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Diplomacia 360 graus – Módulo Atena – Geografia – Aula 01

Prof. João Felipe Ribeiro – 30.07.2018

DINÂMICA DO ESPAÇO AGRÁRIO MUNDIAL (1)

→ Pontos do edital

4- Geografia Agrária.

4.1 Distribuição geográfica da agricultura e pecuária mundiais.

4.2 Estruturação e funcionamento do agronegócio no Brasil e no mundo.

4.3 Estrutura fundiária, uso da terra e relações de produção no campo brasileiro.

Em nosso planeta, a quantidade de terras emersas ultrapassa 150 milhões de km2, que estão distribuídas
em cerca de 200 países. Não será possível, portanto, dominar com detalhes como ocorre a produção
agropecuária ponto por ponto no mundo. Com exceção dos principais países do mundo, como China e
EUA, não será necessária a análise geográfica descritiva das peculiaridades da agropecuária de cada
nação. Em vez disso, serão analisados os sistemas de produção agrária, que se baseiam em certos fatores
de produção.

A. Fatores de produção no meio rural:


- Terra;
- Trabalho; e
- Capital.

Quando a terra é o elemento decisivo, a tendência é que se identifique um sistema extensivo de produção
agropecuária. Uma armadilha conceitual muito comum na Geografia do ensino médio é dizer que o sistema
extensivo está necessariamente ligado à grande propriedade e o sistema intensivo à pequena propriedade.
A lógica de extensividade x intensividade nos espaços agrários está, na verdade, ligada ao uso correto
do potencial desses espaços e à produtividade.

No contexto de um sistema de produção rudimentar, como a velha roça do Brasil, onde se planta para a
subsistência de forma itinerante e sem recursos, a produção será extensiva. Esse sistema utiliza técnicas
rudimentares (o que, diga-se de passagem, não significa ausência de técnica) e nele não há aproveitamento
do potencial de uso do espaço agrário

Já no modelo brasileiro das grandes propriedades de cultivo da soja, no Centro-Oeste, verifica-se um


sistema intensivo de produção. Apesar de o modelo agrário baseado na terra possuir, em geral, sistema
extensivo, hoje em dia o capital permite que exista grande intensividade nessas grandes propriedades. O
capital é territorializado, por meio da tecnologia, permitindo uma produção em maior escala.

O capital dita a intensividade da produção, mas pode haver também uma intensividade maior por área a
partir da exploração de mão-de-obra barata. É o caso da Índia, onde, com menos da metade do território
brasileiro, há mais de 100 milhões de propriedades rurais (enquanto o Brasil tem aproximadamente 5
milhões), em sua grande parte propriedades tão pequenas quanto um quintal. Em países que adotaram
esse modelo no passado e foram enriquecendo, como o Japão e a China, a tendência é que exista cada
vez menos população servindo de mão-de-obra no campo, devido ao fenômeno da urbanização (no caso
do Japão, esse processo já está consolidado) e ao avanço do capital no espaço rural.
Países com grande extensão territorial dificilmente apresentam apenas um sistema de produção agrícola.
O Brasil, por exemplo, possui áreas de roça para a subsistência convivendo simultaneamente com a grande
propriedade do agronegócio e com áreas de cultivo em pequenas propriedades próximas às metrópoles
onde se plantam produtos orgânicos de forma intensiva (cinturões verdes).

Ao analisar sistemas de produção pelo mundo, podemos avaliar, por exemplo, o ranking de países
produtores de TRIGO, percebendo as diferenças entre países como Canadá, Austrália e Paquistão.

Canadá e Austrália são países que produzem o trigo de forma mais intensiva em capital (tecnologia) para
populações de aproximadamente 30 milhões de pessoas. Já o Paquistão, que tem produção de trigo maior
que Canadá e Austrália, tem população que, em breve, ultrapassará a do Brasil. Entretanto, essa produção
é baseada na terra e nas pessoas, pouco intensiva em tecnologia. Conclui-se, portanto, que, ao analisar
rankings de produção agrícola, é necessário prestar atenção às particularidades de cada país e de seus
sistemas de produção.
PRODUÇÃO DE MILHO NO MUNDO

PRODUÇÃO DE ARROZ NO MUNDO


O Brasil é o maior exportador de frango do mundo, apesar de ter apenas a 3a maior produção. Isso porque
o Brasil exporta metade de toda a sua produção de frango. A questão demográfica e a demanda interna
por esse alimento fazem a diferença. Nem sempre o maior produtor será o maior exportador.

