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COMO TRABALHAMOSCOM
GRUPOS
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-ã-
PORTOALEGRE,I997
Pref4nin
Clqudio M. Martins
PrÁìnon
Davìd E. Zímerman
I Fundamentosteóricos......................................................................................................2
David E. Zimerman
2 Fundamentostécnicos.................................................................................................33
Dqvid E. Zimerman
4 A famíliacomogrupoprimordial................................................................................49
Luiz CarLosOsorío
5 Gruposespontâneos:asturmâse ganguesdeadolescentes
....................
David E. Zímerman
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_釰滎`혀俄a䈐寽b侊癗c筦ត
d Processosobstrutivosnossistemassociais,nosgrupose
nasinstituições..........69
LuízCarlosOsorío
7 Classificaçãogerâldosgrupos..........................................................................................75
David E. Zimerman
8 Comosupervisionamosemgrupoterapia.................................................................8
LuizCarlosOsorio
9 Comoagemosgruposoperativos?.......................................................................95
Janíce B. Fiscmann
l0 Gruposcomunitários............................................................................................l0l
Salv,adorCelia
David E. Zìmennan
13 Grupoterapiapsicânalítica ..............
Davìd E.Zimernnn
L4 Psicanálisecompartilhada:atualização.............................................................1
Gerqrdo Steín
15 Grupoterapiadasconfiguraçõesvinculares ..............
WaldemarJosé Fernandes
16 Laboratórioterapêutico..........................................................................................1
Francísco BapÍista Neto
17 Psicodrama. ...........
Nedío Seminotti
2l Gruposcomdrogadictos ................
Sílvía Brasiliqno
22 Grupocomdeprimidos .................
Gilberto Brofman
23 Gruposcomautistas...... ..............,.
SoniMariq dos SantosLewis
Viviane Costade Leon
24 Psicoterapiacompacientesintemadosegressos... ,....................
José Onildo B. Contel
xvlIl
SusanaBarilari
GastórtMazieres
27Gruposcomgestantes.....................................................................................................3
Geraldiv RantosViçosa
28Gruposcomcrianças...................................................................................................311
RuthBlay Levislq
t0
.........................................................................................................................................321
Luiz CarlosOsorio
30 Gruposcomidosos...................................................................................................331
Guite L Zimerman
Luiz CarlosllLafontCoronel
32 Gruposdeeducaçãomédicâ ...
David E. Zímerman
33 O trabalhocomgnìposnaescoIa...................................................................................35
JoséOuoniOuteiral
J4 Gruposde orientaçãoprofissionalcom alunosadolescentes...................................3
Aidê Knijník Wainberg
35 Terapiainstitucional...................................................................................................389
Luiz Cqrlos Osorio
37Atendimentoagruposeminstituições .......................................................................4
Neidí Margareth Schneider
38 Laboratório:exercícioda autoridade,modeloTavistok..........................................413
Neidí Margareth Schneíder
Luiz Carlos Osorío
Mauro Nogueira de Olìveira
Mônica GuazellíEstrougo
coNcErTUAçAO DE GRUPO
5888 ser humano é gregário por nâturezae so.Iente existe, ou subsiste,em função
de seusinter-relacionamentosgrupais.Sempre,desdeo nascimento,o indivíduopartici-
pa de diferentesgÍupos,numa constantedialéticaentrea buscade sua identidade
individuale a necessidadede uma identidadesruDâle social.
Um conjunto de pessoasconstitui um grupo, um conjunto de grupos constitui
uma comunidadee um conjuntointerativo das comunidadesconfigura uma socieda-
de.
23 importância do conhecimentoe a utilização da psicologiagmpal
decorrejus-tamente do fato de que todo indivíduo passaa maior parte do tempo de
sua vida convivendoe interagindocom distintosgrupos.Assim, desdeo primeiro grupo
natu-ral que existe em todas as culturas- a família nuclear,onde o bebê convive com
os pais, avós, irmãos,babá, etc., e, a seguir,passandopor
creches,escolasmaternaise bancosescolares,além de inúmeros gruposde
formaçãoespontânea os costumeiros cursinhosparalelos- , a
criançaestabelecevínculosdiversificados.Taisgrupamentos vão serenovandoe
ampliandona vida adulta,com a constituiçãode novasfamílias e de grupos
associativos,profissionais,esportivos,sociais,etc.
A essênciade todo e qualquerindivíduo consisteno fato dele ser portador de
um conjunto de sistemas:desejos,identificações,valores,capacidades,mecanismos
defensivos e, sobretudo,necessidadesbásicas,como a da dependênciae a de ser
reconhecidopelos outros, com os quais ele é compelido a conviver. Assim, como o
mundo interior e o exterior são a continuidadeum do outro, da mesmaforma o indi-
vidual e o social não existem separadamente,pelo contrário, eles se diluem,
interpenetram,complementame confundementre si.
Com basenessaspremissas,é legítimoafirmar que todo indívíduo é umgrupo
(na medida em que, no seu mundo interno, um grupo de personagensintrojetados,
como os pais, irmãos, etc.,convive e interageentresi), da mesmamaneiracomotodo
grupo pode comportar-secomo uma individualidade (inclusive podendo adquirir a
uniformidade de uma caracterologiaespecíficae típica, o que nos leva muitas vezes
a referir determinadogrupo como sendo"um grupo obsessivo",ou "atuadoÍ", etc.).
É muito vaga e imprecisa a definição do termo "grupo", porquanto ele pode
designarconceituaçõesmuito dispersasnum amplo leque de acepções.Assim, a pa-
lavra "grupo" tanto define,concretamente,um conjuntode três pessoas(para muitos
autores,umarelaçãobipessoaljáconfiguraum grupo)como tambémpode conceihrar
uma famflia, uma turma ou ganguede formaçãoespontânea;uma composição artifi-
cial de grupos como, por exemplo, o de uma classe de aula ou a de um grupo
terapêutico;uma fila de ônibus;um auditório; uma torcida num estádio;uma multi-
dão reunida num comício, etc.Da mesmaforma, a conceituaçãode grupo pode se
estenderaté o nível de uma abstração,como seriao casode um conjunto de pessoas
que, compondouma'audiência,estejasintonizadonum mesmo programa de televi-
são; ou pode abrangeruma nação,unificada no simbolismo de um hino ou de uma
bandeira,e assimpor diante.
Existem, portanto, gruposde todos os tipos, e uma primeira subdivisão que se
faz necessáriaé a que diferencia os grandesgrupos (pertencemà iírea da macro-
sociologia) dos pequenosgrupos (micropsicologia).No entanto,vale adiantarque, em
linhas gerais,os microgrupos- como é o casode um grupo terapêutico- costu-mam
reproduzir,em miniatura,ascaracterísticassócio-econômico-políticase a dinâ-mica
psicológica dos grandesgrupos.
Em relaçãoaos microgrupos também se impõe uma necessáriadistinção entre
grupo propriamenÍe dito e agrupamentoPor. "agrupamento"entendemosum con-junto de
pessoasque convive partilhandode um mesmoespaçoe que guardamentre si uma certa
valência de inter-relacionamentoe uma potencialidadeem virem a se constituir como um
grupo propriamentedito. Pode servir de exemplo a situaçãode uma
"serialidade"depessoas,como no casode uma fila à esperade um ônibus: essas
pessoascompartemum mesmointeresse,apesarde não estarhavendoo menor víncu-
estãoseencaminhandoparaum congressocientífico:elasestãopróximas,mascom
nãoseconhecem não estãointeragindoelasnãoformammaisdo queum agrup
mento,atéqueum poucomaisadiantepodemparticiparde umamesmasalade dis
cussãoclínicae seconstituíremcomoum interativogrupode trabalhoPode.-sedize
que a passagemda condiçãode um agrupamentoparaa de um gnrpoconsisten
transformaçãode "interessescomuns"paraa de "interessesem comum".
5888 que,então,caracterizaum grupopropriamentedito?Quandoo
grupo,que sejade naturezaoperativaou terapêutica,preencheas
seguintescondiçõesbásica mínimas,estácaracterizado:
.
Um gruponãoé um merosomatóriodeindivíduos;pelocontrário,ele seconst tui
comonovaentidade,com leise mecanismosprópfiose específicos.
.
Todososintegrantesdo grupoestãoreunidos,facea face,em tomo deumataref e de
um objetivocomunsao interessedeles.
.
O tamanhode um gruponão podeexcedero limite queponhaem riscoa indis
pensávelpreservaçãoda comunicação,tantoa visualcomoa auditivae a conceitua
.
Devehaverainstituiçãodeum enquadre(seÍing)e o cumprirnentodascombin
çõesnelefeitas.Assim,alémde ter os objetivosclaramentedefinidos,o grup
develevarem contaa preservaçãode espaço(osdiase o local dasreuniões),d
tempo(horiários,tempodeduraçãodasreuniões,planodeférias,etc.),e a combi
naçãode algumasregrase outrasvariáveisque delimiteme normatizem ativi
dadegrupalproposta.
.
O grupoé umaunidadequesecomportacomoumatotalidade, vice-versa,d
modoque, tão importantequantoo fato de ele se organizara serviçode
seu membros,é tambéma recíprocadisso-Cabeuma analogiacom a
relaçãoqu existeentreaspeçasseparadasde um quebra-
cabeçasdestecom o todo a se arÍnado.
.
Apesardeum gruposeconstituircomoumanovaentidade,comumaidentida
grupalprópriae genuína,étambémindispensávelquefiquemclaramenteprese
vadas,separadamente,asidentidadesespecíficasdecadaurndosindivíduoscom
ponentesdo grupo.
.
Em todogrupocoexistemduasforçascontraditóriaspeÍmanentementeemjogo
umatendenteà suacoesão, a outra,à suadesintegração.
.
A dinâmicagrupalde qualquergruposeprocessaem doisplanos,tal comono
ensinouBion: um é o da intencionalidadeconsciente(grupode trabalho),e o
outroé o da interferênciadefatoresinconscientes(grupode supostosbásicos)É.
claroque,naprática,essesdoisplanosnãosãorigidamenteestanques,pelocontrá
rio, costumahaverumaceÍa flutuaçãoe superposiçãoentreeles.
.
É inerenteàconceituaçãodegrupoa
existênciaentreosseusmembrosdealguma formade interaçãoafetiva,a
qualcostumaassumirasmaisvariadase múltipla formas.
Nosgmpossemprevai existirumahierárquicadistribuiçãode posiçõese de
pa péis,de distintasmodalidades.
256 inevitávela formaçãodeum campogrupaldinâmico,em
quegravitamfantas
as,ansiedades,rnecanismosdefensivos,funções,fenômenosresistenciaistrans
ferenciais,etc.,alémde algunsoutrosfenômenosquesãoprópriose específic
dosgrupos,tal comopretendemosdesenvolverno tópicoquesegue.
coMo TRÂaALHAIVÍOScoM CRUPOS . 29
O CAMPO GRUPAL
Como mencionadoanteriormente,em qualquergrupo constituídose fonna um cam-po
grupal dinâmico, o qual secomportacomo uma estruturaque vai além da somade
seus componentes,da mesma forma como uma melodia resulta não da soma das
notasmusicais,mas, sìm, da combinaçãoe do arranjo entre elas.
Essecampo é compostopor múltiplos fenômenose elementosdo psiquismo e,
como trata-sede uma estrutura,resultaque todosesteselementos,tanto os intra como
os inter-subjetivos,estãoarticuladosentresi, de tal modo que a alteraçãode cadaum
deles vai repercutir sobre os demais, em uma constanteinteraçãoentre todos. Por
outro lado, o campogrupal representaum enormepotencialenergéticopsíquico,tudo
dependendodo vetor resultantedo embateentre as forças coesivase as disruptivas.
Tambémé útil realçar que, emboraressalvandoas óbvias diferenças,em sua essên-
cia, as leis da dinâmica psicológica são as mesmasem todos os grupos.
Como um esquemasimplificado, vale destacaros seguintesaspectosque estão
alivamentepresentesno campogrupal:
2 E um grupofechado(umavezcompostoo grupo,nãoentramaisninguém)ou
aberto(semprequehouvervaga,podemseradmitidosnovosmembros)?
3 A combinaçãoé a de duraçãolimitada (em reláìçãoao tempoprevistoparaa
existênciado grupoou dapermanêncìamáximade cadaindivíduonessesru-
po, como comumenteocorrenas instituições),ou ele seráde duraçãoi
da (como pode ser no casodos grupos abertos)?
0 Quanto ao número de participantes,poderá variar desdeum pequen
com três participantes- ou dois, no casode uma terapiade casal- , ou
tratar do grupo denominado"numeroso", que comporta dezenasde p
1 Da mesmaforma, tambémabrigamuma ampla gama de variações-
me o tipo e a finalidade do grupo - outros aspectosrelevantesdo e
grupal,como é o casodo númerode reuniõessemanais(ou
mensais),o de duraçãode cadareunião,e assim por diante.
.
Gostar e acreditar €m grupos,E claroquequalqueratividadeprofiss
exigequeo praticantegostedo quefaz,casocontrárioeletrabalharácom um en
desgastepessoal comalgumgraudeprejuízoem suatarefaNo. entanto,atrev
5888 dizer que,paÍicularmentena coordenaçãode
grupos,esseaspectoadquire relevânciaespecial,porquantoa gestaltde um
grupo,qual um "radar",capta mais facilidadeaquiloque lhe é "passado"pelo
coordenador,sejaentusias enfado.verdadeou falsidadeetc.
Cabedeixarbemclaroqueo fatode segostardetrabalharcomgruposdem
algumexcluio fato de vir a sentirtransitóÍiasansiedades,cansaço,descrença
.
Amor às verdadesNão.é exageroafirmar queessaé umacondiçâosine
nonparaum coordenadordequalquergrupo- muitoespecialmenteparaosdepro to
psicanalítico-, pois ninguémconiestaque a verdadeé o caminhorégio p
confiaça,a criatividade a liberdade.
5888 necessárioesclarecerque não estamosaludindoa uma
caçaobsessi
buscadasverdades,atémesmoporqueasmesmasnuncasãototalmenteabsol
dependemmuito do vérticede observação,mas,sim, referimos-nosà condiç
coordenadorserverdadeiroO. coordenadorque não possuiresseatributotam
terádificuldadesem fazerum necessáriodiscemimentoentreverdades,falsida
mentirasquecorremnoscamposgrupaisDa. mesmaforma,haveráum prejuí
suaimportantefunçãodeservircomoum modelodeidentificação,decomoenfr
assituaçõesdifíceisda vida.
No casodosgrupospsicoterápicos,atributodeo coordenadorserumape
veraz,alémde um deverético,tambémé um princípiotécnicofundamenta
somenteatravésdo amoràs verdades,por maispenosasqueelassejam,ospaci
conseguirãofazer verdadeirasmudançasinternas.Ademais,tal atitud
grupoterapeutamodelaráa formaçãodo indispensávelclimade umaleal franq
entreos membrosquepartilhamumagrupoterapia.
.
CoerênciâNem. sempreuma pessoaverdadeiraé coerente,pois,confor
seuestadode espírito,ou o efeitode umadeterminadacircunstânciaexterior,é
sívelqueeleprópriose"desdiga"e modifiqueposiçõesassumidasPequenasin.
rênciasfazempaÍe da condutade qualquerindivíduo;no entanto,a existênc
incoerênciassistemáticasporpartede algumeducador- comosãoaquelasprovi de
pais,professores,etc.- levaa criançaa um estadoconfusionale a um aba
construçãodos núcleosde confiançabásicaDe. fato,é altamentedanosoparao
quismodeurnacriançaque,diantedeumamesma"arte",emum diaelasejaapl
dapelospaise, numoutro,sejaseveramenteadmoestadaou castigada;assimco
igualmentepatogênica possibilidadede quecadaum dospais,separadame jam
pessoascoerentesnassuasposições,porémmanifestamenteincoerentesent
respectivasposiçõesassumidasperanteo filho. Essaatitudedo educadorcon
umaformade desrespeitoàcriança.
23 mesmoraciocíniovaleintegralmenteparaa
pessoadecoordenadordeal grupo,porquanto,de algumaforma,ele
tambémestá sempreexercendoum c grau de funçãoeducadora.
.
Sensode ética.O conceitodeética,aqui,aludeaofatodequeum coorde
de gruponãotem o direitode invadiro espaçomentaldosoutros,impondoìh
seusprópriosvalorese expectativas:pelo contrário,ele devepropiciarum al
COMO'IRAEALHAMOSCOVCRUPOS ' 43
.
Respeito. Este atributo tem um significado muito mais amplo e profundo do
que o usualmenteempregado.Respeitovem de re (de novo) + specíore(olhar), ou
seja,é a capacidadede um coordenadorde grupo voltar a olhar para as pessoascom
as quaisele estáem íntimainteraçãocom outrosoÌhos,com outrasperspectivas,sem
5888 miopia repetitiva dos rótulos e papéisque, desdecriancinha,foramJhes
incutidos. Igualmente,faz partedesteatributo a necessidadede que hajauma
necessâriadistân-cia ótima entreelee os demais,uma tolerânciapelasfalhase
limitaçõespresentesem algumaspessoasdo grupo, assimcomo uma compreensáo
paciência pelaseventu-ais inibições e pelo ritmo peculiar de cadaum.
Tudo isso estábaseadono importantefato de que a imagem queuma mãe ou
pai (o terapeuta,no casode uma grupoterapia)tem dos potenciaisdos seusfilhos
(paci-entes)e da família como um todo (equivale ao grupo) se toma parte
importante da imagem que cadaindivíduo virá a ter de si próprio.
.
Paciência. Habitualmente,o significado desta palavra está associadoa uma
idéiade passividadede. resignação,o queaquiestamosvalorizandocomoum impor-
tanteatributodeum coordenadorde grupoé frontalmenteopostoa isso.Paciênciadeve ser
entendidacomo uma atitudedtiva, como um tempode esperanecessi4riopara que uma
determinadapessoado grupo reduzaa sua possívelansiedadeparanóideinicial,
adquirauma confiançabasalnos outros,permita-sedar uns passosrumo a um terreno
desconhecido,e assim por diante. Assim concebida,a capacidadede paciência faz
partede um atributomais contingente,qual seja,o de funcionarcomo um continente.
.
Continente. Cada vez mais, na literatura psicológica em geral, a expressão
"continente"(é original de Bion) ampliao seuespaçode utilizaçãoe o reconhecimento
pela importânciade seu significado.Esseatributo alude originariamentea uma capa-
cidade que uma mãe deve possuirpara poder acolhere conteÍ as necessidades an-
gústias do seu filho, ao mesmo tempo que as vai compreendendo,desintoxicando,
emprestandoum sentido,um significado e especialmenteum nome, para só então
devolvêJas à criançana dosee no ritmo adequadosàs capacidadesdesta.
23capacidadedo coordenadorde grupo em funcionar como um continente é
impoÍante por três razões:
.
Capacidadenegativa.Comoantesreferido,no contextodestecapítulo,es
funçãoconsistena condiçãode um coordenadordegnrpode conterassuasprópri
angrístias,que,inevitavelmente,porvezes,surgememalgumaformae grau,demo
a queelasnãoinvadamtodoespaçode suamente.
Não há porqueum coordenadordeum grupoqualquerficar envergonhado
culpado,diantedaemergênciade sentimentos"menosnobres"despertadospeloto
grupal,ou poÍdeterminadaspessoasdo gÍupo,comopodemser,por exemplo,u
sentimentode ódio,impotência,enfado,excitaçãoerótica,confusão,etc.,desde q ele
reconheça existênciadosmesmos, assimpossacontere administrálosCa. contriário,ou
elesucumbináauma contra-atuaçãoou trabalharácom um enormedesga
.
Funçãode egoauxiliar. A "funçãoalfa" antesreferida,originariamente,co
sistena capacidadede uma mãeexerceras capacidades ego (perceber,pens
conhecer,discriminar,juízocrítico,etc.)queaindanãoestãosuficientementedese
volvidasna criança.A relevânciadesteatributose deveao fato de que um filh
somentedesenvolveráumadeterminadacapacidade-digamos,paraexemplifica
de ser um continenteparasi aosdemais- se a suamãedemonstroupossuires
capacidade.
Igualmente,um coordenadorde grupodeveestaratentoe disponívelpara,d
rantealgumtempo,emprestaras suasfunçõesdo ego às pessoasque aindanão
possuem, queacontececomumentequandosetratadeum grupobastanteregres
vo. Creioque,dentreasinúmerascapacidadesegóicasqueaindanãoestãosuficie
tementedesenvolvidasparadeterminadasfunções,tarefase comportamentos,q
temporariamentenecessitamdeum "egoauxiliar"por paÍtedo coordenadordo gr
po, meÍecemum registroespecialasfunçõesdepensar,discriminare comunicar
.
Funçãode pensar.É bastanteútil queum coordenadordegrupo,sejaqualf
256 naturezadeste,permaneçaatentoparaperceberseos
paÍticipantessabempensar idéias,os sentimentos asposiçõesque
sãoverbalizados, ele somenteterácon çõesde executaressataÍefase,de
fato,possuirestafunçãode saberpensar.
Podeparecerestranha afirmativaanterior;no entanto,os autorescontem
râneosenfatizamcadavezmaisa importânciade um indivíduopensarassuasexp
riênciasemocionais, issoé muitodiferentede simplesmente"descarÍegar"os na
centespensamentosabrumadoresparafora(soba formadeum discursovazio,proj
actings,etc.)ou paradentro(somatizações)A .capacidadepara"pensarospe ções,
samentos"tambémimplicaescutarosoutros,assumiro próprioquinhãoderespon
bilidadepelanaturezado sentimentoqueacompanhaidéia,estabelecerconfron e
correlaçõese, sobretudo,sentirumaliberdadeparapensaÍ.
Vou me permitir observarque:"muitosindivíduospensamque pensam,m não
pensam,porqueestãopensandocom o pensamentodos outros(submissão
pensamentodospais,professores,etc.),pâraos outros(noscasosde "falso sef
contraosoutros(situaçõesparanóides)ou,comoé nossujeitosexcessivamentenar
sistas:"eu pensoem mim, sóem mim, a partirde mim,e não pensoem mim com
outros,porqueeu creioqueessesdevemgravitaÍemtomo do meuego".
.
Discriminação. Faz partedo processode pensar.Capacidadede estabele
umadiferenciaçãoentreo quepertenceaoprópriosujeitoe o queé do outro,fanta e
realidade,intemoe extemo,presente passado, desejável o possível, claro
0 ambíguo,verdadee mentira,etc. Particularmentepara um cooÍdenadorde grup
esteatributoganharelevânciaem razãode um possíveljogo de intensasidentific
A ções projetivas cruzadasem todas as direçõesdo campo grupal, o qual exig
ts claradiscriminaçãode "quemé quem",sobo riscodo grupocairem umaconfu
o papéise de responsabilidadesAcredito.queos terapeutasquetrabalhamcom e
famfliaspodemtestemunhar concordarcom estaúltimacolocaçào.
u
o
.
Comunicação, Para atestara importânciada função de comunicar- tâ
n conteúdoquantona forma da mensagememitida - cabea afirmativa de que a li
€ gem dos educadoresdetermina o sentido e as significaçõesdas palavrase g
o estruturasda mente.
0 atributo de um coordenadorde grupo em sabercomunicaradequada
pârticularmenteimportante no caso de uma grupoterapiapsicanalítica,pela re
t- sabilidadeque representao conteúdode sua atividadeinterpretativa,o seu es
Í, comunicá-lae, sobretudo,seele estásintonizadono mesmocanalde comun dos
t- pacientes(por exemplo,não adiantaformular interpretaçõesem termos de
o plexidade simbólica para pacientesregressivosque ainda permanecemnuma
de pensamentoconcreto,e assimpor diante).Em relaçío ao estiLo,deveser da
destaqueao que é de naturezanarcisista,tal como seguelogo adiante.
Um aspectoparcialdacomunicaçãoé o quediz respeitoà atividadeinterpre e
F
comoessaestáintimamenteligadaaouso dasverdades,como antesfoi ress torna-
ts senecessárioestabeleceruma importanteconexãoentre a formulação d
i- verdadepenosade ser escutadae a manutençãoda verdade.Tomarei emprest
t-
Bion uma sentençaque sintetizatudo o que estou pretendendodestacar:anlo
€ verdadenão é mais do aue naixão, no entanlo, verdadesem amor é crueldade
F
É igualmenteimpo.tont"qu. ,r .oordenrdorde grupoqualquervalorize de
que a comunicaçãonão é unicamenteverbal, porquanto tanto ele como grupo
estãocontinuamentese comunicandoatravésdas mais sutis formas de li
)r gemnão-verbaì.
LS
.
i- Tfaços caracterológicos. Tanto meÌhor trabalharáum coordenadorde
quantomelhorele conhecera si próprio, os seusvalores,idiosincrasiase caracte
)- predominante.Dessa forma, se eÌe for exageradamenteobsessivo(embora
i- ressalvade queumaestruturaobsessiva,nãoexcessiva,é muito útil, pois det
;-:-
seriedade organização),vai acontecerqueo coordenadorteráuma absolutainto cia
a qualqueratraso,falta e coisasdo gênero,criandoum clima de sufoco,ou do uma
F dependênciasubmissaIgualmente,.umacaracterologiafóbicado coo dor pode
F.
determinar que ele evite entrar em contato com determinadassitu
r5
angustiantes,assimpor diante.
No entanto,vale destacaraquelestraçoscaracterológicosque são predo
tementede natnÍezànarcisìsta.Nestescasos,o maiorprejuízoé que o coorde
s estarámaisvoltadoparao seubem-estardo queparao dosdemaisA. necessi
receberaplausospodesertão imperiosa,que há o risco de que seestabeÌeçamc
), inconscientes,com o de uma recíprocafascinaçãonarcisista,por exemplo, o
valormáximoé o de um adoraro outro,semquenenhumamudançaverdadeir ra.
