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Raças

Vacas Mestiças

Cerca de 70% da produção de leite no Brasil provém de vacas mestiças Holandês-Zebu.


Na pecuária leiteira, considera-se gado mestiço aqueles animais derivados do cruzamento de
uma raça pura de origem européia e que seja especializada na produção de leite (Holandesa,
Pardo-Suíça, Jersey, etc.), com uma raça de origem indiana, uma das várias que formam o
grupo Zebú (Gir, Guzerá, Indubrasil, Sindi ou Nelore). A raça Holandesa predomina nos
cruzamentos, sendo o mais comum o de Holandês com o Gir, mais conhecido como
"Girolando". Há também o ‘Guzolando’, resultado do cruzamento de Holandês com Guzerá e já
há alguns produtores fazendo o ‘’Nerolando’, que é o cruzamento do Holandês com o Nelore.

Quando se cruza uma vaca F1 com um touro Holandês puro, obtém-se o ¾ HZ. Ao cruzar as
fêmeas ¾ HZ com touro Holandês, tem-se o 7/8 HZ. Cruzando-se as fêmeas 7/8 HZ com touro
Holandês puro, obtêm-se o 15/16 HZ. Se continuar cruzando com touro Holandês P.O., vai
apurando a raça Holandesa, até obter os puros por cruza ou PC.

Pesquisa realizada durante mais de 15 anos pela Embrapa Gado de Leite mostrou que a
perfomance de cada cruzamento é variável com a tecnologia adotada nas fazendas. Nas
propriedades com melhor nível de manejo, as vacas mais holandesadas (3/4 HZ; 7/8 HZ e H)
foram as mais produtivas. Nas fazendas mais simples, onde se emprega menos tecnologia, as
vacas mais azebuadas foram as mais produtivas, exceto as 5/8 HZ, conforme se pode ver na
Tabela 2. Isto porque não se considerou a seleção, ou seja, não foram usados touros mestiços
provados, pois eles não estavam e ainda não estão disponíveis no mercado. Em qualquer
caso, as vacas mais azebuadas foram as mais resistentes a ectoparasitas (Tabela 1), as mais
pesadas e as mais longevas.

Teoricamente, quanto mais puxada para o lado do Holandês, mais leite a vaca vai dar, porque a
raça Holandesa tem maior especialização leiteira do que as zebuínas (Veja Tabela 2). Mas
também quanto mais holandesado o rebanho mais exigente em trato, mais susceptível a
carrapato (Tabela 1), mais sensível ao calor, os animais têm dificuldade em subir morros muito
altos para pastar, etc. Também, após o grau de sangue ¾ HZ, os machos não são bons para
serem criados e recriados para corte.

Nas fazendas com melhor manejo, a produção de leite (litros/vaca/dia) é bastante semelhante
entre vacas mestiças com graus de sangue 1/2 HZ ,3/4 HZ, 7/8 HZ e 15/16 HZ. As mais
holandesadas são mais produtivas (litros/lactação) porque tem período de lactação maior do
que as mais azebuadas (Tabela 2).

Para manter o rebanho mestiço, o mais apropriado é cruzar as vacas 15/16 HZ com um touro
Zebú de boa genética, e preferencialmente Gir leiteiro ou Guzerá provado para leite, voltando o
gado para próximo do meio-sangue. Neste caso, os filhos desse cruzamento terão 47% de
genética (sangue) Holandesa e 53% de Zebú.

Ao se cruzar vacas 7/8 ou 15/16 HZ com touro Zebu volta-se muito o gado e pode ocorrer
casos de vacas com lactação curta ou que não desça o leite sem o bezerro ao pé, mas nada
que não se resolva com uma pequena seleção ou descarte.
Tabela 1. Infestações por ecto e endoparasitos em novilhas de seis graus de sangue H-Z .

GRAU DE MÉDIA DE MÉDIA DE MÉDIA DE


SANGUE CARRAPATO COOPÉRIAS BERNES
S
¼ 44 11.917 4,18
½ 71 4.861 4,34
5/8 151 14.610 3,94
¾ 223 26.115 8,77
7/8 282 26.422 7,28
H 501 21.938 8,43

Fonte: Lemos et al., 1993.

