito lento
como estratégia de suprimento alimentar
durante os próximos cinco meses (abril
volumoso para a seca
a agosto), vegetando nos sete meses
subsequentes (setembro a abril), para,
então, amadurecer nos meses seguintes, Durante o período pré-seco, que
até completar 16 a 18 meses. A “cana em grande parte da região Centro-
de ano e meio” produz mais no primei- -Sul ocorre entre o final de março e
ro corte se comparada à “cana de ano”, junho, é exigido muito cuidado na
plantada em outubro/novembro e colhi- alimentação dos animais. As pas-
da em agosto/setembro (10 – 12 meses tagens estão em final de ciclo, com
de idade). A partir do segundo corte, elas considerável redução de seu valor
se equiparam. nutritivo, e faz-se necessário iniciar
Em função da época da colheita, o fornecimento de outras forrageiras
com o objetivo de fornecer aos animais para suprir a necessidade da alimen-
cana com alto teor de açúcar durante o tação volumosa (cana-de-açúcar cor-
período da seca, é recomendável que o rigida, silagem de milho, silagem de
produtor plante pelo menos duas varie- sorgo, silagem de capim, milheto em
dades de cana-de-açúcar. Plantar em pastejo, sorgo em pastejo direto...).
1/3 da área uma variedade de cana-de- A mudança da alimentação deve
-açúcar com maturação precoce, para ser gradativa para que os micro-
alimentar os animais nos primeiros me- -organismos do rúmen se adaptem
ses do período seco e, nos 2/3 restan- à mudança de composição do novo
tes, outra variedade de maturação mé- alimento fornecido. Essa adaptação,
dia a tardia, para alimentar os animais geralmente, deve ser feita gradativa-
do meio até o final do período seco. mente entre duas e três semanas.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 19


MARÇO
Sal mineral da eficiência de produtos carrapaticidas.
Considerando ainda a disponibili- A aplicação do carrapaticida apropriado
dade e ingestão de expressivo volume ao rebanho deve seguir as dosagens e
de pastagem neste final de verão, res- vias de administração recomendadas
salta-se que a exigência e a necessidade pelo fabricante.
de consumo do sal mineral pelos ani- Evitar a formação de poças e o acú-
mais nessa época do ano precisam ser mulo de água de chuvas nas proximi-
igualmente consideradas. Portanto não dades e dentro dos currais, estábulos e
deixar faltar a mistura mineral para os arredores de instalações.
animais.
MANEJO DA ORDENHA E
Água QUALIDADE DO LEITE
Como alimento indispensável ao As altas temperaturas ainda preva-
bem-estar, à sobrevivência e à produção lecentes no período sustentam o risco
animal, ainda neste período do ano de de comprometer a qualidade do leite.
altas temperaturas, fotoperíodos longos Mais cuidados devem ser dispensados
e grande incidência de radiação solar, às práticas de limpeza e higiene em cada
verificar a disponibilidade quantitativa ordenha, lembrando, também, que a re-
de água, o acesso aos bebedouros e a frigeração do leite a 4ºC deve ser feita
qualidade da água disponível. A baixa imediatamente após as ordenhas, utili-
ingestão de água contribui para a re- zando os tanques de resfriamento. Sem-
dução no consumo de forragem e au- pre verificar as condições de manuten-
mento do estresse térmico do animal, ção dos equipamentos.
e ambos contribuem para a redução da
produção animal.

MANEJO SANITÁRIO
No período do verão, a ocorrência
de infestação de carrapatos no rebanho,
bem como a melhor estratégia de contro-
le, pode variar de propriedade para pro-
priedade. Por isso recomenda-se coletar
amostras do carrapato (fêmeas adultas
engorgitadas) e enviar a um laboratório Desinfecção das tetas com solução clora-
veterinário especializado, para avaliação da antes da ordenha

20 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


ABRIL
retorno do período chuvoso. Desta for-
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
ma, o início da suplementação volumosa
Chuvas escassas é importante e estratégico para não dei-
xar a pastagem abaixo da altura mínima
recomendada após o pastejo.
Temperaturas amenas
Não permitir, também, que ocorra
o subpastejo (a chamada “sobra de pas-
MANEJO ALIMENTAR to”), pois essa prática traz o inconvenien-
Pastagem te de disponibilizar forragem já em fase de
elevado teor de fibras, acúmulo de talos e
Nesse mês as chuvas já se tornam
menor valor nutricional aos animais. Além
mais escassas. Nos sistemas que tiveram
disso complica a sequência de manejo do
as pastagens bem manejadas no período
pasto, podendo ser necessária a roçada do
do verão, a ocasião ainda permite o ma-
capim para a nova entrada dos animais.
nejo do pasto, aproveitando as últimas
chuvas. No entanto deve-se ter o cuida- Verificar a “cobertura morta” na
do em não deixar ocorrer o superpaste- pastagem e a umidade do solo. Caso
jo, ou seja, não permitir que o número haja umidade suficiente que permita
de animais seja superior à capacidade de nova adubação da pastagem, adubar
fornecimento de forrageira pela pasta- quando da saída dos animais dos pi-
gem (UA/ha). É absolutamente neces- quetes.

Volumoso (forrageira para corte)


Em algumas situações, pode-se ain-
da encontrar capineira de capim-elefante
cortada em final de janeiro e início de fe-
vereiro. Nesta condição, a capineira ainda
permite um novo corte. Sugere-se que a
capineira seja cortada e picada com forne-
Campo das Vertentes: piquete de Mom- cimento diário aos animais, diretamente
baça com bom resíduo de folhas após
no cocho (“lanche”). Esse capim picado
saída dos animais
e fornecido contribui com a alimentação
sário que seja mantida reserva de área volumosa do rebanho no período pré-
foliar no capim, contribuindo para a sua -seco, complementando a pastagem que
manutenção em bom estado de conser- porventura ainda esteja sendo pastejada
vação e rebrota mais rápida, quando do e postergando também a abertura de silo.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 21


ABRIL
O período pré-seco, que, em gran- baixa ingestão de água contribui para a
de parte da região Centro-Sul, ocor- redução no consumo de forragem e o
re entre final de março e junho, exige aumento do estresse térmico do animal,
muito cuidado na alimentação dos e ambos contribuem para a redução na
animais. As pastagens estão em final produção animal.
de ciclo, e faz-se necessário o forneci- Manejo Sanitário
mento de outras forrageiras para suprir Caso ocorram casos de infestação
a necessidade da alimentação volumosa por carrapato neste período, deve ser
(cana-de-açúcar corrigida com ureia e adotado o controle estratégico do parasi-
sulfato de amônio ou com nitromine- to. Para isso se recomenda coletar amos-
ral; silagem de milho; silagem de sorgo; tras do carrapato e enviar a um laboratório
silagem de capim; milheto em pastejo; veterinário especializado para avaliação
sorgo em pastejo direto...). A mudança da eficiência de produtos carrapaticidas.
da alimentação deve ser gradativa, para A aplicação do carrapaticida apropriado
que os micro-organismos do rúmen se deve seguir as dosagens e vias de admi-
adaptem à mudança de composição do nistração recomendadas pelo fabricante.
novo alimento fornecido. Essa adapta- Manejo da Ordenha e Qualidade do leite
ção, geralmente, deve ser feita gradati-
vamente entre duas e três semanas. Embora as temperaturas médias
do dia comecem a se tornar mais ame-
Sal mineral nas, não se deve reduzir atenção às
Não deixar faltar a mistura mineral boas práticas de higiene em cada or-
para os animais. A mistura mineral a ser denha, lembrando também que a re-
fornecida poderá ser “pronta para uso” frigeração do leite a 4ºC deve ser feita
ou a ser diluída no sal branco, conforme imediatamente após as ordenhas, utili-
recomendações do fabricante. Uma boa zando os tanques de resfriamento.
mistura mineral para vacas com produ-
ção média diária de até 20 litros deve
conter 16% de cálcio e 8% de fósforo.
Essa relação de 2 partes de cálcio para 1
parte de fósforo deve ser sempre obser-
vada na mistura mineral.
Água
Verificar a disponibilidade quanti-
tativa de água, o acesso aos bebedou- Imersão das tetas após ordenha em solu-
ros e a qualidade da água disponível. A ção de iodo glicerinada

22 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


MAIO
menor exigência (vacas secas e animais
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
jovens), no período da seca, podem ini-
Chuvas muito escassas ciar a utilização desta pastagem com o
fornecimento de suplementação mineral
proteico/energética aos animais.
Temperaturas variam de
amenas para baixas Volumoso (forrageira para corte)
O período pré-seco, que em gran-
de parte da região Centro-Sul ocorre
MANEJO ALIMENTAR
entre final de março e junho, é um
Pastagem período que exige muito cuidado na
Nesse mês, praticamente se encerra alimentação dos animais. As pasta-
a temporada de chuvas. As proprieda- gens estão em final de ciclo, e faz-se
des que tiveram pastagens bem maneja- necessário o fornecimento de outras
das no período do verão e optaram por forrageiras para suprir a necessidade
deixar uma área de pastagem diferida da alimentação volumosa (cana-de-
ou vedada, como uma de suas estraté- -açúcar corrigida; silagem de milho;
gias para a alimentação dos animais de silagem de sorgo; silagem de capim;

Vacas recebendo alimentação volumosa (cana-de-açúcar corrigida) no cocho

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 23


MAIO
milheto em pastejo; sorgo em pastejo nutrientes da cana-de-açucar são:
direto...). A mudança da alimentação • Cana corrigida com ureia: misturar
deve ser gradativa, para que os micro- ureia + sulfato de amônio, na
-organismos do rúmen se adaptem à proporção de 9:1. Adicionar 500g
mudança de composição do novo ali- da mistura em 100 kg de cana
mento fornecido. fresca picada e fornecer aos animais.
Na maioria das situações, neste A partir da segunda semana, a
mês inicia-se o manejo de fornecimento quantidade da mistura pode ser
de alimento volumoso para os animais elevada para 1Kg em 100Kg de
diretamente no cocho. cana fresca picada.
• Cana corrigida com nitromineral:
Naquelas propriedades que culti- adicionar 1,4Kg de mistura
varam variedades de cana-de-açúcar nitromineral em 100Kg de cana
de ciclo precoce, caso seja necessária fresca picada e fornecer aos animais.
a complementação alimentar de volu-
moso, já neste mês há a disponibili- Sal mineral
dade da cana-de-açúcar a ser forneci- Iniciando o período de seca e em
da de forma “corrigida” aos animais, substituição à mistura mineral exclusiva, é
utilizando-se de ureia e sulfato de recomendado o uso de misturas minerais
amônio ou a mistura nitromineral. proteico/energéticas como complemen-
to ao volumoso fornecido, corrigindo
A cana-de-açúcar a ser fornecida possíveis deficiências nutricionais. Essas
aos bovinos deve ser fresca, bem picada misturas, também conhecidas como sal
e sempre estar adicionada de outros nu- proteinado, são consumidas em quanti-
trientes que propiciem a correção de suas dades superiores ao sal mineral comum,
deficiências nutritivas, como é o caso da com um consumo, em média, de 0,1 a
0,3% do peso do animal vivo por dia
adição da ureia + sulfato de amônio ou
de mistura nitromineral, elevando seus Água
teores de proteína e minerais. O consu- As fontes de abastecimento de
mo de cana-de-açúcar “corrigida”, deve água para os animais devem ser sem-
ser estimado, em média, em 25 kg, por pre monitoradas, não deixando que
vaca adulta, por dia, num período mais falte água tanto em quantidade, quan-
ou menos de 180 dias (seca). As alter- to em qualidade para o consumo diário
nativas mais comuns para a correção de do rebanho.