Uma outrapossibilidadenocivaé a de que o coordenadorsejatão brilhan
eÌedeslumbra("des" + "lumbre",ou seja,ofuscaporque"tira a luz") às pess grupo,
como seguidamenteaconÍeceentre plofessorese alunos,mas tambóin
r aconlecercom grupoterapeu(asseuspacientes.
a Nesteúltimo caso,o dogmáticodiscursointerpretativo pode estarmais a
t.
ço de uma fetichização,isto é, da manutençãodo ilusório,de seduzire domin
que propriamente
a uma comunicação,a uma resposta,ou a aberturapara re
A retórica pode substituira produçãoconceitual.
Um outro inconvenienteque decorrede um coordenadorexcessivamen
.. seu
sistaé que ele tem a sensaçãode que tem a propriedadeprivada sobreos
tes", do futuro dos quais ele crê ter a possee o direito de determinar o valo
Nestescasos,é comum que esteterapeutatrabalhemais sobreos núcleos con
0 os aspectosregressivos,descartandoos aspectosmais madurose as capa
sadiasdo ego.
Da mesmaforma, um grupoterapeutaassimpode ser tentadoa fazer
exib uma cultura erudita,de fazer frasesde efeito que, mais do que um
simplesbri lhe é tão necessário,o que ele basicamentevisa,no plano
inconsciente,é man larga diferençaentre ele e os demaisdo grupo.
.
Modelo de identiÍicação. Todosos grupos,mesmoos que não sãoesp mente
de naturezaterapêutica,de uma forma ou outra, exercem uma psicoterápica.Isso,
entre outras razões,deve-seao modelo exercido pela fig
coordenadordogrupo,pelamaneiracomo eleenfrentaasdificuldades,pensaos mas,
estabelecelimites, discrimina os distintos aspectosdas diferentes sit manejacom as
verdades,usa o verbo, sintetiza,integra e dá coesão ao grup outraspalavras,o grupo
também propicia uma oportunidadepara que os paÍ tes introjetem a figura do
coordenadore, dessaforma, identifiquem-secom característicascapacidadesdele.
Nos casos de grupoterapia psicanalítica,vale acrescentarque a ati
interpretativa_dogrupoterapeutatambémdevevisar a fazer desidentificações
desfazeras identificaçõespatógenasque podem estarocupando um largo es
mente dos pacientes,e preencheresseespaçomental formado com neo-idà çõer,
entre as quais pontifica as que procedemdo modelo da pessoareal do g
rapeuta.
. para
Empatia.Todos os atributosantesdiscriminadosexigemuma condição
que
adquiram validade,qual seja a de que exista uma sintonia emoci
coordenadorcom os participantesdo grupo.
Tal como designaa etimologia destapalavra [as raízesgregassão: em
de) + parhos (sofrimento)],empatiarefere-seao atributo do coordenadorde u po
.,clima
de podersecolocarno lugarde cadaum do grupo e entrar dentrodo g
Isso é muito diferentede simpatia (que se forma a partir do prefixo sfiz, qu
dizer ao lado de e não dentro de).
0 empatiaestá muito conectadaà capacidadede se poder fazer um apr
mentoútil dos sentimentoscontratransferenciaisque estejamsendo desperta
tro do coordenadordo grupo, porém, pâra tanto,é necessárioque ele
tenhacon de distinguir entreos sentimentosque provêm dos
participantesdaquelesque cem unicamentea ele mesmo.
.
Síntes€e integração. A função de síntesede um coordenador de gru deve
ser confundida com a habilidadede fazer resumos.A conceituaçãode alude à
capacidadede se extrair um denominadorcomum dentre as inúmeras
nicaçõesprovindasdas pessoasdo grupo e que, por vezes,aparentam ser tota
diferentesentresi, unificando e centralizando-asna tarefaprioritária do grupo do
estefor operativo,ou no emergentedas ansiedadesinconscienles,no caso po
voltado ao ,r2s{g/rtPor. outro Íado,é a "capacidadesintéticado ego" do gru
peutaque lhe possibilitasimbolizarsignificaçõesopostase aparentementecontraditó-
rias entre si.
Assim, também é útil estabeleceruma diferençaconceitual entre sintetizar e
junto.r: a sínteseconsisteem fazer uma totalidade,enquantojrínÍcrconsisteem fazer
uma nova ligação, isto é, em ligar de outro modo os mesmoselementospsíquicos.
Afunçáo de integraçõo,poÍs\avez, designauma capacidadede o coordenador
juntar aspectosde cadaum e de todos,que estãodissociadose projetadosem outros
(dentroou fora do grupo), assimcomo tambémaquelesaspectosque estãoconfusos,
ou, pelo_menos,pouco claros,porqueaindanão foram suficientementebem discrimi-
nados.E particularmenteimportantea integraçãodos opostos,como, por exemplo, a
concomitânciade sentimentose atitudesagressivascom asamorosasque sejamcons-
trutivas e repaÍadoras,etc.
Para que um coordenadorde grupo possaexercer adequadamenteas funções
antesreferidas,muito particularmentenasgrupoterapiasdirigidas ao insight, impõe-se
a necessidadede que seu estadomental esteja voltado para a posição de que o
crescimentopsíquicodosindivíduose do grupoconsisteemaprendercomasexperiên-
cias emocionaisque acontecemnas inter-relaçõesgrupais. Assim, ele deve comun-
gar com o grupoque o queé realmentevaliosona vida é ter aliberdade parafantasiar,
desejar,a sentir,pensar,dizer, sofrer,gozar e estar junÍocom os outros.
Portanto,um importantecritério de crescimentomental, emborapossaparecer
paradoxal,é aqueleque,ao contráriode valorizar sobremaneiraque o indivíduo este-ja
em condiçõesde haver-sesozinho,a terapia grupal deve visar que, diante de uma
dificuldademaior, o sujeitopossareconhecera suapartefrágil, permita-seangustiar-se
e chorar e que se sinta capazde solicitar e aceitaruma ajuda dos outros.
Vale enfatizar que a enumeraçãodos atributos que foram referidos ao longo
destecapítulonão pretendeser exaustiva.Os mencionadosatributoscomportam ou-tras
variantes,permitiriam muitas outrasconsiderações,foram descritosem terÍnos ideaise
nãodevemser levadosao pé da letra,como sefosseuma exigênciaintimidadora ou
u,maconstrangedoracamisade força. Antes, a descriçãoem itens separadosvisa a dar
uma amostragemda importânciada pessoado coordenadorde qualquertipo de
_crupo.
0 expressão"qualquertipo de grupo" implica uma abrangênciatal, que alguém
poderiaobjetarqueos atributosqueforam arroladosnãoconstituemnenhumaorigina-
lidade específica,porquantotambémdevem valer para mil outras situaçõesque não
rêm um enquadregrupal formalizado. A respostaque me ocoÍÌe dar aos hipotéticos
contestadoresé que elesestãocom a razão.Assim, em uma famíÌia nuclearé à dupla
parentalque cabea função de coordenara dinâmicado grupo familiar. Em uma sala
de aula, é o professorquem executaessafunção. Num grupo de teatro,essepapel é
do diretor do grupo. Numa empresa,cabe às chefiase diversassubchefías, assim
diante.
ç'or
Numa visualizaçãomacro-sociológica- uma nação,por exemplo -, as mesmas
:onsideraçõesvalem paraa pirâmideque govema os destinosdo país,desdea cúpula Jo
presidentecoordenandoo seu primeiro escalãode auxiliares diretos, cada um
Jessesexercendoa função de coordenaros respectivossubescalões,em uma escala-
5888 progressiva,passandopelos organismossindicais em direção às bases.Se
não hyer verdade,respeito,coerência,empatia,etc.,por
partedascúpulasdiretivas(como
.r dos pais em uma família, a de um coordenadornum gÍupo,etc.), é virtualmente
::no que a mesmacondutaacontecerápor parte dos respectivosgrupos.
O que importa destacaré o fato de que o modelo das liderançasé o maior res-
se.rri;ír'elpelos valorese característicasde um grupo, sejaele de que tipo for.
0 FamíIia comoGrupo
Primordial
LUIZCÀRLOSOSORIO
0 estruorafamiliar varia,portanto,enormemente,conformea
latitude,asdis tasépocashistóricase osfatoressócio-políticos,econômicosou
religiososprevale numdadomomentoda evoluçãode determinadacultura.
SegundoPichonRivtère,"a,famíliaproporcionamarcoadequadoparaa de
gãoe conservaçãodasdiferençashumanas,dandoformaobjetivaaospapéisdis
tos, mas mutuamentevinculados,do pai, da mãe e dos filhos, que constihle
papéisbásicosem todasasculturas".
ParaLéviStrauss,sãotrêsostiposderelaçõespessoaisqrueconírguramaf lia:
aliança (casal),filiação (paise Írlhos) e consangüinidade(irmãos).lsso nosc duza
outroreferencialintimamentevinculadoà noçãode famflia: o parentesc O
parentescoconsistenumarelaçãoentrepessoasque sevinculampelo c mentoou
cujasuniõessexuaisgeramfilhos ou, aind4 quepossuamancestra
muns.Nestaconcepção,maridoe mulhersãoparentes,independentementeg rem
filhos,assimcomoo sãoos paisde umacriança,emboranão sejamlegalm
casados;por outrolado,doisindivíduosquevivammaritalmentesemqueessar ção
sejaoficializadalegalmenteou quedelaresultemfilhosnão sãoparentes.
Frcud,emToteme taòu,assinalaqueo "parentescoéalgomaisantigodo q
vidafamiliare, naìã-oria dassociedadesprimitivasquenossãoconhecidas.fa
lia continhamembrosde maisde um parôntescoComo.veremosmaisadiante
não se conhecero papeldo pai na reprodução,n_ospovo_sprimitivoo-
sparentesc restrito à linhagem matema.
NÌo o6Bkúiteã no-çãóãafamíliarepousesobrea existênciado casalqlLelh origem,
considera-seque suaessênciaestejarepresentadana relaçã,opais-filhn quea origeme o
destinodesteagrupamentohumanocoincidemno objetivode g e criarfilhos.
. ,A,c,on(içã! neçtênicada espéciehumana,ou seja,a impossibilidadede
descendênciasobreviversemcuidadosao longo dos primeirosanosde vida, foi,
pelo
dúvida,responsável surgimentodo núcleofamiliarcomoagentedeperpetu
t-
F {S ORIGENS DA FAMÍLIA
t-
te famíliaé uma instituiçãocujas origensremontamaosancestraisda espéciehuma na
ì- e confundem-secom a própria trajetóriafilogenética.
A organizaçãofamiliar não é exclusivado homem;vamosencontrá-laem outra
a espéciesanimais,quer entre os vertebrados,quer, mesmo sob formas rudimentare
ú- entre os invertebrados.
lÍ Assim como na espéciehumana,encontram-sedistintasformas de organizaçã
familiar entreos animais.Há famíliasnasquais,apóso acasalamento, prole fica ao
cuidadosde um só dos genitores,geralmente,a fêmea; mas também poderá ser
lá macho quem seencarregados cuidadoscom os descendentes,como em certasesp
iéL cies de peixes.Algumas espéciesentre as aves vivem em família durantea épocad
reproduçãoe em bandosduranteas demaisépocasdo ano. Os pais podem perman
cerjunto aosfilhotespelavida toda,masessesgeralmenÍedeixamos paisantesqu
la nasçamoutrasninhadas.Há também entre os animaisfamílias ampliadas(ou exten
m sas),onde os jovens ajudam a criar os irmãos. As abelhasoperárias,que são filha
io estéreisdas abelhasrainhas,constituementre si uma fratria ou comunidadede irmã
,te com funçõesde mútuos cuidados,proteçãoe alimentação.
'l- Essabreve referênciaaos comportamentosfamiliares de certos animais tem
n. propósito de enfatizar o caráter universal dos agrupamentosfamiliares e chamar
e- atençãopara suâonipresençanão só ao longo da evoluçãoda
rl- espéciehumana,mâsn de outros seresdo reino animal.
ti- Curiosamente,a origem etimológicada palavrafamília nos remeteao vocábu
latinofamulus, qrl'esignifica "servo" ou "escravo", sugerindoque primitivamente s
al consideravaa família comosendoo conjunto de escravosou criadosde uma mesm
m pessoa.Parece-me,contudo, que essaraiz etimológica alude à natureza possessi das
- relaçõesfamiliares entre os povos primitivos, onde a mulher devia obedecerse marido
Ia como se seu amo e senhorfosse,e os filhos pertenciama seuspais, a que deviam
suasvidas e conseqüentementeessessejulgavam com direito absolutosobr elas.A
noçãode possee aquestãodo poderestão,portanto,intrinsecamente,vinculad
origem e à evoluçãodo grupo familiar, conforme veremosmais adianteao trata
mos dos mitos familiares.
us
Há váriasteoriassobrea origem da família: umas a fundamentamem suasfu ções
rir
biológicas; outras, em suasfunções psicossociais.Foram formuladas as mai diÏersas
e hipóteses,tendocomo ponto de partida questõesatinentesà parentalidad ou seja,aos
?u papéispatemo e matemo como estruturadoresdo grupo famiÌiar.
Ìi- O vértice evolutivo - que consideraque a família, talqual os seresque a com
poem,necessitapassarpor etapassucessivasno cursode seudesenvolvimento- te
sido a pedrade toque na fundamentaçãodas diversasteorias que tentam explicar
52 . zmsnve" * oso*to
É n muÍr,n o cRUPoPRIMoRDIAL?
Eis aí uma questãotranscendentalde Íespostanão tão fácil como seria de se
supor.Emborao sensocomum e um raciocínio rudimentarnos levema concluir que
homem, mulher e filho devam ter se constituídono mais elementar agrupamento
56 . ZMERMAN& OSORIO
vezesviolento, maltratandoJuno.
Creio que seráfácil aos leitoresidentificar nestefragmentoda mitologia greco
romanaa presençado contextofamiliar como pano de fundo para as açõesmíticas.
Se é o conflito entre pai e filho ou entremarido e mulher que se toma manifest
nessasconcepçõesmitológicas da origem dos seres,na versão bíblica é a rivalidad
entre os irmãos Caim e Abel que comparecepara aludir às vicissitudesda vida
fami-liar; por outro lado, podemosinterpretara expulsãode Adão e Eva do
paraísocomo expressãodo repúdio do pai aos filhos criados quândo estesnão se
comportam de acordo com as expectativaspatemas.
De uma forma geraÌ,todasasmitologias,aodaremsuasversõesda antropogênes
logo que criam o homem o colocam numa situação relacional no seio do núcleo
familiar. E não só nos mitos de origem como também nos que retratamdramas ou
conflitosdo périplo existencialvamosencontraros protagonistasimersosem su
circunstânciafamiliar: o solitário Narciso, mirando-senas águas,vê, mais além de sua
imagem refletida, as entranhasmatemaspara onde desejaretomar,e Édipo per corre
seucalvário balizadopelasculpasincestuosasnum complexo interjogo de rela
çõesfiliais,conjugaise parentais.
Ora, se as sagasmíticas com talreiteraçãouniversalizama presençada famíli
em seusconteúdose se são elas a proto-representaçãodo mundo real, não se
poder daí inferir a condiçãoprimordial da família como agrupamentohumano?
58 . ,,",n*noNu uso*,u
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GruposEspontâneos:
As Tirrmase Ganguesde
Adolescentes
DAVID E. ZIMERMAN
ção libertária.
A tendênciaa se agruparemtambém se deve ao fato de que: sentem-semenos
expostosàs críticas diretas;discriminam-sedos adultos;confiam mais nos valo-
res de seuspares;diluem os sentimentosde vergonha,medo,culpa e inferiorida-
de quandoconvivem com outrosiguais a eles;reasseguram auto-esÍimaatravés
da imagem que os outros lhe remetem.
64 . z-"*na*l a osonro
A FORMAÇAO DE GANGUES
Tal como antesfoi consignadoo. aspectomaiscaracterísticode umagangueé o
predominânciadaspulsõesagressivo-destrutivas,muitasvezescomrequintesde
versidade e de crueldade. Por oue isso? A resoosta não é fácil. oois as
determinantesnãosãoúnicase nemsimples,pelocontrário,sãomúltiplas,com
psiquismo
xas e abrangemfatores tanto da naturezado intemo como aqueles
dizem respeitoàscircunstânciasda família,os aspectossócio-culturais,econômic
oolíticos e também a influência da mídia.
Sabemosque existeuma constanteinteraçãoentre o indivíduo e a sua soci
de, e que a identidadedo sujeito - especialmentea do adolescente- fica seriam
ameaçadaquandohá um incrementode angústias,quer as provindasde dentro d
quer aquelasque, vindasde fora, abatem-sesobreele com exigênciase privaçõe
todaordem.
F Assim, uma primeira e óbvia razãoé a de que uma gangueagressivarepresenta
vn grito de desesperoe de protesto contra uma sociedadeque não só não os
entende,como ainda os desampara,humilha, mente, corrompe e degrada.Vale
a assinalarque, nessabuscadesesperadapor uma libertação,forma-seum grande
o paradoxo,porquantoa organizaçãoda ganguesegueum tão rígidocodigo de leal-
dadeaos seusvalores,que ele próprio acabapor se constituirnum novo cativeiro.
E Como a maioria das ganguesse forma no seio das classesmais humildes, temos
uma tendênciaem aceitar essa explicaçãode naturezasócio-econômica como
suficientepara entendero porquê da condutapredatóriadessasganguescontra a
E sociedadeburguesa.No entanto, em classesmais favorecidas,essefenômeno
também não âconteceraramente,o que comprovaque o extravasamentode senti-
l- mentosde ódio, inveja destrutivae ímpetosde vingançacruel não é exclusivida-de
ls de classese de pessoaseconomicamentecarenciadasA. carênciaé mais pro-
funda e sériado que aquelaunicamenteeconômicae diz respeitoàs privaçõesde
ordem afetiva e do caosemocionalde certasfamílias.
Outra causaexplicativa da empáfia arrogantee onipotenteque caracterizacada
ls um dos indivíduosque pertencemà gangueconsisteno fato de que, muito refor-
la çada pela antesaludida idéia de que a união faz a força, exacerba-seuma
sensa-ção de onipotênciae prepotência.Sabemostodos que, muitas vezes, o
sujeito necessitarecorrerao recursomágico da onipotênciacomo uma forma de
fugir da depressãosubjacente,do reconhecimentoda sua fragilidade e da
dependência dos outros.Da mesmaforma,um grupofavorecea diluiçãodo fardo
de responsabi-lidadese de culpas de cadaum, separadamente,em relaçãoaos
danoscausados aos outros.
Um aspectoimportantea ser levado em conta é o fato de que, assim como, nas
turmas sadias,a supervalorizaçãodo tipo de vestimenta,penteado,gosto musi-
cal, etc., pode estar sendo o emblema designativoda sua diferenciaçãocom o
establishment- ou,nasturmasdrogativaso fetichesupervalorizado diferenciador
seja representadopela droga nas ganguesdeliquenclals,a violência, por si mes-
ma, pode seconstituir como insígniaprincipal. Dessaforma, o ideal da ganguese
organizaem tomo daidealizaçãoda violência,a qualnáo só não é criticada pelos
pares,como ainda o seu propósito antisocial é significado por eles como uma
demonstraçãode audáciae valentiae, portanto,como um passaportepara a acei-
tação e â admiraçãodos demais.
Modelo de uma cúpula diretiva corrompida,sejano âmbito familiar, sejano nível
govemamental.
influência da mídia como um fator modeladorda formação de ganguesnão deve
ser exageradapor partedos estudiososdo assunto,porém também não deve ser
depreciadae está por merecerum estudomais profundo.
Por último, um aspectomuito importanteé aqueleque diz respeitoà dificuldade
em se conseguirmodificar a progressivaexpansão,numérica e destrutiva, das
ganguesnascidasnasclassesmarginalizadasPrendem.-seao fato de que os
indiví-duos nasceme crescemem um ambienteque tem uma cultura própria,
com o cultivo de valores outros que não aqueleshabitualmenteconsideradospor
nós como sendoos construtivose saudáveis.Eles se organizamem uma
sociedade paralelae, por isso,a regraé que eles não se sentemcomo
marginalizados,mas, sim, como orgulhososportadoresde uma cultura
diferente,umâ anticultura,com um código de valoresmorais, éticos e jurídicos
inteiramenteà parte dos valores vleentes.
66 . zrt.,tenr,aeLosonro
cia entre o que os pais dizem,Íazem,e o que, de fato, eles rdo. Por exemplo, os pais
podem pregar verdadeirosdiscursosde alertacontra os vícios,ao mesmotempo que
ostensivamentecultivam o seu vício ao cigarro, à comida,ou a remédios,etc.
que essencialmentediferenciaâ existênciade uma turma e de uma gangueé que,na
primeira,alémdeuma buscasadiapor emancipação,prevalecemos sentimentos
amorosos,ainda que essesestejamcamufladospor uma capa de onipotência e de
pseudo-agressãoA. turma se dissolve ao natural, porquanto os seus componentes
crescem,tomam diferentescaminhosna vida e ficam absorvidospelo eslúlishment.
diferente nas gangues:neste câso, há a predominânciados sentimentosde
ódio e vingança, com a ausênciamanifestade sentimentosde culpa e de intentos
reparatórios,ancoradosque aquelesestãona idealizaçãode sua destrutividade.Em
casode dissoluçãoda gangue,os seusmembrosseguema mesmatrilha de delinqüên-
cia ao longo da vida, tantoporqueos conflitos sócio-econômicosestãocontinuamen-
te reforçandoe justificando a violência como porqueo processode separaçãoentre
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do
tal
ido
r.É ClassifïcacãoGeral dos )
ção
Ìsta
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Grupos
DAVID E. ZIMERMAN
)se
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um
vos
,ou
GRUPOSOPERATIVOS
"gl'upo
opcrativo"e ó tão cxte
E tão ablangente conceituaçiroda expressão
gamade suasapÌicaçõcspráticls,que muitospreferemconsiderá-loscomo s
genericamentc,um continentedc todosos demaisgrupos,inclusiveos terapê
mesmoos especificamcntepsicanaÌíticosA. conceituação, divulgaçãoe a a
ção dos gruposoperativosdevenrmuito ao psiclnalistaargentinoPichon Ri
que,desde1945,introduziu-osc os sisteÌnatizouEsse.autorconstruiuo seu"e
ial 'considcrandoumasériede fatores,tantoco ma conceitualreferenc operativo
Institucionais,Cadavezmaisestaatividadeoperâtivaestá sendoutiliza
instituiçõesem geral.Assim,asescoÌâsestãopromovendoreuniõesquecong
pais,mestres alunoscom vistasa debaterem encontraÍemuma ideologiaco
parauma adequadaformaçãohumaníslicaO. mesmopode acontecernas div
associaçõesdc classe,como,por exemplo,nossindicatos,na igreja,no exércit
empresasEspecialmente,.estasúltimasestãomontandoserviçosdirigidospor ps
gos organizacionais,que sedestinama rìumentaro rendimentodeproduçãode
emprcsa,investindono pessoaÌda mesma,atrâ\,ésdegruposoperativoscentra
tarefade obtencãode um clima de harmoniaentreos seusdiversosescalões.
Comunitários. O melhor exemplodestetipo de grupo é o de sua crescente
aplicaçãoem programasvoltadospara a saúdemental. Partindo da definição que a
OMS deu à saúdecomo sendoa de "um completobem-estarfísico,psíquicoe soci-al",
ê fâcil entenderporque as técnicâs grupaisencontram(ou deveriam encontrar) uma
amplaáreade utilização,sobretudoem comunidadessociaisPode.servircomo
modelodissoo trabalhocom gruposque,há muitosanos,vem sendoaplicadona Vila
SãoJosé do Murialdo,em PortoAlegre,RS, comunidadecom uma populaçãoem torno
de 30.000habitantes,que se beneficiacom a utilizaçãode diversostìposde grupos- por
exemplo,os realizadoscom gestantes,crianças,pais,adolescentessadi-os,
líderesnaturaisda comunidade,etc.
Técnicosde distintas áreasde especialização(além de psiquiatras,também ou-
trosmédicosnão-psiquiatras,psicólogos,assistentessociais,enfermeiros,sanitaris-
tas,etc.) podem,com relativafacilidade,serbem treinadosparaessaimportantetare-fa
de integração de incentivoàscapacidadespositivas,desdequeelesfiquemuni-
camentecentradosna tarefapropostae conheçamos seusrespectivoslimites.
GRUPOSPSICOTERAPICOS
Embora, como anteriormenteexplicado,os gÌuposoperativostambém tenham
indiscutívelaçãopsicoterápica,éútil reservar terminologiade"grupopsicoter
estritamentepara aquelasformas de psicoterapiasque sedestinamprioritariam
aquisiçãode insight, notadamente,dos aspectosinconscientesdos indivíduo
totalidadegrupal.
Não há um específicoe acabadocorpo teórico-técnicoque dê uma
sólida mentaçãoa todas as formas de grupoterapiasEnquanto.isso, elas vão
se de outrasfontes,das quaismerecemum registroà parte as quatro a seguir
a p sicodranuitica,a da teorin sistêmica,a da corrente
e, naturalmente,a de inspiração psicanalítica. Alémdessas,deve ser incluíd
grupoterapiade abordagemmúltipla holística, a qual consisteno emprego de
certa combinaçãodas anteriores.
PsicanalíticaA. conentepsicanalítica,porsuavez,abrigamuitasescolas:freu-
diana,teóricosdasrelaçõesobjetais(inspiradosprincipalmenteemM. Klein, Bion e
Winnicott),psicologiadoego(Hartmann,M . Mahler,etc.),psicologiadosef(Kohut),
estruturalista(Lacan,entreoutros)No. entanto,apesardaóbvia(e sadia)divergência na
conceituaçãoda gênesee do funcionamentodo psiquismo,e da fundamentação
dospostuladosdametapsicologia,teoria,técnicaepráticadapsicanálise,essasdiferen-
tesescolasconvergemno quehá de essencialrelativamenteaosfenômenosprovin-
dosde um inconscientedinâmico.