Tabela 2. Características de primeira lactação, em animais de seis graus de sangue H-Z, em


fazendas de dois níveis de manejo.

Nível alto Nível baixo


Grau Duração Produção Produção deProdução Duração da Produção Produção deProdução de
da lactaçãode leite (kg) Gordura (kg) de proteínalactação de leite gordura (kg) proteína (kg)
de (dias) (kg) (dias) (kg)
sangue
¼ 211 1396 55 48 268 1180 54 40
½ 305 2953 132 100 375 2636 114 83
5/8 191 1401 46 43 283 1423 59 45
¾ 329 2981 121 94 367 2251 94 70
7/8 295 2821 104 84 304 1672 66 51
H 365 3147 113 93 258 1226 49 38

Fonte: Madalena et al., 1990.

Heterose ou Vigor Híbrido

O objetivo do cruzamento é obter um melhoramento genético rápido, reunindo em um só


animal as boas características de duas ou mais raças, aproveitando-se a heterose ou vigor
híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais
vigor ou maior produção) do que a média dos pais. A heterose é mais pronunciada quanto mais
divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento.
Existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite
variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre as raças Holandesa e Zebú. A heterose
afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é máxima nos
animais F1 ou de ‘primeira cruza’. O F1 reúne as boas características de ambos os
progenitores. No caso do cruzamento de vaca Gir com touro Holandês P.O., as fêmeas F1 vão
apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês) do
que a Gir, e maior resistência a ectoparasitas (Veja Tabela-1), mais tolerância ao calor e maior
rusticidade do que o Holandês. A performance (produção) do indivíduo F1 vai depender da
qualidade genética dos progenitores (do touro e da vaca). Assim, existem bons e maus animais
F1 (ou meio-sangue), refletindo a qualidade genética do touro e da vaca envolvidos no
cruzamento. Portanto, é importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles
européus ou Zebus.

Até início dos anos 90, a recomendação para se obter F1 era cruzando vacas Gir com touros
Holandês P.O. Isto porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era relativamente de
baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas
Holandesas de maior valor. Desde 1993 dispõe-se de touros Gir leiteiro provados para
produção de leite. Também, as vacas Holandesas não estão com preço muito elevado,
enquanto a população de Gir diminuiu. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas
Gir com touro Holandês, como o cruzamento recíproco, vacas Holandesas com touro Gir.
Geneticamente a qualidade do F1 é a mesma, com o mesmo potencial de produção de leite.
Pode haver efeito materno no tamanho dos animais F1, sendo os filhos das vacas Holandesas
maiores.

Absorção por uma raça européia especializada

Consiste na utilização contínua de touros europeus de uma raça especializada na produção de


leite até atingir o puro por cruza ou PC, podendo-se absorver para qualquer raça européia pura.
Entretanto, a raça Holandesa, por ser a mais conhecida e difundida, dada a sua alta produção,
é a mais utilizada.

Absorção por Holandês:

As fêmeas F1 e suas descendentes (filhas, netas, bisnetas etc), são cruzadas seguidamente
com touro Holandês P.O. até obtenção de animais puros por cruza ou PC. É um esquema
indicado para produtores de melhor nível tecnológico.

Cruzamento alternado simples Europeu x Zebu (E-Z):

Pode-se utilizar qualquer raça européia pura, mas na prática o mais usado é a Holandesa,
transformando o esquema em cruzamento alternado simples Holandês x Zebú (H x Z).
Neste esquema se alternam as raças paternas (touros) a cada geração, obtendo-se animais
com aproximadamente 3/4 Holandês + 1/4 Zebú e na próxima geração 3/4 Zebú + 1/4
Holandês (HZ).As raças de Zebú mais usadas são a Gir e a Guzerá.

É um esquema bom para pequenos produtores, que desejam produzir leite a pasto e recriar os
machos para corte. Porém, pode ser mais caro para os pequenos produtores, pela necessidade
de se manter dois touros na propriedade, um Holandês e um Zebú. Isto é facilitado onde a
inseminação artificial é uma prática usual.

