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Questão 1. IPVA.

Em 12 de novembro de 2018, o Estado de Minas Gerais publicou lei para


modificar, para além da inflação, a tabela que estabelece os valores venais dos
veículos – base de cálculo do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA). O fato gerador do tributo, naquela unidade da Federação,
ocorre em 1º de janeiro de cada ano. Em janeiro de 2019, a autoridade
administrativa efetuou o lançamento do tributo, já com base nos valores
modificados.

Diante de tal quadro, responda os itens a seguir, JUSTIFICANDO com base nas
disposições legais e jurisprudência de direito tributário.

A) O Estado de Minas Gerais pode realizar o lançamento do IPVA, em janeiro


de 2019, já com a nova base de cálculo instituída em novembro de 2018?

Resposta:

B) Se a nova lei, publicada em 12 de novembro de 2018, aumentasse a


alíquota incidente sobre a base de cálculo, a majoração passaria a ser
exigível para os fatos geradores ocorridos a partir de qual exercício
inclusive?

Resposta:

Questão 2. ITCD.

Em abril de 2016, 30 dias após o falecimento de Maria, Joana, uma de suas três
filhas, ajuizou ação de inventário e partilha e foi nomeada inventariante do
espólio de sua mãe, composto por dois imóveis. Em julho do mesmo ano, a
alíquota do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) do
Estado de Minas Gerais, onde Maria residia e onde estavam localizados seus
dois imóveis, foi alterada de 4% para 6%.

O Fisco Estadual, dois anos após o ajuizamento da ação de inventário e partilha,


discordando do valor dos bens declarados pela inventariante que atribuiu aos
imóveis o valor venal vigente na data da abertura da sucessão, lançou o ITCMD,
utilizando, como base de cálculo, os valores dos bens arbitrados na data da
avaliação e a alíquota de 6%, então em vigor. A inventariante, após regularmente
notificada do lançamento do tributo e sentindo-se prejudicada pela decisão
desfavorável do Fisco Estadual, decidiu impugnar administrativamente o
lançamento do tributo.

A partir dos fatos apresentados, responda aos itens a seguir, JUSTIFICANDO


com base nas disposições legais e jurisprudência de direito tributário:

A) A atitude do Fisco em cobrar o ITCMD com base na nova alíquota de 6%


está correta?

Resposta: A cobrança do ITCMD com base na nova alíquota de 6% pelo Fisco


Estadual está incorreta, pois conforme entendimento contido no enunciado da
Súmula 112 do Supremo Tribunal Federal: “o imposto de transmissão causa
mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”. No
caso em comento, verifica-se que o momento da abertura da sucessão, ou seja,
o momento de ocorrência da morte de Maria, mãe de Joana, foi no mês de março
de 2016, visto que Joana ajuizou a ação de inventário e partilha no mês de abril
do mesmo ano, 30 dias após o falecimento de Maria. Ainda em conformidade
com previsão contida no art. 144 do CTN, o lançamento do tributo está
condicionado à data de ocorrência do fato gerador da obrigação, devendo ser
regido pela lei que estava em vigência, mesmo que esta venha a ser
posteriormente modificada ou revogada. Nesse sentido, é possível observar que
a alíquota prevista era de 4% no momento da abertura da sucessão, não sendo
cabível ao Fisco Estadual aplicar a alteração que ocorreu dois anos depois da
ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Corroborando com este
entendimento, ainda temos a previsão constitucional do art. 150, inciso III, alínea
“a”, que veda à União, Estado e Distrito Federal a cobrança de tributos em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os
houver instituído ou aumentado.

B) Sobre a base de cálculo, assiste razão à inventariante?

Resposta:

Questão 3. ICMS.
“Recentemente, depois de décadas de enfrentamento e aprofundamento da
crise fiscal dos estados, várias das atuais administrações estaduais vêm
tomando diversas iniciativas para reequilibrar as suas finanças. Neste contexto,
a validade dos dispositivos da Lei Kandir que versam sobre a não tributação das
exportações entraram na mira dos estados que passaram a reivindicar da União
o justo ressarcimento das perdas de receitas de ICMS.”

A partir das aulas de direito tributário, disposições legais e consulta livre,


responda de forma fundamentada e justificada os itens a seguir:

A) Os estados alegam que foram prejudicados com a Lei Kandir, por quê?

Resposta: A Lei Complementar nº. 87/1996, elaborada pelo então ministro do


Planejamento Antonio Kandir, durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso, prevê a isenção do pagamento do ICMS sobre as exportações de
produtos primários, como itens agrícolas, semielaborados ou serviços. A medida
de isenção fiscal tem o objetivo de dar maior competitividade ao produto
brasileiro no mercado internacional. Por conta da desoneração deste tributo de
competência estadual, a lei sempre provocou polêmica entre os governadores e
exportadores, que alegam perda de arrecadação devido à isenção do imposto
nesses produtos.

B) A Lei Kandir contribui para a Guerra Fiscal entre os estados?

Resposta: Configura-se como guerra fiscal a disputa entre os Estados em


conceder incentivos fiscais para atrair investimentos. Esses incentivos são dados
no âmbito do ICMS. Esta prática se dá via concessões de benefícios fiscais,
financeiros e de infraestrutura para as empresas interessadas em investir ou
transferir seus investimentos para o Estado concessor do benefício.

No entanto, essa medida, ao incorporar as novas empresas, gera flagrante


detrimento em face dos outros Estados. E, no momento em que várias unidades
federativas passam a adotar políticas de incentivos e financiamento fiscais,
temos uma ruptura do processo de equidade fiscal entre os membros do grupo
federado, provocando a chamada Guerra Fiscal.

A Lei Kandir não teve êxito em melhorar a competitividade nacional, pois os


avanços previstos na legislação original foram: postergados e nunca adotados
até hoje (como no caso da permissão para créditos de bens de uso e consumo);
alterados e atenuados (caso do crédito integral e imediato do imposto embutido
nos bens de capital adquiridos, que foi posteriormente atrasado para ser
realizado em até 48 meses); e se revelaram insuficientes (como no caso de
assegurar aos contribuintes o aproveitamento de saldos credores acumulados).
A tendência ao acúmulo de créditos que já decorria de um aspecto estrutural do
imposto – a incidência nas transações interestaduais – foi agravado pela Lei
Kandir, que isentou todas as exportações, inclusive dos chamados
semielaborados.

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