Particularmenteem relaçãoàs grupoterapiaspsicanalíticas,não há um único
referencialteórico{écnico,o importanteé queo grupoterapeutatenhaumaformação
psicanalítica,depreferênciade naturezamúltipla,isto é, de conhecermuito bemos
fundamentosbásicosdetodasasescolas,e, a partirdaí,construiro seuestilopróprio
autênticode trabalharpsicanaliticamente,fazendoas necessáriasadaptaçõesàs
peculiaridadesdo campogrupal,com assuasleis dinâmicasespecíficas.
O fato de queo grupoterapeutatrabalhecomum referencialde fundamentação
psicanalíticanãosignificaqueeledeverávisar,sempre,a um objetivorigorosamente
psicanalítico,no sentidorestritodessetermo.Assim,da mesmaforma como nas
psicoterapiasindividuais,tambémasgrupoterapiaspodemfuncionarporum período
de tempolongoou cuÍo, podemter umafinalidadeprecípuade lnsigÀrdestinado
mudançascaracterológicas,oupodemselimitarabenefíciosterapêuticosmenospre-
tenciosos,com a simplesremoçãode sintomas,alívio de angistiasouresoluçãode
crises.Além disso,essasgrupoterapiastambémpodemlimitar-seà buscaúnica de
umamelhoradaptabilidadenasinter-relaçõesfamiliares,profissionaise sociais,ou
podemobjetivara manutençãodeum estadodeequilíbriopsíquico(como,por exem-
plo,compsicóticosegressos),ou ainda,a de despeÍarasocultascapacidadespositi-
vas(comono casode gruposcom pacientesborderline,depressivos), assimpor
diante.
Um exemplodecomoo referencialpsicanalíticopodeestender-seaoutrasaplica-
çõesgrupaisquenãosomenteasdo clássicosztlingcompacientesneuróticosconsis-te
no empregoda"psicanálisedasconfiguraçõesvinculares",que,alémdosgrupose
instituições,encontraa suagrandeimportânciano atendimento casaise a grupos
familiares.
80 . zr,rmuer a oso*to
Finalmente,deve-
sedartodoapoioaosinstitutosformadoresde
de grupose àsentidadesrepresentativas,em suastarefasde,entreoutras,
cursos,programas,jomadas,algumasformasde intercâmbiode experiên
quisae produçãode trabalhoscientíficos,estímuloaoestabelecimentodeconv
com órgãosestataisde assistênciamédica,empresas,sindicatos,instituiçõesd
saio,entidadescongêneresaessase, sobretudo,promoveralgumaformaconsi de
diwlgaçãoe esclarecimentoao grandepúblico.
mtona
ãs hu-
algum
riam e
ajuda,
náveis
DSgru-
Dmáti-
b., em
Ento e
Egode
EÍupos
bs ali-
Icio de
160,as
Ea não
;
BSO,a
landes
Fo"T
bas de
lidade.
I como
p,cor-
[ca de
I nota-
lvezes
Era ou
btivos
no um
o
F'"
ldores
tr|over
Pes-
Como Supervisionamos
Grupoterapia
LUIZ CARLOSOSORIO
MODALIDADESDE ATENDIMENTOGRUPAL:SUASPECULIARIDA
CORRESPONDENTESTÉCNICASDE SUPERVISÃO
tarefaextremamentecomplexatentarqualquerformade sistematizaçãodasdi
tasmodalidadesde atendimentogrupal:orasepodereferilas às linhasteórica
lhesdãosustentação(psicanrílise,psicodrama,teoriadossistemas,teoriado c
grupal,teoriadacomunicaçãohumana),ora à faixaetáriaquetemcomoalvo(c
Grupoterapia analítica
grupoterapiaanalítica é também referida como psicoterapiaanalítica de g
psicanálisede grupo, psicoterapiagrupal de orientaçãoanalítica.
Se nos ocupamosdela inicialmente,é porquecronologicamente psica foi
o primeiro marcoreferencialteóricoparao estudoe a compreensãodos agrup
tos humanos,visandoa instrumentarseuatendimento.Embora,a rìgor, opsico a
tenhaantecedidocomo método de abordagemgrupal, não a precedeucomo es
ra teórica a partir da qual se pudesseentenderos mecanismosgrupais e pres
uma açãopsicoterápicasobreos indivíduosquecompõemum grupo.
A grupoterapiaanalítica,introduzidaem nossomeio em meadosda déc 50,
experimentourápidaexpansãoem toda a AméricaLatina,a partir de se
irradiadorem BuenosAires,tendo,no entanto,apresentadoum acentuadode
nos aÌÌos70 - paraalguns,pela deserçãodos pioneirosem funçãodas press
instituiçãopsicanalíticacontraa psicoterapiacoletiva,soba alegaçãode quepsi
lise só é possívelnuma relaçãodual e, para outros,em decorrênciados sis
políticosautocráticosvigentesno continentesul-americanonôs anos60-70,
elesobviamenteantagonizandoquaisquermodalidadesde práticasgrupais,por
las fermentode atividadessubversivasSó. mais recentementea grupoterapiaa
ca voltoua representarumaalternativapsicoterápicade peso,no contextoglob
grupoterapiasem geral, mas já agora experimenÍadoum afastamentogradu
delineamentostécnicos originais, muito comprometidoscom a mera extrapo
dos eventos inerentesà relação dual do processoanalíticopara a situação g
Atualmente,a grupoterapiaanalíticavem incorporandoa sua prática e se dei
fecundar,em suasustentaçãoteórica,por elementosoriundosde outrasvertente
como a dinâmicade grupo,a teoriadosgruposoperativos, teoriada comun
humana,a teoria sistêmica,o psicodramae outras mais. Isso, ao que tudo in
deveráafetarsingularmentea práxis dasnovasgeraçõesde grupoterapeutasde l
gem psicanalíticae, conseqüentemente,a prática da supervisão,já não mais
apenascalcadano clássicomodelodo relato verbaldassessões,masenriquece
com a utilização do role-playÌng(contribuiçãodastécnicaspsicodramáticas),d
prego do espelhounidirecional e do vídeo(de uso correntenas supervisõesda
pias familiaressistêmicas)e da utilizaçãodo próprio gÍupoem supervisão
matriz do aprendizado(comonosgruposde reflexãosobrea tarefa,oriundosda p
com grupos operativos).
Como a imensamaioria, para não dizer a totalidade,dos que praticam a
g terapiaanalíticaem nossomeiopossuitreinamentoprévio em psicanáliseou ps
rapia analíticadegrupo',sua práxis clínicaé supervisionadasegundoos câno
'Estanão é, contudo, uma p€culiaridadede nossomeio. Foulkes (1972) assinalaque, num levnntamentoestatísticorealiz
AssociaçãoAmericaiâ de PsicoteÍâpiadc Crupo em 1961, 86% dos haviam sido previamente feinad
modalidâdesde âtendimenlo individual. Srupotcmpeu(âs
os), supervisãopsicanalítica,ondeo supervisionadotrazo relatoverbaldassessõ
cio- supervisordiscutecomele aspectosda compreensãodinâmicado grupo,da té
:nas empregada,do emprego adequaçãodasinterpretaçõesdo manejodossentim
Ìéc- transferenciais contratransferenciaisNão. existindoentrenós, até recente
:ral. umaformaçãosistematizadade psicoterapeutasdegrupo,o trabalhoassimsupe
onadoseconstituíanaquaseexclusivaformade transmissãode conhecimen
primeirageraçãodegrupoterapeutasanalíticos(décadasde50-60),comosóiac cer
com os pioneiros,foi de formaçãobasicamenteautodidática,emboraalgu
nhamrecebidotreinamentonão-sistematizadonoutroscentros(MaÍins, 198
segundageração(décadade 60-70),aindaquenaaquisiçãodosconhecimento cos
tpo,
continuasseem moldesautodidáticos,pôdeenriquecersuasvivênciasgm
sejacomopacientesdegruposanalíticosdecolegasdageraçãoprecedente,sejac
ilise
seussupervisionadosA .pardisso,a experiênciainstitucionalsubjacente seutr
len-
mentopsicoterápico,cadavez maisimpregnadapelastécnicasambientoter
Ììa
fomeceu-lhesubsídiosapreciáveisparaa familiarizaçãocom o atendimentodein
utu-
duosemgruposA. terceirageraçãoqueorasurge(décadade 80),alémdoselem de
ryor aprendizagemjá mencionados,passaa contarcoma possibilidadede sistem
seusconhecimentosteóricosenriquecerapráticasupervisionadacomoutrasmo
ide
dadesoriundasde distintosreferenciaisteóricos,conformesupracitado.
úlo
ínio Porrazõesquenãocabeaquidiscutit nãosetornouentrenós práticacorre a
exemplodo queocorreunoutroscentros- o empregodoobsenadordegrupoc
6da
umamodalidadedetreinamentoEmbora,.a rigor,nãosepossaconsideráJopro
má-
menteuma formade supervisãodo trabalhogrupal,poisseriao supervisor n
tÌìÍts
supervisionandoqueestariaatendendogÍupo, aprendizadoatendimentogr
rdos
atravésda práticadeobservar formacomoo grupoé conduzidoporum profiss
pc maisexperienteapresenta-se,porassimdizer,comoo "negativo"dasupervisãotr
[íri- cionale, portanto,ensejavivênciasqve, lato sezsu,permitemincluílo como
das
modalidadede supervisãoSupõe.-seque,pelocaráteranômalode semanterno po
dos
um membroinstitucionalizadocomo periféricoe não-paÍicipante,issocr
ção umadistorçãodadinâmicagrupalquetomabastantediscutívelo métodode apren
Pal. gemem questãoPara.alguns,sóa inclusãodo supervisionandocomoco-terap
ndo comdireitoimplícitoà iniciativana conduçãodo grupoe semdistingui-lofunci
tais mentedo supervisorperanteo grupo,permitirámanter-seo equilíbriohomeos
ção paraquedecorraprodutivamenteprocessogrupal.A co-terapia,aindaquele do-
k4 seem conta,no caso,a defasagemno nível de experiênciadoscoordena
ha- propiciaria,então,um veículomaisadequadoparaa aprendizagemsupervisio por
pra respeitar estruturafuncionaldo grupo.
>s€ supervisãoemgrupoterapiaanalíticapressupõe- a pardasdistintasman de
tÌF conduzi-la- queseiniciejá com a seleção o agrupamentodos pacientes vezquea
Ía- constituiçãodo grupoé momentocrucialparasuafuturaviabilizaçãoc
tÌto adequadocontinentepsicotenípicoHá. quemafiancequeem nenhumaoutrafas
ÌÍ:a processogmpala supervisãotenhapapeltão prepoderantedesempenharcomo
sesinstantespréviosaofuncionamentopropriâmenteditodo grupo,o quemetaf
Po- menteseexpressanesteaforismade Anthony(1968):"cadaterapeutatem o g
tre- quemerece"E. mister,então,selecionar agruparconvenientementeseusmem
rda respeitandonão só a compatibilidadedosindivíduosquedevemcompô-locom
idiossincrasiascontratransferenciaisdoterapeuta.
Parafinalizaressasconsideraçõessobrea supervisãoem grupoterapiaanal
ldâ consigne-seque,numavisãoprospectiva,estatarefaestácadavez maisimpreg dos
odD
modelosde supervisãoempregadosem outrasformasde atendimentogr
compreensão o manejodos grupos,masapenasinstrumentaa transmissãode con
cimentos,via utilizaçãode procedimentoscujaeficáciatenhasidocomprovada,so
tudo peladesmitificaçãoda figura do supervisorcomo agenteemissorde
conhecim tos e detentordo saberinstitucionalizadoparatrazê-loà
suarealdimensãode m catalisadordo processode auto-aprendizagem,pârtir da
experiênciaclínicaa desenvolvidapelo supervisionando.
Psicodrama
psicodrama,comoinstrumentopsicoterápico,desenvolveu-seapartirdo "teatr
espontaneidade"do sociodramamorenianosAlicerça.-sena "teoriadospapéis
seja,no conjuntode posiçõesimagináriasassumidaspeÌoindivíduo desde
primórdios,na relaçãocom os demars.
ParaMoreno( 1986),a psicoterapiagrupalé um métodoparatratâr,conscie
mente,e na fronteirade umaciônciaempírica,asrelaçõesinterpessoais os pro
maspsíquicosdosindivíduosde umgrupo.
O métodopsicodramáticoìJSa representaçãodramática(a cena)como ce de
suaabordagemdosconflitoshumanos,essarepresentaçãoune a ação à pala
privilegiandoa expressãocorporal,ao ladoda comunicaçãoverbaÌ.Daídecorre o
métodode supervisãopor excelêncìautilizadona formaçãoe no treinament que a
empregam- o role-pkrying consisteem procedimentosem que o relato ve da
supervisãoanalíticaé substituídopelaexperiênciarevivenciadado processo
coterápicoatravésdo "jogo de papéis".
Em queconsisteo role-playíng?
Muito sumarìamentediríamosqtl'eo role-pktying é um "como se" da se
psicoterápica,no qual,porexemplo,supervìsor supervisionando,assumìndoalt
damenteos papéisde terapeuta pacieÌ'ìte,possamjuntoscomporasváriasaltem
vas do processopsicoterápicoatravésdo revivenciarpsicodramáticode situa
oconidasna(s)sessão(ões)prévia(s)ou ensaiaros passosfìturosde sessõesvind
ras.Assim, nãos6 o role-playr)rgserviriaparapreencheras lacunascompreen do
materialde sessõesjáocorridas,comopossibilitaria antecipaçãoimaginária
eventospossíveisou prováveisno devirgrupal,ensejandoao supervisionandodo
nio dasansiedadesfrenteao novoe desconhecido,quetantasvezeso paralisaem
funçãopsicoterápica.
Ao dramatizarumasessãojá ocorrida,o role-playhgpermiteao supervisio do
revivenciá-la,experimentandodistintosângulosde (auto-)observaçãodo p que
desempenhou,bem como ampliar o enfoquecompreensivodo material aport
pelogrupo,atravésde suaobservaçãoespeculaqpelarotatividadede papéisiner à
próprianaturezadestatécnicade aprendizado.
Por outro lado, a representação,atravésdo "como se" dramático,de uma se
futura,oferece-lhea oportunidadede testarpreviamentesuasatitudese reaçõesfr te a
eventuaisemergentesgrupais,assimcomolhepermiteo confrontocom asvici tudes da
târefa, sem a sobrecargaansiogênicada realidadefactual
O caráterexperimentaldessamodalidadede supervisãoconfereìhe,analogicam
a funçãode retroaprendizagemquea pesquisaensejaa todae qualqueraçãoterapêu
E, portanto,um cadinhode nuancese possibilidadesda práticada supervisào.
O role-playing mostra-sede extremo valor no treinamentoprévio, ao iníci
trabalhopsicoterápicocom grupos;numacompitriìçãoquiçá um tanto inadequ
coMorR^BALH^Moscou cnuPos r
çio de gÍupoterrpeutal
Como foi assinaladoanteriormente,estaexpcriênciacom superv
terapeutasem formaçãoé bastanterecentee não permiteaindaquede
'
Cen(ro de ProgrâmÂsde EducaçãoContinuada (CEPEC).
SSOOS elementosconclusivosou queseretroalimentemospressupostosenunciados;se
aqui é feita referência,é pelo caráterde atualizaçãodestelivro. Num futuro próx
poder-se-áretomar a essaexperiênciapessoalpara então focá-la apenasdo â
das expectativasainda por cumpriq mas submetendo-a uma análisecrítica.
CONSIDERAÇOES FINAIS
nicial-
mente super-vistio,como a etimologia do termo sugere,pressupõea existência d
ram à profissional mais experienteque lance um olhar soàre o trabalho de seu col
pervF menosexperiente geralmentemaisjovem - e que,da posiçãoprivilegiadade
ico do detém o saberdesejado,o oriente p eternoListÌcdnrcntenos meandrosdaprática
que fissionalem queslào,no casoa grupoterapiJ.
rdede A evoluçãoda grupoterapiaatravésdasmodaÌidadestécnicasresenhada artigo
iva os ensejou,conformevimos, profundasmudançasna concepçãoe na metodo do
desìo- trabalhosupervisionadoA. primeirae maisimportanteconseqüênciadessa dançasfoi
ciaÌ,a a desmitificaçãodo supervisorcomo portadordo sabergmpal realinhamentono
processode aprendizagemcomo modeloidentificatórioe catali do sabera
Lentre serbuscadopelosupervisionandoUma. segunda- e nãomenossign tiva -
los na conseqüência,foi a desmitificaçãoda própriafigurado terapeutacomo tante de uma
de- "torre de marfim", profissional a que só dá acessoatravésdo r verbal(conscienteou
seado inconscientementeincompletoou dìstorcido)de suaexp cia pessoalao
rc_qra- supervisor:ele agoraé despojadoda maÌhaprotetorade seusre
de do pelaexposiçãointegralde seutrabalhonatransparênciada observaçãosimultân
ónca, mesmo.Um terceiroefeito,intimâmentevinculadoaos anteriores,é o câmbi
própriasatitudesdo grupoterapeutadiantede seuspncientes,a quem não ma
DrTna- apresentariacomo detentordâ verdadee como líderincontestedo grupo,mas um de
balho seusparticipantes,cuja hierarquiaé determinadana medidaem que for
n seus hipótesescompreensivasconsensualmentevalidadaspelo grupo.Como conse cia, a
do na super-visaotransforma-senuma co-visão,onde o olhar mais experienten
ínicas , sariamentenãoé o quemelhorpercebeou discrimina,mastão-somente quea os
imos r caminhosjá palmilhados.
alu- A funçãodo supervisor- denominaçãoqueconservamospor consagra uso,
com- aindaque divergindode sua concepçãoorìginal- é basicamentese ofe
Ìum a comomodelode identificaçãoprofissionale,paratanto,devepermitirqueo su
sionandotenhaacesso,naprópriaexperiênciagrupalde ensino-aprendizadoco
;uper- tilhada,à observaçãodiretade seumodode sentir,pensare rgir.
etìva, Concluindo,queremosenfatizarumavezmaisa contribuiçãodasgrupote à
própriatécnicada supervisãodo trabalhopsicoterápicocom pacientesindivi ou
ensl- em grupo.
rmpa-
vi - r isso )
rTna- REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
rupo-
ANTHONY, J. Reílectionson twcnty-lìvcycarsof group psychdhcíapyhúemational.Jour
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112.
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TUBERT-OKLANDER,J. e/ .Ì/. CruposopeÍativosIn:. OSORIOet al.
Grupoterapí gre:ArtesMédicas,1986p. . 135.
PoÍto
PARTE2
Prática com Grupo
Operativose
Psicoterápicos
ComoAgemos Grupos
Operativos?
JANICEB,FISCMANN
IIISTÓRICO
Os grupos operativosforam introduzidospor H. Pichon Rivière na décadade 40
Argentina. Acho importantepara a compreensãode sua teoria sabermosalgo a
peitode seuautor:Pichonnasceuna Suíça,em Genebramaisprecisamente,em 1
nemobservarquemudançasde atitudesestãoobtendo.Issopodeserentend
um momento de préìarefa, pois o "perder peso" impede que reflitam s
hábitos,atitudese sentimentos.
Nessemomento,ocorrea claradissociaçãodo pensar,sentire agir.O g
paranão pensarnemsentir.
momentoda tarefaconsistena elaboraçãoda ansiedadeprovocad
dançae na integraçãodo pensar,scntire agir E nr tarefaqueseconseguea
objeto de conhecimentode forma a romper com as pautasestereotipadasq
cama mudançae bloqueiama comunicaçãoAqui. sedã o insighíatÍavésd
Exemplo1
Trata-sede um grupo operativo.cujl tlrefa e refletir sobrea formaçãode te
familiares,com alunosdeum cursode formâçãode terapiafamiliar.Ë terce do
grupo,ondeos terapeutasestãoseconhecendocomo grupo,logo apósu
dadedocentede laboratórioonde havia sìdo rcalizadoe filmado um ate
familiarqueo grupoassistiupelacâmerade TV No primeiroencontroapó gem,
percebe-seque compârecemâpenastrês participântesno horárioco
Começa-seo grupofalandosobrea pontualidade assiduidadeno cursoe d
veisrazóesparaasfaltasnaqueledia.
EnquantosedisconesobreesseteríÌ4,cadaum trazendosuasjustifica
soais,umadasintegÍantescomeçâdizendoqueestavamuitomobilizadaco
riênciaquetinhatido no diaanteriorcom o gÍupoReferiu.queficou muito a
assistira um entendimentode famíliaequehaviasesentidoincomodadaco de
estaremsendofilmadas.Esseassuntoé entãocolocadoao grupo,e co falarde
seustemoresem não "conseguirentender"as famíliasquandotiv atendê-
las,receiosde não conseguiremconcluiro cursopor não teremc para tal.
Lentamente,vai emergindono grupo a fantasiagrupal de não po expor para
não revelar suasfantasiasde incapacidadepara a tarefa que es propondo.A
coordenadoramostraque tiìlveztambémestejamfalandodo r seexporemno
grupo, temendonão podcrenrconcluir o cursode terapeutasfa ou de não
compreenderemseu papel naquelegrupo.
No momentoem que essafantasiaó expÌicitada,o grupoalivia-see c
entrar na tarefade forma mais tranqtiila.
COMOTRABALHAMOSCOMCRUPOS .
:omo Exemplo2
seus
Trata-sedeum grupodeegressosnumserviçopúblicode saúdemental,quesereú
ratua hámuitosanose temcomocaracterísticasprincipaisa participaçãodepacientesq
sofremdedoençamentale quejá tiverampelomenosumainternaçãopsiquiátric um
rmu- grupoheterogêneoquantoao diagnóstico,mashomogêneoquantoà cronicid
daro dadoençaSeu.objetivoé evitara reagudizaçãodasintomatologiapsicóticae evita
stan- reintemação,auxiliá-losa seressocializarematravésdavivênciado grupooperat
DOra- Nestegrupoháum pacientequenão é muito valorizadopelosdemaisparticipa
rmite por apresentarum defeitoesquizofrênicopersistentedefugade idéias.Semprequ
mesmofala algumacoisa,o grupofaz quenãoouvee nãovalorizasuaverbaliza Ao
mejar conversarmossobreo assuntodo dia,ou seja,a dificuldadequeos mesmos
câda temdeseremaceitosno seugrupofamiliare socialem funçãodo estigmaquecaÍ gam
úhan-
e têm por suadoença,elesdizemque se sentemrechaçados mal-compreend inclusivepor
seusprópriosfamiliaresEntão,.o pacientecitadocorta o assun começaa falar de
lchon que "os gatostêm sentimentos,que devemsentarà mesa,n
lgÍao cadeirinhas"(gesticulavacom a mãoem círculos,dirigindo-separaaquelecírc
lação queestávamossentados)Os.demaisintegrantesseolham,algunssecalamcomo
És da nãoentendessemou ignorandoessemembro.
Um outropacientecortao assunto,dirigindo-seaopsiquiatradogrupoecomeç
Érati- do a falar sobrea medicação,interrompendo,assim,a verbalizaçãodo colega.
partirdessesacontecimentos,coordenadorapassaa mostrarao grupoqu
queaconteceunaquelemomentofoi umademonstÍaçãodo assuntoqueelesestav
trazendoAli. elestambémestavamrevelando quantoeradifícil entenderemasdi
rençasqueexistiamentresi, no cursoda doençade cadaum. O pacienterechaç
denunciaque a conflitivaabordadano grupoestavaacontecendoali no grupota
bém.Fala,então,de suanecessidade serbemaceitocomoosdemaisO. falarso o
Futas
FSSAO
remédio,queé um assuntoconhecidopor todos,servecomoum impediment
rativi. apaÍecerseussentimentoscomrelaçãoa essetemae os temoresde nãoseremco
Erento preendidos aceitospelosterapeutaso grupo,e dessaformamodificaro proble
hlma-
inado.
possí- Exemplo3
pes- Trata-sede um grupo operativo que trata a depressão,em um serviço público
.expe- saúdemental. Este grupo tem uma história de 5 anos de tratamentocom a mes
DSaao coordenadora,que está para sair da instituição que trabalha,mas não havia ain
o fato colocadonem trabalhadotal assuntono grupo. Naquelasessão,estavainiciando u
Fma pacientenova que tinha como fator desencadeantede suadepressão afastamento
que seufilho que fora fazer um curso no exterior.A pacientepermanecequeixosae ch
üições rosano grupo. O temaperdaé comum a todos,os demaispacientesa recebemtent do
Em se tranqüilizá-lae contamsobresuasprópriasperdase os motivos que os trouxer a
am se essetratamento,bem como o quantoestavampodendoelaborarmelhor tais perd ali no
eio de grupo.Recebem-nacommuita receptividade,verbalizandoque"devemosapr der a
iliares deixar nossosfilhos fazeremsuasescolhasna vida". Dizem enfaticamenteq ela não
estavaperdendoo filho, mas, sim, ganhandoum filho mais satisfeitoe rea zado por
Eegue estarpodendocrescerem sua vida profissional.Esseprocessopermitiu
coordenadorintroduzir o assuntode sua saída,pois o grupo demonstravaque esta
começandoa "aprendera lidar melhor com suasperdas".
100 . ZMERMAN&osoRlo
COMENTÁRIOS
Podemosresumirasfinalidades objetivosdosgruposoperativosdizendoqu
atividadeestácentradana mobilizaçãode estruturasestereotipadas,nasdificu
de aprendizagem comunicaçãodevido ao montantede ansiedadedespert
todamudança"(Temas,.1984)
Com isso pode-seentenderque tal mobilizaçãoé terapêutica,e os
operativossão terapêuticospor promoveremmudançasnos indivíduosque o
põem.