Cruzamento alternado com repetição do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z):

No caso do (E-E-Z) repete-se uma raça européia por duas gerações seguidas, obtendo-se
animais com aproximadamente 7/8 Europeu + 1/8 Zebú e retorna com a outra, no caso a Zebú,

No caso do (E-E-E-Z), repete-se o touro europeu por três vezes obtendo-se animais com até
15/16 (E) + 1/16 Z, e retorna com touro Zebú, podendo ser um esquema bom se as condições
de manejo e alimentação forem satisfatórias. Neste sistema a Holandesa é a raça européia
mais utilizada, transformando o esquema em (H-H-Z) ou (H-H-H-Z), sendo este último utilizado
no Sistema Intensivo de Produção de Leite à Pasto da Embrapa Gado de Leite, em Coronel
Pacheco – MG, que funciona com bons resultados desde 1977. Na prática este esquema
funciona da seguinte maneira: as fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês por duas
gerações seguidas, obtendo-se ¾ HZ e depois o 7/8 HZ. Depois, utiliza-se touro Zebú (Gir ou
Guzerá) para cruzar as vacas 7/8 HZ voltando o gado para próximo do meio- sangue. Os
produtores de melhor nível tecnológico podem utilizar touro Holandês por três gerações
seguidas até obtenção de 15/16 HZ, quando então deve utilizar um touro Zebú para voltar o
gado. Assim como o touro Holandês, recomenda-se também utilizar touro Zebú provado para
leite, Gir ou Guzerá, para obtenção de melhores animais cruzados.

Ao se cruzar vacas 7/8 HZ ou 15/16 HZ com touro Zebú, voltando o gado para próximo do
meio-sangue, pode ocorrer casos de vacas com lactação curta ou que não desça o leite sem
o bezerro ao pé. Neste caso o produtor deverá fazer alguma seleção para eliminar do rebanho
as fêmeas com lactação curta, (por exemplo, vacas com lactação menor que 250 dias deverão
ser descartadas) ou que não se adaptem à ordenha mecânica (não dar leite sem o bezerro).
Também, novilhas de primeira cria com lactação baixa (por exemplo, abaixo de 1800
litros/lactação) devem ser descartadas. Isto permite um melhoramento genético do rebanho,
aumentando a produtividade média da fazenda.

Um problema que ocorre nesse sistema é a falta de padronização racial no rebanho, havendo
vacas mais azebuadas e outras mais holandesadas, o que dificulta as práticas de manejo,
principalmente no que tange ao controle de ectoparasitas, ao estresse de calor, manejo de
ordenha com ou sem bezerro, etc.

Formação de uma nova raça sintética

Para fixação de uma nova raça, é necessário o acasalamento entre touros e vacas mestiças,
geralmente de um mesmo grau de sangue, por exemplo, bimestiço Girolando, que é o 5/8 HZ.

A partir do F1 pode-se obter o girolando ou 5/8 H + 3/8 Gir, como demonstrado nos diagramas I
e II, fixando o grau de sangue da nova raça.

Na tentativa de obter e fixar uma raça leiteira tropical, o Mapa, por intermédio da Portaria 079,
de 7 de fevereiro de 1996, oficializou a criação da raça “Girolando”, que é o cruzamento do
Holandês com Gir, tendo 5/8 de “sangue” Holandês + 3/8 de Gir. A Associação Brasileira de
Criadores de Girolando, sigla “Girolando”, é a Entidade Oficial encarregada do Registro
Genealógico, tendo como finalidade incrementar a criação da raça Girolando. Um gado leiteiro
produtivo e padronizado, adaptado à região tropical e subtropical. A sede da “Girolando” fica em
Uberaba, MG.

O diagrama I ilustra a estratégia de cruzamento mais comum utilizada para obtenção do


gado Girolando. Touros P.O. da raça Holandesa, de preferência provados para leite, são
cruzados com vacas Gir, obtendo-se o F1. As fêmeas F1 são cruzadas com touro Gir tembém
provado, obtendo-se o ¼ H + ¾ G. As fêmeas ¼ H + ¾ G são então cruzadas com touro
Holandês P.O. obtendo-se animais 5/8 H + 3/8 G, que acasalados entre si formam o bimestiço
que se pretende fixar como raça pura, adaptada aos trópicos. Para implementar este
esquema, estão disponíveis no mercado touros Holandês P.O e Gir leiteiro P.O. provados (pelo
teste de progênie) para produção de leite.