B. A insegurança alimentar no mundo:

O Brasil saiu do mapa de fome da ONU/FAO, pois, em 2013, foi medida uma quantidade de 3,4 milhões de
brasileiros desnutridos, o que se considerou um número aceitável.

A situação de insegurança alimentar acontece mais justamente em países com grande população no
espaço rural. A discussão sobre insegurança alimentar transcende a questão da produção agrícola. Quando
há grande quantidade de miseráveis não há demanda por esses alimentos, mesmo que produção esteja
com excedente.

Contraditoriamente, com o aumento da urbanização, há menos fome, pois isso significa menos pessoas no
campo lutando pela subsistência e mais capital sendo aplicado à produção de alimentos.
Percentual de subnutridos por país

Brasil sai do Mapa da Fome das Nações Unidas, segundo FAO

Brasília, 16 – O Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014, segundo relatório global da Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado hoje (16) em Roma. A FAO
considerou dois períodos distintos para analisar a subalimentação no mundo: de 2002 a 2013 e de 1990 a
2014. Segundo os dados analisados, entre 2002 e 2013, caiu em 82% a população de brasileiros em
situação de subalimentação. A organização aponta também que, entre 1990 e 2014, o percentual de queda
foi de 84,7%.

O relatório mostra que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50
anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%,
abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome.

O Brasil é destaque no “Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo” de 2014 por ter construído uma
estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação
nos últimos anos. Segundo a FAO, contribuíram para este resultado:

Aumento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;
Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21
milhões de empregos;
Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias;

Merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeições;


Governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

“Sair do Mapa da Fome é um fato histórico para o país”, comemora a ministra do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, Tereza Campello. “A fome, que persistiu durante séculos no Brasil, deixou de ser um
problema estrutural”, completa ela.

De acordo com a ministra, atualmente a fome é um fenômeno isolado, existe ainda em pequenos grupos
específicos que são objeto de Busca Ativa.

Segundo Campello, com base nos dados da FAO, “chegamos a um percentual de 1,7% de subalimentados
no Brasil. Isso significa que 98,3% da população brasileira tem acesso a alimentos e tem segurança
alimentar”, destaca. “É uma grande vitória.”

O “Relatório Brasil”, publicação da FAO/Brasil, é revelador deste novo momento do país e da importância
da estratégia brasileira, salienta a ministra. O relatório é denominado “O Estado da Segurança Alimentar e
Nutricional no Brasil, um retrato multidimensional” - o oposto do título do relatório mundial.

http://mds.gov.br/area-de-imprensa/noticias/2014/setembro/brasil-sai-do-mapa-da-fome-das-nacoes-
unidas-segundo-fao

Fome volta assombrar famílias brasileiras

RIO - No armário suspenso sobre a geladeira quase vazia, sacos de farinha de milho empilhados de uma
lateral a outra são a única abundância no casebre onde moram três adultos e uma criança, no alto de um
morro do bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

— Estamos comendo angu a semana toda. Ganhamos de uma vizinha. Mas é melhor angu do que nada.
Carne, não vemos há meses — lamenta Maria de Fátima Ferreira, de 61 anos, enquanto abre as portas do
móvel, como se precisasse confirmar seu drama.

Três anos depois de o Brasil sair do mapa mundial da fome da ONU — o que significa ter menos de 5% da
população sem se alimentar o suficiente —, o velho fantasma volta a assombrar famílias como a de Maria
de Fátima. O alerta, endossado por especialistas ouvidos pelo GLOBO, é de relatório produzido por um
grupo de mais de 40 entidades da sociedade civil, que monitora o cumprimento de um plano de ação com
objetivos de desenvolvimento sustentável acordado entre os Estados-membros da ONU, a chamada
Agenda 2030. O documento será entregue às Nações Unidas na semana que vem, durante a reunião do
Conselho Econômico e Social, em Nova York. (...)

https://oglobo.globo.com/economia/fome-volta-assombrar-familias-brasileiras-21569940 10-07-2017

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