Voltemos,então, à perguntatítulo deste capítulo: Como agem osg
operativos?"Um grupo,diz Taylor,apresentadadosobserváveisem seusdifd
momentose queemergemde formasimuÌtâneaou consecutivada complexac
no diálogoe na açáodos indivíduosque atuamem pares,trios ou outrascon
çóesinteçessoaissobreoutrosindìvíduosou sobreoutrasconfìguraçõesinterp
sobreo grupocomo totalidadeou sobreo analìsta,ou reagemcontraelespró
(Pichon .1988)
processoterapêuticodo qual o grupooperativoé instrumentoconsi última
instância,na diminuiçãodosmedosbásicosatravésda centralizaçãona do
grupo quepromoveo esclarecimentodasdificuldadesde cadaintegranteaos
culos .
O grupo operativoagede forma a fomecer aosparticipantes,atravésda t
operativa, possibilidadede sedaremcontae explorarsuasfantasiasbásicas do
condiçõesde mobilizare rompersuasestruturasestereotipadâs.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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BJBLIOTFCA
U/t///tlEP
: .'sua
dades
10
lo por
GruposComunitários
Íupos
com- SALVADORCELIA
:rupos
rrentes
)nduta
Ígura-
ssoais, mundo em que vivemos sempreapresentoucaracterísticaspróprias de cadate ou
prios." de cadaépoca,sendointeressantevermosalgumastradiçõesque, apesarde tu
conseguirampermanecer,enquantooutrasseperderam,sofreramtransformaçõe
;Ìe.em jeito
tarefa ,obstá- novos valoresforam introduzidosno de nos relacionarmosou de conviverm
Nunca houve,por certo, em todos os tempos,uma dinâmicade acontecime tão
rápidos,e com acessoa uma grandeparte da população mundial. Refiro-m
extraordinário avançotecnológico da assim chamada"Era das Comunicações"
técnica que a mídia televisiva,falada ou escrita,tomou-semais acessível.
. cnan-
Igualmente,a vida hoje - praticamentedependendodo computador- tro uma
série de novidadesaos nossoscostumes,muitas delas, inclusive, acarret
conseqüênciaspsicossociaisa todas as idadese camadassociaisdas populaçõe
nossoplaneta.
A assimchamada"Aldeia Global", queé o nossomundo,muitas vezesnão é
globalizada,pois a sociedadevive atualmentedificuldadesimensasde comunica
de convivência, apesarde todos os meios de informaçãoe acessosestaremdisp
vels.
De certo modo vivemos um paradoxo,pois todas essasnovidades ainda
rÌoDr H. contribuíramparaum melhor relacionamentoentreos sereshumanos.Pelo contrá
muitas vezestudo isso contribuiu para uma desintegraçãomaior da convivência
grupos,entre eles, o principal de todos, a família.
Muito da crise de valoresde referência,de saúdemental, para mim, passap
desagregaçãofamiliar em todos os sentidos.Fatorespsicossociais,culturaise eco
micos foram trazendonovas formas de convivência, sendoatualmentecomum
mos a existênciade numerosasfamíliasmonoparentais,onde,por exemplo,no Br
de hoje, 647odas mesmastêm mulherescomo chefe da casae de seugrupo
famil Ora, isso modifica toda uma situaçãodos papéis psicoÌógicosde uma
famflia, o iremos observaras conseqúências,por exemplo, da falta do pai na
criação e no senvolvimentoda personalidadedos filhos.
A diminuição da grandefamflia, o distanciamentodos avós,tios e outros, f
isso gera uma nova identidade,um novo padrão referencialde convivênciae de
senvolvimento.
Em função dessesaspectos,todas as sociedadessofrem, assim como sof
também com um fenômenouniversal charnado"Violência Social" que, atingin
tudo e a todos,não perdoaseusefeitos no comprometimentodo desenvolviment
bebês,criançase adolescentesque vivem nas áreasmenosdesenvolvidasde algu
cidades.Essa"Violência Social" decorrede vários fatores,porém leva a um gran
Assim - nos EUA por exemplo,um paísconhecidocomo do Primeiro Mund
encontramos,em algumasáreasurbanasdasgrandescidades,criançase adolesc
com problemaspsicopatológicos,e,conseqüentemente,dedesenvolvimento,sim
resaosde PortoAlegre,ião Paulo,Montevideo,BuenosAires,entreoutros.De f
diferençaestána formacomo issoacontece na suaintensidadePor. exemplo,s
maisraroencontrarem algunspaíses,como no Brasil- onde307odascriançasa
anosde idadesofremde desnutrição- secomparadascom as criançasamerica
quequasenãopassamfome,masque,tal comono Brasil,sofremde outrasforma
violênciaquetambémacanetamproblemasno seudesenvolvimentoRefiro.-me
exemplo,à violênciaurbanaexistentetantonos EUA como no Brasil,que pod
incidirde umaformacrônica,trazendofatorescomulativosqueirão prejudicarle
mentea personaÌidade criançae do adolescentede hojee o futurocidadãoad do
amanhã.
Diantede um quadrotãoameaçador de perspectivastãosombrias,valea p
referenciaraqui os estudosfeitos por algunspesquisadores,como Rutter,We.
Garmezye Haggerty,queestudarama correlaçãoentreos fatores protetorese a tu
chamada"Capacidadede Resistência"(Parker,.1995)Essesautoresinvestigar
descobriramquealgumaspessoas,criançase adolescentes,apesarde todauma s
açãoproblemática,sãocapazesde "resilir",de enfrentaros desafios,de crescer
mostraremcompetentes saudáveis,inclusivena suavida adulta.
"Resiliência"é uma força,uma perícia,uma habilidadeque algumaspes
possuemde se mostraremcorajosas,de poderemenfrentar"os desafiosnormai
vida" e mesmooutrosqueterminampor deixaro indivíduocom maisautoconfi mais
auto-estima,porque construíramum "ego resiliente".Ser maìs ou me
"resiliente",todavia,não é apenasuma questãode mágica,mas,sim, uma que que
tem a ver com o potencialde cadaum quepoderáserreforçado,melhorado,e só
deixarqueo mesmoocorrae sedesenvolvapeloacasoPois.esseé o granded fio do
profissìonaldas áreashumanísticas,como a dasaúde,educaçãoe direito, muito
poderão contribuir, atravésda compreensãoe desenvolvimentode atitu
favorecedorasàmelhorcapacitaçãoda resiliênciadascrianças.
Os resilientessãocriançase adolescentesque intrinsecamentepossuemfato
comotemperamentomaisflexível,curiosidade,auto-estima,sensodeque sãoca
zes de modificarseu ambiente,têm um controleintemo,boa saúde,inteligên
acreditamque as novas situaçõesou mudançasrepresentamuma oportunidadep
melhorareme se adaptarem,em vez de perdade esperançae expectativas.
Extrinsecamente,estabilidadeconjugalou pelo menosuma "aliança"ent
casalquerespeiteasfunçõesde parentalidade;sentimentosde competênciadosp
integraçãoe suportefamiliar entreos membros;famílias formadaspor até 4 pess
com intervaÌode nãomaisde 2 anosentreos irmãos;fortesvínculospelomenosc o
pai ou a mãe;estrutura predicabilidadedasrotinasdiárias;possibilidadesde porte
fora da família como avós, babás,igreja, professores,entre outros, sãofato
familiaresquepossibilitamo desenvolvimentoda resiliência.
Entre os fatores extrafamiliares,tais como a cultura e a vida na comunid
prevalecemaquelesque valorizam ascrianças,nasquaisaparticipaçãocomunitár
intensa,sejasocial,políticaou religiosa,no bom sentidoRefiro.-meaquiao mod
compreender,entendere oferecer apoio, suporte e inclusive locais para reuni
práticas,atividadessociais,recreativas culturais.
coMo TRABALHAMOSCoMGRUPos .
Desavisadamente,podemos,numprimeiromomento,nãoreconheceraamplitudeda
agãoe o valor suportivodosgruposdeauto-ajudapelasfinalidadeseducacionaisde
apoiomútuo,porqueo cemeda açãoterapêuticanessesgruposé a
sugestão,sugestão essaquefoi necessáriaadequadamentediferenciadano
iníciodesteséculopeloPai daPsicanálise,quepostulouum
cientificismonaterapêuticaToma.-seoportunoescla-recer que este capítulo é
resultadode observaçõesrealizadasem grupos de auto-ajuda.
Estamodalidadegrupalé amplamentedifundidae faz partedo "ProjetoSaúde
paraTodosno Ano 2000', daOMS. Sãoos denominadosself-help,com seusma-
nuaisoperacionaisde fundamentoheurístico(conjuntode regrasque conduzemà
soluçãode problemas)com valorizaçãodo fenômenoda sugestãoparaauxiliar as
pessoas resolveremseusproblemasde saúdee educacionais,decorrentesde um
qualidade vida.
eventodesestruturadorda de
oBSERVAçAODOSGRUPOSDE AUTO.AJUDA
Trêsgruposde auto-ajuda- de pacientesartríticos,de mulheresmastectom
depessoassoro-positivasparaHIV - foramobservadosdurantecercade 2 me
caracteísticas,ofuncionamento os mecanismosde auto-ajudasãodescrit
guir.Inicialmente,foi feitoum contatocomoscoordenadoresdestesgruposd
ajuda,esclarecendo-osse motivosda observaçãocom a preservaçãodos pr
éticos.A propostafoi apresentadapelocoordenadoraosdemaismembrosdo
pos,quea aceitaramprontamente'.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ZIMERMAN,D.E. Fundamentosbásìcosdasgrupoterapias,PofioAlegre:ArtesMédicas,1993.
ZUKERFELD,R. Áctobulímico,cuerpoy terceratópica.BuenosAires:Ricardovergara,1992.
ROOTES,L .E.t AANES,D.L. Á conceptüal understandíngself-helpgroups:hospit
Írameworkfor
and communitypsychiaÍtc,washington,43(4):3'19-81,1992.
s
I
a
a
é
e
s
n
!
F
l-
é
F
T2
ComoAgem os
Grupos Terapêuticos
DAVIDE. ZIMERMAN
I
modelos,ideais,projetos,atitudes,configuraçõesvinculares,pressõesd
exterior,semprelevandoemcontaquea subjetividadepermanentement
é inseparáveldos processosda culturae da vida socialcontemporân
algum,issoimplicasubordinar terapiapsicanalíticaàscondiçõesda cul
mas,sim, em ajudaras pessoasdo grupoa se harmonizaremcom ela,
aquisiçãode uma liberdadeinternaOs.limitesda
pessoaseestendemaos da sociedadena qualestãoinseridosA.
ideologiagrupalpreconizaqueo c movimentoinicialde "eu frentea
eles"setransformegradativamenteem " aosproblemasdo mundo".
Achei ser necessáriofazer essaintrodução,porqueas consideraç
guemnestecapítuloacercados aspectoseminentementepráticosda gr
psicanalíticaem grandeparterefletema atualposiçãodo autore, porta
possívelquenão reflita exatamenteum consensoentreos grupoterap
americanos.
Em obediênciaà proposiçãodidáticadestelivro, utilizareium es
descrevaseparadamenteassituaçõesquedizemrespeitoàformaçãode u
finalidadepsicanalíticaeaosfenômenosqueseprocessamnocampogrupa
do, semprequepossível,ilustrarcom vinhetasclínicas.
FORMAçAODOGRUPO
formaçãoinicial de um grupodestanaturezapassapor trêsetapassuc
encaminhamento,2) seleçõo,3) grupamento.
coÀÍorRABÀLH^Iíoscou cnupos r 1
Grupamento.Os termos,conceituâlmentesinônimos,"grupamento"
posição"designamum arranjo,um "encaixe"daspeçasisoladas,sendoque de
uma grupoterapia,referem-sea uma visualizaçãoantecipadade como será
paçãointerativade cadaum dos indivíduosselecionadosna nova organizaç
tica. Nestecontexto,o sentimentocontratransferencialdo grupoterapeutad
COMOI RAIIALHAN1oSCOM ORUPO5 ' 131
ENQUADRE (SETTING)GRUPAL
enquadreê conceituadocomo a soma de todos os procedimentosque
normatízame possibilitam o processopsicoterápico.Assim, ele resultad
junção de regras,atitudese combinações,como, por exemplo,local, horá
ro de sessõessemanais,tempo de duraçãoda sessão,férias, honoriários
pacientes,se seráaberto ou fechado,etc.
O enquadregrupal não se compoÍa como uma situeção meramen
formal, unicamenteparaa facilitação de aspectospráticos do funcioname
po; pelo contrário, eÌe estásujeito a uma contínuaameaçaem vir a ser de
servecomo um cenárioativo da dinâmicado campogrupal,que resultado
constantese múltiplas pressõesde toda ordem.Além disso, o estabeleci
setting, poÍ si só, também funciona como um agentede ação terapêutic
vista que ele assegurauma necessáriacolocaçãode limites, delimitaçãod
que
também pode funcionar como um "continente".Vale repetir uma
con ca paraque uma grupoterapiafuncione de forma adequadaé a de
que, ind mente da combinaçãodo enquadreno qual o grupo vai
trabalhag a sua sejapreservadaao máximo, semuma rigidez radical- é
claro,porém,que c firmeza.
Seguea enumeraçãodos principaiselementosque devem ser levad
na configuraçãodo sel/irg do campo grupal:
.
Homogêneo ou heterogêneo.Por grupo homogêneoentende-sea
compostopor pessoasque apresentamuma série de fatorese de caracte
em certo grau, sãocomunsa todos os membros.Essesgrupostambém co
chamados"grupos especiais".Podeservir como exemploum grupo que s
to unicamentepor pacientesdeprimidos,borderlíne,drogadictos,etc.
Grupo heterogêneodesignauma composiçãogrupal em que há um
versificação entreìs caracteiísticasbásicasde seus membros. É o ca
grupoterapiaanalítícaemque,por exemplo,um dos integrantessejauma
rica, um segundo,um senhorde meia idade,obsessivo,um terceiroé estu
ro com problemasde identidadede gênerosexual,e assim por diante.
claro que a conceihÌaçãode grupo homogêneoou heterogêneoé m va,
dependendodo aspectoque servede referencial,pois o grupo pode s neo
quanto à patologia(por exemplo,deprimidos)e, ao mesmotempo, s neo
quantoà idade,sexo,tipo e grau da doença,etc. A recíprocatambém ra, isto
é, um grupo heterogêneona forma de patologia (como antesexe pode ser
homogêneoem muitos outrosaspectos.
Na prática clínicapareceser consensualentre os gÍupoterapeutasq
grupoterapiaanalíticacompacientesneuróticos,é desejávelqueo grupo se
neo quantoaum certo tipo e grau de patologia,estilo de comunicaçãoe d
de papéis,para que se propicie uma maior integraçãodos indivíduos atr
q
complementaridadede suas funções; ao mesmo tempo, é necessário
mínimo de homogeneìdadenos níveisintelectuaise sócio-culturais Nã
sim, corre-seo risco de que falte uma possibilidadede entrosamento
idioma comum de comunicaçãoentreos integrantesdo grupo,bem como
bro mais "diferente" sejaexpulso,ou seauto-expulsedevido ao sentimen
nahzação.
coÌ!ÍorRÌ\BÀLHÂÌ!Íoscolr cnupos .
.
Aberto ou fechado. Por grupo abertoentendemosaqueleque não tem p
de término previamentefixado, ficando claro que,na eventualidadede havervag
grupo, ou diante da saída de algum membro, por interrupção ou por término
poderá vir a ser substituídopor um outro. Ao contrário, grupo fechadoalude ao
de que a combinaçãofeitâ com o grupo originário prevê que, uma vez compo
grupo,nãoentramaisninguém.
Virtualmente, todos os grupoterapeutasdiante de grupoterapiaspsicanaì
adotamo métodode trabalharcom gruposabertos,de duraçãoilimitada. No ent
podemocorrerduaseventualidades: primeiraé a possibilidadede que,apósdec
dos alguns anos,o próprio grupo queira se transformarem grupo fechado,até o
término.Aindanão tive essaexperiência,porém algunsautoresquea tiveramreco
dam que nessescasosdeveserfixadauma datade finalizaçãoA. segundaposs
dade,com a qualjá tive uma experiência,é a de fundir dois gruposque estavam
um número reduzidode integrantes,transformando-osem um grupo único. Cons
ro que foi uma experiênciabastanteinteressante que não trouxe maioresproble
.
Número de pacientes. Em caso de grupoterapiaanalítica, o ideal é q
número de participantesnão seja inferior a 4 e que não passede 9. Na verda
número ótimo deveser ditado pelo estilo particularde cadaum, o que varia muit
terapeutaparaterapeutaParticularmente,.trabalhomelhor com um número médi
6 pacientes.
.
Sexo e idade, Em relação ao sexo dos pacientespareceser quaseunâni
posição dos grupoterapeutasem preferir uma composiçãomista, o que propicia
sériede vantagensinegáveis.Os que se posicionamcontráriosa isso alegam qu
grupomisto representaum sériorisco de ocorrênciadeacírrgsde envolvimentoaf
e sexual,eventualidadeque nunca ocorreuao longo de minha prática.
Quanto à idade dos pacienteshá uma maior diversificaçãode opiniões, alg
defendendor . ;:recessidade manteruma homogeneidadede idade,enquantoou
preferemuma ampladiferençaetáriaparaque ocorramvivênciasmais completa
que cadaum poderáseespelharno outro. Inclino-me mais paraessasegundapos
desdequenão hajadiscrepânciasmáximas.
.
Número de sessõespor semanae tempo de duração da sessãoAlg.
grupoterapeutaspreferemrealizaruma sessãosemanal,porém de duraçãolonga
tros grupanalistasadotama realizaçãode três sessõessemanaiscomo uma form
manter um enquadreo mais similar possívelao de uma psicanáliseindividual
entanto, a maioria no nosso meio, entre os quais me incluo, trabalham com
sessõessemanais.
Em relaçãoao tempo de duraçãoda sessão,ela costumavariar de
acordoco númerode pacientes,o númerode sessõessemanaise o
esquemareferencialteó técnicodo grupoterapeutaAqueles.quetrâbalhamcom
umasessãosemanalgeralm utilizam um tempo que fica numa média de
noventa minutos (alguns preferem tempo de duas horas); os demais,
habitualmente,reservama duração de ses minutos por sessão.
.
Tempo de durâção do grupo,Um grupopode serde "duraçãolimitada" o
"duração ilimitada". A primeira situaçãodiz respeitoaos grupos fechados,enqu a
segundacomumenteacompanhaos grupos abertos.
L34 . znrerver*. osonro
çãoaomodocomoospacientesdevempaÍticiparnagrupoterapia,asregrasde
exterior,como,por exemplo,a importantíssimaquestãodo sigilo,etc.
Algunsgrupoterapeutaspreferemfazeruma longadissertaçãoinicial
çandodetalhepordetalheaquiloqueseesperadecadaume do quepresumi
virá a acontecerOutros,.no entanto,preferemfazerascombinaçõesiniciais e,
à medidaqueo grupofor evoluindoe situaçõesnovasforemaparecen-
sãodealgumpacientenovo,algumasformasdecctinSpreocupantes,proble
horáriosou pagamentos,necessidadede viagens,participaçãoexcessi
silenciosa,etc.vão), analisandoas situaçõesque surgeme, a partirdaí,est
algumascombinações mais.Eu me incluoentreestesúltimos.
. Medo da depressão
(a
os leva a crer que vão se
ansiedadedepressiva
com um mundointemodestruído,
sempossibilidadede reparação)
. (de perdero controledasdefesasneuróticas,como
Medo da regressão
vas,por exemplo,e regredira um descontrole
psicótico).
. Medo da progressão(o progressodo pacientepode estar sendo pro
culpasinconscientes
que o acusamde "não mereci'llento").
. Excessivoapegoao ilusóriomundosimbiótico-narcisista.
. Evitação de sentir humilhaçãoe vergonha(de se r:conhecer e ser r
. como alguém que não é e nunca seráaquilo que ele crê ser ou apare
Predomíniodeuma invejaexcessiva
(e, por isso,não concedemao
. "gostinho"desteserbem-sucedidocom ele).
Manutenção da "ilusão grupal" (nome que designauma situaçãoes
dinâmica grupal, que se manifestasob a forma de "nosso grupo está
mo", "ninguémé melhordo quenós",etc.através)da qualo grupose
. auto-suficìente.
Por úttimo, vale dizer que a resistênciado grupo pode estarexpre
do grupoterapeuta.
sadiarespostaàs possíveisinadequações
Pelomenosseistiposde resistênciaquepodemsurgira partirde d
indivíduosmerecemum regìstroespecial:
flcada
treotl- TRANSFERÊNCIAE CONTRATRANSFERÊNCIA
que
de consensoentreos psicoterapeutasqueo fenômenoessencialem se
uma processode qualquerterapiapsicanalíticaé o da transferência,termo qu
empregadono singulardeve ser entendidona forma coletiva,ou seja,co
Linados abreviaçãode múltipÌase variadasreaçõestransferenciats.
Particularmentenas grupoteraPias,as transferênciasaparecemde
tipo de form pla e cruzada,segundoquatrovetores:
COMUNICAÇAO
As grupoterapias,mais do que o tratamentoindividual, propiciam o surgimento
problemasda comunicaçãoe, portanto,favorecemo reconhecimentoe o tratam
de seuscostumeirosdistúrbios.
normalidadee a patologia da comunicaçãoabarcamum universo tão am de
configuraçõesque seriaimpossíveldetalhá-losaqui; no entanto,em estilo tele
fico, algunspontos devem ser destacados:
COMOTRABALHAITíOSCOM GRUPOS
'
.
Falarnãoé o mesmoquecomunicar;assìm,a fala tantopodeserutilizadac
)--:: instrumentoessencialda comunicaçãocomo,pelocontrário,podeestara se
- da lncomunicação.
e::- .
- Cadapaciente,assimcomo cadagÍupoterapeuta,temumestilo peculiardetra
a-a tir as suasmensagensque, de modo geral, traduz como é a sua persona
Li: (assim,pode-sereconhecero estilo arrogantedo narcisista,o dramáticodo hi
co, o detalhistae ambíguodo obsessivo, evitativodo fóbico,o falacio "falso
. self', o autodepreciativodos deprimidos,o defensivoJitigantedos nóides,o
-, ;
superlativodo hipomaníaco,e assimpor diante).
:ì- .
E de especialimportância que o grupoterapeutaobservedetidamenteo de
que as mensagensde uns ressoamnos outros, principalmenteo de sua
c:{ ativi intemretativa.
r. :: .
;li É igúalmenteimportante que o grupoterapeutaestejaatentoàs múltiplas fo
de comunicaçãonão-verbaìs(gestos,posturas,maneirismos,choro, riso, v
mentas,tonalidadede voz, somatizações,actrflgs,efeitos contratransfere
:!^: -
etc.).
tl
ATIVIDADE INTERPRETATIVA
d:
Ainda que a interpretaçãonão sejâ o único fator terapêutico,ela é, sem dúvid
instrumentofundamental.No entanto,é útìl estabeleceruma distinçãoentre inte
tação propriamentedita e atividadeinterpretativa,tal como ela estádescritana
tervençõesdo grupoterapeuta"no capítulo destelivro que versa sobre "Como
Ia:
os grupos terapêuticos?".
'f:z
ÈZ! interpretaçãoconstade tÍês aspectos:o conteúdo,a forma e o estilo,
nr.: naturalmente,de um sólido respaldo teórico-técnico,e cada um desses perm
n t e uma alongadae relevanteabordagemsobrea sua normalidadee patoÌogia.Tod
rE\_ :d: não pretendofazê-la aqui, pois seriauma exposiçãorelativamentelonga, e ela
serlida em um outrotextosimìlar(Zimerman,I 993).
Creio ser útil partilhar com o leitor as profundas transformaçõesque vê
processandoem mim em relação à técnica interpretâtivanessesmeus 30 an
continuadapráticagrupoterápica.Assim, bem no início de meu trabalhocomgr
d! . : terapêuticospsicanaÌíticos,mantive-meobedienteaospostuladosque os
Inta ensinam vigentesna época postulavam:sempreinterpretaro grupo como um
todo, ìnc evitandoa nominaçãodos indivíduos;sempreinterpretarno aqui-
rplc agoratransfer e nunca na extratransferência;evitar incluir na interpretaçãoos
rrá- aspectosinfant passadopela razão de que o grupo é uma abstraçãoe,
portanto,diferentemen indivíduos, ele não tem uma história evolutiva desdea
infância; entendero c grupal sob uma óptica kleiniana,isto é, sob a égidedas
pulsõesdestrutivas respectivasansiedadesde naturezapsicóticâ.
Minha fidelidade a tais princípiosdurou pouco tempo: tudo me parecia
artificial e eu me sentiaum tanto violentadoe, ao mesmotempo,como que viole
do os pacientes.Aos poucos,e cadavez mais, fui me permitindo fazer mud
té
cn
ic
as
qu
an
to
à
ati
vi
da
de
int
er
pr
et
ati
va
no
s
se
gu
int
es
se
nti
do
s:
L40 . znaerue.aNosonro
ACTINGS
Sabemosque os actingJ ocorrem como uma forma substitutivade não lem
pensar,não verbalizar,ou quandoas ansiedadesemergentesdos pacientesn
devidamenteinterpretadaspelo psicanalista.Por essarazão,eles se constitu
importantíssimoelementodo campogrupal,uma forma de comunicaralgo, q
pode serde naturezabenigna,e até sadia,como pode adquirir característica
malignas.
Dentre estasúltimas, além do risco não-desprezívelde que possaoc
envolvimento amorosoentre pessoasdo grupo, um acting qtu.devemosco
grave é o que diz repeito a uma quebra de sigilo do que se passana intimi
gÍupo,inclusivecom a divulgaçãopúblicade nomesdaspessoasenvolvida
uma convicção que muito do declíniodas grupoterapiasanalíticasse deve a
crédito que em grandepartefoi devido a essetipo de atuação,o qual costum
de uma seleçãomal feita.