24 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


MAIO
MANEJO SANITÁRIO Nesse mês, recomenda-se a apli-
cação de vermífugo em todos os ani-
Maio é mês de vacinação contra mais de até 24 meses de idade.
a febre aftosa: todo o rebanho bovino
deve ser vacinado. MANEJO DA ORDENHA E
QUALIDADE DO LEITE
Caso ocorram casos de infestação
por carrapato neste período, deve ser Embora as temperaturas médias do
adotado o controle estratégico do parasi- dia comecem a se tornar mais amenas,
to. Para isso se recomenda coletar amos- não se deve reduzir atenção às boas
tras do carrapato e enviar a um laboratório práticas de higiene em cada ordenha,
veterinário especializado para avaliação lembrando, também, que a refrigeração
da eficiência de produtos carrapaticidas. do leite a 4ºC deve ser feita imediata-
A aplicação do carrapaticida apropriado mente após as ordenhas, utilizando os
deve seguir as dosagens e vias de admi- tanques de resfriamento.
nistração recomendadas pelo fabricante.

Realização do teste mensal para diagnóstico da mamite subclínica (CMT)

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 25


JUNHO
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

Período seco, sem chuvas

Temperaturas baixas

Zona da Mata: área de pastagem recupe-


MANEJO ALIMENTAR rada com o uso da tecnologia de integra-
Pastagem ção lavoura (milho) e pecuária (braquiária)

Em muitas regiões e na maioria das Neste período do ano, devido às


propriedades, em junho a disponibili- baixas temperaturas e reduzido fotope-
dade de volumoso por meio das pasta- ríodo (dias menores), o desenvolvimen-
gens já não atende as necessidades de to das gramíneas tropicais fica compro-
mantença e produção dos animais, re- metido, mesmo com a irrigação seguida
forçando a necessidade de se proceder de adubação dos piquetes após a saída
à suplementação volumosa dos animais, dos animais em pastejo. Particularmen-
no cocho, particularmente das vacas em te em microrregiões do Sul de Minas,
lactação. Zona da Mata e Campo das Vertentes,
Em situações em que haja a viabi- pode-se melhorar a produção de volu-
lidade técnica e financeira para a irri- moso em áreas de piquetes irrigados,
gação de piquetes, o manejo do pasto rebaixando-se, por meio de roçada, a
poderá ser mantido em sistema de pas- pastagem tropical a 10 – 15 cm e pro-
cedendo a um plantio a lanço de 80 –
tejo intermitente/rotacionado, tendo a
100 kg/ha de sementes de forrageiras
altura do capim como referência para a
de clima temperado, como a Aveia e o
entrada e saída dos animais.
Azevém. As mesmas estarão em ponto
Caso tenha sido implantado o sis-
de pastejo em 30 – 40 dias pós-plantio
tema integrado lavoura e pecuária (mi- e perdurarão por, aproximadamente,
lho e capim) em alguma área da pro- mais 60 dias na área. A capacidade de
priedade, a pastagem, nesta ocasião, suporte nestas áreas pode chegar a,
estaria formada e passaria a ser utiliza- aproximadamente, 4 UA/ha.
da. A área pode ser dividida em pique-
tes e manejada em sistema de pastejo Caso tenha sido definida área ve-
rotacionado. dada de pastagem para uso neste pe-
26 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista
JUNHO
ríodo (pasto diferido), o produtor de- nitromineral em 100Kg de cana
verá estabelecer o manejo de entrada fresca picada e fornecer aos animais.
dos animais na área e o complemento
alimentar a ser dado, como as misturas Em casos de fornecimento de si-
minerais proteico e energéticas. lagem, deve-se ter o cuidado na aber-
Volumoso (forrageira para corte) tura do silo e na retirada diária de si-
lagem, sempre protegendo a silagem
A mudança da alimentação nos
remanescente, evitando perdas.
bovinos deve ser gradativa para que os
micro-organismos do rúmen se adap- Os cochos devem ser instalados pre-
tem à mudança de composição do novo ferencialmente em local sombreado, pois
alimento fornecido. Essa adaptação, em darão mais conforto aos animais, con-
geral, se dá gradativamente num perío- tribuindo para o maior consumo de ali-
do de duas a três semanas. mento e proporcionarão menores perdas
A cana-de-açúcar a ser fornecida do nitrogênio adicionado a cana (ureia)
aos bovinos, deve ser fresca, bem picada e de ácidos graxos voláteis presentes na
e sempre estar adicionada de outros nu- silagem (que são fontes de energia para
trientes que propiciem a correção de suas os animais). Como é bastante comum a
deficiências nutritivas. O consumo de aplicação da ureia diluída em água, para
cana-de-açúcar “corrigida” (com ureia se precaver de riscos de intoxicação dos
+ sulfato de amônio ou com mistura ni- animais, os cochos devem ser providos
tromineral) deve ser estimado em média de furos no fundo para que facilitem o
de 25 kg, por vaca adulta, por dia, num escoamento de água em excesso.
período estimado de 180 dias (seca). As
Sal Mineral
alternativas mais comuns para a correção
de nutrientes da cana-de-açucar são: Iniciando o período de seca e em
substituição à mistura mineral exclusi-
• Cana corrigida com ureia: misturar
va, é recomendado o uso de misturas
ureia + sulfato de amônio, na
minerais proteico/energéticas como
proporção de 9:1. Adicionar 500g
complemento ao volumoso forneci-
da mistura em 100 kg de cana fresca
do, corrigindo possíveis deficiências
picada e fornecer aos animais. A partir
nutricionais. Essas misturas, também
da segunda semana, a quantidade da
conhecidas como sal proteinado, são
mistura pode ser elevada para 1Kg consumidas em quantidades superio-
em 100Kg de cana fresca picada. res ao sal mineral comum, com um
• Cana corrigida com nitromineral: consumo, em média, de 0,07 a 0,3%
adicionar 1,4Kg de mistura do peso do animal vivo por dia.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 27


JUNHO
Água lhor estratégia de controle, pode variar
Vale sempre lembrar e reforçar de propriedade para propriedade. Por
com o produtor, a importância da dis- isso recomenda-se coletar amostras do
ponibilidade de água como alimento carrapato (fêmeas adultas engorgitadas)
indispensável ao bem-estar, à sobre- e enviar a um laboratório veterinário es-
vivência e à produção animal. A baixa pecializado, para avaliação da eficiência
ingestão de água contribui para a redu- de produtos carrapaticidas. A aplicação
ção no consumo de forragem e o au- do carrapaticida apropriado ao rebanho
mento do estresse térmico do animal, deve seguir as dosagens e vias de admi-
e ambos contribuem para a redução da nistração recomendadas pelo fabricante.
produção animal.
MANEJO DA ORDENHA E
Manejo Sanitário QUALIDADE DO LEITE
A ocorrência de infestação de car- Nesse mês inicia-se o inverno, com
rapatos no rebanho, bem como a me- as temperaturas médias diárias mais

Os bebedouros podem ser rústicos e adaptados. O que não pode é faltar água para os
animais

28 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


JUNHO
baixas. Apesar desta condição, não se GESTÃO DA ATIVIDADE
deve reduzir atenção às boas práticas
de higiene em cada ordenha, lembran- No próximo mês de julho inicia-se
do, também, que a refrigeração do lei- o novo “ano agrícola”. O produtor deve
te a 4ºC deve ser feita imediatamente ser estimulado a fazer o seu planejamen-
após as ordenhas, utilizando os tanques to com o estabelecimento de metas em
de resfriamento. Lembrar sempre de todas as suas atividades agropecuárias,
verificar as condições de manutenção particularmente, da atividade de produ-
dos equipamentos. ção de leite, com registros de indicado-
No caso de utilização de ordenha res técnicos e financeiros da atividade. A
mecânica, periodicamente os com- gestão da atividade se dá por meio dos
ponentes da ordenhadeira devem ser registros feitos sistematicamente. A aná-
inspecionados, avaliando o acúmulo lise dos registros indicarão as interven-
de resíduos neles, bem como anual- ções técnicas a serem realizadas.
mente o equipamento deve sofrer
Alguns pontos que já devem ser pla-
manutenção preventiva no vácuo e
nejados: análise de solo; compra e apli-
compressor e passar pela avaliação de
cação de corretivo; aquisição de adubos
condição de funcionamento e vida útil
e sementes; preparo das áreas a serem
das teteiras.
trabalhadas; rebanho a ser trabalhado;
disponibilidade de maquinário e mão de
obra; produções e produtividades espe-
radas, utilização de crédito rural...

Lembre-se de que o planejamento


e o preparo para o abastecimento de
alimentos para a próxima seca inicia-se
nesta seca!

Atenção: no final deste mês é lança-


do pelo governo federal os Planos Safras,
com destinação de recursos financeiros
Inspeção de componentes do sistema para crédito rural (custeio e investimen-
de ordenha mecânica para avaliação de tos), tanto para as atividades da Agricul-
acúmulo de resíduos tura Familiar, como para aquelas pratica-
das por médios e grandes produtores.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 29


JULHO
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS Em situações em que haja a viabi-
lidade técnica e financeira para a irri-
gação de piquetes, o manejo do pasto
Período seco, sem chuvas
deve ser mantido em sistema de pas-
tejo intermitente/rotacionado, tendo

Temperaturas baixas a altura do capim como referência


para a entrada e saída dos animais.
Verificar o horário de irrigação, consi-
MANEJO ALIMENTAR derando as menores taxas de energia
elétrica.
Pastagem
Naquelas regiões onde tenha sido
Nesse mês, a disponibilidade de vo-
possível o plantio de aveia e azevém so-
lumoso por meio das pastagens já não
bre semeadura, já se podem utilizar os
atende as necessidades de mantença e
piquetes, atentando para a altura de en-
produção dos animais.
trada e saída dos animais deles (40 cm
Considerando as condições cli- – entrada /20 cm – saída).
máticas e de manejo de pastos, o Caso tenha sido definida área de
que se recomenda para este período pastagem vedada para uso neste pe-
é que os animais sejam retirados da ríodo de seca (pasto diferido), o pro-
área de pastejo rotacionado nos pi- dutor deverá estabelecer o manejo de

quetes, proporcionando condição de entrada dos animais na área e o com-


plemento alimentar a ser dado, como
descanso e de restabelecimento da
as misturas minerais proteico e energé-
gramínea neste período de escassez
ticas (sal proteinado). Deve-se observar
de chuvas. De forma complementar,
que toda a pastagem seca (“bucha” ou
devido às baixas temperaturas e re-
“macega”), ao ser consumida pelos
duzido fotoperíodo (dias menores), o
animais, somente terá a sua rebrota no
desenvolvimento das gramíneas fica
próximo período das águas. Portanto a
comprometido.
pastagem não deve ser rebaixada de-
Os animais devem ser mantidos em masiadamente, sob pena de retardar
regime de fornecimento de alimento vo- sua recuperação por ocasião de retorno
lumoso diretamente no cocho. das chuvas.

30 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


JULHO

Pastagem vedada para ser consumida neste período de seca, com suplementação mineral
energética e proteica

Volumoso (forrageira para corte) fresca picada e fornecer aos animais.