Outra opção para obter animais bimestiços é cruzar touro Holandês P.O. com vacas Gir,
obtendo-se o F1. As fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se as ¾ H + ¼
Gir. As fêmeas ¾ H + ¼ G são então cruzadas com touros ½ HG (F1), ou o inverso, fêmeas
1/2 HZ cruzados com touro 3/4 HZ, obtendo-se o 5/8 H + 3/8 G. O problema neste esquema é
que não se dispõe de touros meio-sangue, e nem touros 3/4 HZ, provados para leite. Neste
caso o melhor é escolher o touro pelo “pedigree” e pela produção da mãe.

A Associação Girolando aceita o uso de touros 5/8H + 3/8 G para cruzar com vacas ¾ H + ¼
G, visando formar um grupamento de animais próximo ao grau de sangue desejado de 5/8 H +
3/8 G, (4,5 de H + 3,5/8 de G), conforme demonstrado no diagrama II.

Estratégia de Cruzamento
Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Girolando.

Após atingir o grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, o rebanho deve ser estabilizado,
utilizando-se touros 5/8 H + 3/8 G, mantendo-se assim o bimestiço Girolando . Este é o
exemplo clássico de estabilização de raças bimestiças em todo o mundo. Isto será acelerado
após dispor de touros 5/8 H + 3/8 G provados para leite. Com o processo de seleção, a raça
poderá aumentar sua média de produção de leite.

O tempo requerido para estabilizar a raça Girolando em 5/8 H + 3/8 G é considerável, no


mínimo de 10 a 15 anos. Para acelerar este processo, o produtor poderá adquirir fêmeas ¾ H
+ 1/4 G e cruzá-las com touro ½ HG, ou fêmeas 1/2 HG cruzadas com touro 3/4 HG. Fêmeas
¼ H + ¾ G têm pouca disponibilidade no mercado, mas cruzadas com touro Holandês P.O. vai
dar o 5/8 H + 3/8 G, como no diagrama 1.

Atualmente a Associação Girolando, em convênio com a Embrapa Gado de Leite, tendo


como parceiros diversas instituições nacionais, executa um programa de teste de progênie de
touros, nos graus de sangue ¾H G e 5/8 H G. Os produtores interessados em participar deste
programa devem contactar a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, no endereço:
A.B.C. Girolando – Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 – Caixa Postal 493, CEP 38040-280,
Uberaba – MG – Fone /Fax: (34) 3336-3111, e-mail: girolando@mednet.com.br.
Utilização de Vacas ½ sangue Holandês-Zebú ou uso do F1

Um rebanho leiteiro de animais F1 explora ao máximo a Heterose ou vigor híbrido entre as


raças Holandesa e Zebú. São animais rústicos, com boa resistência a carrapatos (Tabela 1) e
ao calor, bom porte, boa produção leiteira, bem valorizada no mercado. Os machos F1 são
bons para corte. O produtor de leite pode optar por comprar fêmeas F1 no mercado ou dispor
de um rebanho de vacas Zebu para fazer o F1, para reposição anual de 20% a 25% do seu
rebanho.

Em pesquisa realizada pela Embrapa Gado de Leite, os animais 1/2 HZ ou (F1) apresentaram
desempenho superior aos de outros cruzamentos, nas condições predominantes de manejo na
região, conforme se nota na Tabela 2, sendo portanto uma alternativa recomendável para as
mesmas.

Dispondo-se de animais F1, vários esquemas de cruzamentos são possíveis:

Cruzamento com Holandês e Venda de Fêmeas ¾ HZ:

As fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se o 3/4 H + 1/4 Z. As fêmeas
¾ HZ são boas produtoras de leite, porém são mais exigentes em trato do que as F1 e são
mais sensíveis a carrapatos e ao calor. Produtores que não desejam manter as fêmeas ¾ HZ
no rebanho leiteiro, poderão recriá-las e cruzá-las (ou inseminar) em julho e agosto, de modo a
parirem em abril e maio do ano seguinte, quando serão vendidas a bom preço, já que são
animais muito valorizados no mercado brasileiro. O rebanho leiteiro seria formado apenas por
vacas F1, fazendo-se a reposição anual sempre com fêmeas F1.