Os actingstambémpodem estara serviçodasresistênciasdo grupo e se
dem com o desempenhode algunspapéis,tal como foi descritono tópico re
resistências.
CRITÉRIOS DE CURA
Conquantoeu estejaempregandoo termo "cura" por ele ser de uso correntena
pr ca analítica, creio que, acompanhandoBion, o conceito dessapalavra está m
ligadoà medicina,no sentidoúnico de umaremoçãode sintomas;por consegui
expressãomais adequadaseriaa de "crescimentomental".
Em termos mais estritamentegrupais,pode-seafirmar que um processoex
it da grupoterapiapsicanalítica,em uma concepçãoideal, deveria abarcaros
segui aspectosdasmudançaspsíquicas:
Em resumo,um verdadeirocrescimentomentaldecadaindivíduodogrupoc
sisteno fato deleter tiradoum aprendizadocom asexperiênciasemocionaisviv
142 . ZMERMAN&osoRlo
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
ZIMERMAN, D.E.
Fundamentosbásicoslas grupotercpías.Porto Alegrc: Artcs Médicas, I99
I4
PsicanáliseCompartilhada
Atualizacão
GERARDOSTEIN
'
Termo original: psicoanálisiscompaÍido.
.
144 ZMERMAN&osoRlo
Juana:"Hoje, como sempre,vim por obrigação.Há algo que devo confessara vocês.
Dr. já sabe,vocês tambémtêm o direito de saber.Eu venho porqueme manda-
ram. Na realidade,não acreditonestetratamento".
(Silêncio inusualmenteprolongado).
Valeria: "Adrián, recémme lembrei. Tu vinhasfalandoem adotarum bebê.Faz mui-to
tempo que não mencionaso tema. O que aconteceu?"
Adrián: "Eu não queriafalar. DecidimosguardarsegredoMas. aqui é diferente.Ago-
e ra que estãome perguntando,entendoque, em análise,não há razõespaÍasilen-
ciar sobre isso.Me decidi, e falei com minha mulher. Levei-a para um café. Ali
não poderia agir como em casa.Sempreinterrompe,por alguma coisa que tem
para fazer" .
Valeria: "Dissestea ela tudo o que estavaspensando?"
'Porexemplo:
"Na verdade,quem tmbalhacom grupossabeque o campo gÍupalé muito cal€idoscópicoe p€rmite uma gâmâ de
jí
lressupostosinconscientesmuito mais complexâ e variada. Aliás, essaslinhas estavamescíitasquando me deparei com as
irlâvrâs do próprio Bion, âo ÍespondeÍa umaperguntâque lhe fizeram sobÍe â utilidade dos três supostosbrísicos.'SãoconÍru-
;ões, geneÍâlizaçõesgÍosseims,.e, se elas não me lembram a vida real, não me seÍvempâra nada'."(ConyeÌsandocoüÌ Bion,
1992,p- 62); (ZIMERM AN, D.E. Bìon: da teoria à prática - una leituru dìütica. Poío AleEÍ.. AÍes Médicâs, | 996.p. ?8).
STEIN, G. "A APA, uma massaaíificial" le Il. Tmbdhos apresentadoscadaum emÍeuniãocientífica da AssocicçâoPsicânâ-:úica Argentina (1986),
para sua discussãoem pleniíÍioe pequenosgÍupos.
146 o znlervlr a osonro
Adrián: "Tudo".
Valeria: "E?"
Adrián: "A verdade,aindanão possoacreditar.Ficou claro que ela estavaes
essaatihrdeminha.Estavadecididaa adotar,masnão me via genuinament
cido. Agora pensoque tinha razão".
Nadia: "Desculpem,maseu fiquei com o que Juanadisseno começo.Me inc
sua atitude.Escuta,Julia, se não tens vontadede vir, seriamelhor que tu
em casa".
Adrián: (dirigindo-se a Nadia) "Não vejo por que tomas isso destemodo, s
disse isso enquantose sentou,é porque deve quererfalar disso".
'
FREUD, S. Consejosal médico en el trutamientopsicoanalítico (1912).Madrir B. Nueva, 1948,tomo II; "Lâ disposición a la
:ìeuÍosisobsesiva"(1913), Id. tomo L'I-o ìnconsciente",Id. Tomo I.
148 . znar"ro" a osonlo
Taisevidênciasencaminharãoseguramenteoleitor paraumamelhorco
sãodo porquêda denominação"psicanálisecompartilhada".
Osachadosquesucederamaosmencionadosiniciaramnovasderivaçõe
sede contribuiçõessignificativasà própriapsicanálise:"de comoo nutridor
sendotamMmnutrido".
Primeirovou enumerar depoisdesenvolvercadaumade taiscontribu
. Circulaçãoda funçãopsicanalítica.
.
Exercícioespontâneode estiloscomplementaresfunçõessuplementa
.
Pulsãode sabere instintode cura.
EXERCÍCrOESPONTÂNEODEESTTLOSCOMPLEMENTARESFUNç
SUPLEMENTARES
Compartilho com muitos colegasa seguinteconvicção:o estudomais exaustiv
pÍocessode êxito de uma análiselança uma compreensãolimitada sobre as ca
quedeterminammuitasde suasconquistasTransitando.pelainvestigaçãodessasc
que me depareicom os conceitosque intitulam estaparte do presenteescrito
David Liberman (comunicaçãopessoal,e seu livro Lingüística, interacció
municativa y procesopsicoanalítico, l97l ) realizou um achadoclínico formid os
estilos discursivoscomplementaresOs. descobriu,inVestigandoprotocolosc cos
de outroscolegas.Deve-seprestarmuita atençãoa isto: descobriuque os pr
150 . zuenueN* osonlo
.
do desdobramentoparticular da função psicanalítica;
.
das funções suplementares;
.
das conseqüentesaptidõespara a cura, de cadaum dos pacientes.
empregodessesaspectosespecíficosda técnicaproporcionanutrição
cindívelpara o processode narcisizaçãotrófica dos pacientes:consideroes
como umapassagemineludívelem todoprocessopsicanalíticoencaminhados te
em direçãoà cura tanto em análisecompartilhadacomo na análiseindivid
psicanálisecompartilhada,é uma das explicações possíveispara o desdo
espontâneoe eficaz dos organizadoresgrupaismencionados.
'
N. d€ T. Dilo atÍibuído a AmbroisePare.
15
Grupoterapiadas
ConfïguraçõesVinculares
WALDEMARJOSEFERNANDES
Ao consideraro objetivo maior deste livro, que é mostrar como cada profissional
trabalhaem sua área, pretendoabordarapenaso mínimo de teoria e dar uma idéia
para os leitores a respeitodas influênciasque tenho recebidoduranteos 25 anosem
que venho trabalhandocom grupos.
Minha primeira e mais importante influência vem do contato com Bemardo Blay
Neto, com quem tive 2 períodosde PsicoterapiaAnalítica de Grupo, num total de 12
anos.Fui seualuno no Instituto SedesSapientiaee no Instituto de Formaçãoda
SPPAG.Mais tarde,já seu amigo, tivemos oporhrnidadede escrever,em co-autoria,
um trabalho que envolvia questõesrelativasà transferênciae à contratransferência,
incluindo aspectosvivenciadospor ambosduranteo tempo em que foi meu analista.
Devo a Blay Neto, entre outras coisas,o estímuloà criatividade, o interessepelos
fenômenosligados à comunicaçãoe a falta de pressapara fazer interpretações.
Outra influência importanterecebide Manoel Munhoz, primeiro meusupervisor
amigo; depois, colega de consultório e companheirodurante os 14 anos em que
lecionamosna OSEC. Como lidar com os difíceis conceitosde Melanie Klein, Bion,
ou com a interpretaçãopsicanalíticadosmitos,de PaulDiel, de forma simples?
Munhoz erã capaz de passarinformações para os alunos, como passoupara mim,
tão bem digeridas,que imediatamentepareciamverossímeisOs. fatos ou
acontecimentosdo dia-a-diado grupo eram muito valorizadospor ele.
A terceira influência tenho recebido atravésdos contatos,infelizmente raros,
masmuito ricos,de David EpelbaumZimerman,que tambémtem a capacidade,como
tinham Blay e Munhoz, de transcreverum assuntode certa complexidadede forma
tal, que passaa ter maior possibilidadede compreensãoIsso. sedeve a anosde refle-
A!Íadeçoà Marina Durând e BeatÍiz Silverio Femandesaleitura prévia e as sugestõespâm â elaboraçãofinal destecapítulo.
xão e de preocupaçãocom a comunicaçãoclara, ao contrário de muitos, q
guemsermaiscomplicadosqueo autororiginaldo texto.
Vamos a algumasconceituaçõesSeria. difícil, atualmente,tentarmo
psicanáliseNa. verdade,há tantaspsicanálisesquantopessoasou entidade
defini-las. Não podemosdizer que estaou aquelaé a certa,e uma ou outra
O objetode conhecimentoem psicanáliseé a realidadepsíquica- de si me
outro.A buscada realidadepsíquicaé inerenteao serhumano(funçãopsi da
personalidade).
Atualmentehá um movimento,de âmbitomundial,no sentidode se
estudopsicanalíticoda grupalidadeTrata.-sedo que denominamospsica
configuraçõesvinculares,que é uma forma de organizarconhecimentosex
de abrir um campode estudocom visão mais amplaa respeitoda psica
terrenodos grupos,famílias,casrise instituiçõesE. chamadotambémp dos
vínculos.
Paramim, "vínculossãoestruturasrelacionaisondeocorreexperiênc nal
entreduasou maispessoasou partesda mesmapessoa;englobaa trans
contratransferênciaNessa.estruturaou espiìço,ocoÌÌemasarticulaçõe
inter,intrae transubjetivos".
ParaBion, na experiênciaemocionalocorridanos vínculos,podeme
emoçõesbásicas:conhecimento(vínculoK), entreum indivíduoquebusc um
objetoe um objetoque se prestaa serconhecido;amor (vínculoL), a
anterior,mas referenteao amare ser amado;e ódio (vínculoH). Zimerman
tou importantecontribuição- o vínculoR, vínculodoreconhecimento(co a si
mesmo,do outroe ao outro).
Chamamosconfiguraçõesvincularesà estruturaexistente,quandoh
maispessoasem interação,comoum casalcomseuanalista,porexemploNã.
do de lado o mundointemo,no trabalhocom as configuraçõesvinculare
mos a presençado outro real externo,que pode ser um obstáculoao eg
já
também necessáriapara sua evolução, que o outro "não é um mero pr
projeções,mastem existênciaprópria".Aqui residea especificidadetécn
proposta.
Pensoquecadaelementodo grupotraz,dentrode si, seugrupode r
suasmatrizesvincularese o registÍo às diferentesformas depertencerà gru em
quejá seinscreveuSendo.assim,cadaindivíduocompareceàsessãogr
suasconfiguraçõesmentaisdinâmicase mitos,enfim, com seupotencialpara cer
vínculosnos espaçosinter e transubjetivos,partir de sua intra-sub
Esseconteúdolatentevai emergirna sessãogrupal,em partepor necessid al,
mas também pela estimulaçãode estaragrupado,provocadaprincipalm
presençaespecíficadaquelescompanheirosde grupo,do terapeutae suatécn
issoocorreno aqui-e-agorada sessão dependedasressonânciasqueess
produz,tendoa ver aindacom a históriado grupoe a cultura.
Tal como facesda mesmamoeda,o indivíduoe ognrpoestãoali. De de
nossavisão,observaremos predominânciade um ou de outroaspecto
MATERIAL CLÍNICO
Passareiao relato de uma sessãogrupal, apresentadasinteticamenteFoi.
épocaem que ocorreu,e os nomesdaspessoasforam alteradosNo. relato, a
çío - l, 2,3 e 4 - refere-sea certos momentosda sessãoque utilizo para mostra
como trabalhocom grupos.
Trata-sede um grupo de 4 pessoas,que até 3 mesesantes,estavacom 5 pessoas
Lurdes, 42 anos,física,vida universitária,abandonouo grupo após2 anos,alegand
dificuldadescom a distânciade sua casae o trânsitocongestionadoTeve. períodode
anose meio no mesmogrupo,temposatrás,no consultórioanterior.Os atuaismem-
bros do grupo são:Armando, 43 anos,empresáriono setorde peçasautomobilística
há I ano e meio no grupo; Ana, 45 anos,é administradora,estáhá 8 anosno grupo;
Cristie, 32 anos,formadaem geografia,há 2 anose meio no grupo; Mariana, 35 anos
fisioterapeuta,com 4 anosde participaçãono grupo.
Nessasessão,Armando faltou sem avisar;esperávamosque tivessevoltado de
viagem. Estão presentesAna, Cristie e Mariana. Inicialmente, após breve silêncio
, Ana fala sobreo dia de folga que conseguiudias atrás.
Cristie conta que seu trabalho temporário terminou. Pretendedar aulas, está
procurando o que fazer.
Mariana estásem trabalhar,mantém maior contato com os filhos, está preten
dendodar assessoriaem casamesmo.Lembra do empregoanterioç em que trabalha
va durantetodo o dia. "Eu trabalhavacomo um camelo,preparavaplanilhas,tabela e
mais uma papeladaque depoisninguém usava,era horrível."
Todoscomentamsobreo trabalhoinútil, desgastante,como isso é desagradáve
etc.
Ana conta que, com seussubordinados,costumadar tarefase depois verificar
como as realizaram,que dificuldadestiveram. Costumaperguntarparaeles se acham
que as coisasficaram bem feitas ou não e se precisamelhorar aqui ou ali. Eles gos
tam, sentemque estãotrabalhandojuntos e que o que é pedido para eles tem algum
valor.
Cristie tem observadoquenasconversascom aspessoasàs vezes"se empolga"
quando conheceo assunto,"dando verdadeirasaulas"... lembra então que Mariana
fez o mesmo na sessãoanterior com relação ao assuntopostura, trazido por Ana
(orientação).Passaa lembrarque ficou "horas" falandocom o namorado,explicand
para ele uma porção de coisas,referentesà geografia.'?iqueicontentepor ver que
não sou tão ignorante."
LugarEditorial,I995, BuenosAjÍ
919\ Y-a!,DSrúrmações:
mudançado aprendizadoao crescirnenra.
,,Algumas
Rio dc Janeiro:Imago,
consideraçõesrcspeito
BuenosAires.1991.
MUNHOZ,M. VisãoevolurivanapsicoreÍâpia analíticadegrupoReu.ABpAG,v.l, editadapelaAss
quão restritiva ela é, daí existirempessoasque são analisáveise outras que não são.
Além da psicanálise,existem outrasformas de ajudar as pessoas,cujas dificuldades se
centram no corpo ou mesmo aquelasque simpÌesmenteforam submetidasa um
sistemaeducativoque não tenhadado oportunidadespara o descobrimento,explora- ção,
conhecimentode si mesmoe das pessoassignificativasna sua vida.
Se, por um lado, é muito importante entendere compreenderas motivações
inconscientesdo indivíduo, nem semprea técnicapsicanalíticaisolada é o melhor
instrumentopara a ajuda que o pacienteestá buscando.Durante o laboratório, usa-
mos técnicasda análisetransacional,do treinamentoautógeno,corporaise principal-
mentedo psicodrama,procurandoassociaro entendimentopsicanalíticocom a teoria
sistêmica.
dramatizaçãopassaa serum elementopassívelde ser introduzido a qualquer
momento duranteo laboratório.Ela é utilizada parafacilitar os emergentesnaturaise
espontâneosdo funcionamentogrupal. Usamosa dramatizaçãoquaardoasnecessida-
desde expressãoe elaboraçãoaparecemdentrodo grupo e percebemostais
necessida-dese o clima propícioa estaintervenção.
Psicanálisee psicodramajuntossão instrumentosmuito eficazesem um labora-tório.
Lebovici diz não haver contradiçãoaÌgumaentre a prática do psicodramae a conduçãode
uma cura psicanalíticae conclui: "A psicoterapiade expressãodramáti-ca não pode ser
compreendidaem todos os seusaspectose em todasas suasimplica-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BION,W. E peiêncíascomgruposRio. de JaneiÍo:Imago,1970.
BOUQUEï E.; MOCCIO,F. e PAVLOVSKY,EPsicodrama:.cuandoy por qué dramdÍÈar
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MASSERMAN,J. CÍecimientopersonalmedianteexperienciasde grupo intensivo,ln: T
teraDeuticas,BuenosAires:Paidós1974..
RODRIbUÉ,E. Á liçaode Ondina.Riode Janeiro:Imago,1983.
ZIMERMAN, D. Fundornentosbásicosdas grupoterapiasPono.Alegre:Artes Médicas,199
17
Psicodrama
NEDÍO SEMINOTII
METODOLOGIAPSICODRAMÁTICA
São fundamentais,para a realizaçãoda sessãode psicodrama,a ob
pas, instrumentos,contextoe técnicasbásicas, com seusdesdob
estareia seguirdefinindo.(Aguiar,1988;Bermúdez,1970)
sessãoé divididaem trêsetapas:aquecimentoinespecífi
matização(ou representaçãodramática- RD) e compartilhament
ção dramática. Basta que se dê atençãoàs cenasdo relato verbal e, como procedi-
mento complementar,esclareça-sebem a cena,o cenário,o tema, os papéis e as
suas relações.Uma alternativade iniciador mental é o estímulopara que falem sobre
al-gum tema específico.
ção,poderãodarestamesmasegurançacena(deopressão,por exemplo),ospa
suasrelações(demedo)De. modogeral,um delessugereosdemais,dehnindoc
contomosclarososelementosdadramatização.
"A manaé boa em tudo. Ela faz tudo melhor que nós."
(Solilóquio da protagonista)
Pr.: "Não sei o que fazer pra que o pai me olhe". (Falandocom o di
complementaresEstes.pressupostosautorizamo diretora p
gens,conhecendoreconhecendooselementosbásicosde c
expressãocorporal),possam,dentrodesteslimites,repres
ancoradosem suasexperiênciaspessoais,asquaissãotamb
repres.:ntaçãodramáticapropriamentedita seráago
nistainicia em seupapel.Osdemaissãodesempenhadospo
auxiliares)já definidosparaeles.A seguirserãorela.tados da
representaçãodramática.
O pai e suafilha maisvelhaconversamsobreo colég
tenta,com seusorriso,atraira atençãodo pai.Quandoolha,
temum olharfrio. Em seupapel,na cena,comunica-se rel
atravésdo não-verbalEnquanto. pai conversacomsuairmã
gio dela,a protagonistavai aproximando-sedo pai,buscao s
seubraçocomdiscrição,e, nessaprogressão,acabaenfiand e
por fim o abraça,revelandonessacondiçãouma carade
quemagoraolhacomar dedesdém.
Prossegue-seacenae, em seuandamento,oferece-
seà papéis(sendoa irmãe o pai),propiciando-
lheaexperiênci papéise a complementaridade relação.
protagonistasaido seupapel,substituídapelapesso
daporela (Joana)Propõe.-sea experienciaro papeldo pai.N
acolhendo filha que buscao contatofísico,abraçando-dia
tempoqueconversacom a outrafilha. Entrevistadapelo di
protagonistadiz: "As duassãomuito agarradascomigo,go
filha maisvelha,poisfico sabendocomoestáno colégio.A p
quersó paraela".
Entrevistaro protagonistaé umaestratégiaquepermit
comparáJacom a açãoe, quandonecessário,mantero
aque zaçãoNeste.casoespecífico,preparáJaparatomaro
papeld taÌa inversãoqueveremosadiante.
No papelde irmã mostra-sehostilcom a
protagonistae fica sefazendo",etc.
Voltaao seupapel,mantendo-sedentrodascaracterí
do.
O diretorpedeque Joanafique ao ladoda protagoni
papellivrementesemserestringirà caracterizaçãodadae de
gonistaCom.estadesignação,Joanapassaa serum duploda
seguiarpeloquea cenadespeÍa, assimmostra-seirritada do
pai, entreela e a irmã. Aos poucoscomeçaa protestar
sabeconversarcomaa irmã,acrescentando,depois,ataqu
mostraestudiosa interessadano colégio,só porquesabequ
suaexpressãoé de náuseaA. protagonistafica atentaao de
(comoum dublê),tendoem seguidaexpressõesde concordâ
apósmudaa sua expressãofacial,mostrando-seiradae, p
expressãoverbalparadialogarcomo pai e a irmã.
A funçãodo duploé principalmente de ajudara prot
papéispsicodramáticosque por seusconflitosnão conse
relembremos,pressupôsque,quandoa protagonistaescol
pressarsentimentoshostísnarelaçãocomopai.
coMoTRABALHAÀ{oS
corrrcnupos r 179
A protagonistaem cenapassa
. a ter expressõesverbaise corporais agressivas,
de palavrasparacom o pai,
::.-ti""^"::.:^lr: inesperadasno grupo, considerandoos
amlstosos,
papers melgose sedutoresque sempreassumiunele.
Pr.: "Tu não dá bola pra mim, pai,
queridinha'
só quer conversar
com a Rosa.F-ica
A protagonistavolta ao
do outio.
Pr.: "Não.
Lavei a alma',(soniso. franco.)
dire.to:plopõeentãoque
se encerrea dramatização.Cadaum retoma ao
- - .,como
con_ texto grupal.E sinalqueacabao se".
Compartilhamento. no
Ao diretorcabeconrinuardirigindo; querodizer que,como
aquecimento na drama(ização .
ele é execurorda .ãtoaoioju.
Neste momento. às vezes, cena e do
as pessoasquerem falar da unãlir" qo" fizeram da
protagonista. experienciam,das lembranças
euando são, no enìanto,estimuladasa faUr aaqrito que e
cenls reativadas,.orponiinoà u. suasvivências.
-C"." puiìqu_oo
estiveno papel
do pai), eu
fu.
não dei muira bolá paã minha filha. Achei ,. ataquede
ciúmes normal de criança. "ru
poucoassustada. euando eu comecei a Urigar lom o pai, fiquei um
Depoisfiquei aliviada.'.
Joana.Eu rive muiro ódio da Ràsa (irmã).
I euando Claudia ficava melosa,eu fiquei com raiva
I
dela também.
t Paulo(que fez o papeldo pai) para dar
"Na cena,no início,eu me sentidividido e pressionado
atenção
mais a uma ou outra. euando a Claudiu." *,ngou, achei natu_ ral, não esquentei".
Outraspessoasdo grupo:
"Lembrei dos.meus
filhos quandome pedematençãoe a gentênão quer ser injus_ to
como o Dai".
"Me vi ali napeledaClaudiaCom.o meupai temmuitodisso. fiqueido ladodo pai."
RECOMENDAçOES FINAIS
No aquecimento
Sintetizoalgunscuidadosfundamentais,já mencionados,que
faci missodramáticodasDessoasem cena:
Nãodescuidede qualquerdosprocedimentosde
aquecimentode a cenado relatoverbal,identifiquee
definao cenário,o tema relações).
Contrateadramatizaçãoquandosetratadeumprocedimentodein
desconhecidoatéentão.
Tomea iniciativade levantar-se,abandonandocadeiraou out
estejasentadoEssa.posturaé maisprópriado pensare analisa
ação(egoexperiencial)Estimule.o grupoa fazero mesmo.
Dramatizesomenteapósestarsegurode quetodostenhamclare
fundamentaisda cena.
Aqueçaespecificamenteospersonagensno "comose".Seaband
própriae se atribuempapéisimaginários,estesdevemserbe
(nome,idade,sexo,profissãoe atécâráter).
Na dramatização
Os cuidadosdescritosa seguirtêm preocupaçãoprincipal de evitar
a (Pavlovsky,1975):
No compartilhamento
Nestaetapaé indispensávelque as pessoasdo grupo compartilhemo vivido durante a
dramatizaçãoCabe. ao diretor,como já explicado,estimulálas a fazer isso. A tare-fa
dele, tambémnestaúltima etapa, é executara metodologiapsicodramática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALMEIDA, WC. Psicoterapíaaberta.SãoPaulo:AgoÍâ,1988.
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PAVLOVSKY,E .A. ClínicagrupalI . BuenosAires:EdicionesBusqueda,1975,
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SEMÍNOTTI,N.A atitudepsicodramáticaIn:. CRANA. R. Técnicaspsicoter.ipícasna
adolescência. PoÍtoAÌegre:AÍtcs Médicas,1994
PARTE3
Prática com
GruposEspeciais
18
Grupoterapiacom
pacientessomáticos:
25 anosde experiência
JULIODE MELLOFILHO
ofereceoportunidadeparaoutrosprofissionais,não-especialistas,participarem'Será.
mesmo uma oportunidade,penso, para que a psicoterapiade grupo possa sair do
estadode estagnação desconhecimentono qual, absurdamente,há anosseencontra.
T{ISTÓRICO
Curiosamente,a psicoterapiagrupal como prática começoucom um trabalhode gru-
po com pacientessomáticos,embora,por muito tempo,essetipo de abordagemfosse
desconhecidoe, portanto,não praticado,nem estudado.
Atribui-se o início daspráticas terapêuticasgrupais a Pratt, um fisiologista de
Boston que, semqualquerformaçãopsicológica,começoua ministrar aulasespeciais
para pacientestuberculosos,em turmas de 20. Tais pacienteseram egressosde uma
mesma enfermaria, e as aulas eram seguidasde discussões,onde eram debatidos
vários temas,como a dieta, a alta, a vida fora do hospital.Assim se refere entre nós
David Zimmermann sobreo trabalhode Pratt: "Partiu da observaçãode convívio de
pacientestuberculosos...verificando que entre os mesmosse estabeleciamreações
emocionaisque tomavam os pacientesmais animados.Isso o inspirou a reun!los em
aulassemanaispara administrarlhes um curso...Nestasaulas,discutia a âtitude dos
doentesem face de infecçãotuberculosa,em relaçãoaosfamiliarese amigos; compa-
rava as váriasmaneirasde sedefrontaremcom a doença;davaconselhose esperança
de cura.As reuniõeseramconsideradasproveitosasporque,invariavelmente,ospacien-
tes melhoravam:tornavam-seotimistas e mais corajosos.Mais tarde,ele empregou
estatécnica com outrospacientescrônicos:cardíacos,diabéticose psiconeuróticos".