A mudança da alimentação para A partir da segunda semana, a
os bovinos, tanto com volumoso como quantidade da mistura pode ser
com concentrado, deve ser gradativa elevada para 1Kg em 100Kg de
para que os micro-organismos do rú- cana fresca picada.
men se adaptem à mudança de compo-
• Cana corrigida com nitromineral:
sição do novo alimento fornecido.
adicionar 1,4Kg de mistura
A cana-de-açúcar a ser fornecida
nitromineral em 100Kg de cana
aos bovinos deve ser fresca, bem pica-
fresca picada e fornecer aos animais.
da e sempre estar adicionada de ou-
O consumo de cana-de-açúcar
tros nutrientes que propiciem a corre-
“corrigida” (com ureia + sulfato de
ção de suas deficiências nutritivas. As
alternativas mais comuns para a correção amônio ou com mistura nitromineral)
de nutrientes da cana-de-açucar são: deve ser estimado em 25 kg, por vaca
• Cana corrigida com ureia: misturar adulta, por dia, num período mais ou
ureia + sulfato de amônio, na menos de 180 dias (seca).
proporção de 9:1. Adicionar 500g Em casos de fornecimento de sila-
da mistura em 100 kg de cana gem, deve-se ter o cuidado na abertura

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 31


JULHO
do silo e na retirada diária de silagem, em média, de 0,07 a 0,3% do peso vivo
sempre protegendo a silagem remanes- do animal/dia.
cente, evitando perdas.
Água
Os cochos devem ser instala-
dos preferencialmente em local com Nesse período, em algumas regi-
sombra, pois darão mais conforto aos ões, a redução no volume de alguns
animais, contribuindo para o maior mananciais de abastecimento de água
consumo de alimento pelos animais, e já pode ser sentida. A busca de alter-
proporcionarão menores perdas do ni- nativas para uma possível escassez de
trogênio adicionado à cana (ureia) e de uma fonte de água deve ser sempre
considerada.
ácidos graxos voláteis presentes na sila-
gem (que são fontes de energia para os
animais). Devem, também, ser providos MANEJO SANITÁRIO
de furos no fundo, para que facilitem o Caso ocorram casos de infestação
escoamento de água em excesso. por carrapato nesse período, usar carra-
Vacas com peso vivo próximo de paticidas com eficiência comprovada em
500 kg deverão consumir, aproxima- testes realizados em laboratórios veteri-
damente, de 25 a 30 kg/dia de volu- nários especializados, nas dosagens e na
moso no cocho, sendo que, quanto forma de aplicação recomendadas pelo
mais bem distribuída a quantidade de fabricante.
volumoso a ser fornecida no decorrer
do dia, melhor será seu aproveitamen- É recomendado, nesse mês, mais
to pelo animal. uma aplicação de vermífugo nos ani-
Sal mineral mais com até 24 meses de idade.
No período de seca, em substi-
tuição à mistura mineral exclusiva, é MANEJO DA ORDENHA E
recomendado o uso de misturas mi- QUALIDADE DO LEITE
nerais proteico/energéticas como Com a chegada do inverno, as tem-
complemento ao volumoso fornecido, peraturas médias diárias estão mais baixas.
corrigindo possíveis deficiências nutri- Apesar desta condição, não se deve redu-
cionais. Essas misturas, também co- zir atenção às boas práticas de higiene em
nhecidas como sal proteinado, são con- cada ordenha, lembrando, também, que
sumidas em quantidades superiores ao a refrigeração do leite a 4ºC deve ser feita
sal mineral comum, com um consumo, imediatamente após as ordenhas, utilizan-

32 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


JULHO
do os tanques de resfriamento. Lembrar partir de anotações e registros técnicos
sempre de verificar as condições de ma- e financeiros, que servirão para a orien-
nutenção dos equipamentos. tação de procedimentos e intervenções
pelo técnico e para a tomada de decisão
Gestão da atividade
pelo produtor.
O planejamento, as iniciativas e as Verifique e divulgue as linhas de cré-
decisões para o próximo período de chu- dito rural e o montante de recursos dis-
vas devem estar sendo conduzidas, defi- ponibilizados pelo governo federal nos
nindo as áreas a serem trabalhadas, a cul- novos Planos Safras (Agricultura Familiar
tura a ser plantada, áreas de pastagem a e Agricultura não Familiar), bem como
serem recuperadas, adubação a ser feita, consulte os produtores rurais assistidos
maquinário necessário, mão de obra ne- sobre suas necessidades, possibilidade e
cessária, animais a serem descartados, etc. intenção de um projeto agropecuário para
Todo o processo de gestão da ati- acesso ao crédito rural, que possibilite in-
vidade deve ser conduzido por meio e a vestir de forma segura em sua atividade.

A escrituração zootécnica deve fazer parte de uma disciplina para a gestão da atividade

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 33


AGOSTO
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS capim como referência para a entrada e
saída dos animais. Verificar o horário de
irrigação, considerando as menores ta-
Período seco, sem chuvas
xas de valores de energia elétrica.
Nas regiões onde foi viável a im-
Temperaturas baixas plantação de pastagem de aveia e aze-
vém, a pastagem já estará em final de
ciclo, e os animais devem ser retirados
MANEJO ALIMENTAR da área para que o pasto existente “des-
canse”, aguardando o início do próximo
Pastagem
período de chuvas.
Nesse mês, a disponibilidade de Em caso de vedação de pastagem
volumoso por meio das pastagens não para uso neste período, o produtor
atende as necessidades de mantença e deverá manter os animais na área se
produção dos animais. alimentando da “macega”, com o for-
Considerando as condições cli- necimento de complemento alimentar
máticas e de manejo de pastos, o que mineral proteico/energético, tendo o
se recomenda para este período é que cuidado de não rebaixar em demasia a
os animais sejam retirados da área de pastagem abaixo da altura mínima reco-
pastejo rotacionado nos piquetes, pro- mendada, sob pena de retardar a recu-
porcionando condição de descanso e, peração dela no início das chuvas.
posteriormente, o restabelecimento da
Volumoso (forrageira para corte)
gramínea, ao se iniciar um novo ciclo de
chuvas. A mudança da alimentação nos
bovinos deve ser gradativa para que os
Os animais devem ser mantidos micro-organismos do rúmen se adap-
em regime de fornecimento de alimen- tem à mudança de composição do
to volumoso diretamente no cocho. novo alimento fornecido. Essa adap-
tação, de forma geral, se dá gradati-
vamente num período de duas a três
Em situações em que haja a viabili- semanas.
dade técnica e financeira para a irrigação
de piquetes, o manejo do pasto poderá A cana-de-açúcar a ser fornecida
ser mantido em sistema de pastejo inter- aos bovinos, deve ser fresca, bem pica-
mitente/rotacionado, tendo a altura do da e sempre estar adicionada de outros

34 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


AGOSTO
nutrientes que propiciem a correção de O consumo de cana-de-açúcar
suas deficiências nutritivas. As alternati- “corrigida” (com ureia + sulfato de
vas mais comuns para a correção de nu- amônio ou com mistura nitromineral)
trientes da cana-de-açucar são: deve ser estimado em 25 kg, por vaca
• Cana corrigida com ureia: misturar adulta, por dia, num período estimado
ureia + sulfato de amônio, na de 180 dias (seca).
proporção de 9:1. Adicionar 500g Em casos de fornecimento de sila-
da mistura em 100 kg de cana fresca gem, deve-se ter o cuidado na abertura
picada e fornecer aos animais. A partir do silo e na retirada diária de silagem,
da segunda semana, a quantidade da sempre protegendo a silagem remanes-
mistura pode ser elevada para 1Kg cente, evitando perdas.
em 100Kg de cana fresca picada. Os cochos devem ser instalados
• Cana corrigida com nitromineral: preferencialmente em local com som-
adicionar 1,4Kg de mistura bra, pois darão mais conforto aos ani-
nitromineral em 100Kg de cana mais, contribuindo para o maior con-
fresca picada e fornecer aos animais. sumo de alimento, e proporcionarão

Silo trincheira: o cuidado na confecção da silagem, na sua conservação, na sua retirada e


no seu fornecimento no cocho aos animais – evitar perdas em cada um desses momentos

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 35


AGOSTO
menores perdas do nitrogênio adicio- Sal mineral
nado à cana (ureia) e de ácidos graxos No período de seca, em substitui-
voláteis presentes na silagem (que são ção à mistura mineral exclusiva, é re-
fontes de energia para os animais). De- comendado o uso de misturas minerais
vem, também, ser providos de furos no proteico/energéticas como complemen-
fundo, para que facilitem o escoamento to ao volumoso fornecido, corrigindo
de água em excesso. possíveis deficiências nutricionais. Essas
Vacas com peso vivo próximo de misturas, também conhecidas como sal
500 kg deverão consumir uma quanti- proteinado, são consumidas em quanti-
dade de volumoso de, aproximadamen- dades superiores ao sal mineral comum,
te, 25 a 30 kg/dia, sendo que quanto com um consumo, em média, de 0,07 a
mais bem distribuída a quantidade de 0,3% do peso vivo do animal/dia.
volumoso a ser fornecida no decorrer Água
do dia, melhor será seu aproveitamento Neste período, em algumas regiões,
pelo animal. a redução no volume de alguns manan-

Fêmeas bovinas vacinadas contra brucelose, com marcação, a ferro quente, no lado
esquerdo da cara, apresentando o número final do ano em que ocorreu a vacinação

36 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


AGOSTO
ciais de abastecimento de água já pode GESTÃO DA ATIVIDADE
ser sentida. A busca de alternativas para O planejamento, as iniciativas e
uma possível escassez de uma fonte de as decisões para o próximo período de
água deve ser sempre considerada. chuvas devem ser estabelecidas, defi-
nindo as áreas a serem trabalhadas, a
MANEJO SANITÁRIO
cultura a ser plantada, áreas de pasta-
Vacinar as bezerras em idade de gem a serem recuperadas, adubação a
3 a 8 meses contra a brucelose. Na ser feita, maquinário necessário, mão de
perspectiva de se reduzir o manejo do obra necessária....
rebanho, pode ser sugerido que no
mês de agosto se proceda à vacinação
Em muitas regiões, nesse mês de
das fêmeas bovinas nascidas de janei-
agosto é recomendada a distribuição
ro a junho.
de calcário em áreas a serem corrigidas
para o cultivo de forrageiras.
Caso ocorra incidência de carrapato
neste período, coletar amostras do carra-
pato e enviar a um laboratório veterinário
especializado para avaliação da eficiência
do carrapaticida. A aplicação do produto
deve seguir as dosagens e vias de admi-
nistração recomendadas pelo fabricante.

MANEJO DA ORDENHA E
QUALIDADE DO LEITE

Mesmo com as temperaturas mé-


dias diárias mais baixas, típicas do perío-
do, não se deve reduzir atenção às boas
práticas de higiene em cada ordenha,
lembrando, também, que a refrigeração
do leite a 4ºC deve ser feita imediata-
mente após as ordenhas, utilizando os Na ordenha manual, o leite deve ser
tanques de resfriamento. Lembrar sem- cuidadosamente filtrado, ao ser levado
pre de verificar as condições de manu- para o armazenamento no tanque de
tenção dos equipamentos. resfriamento

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 37


SETEMBRO
Considerando as condições climá-
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
ticas e de manejo de pastos, o que se
recomenda para este período é que os
Período seco, chuvas
ocasionais animais sejam retirados da área de pas-
tejo rotacionado nos piquetes, propor-
Temperaturas amenas cionando condição de descanso e de
restabelecimento da gramínea neste pe-
ríodo de escassez de chuvas.
Os animais devem ser mantidos em
MANEJO ALIMENTAR
regime de fornecimento de alimento vo-
Pastagem lumoso diretamente no cocho.
Em situações em que haja a viabi-
Na maioria das regiões do Es-
lidade técnica e financeira para a irri-
tado, neste mês de setembro, o pe-
gação de piquetes, o manejo do pasto
ríodo de seca atinge sua fase mais
poderá ser mantido em sistema de pas-
crítica, e muitos produtores come-
tejo intermitente/rotacionado, tendo a
çam a se preocupar com o risco de
altura do capim como referência para
falta de alimentos para o rebanho.
a entrada e saída dos animais. Verificar
A disponibilidade de pastagens é
o horário de irrigação, considerando as
praticamente nula.
menores taxas de energia elétrica.