Cruzamento Terminal:

As fêmeas F1 são cruzadas com touros de raças de corte, como Nelore, Canchim, Tabapuã,
Guzerá, etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas. Neste caso, o
produtor obtém uma boa renda com a venda de animais para corte, mas deverá adqüirir as
fêmeas F1 ou ter um rebanho de vacas Zebu (Gir ou Guzerá) para produzir as fêmeas F1 na
própria fazenda. No caso de se utilizar touro Guzerá, de preferência provado para leite, poderá
vender as novilhas 3/4 HZ para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vendê-las
para abate.

Este é o esquema conhecido como ”vaca de leite, bezerro de corte”. Uma vaca F1 de boa
genética, mantida em pasto de boa qualidade e mais o uso de 1 a 2 kg de
concentrado/vaca/dia, pode produzir uma média de oito litros de leite por dia, em lactação de
300 dias. Neste caso têm-se 2400 litros de leite para venda, o que rende cerca de R$
720,00/ano (2400 litros x R$ 0,30). Se considerar o bezerro criado ao pé da vaca, pode-se ter
uma renda de R$ 1.000.00 por vaca/ano. Nenhuma vaca de corte rende tanto, exceto as de
genética de ponta.

Rebanho F1 e ¾ HZ:

Neste caso, o produtor também poderá optar por cruzar as fêmeas F1 com um touro Holandês,
obtendo as ¾ HZ e aproveitando os machos ¾ HZ para corte, fazendo a cria e recria
dependendo da disponibilidade de pastagem, ou vendendo os bezerros no mercado local. As
fêmeas ¾ HZ poderão ser cruzadas com touros de raças de corte, (Nelore, Canchim,
Tabapuã, Guzerá, etc.) e destinando para abate tanto os machos como as fêmeas, repetindo o
bordão “vaca de leite, bezerro de corte”. Neste caso o rebanho leiteiro é formado por vacas F1
e ¾ HZ. De vez em quando, o produtor deverá adquirir fêmeas F1 para repor até 30% das F1,
selecionando no próprio rebanho as fêmeas para repor as ¾ HZ.

Uso de vacas 3/4 HZ:

As vacas ¾ HZ são boas produtoras de leite e não tem tanto problema de carrapatos como as
mais holandesadas. Assim, muitos produtores preferem produzir leite só com rebanho de vacas
¾HZ.

As fêmeas ¾ HZ podem ser cruzadas com touros de raças de corte, como Nelore, Canchim,
Tabapuã, Guzerá, etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas. Neste caso,
o produtor obtém uma boa renda com a venda de animais para corte, mas deverá adqüirir as
fêmeas ¾ HZ no mercado regional. No caso de se utilizar touro Guzerá, poderá vender as
novilhas (filhas das vacas ¾HZ) para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vendê-
las para abate. Este esquema retorna ao conhecido ”vaca de leite, bezerro de corte”.

Cruzamento Triplo ou “Tricross”:

Consiste na utilização de uma segunda raça européia, geralmente a Pardo-Suíça, a Jersey ou


Simental, nos cruzamentos com animais Holandês X Zebu, obtendo-se animais denominados
“tricross”, mantendo-se um bom nível de heterose.

Embora não se disponha de muitos resultados de pesquisa no Brasil, é tecnicamente


recomendável que as fêmeas HZ sejam cruzadas com touro Jersey, para obtenção do tricross,
mantendo-se o vigor híbrido. Se as fêmeas são F1, as crias serão 50% Jersey, 25% Zebu ( Gir
ou Guzerá ) e 25% Holandês, com os machos de baixo valor como animais de corte. As fêmeas
são muito valorizadas porque o Jersey transmite precocidade, alta fertilidade, docilidade,
longevidade, além de que as fêmeas são menores, possibilitando criar maior número de
animais por hectare. Também, a Jersey corrige muitos problemas de teto e úbere, além de que
as vacas tricross produzem leite com maior teor de sólidos totais, que é muito importante para
quem faz queijos.

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