Na técnica de Pratt funcionava principalmentea sugestãoe a exortação.Era
uma técnicadita pelo grupo, isto é, que funcionavaatravésdo grupo, sem incluiruma
visão compreensivada psicodinâmicado pacientee do processogrupal.
Um passomuito importanteno estabelecimentode técnicaspsicoteriápicasgrupais
com pacientespsíquicosou orgânicosfoi o trabalhodos AlcoólatrasAnônimos (AA)
iniciadoem 1935porum médico(alcoólatra)e um corretorde imóveis.Essetipo de grupo
funciona âté os temposatuais,com muito sucesso,sendoa única terapia que ofereceuma
perspectivareal ao universo dos alcoólatras.A técnicatem em comum com o caso dos
pacientessomáticos:serempatologiascrônicascom inúmeras difi-culdadesde
recuperação;basearem-seno apoioe numa atuaçãoeventualsuperegóica; poderem atuar
no lastro familiar do paciente;estespacientescostumamser aditos a alguma coisa
(tóxicos, medicamentos,aquinas,pessoas,religiões)-
Depois do trabalhode Pratt, que ficou desconhecidopor muitas décadas,a psi-
coterapiagrupalficou silentepor muitosanose sósurgiucomoum trabalhoestruturado,
para neuróticose psicóticos,nos últimos 30 anos,a partir de psicanalistasinglesese
americanos,sobretudo(Foulkes, Bion, Slavson, Ezricl, Wolff, Schwartzman).Na
América Latina, estetipo de abordagemfoi lançadopor Grinberg,Lamgere Rodrigué,
que, todavia, como os demaispioneiros do movimento, praticamentenão se refer!
ram a grupos com pacientessomáticos.Também no Brasil, Walderedo Ismael de
Oliveira e David Zimmermann,pioneirosno Rio de JaneiroePorto Alegre,Íespectiva-
mente,tão trabalharamcom gruposde pacientessomáticos- Zimmermann,como se
pode vêi em seu importante livro sobre Psìcoterapiaanalítica grapal, divulgou o
PACIENTE SOMÁTICO
ASPECTOSTÉCNICOS
l-A
teoriados grupossomáticosterapêuticoscompreendea contribuiç
analíticagrupal(principalmenteFoulkes),dachamadadinâmicagru a
teoriados gruposoperativos(PichonRivière)e os chamadosgÍ
(Delarossa)Como.já disseantes,estesgrupostêm uma estrutur
queestásendodefinida,elaborada publicadaEssa.é mesmouma
nossopróximo livro, sobreestetem , a serpublicadobrevementec
TaisapoÍesteóricossecombinamconformea instituiçãoond trabalho,
sobre o lipo de grupo (de ambulatório ou de enfermari
heterogêneo),sobreo objetivo (breve,de médio ou longo prazo), s
veis (informativo,de preparoprra exameou paraterapia,etc.)As
fazema técnica,e essadeveser sempreelástica,levandoem cont
graves naquelegrupo, qual a possibilidadedaquele(s)pacien
conscientizar(em)-se,poder(em)refletir.
Nos gruposde informaçãoonde preparo,os objetivos sãolimit
de informar, esclarecerdúvidas, realidades,fantasiascontribuir par
siedadesdo paciente,paraque esteentrenuma cirurgia,por exe
chancede ter uma complicaçãocardíacaou um distúrbio de compo
operatórioEstando.menosansiosoe hipocondríaco,poderáserma
catarsesempreé, por outro lado,um objetivo presenteE. o falar da
de algumacoisaquenãosesabedireito,o que- em seusprimórdi - é
sempreuma meta terapêutica,pois inclui âs fantasiassobrea d
vezesnuncaconfessoua ninsuém.
--?
No grupo de enfermarú. há que abordar as ansiedades,prep
para examese cirurgias, paÍamuitos examese uma longa perma
vezes,para conviver e enfrentar os sofrimentosque antecedema
trata-sede informar, apoìar,ouvi-los nas queixas (geralmentejust
equipe e à instituição, pois não vieram se intema para convivere
médicos ou com médicosmal-humorados.Inclu!se também ajudá
grupohomogêneo solidárioquepossaauxìliarcadaum nos mom
são,medo, ou mesmodesespero.
As ferramentastécnicase os procedimentosterapôuticosse to
plexosà medidaqueo tempodepermanênciado gruposetomamai
maisambiciososno sentidodeconhecerosmeandros ossignifica de,
as formas de conviver com o mundo e a perspectivade mudar
para melhor, conhecendo,também,do que se sofre e por que sofre
Assim, de uma terapia que foi mais de informação e suporte
uma finalidade mais de conhecimento(insight) e de reflexão. Pen
como é ter aqueladoença,sendoa pessoaque seé, com aquelafamí
COMO TRABALHAMOS COM CRUPOS
193
ge, aquelavida sexual,aqueletrabalho,pertencemais aosgruposhomogêneose hete-
rogêneos,quando essestêm finalidadespsicoterápicas.Aqui a psicanálisee a psi-
coterapiaanalíticadegrupo sãoos grandesreferenciaisem relaçãoaos outros.Diga-se,
a bem da verdade,que outrastécnicaspodem ser usadasem terapia grupal com
pacientessomáticos.Assim, acompanheium grupode asmáticosqueapresentoubons
resultadosterapêuticoscom técnicascorporaisutilizadas por Vera Cordeiro. Acredi-to
que a dramatizaçlaoe o role-playing (trocade papéis),que no ensinode psicologia
médica usamoscom muito sucesso,possamser muito úteis nestetipo de grupos.
interpretaçãonormalmenteé reservadapara as terapiaspsicanalíticas:a psi-
canáliseindividual e os grupanalíticaAqui. falo da interpretaçãocomo vínculo como
inconsciente,dirigida a aspectosinconscientesatéentãonão acessíveisao consciente
do pâcienteou só parcialmenteconhecidosdeste.A interpretação,obviamente,pelo
seu mecanismo,pode dispersarviírias reações,como medo,raiva, culpa, dor, deses-
pero. Também alegrias,euforia, momentosde criatividade.
Obviamente,não se usa interpretaçõesdestetipo trabalhandocom gÍuposcom
pacientessomáticos,pois estamosfazendopsicanáliseaplicadae não psicanálisepura,
em que se usam basicamenteinterpretaçõestransferenciais,relacionadascom o
terapeuta,com os sentimentosdo pacientepara com seu terapeuta.Estasinterpreta-
GRUPOSCOM PACIENTESSOMÁTICOS
Abordaremosaqui o trabalhocom gruposconstituídosapenaspor
em regime ambulatorial,hospitalizadosou prestesâ se submete
Enquanto o trabalho com gÍuposde neuróticosé realizado basi
privada, falaremosagorade gruposconduzidosem instituiçõesp
de um trabalho de maiores perspectivassociais, voltado para
previdenciário,de baixa renda.
Desde os primórdios da psicoterapiagrupal, fala-seem "gr
cos" de pacientescom problemasvários (diabéticos,ulcerosos,c
tensos,asmáticos,etc.). No clássicolivro de Grinberg,Langer e R
sive, uma boa abordagemdessetema, com referênciaa proble
importantesaté os dias atuais,como as dificuldadesdas instituiç
técnicas,os problemasde lidar com doentesgravesque freqüente
seustratamentose a importânciado trabalhoconjunto do psicote
na conduçãodessesgrupos.
Uma primeira questãodiz respeitoa classificarmostais gru
neos.Na realidade,sãohomogêneosem relaçãoà patologiados p
neosem relaçãoao sexo,idade,estadocivil, etc.
Outro problemaem abertodiz respeitoà técnicaa ser utiliza
grupos,a qual é extremamentevariável,conformea formaçãoteóri
denador(terapeuta,expressões,a nossover,nestecasoespecial,af
gia a ser abordada,objetìvosa seremalcançados,instituição ond etc.
De um modo geral,já não se pretendemais trabalhá-losana hoje
não faz mais sentido a recomendação,por exemplo, de Rodriguéde
interpretarsistematicamente raiva e a inveja que pa te
enfermostêm da saúdevisível dos terapeutasJá. se conheceb
narcísicase da auto-estimadessesenfermospara entendeÍque n de
se sentir profundamentehumilhadosdiante de colocaçõesdes gem
pode serfeita de outro modo, discutindo-sea vulnerabilidad no às
mais variadasdoençasou a necessidadede exaltarmosa for les de
quemdependemos,por exemplo.
Vários autoreschamam tais grupos de operativosou de t
trabalhamos,operamos,com a tarefade discutir problemascomu
e perspectivasde pessoasacometidasdos mesmosmaÌes,ou r mente
ções
GRUPOSCOM PACIENTESHOSPITALIZADOS
Pacientesde clínicamédicaEm. fins dadécadade 60,prestávamosorientação
assistênciapsicológicaàsequipesdesaúde a pacientesintemadosemenfermarias
de ClínicaMédicado HospitalSãoFranciscode Assis,tendoconstatadoqueos doentes de
cadaunidadepassavampor sucessivassituaçõesde crise,motivadaspelainternação de
pacientes-problemas(reivindicadores,regressivos,psicopáticos),pela moÍe de
certospacientes,por modificaçõesdaschefias,por mudançasde gruposde residentes
de intemos, entre outras.Tais crisesse manifestavampor estadosde ansiedadeou de
depressãoporparte dos pacientes,agravamentosdos quadrosclínicos ou modifica-
çõesabruptasde comportamento,permanecendogeralmenteocultas,em
suasverdadei-ras causas.
Numâ dessasoportunidades,reunimos-noscom pacientesda enfermariamascu-
lina, onde tinha havido uma seqüênciade mortes inesperadasOs. doentes, por um
lado, pediamalta ou transferênciade enfermaria,e, por outro, faziam brincadeirasde
sortearo próximo a morrer.Após uma catarsegeral,foram prestadosesclarecimentos
sobre os óbitos e suas causas,desanuviando-seo ambiente, diminuindo o clima
persecutórioe o uso de defesasmaníacasNoutra. ocasião.reunimo-noscom pacien-
tes da enfermaria feminina, revoltadâs com a conduta de uma adolescentecom
cardiopatiareumáticaque,eufórica e exaltadacom o uso de corticosteróides,agredia e
ameâçavaas mais idosas.Foram dados limites à paciente,que foi encaminhadaa
uma psicoterapiaindividual.
Assim, nasceramas "reuniõesde crise", que nos estimularama promover reu-
niões regulares,semanais,com os pacientesintemados nas quatro enfermariasdo
Serviço, para as quais convidávamosum médico, a enfermeira-chefee a assistente
social. Sendoessaexperiênciapioneira em nossomeio em hospitaisnão-psiquiátri-
cos, fomos aprendendocom a experiênciae enfrentamosde início muitasdificulda-
desde cooperaçãoe participaçãodos pacientesEram,. via de regra,doentescrônicos,
por vezesidosos,pouco motivadosparaa nova técnica,que permaneciamsilenciosos
nas reuniões,traduzindotambéma posturahabitualmentepassivadestetipo de paci-
ente.Tal fato nÕsinduziu a trabalharo grupo mais operativamente,tentandorealizar
tarefascoletivas de melhoria das instalaçõesdas enfermarias,iniciar atividadesde
lazer,discutir seusproblemasprevidenciáriosporventuranão-resolvidosEssa.estraté-
gia rendeu poucos resultados,a não ser em relaçãoà organizaçãodo lazer, que foi
estruturadoem torno de uma sala com televisãoe jogos, que reunia os pacientesem
suaslongashorasde ociosidade.Predominava,todavia,o clima depressivodasenfer-
meiras,e o grupo funcionavanum pressupostode dependênciaou, por vezes,de luta
e fuga, evitando falar de situaçõesde saúdeou dos problemasdecorrentesde uma
L96 ZIMERMAN & OSORIO
Mais recentemente,temosreaìizadosessasreuniõesno H
UERJ, também em enfermariasde Clínica Médica, atravésde
KennethCamargoJúnior. Estereuniu-secom pacientesde uma
semanalmente;porém, diferentementeda experiênciaanterior,
fermaria. Esta estratégiase, por um lado, permitiu que pacien
dessemparticipar,por outro trouxeuma sériede inconveniente
te interrupçãodo clima grupal atravésde intervençãoda equip
(retiradade pacientesparaexames,aplicaçõesde medicamento
nas,etc.).Em quepesemessasdificuldades,conseguimosalivi
dentro da enfermariae colaboramostambémparacriar um clim
pudessemseajudarmaisuns aosoutros.
Atualmente as reuniões são realizadasno HUPE, em e
médica,cardiologia, obstetríciae nefrologia com bons resulta
pendemda continuidadeda experiência,da construçãode um
próprios pacientespreparamos novos para a participação.
GRUPOSSOMÁTICOS HOMOGÊNEOS
Como já vimos, a psicoterapiagrupal começoucom Pratt, quando
gruposde pacientestuberculososa sereadaptaremsocialmenteEs. ra
realizadode forma algo rígida e à basede doutrinações,foi u permitiu
o crescimentoda psicoterapiagrupalem múltiplas direçõe dadede
atenderem gruposdoentessomáticosportadoresde doença ra, ao
nossover, uma das direçõesrevolucionáriasde nossasprát
atendimentoem massade nossaspopulaçõesE. um trabalhoque
diante de enormespossibilidadesque se abrem ao seu futuro. O
teremos mesmostipos de patologias,sofrerempor problemassem
rem as mesmasvicissirudese necessidades,contribui para criar
coesãoe mútua solidariedadeentreos mesmos.Algo semelhante ma
de "universalidadede conflitos" faz com que os pacientes,lo no
grupo, sintam um enormealívio aoperceberque os outrostam tipo de
fantasias,passampelos mesmosdesânimos,em suma, tê eles
pensavamque só ocorriam com eles.Doentescom os sefs co em sua
auto-estima,têm oportunidadede se sentirem valorizad
sugestõesúteis aosseusparesde grupo.Ao mesmotempo,sentem
gidos, quando o grupo os amparae aconselhanos momentos de
desesperança.
experiênciade lidar com a doençae com o sofrimento f
detalhesadquiramuma importânciamáxima. Assim, o modo com
bolsa de colostomia,os aspectosdo funcionamentode uma máqui
ou as técnicasutilizadas para aliviar um tipo de dor crônica são c
os pacientesde grupo partilham entre si, numa experiênciade m
aproxima cada vez mais. Também a discussãode detalhessobre
em gestantesnormais ou a possibilidadede complicaçõesem ges
exemplosde como o agrupamentode pessoasconforme suascara
(homogeneidade)útil, sem provocar ameaçasou temoresdesne
estressesa sereminevitavelmenteenfrentados.
COMO TRABALHAMOS COM GRUPOS
199
Tais grupossão tambémchamadosde adaptativos(Demockere Zimpfe]. É
importantesalientar,entretanto,que,emborana maioriadasenfermidadesde curso
crônicoe com lesõesdefinitivasfuncionemcomotal, podem,em outrasopomrnida-
des,sercurativos,comono casode asmade fundopsicogênico,na fasede doença
aindafuncionale reversívelE,. no casodeumadoençacrônicajáestabelecida,como
uma coronariopatia,podemcontribuirparadar um novo rumo à suaevoluçãoao
ajudaro paciente lidar melhorcomoschamadosfatoresde risco(estresseemocio-
nal,fumo,vidasedentária,obesidade).
As funçõesdo coordenadorsãomúltiplas:favorecer comunicação,esclarecer
problemasespecíficosdesaúdeou conflitosem evolução,dar apoioao grupoou a
certosdoentesmaisnecessitados,promovera catarsee a reflexão,entreoutras.E
fundamentalque ele semprepossuaconhecimentosda doençaem questão,semo
queadquiriráumaposturateóricae perderáa credibilidadedo grupo.O trabalhoem
co-terapiaé de muita utilidade,permitindoaosterapeutasunir forçase enfrentaÍ
momentosdifíceisdaevoluçãogrupal.RecomenCa-queseum dosparticipantesseja
especialistanaenfermidadedosparticipantesdo grupo.Umapráticamuitoimportante
degrandealcancenaeconomiado tempodeatendimentoéa realizaçãodaconsulta
clínicadentrodo settinggrupal.Tal procedimentovsm sendofeito de rotina nos
gruposde hipertensos,em quea consultaclínica(comtomadadaPA) é realizadana
parteinicial do encontroe, depois,é realizada dinâmicagrupalpropriamentedita. A
comparaçãoentrea cifra tensionalde antese depoisda consultapodeinformar
sobreo estadoemocionaldo pacienteantesdo grupoe depoisdeste,paraavaliaro
efeitoda psicoterapiagrupalnaPA do paciente.
GRUPOSIIETBROGÊNEOS
Em 1995,coordenamosum trabalhode pesquisano HospitalU
Erneto, o qual foi financiado com verbasdo CNPQ e realizado
JaneNougueirae Deize Souza,com a colaboraçãode Luiz Feman va-
sede estudaro problema dos grupos somáticosheterogêneos( sobreuma
perspectivagrupanalíticafocal e breve.
Em trabalhoconcluídorecentemente,os autoresescreveram,
cia, as seguintesconsiderações:
BIBLIOTECA
UNIMEP
COMO TRABALHAÌíOSCOM CRUPOS
201
... Observamosum contingentecadavez maior (são flagelados,são pingentes,bal-
conistas)de pessoasque lotâm os ambulatórios públicos em buscade um remédio
para sua dor. Dor difusa que percorretodo o seucorpo, escolhendoum lugar para se
instalar,abrindo assimcaminho parasuapermanênciae cronificação nas instituições
de "previdência"...Tomamoso modelode grupo, porqueentendemosseressaprática a
que melhor favoreceriair na mão opostaa essecenário institucional,a que melhor
favorece a livre comunicaçãoentre as pessoase, em termos técnicos, a que mais
proporcionao aparecimentode uma multiplicidade de relaçõestransferenciais,visto
ser esseum espaçode atualizaçãode sentimentosligados à rede de relações
interpessoais...A gÍupoterapiaé na suaessênciaum trabalho solidário, um continen-
te seguropara os momentosde crise, espaçode trocas,de novas vivências e suporte
parareorganizaçãode novosconhecimentose da própria vida. Acreditamosque,sen-
do heterogêneo,a própria variação de patologiasfavorecea trocâ de experiênciase
maior aberturâa novos aspectosda vida. A heterogeneidadedas patologiasselou a
singularidadedo nosso trabalho...Formamos então um primeiro grupo de caráter
terapêutico.Depois de realizadasas entrevistas,iniciamos as sessões,com o número
de componentesincompleto.No contrato,foi abordadodentreoutrascoisas,o núme-ro
de integrantesdo trabalho,e a cadanovo membroera reafirmadoo contrato,exceto
em um segundogrupo, cuja falha técnicaveio a precipitarposteriormenteo esvazia-
mentodo mesmo,relato quefarèmosmais adiante.Constituímosum terceirogrupo...
Tomamoso referencialpsicanalíticocomo básico,e todos os conceitosdessateoria foram
consideradoscomo fronteiras entre o conhecimentoe a prática. O apoio na forma
conceitualfica paranós como registro,enquantoa experiênciatestemunhasua
legitimidade.Atransferência,aresistência,acontratransferênciaeaidentificação são
questõesque poderiam ser discutidascom inúmeros exemplos nas sessõesde grupo,
já
mas foram exaustivamenteapresentadasna literatura.Não trilharemosesse caminho
paranão sermosrepetitivos.As interpretações,como asconhecemosclassi-camente,não
fazem parte também do nossoprocedimentohabitual.Os conflitos são consideradose
enfrentadosno próprio grupo à medida que vão aparecendo,então vão sendo
examinadose possibilitam uma maior integraçãoe aperfeiçoamentoda relação grupal,
exigindo que se desarmee rompa uma sériede estereótipos,que em
algunscasosservemcomo defesasfrentea outrossereshumanose frente à coisastais
como elas são".
ça inclui geralmentelesõescutâneas,quedeixammanchasescuras
de cabelo.Febre,perdade pesoe sintomasde acometimentogeral t
por vezeshá ainda reumatismo,o que dificulta andare realizar as
Em função disso, as pacìentes,prâticamenteem sua totalidade,pa
um quadrodepressivo,com intensocomprometimentoda auto-est
quedade cabelos)e da feminilidade,desleixando-senos cuidad na
exibiçãonatural.Em decorrência,há diminuiçãoda libido e da cap
comprometendoa vida sexualpor um períodode vários mesesger A
respostapositiva está na decorrênciado uso adequadode com
reversãodos sintomas.Muito importante,também,é a atitud
famflia, não rejeitandoa paciente.
Este quadro pode recidivar nas crises posteriores,podendoin
pulmonar ou cardíacae até mesmoacometimentocerebral.O qu
seusaspectospsicológicos,psicossomáticose somatopsíquico
estádescritona literaturamédica sobrea doença,apesarde suaqua
em nossospacientese em outrosciìsosde lúpusque vimos nesses3
ência.Parecequesóos aspectoslesonais,orgânicos,da doençasãol
deixando-sede lado o psíquico,o reacional,o subjetivo- apesard
passara partir de alteraçõesfísicas,bioquímicasou teciduais.No e
os resultadosdas reuniõescom pacientesde lúpus, que agoranáo
tratamentodessadoençasemum enfoquegrupalparalelamenteàs c
Assim, os pacientessabemdo grupo no ambulatório e vêm ao gru
neamente,só algunsnecessitandode um trabalhodo reumatologist
a nossasreuniões.
Se, por um lado, o LES é uma doençahomogênea(febre, artri
geral,lesãocutânea,quedade cabelos,tudoissoem mulherjovem
rogênea, pois uma pacientetem lesão renal, e outra pleuro-sica
neuroseassépticada cabeçade femuro e outra apresenta-sedepr
psicótica.Apesardessasmultiplicidadesde lesõesclínicas,a hom grupo
é impressionanteSão. mulherescom idadesaproximadasco ral,
articular e cutâneosemelhante,tratam-seno mesmo ambulató
regra,os mesmosexamese, principalmente,tomam cortisona,que l
raçõessemelhantes:acúmulode gordura,obesidade,irritação gástr
edade,agitação,aumentode apetite.O hábito de virem ao grupo, a a
confiançapossibilitamque essaspacientes,com suashistória
condiçõesde pobreza (por vezes),suas condições de crônicas, a
relatosaltamentecatárticos,dolorosos,ouvidos com atençãopelas de
sofrimento.Mas a disposiçãode setratar,muito grande,aumen os
testemunhosdas colegasque já passarampelo pior. "E preciso de
corticóides porque 'tá'com um problema dè lúpus no rim, en
(pulsoterapia).""A gentenão pode pegarsol por causado lúpus, a
A grandecoesãoalcançadapermitiu que sepudessediscutir pr
intimidade, como a vida sexual,a possibilidadede ter mais filhos
maridos.Acredito que as muÌherescomproblemassexuais,saindod
com um enfrentamentomais direto dos problemas,puderamsupera
Paraterminar,algunsdepoimentosde pacientesdo grupo que falam por si mes-
mos:
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T9
Grupos com Portadoresde
TranstornosAlimentares
RUBÉNZUKERFELD
rNrnoruçÃoEBAsErnóruca.
Transtornos da alimentação e grupos
Princípiosteóricosgeraise fatorescurativos
No final da décadade 70, propusemosalgumashipótesesteóricas sobre a utilidade
clínica dos grupos homogêneos,e que logo sustentamoscomo princípios gerais
(Zukerfeld, 1979).Por outro lado, pensoque os chamados/ntorescurativos gn)pais
(Yalom, 1985)estãovinculadoscom aquelesprìncípios,e que isso possuiimpoÍân-cia
paraa abordagemdos pacientescom transtomosalimentares.Destemodo, defini-
remos três princípios,entre os quais se distribuem os fatores curativos, os quais,
como destacouYalom, sãoaquelesque,por consensode coordenadores participan-
tes de grupos,demonstraramter eficácia terapêutica.
COMO TRABALHAMOS COM CRUPOS
207
Princípio de semelhança
CLÍNICA E TÉcNIcA
EÍicáciaterapêutica(ET)
Ter-se-áobservadoque os três princípìosdescritosse definem em função de uma
variável que é a eficácia teriìpôuticado grupo. A experiência clínica mostra que,
quantomaiorpresençadosfatorescorrespondentesaostrêsprincípios,maioresserão
asconquistasde seusintegrantes.
Em geral,e entendendotal eficáciaem relaçãoà patologiaem questão,existem
relaçõesdiretamenteproporcioneisentreo cumprimentodos três princípiose o su-
cessoterapêutico(ver figura2). Se semedisseteoricamente,por exemplo,o graude
coesão(princípiode semelhança),o de ressocialização(princípiode modelização)
de aprendizageminterpessoal(princípiode confrontação),seguir-se-iauma curva
I
evolutivaaté um ponto crítico(meseta),ondeé necessáriovariar recursos(x, x'),
dentrodo princípiogeralpararestabelecerum novocicloe detera decadêncianatural do
I grupo. Estas intenenções ntodificudoras são, por exemplo, a incorporação de
ri
210 ZIMERMAN & OSORIO
,,/
novos integrantese/ou rotação de coordenadoresem certos sistemas(variação do
princípiode semelhança),mudançasna âpresentaçãoe/ou conteúdoda proposta(va-
riação do princípiode modelização)e distintastécnicasde mobilização (variação do
princípiode confrontação).