Mês de setembro na região central de Minas Gerais: piquetes de tifton irrigados e área de
pastagem totalmente seca ao lado

38 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


SETEMBRO
A partir da segunda semana, a
Nesta ocasião, a temperatu- quantidade da mistura pode ser
ra média diária gradativamente se elevada para 1Kg em 100Kg de
eleva, e o fotoperíodo também au- cana fresca picada.
menta, o que já propicia respostas
do capim à irrigação e à adubação • Cana corrigida com nitromineral:
após pastejo. adicionar 1,4Kg de mistura
nitromineral em 100Kg de cana
fresca picada e fornecer aos animais.
No caso em que pastos vedados
ainda estejam sendo usados, o produ-
Proceder a uma avaliação, esti-
tor deverá manter os animais na área
mando a quantidade de alimento vo-
se alimentando da “macega”, com o lumoso disponível para atender o reba-
fornecimento de complemento ali- nho até que se iniciem as chuvas, e as
mentar mineral proteico/energético, pastagens estejam em condição de re-
tendo o cuidado de não rebaixar em ceber os animais. Na condição de risco
demasia a pastagem abaixo da altura de falta de alimentação, deve-se bus-
mínima recomendada, sob pena de re- car imediatamente alternativa de su-
tardar a recuperação dela no início das primento alimentar até a chegada das
chuvas. chuvas e recuperação das pastagens.

Volumoso (forrageira para corte) Sal mineral


A cana-de-açúcar a ser fornecida Nesta época de seca, em muitas si-
aos bovinos, deve ser fresca, bem pica- tuações, é recomendado o uso de mis-
da e sempre estar adicionada de outros turas minerais proteico/energéticas em
nutrientes que propiciem a correção de substituição ao sal mineral e como com-
plemento ao volumoso fornecido, corri-
suas deficiências nutritivas. As alternati-
vas mais comuns para a correção de nu- gindo possíveis deficiências nutricionais.
trientes da cana-de-açucar são: Água
• Cana corrigida com ureia: misturar Neste período a redução no volu-
ureia + sulfato de amônio, na me dos mananciais de abastecimento de
proporção de 9:1. Adicionar 500g água já é sentida. A busca de alternativas
da mistura em 100 kg de cana para uma possível escassez de uma fonte
fresca picada e fornecer aos animais. de água deve ser sempre considerada.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 39


SETEMBRO
MANEJO SANITÁRIO cuperadas, adubação a ser feita, maquiná-
Se ocorrerem casos de infestação rio necessário, mão de obra necessária....
por carrapato neste período, se reco-
menda coletar amostras do carrapato e Em muitas regiões, neste mês de
enviar a um laboratório veterinário es- setembro se procede à distribuição
pecializado para avaliação da eficiência de calcário em áreas a serem corrigi-
do produto carrapaticida. A aplicação das para o cultivo de forrageiras. Em
deve seguir as dosagens e vias de admi- alguns casos, quando ocorrem as pri-
nistração indicadas pelo fabricante. meiras chuvas, alguns produtores já
iniciam o plantio de forrageiras.
É recomendada, neste mês, mais
uma aplicação de vermífugo nos ani-
mais com até 24 meses de idade.

MANEJO DA ORDENHA E
QUALIDADE DO LEITE
As temperaturas médias anuais
gradativamente voltam a se elevar.
Reforça-se a necessidade de atenção e
ênfase às boas práticas de higiene em
cada ordenha, com a refrigeração do
leite a 4ºC, sendo feita imediatamente
após as ordenhas, utilizando os tanques
de resfriamento. Lembrar sempre de ve-
rificar as condições de manutenção dos
equipamentos.
O leite obtido de uma ordenha higiênica
GESTÃO DA ATIVIDADE deve ser imediatamente armazenado em
um tanque de resfriamento
O planejamento, as iniciativas e as
decisões para o próximo período de chu-
vas devem ser estabelecidas, definindo as
áreas a serem trabalhadas, a cultura a ser
plantada, áreas de pastagem a serem re-

40 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


OUTUBRO
vidida em piquetes para o pastejo direto
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
rotacionado. Caso seja na mesma área
Início do período chuvo- de anos anteriores, deve ser feita toda
so, chuvas ocasionais uma avaliação do sistema de cerca ele-
trificada, fios, estacas, isolamento, ele-
trificador..., assegurando a eficiência do
Temperaturas amenas
sistema com a entrada dos animais.

MANEJO ALIMENTAR Caso nos piquetes haja áreas de


descanso com disponibilidade de som-
Pastagem bra, bebedouros e cochos para sal mi-
Em várias regiões do Estado, as neral, é hora de se fazer uma verificação
chuvas estão dando os primeiros sinais do estado de conservação de cochos e
de chegada do período das águas. Mas bebedouros, para serem utilizados du-
a disponibilidade de pastagens continua rante o período de pastejo nos piquetes.
praticamente nula.

Considerando as condições cli-


máticas e de manejo de pastos, o que
ainda se recomenda para este perío-
do é que os animais sejam mantidos
fora da área de pastejo rotacionado,
proporcionando condição de descan-
so e de restabelecimento da gramí-
Área de descanso: hora de proceder a repa-
nea a partir da retomada das chuvas.
ros necessários em cerca eletrificada, bebe-
Pastagens bem manejadas e devida- douros e cochos para a próxima estação de
mente descansadas no período das chuvas e entrada dos animais em pastejo
secas se recuperam mais rapidamente
Na área de piquetes em pastejo rotacio-
para início de um novo ciclo de paste-
nado, a distância entre o piquete mais
jo com a chegada das águas.
distante e o bebedouro não pode ser
superior a 150 metros. Distâncias supe-
É momento de se definir ou resta- riores a esta comprometem o aproveita-
belecer a área de pastagem a ser subdi- mento da pastagem pelas vacas.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 41


OUTUBRO
Em situações em que ainda esteja
sendo feita a irrigação de piquetes, o recomenda-se o sistema de integração
manejo do pasto deve ser mantido em lavoura e pecuária. Assim, cultivados
sistema de pastejo intermitente/ rota- de forma consorciada (milho e pasto –
cionado, tendo a altura do capim como braquiárias ou panicuns, por exemplo),
referência para a entrada e saída dos deve-se atentar para os diferentes pro-
animais. Nessa ocasião a temperatura cedimentos para o cultivo, como: a
média diária já se eleva, e o fotoperío- dessecação da pastagem seguida do
do também aumenta, o que já propicia plantio direto, os tratos culturais e, fi-
respostas do capim à irrigação e à adu- nalmente, a colheita da lavoura e ma-
bação após pastejo. Verificar o horário nutenção da nova pastagem.
de irrigação, considerando as menores
taxas de energia elétrica.
Em áreas muito degradadas, espe-
Enquanto não houver o restabele-
cialmente em regiões de Cerrado, com
cimento da área de pastagem, os ani-
necessidade elevada de correção do solo
mais devem ser mantidos em regime
e compactadas, é recomendado o plan-
de fornecimento de alimento volumoso
tio no sistema convencional a partir da
diretamente no cocho até o restabeleci-
análise do solo, seguida de aração, gra-
mento das áreas de pasto.
dagem e plantio.
No caso em que pastos vedados
ainda estejam sendo usados, o produ- Volumoso (forrageira para corte)
tor deverá manter os animais na área A cana-de-açúcar a ser fornecida
se alimentando da “macega”, com o aos bovinos deve ser fresca, bem pica-
fornecimento de complemento alimen- da e sempre estar adicionada de outros
tar mineral energético proteico, até que nutrientes que propiciem a correção
haja disponibilidade de capim novo para de suas deficiências nutritivas, como é
os animais. o caso da adição da ureia + sulfato de
amônio ou de mistura nitromineral,
Em regiões onde as chuvas já se elevando seus teores de proteína e mi-
apresentam com uma certa regulari- nerais. O consumo de cana-de-açúcar
dade, é o momento em que se deve “corrigida” (com ureia + sulfato de
iniciar a formação e a recuperação amônio ou com mistura nitromineral)
de pastagens. Tanto no processo de deve ser estimado em 25 kg, por vaca
formação quanto no de recuperação, adulta, por dia, num período estimado
analisadas as condições do produtor, de 180 dias (seca).

42 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


OUTUBRO
No mês de outubro se inicia o
plantio da “cana de ano”. É quando
se utiliza de variedades de canas pre-
coces. A colheita geralmente se dá
com 10 a 12 meses. Neste caso, a pro-
dutividade quase sempre é baixa, pois
haverá pouco tempo para acúmulo de
açúcar na planta. Lavoura de milho, em formação, para
silagem
Calculando um consumo de cana-
-de-açúcar corrigida de 25 kg, por vaca ões, começa o plantio de lavouras de mi-
adulta, por dia, num período estima- lho para ensilagem. Por se tratar de um
do de 180 dias (seca), um rebanho de alimento volumoso considerado nobre,
15 vacas consumirá 67,5 toneladas de ele é, na maioria das vezes, direcionado a
cana-de-açúcar corrigida. Se a produti- atender a categoria de vacas em lactação.
vidade do canavial for avaliada em 80 O consumo médio destes animais é da
t/ha, serão necessários, aproximada- ordem de 30 kg/animal/dia. Tendo em
mente, 0,85 ha de área para o cultivo vista um rebanho de 20 vacas mestiças
de cana-de-açúcar para atender essa em lactação, de até 270 dias, o consumo
categoria animal. diário da silagem de milho deste rebanho
seria de 162 toneladas de silagem. Con-
25 kg siderando a possibilidade de perda de até
de cana
por dia 10% do volume produzido, a produção
total seria de 178,2 toneladas. Com uma
produtividade estimada em 45 t/ha, seria
375 kg necessária uma área de plantio de milho
de cana de, aproximadamente, 4,0 hectares.
por dia
Sal mineral
Até que haja forrageiras para pastejo
180 dias = 67,5 toneladas
direto, com porte vegetativo e compo-
Produtividade = 80 t/ha sição de nutrientes satisfatórios para os
Necessário > 0,85 ha de área plantada
animais, é recomendado manter o uso de
É também neste mês de outubro misturas minerais proteico energéticas em
que, iniciadas as chuvas em muitas regi- substituição ao sal mineral e como com-

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 43


OUTUBRO
plemento ao volumoso fornecido, corri- GESTÃO DA ATIVIDADE
gindo possíveis deficiências nutricionais. O planejamento, as iniciativas e
Água as decisões para o próximo período de
chuvas devem estar estabelecidas, com
Neste período a redução dos ma-
as áreas a serem trabalhadas já defini-
nanciais de abastecimento de água é
das, a cultura a ser plantada, áreas de
sempre sentida e, em muitas situações,
pastagem a serem recuperadas, aduba-
é quando as fontes acusam sua menor
ção a ser feita, maquinário necessário,
vazão. A busca de alternativas para uma
mão de obra necessária....
possível escassez de uma fonte de água
deve ser sempre considerada.
Iniciados os plantios de forragei-
MANEJO SANITÁRIO ras para ensilagem, é importante já
Caso ocorram casos de infestação se preparar em relação aos insumos;
por carrapato neste período, deve ser logística e equipamentos necessários
adotado o controle estratégico do pa- para a época da ensilagem.
rasito. Para isso se recomenda coletar
amostras do carrapato e enviar a um la-
A eficiência produtiva e o retorno
boratório veterinário especializado para
financeiro são resultados dos cuidados
avaliação da eficiência do carrapaticida.
na gestão dos “detalhes”. Exemplo do
A aplicação do produto deve seguir as
que pode ser entendido como deta-
dosagens e vias de administração reco- lhe: se o planejamento do estande de
mendadas pelo fabricante. plantas de milho para ensilagem a ser
plantado por ocasião das chuvas que se
MANEJO DA ORDENHA E
aproximam, de acordo com a variedade
QUALIDADE DO LEITE escolhida, é de 50 mil plantas por hec-
As temperaturas médias diárias
tare e se por uma falha qualquer este
estão em elevação. Assim, reforça-se a
estande se estabelece em 40 mil plantas,
necessidade de atenção e ênfase às boas
o produtor já iniciará seu projeto de su-
práticas de higiene em cada ordenha, primento alimentar do rebanho para o
com a refrigeração do leite a 4ºC sendo próximo ano com um deficit previsto de
feita imediatamente após as ordenhas, 20% neste quesito (“detalhe”), o que
utilizando os tanques de resfriamento. na contabilidade geral implicará menor
Lembrar sempre de verificar as condi- eficiência produtiva e menor retorno fi-
ções de manutenção dos equipamentos. nanceiro ou mesmo prejuízo.

