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Escoamento Viscoso e

Incompressível Externo I
D EM 02 52
M ECÂNI CA D OS F L U I D OS
G I ORG I O AND RÉ B RI T O OL I VEI RA
Introdução
Introdução
Sempre que existir movimento relativo entre um corpo sólido e o
fluido viscoso que o circunda, o corpo experimentará uma força
resultante F contrária ao movimento.

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Introdução
O módulo desta força depende de muitos fatores:
◦ Velocidade relativa V entre o corpo e o fluido;
◦ Forma e tamanho do corpo;
◦ Propriedades do fluido (ρ, μ, etc.).

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Introdução
Conforme o fluido escoa em torno do corpo, ele gerará tensões
superficiais sobre cada elemento da superfície, e é isso que fará
aparecer essa força resultante.

As tensões superficiais são compostas de tensões tangenciais devido


à ação viscosa e de tensões normais devido à pressão local.

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Introdução

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Introdução
Será que essa força resultante poderia ser deduzida analiticamente?
◦ Isso facilitaria muito a vida dos projetistas.

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Introdução
 Isso teoricamente seria possível através da integração
dessas tensões sobre a superfície do corpo.

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Introdução
O primeiro passo seria:
◦ Dada a forma do corpo (e considerando que o número de Reynolds seja grande o
suficiente para que a teoria do escoamento não viscoso possa ser usada), seria
calculada a distribuição de pressão sobre o corpo.

◦ Em seguida, se integraria a pressão sobre a superfície do corpo para obter a


contribuição das forças de pressão para a força líquida F.

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Introdução
O segundo passo seria:
◦ Usar esta mesma distribuição de pressão para determinar a tensão viscosa
superficial τw.

◦ Em seguida, se integraria a tensão viscosa sobre a superfície do corpo para obter


sua contribuição para a força resultante F.

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Introdução
Este procedimento parece ser de aplicação direta, mas ele é bastante
difícil de ser realizado na prática.
◦ Exceto para corpos de formas mais simples:

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Introdução
Além disso, mesmo se fosse possível realizá-lo, esse procedimento
levaria a resultados errôneos na maior parte dos casos.

Ele não leva em conta uma consequência muito importante da


existência das camadas-limite: a separação do escoamento.

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Introdução
A separação do escoamento causa uma esteira, que cria uma região
de baixa pressão que geralmente leva a um arrasto maior sobre o
corpo do que prediz a teoria do escoamento invíscido.

Além disso, ela muda radicalmente o campo de escoamento global e,


consequentemente, a região de escoamento não viscoso e a
distribuição de pressão sobre o corpo.

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Introdução
Por estas razões, normalmente se recorre a métodos experimentais
para determinar a força resultante sobre a maioria das formas de
corpos.
◦ https://www.youtube.com/watch?v=uE_0VUL6B08

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Introdução
Os métodos numéricos também estão ganhando muito espaço no
âmbito industrial e acadêmico.
◦ https://www.youtube.com/watch?v=afgntlCsl_o

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Introdução
Os métodos numéricos também estão ganhando muito espaço no
âmbito industrial e acadêmico.
◦ https://www.youtube.com/watch?v=hEsmlS6EGJw

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Introdução
A força resultante F é decomposta em:
◦ Força de arrasto, FD definida como a componente da força paralela
à direção do movimento;

◦ Força de sustentação, FL (caso ela exista para o corpo), definida


como a componente da força perpendicular à direção do
movimento.

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Arrasto
Arrasto
O arrasto é a componente da força sobre um corpo que atua
paralelamente à direção do movimento relativo.

Quando foi discutida a necessidade de resultados experimentais na


mecânica dos fluidos, foi considerado o problema de determinar a
força de arrasto, FD, sobre uma esfera lisa movendo-se através de um
fluido viscoso, incompressível.

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Arrasto
Para tal, foram considerados o diâmetro D, a velocidade V, a massa
específica e a viscosidade ρ e μ.

A força de arrasto FD foi escrita na forma funcional como:

FD = f ( D,V ,  ,  )

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Arrasto
A aplicação do teorema Pi de Buckingham resultou em dois
parâmetros adimensionais Π que foram escritos na forma funcional
como:

FD   
= f 
V D
2 2
 VD 

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Arrasto
Nota-se que D² é proporcional à área de seção transversal A (πD²/4).

Portanto, pode-se escrever:

FD  VD 
= f2   = f 2 (Re)
V A
2
  

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Arrasto
Embora a essa equação tenha sido obtida para uma esfera, a sua
forma é válida para escoamento incompressível sobre qualquer corpo.
◦ O comprimento característico usado no número de Reynolds depende da forma
do corpo.

VL
Re =

◦ L = x, D, L, H, W, etc.

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Arrasto
Essa função do número de Reynolds é o coeficiente de arrasto, CD,
definido como:

FD
CD = 1
2 V A
2

◦ O número 1/2 foi inserido para compor a pressão dinâmica, que é um termo
familiar.

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Arrasto
A força de arrasto total é a soma do arrasto de atrito e do arrasto
de pressão.

Contudo, o coeficiente de arrasto é uma função somente do


número de Reynolds.