Dessemodo, pode serdesenvolvidauma nova etapa,na qual, em um ponto (x'),
voltará a ser colocadoo mesmoproblematípicodos gruposde tempo limitado.
Na realidade- segundopenso- ,estaé a evolução geral dos gruposhomogêneos
(psicossomáticos,toxicômanos,etc.), que em muitos casospode passardespercebi-da, se
foi estabelecido um limite temporal. Nos pacientes obesos, bulímicos e
anoréxicos,convém primeiro definir o que seentendecomo eficáciaterapêutica(ET), para
depois ajustaro enquadramento o setting grupala esseobjetivo.
Em todos eles, a ET significa: a) diminuição de peso,ou aumentoaté um peso
razoável ou possível(Cormillot, 1984),b) mudançana relaçãocom o alimento e o
próprio corpo, c) mudançano modo de vida e valores pessoaise d) melhora nos
parâmetrosmédico-nutricionais.
Especificamentenos obesos,os programasgrupaisatuaisvão desdea auto-aju-da
pura, com modelosque se assemelhamaosdos Alcoólicos Anônimos, até os gru-pos
operativose educacionaiscom e sem tócnicasde auto-ajuda.Em todos eles, o modelo
inclui algum tipo de atividadefísica, além dosplanosalimentares,e estessão os
parâmetrosmais objetivos para definir sua eficácia. Quanto mais profissional se toma a
modalidadegrupal, mais se produz um ganhoe uma perda:aumentaa possi bilidade de
aprendizageme de um ceÍioinsight e diminui a importânciada mística e dos
testemunhospessoaisEm. minha experiênciapessoal,é difícil determinarcienti-
ficamente qual modalidadeé mais eficaz, mas diferentesinvestigadorestratam de
fazêlo, utilizando, sobretudo,procedimentosdefollow-up a médio prazo.
Técnicas gerais
Como assinalamosno princípio,há diferentestipos de gruposde pacientescom obe-
sidade e transtomos da alimentação.Suas variantes "puras" são em geral de três
tipos: auto-ajuda,programaspsicoeducacionais grupospsicoterapêuticosde distin-
tas orientaçõesNa. prática, isso significa que predominam,em maior ou menor
grau. um destestrês "i": identificação,informaçãoe intervenção.
Os grupos podem ser de duraçãoilimitada (como na auto-ajudapura e em al-
guns grupos psicoterapêuticos),ou, o que é mais habitual, podem ter prazose serem
estruturadosemprogramas interdísciplinares.Estesúltimos, com duraçõesem geral
de 3 mesesa um ano,permitem ser avaliadoscom maior rigor. Destemodo, pode-se
compararse,de acordo com os objetivos estabelecidos,é mais útil trabalhar sobrea
COMO TRABALHAMOS COM GRUPOS 2ll
dinâmicainterpessoaldo que à maneiracognitivo-comportamental,ou, então,seé
convenienteintensificartécnicasdinâmicasou corporaisou enfatizara auto-ajuda
freqüênciatradicionaÌé de uma reuniãosemanalcom uma horae meiade
duração,masmuitasvezesé modificadaparaduasreuniõessemanais,
àsvezess trabalhacom gruposintensivosdiários.Convémaquidiferenciaros
grupo5ambula toriaisdaquelesquesãorealizadosemumainternaçãoem
instituição,quecostuma serdiáriose variados.
Osprogramasinterdisciplinarespossuemumaestruturade reuniõescomcome ço
e finalizaçãopredeterminados,geralmente(figura3) seguemo quechamam de
"estiloem escada"Este.estiloconsisteem construir"escalões",que sãoas ses
sõesgrupaiscomabertura encerramentoprogramados'(Ae C), mascomdinâmic
abertano meiodo processo,queé o lugardasintervenções(B). Além disso,esper
sequecadaencenamentosejaconectadocoma aberturada próximareunião.A eficáci
dessasmodalidadesdependemuito da quantidadede integrantes da clarezado
objetivosPor. outro lado,é importante capacitaçãodoslíderesgrupaisprofissio naise
nãoprofissionais,no queserefereà maneiradedarinformação,aossentime tos
contratransferenciaisàs intervençõesDeste.modo,os gnìposcom pacient
obesos,bulímicosou anoréxicoscaracterizam-porumasenecessidadetécnicaconsta
te de manterum equilíbrioentreo trabalhosobreo alimentoe o corpoe o queest
relacionadocomoutrasáreasA. consignaquejápropúnhamosno final dosanos70 é:
"Sesefala só de comidaou de peso,o grupo vai mal- Senão se fala nuncade comid
ou de peso...tambémvai naf'. Muitossistemastratamde garantiresteequilíbri
utilizandoem(A) um materialescrito,queatuacomoinformativo,mastambémcom
"disparador"de temassobreos quaissão feitasreflexõespessoaisOutras.veze
tomam-seosemergentesindividuais,paraiç emum segundomomento,parao
traba Iho com o materialescrito,o quenãoé utilizado,em outrasmodalidades.
Habitualmente,asintervençõesvariamde acordocomo estiloe a formaçãodos
líderes,o modeloinstitucionalemjogo e o tipo de demanda,quepodeserdiferent em
obesidade,bulimiae anorexianervosaHá. técnicasgeraisde compromissoe de
mobilização,qlu.costumameseraplicadasemgeral,e
técnicasfocalizadasexclusiva menteem determinadaoroblemática.
.,
1
\
t \\
AberturaPautada
A c MeioJogoAbeÍto
EncerramentoPautado
\\
FIGURA3 . Enquadramentoprocessogrupal.
'
Ê semelhanteao modelode paÍtidade xadrez,queFreudutilizouparÂÍeferir-seò técnicapsicoterapêuticaindividuâÌ.
As primeiras incluem diferentesprocedimentos(geralmentecom o formato de
'Jogo" ou "experiência"),cuja ênfaseestáem obter coesãoem gruposdispersos,para
desenvolvimentoda tarefa,e em mobilizar grupos "estancados"em sua dinâmica. Se
se observarbem, ver-se-áque se trata de intervençõesvinculadascom o princípio de
semelhançae o de confrontação.
Isso implica entenderque a dificuldade existenteé independentedo modelo
(princípiode modelização)Ou. seja,a propostaterapêuticamantém-sefixa, e o trabalho é
estritamentesobrea dinâmica grupal. Outrasvezes,ocorreser necessáriomodificar o
próprio modelo; esseprocessoé geralmentemais complexo e prolongado,e nele influi a
evoluçãoda ciência, os costumese os paradigmasvigentes.Mudar o modelo significa
mudançanos objetivos e nas técnicas.Em obesidade,por exemplo, costu-mam
constituir-se"grupos de manutençãoou de recuperados",cujas problemáticae maneirade
trabalharsão muito distintasde quandoo objetivo é o emagrecimento.Há
tambémgruposde hiperobesos,bulímicase anoréxicascom modelosvariados.
As técnicasque chamamosde/ocalizndasconcentram-seem uma problemática
específica,que é consideradasignificativaparaos integrantesde um grupoem particu-
la-r(auto-estima,imagem corporal,descontrole,agressividade raiva, assertividade,
expressãode emoções,vínculosfamiliares,sexualidade,problemaslaborais,desenvol-
vimento de habilidades,etc.). Implementam-seem diferentesformatos, mais didáti-cos
ou mais vivenciais, dentro do programa habitual do grupo, ou como oficinas
especiais.O treinamentoe a criatividadedos líderesgrupaisé importantepÍrÍaperce-ber
asnecessidadesdo grupo, fazendouso de seussentimentoscontratransferenciais, seu
sensocomum e não esquecendo objetivo principal da atividade.
De maneirageral,minha forma atualde pensarsobrea coordenaçãodessesgru-
pos é hierarquizartrêscondições naturaise trêscapacidadesadquiridaspelo estudoe
experiência,acima da origem profissionalou ideológica.Não impoÍa tanto que seja
médico, psiquiatraou nutricionista,mas o que se esperadele:cordialidade, lideran-
Vinheta clínica'
Trata-sede um grupo de 9 pacientesbulímicasmulheres,de 22 a28 anos,coordena-do
por uma psicóloga.
Integrântes
possuisobrepeso,antecedentesde ingestade álcool e comprimidos.Pouco comu-
nicativa, muito queridae cuidadapelo grupo.
'Agmdeço à Licenciada Gabíela Cassoli o material oferecido pela sup€Ívisão,do quâl foi extraídâeslâ vinheta clínica.
COMO TRABÂLHAÀÍOSCOI{ GRUPOS 213
:
Sessãoabreviada
I
A. perguntaa B. como está,e B, lhe diz que, no momento, não quer falar; propõe
I
falar depois.A coordenadoradá uma informação geral sobrea evoluçãodo peso,e L.
ü
diz que deve confessaralgo: pesou-sesozinha,antesque a nutricionista a pesass
Reconheceque não fez o qge devia e não sabese isto vai repercutirde forma
impor-tante no grupo. Os demais integrantesfazem alguns comentários,e a
coordenador toma o tema dasquestõesperigosas(balança'),durantea primeira parte
do tratamen to, e sobrea necessidade cumprirasregras.
A. contaque suamãea perseguiacom a balança,e relatauma brigamuito forte
com ela, na qual sua mãe lhe diz que pareceque, para que M. A. fique bem, é
necessárioque ela morra. A partir destasituação,M, A. decideficar fora de casanas
horasde comida. Faz suasrefeiçõesna casade seu namoradoou amigos.Conta que
suamáeestevedoente"com depressão",por 3 anos,diantedo queelatomoucontada
casaNesse.momento,querconsultarumapsicóloga,e seuspaisa levamao pediatra O
grupo assinalaa incoerênciade ser a "Senhorada casa" e ir ver um pediatra. A
coordenadoraobserva M. chorando,e M. diz que está muito mal, porque voltou a
comer compulsivamenteestasemanae isso a preocupaConta.que está prestesa
completar o primeiro aniversárioda morte de sua mãe. Diz que estátudo bem com
ela,menosos vômitose ascompulsõesA. coordenadoraperguntao quea deixamais
triste, M, começaa chorar e diz que se sentemuito só. O grupo lhe perguntasobrea
relação que tinha com sua mãe e como foi sua morte. M' fala de uma relação de
'i
\ r A FLr\É balanzâ", em castclhâno,târnbérnpodc ser entendidacom o scntido Íìgurado de forca.
2t4 ZIMERMAN & OSORIO
é fixado um horário paraB,,no qual devecomeçara falar no próximo grupo; senão o fizer
nestehorário, uma companheiraescolhidapor ela (4.) a lembrarádisso.
COMOTRABALHAMOSCOMGRUPOS . 2I5
Comentário
No materialclínicoapresentado,podem-seobservardiferentesexemplosda aplica
CONCLUSÕES
trabalhoem grupo com pacientescom obesidadee transtomosda sido
muito difundido. Há importantesorganizações,em diferentesp
anostrabalhamgrupalmentecom obesos(Weight Watchers,Overea nos
EstadosUnidos, Al-CO e Dieta Club, na Argentina,etc.) e nume
paraanorexiae bulimia, nos EstadosUnidos, Inglaterra,Alemanha,F
Brasil e Argentina. Essesgrupos têm bons, medíocresou maus re
segundomeu critério, não deveriam ser avaliadosisoladamente,m
abordagensinterdisciplinaresmais amplas.Possuemsuasindicaçõe
.
Oscoordenadorespossuemcaracterísticasdepersonalidade,treinamento papel
profissional(ounãoprofissional),conhecimentodosprincípiosgerais,criatividad e
também- comoalgoespecíficodestaspatologias- suaexperiênciapessoalem
relaçãoà alimentaçãoaocorpoEste.é umtemamuitoamplo,quenãodesenvolve rei
aqui,masé importantea influênciadascrenças,preconceitos sentimento
contratransferenciaisdosterapeutasem relaçãoàquelestemas.
RETERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Desdeque,no séculopassado,MagnusHussconceituoualcoolismocomodoença,
discute-sea forma mais eficazde tratá-la.Aliás, se faz oportunoreconhecerque,
apesardos desenvolvimentoshavidosnestecamponosúltimos 30 anos,a maioria
daspessoasquebebemde umaformaproblemáticaseguesemprocurartratamento.
O esquema1 (p- 220)tentailustraro quesepassana histórianaturaldestadoença.
Comopode-sedepreender,paraqueaschancesterapêuticasaumenteménecessá-
rio que o profissionalestejaaptoa reconhecer, a entender,a crisemotivadorada
procurade ajuda;saberformularcorretamenteos diagnósticosdo indivíduoe sua
família;traduzi-losde maneiracompreensivaaosmesmos,paraqueobjetivostera-
pêuticospossamsercompartilhadosentreo técnico,o paciente,e, semprequepossí-
vel,com suafamília.Dessacomunhãodeverásurgirumaclarapropostaterapêutica.
Parecequeosdesâfiosno tratamentodealcoolistassãotão grandesque,desdeo
eletrochoqueatéasterapiasde reposiçãode íons,desdea psicanáliseatéastécnicas
cognitivistasdeprevençãoderecaídas,forampropostoscomentusiasmopor diferen-
tesautores.
Esseespectrodealtemativas,partirdosanos70,começoua
sercientificamen-te avaliadoquantoà suaeficácia, hojeum
conceitobastanteatualé domctching,ou seja,reconhece-seque não existea
técnicaterapêuticamais efircazparatodosos casos,e o que seprocuraé
adequarum determinadoesquematerapêuticoparaum dadopaciente.
O esquema2 (p. 221)deveserentendidocomoum
esforçodidáticoparanortear asdiversasopçõesde tratamento.
Poresseesquemadevemosconsiderarsemprea severidadeda doença a
moti-vaçãoqueconseguimosdespertarem nossopaciente.
De uma maneirageral,pacientesmenosgravese bem
motivadospodemser muitoajudadosnumaterapiabreve,a
qualdeverásealicerçaremtécnicasde preven-ção da recaída,restringindo-
seao foco dasrelaçõesdo indivíduocomas bebidas alcoólicas.
no entanto,estamosfrentea um dependentegravee com muitosanos Quando,
deevoluçãode suaenfermidade,é poucoprovávelqueumaterapiafocaldê
contade ajudáJona complexidadede todosos seusproblemas.
presentecapítulodiscutequalo lugarquea psicoterapiadegrupoparaalcoo-
listascontinuatendono contextoaludido.
220 . ZIMERMÀN& osoRlo
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COMO TRABALH.\ÀÍOSCO]!ÍCRUPOS 221
Bem motivados Poucomolivâdos
de álcool CognitivaFocal
Muitodependentes Terapiamaisextensa Hospitalizaçào
. Diferentespropostas
ESOUEMA2 terapêuticas a questãodo matching.
justo na
Inicialmente,é reconhecerquealcoolismoé umadoençaestigmatizadora,
qual portadores
seus pensam(onipotentemente)seremosúnicosa virienciaremtai situação.O
grupo passa que haveráde
entãoa ter a vantagemdo compartilhamentode experiencias,
facilitar
a meÌhorpercepçãodo funcionamentodo indivíduo,visto, poi identificaçãoprojetiva,
nos demaismembrosdo grupo.
Portanto,quando já indicaçãode
. alcoolistas forambemdiagìosticadose estãomotivados,a
grupo se
destaca,respeitando-seapenai as seguintescontra_indicações:
funcionamentopsicótico
pessoade reconhecimentopúblico
intoxicadosou pouco.onui.tosqurnlo à abstinência
grupo psicótico
Sendoum apenasde alcooÌistas,comoserádescritoadiante,um paciente
rapidamenteseráidentificado como "o diferente" do grupo e.marginaliza-do,
sendoquedesseprocessoninguémtira proveito.
umapessoaquesejabastanteconhecida(como,por exemplo,auto_ . _ _Igualmente,
grupo,
ridadese artistas),num acabaráficando exposta,iabido que o sigilo ã algo
nem sempremantido por para grupos
todo o tempo.No entanto,pareceque estacontra_indicação é em
geral e não apenaspara gÍuposde alcooliitas.
Porúltimo,pacientes têmios e ainda
aindaintoxicados,poucoconvencidosa manterem-seabs-
semvínculo rem por
maior com o terapeutabeneficiam-semais seperrnanece- argumtempoaindaem
atendimentoindividual,ondeseuacompanhamento poderásedar com a intensidadedevida.
Finalizando
o tópico, uma paravrasobreos introvertidos.Tâis pacientes dão-se
grupo que angustiando-secom
melhorem do em atendimentoindividuar,ondesentemobrigaçãode farar,
issoe interrompendoo tratamentoantesque algu;a;juda possa
lhesserdada.
OBJETIVOS
.{té quasea presente era a
década,o objetivode quaÌqueralcoologistacom seupaciente
abstinência, _
e as terapias- individuaisou grupais limitavam_sea ajudaro clientea manter-
seabstêmio.
O queum l1s própriasdo
. tempomostrou abstêmioquesemantenhadesadaptado,ou pelasseqüe_
alcoolismo
ou por dificuldadesneuróticas pii"ótica, iubjacenìes,
tem maioreschancesde recairno usodo álcoolqueum "
abstêmioadaptadoAdapta._
))', ZIMERMAN & OSORIO
O GRUPO
Alcoolistas são pacientesque necessitamse absterdo álcool numa sociedadeque
estimula seuconsumo.Dessefato, emanauma sériede peculiaridadesno tratamento
de tais doentes,as quaisnão se encontrâmem gruposde pacientescom outros trans-
tornos.Por isso,a experiênciaensinouque convómreuniros alcoolistasem gÍupos
homogêneos,ou seja,sóde alcoolistasNo. entantoem consultóriosem quea deman-
da não comportara existênciade um grupo exclusivo,a introduçãode dependentede
outrasdrogasnão acarretadificuldade técnicamaior.
Em um passadonão distante,além da hofnogeneidadenosográfica,também se
procuravahomogeneizar grupoqurntouo sexo.ao nívelsócio-econômicoà faixa etiíria.
Nota-se, atualmente,tendênciainversa,e a maioria dos técnicos que traba-lham com
alcoolismopensaser enriquecedoro grupo de alcoolistasser heterogêneo em todos
os outros aspectos,cabendoao próprio gmpo fazer suastriagensnaturais.
Outra questãoa ser consideradana formaçãodos grupos é seu tamanho.
Na literatura, encontram-sepropostosdesdegrupos com 7 pacientes(Brown,
l97l) até40 o\ 50. A leitura dessasdiferentespropostasesclarece,entrementes,que
tamanhodo grupo é em função de seusobjetivos.Um grupo que se restrinjaa serde
exclusivamanutençãoda abstinênciapode sermaior, masdeve-sequestionarseesses
macrogruposnão seriamsubstituídos,com vantagenseconômicase mesmo de eficá-
cia,pelosAlcoólicosAnônimos.
O CONTRATO TERAPÊUTICO
Jásedissequeum contratobemfeìtoé meiocaminhoandadoNo. casodo alcoolismo
é2/31
Sendoo álcool uma substânciâneurotrópica,um pacienteque reincidir no seu
uso tem a tendênciade querer mudar as regras do jogo de acordo com sua visão
particular do mundo. Portanto,um contratodúbio, que fique apenasao nível do im-
justificar
plícito, é ocoÌrênciasuficientepara um fracassoterapêutico.Ao contrário
disso,o contratocom alcoolistasdeveserclaro,explícìto,e nãosãopoucosos auto-res
que sugeremque o mesmosejapor escrito e em duasvias (uma para o paciente,
outra para o gnÌpo), ou mesmo em três vias (incluindo-se o familiar significativo
como afiador do mesmo) (Vannicelli, 1982).Escrito ou verbal, o fato é que um bom
contratoterapêuticocom aÌcoolistasdeve,necessariamente,incluir os seguintesitens:
,.)
COMO TRABALHAMOS COM CRUPOS
I - objetivo do tratamento
- prazo mínimo de mútuocompromisso
- tentativade abstinência
- abstinênciano dia da sessão
- nenhum segredocom os membrosdo grupo
- sigilo com pessoasestranhasao gÍupo
- horáriose local das sessões
- avisoprévio nasimpossibiÌidadesprevistas
- honorários,dia do pagamentoe data dos reajustesperiódicos.
Essesitensdevemserdiscutidosum a um e
combinadosexplicitamentena( entrevista(s)individual(aìs)de admissãodo
pacienteao grupo, e reprisadosna pr sençade todo o grupo, posteriormente.
Uma palavrasobrecadaum dos itens antesde prosseguirmos.
PERIODICIDADE
Alguns autorespreferem trabalharcom duas sessõessemanais,de uma hoia cada
sentindo-semaisconfortáveisem acompanhar pacientede perto.AIém disso,com
uma freqüênciadessas,alegamtornar o processopsicoterapêuticomais fluente. Ou-
tros, entretanto,não vêem acréscimoqualitativo significativo e optam por uma única
sessãosemanal.
Este autor trabalhacom ambasas periodicidades,indicando o grupo semana
para pacientesmenoscomprometidos.
TÉCNICA
Forammuitasas tentativâsde entendimentoetiológicodo alcoolismoprimário nos
últimos 30 anos.Pesquisassobreo metabolismo(principalmentehepáticoe cere bral),
sobre a genética e sobre aspectossociológios foram as mais destacadasDe.
conclusivotemospoucacoisa,e a principaldelasé quenão pareceresidirno campo da
psicologiaa respostaetiológicadoalcoolismoprimário. Afastadâs,categoricament as
relaçõesentre oralidadee alcoolismo(como fator etiológico), a frase "tem proble-
masporquebebe" é mais aceitaatualmentedo que a antiga"bebe porquetem proble-
mas".
Com essavisão da síndromede dependênciado álcool é que se discutirão as
questõestécnicas.
De início, fica afastadaa técnicapsicanalíticae suasadaptaçõespara grupo
Aliás,interpretarumalcoolistaem atividade,ou abstêmiorecente,é fazercom quese
mobilize ansiedadeno paciente,a qual não poucas vezes o levará ao consumo de
álcool, sendoessaa razãodo insucessoda psicanálisecom a doença.
técnica que parece ser usadapela maior parte dos especialistasé algo que
po<li ser descritocomo uma terapiasuportiva,onde o mais importanteé um contínu
)
COMOTRABALHAMOSCOM CRUPOS
RECAÍDAS
CRITÉRIOS DE ALTA
Um alcoolistaque estejapelo menoshá dois anossembebere que nessetempo tenha
se readaptadofrente à família, ao trabalho,ao lazer,bem como retomadosua saúde
física epsíquicaestá pronto para alta.
Estadeve ser sempreda inciativa do paciente,que discutiÍáesteassunto,tendo-
se em vista seusobjetivos pessoaisno grupo. expressono contrato de admissão.
)
COMOTRABALHAÀ1OSCOIlICRUPOS
GRUPO DE AUTO.AJUDÀ
Os maispopularesna Américado Sul sãoos AlcoólicosAnônimos (AA) e os clu de
ex-alcoólicosNo. Brasil,quesesaiba,existeapenaso AA.
Suaeficáciaé indiscutível a indicaçãoé universalparaalcoolistasO. qu nota,no
entanto,é uma resistênciade pacientesde nível econômicomaior em qüentar as
reuniões,bem como pâcientesque não foram tão longe em suascanei
alcoólicasa pontode seidentificarenrcom ashistóriasouvidasnumasalado AA
Cabetambémirosprofissionaisda saúdeajudara mudartal situação,ince
vando a que seu pacientenão tão grave, ou inculto, ao passara freqüentar o
mude,com o tempo,o perfil de seumembrotípico.
Por fim, cabesalientarque não há nenhumconflito entre a terapialeiga do
os grupos de psicoterapia,sendoboa condutaque os pacientesfreqüentemamb
simultaneamenteO. único cuidado é que o terapeutanecessitaráser experien
suficientepara evitar que o pacientevenhaao grupo discutir os problemasdo AA
no AA quererdiscutiro que senteem seugrupopsicoterápico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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frtütily, faníly
CAMINIIANDO
CONCLUSÃO
complexidadedo processopsicoterapêuticocomdrogadictosconsisteprimordial-
mentena entradano jogo paradoxalqueo drogadictoestabelececom a morte,onde,
pga qle 9l.epossasealtorizara viver,é obrigatórioroçarou morrer.(SilveiraFilho,
238 ZIMERMAN & OSORIO
jogo,
1995) Neste a aberturapsicanalíticaofereceuma altemativ
sujeito, pois, se, em um extremo,a análisetambém lida no morre
caminhosa serempercorridossãooutros.Na psicanálise,tal com
repetiçãoé parte integrantedo processo.Entretanto,enquanto,na
ção opera a favor da emergênciado novo e da diferença,na
depe repetir é ter a certezada etemidade,onde sebuscaa
potênciaexte se o definitivo e o absoluto.(Jorge, 1994)
grande desafio da psicanálisecom drogadictosfunda-se
discurso, que pode mediar, através da simbolização,a relação
moÍe comoprovaconcretaSua.possibilidadeé de articularum s
seperdeu,ou seja,na experiênciacom a droga,ondenão há palavr
ção, e é impossívelaoindivíduo identificar comoseue de suavida
propostaremeteao despertarimpossívelpara o drogadicto,recon
dado anteriormente,maspode ser buscadoinscrevendoo antese em
uma históriapessoalde um sujeitoparticular(Iorge,.1994;P O
trabalhoaqui expostoé o relato do caminho de noss
drogadictos,que, se teve como baseos pressupostosda psicotera
po, fundamentou-seno aprendizadocom cada grupo. Suascoloc
dem e não devem serestabelecidascomo verdadesinquestionávei
moscoÌrero riscode, identificadoscom os drogadictos,tomá-la
nes,pois isso significaria a nossamorte enquantopossibilidadete
viva e mutável.