44 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


NOVEMBRO
Nos casos em que ainda não houve o
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
restabelecimento das áreas de pasta-
Chuvas frequentes gem, os animais devem ser mantidos
em regime de fornecimento de alimento
Temperaturas volumoso diretamente no cocho.
em elevação Em regiões onde as chuvas já se apre-
sentam com uma certa regularidade (com
um volume de chuvas de aproximada-
MANEJO ALIMENTAR
mente 10 mm por semana), é o momento
Pastagem em que se devem iniciar a formação e a
Em várias regiões do Estado, as pri- recuperação de pastagens. Tanto no pro-
meiras chuvas se iniciam, com tendên- cesso de formação, quanto no de recupe-
cia de maior regularidade, na medida ração de pastagens, devem ser analisadas
em que decorre o mês. Em algumas si- as condições e necessidades do produtor,
tuações as pastagens já começam a ser podendo, a partir da análise, proceder a
restabelecidas. uma das seguintes recomendações para a
Pode ser recomendada uma aduba- tomada de decisão pelo produtor:
ção nitrogenada, feita de forma grada- a. Aplicação do sistema de integração
tiva, na área de piquetes, no sentido de lavoura e pecuária, seja por meio
proporcionar um crescimento também de plantio convencional (“Sistema
gradual e diferenciado das forragens nos Barreirão”), caso a área esteja muito
piquetes, facilitando o futuro manejo de- degradada, compactada e estiver
les. A título de exemplificação, sugere-se em região de Cerrados, seja pela
inicialmente a adubação nitrogenada em
adoção dos procedimentos técnicos
até 50% da área de piquetes, com a adu-
de dessecação da pastagem a ser
bação no restante da área sendo feita de
recuperada, seguida do plantio
10 a 15 dias após a adubação inicial.
direto (“Sistema Santa Fé”).
Observada e avaliada cada situ- O consórcio milho com capim
ação, particularmente aquelas cujas (braquiárias ou panicuns) tem se
pastagens estão estabelecidas, reco- mostrado com bons resultados
menda-se o retorno dos animais ao produtivos e econômicos em
pastejo direto, em sistema rotaciona- várias propriedades no Estado. O
do, utilizando-se de áreas com pique- sistema de integração lavoura e
tes divididos com cerca eletrificada. pecuária oferece melhor relação

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 45


NOVEMBRO
custo/benefício, uma vez que a b. Outra possibilidade é por meio do
silagem de milho pode “recuperar” “plantio solteiro” da pastagem,
aproximadamente 80% do custo da que fornecerá alimento mais
formação da pastagem. rápido, com os piquetes podendo
ser pastejados em até 50 dias após
o plantio. Embora considerado
“plantio solteiro”, por ocasião da
semeadura do capim, podem ser
adicionadas sementes de milheto,
numa quantidade aproximada de 5
a 7 kg de sementes/hectare. Apesar
de mais simplificado, esse sistema
acaba por ficar mais caro para o
produtor, pois não proporciona
ganhos com a produção de silagem
na mesma área. O mesmo também
Região do Campo das Vertentes
pode ser feito tanto em sistema
de plantio convencional, como de
plantio direto, a depender do estado
de degradação da área escolhida.

Volumoso (forrageira para corte)


Caso ainda haja animais consumin-
do volumoso diretamente no cocho,
para vacas com peso vivo próximo de
500 kg, estima-se que deverão consumir
uma quantidade de volumoso no cocho,
de aproximadamente 25 a 30 kg/dia,
sendo que, quanto mais bem distribuída
for a quantidade de volumoso a ser for-
necida no decorrer do dia, melhor será
Mesma área de pastagem degradada (foto seu aproveitamento pelo animal.
acima), agora recuperada por meio da da Nessa época do ano, com o início
técnica de ntegração lavoura (milho para das chuvas, a cana-de-açúcar tende a
silagem) e pecuária (pasto de braquiária) reduzir seu teor de açúcar.

46 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


NOVEMBRO
No mês de novembro, pode-se temperaturas, fotoperíodos mais longos
ainda proceder ao plantio da “cana de e grande incidência de radiação solar,
ano”. É quando se utiliza de variedades verificar a disponibilidade quantitativa
de canas precoces. A colheita geralmen- de água, o acesso aos bebedouros e a
te se dá com 10 a 12 meses. Nesse caso qualidade da água disponível. A baixa
a produtividade quase sempre é baixa, ingestão de água contribui para a redu-
pois haverá pouco tempo para acúmulo ção no consumo de forragem.
de açúcar na planta.
Tem sido cada vez mais comum si- Manejo Sanitário
tuações de risco de falta de alimentação
Novembro é mês de vacinação
volumosa nessa época do ano. Reforça-
contra a febre aftosa; o rebanho bo-
-se, portanto, a necessidade de se cha-
vino abaixo de 24 meses deve ser va-
mar a atenção do produtor quanto ao
cinado.
cuidado na provisão de alimento para o
rebanho, tendo em vista o ano seguinte.
É fundamental um bom planejamento Caso ocorram casos de infestação
da produção de alimentos para o pró- por carrapato neste período, deve ser
ximo ano. adotado o controle estratégico do pa-
Sal mineral rasito. Para isso se recomenda coletar
amostras do carrapato e enviar a um la-
boratório veterinário especializado, para
Até que haja forrageiras para
pastejo direto, com porte vegetativo avaliação da eficiência do carrapaticida.
e composição de nutrientes satisfató- A aplicação do produto deve seguir as
rios para os animais, é recomendado dosagens e vias de administração reco-
manter o uso de misturas minerais mendadas pelo fabricante.
proteico energéticas em substituição Tão logo a pastagem ofereça con-
ao sal mineral e como complemento dição de retorno dos animais ao paste-
ao volumoso fornecido, corrigindo jo direto em sistema rotacionado, esse
possíveis deficiências nutricionais. manejo deve ser retomado devido à sua
contribuição também para o controle
Água de carrapatos nos animais.
Como alimento indispensável à so- Evitar o acúmulo de água parada
brevivência e à produção animal, princi- nas pastagens, nas proximidades e den-
palmente neste período do ano de altas tro dos currais e estábulos.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 47


NOVEMBRO
MANEJO DA ORDENHA E Gestão da atividade
QUALIDADE DO LEITE Em várias regiões, o início dos plan-
tios de forrageiras para ensilagem tem
A temperatura média diária se ocorrido nesse mês de novembro. É im-
portante já se preparar em relação aos
acha em elevação. Reforça-se a ne-
insumos, à logística e aos equipamentos
cessidade de atenção e ênfase às boas
necessários para a época da ensilagem.
práticas de higiene em cada ordenha,
Todo o planejamento, cuidado e
com a refrigeração do leite a 4ºC, sen- empenho dispensados ao plantio de
do feita imediatamente após as orde- forrageiras nesta época do ano serão
nhas, utilizando os tanques de resfria- recompensados em produção suficiente
mento. Lembrar sempre de verificar as de alimentos, aumento de produção de
condições de manutenção dos equipa- leite e de bezerros e redução de riscos
mentos. na manutenção da atividade.

A raspagem da sala de ordenha, a cada ordenha, é uma prática indispensável à qualidade


do leite e à sanidade do rebanho

48 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


DEZEMBRO
ção de uma quantidade de animais
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
inferior à capacidade de fornecimento
Chuvas frequentes de forragem pela pastagem (UA/ha),
configurando a chamada “sobra de
Temperaturas pasto”. Essa prática dificulta o mane-
em elevação jo, podendo haver o “entouceiramen-
to” do capim e, também, a perda da
condição desejável de qualidade da
MANEJO ALIMENTAR pastagem, principalmente no critério
digestibilidade.
Pastagem

A ocasião é a de manejar o pasto, Fazer a adubação da pastagem


considerando sempre que a fertilidade nos piquetes, quando da saída dos
do solo deve estar atendida e sempre animais, preferencialmente no final
monitorada; considerar a espécie cul- da tarde com, aproximadamente,
tivada e as condições pluviométricas. 100 kg/UA.ha de ureia, distribuídos
no decorrer do ano, por ocasião dos
O manejo das pastagens deve ser meses de maior prevalência de chuvas
conduzido, preferencialmente em sis- (de novembro a março).
tema de pastejo intermitente/rotacio-
nado, em piquetes, tendo a altura do Atenção à incidência de cigarrinha
capim como referência para a entrada e das pastagens. Geralmente, pastos mal
saída dos animais. manejados são mais susceptíveis e por-
Não deixar ocorrer o superpastejo, tanto apresentam maior incidência da
ou seja, não permitir que o número de praga.
animais seja superior à capacidade de
fornecimento de forrageira pela pasta- Volumoso (forrageira para corte)
gem (UA/ha). É absolutamente neces- Capineira de capim-elefante: ob-
sário que seja mantida reserva de área servar o porte vegetativo da capineira,
foliar no capim, contribuindo para a sua considerando a possibilidade de corte e
manutenção em bom estado de conser- ensilagem em janeiro.
vação, caso haja restrição de chuvas e O esterco recolhido diariamente do
rebrota mais rápida. curral e curtido deve ser levado à capi-
De outra forma, não deixar ocor- neira como fertilizante, tendo como refe-
rer o subpastejo, ou seja, a manuten- rência a quantidade de 20 a 50 t/ha/ano.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 49


DEZEMBRO

Região Central: esterco sendo amontoado próximo da capineira para ser, em seguida,
distribuído

