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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal

Droga e Crime. Algumas das diversas interfaces

Adria Arruda Marinho

Trabalho da disciplina: Ciências


Criminais Integradas

Tutor: Prof. DANIELA BASTOS


SOARES.

Imperatriz - MA
2019

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Droga e Crime. Algumas das Diversas Interfaces.

O assunto relacionado a drogas e crimes gera varias controvérsias. Desta forma,


abordar o citado tema enfatizando a relação entre as drogas e a violência se torna tarefa difícil,
sendo evidente que os pontos abordados estarão sujeitos a severas críticas.
A utilização de substâncias psicoativas está presente em todo percalço da
civilização, com advento da tecnologia, essas substâncias passaram por um processo de
aprimoramento e alcançaram proliferação global.
Com efeito, a questão das drogas acaba contrapondo simpatizantes de ações
preventivas e partidários de ações repressivas, sem contar todo o movimento que circunda a
redução de danos.
A violência, por outro lado, traz em seu bojo acaloradas discursões entre os adaptos
da criminologia critica e aqueles mais dogmáticos, que lidam com o crime como um mero
movimento de ação e reação.
Este fomentado comércio ilegal de drogas, gera um sem fim de questões sociais,
políticas e econômicas e seus desdobramentos acabam e começam em violência, especialmente
nas camadas mais baixas.
O usuário de drogas caracteriza-se pelo uso eventual, de caráter recreativo ou em
casos mais graves, já em dependência química, fator este que tem motivado diversos crimes
correlacionados a seu uso, tendo em vista a alteração do estado de sobriedade, muitos usuários
cometem violência doméstica e até mesmo furtos, roubos e assassinatos para sustentar seu
vício.
Este controverso tema, consubstancia-se nas correntes de quem responsabiliza os
usuários de drogas pela violência disseminada pelos traficantes e quem os isente de culpa,
atribuindo a violência ao tráfico, à proibição e à ilegalidade, que, se fossem abolidos,
eliminariam a criminalidade.
Neste diapasão, o que provoca essa situação é o interesse de mercado, não há como
negar que a compra e utilização de substâncias ilícitas estejam financiando o narcotráfico,
contudo, culpar apenas o usuário é uma tentativa de simplificar uma situação muito mais
complexa.
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Estudos recentes do Centro de tratamento de dependência de San Diego, mostram
que políticas públicas dirigidas ao tratamento da dependência química em criminosos ajudam
na prevenção da violência, inclusive no que tange à reincidência.
Sucede que, a saúde pública não possui estrutura para lidar com a questão dos
dependentes químicos e a qualidade de algumas instituições públicas são questionáveis,
culminando no alto custo pelo tratamento em clínicas particulares que a grande maioria não
possui acesso.
O Estado tem o dever de zelar pela saúde das pessoas que estão sob sua custódia.
Afinal, o consumo de drogas é uma doença que, por todas as razões expostas, tem
consequências diretas na praticas de crimes, sobretudo na reincidência, assim todos ganham
com tal tratamento.
Este vazio Estadual tenta ser suprido através de Entidades civis ou religiosas que
prestam este serviço gratuito e de forma adequada, mas precisam de doações e voluntariado
para manter suas atividades.
É importante ressaltar que a iniciativa de tratar a dependência química em presos
não guarda qualquer relação com as ultrapassadas teorias que sustentam que o fim da pena não
é unir, e no limite, advogam penas indeterminadas, condicionadas a recuperação do apenado, a
exemplo de Dourado Monteiro e seu correcionalismo.
Em nenhuma hipótese, esse tratamento acarretará quaisquer consequências penais,
ou alargamento da pena aplicada, nem será possível dizer que enquanto o preso não estiver
livre das drogas não poderá deixar a prisão. Na verdade trata-se apenas de aproveitar a
oportunidade de essas pessoas estarem sob a custódia do estado e oferecer a elas um
atendimento de saúde que tem consequências também para a segurança pública.
Sendo assim, a devastadora realidade criminosa intimamente ligada às drogas,
tornou-se também uma questão de saúde pública, sendo necessárias ações do Estado
concernentes tanto ao controle e repressão do tráfico, como ao cuidado adequado ao usuário
como medida de diminuição de riscos à população. A pena privativa de liberdade é sim um
castigo, mas o presídio não precisa ser depósito. Olhar para o preso e para seu problema com as
drogas pode ser um caminho para diminuir a reincidência e a criminalidade.

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