Tal como Oliveinstein(1982),acreditamosque "a verdad
verdadefixa, mas é o movimento geradoem volta que vai determ
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22
Grupo com Deprimidos
CILBERTOBROFMAN
A DOENÇA
termodepressãoabrangesituaçõesquepodemserbastantedistintasentresi. De-
pressãopodeexpressarum sintoma,umasíndromeou umadoençaPode.expressar
qrÌadroscurtose abruptoscomriscode suicídio- comoum episódiodepressivogra-ve -
ou duradourose menosintensos- comodistimiaou personalidadedepressiva.
Pode,ainda,representarsituaçõesevolutivas de amadurecimento-comoa posição
depressivadeM. Klein -, ou mesmoreaçõesà perda,comoo luto patológicoEsses.
poucosexemplosdãoumaidéiado quadroamploe variadoqueexistecoma denomi-
nação"depressão"A. explicaçãoprincipalparaissoé o quesedenominade a equa-
O PACIENTE
Assim comofalar em depressãoimplicauma diversidademuito ampla,tambémo
pacientepodeseapresentârem grausbastantediferentesda doença, quevai deter-
minar a condutaa ser tomadaEle. podese encontrarnumafasemaisaguda,onde
242 ZIMERMAN & OSORIO
OGRUPO
Como é a finalidadedestaobra,veremosa seguiruma forma de setrabalharem grupo
com pacientesdeprimidos,utilizandoprincipalmenteconhecimentosdt ârea da
psicofarmacologia,da dinâmica grupal e com um referencialpsicoanalíticoamplo.
Desdejá, cabeuma importanteressalva:estaé apenasuma dasformas de se abordar
tais pacientes,certamenteexistem outrascom referenciaisteóricos diferentes- por
exemplo,as teoriascognitivo-comportamentais€de aprendizagemTodas.elas têm a
sua validade,embora atuem em aspectose instânciasdiferentesdo paciente.Além
disso,mesmoutilizando o referenciaÌpsicoanalítico,pode-seter uma ampla variação
de técnicase objetivos,que vão desde a supressãode sintomasaté mudanças
caracterológicas.
objetivo destegrupo é oferecerum tratamentocombinado,isto é, uma psico-
terapia de orientaçãoanalíticadirigida ao insìghtaliadaao uso, quandonecessário, de
psicofármacos.
A TÉCNICA
Este grupo se reúne duas vezespor semanaem sessõesque tem a duraçãode uma
hora.Ele é abertoe homogêneo.Acreditamos que em função das característicasdes-
tes pacientesele não deve ser muito numeroso,7 a 8 membrosno máximo.
processode seleçãodos pacientesé um momentode grandeimportância,uma vez
que uma boa indicaçãoe agrupamentosão fundamentaispara o êxito do trata-mento do
indivíduo e, portanto, para o melhor andamentodo grupo. Os casos de abandonosou
fracassosterapêuticossão vividos com dificuldade pelos demaispaci-entes.Isso é válido
para qualqueÍtipo de grupo, mas especialmentepara o de depri-midos, em função de
AS CARACTERÍSTICASGRUPAIS
campogrupal propiciauma sériede fenômenosde funcioname
trabalhoterapêutico.A utilização dessesaspectosno tratamentoé
diferençasentre o âtendimentoindividual e o grupal. Embora
grupos,revisaremosagoraaÌgunsdestesaspectos,que são particu
tes, na dinâmica do grupo com pacientesdeprimidos.
Vamos começarcom um exemplo: Eduardo, 30 anos, com
fase de pós-graduação,vem a procura de tratamentoem grupo. T
Apósum breveperíodoinicial,emquepermanecemaisquieto,F/uardocom ça
deformacrescenteafazerrelatoscadavezmaislongose detalhadosde inúme
aspectosdo seudia-a-dia:comotinhatidoum ótimofim de semana,ótimospasse
comosesaíabemnosestudosnosesportes,mas,principalmente,oseurelatominuc
sodesuasconquistasdemulheresEstas.situaçõesobedeciamum padrãorepetiti
Eduardoseempenhavanaconquistae, assimquea pessoaseenvolviaafetivame
comele,vivia umafasede intensapaixão,porémnápida,e logoem seguidaacom
nhadapor um totaldesinteresse suaparte,quandoentãoseseparava.
As outraspacientesdo grupo(comexceçãodeEduardo,eramtodosmulher
passaram,por suavez,a ficar maisquietas,a formarumaplatéiaque ouviaaten
mente.Havia um certo prazerno grupocom a situaçãoque se criou a pontod
quandoEduardoestavamaisquietoou nãoiniciavaa sessão,alguémo convidav
fazêlo.
Essearranjoduroupor voltadeuns6 meses,ondeo grupoficou deslumbr
(semluz própria)com os relatose, portanto,submetidosà situaçãoSentiam.que
seustemasnãoerammaisimportantes,maso de Eduardosim.Aqui vemoscomo
podelidar de formasdiferentescomossentimentosdepressivosEnquanto. paci te
empregavadefesasnarcisistasparatentarpreenchersuasintensasexpectativas
quesupunhaqueosoutrosteriamdele,osdemaismembrosdo grupoempregava
submissão.
Apesardasinúmerasinterpretaçõesfeitas pelo terapeuta,o arranjonão sof
alteraçõessignificativasEduardo.aceitavaintelectualmentequetinhamuitasmulh
res,quetalvezfossebomter umanamoradafixa,masaomesmotempoâdmitiaqu
situaçãolhe davaprazere o colocavaem destaqueperanteos amigosAs. mudan
maisefetivasiniciaramquandoos membrosdo grupocomeçaram "secansar"d
relatosde Eduardoe a estabelecercríticasà suacondutade "Don Juan",algum
delascom agressividadeExpressavam.tambémumareclamaçãocom o espaçoe
cessivoqueo pacienteocupavano grupo,iniciando,então,a rompercomsuasubm
sãoao papelmonopolizadorqueEduardotinhaestabelecidono grupo,assimco
faziaem seus"gruposextemos"(amigos,colegas,família,etc.).
situaçãohoje,2 anose meiodepoisdo ingressode Eduardono grupo,é ba
tântediversaEle. pôdeabrandarsignificativamenteâsuaposturanarcísicae, dep
de duasou trêstentâtivas,temumanamoradaestávelhá 1 ano.Verbalizouao gru
que se não se sentisseno "máximo" de seudesempenhotemiaserum "chutad
(umafraude)e quenãotoleravaessaidéia.
Nesseexemplo,alémde algunsaspectospsicodinâmicosindividuaise
de u modalidadedeconfiguraçãovincularquesecriou,podemosver
algunsdosmecan mosgrupaisquesurgirame tiveramutilidadeterapêutica:
O TERAPEUTA
Que atributosdeve ter alguémque se proponhaa trabalharcom deprimidos?Em
primeirolugar,deveconhecera fundotodasasvicissitudesqueestadoençaamplae
multifacetadaapresentatantodo pontode vistabiológico(psicofarmacológico)como
psicológicoe sociaÌ,mas,principalmente,quesesintaà vontadeno seucontatocom
deprimidoe possamanterum interesseconstantepor ele. Isso é extremament
necessário,porque,ao longo do tratiìmento,que muitas vezesdura anos,o terapeut
seráquestionadoconscientee inconscientementese agüentaas desesperanças,
ambivalências,asagressõesdospâcientes,ou seja,seele,o terapeuta,tambémnãoé
frágil,deprimido.Em outraspalavras,eledeveexercerumafunçãocontinente(Bion) oD
de holdinq (Winnicott) firme e constantemente.
Por outrolado,atendero pacientenão significasó sersimpáticocom ele,usar
palavrasde estímulo,etc.,significaprincipalmenteentendê-lo,poisqualquerpesso que
sofre desejaser entendidomas o deprimido necessitamais que qualquer outro
doente.
E, fìnalmente,em relaçãoao tratamentoaquiexposto,é precisoque,como diz
Val, o terapeutapossater a capacìdadepara tolerar um certo grau de ambigüidade
(nosaspectosetiológicosda depressão) flexibilidade(nos métodosterapêutico para
poder oferecer rm tratamentocombinadocom convicção.
COMO TRABALHAIÍOS COTÍ ORUPOS 247
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'
23
Grupos com Autistas
SONIMARÍA DOSSANTOSLEWIS
VIVTANECOSTADE LEON
É possÍvnr,r
Pareceum paradoxoescreversobreexperiênciasde trabalhocom gruposde indivídu-
os autistas.Na verdade,é mais um desafio nesteenìgmaqtl'eé.o d,epermanecersó,
mesmo cercado pela família, ou por companhelros,ou simplesmentepor outros.
Aprendemosque o tratamentodo indivíduo autistaá uma tarefa de vida,portantu, o
qre esperamosé que os que estiverempróximos, de alguma maneira,de um indiví-
duo autistapossamcom estaleitura se sentir ajudadosa ajudar.
pníticaclínica com grupos de indivíduos autistasdeveráconsiderarinicial-mente
o conceitode tal patologia,bem como sua abrangênciano que diz respeitoao
continuumautista.
O caso de Donald, descritopor Leo Kanner em 1939 (Kannér, 1943), oferece-
nos uma clara idéia destetipo de patologia:
Agmdecemos com emoção aos pais, aos estudantese à equipe do CINH a possibilidâdede ter colabomdo nestaobm.
250 ZIMERMAN & OSORIO .. \\
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FIL
COMO TRABALHÂI!íOS COÀt GRUPOS
FIGURA
3. Organizaçãovisualda atividade.
FIcURA
4 . Modelode instÍuçôesvisuais.
maneira d.eolhar
e escolhadaspalayras .
Os estudosda teoriade mentede Uta Frith e col., mais recen_
temented,eFrancesca
Happé, explicam por que estâsquestõessão tão problemáticas
para o rndrviduo
com autismo: a incapacidadede se colocar no htga-rdo outro, de
simbolizar e de atribuir
idéias, sentìmentos intençõespara aquilo que escutae vê.
256 ZIMERMAN & OSORIO
FIGURA5 . Alunosdaturmadosjovensematividade
individualizadacompartilhandoespaçoÍísico.
. Treino da atividadesolitária.
. Treino da atividadeparalela.
jogos.
. Treinoda capacidadede dividir os materiaise os
. Treinoda atividadecooperativaem gÍupo.
COMO TRABALHAÀÍOSCO]!I GRUPOS 259
Efetivada a seqüênciasugerida,
po.st{9r à aquisição da capacidadepara per_
manecerem gÌupo
adequadamente,é dadaênfaseà interâçãoenrreseusparese não à
interação
inicial do indivíduovoltada para o obiero.
Podemospassarentãopara
momèntosde óompartilhartarefasdo cotidiano.
As atividadesaté aqui
. descritaspodemserrealizìdastantopor indivíduosautistas
verbaisquanto pelos não-verbars.
Através da culinária_(atividade
atividadede profissionalizante desenvolve
que
mos com todos os estudantes
d -oCTNH), podemós,por exemplo, trabalhardiversos aspectosenvolvidosna
in(eraçãosocial,como:
tantoquantopossível
seusmembros. aos
. Deverá havermais momentos
de atividadcsgrupaisprogramaús do que ativida_
atividadesgrupaispropriamenteditas.
. 9:110^:."^r grupal,
essadeveráser de nívelleve de dificuldade,jamais
"jividade
atgonovo,a llm de quea atividade
o espaço da interação.
sejafacilitadora
' pontos
físicoe a proximidade
fÍsicicom o outrosàoos
dade em grupo,
Íbrtes
da ativi_
envolverem. de recursósparase
autismo,que exisle-umaprecariedade
e aproveitaremqualquer
jogo,
ngura^tz, observa_se estaprecariedade
tipo de Èrinquedo ou atividade livre. Na
de recursoscomportamentals.
g terapêuricoé organizado
anuoes, e possÍvel buscando,". indi"odo. de ações,
-.,*.r^a:":O_.^:-,Ìitjrnobservar
maior envolvimento
como qualidade
do autistacom a atividade, te;
d€ arenção.todos esseselementos
9:llr.,.T"ï' ll"el se elevam e, por outro lado,
as
qrmrnuem
g.Alunos
FIGURA da turmadosjovensem trabalhoindependentecom da
DorteraDeuta.
jovens
FIGURA14.Alunosda turmados ematividadede dupla.
. Gestos.
. Atenção (ficar olhando para os lados, para o relógio, arrumar-se,bocejar pode
significar que o nosso"papo" não estáinteressando).
. Postura.
. Pausas,silêncios.
gË+^
^,k
effiJe7
FIGURAí6. lndicaçãoparao exercíciode corrida.
AutorizâdoporC. Gillberg,Md& T. Peeters,Autlsm,1995;publicação:
Pegauma boladestacaixa.
Dá uma volta.
Colocaa bolana outrâcaixa.
E novamente:
bolasterminaÍem.
A
_. seguirsãoapresentadosoutrosdoisexemplos,que sãoatividadesde dupla
(ogo),
ondesefaznecessi4riosinalizar,comoaparecenasilustrações(Gillberg, 1995)
Autorizadopor peeters,Áufism,i99S;pubticação:JANSSEN_C
Áut3rr,1995;publicação:JANssEN-
Quevãoresponderparao estudante:
j .
Como devo fazer?
.
Quepeçasdevopegar?
.
Ondedevocolocar?
.
O quemeucompanheirovai fazer?
.
O quemeucompanheiroesperade mim?
. O o estudantedevefazer precisa
induzido.
não ser
.,habilidades
Pretendemos
duaise grupais", o leitor queas
comessesexemplosdemonstrarpara
apesar
de seconstituíremna áreadè para
maiordificuldade osindi_
víduosautistas,podemser"treinadas","exercitadas","aprendidas",atr
gias simples,que devemseguirpassosprevirmentepesquisados,org
qüencializados.
Em nossotrabalhocom a metodologiaTEACCH, buscamosum
do comportamentosocialem seusváriosestilose transformamosem
treinamentosocial", atravéstambém de vídeos/peçasde teatro (cria
dantes)/desenhos/música,procurandomìnimizar os aspectossutise a
veisde cadacontextopaÍticulâr.
Dentrenossastentativas,umaparticularmentemostrapromisso
portamentossociais- atravésde "cenírios"e"encenações"Os. princ
lizadores"sãoos mesmos,ou seja,tentamoscom os "suportesvisua
um "cenárioextemo" quedê a chanceaosestudantesautistasde "ler"
sit Os cenáriossociaistambémsãousadosparaprepararas pesso
paraaseventuaismudanças,e paralhesdizermaisenfaticamentequ
portamentoé esperadodelasem determinadassituaçõesAssim,. pa
autista,serámaisprovár'elmaisfÍcil "secomportarcom educação parte
das vezes,quandocausaproblemas,é porquenão entendeuo "c
esperado"Isso.porqueaindanão "r'iu"e "aprendeu"estecomporta os
seuspassose configurações,parapodercompreender queaspesso
do de si.
Em síntese,â preocupaçãofundamentalé trabalhardiretamentes
poÍamentosobservíveis" do indivíduo,tentandoaumentaro seu repe
portamentosadequadose diminuir e/ou modificar os comportâment
que o caracterizamcomo "autista", Procuramostransformar seu "f
autista"ou "anormal"de atuarno meio ambientefísicoesocial,visa ção
ou à neutralizaçãodos efeitos negativos do estigma.
Essaforma de abordagempode ser mal interpretadacomo "fria, da",
que "molda"o indivíduo ao sistema,mas,na verdade,éa maneiram
de resultadospositivosconcretosde dar ao "autista"condiçõesbás fruir
dessesistema",tendoacessoumavidao maispossívelfuncion
comoqualquerpessoaIsso.sósetomarápossívelna medidaem quee
requisitosmínimosde um comportamentosocialmenteaceitírvelpr
Enfim, considerandoaspropostasapresentadasnãosomenteem fu
dagensteóricas,mastâmbém atravésde nossaspráticasclínicas,co
respostaà questãoinicialdestecapítulo,semdúvida,é afirmativa.
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24
Psicoterapiade Grupo para
PacientesInternadose
Egressos
JOSEONILDOB. CONTEL
pnluónoros
os DArÉcNrcn
psicoterapiade grupo e a psicoterapiade grupo em instituição,segundoa Associ-ação
Americana de Psicoterapiade Grupo, tiveram origem no grandeDepartamento de
Ambulatóriosdo MassachusettsGeneralHospital,em Boston,em 1905.Um médico
clínico,JosephH. Pratt, pressionadopelo grandenúmero de pacientestuberculosos
pobresa atendeqe na impossibilidadede intemáìos, matriculava-osem um sistema
de classesde 15 a 20 alunos,para os quais oferecia viírias atividadèsterapêuticas,a
seremdesenvolvidasduranteo tratamento.Dentre essas,uma vez por semana,reu-
nia-os e aplicavauma técnicaempíricade grupo.
Observouque a tuberculose,como doençacomum a todos os pacientes,favore-
cia uma grandeunião e camaradagementreeles, quandointeragiamno grupo sema-
nal. Consideravao grupo a parte mais importantedo tratamento.Nele, explicava os
métodosde cura da épocae exortavaos pacientesa colaboraremcom o tratamento.
Aqueles que seguiamsuaslições e apresentavammelhoras rápidastinham o privilé-
gio de seremapontados,durantea hora do grupo semanal,como exemplos para os
demais,tanto como prêmio como para encorajaremos outros a se animaremcom o
tratamentoe, também, pelo espírito de esperançaque infundiam em todos. (Pratt,
1992: Zímerman, 1993)
No entanto,só bem maistarde,durantea SegundaGuerraMundial, apsicoterapia
de grupo recebeuimpulso notávele definitivo. De novo, o grandenúmerode pacien-
tes a atender,representadospor baixasnas frentesde batalha,entre militares ameri-
canose ingleses,por motivo psiquiátrico,e o número insuficientede psiquiatrasparâ
atendêlos exigiram que inovaçõesurgentesfossem introduzidasno tratamentodo
pacienteintemado.
Surgiu daí,pela primeira vez, a aplicaçãointensiva,abrangente,compreensivae
modemados gruposnasunidadespsiquiátricaspara pacientesintemados.Menninger,
chefeda psiquiatriaamericanadurantea Guerra,impressionadopelosresultadosposi-
A DIFUSÃO DA TÉCNICA
Recuperava-sena psiquiatriamodemaos ideaishumanitáriosde Phillipe Pinel,aplican-do-
seinstrumentosteóricostantoda psicanálisecomoda sociologia(Whiteley,l99l ).
modelo sócio-dinâmicofoi mundialmente mais aceito tanto pela sua divulgação
carismáticae inovadorafeita por Jones(Rapoport,1991)como por suaassimilação
mais fácil para os terapeutassem treinamentopsicanalítico.Em duas ocasiões,em
1971,no SegundoCongressoBrasileirode Psiquiatria,em SãoPaulo,e, em 1977,na
I Universidadede Michigan, pudemosconstatarqueJones,como todo reformadorutó-
pico,pensava agia,ideoÌogicamente,pelasuafé inabalável convicçãocontagiante e
deixava de lado os princípiosaté então aplicadosao hospital.Era capazde simpli-ficar
e radicalizarsuasidéiasnovasparamelhordifundi-lase vencerresistências.
Os princípiosda comunidadeterapêuticacomeçarama ser divulgadose aplica-
dos precocementenos EstadosUnidos, em Topeka,Kansas,pela Clínica Meninnger.
O trabalho The hospìtalas a therapeutic instilution, que tomou Main famoso, foi
publicado pela primeira vez no Bulletin ofthe Menninger Clinic, em 1946.
Marcelo Blaya, psiquiatrabrasileiro,em meadosda décadade 50, durantesua
residênciade psiquiatria no Topeka StateHospital e seu Fellowship na Menninger
School of Psychiatry,em Topeka,aprendeutanto os princípiosda comunidadetera-
pêutica, com inspiraçãopsicanalítica,como a apÌicaçãocompreensiva,abran
intensivae modemados gruposao hospitalcom pacientesintemadosApÌic.
entãocom sucessonâ Clínica Pinel de PortoAlegre,de sua propriedadeM.
psiquiatras,entreosquaisnosincluímos,na medidaqueaprenderam técnica,
ram-sedivulgadoresna sua aplicaçãoem hospitaispsiquiátricosdo Brasil. (B
1960;Contelecols . ,1977;ContelecoÌs . ,1993)
Entendemoster sidoesta,senãoa única,ao menosa principalportade en da
aplicaçãomodernae duradouradestetrabalhocom pacientesintemados, bem do
seuprimeiroe definitivotestebrasileiroSeguiu.-sesuadivulgaçãopelo Bras
especialnasdécadasde 70 e 80,e suaconsolidaçãoem algunslocais,como tem o
casode RibeirãoPreto.(Contel,I 991)
Mesmocom 50 anosde existência,nestefinal de século,a comunidadeter
tica não é uma teÌ'Ìdênciadominanteem psiquiatriae psicoterapia:no .nta
psicoterapiade grupopassouiìservistiìcom importânciacadavez maior tant
pacientesinternadoscomo paraegressos.
que
Em recentelevantamento,o NatiottuLIttstituteoÍMental llecllà (USA) mo
mais da metadedos pacientesagudosou reagr:dizadosadmitidosem hos
psiquiátricosamericanosparticipoude algumaformade psicoterapia de grupo
nida.como uma reuniãoplanejadapara mais que dois pacientese que envolva mica
de grupo e ìnteraçõas.
No Brasil, a Portaria224 de 29 de janeìrode 1992,do Ministério da S
regulamentou trabalhocom grupose recomendousuaaplicaçãoem todosos s ços
parapacientesintemose externosque viessema serfinanciadospelo gove
posestruturados,queexaminamasinteraçõesimediatasdospacientesentresi, c
ostécnicose os familiares.
apoioexplícitoe contingenteà situaçãoquemerecesuporteterapêutic
minimizaçãodo conflitodevemficarempúmeiroplano.Esseprocedimentofaz tido
porqueo pacientehospitalizado,emgeral,sente-sedesmoralizado,isolados
almentee combaixaauto-estimaAs. possibilidadesde interaçõessuportivasno po
secontrapõemessessentimentos.
A salado grupodeveoferecer mínimonecessiíriodeisolamentofísicoea tico
em relaçãoao ambientedo conjuntodaunidadeÉ. precisocaracterizarum e ço
próprio,comcadeiras tempodisponíveis,enquantodurarcadasessãoEssa.pr
çãofísicae acústicapodeindicaro quantoa psicoterapiadegrupoé levadaemcons
ração,porumadadaunidadeFechada. portaparao inícioda sessão,estabele wn
settingpróprio em conexão,mascom um delineamentoúnico e peculiar
personaliza distingueo grupodasdemaisdependênciasfísicase terapêutic
unidade.
\L
COMO TRABALHAMOS COM GRUPOS
277
Objetivosterapêuticos
PaÍao tratamentode pacientespsicóticosagudoscom essatécnica,precisamoster
objetivosrealísticosqueofereçamum sentidoderealidadede comprovação mais óbvioe
imediatopossívelaopacienteintemadoPrecisamos.colaborarnareorganiza-
çãodasfunçõespsicológicassimplese complexasdeum egoamplae profundamente
desorganizadopelapsicoseA. compreensãopsicanalíticadosmomentosdeintegração
co€são,que se altemamcom momentoscaóticose de fragmentaçãodo
grupo,é bem-vindae útil parao terapeutaorientar-sena interyençãoa
tomarOs.conceitosde grupode trabalhoe de supostosbásicosde Bion
ajudama entenderessadinâmica. (Bion, 1970;Blaya, 1970; Zimerman,1995)
A interpretâçãodo grupocomoum todo ou do pacienteindividualno grupo,
visandoao insigàÍpsicanalítico,no entanto,costumaserum desastrequemais"bota
lenhana fogueira"da confusãopsicóticado quecontribuiparareorientaro paciente
parao pragmatismoda realidadedo dia-a-diaA. validaçãoconsensualda realidade,
peloconfrontodo conteúdomanifestono aqui-e-agorado grupoé a melhortécnica.
Objetivosmaissimplessãode assimilaçãomaisfácil e de resultadosceÍos para a
melhorasintomática,como:I ) promoçãodo engajamentoda expressãoverbal;2)
diminuiçãoe, se possível,a extinçãodo sentimentode isolamentoe exclusãodo
pacienteintemado;3) estimulaçãoda auto-ajudaentreos pacientesparamelhorara
auto-estimadiminuira tensãointerpessoaldentrodaunidade;4)colaboraçãoparao
pacienteformarum juízodo ambienteinterpessoalquefreqüentae da partequelhe
tocanaformaçãodo mesmo;5) oferecimentode oportunidadesparao aprendizado
experimentaçãode modelosmaisajustadosdeinteraçãocomosdemais;6) desmisti-
ficaçãodo processoterapêuticomaximizaçãodahabilidadedopacientepararespon-
sabilizar-sepor si mesmo;7) criaçãode umaexperiênciaterapêuticade sucesso de
esperançaqueencoraje paciente continuartrâtando-seapósa a'lta..Pacientesque
aprenderamsederambemcomo grupodeveriamcontinuaremgrupoquandoegres-sos.
Sempreé bomlembrarqueospacientescomegomaisintegradopodemganhar
maisatençãodos terapeutas,quetentâmcom elestécnicasmaisprofundas,emdetri-
mentodastécnicasestruturadasorientadasparaobjetivosquesabidamentebenefi
ciamos maisdesorganizados grupo.Umalistabem-elaboradade assuntosno co-
meçodo grupodevecontemplar maioriadospacientes,semdistinçãoparaum ou
outro integrado.
- mais
E precisoao coordenadormanter-secoladoao conteúdoe ao manifesto,em
cadasessãoO. nível de ansiedadede exposiçãodo paciente,enquantono gÍupo,
devesercuidadosamente,até ondefor possível,mantidodentrode limitesconfortá-
veis.Permitirexposiçãoexageradatendea piorar a desorganizaçãodo pacientee
tomaro grupoumaexperiênciadesagradávelatéiatrogênica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BION, W. R. Etperr?nciascom Rio de Janeiro;ImagoEditora,1970.
psiçanalítica, Livre-Docência,Faculdad
Erupos.