Considerando 01 (um) hectare de aplicação de herbicida seletivo para la-


capineira bem conduzida, produzindo en- voura de milho com o propósito de re-
tre 75 e 90 t de massa verde por ano em tardar o desenvolvimento da pastagem.
3 cortes, no período de águas e pré-seca,
Sal mineral
o produtor consegue disponibilizar de 25
A disponibilidade e ingestão de
a 30 t a cada 60 dias, permitindo-lhe ali-
maior volume de pastagem fazem com
mentar cerca de 18 vacas, com cada vaca
que a exigência e necessidade de consu-
consumindo aproximadamente 25 kg de
mo do sal mineral pelos animais aumen-
capim- elefante picado por dia.
tem nessa época do ano (chuvas). Com a
A lavoura de milho ou de sorgo
disponibilidade de pasto em quantidade e
deve ser acompanhada em seus tratos
em qualidade, a suplementação com mis-
culturais e controle de pragas e doenças
tura mineral energética e proteica pode
durante todo o seu ciclo vegetativo. A
ser retirada, retornando o fornecimento
adubação de cobertura deve ser realiza-
apenas do sal mineral. Portanto, não dei-
da conforme análise de solos, quando as
xar faltar o sal mineral aos animais.
plantas estiverem com 3 pares de folhas.
Caso a lavoura tenha sido implan- Água
tada em sistema de integração lavoura Como alimento indispensável à so-
e pecuária, deve se dar atenção especial brevivência e à produção animal, princi-
ao desenvolvimento do capim. Se esti- palmente neste período do ano de altas
ver muito agressiva, recomenda-se uma temperaturas, fotoperíodos mais longos
50 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista
DEZEMBRO
e grande incidência de radiação solar, O retorno dos animais ao pastejo
verificar a disponibilidade quantitativa direto em sistema rotacionado contribui
de água, o acesso aos bebedouros e a também para o controle da infestação
qualidade da água disponível. de carrapatos nos animais.
Manejo Sanitário Evitar o acúmulo de água parada
nas pastagens, nas proximidades e den-
No período do verão, a ocorrência
tro dos currais e estábulos.
de infestação de carrapatos no rebanho,
bem como a melhor estratégia de con- MANEJO DA ORDENHA E
trole, pode variar de propriedade para
QUALIDADE DO LEITE
propriedade. Por isso recomenda-se
As altas temperaturas do período
coletar amostras do carrapato (fêmeas
põem em risco a qualidade do leite.
adultas engorgitadas) e enviar a um la-
Maior critério deve ser dispensado às
boratório veterinário especializado, para
práticas de higiene em cada ordenha,
avaliação da eficiência de produtos car-
rapaticidas. A aplicação do carrapaticida lembrando, também, que a refrigeração
apropriado ao rebanho deve seguir as do leite a 4ºC deve ser feita imediata-
dosagens e vias de administração reco- mente após as ordenhas, utilizando os
mendadas pelo fabricante. tanques de resfriamento.

Sala de ordenha limpa e higienizada

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 51


RECOMENDAÇÕES GERAIS
DE MANEJO PARA TODOS OS
MESES DO ANO
MANEJO AMBIENTAL DA
PROPRIEDADE
O manejo de pastagens em sis- agropecuária, sendo indicado para a re-
tema intermitente ou rotacionado é cuperação e renovação de pastagens.
uma importante estratégia de redução O esterco oriundo do curral e da
de pisoteio excessivo das pastagens, sala de ordenha muitas vezes é deixado
contribuindo para minimizar o risco de para secar em áreas próximas e arre-
compactação do solo e propiciar maior dores, perdendo boa parte de suas ca-
aproveitamento do pasto. racterísticas como fertilizante orgânico,
O manejo de pastagem é fun- além da possibilidade de poder causar a
damental para que o pasto não seja propagação de moscas e doenças. Assim
rebaixado de forma excessiva. A ma- é sugerido que o esterco seja recolhido,
nutenção de resíduo foliar no capim evitando ser carreado, contaminando os
(aproximadamente 20%) é uma forma mananciais de água da propriedade, e
de garantir que as raízes se desenvol- seja curtido para ser aplicado em áreas
vam bem, pois a matéria seca das raízes de cultivo. Uma tonelada de esterco
é similar à matéria seca da parte aérea bovino curtido possui o equivalente a
da forrageira. Um bom manejo do pas- 155 kg de sulfato de amônio, 100 kg
to ao longo dos anos garante o enraiza- de fosfato natural e 40 kg de cloreto de
mento da planta de 0,5 a 1,0 m de pro- potássio.
fundidade no perfil do solo, facilitando O “manejo do monte” consiste em
a captação de água e de nutrientes do recolher e amontoar diariamente, por
solo pela planta. 7 dias, o esterco recolhido por ocasião
O sistema integração lavoura pecu- da ordenha e ou alimentação no cocho;
ária tem se mostrado bastante eficiente cobrir com plástico o esterco recolhido
na melhoria das propriedades químicas, na semana; na segunda semana, faz-
físicas e biológicas do solo, quebra do -se novo monte, até que se complete
ciclo de pragas e doenças, controle de 4 montes, em 4 semanas; na quinta se-
invasoras, aproveitamento de subpro- mana, ao se iniciar um novo monte, o
dutos, produção de silagem e de grãos primeiro monte já deve ser distribuído
e melhor sustentabilidade da produção no piquete/canavial ou capineira.

52 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


De forma complementar, deve-se
sempre atentar para o isolamento e a
proteção de nascentes, das demais áre-
as de preservação permanente e reserva
legal da propriedade, atendendo à legis-
lação ambiental vigente e ao cadastro
ambiental rural – CAR.
Esse conjunto de práticas sugeridas
são contribuições efetivas que podem ser
executadas em cada propriedade, con-
“Manejo do monte”: monte de esterco tribuindo decisivamente para a chamada
amontoado durante 7 dias e coberto com
Agricultura de Baixo Carbono – ABC.
plástico
MANEJO ALIMENTAR DO
Outra maneira de aproveitar o es-
REBANHO
terco é a utilização de esterqueira, que
A dieta dos bovinos, ou seja, a ali-
permite a fermentação do esterco, di-
mentação consumida pelo animal num
minuindo o seu poder poluidor e pos-
período de 24 horas, incluindo a água,
sibilitando seu posterior aproveitamento
deve ser sempre objeto de cálculo, com
como fertilizante em lavouras e pasta-
o concentrado devendo suprir as defici-
gens.
ências da forragem.
A esterqueira para material líquido,
também conhecida como chorumeira, Concentrado
é utilizada em propriedades que dispo- Geralmente, concentrados comer-
nham de água em abundância para la- ciais para vacas em lactação apresentam
vagem dos currais e de carretas tanque de 18% a 24% de proteína bruta (PB) e
para transportar a água servida até as acima de 70% de energia (NDT).
lavouras ou pastagens. Tem sido reco- A quantidade de ração concentra-
mendado o uso de superfosfato sim- da a ser fornecida pode ser influenciada
ples, na dosagem de 30 kg/tonelada de significativamente, de acordo com as
esterco fresco, como meio de reduzir a exigências nutricionais do animal, a fase
perda de nitrogênio do esterco e reduzir de seu ciclo produtivo, seu escore de
o mau cheiro, que contribuir como atra- condição corporal, a época do ano e o
tivo de moscas. tipo de volumoso fornecido. Além des-
O recolhimento e a destinação cor- ses aspectos, a relação entre a produção
reta de resíduos e embalagens de pro- de leite e a quantidade de ração con-
dutos relacionados à atividade devem centrada consumida pelo animal pode
ser sempre praticados. ser influenciada pela relação de valores

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 53


entre o preço de leite recebido pelo pro- Em condições práticas, recomenda-
dutor e o custo da ração concentrada. -se o uso de 1 kg de ração concentrada
De forma complementar, sabe-se contendo de 18 a 22% de Proteína Bru-
que para cada kg de leite produzido ta e acima de 70% de Nutrientes Diges-
com 3,5% de gordura, a vaca precisa tíveis Totais, para cada 2,5 litros de leite
ingerir, além do necessário à sua man- produzidos. Lembrar que esta relação
tença, 85 g de proteína e 304 g de NDT, pode ser muito influenciada pelo tipo
ou seja, necessita 3,7 vezes mais energia e pela qualidade do volumoso que está
que proteína. sendo fornecido.
No fornecimento de concentrado,
No quadro a seguir, é apresentada
sugere-se usar de 40 a 50 cm linear de
uma proposição de fornecimento de ra-
cocho/animal.
ção concentrada para vacas e novilhas
mestiças HZ, considerando a época do Sal mineral
ano, a fase produtiva do animal e a sua O sal mineral deve ser adquirido
produção de fontes idôneas que assegurem os te-

Águas – dezembro a Seca – junho a


Categoria animal
maio novembro
Vacas em lactação até 30 1 kg para cada 3 kg de 1 kg para cada 3 kg de
dias após o parto leite produzidos leite produzidos

1 kg para cada 2,5 kg de


Vacas em lactação de 31 a 1 kg para cada 2,5 kg
leite produzidos acima de
90 dias após o parto de leite produzidos (*)
8 kg de leite

Vacas em lactação acima 1kg para cada 3 kg de


1kg para cada 3 kg de
de 90 dias após o parto e leite produzidos acima de
leite produzidos (*)
gestante 8 kg de leite

Vacas secas 0,5 kg/vaca.dia 0,5 kg/vaca.dia

Novilhas após o 8º mês de


gestação (amansamento do
animal com passagem pela 0,5 kg/novilha.dia 0,5 kg/novilha.dia
sala de ordenha)

(*) Considerar o consumo diário de volumoso (kg/vaca.dia) corrigido com


mistura nitromineral ou nitroproteica.

54 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


ores de minerais apresentados em sua gerir uma grande quantidade de ureia
formulação e deve, também, ser sempre em curto período de tempo.
fornecido em cocho coberto, evitando A disponibilidade de sal mineral
perdas, e em boas condições de acesso pronto para o consumo deve ser cons-
para os animais. tante. Os cochos devem ser sempre ob-
Uma boa mistura mineral para va- servados (a cada 3 – 4 dias), certifican-
cas com produção média diária de até do-se o possível desabastecimento ou o
20 litros deve conter 16% de cálcio e desperdício de sal pelos animais.
8% de fósforo. Essa relação de 2 partes Vários fatores podem influenciar
de cálcio para 1 parte de fósforo deve na quantidade média diária de mistura
ser sempre observada na mistura mi- mineral consumida pelos animais. Uma
neral. Não fornecer misturas minerais referência a ser trabalhada é a de con-
prontas para uso com menos de 7% de sumo diário entre 70 e 100 gramas por
fósforo, visto ser um mineral muito im- Unidade Animal (450 kg de peso do ani-
portante na eficiência reprodutiva dos mal vivo). Em rebanhos de maior pro-
animais. dutividade, recomenda-se adotar para
Para o acesso satisfatório dos ani- as vacas em lactação de alta produção
mais à suplementação alimentar, o ta- a prática da ingestão forçada de mineral
manho do cocho é importante, pois na dieta, numa quantidade de até 100g
todos os animais devem ter oportuni- de sal mineral/dia.
dade de acesso livre à mistura mineral, Para os suplementos minerais pro-
recomendando-se um mínimo de 15 teico/energéticos, o consumo diário
cm linear de cocho por cabeça, e à mis- destes produtos varia entre 0,07% a
tura mineral múltipla, de 15 a 25 cm/ 0,3% do peso do animal vivo, ou seja,
animal, devido a sua maior procura e para um animal de 450 kg (correspon-
maior consumo pelos animais. À medi- dente a 1,0 UA), o consumo diário pode
da que aumenta o consumo da mistura, variar entre 300 g e 1,350 kg de suple-
aumenta-se também a metragem. Nas mento. Essa variação se dará em função
regiões sujeitas a chuvas, durante o pe- da categoria animal, da produção dese-
ríodo de suplementação, os cochos de- jada, do volumoso fornecido, etc.
vem ser cobertos e furados nas laterais, Via de regra, o fornecimento diário
especialmente se o produtor estiver for- de sal mineral é feito durante o perío-
necendo misturas proteico/energéticas, do em que os animais são mantidos a
uma vez que a ureia é muito “higros- pasto, no período de dezembro a maio/
cópica” e se dissolve com facilidade na junho – de 185 a 210 dias. Já o for-
água, podendo intoxicar animais que, necimento diário de mistura proteico/
mesmo adaptados à mistura, podem in- energética é feito no período da seca,