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Arrasto
Não foram considerados efeitos de compressibilidade ou de
superfície livre nesta discussão da força de arrasto.

Se eles tivessem sido incluídos, seria obtida a seguinte forma


funcional:

CD = f ( Re, Fr, M )

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Arrasto
ARRASTO DE ATRITO PURO: ESCOAMENTO SOBRE UMA
PLACA PLANA PARALELA AO ESCOAMENTO
Arrasto
Neste caso, o gradiente de pressão é zero, ou seja, a pressão ao longo
do escoamento não varia conforme varia a distância x a partir do
bordo de ataque da placa.

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Arrasto
Como as forças de pressão são perpendiculares à placa em qualquer
evento, logo elas não contribuem para o arrasto.

Assim, o arrasto total é igual ao arrasto de atrito.

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Arrasto
Logo:

FD =   w dA
Superfície da placa

◦ A é a área total da superfície em contato com o fluido (isto é, a área molhada).

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Arrasto
Da mesma forma:

CD = 1
FD
=
 SP
 w dA
2 V A V 2 A
2 1
2

◦ Ou seja: o coeficiente de arrasto para uma placa plana paralela ao escoamento


depende apenas da distribuição de tensão de cisalhamento ao longo da placa.

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Arrasto
Para escoamento laminar sobre uma placa plana, tem-se que:

0,332 V 2
w =
Re L

Para escoamento turbulento sobre uma placa plana, tem-se que:

0, 0297 V 2
w = 1
Re L 5
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Arrasto
Resolvendo-se a integral anterior para o cálculo de CD com os valores
da função τw resulta em:
◦ Laminar:

1,33
CD =
Re L
◦ Turbulento:

0, 0742
CD = 1
Re L 5
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Arrasto
A equação para regime turbulento é válida para 5x105 < ReL < 1x107.

Para 5x105 < ReL < 1x109 a equação empírica dada por Schlichting se
ajusta muito bem aos dados experimentais:

0, 455
CD =
( log Re L )
2,58

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Exercícios
Exercício 1
Um superpetroleiro com 360 m de comprimento, tem um través de 70
m e um calado de 25 m.

Estime a força de arrasto de atrito e a potência requerida para vencê-


la para uma velocidade de cruzeiro de 13 nós em água do mar a 10°C.

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Exercício 1

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Arrasto
ARRASTO DE PRESSÃO PURO: ESCOAMENTO SOBRE UMA
PLACA PLANA PERPENDICULAR AO ESCOAMENTO
Arrasto
No escoamento sobre uma placa plana normal ao escoamento, a
tensão de cisalhamento na parede é perpendicular à direção do
escoamento e, portanto, ela não contribui para a força de arrasto.

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Arrasto
Assim, o arrasto total é igual ao arrasto de pressão.

Logo:

FD =  PdA
Superfície da placa

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Arrasto
Para esta geometria, o escoamento separa-se a partir das bordas da
placa.
◦ Há fluxo reverso (vórtices) na esteira de baixa energia da placa.

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Arrasto
Embora a pressão sobre a superfície posterior da placa seja
essencialmente constante, a sua magnitude não pode ser
determinada analiticamente.
Em consequência, deve-se, novamente, recorrer a experimentos para
determinar a força de arrasto.

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Arrasto
O coeficiente de arrasto para escoamento sobre um objeto imerso
baseia-se, usualmente, em uma área frontal (ou área projetada) do
objeto.

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Arrasto
Para aerofólios e asas, utiliza-se a área planiforme.

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Arrasto
O coeficiente de arrasto para uma placa finita normal ao escoamento
depende da razão entre a sua largura e a sua altura e do número de
Reynolds.

Para Re (baseado na altura) maior que cerca de 1000, o coeficiente de


arrasto é praticamente independente do número de Reynolds.

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Arrasto
A variação de CD com a razão entre largura e altura da placa (b/h) é
mostrada abaixo:

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Arrasto
A razão b/h é definida como a razão de aspecto da placa.

Para b/h = 1,0, o coeficiente de arrasto é um mínimo em CD = 1,12.

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Arrasto
O coeficiente de arrasto para todos os objetos com bordas
proeminentes é essencialmente independente do número de
Reynolds (para Re ≳ 1000).

Isto ocorre porque os pontos de separação e, por conseguinte, o


tamanho da esteira são fixados pela geometria do objeto.

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Arrasto

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Exercícios
Exercício 2
Como parte das comemorações do bicentenário da independência, em 1976, um
grupo empreendedor pendurou uma gigantesca bandeira norte-americana (59 m de
altura e 112 m de largura) nos cabos de suspensão da ponte sobre o estreito
Verrazano.

Os fabricantes da bandeira relutaram em fazer furos na bandeira para aliviar a força


do vento e, dessa forma, o que se tinha efetivamente era uma placa plana normal ao
escoamento.

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Exercício 2

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Exercício 2
A bandeira foi arrancada das suas amarras, quando o vento atingiu 16
km/h.

Estime a força do vento agindo sobre a bandeira para essa velocidade.

Eles deveriam ter ficado surpresos com o fato de a bandeira ter sido
arrancada?

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