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 55


em que os animais são alimentados com • Vacas secas e novilhas gestantes: 45
volumoso picado, distribuído no cocho litros/dia.
ou por meio das pastagens diferidas
• Novilhas à cobertura: 49 litros/dia.
(“vedadas”) - 155 a 180 dias.
É importante ressaltar que a estra- • Bezerros(as) à desmama: 30 litros/
tégia do “diferimento” de pastagem dia.
deve ser estimulada com o propósito de • Bezerros lactentes: 11 litros/dia .
ampliar as alternativas de alimentação
volumosa no período seco. A pastagem
Pode-se ter, como referência para
de baixa qualidade (“bucha” ou “ma-
o dimensionamento da demanda de
cega”), disponibilizada para os animais
água em uma propriedade leiteira, com
associada ao fornecimento da mistura
fornecimento aos animais, limpeza dos
mineral proteico/energética, proporciona
sistemas de ordenha e armazenamento
boas condições de mantença ou mesmo
de leite e limpeza das instalações, a es-
de ganho para o rebanho (principalmen-
timativa de consumo diário de 10 litros
te animais mais jovens ou vacas secas) no
de água para cada litro de leite produ-
período de maior escassez de alimento.
zido. Como exemplo, uma fazenda com
Água produção diária de 500 litros de leite
Como alimento indispensável à so- necessita ter disponíveis 5.000 litros de
brevivência e à produção animal, deve água/dia.
ser sempre verificada a disponibilidade
quantitativa de água, o acesso aos be-
bedouros e a qualidade da água dispo-
nível para os animais.
Visando o fornecimento de água
de boa qualidade aos animais, reco-
menda-se a limpeza dos bebedouros a
cada 15 dias.
Rebanhos leiteiros, em sistema de
criação semi-intensivo, nas condições
climáticas de Brasil Central, apresenta-
ram, em média, os seguintes consumos Triângulo Mineiro: vacas em pasto de
de litros de água por dia: tifton, vindo ao bebedouro. Deve-se estar
• Vacas em lactação: 62 litros/dia atento à quantidade de água disponível e
à área de acesso dos animais ao bebe-
• Vacas e novilhas no final da
douro
gestação: 51 litros/dia.

56 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


MANEJO SANITÁRIO DO Vacinação contra raiva bovina: de-
REBANHO ve-se vacinar os bezerros e as bezerras
A sanidade é a “porta de entrada” aos 4 meses de idade, com uma dose
para se trabalhar com qualquer rebanho. de reforço 30 dias mais tarde. O refor-
Se a saúde do rebanho está comprome- ço com vacinação anual deve ser feito
tida, todo investimento na atividade é em todos os animais do rebanho. Como
arriscado, pois a resposta do rebanho padrão de procedimento: para animais
pode não ser a necessária e desejada. até 12 meses de idade aplicam-se 2 do-
Animais recém-nascidos: assegurar ses de vacina/ano; para animais acima
o fornecimento de colostro e a cura do de 12 meses de idade aplica-se 1 (uma)
umbigo. O colostro deve ser fornecido dose anual.
nas primeiras 6 (seis) horas de vida do(a) Atenção para o controle de moscas:
bezerro(a), com o propósito de maximi- mosca-do-chifre, mosca-dos-estábulos
zar a ingestão das imunoglobulinas pre- e berne. A retirada do esterco diaria-
sentes no colostro pelo(a) bezerro(a), mente da sala de ordenha, com o uso do
proporcionando-lhe maior resistência a “manejo do monte”, contribui de forma
doenças. Já a cura do umbigo deve ser determinante no controle e na redução
feita 2 vezes ao dia, por 3 dias conse- da incidência de moscas na proprieda-
cutivos ao nascimento do(a) bezerro(a), de. As moscas hematófagas (que se ali-
utilizando-se da solução de álcool io- mentam de sangue dos animais), além
dado (7 a 10%), aplicado por meio de dos prejuízos que causam pela queda
imersão do umbigo do(a) bezerro(a), na produção dos animais, são potenciais
por 30 segundos, em um frasco de vidro vetores na transmissão de doenças ao
escuro e de boca larga. rebanho.
A vacinação contra clostridioses Lembrar que o controle de ecto-
deve ser feita utilizando-se da vacina parasitos com o uso de métodos alter-
polivalente ou múltipla, com uma pri- nativos validados, como a homeopatia,
meira vacinação dos animais aos 4 me- devem ser considerados e estimulados
ses de idade, com um reforço 30 dias como opção para a propriedade traba-
após a primeira vacinação, seguidas de lhada.
reforços anuais. Recomenda-se também A mamite, como uma das enfer-
a vacinação das fêmeas no 8º mês de midades de maior incidência em vacas
gestação. Como padrão de procedi- leiteiras e que mais prejuízos trazem ao
mento: para animais até 12 meses de produtor, deve ser monitorada a cada
idade aplicam-se 2 doses de vacina/ano; ordenha, com a realização do teste da
para animais acima de 12 meses de ida- caneca de fundo escuro ou da caneca
de aplica-se 1 (uma) dose anual. telada em todas as vacas e em todas as

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 57


tetas, avaliando a incidência da mamite dição corporal para as vacas pode ser
clínica. Para a mamite subclínica, deve estabelecido em:
ser realizado o CMT (“teste da raque-
te”), em todas a vacas, em todas as te- 1- muito magra; 2 – magra;
tas, uma vez por mês. 3 – moderada; 4 – boa e 5 – gorda.
Em qualquer ocasião que haja pre-
visão de compra de animais, deverá ser Fêmeas nas condições 1 e 2 geral-
exigido pelo produtor o atestado sani- mente estão em anestro (atividade cí-
tário dos animais a serem adquiridos, clica ovariana paralisada – fêmeas não
particularmente para a brucelose e a manifestam o cio); animais em 3 e 4
tuberculose. estão em boa condição corporal para a
Um bom referencial para se mensu- manifestação do cio e prenhez; na con-
rar e orientar o manejo sanitário de um dição 5, os animais estão excessivamen-
rebanho pode ser dado pelo percentual te gordos e podem apresentar proble-
de mortalidade nas diversas categorias mas metabólicos e reprodutivos.
do rebanho. Esse percentual pode ser
assim estabelecido:

• animais de 0 a 12 meses: até 3%;


• animais de 13 a 24 meses: até 2%;
• animais acima de 25 meses: até 1%.

Toda intervenção ou prática que


exija a recomendação do uso de pro-
dutos veterinários no rebanho, somen- Condição corporal: magra

te devem ser feitas sob a orientação de


médicos veterinários habilitados.

MANEJO REPRODUTIVO DO
REBANHO
A condição corporal dos animais,
particularmente das vacas, é um ótimo
indicativo para a avaliação do manejo
alimentar do rebanho, estando direta-
mente relacionada ao desempenho re-
produtivo das vacas. O escore da con- Condição corporal: moderada

58 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


Eventos reprodutivos, como: a
manifestação de cios, ocorrência de
abortos, repetição de cios; falta de ma-
nifestação de cios sem gestação e, natu-
ralmente, os partos, devem ser rotinei-
ramente observados e anotados.
De forma complementar aos even-
tos reprodutivos, o período de lactação
também precisa ser rigorosamente ob-
Condição corporal: boa servado e mensurado. O período de lac-
tação ideal é o de 300 dias, ou seja, 10
Para novilhas mestiças “holandês x meses de lactação. Via de regra, vacas
zebu - HZ”, o ideal é que fiquem prenhes com maior grau de pureza racial euro-
até os 24 meses, com o primeiro parto peia e em boas condições de manejo
ocorrendo até os 34 meses de idade. tendem a se aproximar ou atingir esse
Da mesma forma é desejável que a período. Vacas mestiças, geralmente,
vaca fique prenhe até 90 dias após cada apresentam períodos de lactação infe-
parto, propiciando-lhe intervalos de riores, mais próximos aos 270 dias. A
parto de 12 a 13 meses, com o tempo anotação do dia do parto e do dia de
decorrido entre um parto e uma nova secagem da vaca delimita o seu perío-
prenhez variando de 80 a 110 dias (pe- do de lactação. Associado ao período de
ríodo de serviço). Esta combinação re- lactação está, também, a persistência da
sulta em elevada eficiência reprodutiva, lactação, ou seja, a capacidade da vaca
expressa na taxa de parição do rebanho em manter elevado o nível de produção
(menor intervalo de partos corresponde de leite, tendo como referência o seu
à maior taxa de parição). pico de lactação. Quanto maior for esta
Embora o intervalo de partos seja capacidade, maior será a chamada per-
o índice mais usado para avaliar a efi- sistência da lactação.
ciência reprodutiva em uma proprieda- A combinação entre a média do in-
de, esta eficiência não pode ser avaliada tervalo de partos e a média do período
apenas por um índice. O número de ser- de lactação das vacas de um rebanho é
viços (monta natural controlada ou inse- determinante para se definir o percentu-
minação artificial) por concepção é outra al de vacas em lactação deste rebanho.
medida que pode ser adotada. De forma A melhor referência para essa combina-
prática é desejável que a quantidade de ção é o percentual de vacas em lacta-
montas ou de doses de sêmen para ga- ção em, aproximadamente, 83%, o que
rantir uma gestação seja inferior a 1,7. corresponde a um rebanho com média

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 59


de intervalo de partos de 12 meses e pe- nha um momento de bem-estar para os
ríodo de lactação de 300 dias ou 10 me- animais. Alguns procedimentos natural-
ses. Em rebanhos mestiços “HZ”, é mais mente serão diferenciados em função
comum verificar a duração da lactação da forma como ela será feita – manual
em períodos menores, entorno de 9 ou mecânica:
meses, porém com uma maior eficiência
a) Ordenha manual
reprodutiva expressa por intervalos de
Ao contrário do que pode parecer,
partos menores, mais próximos dos 12
na ordenha manual é possível obter lei-
meses. Nessa combinação, o percentual
te em boas condições de higiene e com
de lactação do rebanho seria de 75%.
ótima qualidade. Basta que sejam obe-
A condição sanitária, a eficiência
decidos alguns procedimentos corretos
reprodutiva e a produção de leite de
e apropriados a esta forma de ordenha:
uma vaca são parâmetros orientadores
para a sua manutenção ou seu descarte
em um rebanho. Em um rebanho co- Na ordenha manual deve ser des-
mercial, é recomendável uma taxa anual tacada a higiene pessoal do ordenha-
de substituição de vacas (descarte com dor, particularmente a higienização
reposição) de 10 a 20%. das mãos, em função do contato dire-
to destas com as tetas do animal. Por-
MANEJO DA ORDENHA E tanto, o ordenhador deverá lavar as
QUALIDADE DO LEITE mãos com água e sabão e enxugá-las
O leite a ser produzido e comercia- com toalhas de papel antes de iniciar a
lizado deve obedecer rigorosamente aos ordenha.
critérios de qualidade estabelecidos pela
Instrução Normativa nº 62, do Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
mento.
A limpeza das instalações, com a
raspagem diária do curral e aplicação do
“manejo do monte”, a higiene pessoal
de quem faz a ordenha e a limpeza e hi-
gienização de utensílios e equipamentos
vão fazer a diferença qualitativa do leite
produzido.
A ordenha, como prática rotineira
na propriedade, deve ser feita sempre
buscando fazer do momento da orde-

60 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


1 – em caso de ordenha manual 3 – lavar somente as tetas com
com bezerro ao pé, após “pear” a vaca água limpa e, se possível, corrente;
e antes de colocar o bezerro para apojar,
devem-se retirar os três primeiros jatos
de leite de cada teta em uma caneca te-
lada ou de fundo escuro. Este procedi-
mento é utilizado para verificar se a vaca
tem mamite clínica. Caso o leite apre-
sente grumos de pus, isso é um indicati-
vo da presença de colônias de bactérias
instaladas no úbere da vaca, desenca-
deando um quadro clínico de mamite.
4 - desinfetar as tetas (pré-dipping)
Sendo assim, a vaca deve ser ordenhada
com solução clorada, facilmente encon-
separadamente, e o leite do quarto afe-
trada nas casas comerciais;
tado não deve ser aproveitado.

5 – secar as tetas com toalhas de


2 – deixar o bezerro apojar, estimu- papel, 30 segundos após o pré-dipping
lando a descida do leite, retirando-o em – não se recomenda o uso de toalhas
seguida; de pano;

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 61


mentação no cocho, evitando que ela
se deite imediatamente após a ordenha,
pondo em risco a contaminação do ca-
nal do teto.

ATENÇÃO: O pré e o pós-di-


pping (mergulhar as tetas em solu-
ções cloradas, antes da ordenha, ou
iodadas, após a ordenha) são im-
6 – iniciar a ordenha com as tetas
portantes medidas na prevenção da
limpas e secas;
mamite.

b) Ordenha mecânica

A ordenha mecânica caracteriza-


-se por proporcionar maiores condições
para higiene, agilidade e otimização na
obtenção de leite de qualidade. No en-
tanto, da mesma forma que para a or-
denha manual, na ordenha mecânica
7 – após o término da ordenha, rea- alguns cuidados adequados a ela devem
lizar o pós-dipping com solução de iodo, ser obedecidos:
cobrindo todo o teto. Caso os bezerros
sejam deixados com as vacas após a or-
denha, essa etapa não é necessária;

1 – retirar os três primeiros jatos


de leite de cada teta em caneca telada
8 – propiciar condições que pos- ou de fundo escuro, com os objetivos
sibilitem manter a vaca de pé após a de detectar mamite clínica e, também,
ordenha, como o fornecimento de ali- estimular a descida do leite;

62 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


5 – colocar as teteiras ajustando-as
para reduzir o risco de contaminação do
2 – lavar somente as tetas com
leite com a sucção de impurezas locali-
água limpa e, se possível, corrente;
zadas próximas da boca da teteira e evi-
tar que se desprendam e caiam;

3 – desinfetar as tetas (pré-dipping)


imergindo-as em solução clorada, facil- 6 – retirar as teteiras tão logo termi-
mente encontrada nas casas comerciais; ne o fluxo de leite, evitando o excesso
de pressão, responsável por causar le-
sões no esfíncter da teta;

4 – secar as tetas com toalhas de


papel, 30 segundos após o pré-dipping
– não se recomenda o uso de toalhas 7 – fazer o pós-dipping com solu-
de pano; ção de iodo.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 63


Uma vez por mês, proceder ao tes- para que o produtor conheça suas vacas
te CMT para avaliação da incidência de e possa orientar os cruzamentos no re-
células somáticas e de mamite subclínica banho, buscando a adequação genéti-
no rebanho de vacas. ca do rebanho ao sistema de produção
Adotar a seguinte sequência para a adotado.
ordenha: As anotações de alguns dados
constituem fundamental importância
• ordenhar inicialmente as vacas de para a análise e tomada de decisão pelo
primeira cria e aquelas que nunca produtor na sua atividade, como:
tiveram mamite;
• data de cio/cobertura e a
• em seguida, as vacas que já tiveram consequente previsão de partos;
mamite e foram tratadas e curadas; • data de parto;
• finalmente ordenhar as vacas em • data de secagem;
tratamento.
• produção média diária das vacas (em
O uso ou o tratamento com oxito- lactação e do rebanho);
cina exógena como estímulo à “desci-
• produção de silagem ou de cana-de-
da do leite” deve ser cuidadosamente
açúcar por área;
planejado e apenas deve ser utiliza-
do em “vacas problema” e quando • consumo de silagem; consumo de
a saúde da glândula mamária estiver cana;
em perigo, pela grande quantidade de • consumo de ração concentrada;
leite residual restante no úbere após a
• aquisição de insumos;
ordenha.
• venda de produtos.
GESTÃO DA ATIVIDADE Ressalta-se, ainda, que dados e
A realização do controle leiteiro informações registrados são elementos
mensal cumpre diversas funções, como indispensáveis na elaboração, na execu-
o conhecimento do desempenho produ- ção e na avaliação de projetos técnicos
tivo das vacas durante as suas lactações, agropecuários.
a persistência da lactação e o momento Uma breve análise da atividade
de secagem de cada animal. Possibilita pode ser feita a partir de perguntas dire-
ainda o estabelecimento de grupos de tas feitas pelo técnico, com dados pron-
animais, por faixa de produção, para o tamente disponíveis pelo produtor. A
fornecimento racional de ração concen- título de exemplificação, é apresentado
trada. Finalmente, é o ponto de partida o roteiro a seguir:

64 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


• Qual a produção média diária de Portanto:
leite? 96 litros. (Apenas como uma 18 sacos x 40 kg = 720 kg de ra-
referência inicial, pode-se considerar ção/mês;
a produção de leite no dia da visita a relação litros de leite produzido
do técnico à propriedade.) por kg de ração concentrada consumida
Portanto a produção média de leite é de 2.928 litros / 720 kg = 4,0 litros de
no mês pode ser estimada em 96 litros/ leite produzidos para cada kg de ração
dia x 30,5 dias, que será de 2.928 litros concentrada fornecido.
por mês, e de 35.040 litros por ano (96
litros x 365 dias). • Qual o preço recebido pelo litro de
• Qual o total de vacas do rebanho? leite vendido? R$ 1,05.
30 vacas. • Qual o preço pago no kg da ração
concentrada? R$ 1,00.
• Quantas vacas estão sendo
ordenhadas no dia? 16 vacas.
Total recebido pelo leite comercia-
Portanto: lizado no ano: 35.040 litros produzidos
• o percentual de vacas em lactação, x R$ 1,05 (valor médio recebido) = R$
36.792,00.
naquele dia, é de: 16 x 100 / 30 =
Total gasto na compra de ração
53%
concentrada no ano: 720 kg/mês x 12
• a produção diária por vaca meses = 8.640 kg x R$ 1,00/kg = R$
ordenhada é de 6 litros; 8.640,00.
Portanto apenas a ração concentra-
• a produção diária por vaca total é de
da impacta o correspondente a 23,4%
3,2 litros.
da receita anual recebida na comercia-
• Qual é a área utilizada na atividade lização do leite, ou, em “moeda” do
de bovinocultura (pastagem + produtor, dos 35.040 litros de leite que
canavial + cultivo de milho ou sorgo ele produziu no ano, gastou 8.228 litros
para silagem + outras...)? 30 ha. apenas para custear a ração concentra-
da.
Portanto a produtividade por área
Outro ponto a cada dia mais críti-
da atividade é de 1.168 litros por hec-
co na condução da atividade é a mão
tare/ano.
de obra, quanto à sua disponibilidade,
• Quantos sacos de concentrado (40 seu custo e sua eficiência. Se, no caso,
kg) são consumidos pelas vacas em a mão de obra existente para o manejo
lactação, por mês? 18 sacos. de rotina da atividade é apenas o pró-

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 65


prio produtor, isso implica que é gasto mente x silagem; etc.), há uma possi-
1,0 dia homem (dh), para produzir 96 bilidade de maior eficiência da mão de
litros de leite, ou 365 dias homem, para obra.
produzir 35.040 litros/ano. Isso gera Com essas sete perguntas feitas
um coeficiente técnico de 0,0104 dh/ ao produtor ou observações direta-
litro de leite produzido (365 / 35.040 = mente feitas pelo técnico e com os
0,0104). dados possíveis de ser prontamente
Considerando a evolução do siste- respondidos pelo produtor, é possível
ma, com o produtor passando a produ- iniciar uma análise conjunta de sua ati-
zir, por exemplo, 552 litros/dia, porém vidade.
permanecendo este coeficiente técnico, A partir daí, o técnico começa a
ele precisaria de 5,7 dias homem para identificar os pontos para a sua inter-
esta produção (552 litros/dia X 0,0104 venção:
dh/l = 5,7 dh). • é possível elevar o percentual de
No entanto, caso o produtor esta- vacas em lactação do rebanho?
beleça como meta uma maior eficiência
da mão de obra, por exemplo, em 20% • como está o intervalo de partos das
a cada ano da evolução do sistema de vacas do rebanho?
produção, o coeficiente técnico, neste • e a condição das pastagens? É
caso, será reduzido anualmente, tam- possível elevar a taxa de lotação
bém, em 20%: 0,0104 X 0,80 = 0,0083. e a produção de leite por área de
Assim, o produtor precisará, para pro- pastagem?
duzir os 261 litros/dia no segundo ano,
• é possível aumentar a produção
de 2,2 dias homem (261 litros X 0,0083
de volumoso e melhorar o seu
= 2,2 dias homem), e para os 552 litros
fornecimento, racionalizando o
de leite/dia, no terceiro ano, de 3,6 dias
consumo da ração concentrada?
homem (552 litros X 0,0066 = 3,6 dias
homem). O quadro a seguir serve como refe-
Portanto o indicador de produti- rência à evolução possível de se obter na
vidade da mão de obra que era de 96 propriedade, de A1 para A3, a partir do
litros por 1 dia homem passou a ser de conhecimento dos dados e da atividade
153 litros por dia homem. e dos índices zootécnicos do rebanho,
Obviamente que, na medida em das intervenções técnicas a serem feitas
que se automatiza e ou se intensifica a e da gestão a ser exercida na atividade,
atividade (ordenha mecânica x ordenha refletindo na produção de leite, na re-
manual; cana-de-açúcar picada diaria- ceita e no seu saldo parcial.

66 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


Evolução
Indicadores Unidade
A1 A2 A3
Área de pastagem para as vacas ha 30 30 30
1. Lotação das pastagens vacas/ha 1,0 1,5 2,0
- Total de vacas nº cabeças 30 45 60
2. Intervalo de partos meses 15 14 13
- Partos no ano nº 24 39 55
3. Duração da lactação meses 8 9 10
- Vacas em lactação % 53 64 77
4. Produção por vaca ordenhada litros/dia 6 9 12
- Produção de leite Litros/dia 96 261 552
RECEITA COM VENDA DE LEITE R$/mês 3.074,40 8.358,52 17.677,80
5. Relação leite produzido/
concentrado consumido litros/kg 6 5 4
DESPESA COM CONCENTRADO R$/mês 488,00 1.592,10 4.209,00
litros/dia
6. Produtividade da mão de obra homem 96 119 153
DESPESA COM MÃO DE OBRA R$/mês 1.220,00 2.684,00 4.392,00
SALDO PARCIAL R$/mês 1.366,40 4.082,42 9.076,80
Valores considerados: preço do leite – R$/l 1,05; kg do concentrado – R$/kg
1,00; dia homem – R$ 40,00
Fonte: Adaptado de COSTA, 1995.

Assim, em função da realidade ve- nos dois principais centros de custo


rificada e das metas desejadas e exe- da atividade e portanto em pontos
quíveis, técnico e produtor procederão estratégicos para uma intervenção
aos ajustes técnicos e gerenciais a serem técnica.
feitos na propriedade para a consecução Inicia-se a partir de dados obtidos,
das metas estabelecidas. como os exemplificados, a motivação
Vale observar que as despesas do produtor para o registro de dados e
com concentrado e com mão de obra anotações para a gestão da atividade,
totalizam próximo de 50% da recei- podendo para isso ser utilizadas fichas,
ta de venda do leite, constituindo-se cadernos, cartazes, etc.

Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 67


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68 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista


Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista 69
Ciências
Agrárias

70 Manual de Bovinocultura para a Ação Extensionista

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